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TEORIAS DA ARGUMENTAÇÃO

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DESCRIÇÃO
As teorias da argumentação e sua relação com a moral e o Direito.
PROPÓSITO
Compreender as teorias da argumentação e suas proposições na
construção de critérios racionais para as práticas morais e jurídicas é
importante para sua formação, pois facilitará o exercício da aplicação e
justificação de normas morais e jurídicas em situações concretas.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha à mão um dicionário de
lógica e argumentação.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar os principais elementos conceituais das teorias da
argumentação de Chaïm Perelman
MÓDULO 2
Reconhecer os principais elementos conceituais das teorias da
argumentação de Robert Alexy e Klaus Günther
INTRODUÇÃO
Aprenderemos a identificar os principais elementos teóricos de algumas
das teorias da argumentação que tiveram forte influência nos debates
morais e jurídicos na atualidade. No módulo 1, estudaremos a Nova
retórica dos filósofos Chaïm Perelman (1912-1984) e Lucie Olbrechts-
Tyteca (1899-1987). No módulo 2, reconheceremos os elementos das
teorias da argumentação de Robert Alexy (discurso jurídico como caso
especial do discurso prático geral) e Klaus Günther (discursos de
justificação e discursos de aplicação na moral e no Direito).
MÓDULO 1
 Identificar os principais elementos conceituais das teorias da
argumentação de Chaïm Perelman
APRESENTAÇÃO
Antes de introduzirmos o pensamento filosófico de Chaïm Perelman,
cabe apresentar um pouco de sua biografia.
Chaïm Perelman foi um filósofo, de nacionalidade belga, que nasceu
em Varsóvia, capital da Polônia. Em 1944, Perelman se tornou
professor de lógica e metafísica na Universidade Livre de Bruxelas.
Também foi coordenador da faculdade de Letras e diretor da Escola de
Ciências da Educação, e escreveu muitos artigos sobre a lógica da
Matemática.
Ao longo de sua carreira, também foi secretário-geral da Federação
Internacional das Sociedades de Filosofia, presidente da Sociedade
Belga de Filosofia e da Sociedade Belga de Lógica e Filosofia da
Ciência. Foi, ainda, membro do corpo governante da Universidade
Hebraica e secretário-geral da Sociedade de Amigos Belgas da
Universidade Hebraica.
 Chaïm Perelman.
Em suas últimas obras, Perelman se dedicou aos temas da justiça e às
formas do raciocínio discursivo e dedutivo. As principais estão
traduzidas para a língua portuguesa: Tratado da argumentação: a nova
retórica (1996), escrito em conjunto com Lucie Olbrechts-Tyteca;
Retóricas (1999); Lógica jurídica (2000); Ética e Direito (2002).
LUCIE OLBRECHTS-TYTECA
Lucie Olbrechts-Tyteca foi coautora do Tratado da argumentação: a
nova retórica em conjunto com Chaïm Perelman. Sua contribuição
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para o desenvolvimento da retórica foi marcante, tendo ocupado
posições em organizações civis hebraicas.
 SAIBA MAIS
Além de suas obras principais, numa busca refinada na internet, em
língua portuguesa, podemos encontrar pelo menos 49 mil referências
sobre Perelman. Lido nos programas de pós-graduação, em eventos
acadêmico-científicos, bem como pelos juízes em suas práticas nos
tribunais, não seria equivocado afirmar que sua obra encontra espaço
no pensamento jurídico brasileiro, estando ao lado de outros filósofos e
juristas como Hans Kelsen (1881-1973), Herbert L. A. Hart (1907-1992),
Ronald Dworkin (1931-2013), Robert Alexy, Manuel Atienza, entre
outros.
NOVA RETÓRICA: UM LUGAR
PARA A RAZÃO
Neste módulo sobre as teorias da argumentação, queremos mostrar a
você que a argumentação possui uma estrutura racional que vai
além da forma científica e que exige uma compreensão acerca dos
valores.
Se observarmos as práticas jurídicas em sua dinâmica social,
poderemos ver que o raciocínio dedutivo e o formalismo da aplicação
da norma são suficientes para satisfazer às expectativas dos cidadãos
em relação às suas instituições formais e aos valores com os quais
podem se engajar. O sentido das práticas jurídicas institucionais, sejam
elas decisões judiciais ou proposições legislativas, não consegue ser
apreendido em sua completude pela demonstração científica,
tampouco pelo silogismo dedutivo. Porém, se a demonstração científica
não é conformável às práticas jurídicas, poderíamos afirmar que
estamos, então, num ambiente irracional?
Para responder a esse questionamento, as teorias da argumentação,
jurídicas ou não, visam demonstrar que as práticas jurídicas, embora
não se apoiem única e exclusivamente em raciocínios dedutivos, são
passíveis de outra racionalidade: a racionalidade discursiva da
argumentação.
Uma primeira e central resposta é dada com a Nova retórica de
Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca (1996) que, nos próprios
termos de seus autores, constitui “uma ruptura com a concepção da
razão e do raciocínio, oriunda de Descartes, que marcou com seu
cunho a Filosofia ocidental dos três últimos séculos”.
A Nova retórica pretende demonstrar que a razão pode percorrer
caminhos diferentes, em que seja possível a articulação dos valores,
evitando, por um lado, sua negação (neutralidade cientificista), e, por
outro, o relativismo, mantendo o cognitivismo segundo o qual os
valores possuem o predicado de verdade.
O prefácio de Michel Meyer à edição brasileira de 2002 resume:
Entre o ‘tudo é permitido’ e a ‘racionalidade lógica é a própria
racionalidade’, surgiu a Nova retórica e, de um modo geral, toda a obra
de Perelman. Como atribuir à Razão um campo próprio, que não se
reduz à lógica, demasiado estreita para ser modelo único, nem se
submete à mística do Ser, ao silêncio wittgensteiniano, ao abandono da
Filosofia em nome do fim – aceito por Perelman – da metafísica, em
proveito da ação política, da literatura e da poesia? A retórica é esse
espaço de razão, onde a renúncia ao fundamento, tal como o concebeu
a tradição, não se identificará forçosamente à desrazão. [...] A Nova
retórica é, então, o ‘discurso do método’ de uma racionalidade que já
não pode evitar os debates e deve, portanto, tratá-los e analisar aos
argumentos que governam as decisões.
A Nova retórica é, ao mesmo tempo, uma teoria da argumentação,
mas, também, da razão colocada diante do pluralismo de valores que
nos permite ir além dos limites impostos pela ciência e lógica formal. Ao
mesmo tempo, não nega a possibilidade de racionalidade ancorada nos
valores dos indivíduos que vivem em sociedade. Como ela, podemos
ter uma racionalidade que se certifica a partir das razões dadas pelos
indivíduos que utilizam a força não coercitiva do melhor argumento –
portanto, uma alternativa ao irracionalismo.
Importante destacar que o Direito não pode ser demonstrado única e
exclusivamente pelo silogismo dedutivo, tampouco pelas evidências
empíricas reveladas pelos fatos brutos da natureza. Embora saibamos
a estrutura do raciocínio válido no âmbito de uma argumentação
jurídica ou política, tomam corpo e forma as questões jurídicas que
possuem em sua substância elementos valorativos que não se deixam
reduzir ao cálculo racional da lógica dedutiva.
Para resgatar a racionalidade dos valores, bem como estruturar um
método capaz de organizar sua constituição, a Nova retórica retoma a
Retórica aristotélica entendendo que esta não conseguiu visualizar
adequadamente o papel dos valores no discurso epidíctico.
Aristóteles divide os gêneros do discurso em três:
I
O judicial, voltado para a análise dos fatos, cujo tempo é o passado.
II
Deliberativo e político, voltado para o bem-estar da comunidade.
III
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O epidíctico, voltado para os aspectos cerimoniais e apologéticos de
situações presentes.
Segundo a Nova retórica , o discurso epidíctico não foi suficientemente
explorado por Aristóteles, na medida em que o discurso deixou de
verificar que sua centralidade está pautada nos valores. O discurso
judicial é circunscrito pelos fatos; o político pelas possibilidades ou não
de aumentar o bem-estar da comunidade; e ambos apresentamlimites
no que tange à relação entre orador e público. Tais limites são
mediados pela objetividade dos fatos que sustentam o conteúdo
dessas modalidades de discurso. Todavia, o discurso epidíctico traz
uma relação diferente entre o orador e o auditório. Nele o auditório se
relaciona diretamente com o orador, à medida que, no tempo presente,
o público precisa avaliar o discurso do orador.
Nessa relação direta, não existe o limite da “objetividade” dos fatos, das
evidências, mas, sim, uma liberdade de avaliar se esses valores foram
ou não organizados de forma racional. Uma vez que o discurso
epidíctico não está sujeito às questões passadas do fato, nem às
questões futuras do bem-estar, a audiência precisa julgar aqui e agora
se o discurso do orador é válido ou não. Assim, os destinatários do
discurso, o auditório, são centrais na construção dos elementos
persuasivos do orador.
A Nova retórica considera que:
Ao contrário da demonstração de um teorema de geometria, que
estabelece de uma vez por todas um vínculo lógico entre verdades
especulativas, a argumentação do discurso epidíctico se propõe a
aumentar a intensidade da adesão a certos valores, sobre os quais não
pairam dúvidas quando considerados isoladamente, mas que, não
obstante, poderiam não prevalecer, contra outros valores que viessem
a entrar em conflito com eles. O orador procura criar uma comunhão
em torno de certos valores reconhecidos pelo auditório, valendo-se do
conjunto de meios de que a retórica dispõe para amplificar e valorizar.
[...] Os discursos epidícticos apelam com mais facilidade a uma ordem
universal, a uma natureza ou a uma divindade que seriam fiadoras dos
valores incontestáveis. Na epidíctica o orador se faz educador.
(PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2002).
AUDITÓRIO
Para quem o orador, que exerce o papel de educador, articula a ordem
universal dos valores? Qual é o seu público? Quem é o destinatário de
seu discurso? A Nova retórica considera que existem dois tipos de
audiências, de auditórios: particular e universal.
Para a particular, temos que todo argumento é dirigido a uma audiência
específica em que o orador tem de escolher quais são os fatos, as
informações e as abordagens que irão gerar a maior aderência
possível. Por sua vez, o auditório universal tem como conteúdo os
valores e sua ordem. Ambos os auditórios não se constituem em algo
fixo, pois dependem do orador, do conteúdo, dos propósitos, da
audiência.
Auditório particular
Audiência específica a quem o orador endereça os argumentos.
Audiência física que está presente.
Fatos, verdades e presunções.

Auditório universal
Potencial para escutar e concordar com o discurso do orador.
Formada pelo maior número possível de pessoas razoáveis e
competentes para concordar.
Valores.
Confira a seguir um exemplo de auditório particular:
EXEMPLO
Podemos agora verificar um público específico, tal qual uma turma de
alunos a quem um professor se dirige; um grupo de pacientes a quem o
médico realiza sua clínica; um grupo de mecânicos a quem um piloto
de Fórmula 1 passa um rádio; os eleitores a quem se dirige o político; o
tribunal a quem se dirige o advogado.
O auditório universal é uma construção mental e que não se
confunde com a imagem de assembleia ou de uma vastidão de
pessoas. É importante que as razões trazidas sejam universais, que
tenham em sua estrutura a universalização dos argumentos. A questão
está em endereçar as razões ao público universal. O auditório universal
modela o discurso do orador em dois aspectos: o primeiro é que passa
a ser um mecanismo heurístico que calibra as escolhas dos
argumentos selecionados pelo orador; o segundo é que passa a ser
um critério de seleção da qualidade do discurso que precisa ter
aderência à qualidade do público. Ao propor argumentos passíveis
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de universalização, é possível chegar a uma racionalidade universal
capaz de persuadir o maior público possível.
Agora, entenda como o discurso é direcionado no auditório universal:
EXEMPLO
Um argumento endereçado à associação de desportos marítimos pode
ser convincente para esses atletas específicos. Certamente, não fará
sentido para todos os cidadãos ou para aqueles que não estão
relacionados com desportos marítimos. Todavia, nada impede que um
discurso dirigido a um auditório particular carregue potenciais
argumentos para um auditório universal. Então, no mesmo exemplo, se
estivermos falando da liberdade individual da prática de desporto
marítimos, ou seja, da escolha em torno da possibilidade de praticar
desportos, nada nos impede de ter razões universais sendo articuladas.
Mas o que torna possível o endereçamento de razões aos auditórios?
Tanto auditórios particulares quanto universais são possíveis porque
entre orador e público existe uma rede de significados comuns sobre os
quais é possível fazer inferências, resgatar sentidos, compreender
palavras, vocabulário etc. Essa rede comum, na tradução em língua
portuguesa, é compreendida como contato de espíritos, aquilo que
Perelman e Olbrechts-Tyteca entenderam ser uma linguagem comum.
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Para que haja uma relação entre orador e auditório é necessário que
essa rede de significados comuns esteja compartilhada, caso contrário
a comunicação certamente se tonará sem sentido e não será possível
estabelecer as condições de exercício da racionalidade, ou seja, da
retórica.
Podemos verificar a quebra de comunicação utilizada na Nova
retórica com o seguinte exemplo:
EXEMPLO
Na obra Alice no País das Maravilhas , Alice, personagem central da
história de Lewis Carroll, não consegue estabelecer uma conversação
com seus interlocutores porque, entendem Perelman e Olbrechts-
Tyteca, não há entre o País das Maravilhas e o nosso mundo (mundo
de Alice) regras comuns.
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ARGUMENTAÇÃO E SEUS
PONTOS DE PARTIDA
A Nova retórica faz uma distinção entre demonstração e argumento.
Demonstração
Visa produzir verdade por meio do raciocínio consequente entre
premissas e conclusões, as quais podem ser produzidas num exercício
solitário do cientista ou lógico, sem a necessidade de conhecer as
fontes ou as pessoas envolvidas na construção desse raciocínio. O que
interessa é a verdade do sistema, sua forma, sua capacidade de
prever, o rigor formal de seus axiomas, a ausência de ambiguidade de
seus termos. Nesse aspecto, então, a demonstração pode ser
inteiramente um constructo do lógico formal, do cientista ou do lógico.

Argumento
Leva em consideração os aspectos psicológicos e sociais, sob pena de
perder seus efeitos ou seu objeto. Como sustentam Perelman e
Olbrechts-Tyteca, o argumento visa à adesão dos espíritos e, por isso
mesmo, pressupõe a existência de um contrato intelectual. Só é
possível a argumentação, conforme vimos, se houver uma comunidade
efetiva dos espíritos que esteja de acordo, antes de mais nada e em
princípio, sobre a comunidade intelectual.
Feita a presente distinção, podemos ver que o argumento parte de um
quadro comum de significados compartilhados entre os participantes da
argumentação. Toda argumentação parte de premissas aceitas pelo
público, de um ponto de concordância, de uma base comum, que
Perelman e Olbrechts-Tyteca entendem ser dividida em duas
categorias: a primeira lida com fatos, verdades e presunções; a
segunda lida com valores, hierarquias e lugares ou topos . Com a
primeira categoria, podemos afirmar que existem pontos de partida
que lidam com a realidade. Com a segunda categoria, podemos dizer
que existem pontos de partida que lidam com o preferível.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem
horizontal
Demonstração Argumento
Ponto de partida da
realidade
Pontos de partida do preferível
Verdades Hierarquias
Presunções
Loci do preferível (Loci
communes )
 Categorias da argumentação.
Fonte: Davi José de Souza da Silva
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DEMONSTRAÇÃO
- Solipsista (pode ser pensada sozinha)
- Axiomática
- Matemática
- Verdade
ARGUMENTO
- Intersubjetivo
- Social
- Psicológico
- Persuasão/Adesão
PONTO DE PARTIDA DA REALIDADE
Fatos
- Ideias discretas aceitas universalmente.
PONTOS DE PARTIDA DO
PREFERÍVEL
Valores
- Ideias ou posições que são universais como generalizações, mas que
só tem aderência a certas audiências quando aplicadas sob certas
circunstâncias. Valores podem ser concretos ou abstratos. Concretos
servem mais à manutenção das condições e abstratos, à mudança das
condições.
VERDADES
- Princípios ou ideias que são sustentados universalmente e que
sistematizam fatos.
HIERARQUIAS
Sistemas que relacionam coisas de diferentes ou homogêneos tipos.
PRESUNÇÕES
Concepções que espelham a expectativa universal das audiências
sobre o que é a natureza e a realidade.
LOCI DO PREFERÍVEL (LOCI
COMMUNES )
- Correspondem aos Topoi aristotélicos e constituem hierarquias
baseadas em coisas comuns ou diferentes.
Importante destacar os lugares-comuns (Loci communes ) ou Topoi .
São quadros gerais organizativos, “premissas de ordem geral que
permitem fundar valores e hierarquias”. Para a Nova retórica os
lugares-comuns nos ajudam a “justificar a maior parte das nossas
escolhas”. Perelman e Olbrechts-Tyteca organizam seis categorias de
lugares-comuns:
LUGARES DE QUANTIDADE
Afirmam que alguma é melhor que a outra por razões quantitativas.
LUGARES DA QUALIDADE
Contestam a virtude do número.
LUGARES DA ORDEM
Afirmam a superioridade do anterior sobre o posterior.
LUGARES DO EXISTENTE
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Afirmam a superioridade do existente, real, sobre o que é possível,
eventual ou impossível.
LUGAR DA ESSÊNCIA
Afirma que o que é mais próximo do ideal é superior ao que se
aproxima menos.
LUGAR DA PESSOA
Favorece o valor da vontade e do indivíduo.
PRESENÇA E COMUNHÃO
O argumento é um empreendimento intersubjetivo, ou seja, depende da
ligação entre pessoas. Diferentemente da demonstração, em que o
lógico-matemático pode, de forma solitária, realizar suas deduções, na
argumentação é necessário que haja uma ligação entre o orador e o
auditório.
Já pudemos ver que essa ligação começa pela rede de comunicação
compartilhada entre eles, como a fábula Alice no País das Maravilhas
nos mostrou. Assim, a argumentação reforça a rede de comunicação
existente. Considerando a diversidade de pontos de partida, sejam eles
os dados da realidade ou os valores, é necessário que o orador faça
escolhas quando pretende persuadir seu auditório. Essas escolhas
devem ser suficientes para que o orador gere presença e comunhão
com o auditório.
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PRESENÇA
A presença consiste em conseguir ganhar a atenção plena do auditório
diante do discurso, conduzindo-a para que leve em consideração os
elementos relevantes da argumentação.
Poderíamos dizer, numa linguagem mais atual, que a presença é a
capacidade do orador de prender a atenção do público de modo a
conduzir seu foco para os elementos relevantes do diálogo persuasivo.
Para que a presença se efetive, é necessário que o orador saiba dispor
de maneira precisa quais elementos trará para o discurso. Tais
elementos precisam criar uma conexão com o público.
Na Nova retórica , a presença atua de modo direto sobre a nossa
sensibilidade, sendo um dado psicológico que exerce uma ação no
nível da percepção. O que está presente na consciência adquire uma
importância que a prática e a teoria da argumentação devem levar em
conta.
Veja, a seguir, exemplos de criação de presença:
EXEMPLO
Vejamos a história bíblica do encontro de Moisés com Javé. Ao se
manifestar por meio da sarça de fogo, que inibia Moisés de ver a força
de Javé, o efeito da presentificação preparou Moisés para que pudesse
receber a mensagem. No filme O lobo de Wall Street , o personagem
Jordan Belfort, antes de iniciar uma venda, apresenta ao público, a um
destinatário específico, uma caneta. Prendendo a atenção do ouvinte
com a visão da caneta esferográfica, afirma: “venda-me esta caneta”. O
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clima, a ambiência e as imagens de um Ted Talk prendem a atenção
do público e para a mensagem.
COMUNHÃO
Quando a conexão psicológica é estabelecida com o público, podemos
falar em , que ocorre quando orador e auditório passam a compartilhar
crenças comuns, valores e sentimentos, gerando uma identificação.
Quando o orador comunga dos mesmos sofrimentos, das experiências,
vivências e inquietações, há maior possibilidade de persuadir o
auditório em função do estabelecimento da relação de identidade entre
orador e público.
Veja, a seguir, um exemplo de comunhão:
EXEMPLO
Um técnico consagrado como Bernadinho tem bastante relação de
identidade com jogadores e profissionais do esporte em geral. Mas,
também, por ter vivido em ambientes competitivos e de muito estresse,
Bernadinho tem a mesma comunhão com o mundo empresarial e de
executivos. Veja, a mesma pessoa é capaz de gerar comunhão em
diferentes grupos, porque sua vivência, história, suas crenças e
atitudes podem ser compartilhadas.
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LIGAÇÃO E DISSOCIAÇÃO
Conforme pudemos ver até aqui, o argumento é uma forma de
expressão da racionalidade discursiva existente entre o orador e o
auditório. Nessa tarefa é necessário que o orador crie conexões com o
auditório. Para poder criar tais conexões é preciso organizar o discurso
de modo que reste fortalecido no sentido de que as premissas
apresentadas possam levar às conclusões indicadas. Nesse processo,
devem ser estabelecidos esquemas argumentativos que sejam sólidos
e capazes de mobilizar o auditório para a conclusão defendida.
Por isso, a Nova retórica dedica uma parte de seu estudo à análise da
estrutura dos argumentos, considerados em si como maneira de
explicitar em que bases podem ser criados.
Ligação
Dá-se quando um esquema argumentativo, do ponto de vista de sua
estrutura interna, reforça reciprocamente suas partes, ou seja, cada
elemento contribui para a força do outro elemento (E¹ + E² + E³....En).
Para a Nova retórica , a ligação está presente em esquemas
argumentativos nos quais seus elementos internos visam se reforçar
reciprocamente, promovendo entre esses elementos uma valorização
positiva ou negativa. A ligação promove o reforço sistemático do
argumento, gerando solidez.

Dissociação
Está presente quando visamos deslocar o sentido de reforço mútuo,
gerando uma força de deslocamento, repulsão e criação de novo
sentido.
 ATENÇÃO
Ligação e dissociação, entende a Nova retórica , constituem, para
efeitos psicológicos, os dois lados da mesma moeda. Para gerar
ligação entre dois elementos de um argumento, é necessário gerar uma
dissociação em relação a um aspecto não desejado pelo orador. Sem
exaurir a temática e não deixando de contextualizar, a Nova retórica
busca apresentar e introduzir esses esquemas argumentativos para
orientar os praticantes do discurso.
ESQUEMAS DE LIGAÇÃO
Focaremos no primeiro e mais explícito esquema de ligação
argumentativa, sobretudo para ligar você aos estudos de lógica e
retórica: o argumento quase-lógico, semelhante aos argumentos
lógico-dedutivo ou comparável às inferências da lógica formal.
Nessa modalidade, há muita semelhança entre o argumento e a
demonstração formal da lógica dedutiva. Todavia, a complexidade
desses argumentos não se deixa reduzir à estrutura da demonstração
lógico-formal.
 ATENÇÃO
Para tornar persuasivo o argumento, há todo um trabalho, por parte do
orador, de tornar os elementos do argumento semelhantes aos
elementos do silogismo dedutivo.
Nesse esforço é que reside, justamente, sua natureza não lógica, pois,
para sustentar o formalismo, o orador terá de fazer escolhas, reduções,
simplificações, ampliações, todas dependentes de um acordo geral de
pano de fundo passível de problematizaçãopelo auditório.
Quando explicitadas essas “incoerências”, “insuficiências” ou “reduções
simplificadoras”, contestáveis, no esquema de argumentação quase-
lógico, entram em cena argumentos de autoridade ou ad hominem
para sustentar sua “persuasão”:
“O rigor da demonstração é evidente”, “veja como é matemática a
conclusão”, “estar contra essa exposição é contrariar a lógica” etc.
A seguir, confira o exemplo de um esquema quase-lógico:
EXEMPLO
“P1: A santidade da vida constitui-se um valor intrínseco”; “P2: por isso,
todos os seres viventes devem ter sua vida protegida”; logo, “devemos
aprovar leis que protejam animais humanos e não humanos”. Perceba
que existe uma série de elementos nessa argumentação que
dependem de acordos prévios sobre fatos da realidade e sobre valores
que demandam muito mais argumentação do que a forma silogística
pode abarcar.
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Os demais esquemas de ligação, que não poderemos esgotar aqui,
podem ser classificados como:
ESQUEMAS QUE APELAM À
ESTRUTURA DA REALIDADE
Buscam estabelecer uma relação de ligação entre os fenômenos da
realidade e as conclusões que visam defender. Esquemas que apelam
à estrutura da realidade irão trabalhar os dados, fatos e as sequências
de fatos para estruturar suas conclusões. Nesse sentido, a Nova
retórica apresenta tais esquemas em:
Ligações de sucessão: a causalidade dos fatos irá resultar em
revelar causas primeiras, consequências, efeitos etc.
Ligações de coexistência: visam reunir realidades de níveis
diferenciados para que uma dê sustentação à outra.
Diferentemente da ligação de sucessão, que visa demonstrar a
série sucessiva de fenômenos como consequente e inevitável –
por isso explicativa –, a ligação de coexistência visa gerar uma
linha de explicação em que diferentes ordens estão relacionadas,
sendo uma determinante da outra. Um primeiro exemplo dado por
Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996) é a da relação entre
essência e aparência. Todavia, nossos autores consideram a
relação entre pessoa e ato uma ligação de coexistência
fundante.
ESQUEMAS QUE ESTABELECEM A
ESTRUTURA DO REAL
Nesses esquemas as ligações de sucessão e coexistências serão
articuladas para fundamentar os acordos sobre os fatos. No esquema
anterior, se partiam de “fatos já existentes”; neste, procura-se formular
o acordo sobre o que podem ser considerados fatos na argumentação.
Aqui são centrais três conhecidas formas nossas:
A argumentação por exemplo: procuramos resolver o desacordo
em torno de um fato, trazendo seus elementos para o caso em
dissenso;
A argumentação por ilustração e modelo: visa dar suporte,
ampliar a força persuasiva de um argumento, aumentando, assim,
a aderência ao acordo;
A argumentação por analogia: visa estabelecer relações entre os
termos, entidades, elementos, do argumento visando ampliar a
adesão à sua concordância.
ESQUEMAS DE DISSOCIAÇÃO
Se esquemas de ligação visam reforçar a estrutura dos argumentos, as
técnicas de dissociação visam evidenciar que determinadas
associações não podem ser feitas, isto é, que certos elementos do
argumento não deveriam ser unidos, mas sim ficar separados, distintos
ou não associados.
Porém, muito mais do que dividir (decompor, analisar), as técnicas de
dissociação visam à restruturação profunda dos elementos do
argumento, procurando recompô-los com outro significado. Não se trata
apenas de dividir, separar, decompor, mas de decompor para
recompor um novo elemento argumentativo capaz de gerar persuasão.
A dissociação das noções, como a concebemos, consiste num
remanejamento mais profundo, sempre provocado pelo desejo de
remover uma incompatibilidade, nascida do cotejo de uma tese com
outras, trata-se de normas, fatos ou de verdades. Algumas soluções
práticas possibilitam resolver a dificuldade no plano exclusivo da ação,
evitar que a incompatibilidade se apresente, diluí-la no tempo, sacrificar
um dos valores que entram em conflito, ou os dois. A dissociação das
noções corresponde, nesse plano prático, a um compromisso, mas
conduz, no plano teórico, a uma solução que valerá igualmente no
futuro porque, ao reestruturar nossa concepção do real, ela impede o
reaparecimento dessa mesma incompatibilidade. (PERELMAN;
OLBRECHTS-TYTECA; 2002).
Então, como o argumento dissociativo se dá? Confira a seguir um caso
prático da Filosofia moral:
EXEMPLO
Diante da crença moral de que matar um ser humano é errado, ao
mesmo tempo admitimos que a legítima defesa é moralmente
permissível. Nesse caso, estamos diante de uma incompatibilidade:
como matar um ser humano pode ser errado moralmente e a legítima
defesa parece ser razoável? Uma das formas de conseguir resolver
essa incompatibilidade é entender a vida como um bem sob o qual
tenho um direito. Em circunstâncias normais, o direito à vida não pode
ser de forma alguma ameaçado por um terceiro. Mas, se a minha vida
é ameaçada por alguém, posso, então, defender meu direito à vida
contra aquele que me ameaça, uma vez que, ao cometer um ilícito
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moral contra mim, aquele que me ameaça renuncia a seu direito moral
a fim de preservar sua própria vida. A introdução das distinções em
torno do direito à vida entra no argumento para que a dissociação se
opere de modo a reconciliar aquilo que, num primeiro momento, era
incompatível.
Na prática jurídica, sobretudo a judicial, os magistrados a todo
momento são levados a fazer distinções para resolver aparentes
conflitos entre as leis. Em alguns casos, essas distinções apelam a um
esquema formal de hierarquia de normas, mapeando a possibilidade de
invalidar uma norma em detrimento da outra por meio de uma
subsunção baseada na compatibilidade ou não da norma com o
ordenamento jurídico.
Contudo, em outros casos, é preciso que o magistrado interprete e dê
solução a um conflito aparente de normas, sem, necessariamente,
invalidar uma delas, mas antes preservando as duas, ao mesmo tempo
que encontra uma solução para a aparente incompatibilidade.
 ATENÇÃO
Em nosso ordenamento jurídico temos uma diversidade de técnicas
dissociativas para as quais podem apelar os juízes diante de casos
difíceis, entendendo a Lei de Introdução às Normas Brasileira (Lei nº
12.376, de 2010) em seu art. 4º que na omissão da norma o
magistrado poderá decidir pautado na analogia, nos costumes e nos
princípios gerais do Direito.
Se nossa legislação permitiu de início a possibilidade de reconstrução
por meio da dissociação, podemos encontrar nas práticas
interpretativas dos tribunais constitucionais e superiores o constante
exercício dissociativo, à medida que, provocados, precisam resolver
sobre conflitos aparentes de normas, mantendo as mesmas e
sustentando em que casos e de que forma podem ser compreendidas
as noções que lhes sustentam.
Um caso interessante é o da Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) nº 187, mais conhecida como o caso da marcha
da maconha, na qual os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)
decidiram de forma favorável aos manifestantes.
A marcha da maconha é uma manifestação de cidadãos no mundo
inteiro em favor de mudança das leis em torno do uso da maconha,
sobretudo clamando pela sua legalização, regulamentação do comércio
e seu uso. Ocorre que, no ordenamento jurídico penal brasileiro, a
norma do art. 287 do Código Penal afirma que constitui crime “fazer,
publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime: Pena –
detenção, de três a seis meses, ou multa”. Dessa maneira, manifestar-
se a favor da legiferação da economia, do uso, da medicina etc.
envolvendo a maconha constituiria apologia ao crime?
Eis então que a procuradoria-geral da República demandou que o
referido dispositivo fosse interpretado conforme a Constituição de modo
que as manifestações não fossem proibidas. O dispositivo previsto no
art. 287 do Código Penal Brasileiro tipifica a apologia ao crime ou a um
criminoso.
Aqui começa o exercício dissociativo do STF:
MINISTRO CELSO DEMELLO
Em primeiro lugar, por meio do voto do ministro Celso de Melo, houve
uma caracterização da marcha como um evento cultural que reúne uma
série de atividades musicais, literárias, cinematográficas, discursivas,
políticas etc. Em segundo lugar, entendeu à época decano que debater
a descriminalização de um fato não pode ser constituído um ilícito
penal, sendo compreendida a marcha como um movimento dos
cidadãos que não pode ser limitado, ainda que suas ideias sejam
contrárias às da maioria ou pareçam ruins.

MINISTRO LUIZ FUX
Na mesma linha, porém, complementando, o ministro Luiz Fux
entendeu por criar critérios segundo os quais a caracterização da
marcha poderia ser considerada um movimento dos cidadãos na sua
liberdade de expressão. Assim, indicou que as marchas devem ser
pacíficas, que não podem utilizar armas, tampouco incitar a violência, e
que devem ser informadas às autoridades públicas, indicando data,
horário, local e objetivo do evento.
Podemos então perceber que o exercício dissociativo faz parte do
cotidiano do exercício da magistratura. O Direito está repleto de
problemas, conflitos, incompatibilidades, apresentando aos seus
praticantes, a todo momento, a possibilidade de exercer esquemas e
técnicas de dissociação. Estas, muitas vezes, são realizadas para:
Excluir a tipicidade penal de determinado fato;
Excluir a tipicidade tributária de um fato na arena tributária;
Caracterizar uma justa causa na seara trabalhista;
Caracterizar ou descaracterizar um ato como ilícito ou não, dando
ensejo à indenização;
Modular ou não um entendimento acerca dos contratos.
Podemos, então, encerrar com um exemplo do Direito privado:
EXEMPLO
É possível dizer que a função social dos contratos exerce um papel
heurístico de análise de cláusulas contratuais, à medida que modulam
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seu exercício para que nenhuma das partes se beneficie ilicitamente
com ganhos que não poderiam ser suportados, tampouco que haja
afetação da sociedade em geral, devendo o contrato distribuir seus
ganhos para além das partes contraentes.
A NOVA RETÓRICA COMO UM
CONVITE À RECONSTRUÇÃO
RACIONAL DAS NOSSAS
PRÁTICAS MORAIS
Ao final deste módulo, queremos uma vez mais destacar que a Nova
retórica tem por objetivo fundamental apresentar que o mundo
prático, das nossas questões em sociedade, não pode ser
reduzido à investigação empírica da natureza e sua ferramenta
clássica, a lógica formal.
A vida cotidiana moral, política e jurídica abraça nuances muito mais
abrangentes e significativas que a mera regularidade formal da
natureza, o que hoje nem ao menos representa a visão mais adequada
do exercício da realização da ciência, uma vez que também depende
de acordos sobre fatos e valores.
Se os acordos são necessários para que possamos compreender fatos
e valores, será que tais acordos seriam meramente voluntaristas,
dependentes das vontades das partes, sem objetividade alguma? A
Nova retórica apresenta para todos nós a forma pela qual é possível
pensar uma racionalidade discursiva que seja capaz de articular nossos
problemas, nos dando uma objetividade com a qual podemos lidar, à
medida que nos vemos envolvidos em práticas recíprocas de
justificação. A obra de Perelman e Olbrechts-Tyteca é uma leitura
indispensável para o desenvolvimento da formação de cidadãos e
juristas.
A Nova retórica poderia ser considerada um exercício de reconstrução
da racionalidade das nossas práticas morais cotidianas.
No vídeo a seguir, o especialista Davi José de Souza da Silva descreve
a Nova Retórica de Chaïm Perelman como uma teoria da
argumentação que pretende dar racionalidade ao discurso acerca dos
valores na moral e no Direito.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
 Reconhecer os principais elementos conceituais das teorias da
argumentação de Robert Alexy e Klaus Günther
APRESENTAÇÃO
O objetivo deste módulo é identificar e reconhecer alguns dos principais
elementos de duas teorias da argumentação jurídica para que
possamos melhorar nossa compreensão acerca dos fenômenos sociais
e jurídicos. Para isso, apresentaremos dois autores que possuem
teorias acerca da argumentação aplicadas ao Direito. Diferentemente
de Perelman e Olbrechts-Tyteca, esses dois pensadores não estavam
formulando uma teoria geral da argumentação para explicar como
nossos acordos sobre valores podem ser racionais – na vida em
sociedade, na política ou no Direito.
As teorias que abordaremos aqui, de Robert Alexy e Klaus Günter,
foram apresentadas inicialmente para resolver problemas específicos
do Direito e que poderiam ser reunidas de forma didática num
questionamento: como as decisões judiciais podem ser
consideradas racionais?
ROBERT ALEXY
 Robert Alexy.
Alexy é, de longe, um dos mais influentes e ricos pensadores do Direito
de tradição romano-germânica. Sua obra tem alcance em seu país de
origem, Alemanha, e nos países continentais europeus, como Espanha
e Portugal, e na América Latina, tendo grande impacto em nosso país,
na Argentina, no Peru etc.
Desde 2008, Robert Alexy tem recebido uma série de títulos de Doutor
Honoris Causa , muitos deles em universidades brasileiras, como a
Universidade Federal do Piauí, Universidade Federal do Rio Grande do
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Sul, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade do Estado
do Amazonas e Universidade Federal de Roraima.
Neste módulo veremos, principalmente, os pontos centrais expressos
por Robert Alexy na sua tese de doutorado, já citada, a Teoria da
argumentação jurídica , daqui em diante denominada TAJ.
ROBERT ALEXY
Nascido em 1945 na cidade de Oldenburgo, tem uma carreira
acadêmica de ampla envergadura. Graduado em Direito e Filosofia
pela Universidade Georg-August em Göttingen, Alemanha, em 1978
obteve o título de doutor em Filosofia com a obra Teoria da
argumentação jurídica (2001). Em 1984, obteve a livre-docência com
a sua tese Teoria dos direitos fundamentais (2015). Alexy hoje ocupa
a cadeira de Direito público e Filosofia do Direito da Universidade
Christian-Albrechts de Kiel (Alemanha).
PROBLEMA DA JUSTIFICAÇÃO
DAS SENTENÇAS JURÍDICAS
Robert Alexy (2001) apresenta o problema de plano: como justificar as
decisões dadas pelos juízes em suas sentenças?
Tal questionamento é ampliado quando se enxerga a insuficiência dos
métodos de raciocínio lógico-formal diante dos desafios da decisão
judicial. A aplicação dedutiva de normas encontra muitas dificuldades
diante de pelo menos quatro problemas apontados por Robert Alexy:
I
A linguagem jurídica é imprecisa, portanto, cheia de ambiguidades,
vaguezas, indeterminações etc.
II
Normas jurídicas entram em conflitos – vimos com Perelman e
Olbrechts-Tyteca que uma norma pode ter exatamente o sentido
contrário da outra.
III
Casos novos e novas situações podem surgir e não estar previstos em
uma norma jurídica prévia.
IV
Casos especiais, situações únicas, ímpares, em que podem demandar
novas decisões, diferente das que foram dadas até aqui.
O desafio é conseguir sistematizar a justificação das decisões judiciais.
A primeira tentativa de sistematização se deu com o estabelecimento
de cânones interpretativos. Porém, mesmo que esses cânones tenham
se desenvolvido (utilizados até hoje, por exemplo, “normas penais são
interpretadas restritivamente”), os estudiosos da metodologia jurídica (o
que poderíamos chamar, atualmente, de hermenêutica jurídica) não
conseguiram chegar a um acordo sobre a quantidade de regras
interpretativas, se possuem alguma hierarquia, qual a sua natureza,
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sua utilização de forma prioritária etc. Uma segunda tentativa se deu
com a conclusão de que seria impossível tratar da decisão judicial e
avançar possibilidades de justificação do processo decisório dos juízes
sem o apelo aos valores.
Essa segunda tentativa de resposta introduziu de maneira bastante
conclusiva a ideia de que não há comodecidir casos sem que se
recorram a valores. Porém, mesmo com a introdução do valor como
elemento da decisão judicial, muitas dúvidas sobrevieram, por exemplo:
como se dá a relação entre os valores e os cânones interpretativos?
Introduzir os valores nas decisões judiciais não diminuiu a demanda por
justificação, levando a questionamentos centrais feitos por Robert Alexy
(2001), como veremos a seguir.
Até que pontos os valores são necessários no julgamento?
Como os julgamentos de valor se relacionam com os cânones da
interpretação jurídica e da dogmática?
Os julgamentos de valor podem ser racionalmente justificáveis?
Mas será que a introdução dos valores nas decisões judiciais levaria
necessariamente a um subjetivismo? Três repostas a esse problema
foram dadas.
PRIMEIRA TENTATIVA
SEGUNDA TENTATIVA
TERCEIRA TENTATIVA
PRIMEIRA TENTATIVA
Segundo Robert Alexy, deu-se com a possibilidade de justificar as
decisões judiciais com valores universais ou com valores específicos
de uma comunidade. Porém, o problema de como justificar as decisões
judiciais permanece ante a multiplicidade de valores, comunidades e
fatos.
SEGUNDA TENTATIVA
Deu-se com a possibilidade de justificar os valores das decisões
judiciais fazendo referência ao próprio ordenamento jurídico. Todavia, a
multiplicidade das normas, de sua hierarquia, de momentos e fatos
também traz imensa dificuldade para que se encontre uma metodologia
capaz de dar conta da justificação das decisões judiciais baseada em
valores.
TERCEIRA TENTATIVA
A última tentativa levantada por Robert Alexy é o apelo a uma ordem
valorativa “objetiva” e “transcendente”, portanto atemporal, com o
jusnaturalismo. Nesse caso, o problema ainda permanece: como saber
qual dos valores deve ser utilizado na ordem suprapositiva? Por último,
caberia apenas aos dados empíricos, mas estes não são passíveis de
fundar normas.
UMA TEORIA ANALÍTICO-
NORMATIVA
Para tentar solucionar o problema de justificação com base em valores
de decisões judiciais, Robert Alexy propõe conceber a atividade jurídica
como um discurso prático. Discurso porque é uma atividade
essencialmente linguística, argumentativa; prático porque trata de
normas, ou seja, do estabelecimento de padrões coercitivos para a
conduta. Alexy (2001) concebe então que o “discurso jurídico é um
caso especial do discurso prático geral”.
Como discurso, poderíamos pensar que o discurso jurídico pode ser
visualizado em pelo menos três possibilidades:
EMPÍRICO
ANALÍTICO
NORMATIVO
EMPÍRICO
Visa descrever o discurso em frequência, relevância, motivações,
situações e outros elementos que podem caracterizar o discurso do
ponto de vista dos fatos. Nessa abordagem, deve ser estudado por
cientistas sociais.
ANALÍTICO
Dedica-se à análise da estrutura do discurso pelo ponto de vista da
lógica.
NORMATIVO
Visa propor critérios justificatórios para a prática judicial.
Considerando essas três formas de abordagem, Alexy entende que sua
teoria é uma proposta analítico-normativa. Analítica porque pretende
demonstrar a estrutura interna dos discursos jurídicos como um caso
especial do discurso prático geral. Normativa porque visa prescrever
em que situações, circunstâncias e regras uma decisão judicial pode
ser justificada. Para isso, pretende desenvolver os “critérios em que
pode ser considerada racional uma decisão judicial” (ALEXY, 2001).
Uma vez que o discurso jurídico é um caso especial do discurso
prático, Robert Alexy já nos diz que uma das primeiras implicações
dessa constatação é o fato de que o discurso jurídico opera sobre
circunstâncias limitadoras determinadas pelo próprio ordenamento
jurídico. O ordenamento jurídico possui limites impostos por si mesmo,
devendo a decisão judicial, como caso especial do discurso prático
geral, atender a esses constrangimentos impostos pelo ordenamento.
Um segundo aspecto a ser enfrentado pela TAJ concerne à relação
entre discurso jurídico e discurso prático geral, entre argumentação
jurídica e argumentação prática geral. Nesse sentido, estamos diante
da relação entre Direito e moral, aqui traduzidos em termos de teoria da
argumentação. Segundo Robert Alexy (2001), essa relação tem sido
descrita em pelo menos três possibilidades:
TESE DA SUBORDINAÇÃO
TESE DA SUPLEMENTAÇÃO
TESE DA INTEGRAÇÃO
TESE DA SUBORDINAÇÃO
A justificação das decisões judiciais é fundamentada no argumento
prático geral, sendo o argumento jurídico meramente subordinado a
este, uma forma de legitimação secundária ao argumento prático.
TESE DA SUPLEMENTAÇÃO
Os argumentos jurídicos têm limites e quando os alcançam passam a
ser suplementados por argumentos morais.
TESE DA INTEGRAÇÃO
Quando são combinados argumentos jurídicos e argumentos morais.
DISCURSO JURÍDICO COMO
CASO ESPECIAL DO DISCURSO
PRÁTICO
Um discurso prático é um argumento sobre normas morais. Assim, um
conselho, “você deveria estudar mais hermenêutica”, faz parte de um
discurso prático. Uma regra proibindo entrar de sapatos em casa é um
discurso prático. Uma orientação médica é um discurso prático. Uma
norma de trânsito é um discurso prático.
Trata-se de discurso no âmbito de uma conversação que se comunica
por meio de uma linguagem comum. Trata-se de prático no sentido de
que estabelece regras para o comportamento dos agentes. Padrões de
conduta.
Mas em que condições podemos considerar válida a formulação
desses discursos que afetam nosso comportamento?
A teoria de Alexy é uma teoria justificatória, porque se preocupa em
investigar em quais condições podemos considerar válido um discurso
prático geral. Mas qual é a forma desse discurso prático geral?
REGRAS DO DISCURSO PRÁTICO
GERAL
Robert Alexy (2001) entende em primeiro lugar as regras básicas:
“Nenhum orador pode se contradizer.”
“Todo orador pode afirmar apenas aquilo em que crê.”
“Todo orador que aplique um predicado F a um objeto tem de
estar preparado para aplicar F a outro objeto que seja semelhante
a Z em todos os aspectos importantes.”
“Diferentes oradores podem não usar a mesma expressão com
diferentes significados.”
Somadas às regras básicas do discurso prático geral, temos as regras
da racionalidade do discurso prático geral. Nesse caso, Alexy
(2001) quer nos demonstrar quando um discurso prático geral pode ser
considerado racional, portanto, válido. Assim:
“Todo orador tem de dar razões para o que afirma quando lhe
pedem para fazê-lo, a menos que possa citar razões que
justifiquem uma recusa em dar justificação” – Regra geral de
justificação.
e.1. “Qualquer pessoa pode participar de um discurso.”
Da regra geral de justificação decorrem, ainda, as regras que regem a
liberdade de discussão:
e.1.1 “Todos podem transformar uma afirmação num problema.”
e.1.2 “Todos podem introduzir qualquer afirmação no grupo.”
e.1.3 “Todos podem expressar suas atitudes, seus desejos e
necessidades.”
e.1.4 “A liberdade de discurso é importante no discurso prático.”
Por último, a regra que visa proteger o discurso de qualquer
coerção:
“Nenhum orador pode ser impedido de exercer os direitos
estabelecidos por qualquer tipo de coerção interna ou externa.”
Somadas, (e) e (f) podem ser consideradas o que Robert Alexy (2001)
denomina de regras de racionalidade do discurso.
Existem ainda as “regras para partilhar a carga da argumentação”, que
irão distribuir os encargos de justificar o discurso; as “regras de
justificação” (ALEXY, 2001), conjunto de regras que testa a validade
das regras sendo aplicadas, e que, em sua maioria, constitui testes de
generalização; as “regras de transição” (ALEXY, 2001), para resolução
de problemas tais como questões de fato, previsão de consequências
etc. Considerando que discurso jurídico é um caso especial do discurso
prático geral, resta explicitar as suas regras, lembrando que há uma
conexão com o discurso moral.
REGRAS DO DISCURSO JURÍDICO
Visto o discurso prático geral, Robert Alexy (2001) parte para definir as
regras do discurso jurídico. Assim,a primeira consideração é a de que
a argumentação jurídica se diferencia em relação à argumentação
prático geral no sentido de que a primeira possui uma ligação com as
normas jurídicas, sendo caracterizada por ligar-se de alguma forma
“com a lei válida”. A consequência dessa ligação é que o discurso
jurídico possui certas limitações impostas pelo ordenamento jurídico, e
tais limitações, segundo Alexy (2001), não estão abertas ao debate.
Dessa maneira, Alexy está nos demonstrando que os cânones e
elementos jurídicos existentes na ordem positiva, seja na legislação,
seja na dogmática jurídica, restringem o campo de atuação do discurso
jurídico – limitações que o discurso prático geral não tem.
O discurso jurídico precisa se justificar de tal forma que consiga ser
considerado pertinente ao ordenamento jurídico. Por isso, Robert Alexy
(2001) indaga:

[...] A EXIGÊNCIA DE CORREÇÃO, NA
VERDADE, TAMBÉM SURGE NO
DISCURSO JURÍDICO, MAS ESSA
EXIGÊNCIA, DIFERENTEMENTE DO
DISCURSO PRÁTICO GERAL, NÃO SE
PREOCUPA COM A RACIONALIDADE
ABSOLUTA DA AFIRMAÇÃO NORMATIVA
EM QUESTÃO, MAS APENAS COMO
MOSTRAR QUE PODE SER
RACIONALMENTE JUSTIFICADA NO
CONTEXTO DE VALIDADE DA ORDEM
JURÍDICA PREVALECENTE?
A teoria do discurso jurídico como caso especial do discurso prático
visa responder a esse questionamento. Para tanto, Robert Alexy (2001)
apresenta os seus traços. Vejamos seus elementos principais.
Em primeiro lugar, Alexy entende que um discurso jurídico precisa ser
justificado duplamente:
Justificação interna
De um ponto de vista interno, precisa demonstrar que seus argumentos
são corretos se suas premissas levam às conclusões defendidas –
assim, um argumento jurídico precisa ter justificação interna.

Justificação externa
Saber se as premissas escolhidas pelo argumento são em si
justificáveis, sem considerar a relação com as conclusões, é a tarefa
para as regras da justificação externa.
Na sequência dos argumentos de Robert Alexy, comecemos pelas
regras de justificação interna. Tais regras dizem respeito à estrutura do
silogismo jurídico e à forma pela qual pode ser considerado racional.
Na formulação básica de todo e qualquer silogismo temos que uma
norma jurídica pode enunciar:
p¹: Todo guarda de trânsito deve usar identificação.
p²: Marco Antônio é guarda de trânsito; logo, deve usar distintivo.
Robert Alexy justifica racionalmente a lógica interna do argumento
apresentado aqui, baseando-se em algumas regras:
REGRA 1
REGRA 2
REGRA 3
REGRA 4
REGRA 1
Primeiramente, temos o princípio da universalizabilidade que
fundamenta a justiça formal segundo a qual não é possível tratar
casos desiguais de maneira desigual. O quantificador [todo] presente
no silogismo impõe um elemento de universalizabilidade que alcança a
exigência normativa de se tratar igualmente todos os casos que
estejam na mesma categoria (ALEXY, 2001).
REGRA 2
Por conseguinte, surgem duas outras regras: “ao menos uma norma
universal precisa ser aduzida na justificação de um argumento jurídico”.
REGRA 3
E “um julgamento jurídico precisa seguir logicamente ao menos uma
norma universal juntamente com outras afirmações”.
REGRA 4
Mas é possível que uma primeira demonstração não seja suficiente,
sobretudo considerando casos difíceis: “tantos passos/desenvolvimento
quanto possíveis devem ser articulados” para que as regras anteriores
sejam passíveis de serem aplicadas na justificação de decisões
judiciais (ALEXY, 2001).
Consideradas em conjunto, pode-se afirmar que essas regras da
justificação interna da decisão judicial formam a racionalidade interna
do argumento judicial. Sua estrutura reunida compõe o que Alexy
(2001) denomina “regras e formas da justiça formal”. Todavia, essas
regras não garantem plenamente a racionalidade das decisões
judiciais. É preciso um segundo passo: as regras de justificação
externa.
Para Robert Alexy (2001), no processo de justificação racional de uma
decisão judicial, suas premissas podem ser de três tipos:
Baseadas no Direito positivo, na lei;
Baseadas em afirmações empíricas;
Premissas que não são baseadas na lei nem nas afirmações
empíricas.
Esses tipos de argumentos não são estanques e podem se relacionar.
Por isso, Alexy organiza as formas de justificação externa em seis
grupos: (i) estatuto; (ii) dogmática; (iii) precedente; (iv) razão; (v) fatos;
e (vi) formas específicas de argumentos jurídicos. Trataremos de quatro
deles a seguir:
(I) ESTATUTO
Lida com a questão empírica trazida ao discurso judicial. Quando se
fala em questão empírica, está se falando de questões pertinentes às
normas jurídicas, quando foram produzidas, quais são superiores a
outras, se uma norma atual revoga uma passada etc. Trata-se da
empiria da norma. Quais fatos deverão ser considerados na relação de
pertinência ou não das normas. É impossível descrever todas as
situações e os elementos da empiria que podem ser aduzidos a um
discurso jurídico. Ao mesmo tempo, existem limitações temporais. Por
último, o discurso jurídico não se reduz aos dados da empiria.
Para resolver a relação entre a empiria e as decisões judiciais,
cânones de interpretação foram desenvolvidos pela prática e teoria
jurídica. Alexy (2001) os enumera:
Argumentos semânticos: quando um argumento é justificado
em função de seu significado fazer parte da compreensão
daquela comunidade sobre determinado termo.
Argumentos genéticos: quando uma interpretação é justificada
por fazer parte da intenção do legislador.
Argumento histórico: quando a história jurídica do caso é
trazida para justificar ou não um argumento.
Argumento comparativo: quando justifica decisões atuais com
decisões do passado ou de outro ordenamento jurídico.
Argumento sistemático: quando justifica uma decisão com base
na posição de uma norma ou na relação que ela tem com outras
normas.
Argumento teleológico: quando justifica uma decisão judicial
com base em determinados fins.
Para dar racionalidade discursiva a esses cânones, Robert Alexy
(2001) propõe as regras descritas a seguir.
Saturação: todos os argumentos pertencentes aos cânones
devem ser saturados, ou seja, esgotados (REGRA 5).
Precedência da vontade da lei ou do legislador: os argumentos
pertinentes à vontade da lei ou do legislador devem ter
precedência sobre outros argumentos, devendo haver justificação
quando não for o caso (REGRA 6).
Argumentos de diferentes formas devem obedecer a regras de
pesagem (REGRA 7).
Todos os argumentos produzidos sobre as condições de liberdade
do discurso jurídico podem contar como pertencentes ao cânone
jurídico e merecem a devida consideração (REGRA 8).
(II) DOGMÁTICA
A dogmática jurídica representa, para Robert Alexy (2001), a ciência do
Direito em seu sentido mais estrito, concernente a pelo menos três
atividades:
Descrever a lei em vigor, denominada descritiva-empírica;
Conceituar e sistematizar a lei, denominada lógica-analítica;
Propor soluções aos problemas jurídicos, denominada
normativa-prática.
Para que as proposições dogmáticas sejam consideradas racionais no
momento do discurso jurídico, a TAJ considera que “toda proposição
dogmática tem de ser justificada com recurso, ao menos um argumento
prático geral, sempre que estiver sujeita a dúvida” (REGRA 9); “Toda
proposição dogmática tem de ser capaz de passar num eixo
sistemático tanto no sentido mais estreito quanto num sentido mais
amplo” (REGRA 10); e “sempre que argumentos dogmáticos forem
possíveis, eles devem ser usados” (REGRA 11).
(III) PRECEDENTES
Um precedente é uma decisão judicial anterior que estabelece o padrão
de decisão para o caso vinculando todas as decisões judiciais que
possuam os mesmos critérios para que decidam da mesma maneira ou
impondo a todas as decisões judiciais que possuam critérios análogos
o ônus de justificar por que decidirão de forma diferente. Robert Alexy
(2001) considera que usar os precedentes atende ao princípio da
universalizabilidade, à medida que é uma exigência da justiça formaltratar casos com os mesmos critérios de modo igual. A TAJ considera
que, se um precedente vier a ser utilizado, duas regras devem ser
seguidas: “se um precedente pode ser citado a favor ou contra uma
decisão, ele deve ser citado” (REGRA 12); “quem desejar partir de um
precedente fica com o encargo do argumento” (REGRA 13).
(IV) FORMAS ESPECIAIS DO
ARGUMENTO JURÍDICO
Alexy (2001) entende que são formas especiais do argumento jurídico
os seguintes casos: analogia, argumentos e contrário, argumentum a
fortiori e argumentum ad absurdum . Já estudamos neste tema a
analogia, que é o oposto ao argumento e contrário, pois apela para as
diferenças e não para as semelhanças. O argumento a fortiori é um
clássico argumento jurídico, pautado na ideia de que uma razão mais
forte deve prevalecer, também conhecido pelo brocardo “quem pode no
mais, pode no menos”. Assim, por exemplo, “se estou autorizado a
fazer reforma na casa, por força do contrato de aluguel, então estou
autorizado a pintar as suas paredes”, pois “se posso reformar uma
casa, posso pintar suas paredes”. O argumento ad absurdum , diante
de um argumento, pode ser descartada uma das suas conclusões
pelas consequências esdrúxulas ou ridículas. Para essas formas de
argumento, a TAJ entende que uma decisão judicial, se pautada nelas,
será racional quando “formas especiais de argumento jurídico têm de
ser razões para serem afirmadas plenamente, isto é, devem alcançar a
saturação”.
Conhecidas as regras, fizemos um resumo para você. Tal resumo está
na obra original de Robert Alexy (2001).
REGRAS DO DISCURSO JURÍDICO
Regras da justificação interna
1.1 Ao menos uma norma universal tem de ser aduzida na
justificação de um argumento jurídico.
1.2 Um julgamento jurídico tem de seguir logicamente ao
menos uma norma universal juntamente com outras
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afirmações.
1.3 Sempre que houver uma dúvida se a é um T ou um M,
deve ser apresentada uma regra que resolva a questão.
1.4 O número de passos e de decomposição requerido é
aquele número que torna possível o uso de expressões cuja
aplicação em dado caso não admita mais disputas.
1.5 Devem ser articulados tantos passos de decomposição
quantos forem possíveis.
Regras da justificação externa
2.1 Não existe elaboração para regras e formas especiais.
2.2 Regras e formas de interpretação.
2.2.1 Regras de interpretação semântica
2.2.1.1 Em razão de W¹, R’ tem de ser aceito
como uma interpretação de R’.
2.2.1.2 Em razão de W², R’ não pode ser aceito
como uma interpretação de R’.
2.2.1.3 É possível fazer ambos, aceitar ou não
aceitar R’, como uma interpretação de R, desde
que nem W¹ nem W¹ se mantenham.
2.3 Regras para os cânones
2.3.1 Saturação, todo argumento que pertença aos
cânones deve ser saturado.
2.3.2 Argumentos que dão expressão à vontade da lei
e do legislador têm precedência sobre os demais
argumentos, mesmo se houver razões para que a
precedência seja revogada.
2.3.3 Argumentos de diferentes formas devem se
conformar às regras de pesagem.
2.3.4 Todo argumento possível que possa ser proposto
de tal modo que não possa ser cotado como um dos
cânones da interpretação deve obter a devida
consideração.
2.4. Regras da argumentação dogmática
2.4.1 Regra geral para os precedentes.
2.4.1.1 Se um precedente puder ser citado a favor ou
contra uma decisão, ele deve ser citado.
2.4.1.2 Quem quiser partir de um precedente fica com
o encargo do argumento.
2.5 Formas especiais de argumentos jurídicos
2.5.1 Formas de argumentos jurídicos especiais devem ter
razões para ser citadas por completo, isto é, tem de chegar
à saturação.
Identificar o discurso jurídico com um caso do discurso prático geral é
uma forma de dar racionalidade às decisões judiciais, retirando delas a
possível acusação de subjetivismo. A análise de Robert Alexy nos dá
um quadro em que podemos nos orientar de maneira racional.
Evidentemente, suas proposições são passíveis de crítica, mas, ao
fazê-las, já admitimos o jogo da argumentação – portanto, passamos a
acreditar que é possível fundamentar as decisões judiciais de modo
racional.
No vídeo a seguir, o especialista Davi José de Souza da Silva descreve
o pensamento de Alexy sobre a justificativa das decisões.
KLAUS GÜNTHER
Nesta última etapa do nosso módulo sobre teorias da argumentação
jurídica, veremos os principais elementos teórico-conceituais da obra
Teoria da argumentação no Direito e na moral: justificação e aplicação
(2004), do jurista alemão Klaus Günther. É reconhecidamente um
filósofo e jurista preocupado com uma diversidade de temas, desde o
Direito penal até as formas de justificação da decisão judicial. Neste
módulo traremos suas contribuições para a teoria da argumentação,
nos concentrando, sobretudo, na argumentação jurídica.
A obra é apresentada pelo professor Luis Moreira (GÜNTHER, 2004),
que nos explica sua organização:
KLAUS GÜNTHER
Considerado um membro da terceira geração da Escola de Frankfurt,
Klaus Günther é professor na Göethe-Universität, em Frankfurt am
Main, na Alemanha.
1ª PARTE
2ª PARTE
3ª PARTE
4ª PARTE
1ª PARTE
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É dedicada ao problema da aplicação na ética do discurso – Klaus
Günther indaga se seria possível que discursos de fundamentação
fossem substituídos por discursos de aplicação.
2ª PARTE
Aborda o problema de aplicação de normas no desenvolvimento da
consciência moral.
3ª PARTE
Estuda o processo de adequação na moral, no qual são analisados os
problemas de colisão de normas e os elementos de uma lógica da
adequação na argumentação moral.
4ª PARTE
É dedicada à análise das argumentações de adequação no Direito, em
que se analisa as formas de diferenciação entre Direito e moral na ética
do discurso e o problema da indefinição das normas jurídicas.
Klaus Günther (2004) prefacia sua obra nos afirmando que sua tese
principal é a de que não é possível abdicar da razão prática. Por razão
prática podemos entender a moralidade como sistema normativo capaz
de fornecer princípios e regras orientadores do comportamento e da
conduta.
Quando Klaus Günther nos diz que não é possível abrir mão da razão
prática, ele está nos informando que sem a moral, no contexto da
aplicação do Direito, sobretudo da decisão judicial, não poderemos dar
decisões que possam atender às expectativas das partes interessadas
na realização da justiça.
Por isso, Klaus Günter retoma o exemplo do caso Riggs versus
Palmer (que chamaremos de exemplo 1):
EXEMPLO 1
O herdeiro Elmer E. Palmer, sabendo que seu avô modificaria o
testamento, não lhe deixando herança, cometeu assassinato, tirando a
vida de seu avô. O caso ocorreu no estado de Nova York, nos Estados
Unidos, e à época não existia uma norma jurídica positiva, uma lei, um
decreto etc. que proibisse um indivíduo que mata seu “genitor” de
herdar seus bens. Apesar do processo criminal, Elmer estaria, por
ausência de previsão legal positiva, habilitado a receber a herança. As
tias de Elmer ajuizaram ação para invalidar o testamento deixado por
seu pai, solicitando a exclusão do sobrinho do testamento. A Corte de
Apelações do Estado de Nova York entendeu que Elmer não poderia
herdar se beneficiando de seu crime, recorrendo ao princípio geral de
que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza.
Klaus Günther retoma esse caso para nos dizer que, sem a utilização
da razão prática, esse caso não poderia ter sido resolvido. Para
Günther, a relação entre moral e Direito será fundamental, pois o
Direito será subordinado à moral. Todavia, não apenas na busca ou
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definição de princípios corretos para os casos a moralidade será
necessária. No momento da aplicação também será necessária, pois o
“senso de equidade não se revela apenas em seguir princípios
corretos, mas também em aplicá-los de forma imparcial considerando
todas as condições especiais” (GÜNTHER, 2004). Com isso, Günther
está querendo nos dizer que não bastam apenas discursos de
justificação,mas é necessário também que consigamos estabelecer
discursos de aplicação da moral e do Direito.
Em outras palavras, apenas critérios que estabeleçam a racionalidade
do argumento de fundamentação da decisão, ou seja, que informam
que a Decisão D é racional em função de R, não são suficientes, pois é
preciso saber se a racionalidade R é adequada para o caso C.
Vejamos outro exemplo:
EXEMPLO 2
Imagine que você se comprometeu com uma agenda de trabalho a
estar no escritório às 20h, porém, no caminho para o compromisso,
você encontrou uma pessoa ensanguentada na rua e parou para ajudá-
la. Percebamos que, nesse caso concreto, você está diante da
obrigação de comparecer ao escritório e, ao mesmo tempo, de salvar
alguém em perigo. Nesse caso, qual decisão seria mais adequada ao
caso? Atentemos para o fato de que não é a justificação das regras de
salvamento ou de cumprimento de promessas que está em causa, mas
sim de qual norma parece mais apropriada ao caso concreto.
Para demonstrar a necessidade de adequação, Günther inicia com a
distinção entre discursos de justificação e discursos de aplicação.
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Nos discursos de justificação o que se procura fazer é encontrar o
critério que estabelece quando uma norma moral pode ser considerada
válida. Günther resgata a ética do discurso de Jürgen Habermas para
sustentar que uma norma moral é válida quando obedece ao princípio
de universalização (PU) da ética do discurso. Assim, para que
compreendamos:
Para a ética do discurso, uma norma é considerada válida quando pode
contar com a concordância de todos aqueles diretamente atingidos por
ela.
Esse critério de validade exige um teste de universalização em que o
critério é a inclusão do maior número de participantes envolvidos na
justificação da norma. Todavia, ainda que PU seja realizado, podemos
considerar que, em algum momento, não conseguirá incluir a todos,
tampouco nas deliberações sobre ele conseguirá incluir todas as
situações possíveis em que o caso se aplique. Dessa maneira, ainda
haverá espaço para indeterminação da validade da norma, bem como
da sua aplicação.
Para resolver o problema de aplicação, Günther, então, concebe que é
possível ter uma versão “fraca” de PU. Essa versão fraca consistiria em
entender as limitações temporais, espaciais, físicas, relacionais etc.
Decidir pela validade de uma norma na versão forte de PU significa que
teríamos de emular muitos cenários para que fosse considerada válida
para todos os casos possíveis, e consideradas todas as coisas
possíveis. Tal possibilidade não só é inverossímil como também
representaria, num cenário ideal, um ônus cognitivo impossível de ser
realizado. Günther (2004) propõe uma versão fraca de PU segundo a
qual uma norma pode ser considerada válida se “[...] as respectivas
consequências e os respectivos efeitos colaterais, que resultem de seu
cumprimento geral para a satisfação dos interesses de cada indivíduo,
possam ser aceitos por todos os envolvidos (e preferidos aos efeitos
das conhecidas opções de regulamentação)”.
Na visão de Günther, essa formulação mais fraca introduz a ideia de
imparcialidade na fundamentação. Ao fazer isso, abre-se o caminho
para definir quais são os critérios da imparcialidade, o que levaria a um
princípio da aplicação imparcial de normas. A versão fraca de PU
passa a justificar normas prima facie que demandam a consideração
imparcial de todos os envolvidos no caso, testando os seus interesses,
dada uma situação específica. Por isso, para Peterson (1996), “o
sentido pleno da razão prática imparcial é completado apenas quando
se pode determinar o sentido de adequação dos discursos imparciais
de aplicação, de modo a testar a adequação de normas levando em
consideração todas as características de uma situação concreta”.
Concordamos que na visão de Günter sobre a imparcialidade, os
discursos de justificação são baseados numa “relação de interesses”,
enquanto os discursos de aplicação são baseados numa “relação
situacional” (PETERSON, 1996).
Como considerar os discursos de aplicação?
 RESPOSTA
O discurso de aplicação, na teoria de Günther, passa a operar a
possibilidade de combinar a validação universal com as propriedades
situacionais do caso concreto. Günther traz o contexto para dentro do
debate da argumentação, sem perder de vista o critério de validade de
PU, que é a consideração de todos os atingidos. A imparcialidade,
introduzida pela necessidade de avaliar os interesses recíprocos, passa
a ser um critério que depende de uma descrição mais completa
possível do contexto de aplicação da norma. Assim, as normas
precisam ser ponderadas prima facie , diante do caso.
No caso concreto, se estivermos diante da aplicação aparente de duas
normas ao mesmo caso, Günther propõe como metodologia duas
soluções.
Colisão interna
Nesta metodologia, duas normas aparentam ser conflitantes. Diante de
uma situação, devemos aplicar PU na versão fraca e verificar qual
norma deixa de atender ao interesse de todos os envolvidos. Assim, a
norma que viola o interesse dos envolvidos é considerada inválida.

Colisão externa
Esta metodologia corresponde à necessidade de considerar os fatos e
as circunstâncias que têm relevância para o caso, sem que haja a
invalidade de uma das normas, pois a adequação determinará a
aplicação de uma norma e o afastamento da outra.
Em ambos os casos, é necessário que haja uma descrição situacional
completa que leve em consideração as características do caso de
modo que seja demonstrada a sua relevância moral. O exemplo dado
por Günther para verificar a necessidade de uma descrição situacional
que gere relevância e adequação moral é o aparente conflito entre o
amigo que promete ir à festa e deixa de fazê-lo, porque precisa salvar
alguém que aparece para ele enfermo. Então, se Marco prometeu ir à
festa de Flávia, mas, no dia da festa, no caminho, precisou salvar Luis
Antônio, que estava à beira da morte na avenida, cabe dizer que Marco
descumpriu a promessa que fizera a Flávia? Marco entrou num ilícito
moral? A reposta ao questionamento dependerá da capacidade de
descrever essa situação de maneira a destacar as propriedades morais
relevantes do caso, que atraem prima facie a aplicação daquela que é
a norma mais adequada para o caso.
O último teste então se dá quando a norma adequada ao caso está,
também, coerente com o conjunto de normas válidas do ordenamento
jurídico. Exerce esse princípio formal de coerência uma força
holística entre os discursos de aplicação e os discursos de justificação.
Podemos concluir, então, acompanhando Keberson Bresolin (2016),
que em Günther:
A adequabilidade depende da descrição situacional completa do
caso, da seleção das características relevantes do caso, da
seleção de normas relevantes para o caso e de sua aplicação
prima facie num sentido holístico entre relevância e adequação;
Os discursos de justificação buscam a validade das normas;
Os discursos de aplicação buscam indicar a norma adequada
para o caso, considerando as circunstâncias relevantes;
Com um PU “fraco”, normas podem ser consideradas válidas
quando atendem aos interesses recíprocos de todos;
Segundo o princípio formal da coerência, a norma adequada
deve estar em coerência formal com as demais normas do
sistema jurídico.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Visitamos três das principais teorias da argumentação que têm forte
impacto sobre o nosso pensamento moral e jurídico.
Como pudemos ver, a racionalidade prática não se deixa reduzir a uma
forma lógica e demonstrativa. Nesse aspecto, para garantir uma
objetividade em nossos debates morais e jurídicos, faz-se necessário
estabelecer critérios capazes de serem recursivamente criticados e
justificados perante os indivíduos e a sociedade.
Esperamos que com as teorias da argumentação aqui apresentadas o
seu senso crítico fique mais aguçado diante dos necessários debates
que você fará ao longode sua jornada como cidadão político, indivíduo
ético e profissional.
 PODCAST
Agora, o especialista Davi José de Souza da Silva encerra o tema
falando sobre as teorias da argumentação jurídica de Robert Alexy e
Klaus Günther, suas diferenças e semelhanças.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALEXY, Robert. Teoria da argumentação jurídica. São Paulo: Landy
Editora, 2001.
ALEXY, Robert. Teoria discursiva do Direito. Organização de
Alexandre Travessoni Gomes Trivisonno. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2014.
ATIENZA, Manuel. As razões do Direito: teorias da argumentação
jurídica. São Paulo: Landy Editora, 2003.
ATIENZA, Manuel. O Direito como argumentação. Lisboa: Escolar
Editora, 2014.
BRESOLIN, Keberson. Klaus Günther e a nova perspectiva sobre a
teoria da argumentação: justificação e aplicação. In: Revista
Conjectura, Caxias do Sul, v. 21, n. 2, p. 338-361, maio/ago. 2016.
FRANKLIN, Mitchell. The philosophy and legal philosophy of Chaïm
Perelman. In: Buffalo Law Review, n. 261, 1970. Consultado em meio
eletrônico em: 8 dez. 2020. 
GROSS, Alan G.; DEARIN, Ray D. Chaïm Perelman. Albany: State
University of Nova York Press, 2002.
GÜNTHER, Klaus. Teoria da argumentação no Direito e na moral:
justificação e aplicação. São Paulo: Landy Editora, 2004.
MARTINS, Argemiro Cardoso Moreira; OLIVEIRA, Cláudio Ladeira de.
A contribuição de Klaus Günther ao debate acerca da distinção
entre regras e princípios. In: Revista Direito GV 3, v. 2, n. 1, p. 241-
254, jan./jun. 2006. [Resenha].
PEDRON, Flávio Quinaud. A contribuição e os limites da teoria de
Klaus Günther: a distinção entre discursos de justificação e discursos
de aplicação como fundamento para uma reconstrução da função
jurisdicional. In : Revista da Faculdade de Direito, Curitiba, n. 48, p.
187-201, 2008.
PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado da
argumentação. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
PETERSON, Victor. Review essay: moral application discourses. In :
Philosophy & Social Criticism, v. 22, n. 1, p. 115-124, 1996.
EXPLORE+
Aprofunde os estudos sobre a teoria da argumentação de Chaïm
Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca lendo os artigos indicados a
seguir.
GAMBA, Juliane Caravieri Martins; MONTAL, Zélia Maria
Cardoso. A eterna busca pela justiça: de Aristóteles a Chaïm
Perelman. In: Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina,
v. 29, n. 1, p. 3-22, jan./jun. 2008.
SILVEIRA, Regina Yara Martinelli. Retórica antiga e nova
retórica: Chaïm Perelman e os sofistas. In: Reflexão,
Campinas, v. 31, n. 89, p. 75-82, jan./jun. 2006.
Aprofunde os seus estudos sobre as teorias de Robert Alexy e
Klaus Günther:
BRESOLIN, Keberson. A “coerência” em decisões no Direito e
na moral na teoria da argumentação de Klaus Günther. In:
Pensando: Revista de Filosofia, v. 7, n. 14, 2016.
SOARES, Marcos Antônio Striquer; LIMA, Priscila Rosa. Decisão
judiciária: estudo do pensamento de Robert Alexy. In: Revista
de Direito Público, Londrina, v. 7, n. 2, p. 3-16, maio/ago. 2012.
Para estudar um pouco mais sobre as implicações do caso Riggs
versus Palmer no Direito brasileiro, leia o artigo O caso Riggs
vs. Palmer como um ‘modelo’ adequado para decidir sobre os
direitos fundamentais no panorama da constitucionalização do
Direito no Brasil .
CONTEUDISTA
Davi José de Souza da Silva
 CURRÍCULO LATTES
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