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Exigência de motivação substancial da sentença no novo CPC e sua inaplicabilidade no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis

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INTRODUÇÃO 
A recente aprovação do novo Código de Processo Civil caracteriza-se como a 
maior mudança experimentada em nossa legislação processual desde a vigência 
do CPC/1973. 
Dentre os objetivos propostos na elaboração do novo código, destacam-se a 
tentativa de obter uma razoável duração do processo, sem ferir os princípios 
constitucionais do contraditório e da ampla defesa, e ao mesmo tempo garantir 
que prestação jurisdicional seja célere e efetiva. 
Com efeito, é notório que uma alteração legislativa de tamanha envergadura 
impactará a vida de todos. 
Primeiramente, do jurisdicionado, destinatário da prestação jurisdicional, aquele 
que espera que a justiça operante neste país, seja prestada com qualidade e 
rapidez. 
Impactará, ainda, nas funções dos advogados, defensores e membros do 
Ministério Público, os quais embora atuem cada qual no âmbito de suas 
atribuições, todos contribuem para uma efetiva prestação jurisdicional. 
Mas, sem dúvida, quem mais de perto sentirá os efeitos imediatos da nova 
legislação, serão os servidores da justiça, entre os quais se destaca os 
magistrados. 
Afinal de contas, passam se os anos e a quantidade de processos multiplicam-
se, em quantidades estratosféricas, não observadas em nenhum único país do 
mundo. 
Portanto, dentro dessa cultura litigiosa que impera em nosso país, o novo CPC 
surge como instrumento para amenizar essa crise, digo amenizar porque 
somente ele sozinho será incapaz de modificar esse panorama. 
Como o novo CPC, é à base de todo sistema processual exigente, sua 
repercussão irá irradiar para outras áreas, notadamente, no microssistema dos 
juizados especiais cíveis. 
Dentre as inúmeras mudanças trazidas pelo novo código, merece peculiar 
atenção, nesse sucinto estudo, o artigo 489, §1º, do NCPC, que supostamente 
exigiria do magistrado, uma fundamentação substancial, robusta, supra 
exauriente, quando da prolação de uma sentença. 
Isto porque, além de manter a exigência de um relatório minucioso, inclui na 
fundamentação uma série de exigências e regras não previstas na legislação 
anterior. 
A propósito, eis o teor do citado artigo: 
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I - o 
relatório, que conterá os nomes das partes, a 
identificação do caso, com a suma do pedido e da 
contestação, e o registro das principais ocorrências 
havidas no andamento do processo; II - os 
fundamentos, em que o juiz analisará as questões de 
fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz 
resolverá as questões principais que as partes lhe 
submeterem. § 1o Não se considera fundamentada 
qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, 
sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à 
reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem 
explicar sua relação com a causa ou a questão 
decidida; II - empregar conceitos jurídicos 
indeterminados, sem explicar o motivo concreto de 
sua incidência no caso; III - invocar motivos que se 
prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não 
enfrentar todos os argumentos deduzidos no 
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão 
adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar 
precedente ou enunciado de súmula, sem identificar 
seus fundamentos determinantes nem demonstrar 
que o caso sob julgamento se ajusta àqueles 
fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de 
súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela 
parte, sem demonstrar a existência de distinção no 
caso em julgamento ou a superação do 
entendimento.

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