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1 Luana Mascarenhas Couto 18.2 - EBMSP COVID 19 Introdução Entendendo o vírus: O COVID 19 é causada pelo SARS-COV 2, um vírus da família do coronavírus, possuindo uma alta taxa de transmissibilidade. A principal proteína relacionada a este vírus é a proteína S (Spike), cuja função é infectar as células humanas (inclusive os anticorpos desenvolvidos visavam reduzir a ação desta proteína). Essa proteína S geralmente se conecta aos receptores ECA 2. Há ainda a proteína E responsável pela montagem e liberação do vírus e proteína M responsável pela montagem da estrutura viral. Manifestações Clínicas As principais manifestações clínicas da COVID 19 são: - Quadro essencialmente gripal: tosse; cefaleia, mialgia, febre, diarreia, dor de garganta, anosmia e disgeusia (alteração do paladar). Precisamos entender que os sintomas dependem da variante do vírus. Algumas pessoas evoluem com complicações, de modo que o paciente apresenta-se com Síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e complicações tromboembólicas estão relacionadas a uma inflamação exacerbada. OBS: MIS-C OU SIM-P (Síndrome inflamatória multissistêmica da criança): é síndrome mais tardia relacionada ao COVID 19 que acomete as crianças. Ocorre uma desregulação imunológica, de modo que a criança apresenta-se com febre, sintomas gastrointestinais, conjuntivite, edema de mãos e pés, cefaleia, confusão mental e linfadenopatia. Ou seja, é uma expressão clínica parecida com Kawasaki. Para dizer que a criança tem MIS-C precisam-se preencher todos os critérios abaixos. 1. A evidência pode ser um exame diagnóstico ou até mesmo a história de contato com a criança com alguém sabidamente com COVID 19; 2. Elevação dos marcadores inflamatórios. Diagnóstico O diagnóstico do COVID 19 se dá por meio de: - Diagnóstico microbiológico: feito por meio do Swab de nasofaringe, por exemplo. Idealmente deve ser realizado do 7-8º dia do início dos sintomas. RT-PCR Padrão ouro; Pesquisa do antígeno não é um teste que não necessariamente exclui o diagnóstico do COVID, mas vindo positivo, realmente há a doença. - Diagnóstico imunológico: idealmente realizado a partir do 8º dia do início dos sintomas. Sorologia: IGA; IGG e IGM. Tratamento O tratamento do COVID 19 se dá por meio de suporte e sintomáticos. Contudo, diante de condições mais específicas devemos: Tratamento da Hipoxemia: Realiza-se tratamento de suporte e fornecimento de Oxigênio de maneira escalonada e em ambiente hospitalar. - Cânula nasal de baixo fluxo (1-6 L/min) Máscara com reservatório não reinalante Cânula nasal de alto fluxo ou ventilação não invasiva Intubação ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea). OBS: IOT: importante utilização de EPI apropriado. A indução deve ser feita em sequência rápida (evitando ventilar com a bolsa-válvula-máscara para não dispersar aerossóis). A ventilação mecânica deve ser controlada por volume por pressão, utilizando um volume corrente 6ml/kg (peso predito). Utiliza-se também uma pressão de platô < 30 cm H2O e uma PEEP até 15 cmH2O. PESO PREDITO OBS1: Pode-se realizar pronação para melhorar a hipoxemia no paciente intubado. Tratamento Específico da doença: Por ser uma condição com inflamação exagerada devemos entender em que momento da doença o paciente está e também entender que é uma conduta para pacientes com hipoxemia e está hospitalizado. - Fase inicial: utilizar antivirais, uma vez que há uma intensa replicação viral. 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2 - EBMSP INDICAÇÃO: Pacientes com alto risco para uma forma complicada Idade avançada; pacientes com doença crônica ou pacientes com imunossupressão. OBS: Molnupiravir: tenta fazer uma alteração genética do vírus, então dessa forma não é tão utilizado por existir um receio de induzir a alterações genéticas no próprio indivíduo. OBS1: Anticorpo monoclonal: visa atacar a proteína S do vírus, contudo, ficou disponível apenas para as variantes mais antigas. - Fase mais tardia: utilizar corticoide + inibidores de IL6 OU Inibidor de Janus Kinase, uma vez que há intensa inflamação. INDICAÇÃO: se hipoxemia. Prevenção trombótica: Caso o paciente tenha trombose, obviamente iremos iniciar a anticoagulação. Contudo, para prevenir trombose em pacientes com COVID devemos: - Pacientes internados no CTI: anticoagulante em dose profilática 40 mg de Enoxparina, SC. - Pacientes fora do CTI: Anticoagulante em dose plena Enoxparina 1 mg/kg, 12/12 horas. A principal Indicação é: pacientes hospitalizados com hipoxemia. Tratamento da MIS-C ou SIM-P: O tratamento da MIS-C se dá por meio de: - Redução da inflamação: terapia imunomoduladora; Imunoglobulina IV, dose única em infusão + Corticoide sistêmico. - Terapia antitrombótica: uma vez que há uma intensa inflamação sistêmica; AAS até normalizar a contagem de plaquetas Para todas as pessoas. Anticoagulação plena: se presença de aneurisma gigante de coronária ou disfunção grave de VE. - Terapia antiviral: não é indicado, uma vez que a fase que a criança está uma fase de inflamação e não de replicação. Prevenção A prevenção de COVID 19 se dá através de: - Isolamento: Obrigatório: Para ser liberado do isolamento necessita > 24 horas assintomático; Se quadro leve (apenas sintomas gripais): 7-10 dias do início dos sintomas (5º dia se teste negativo) desde que pelo menos 24 horas assintomático; Se quadro grave (SRAG, hipoxemia): até 20º dia dos sintomas. - Prevenção farmacológica: é indicado para crianças e adultos com contraindicação à vacinação OU comprometimento imunológico moderado a grave com chance de resposta vacinal insatisfatória. NÃO SUBSTITUI A VACINAÇÃO! Cilgavimabe/Tixagevima: são anticorpos monoclonais. - Vacinação: existem 3 modalidades de vacinação: mRNA viral (Pfizer): dentro da vacina coloca-se o RNAm, de modo que quando transcrito forma-se a proteína S, colocando esta proteína na superfície da célula humana, o que promove a formação de anticorpos contra a proteína S do vírus; Indicado para adultos e crianças > 6 meses; Há relatos de miopericardite em homens jovens. Vetores virais (não replicantes- AstraZeneca-Oxford e Janssen): utiliza-se vetor viral, de modo que se coloca a carga genética do SARS-COV em outro vírus e a partir disso coloca-se na vacina. Esse vírus infecta a célula humana, é transcrito produzindo proteína S, que acaba sensibilizando o organismo a produzir anticorpos. Indicado > 18 anos, exceto para gestantes e puérperas; Há relatos eventuais de trombose. Vírus inativado (Coronavac): quando se utiliza o vírus inativado, o organismo reconhece a proteína S, produzindo anticorpos contra esta proteína. Indicado > 3 anos.