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Carla Bertelli – 5° Período Laboratórios de Anatomopatologia Laboratórios de Anatomopatologia Critérios Laboratoriais para o Diagnóstico de DM Glicemia ao Acaso – Útil em pacientes sintomáticos e predispostos com >200mg/dl -> Fecha diagnóstico Hemoglobina Glicada (HbA1c) – Avalia a longo prazo (melhor na DM2) TOTG – Avalia a curva glicêmica após a ingesta de 75mg de glicose Glicemia em Jejum Autoanticorpos Peptídeo C – É secretado junto com a insulina, pelas células B, útil para auxiliar no diagnóstico de DM1 do tipo B quando autoanticorpos são negativos Frutosamina – Controle glicêmico a curto prazo, utilizado em casos de hemoglobinopatia Caso 1 – Mulher de 49 anos se apresenta para seu exame anual. Ela tem hipertensão arterial estágio 1 e obesidade grau 1. Histórico familiar de diabetes e hipertensão arterial. Não realiza atividades físicas e nem faz dieta regularmente. Sua pressão arterial é de 145/95 mmHg e seu IMC = 32 Kg/m². No exame físico, verifica- se acantose nigricans no pescoço e discreto edema em MMIIs. Traz consigo resultado de exame de glicemia de jejum, cujo resultado foi de 140 mg/dL. Hipótese Diagnóstica – DM2 Critérios Laboratoriais – Glicemia em jejum >126mg; Hemoglobina Glicada > 6,5%; TOTG >200mg É necessário realizar um segundo exame diferente para se confirmar o diagnóstico (2 exames alterados fecham critérios) – necessidade de repetição de rastreamento Acompanhamento e Tratamento – As metas são individualizadas. É recomendado a meta de hemoglobina glicada <180 Caso 2 – B.B.S, 34 anos, primigesta, 26 semanas de gestação, se apresenta para consulta pré-natal em posto de saúde. Portadora de obesidade classe I (IMC = 30 Kg/m²), sem história prévia de DM, mas com história familiar para a doença (mãe). Relatou como queixa principal sensação de cansaço e sede excessiva e vontade constante de urinar nos últimos 2 meses. Possui uma alimentação com alta taxa de gordura e carboidratos. Nega tabagismo, consumo de álcool e drogas ilícitas e uso de medicações durante a gestação. Dosagens laboratoriais anteriores com níveis normais de glicose em jejum. No exame físico: bom estado geral, nutrida, hidratada, alerta, lúcida e orientada, PA = 120/70 mmHg. Hipótese Diagnóstica – DM Gestacional Recomendações para Rastreio durante a triagem neonatal: • 1° Consulta – Solicitar glicemia plasmática em jejum • Importante ser estabelecido o diagnóstico entre 24 e 28 semanas (TOTG) • Rastrear com 2 exames para confirmar Carla Bertelli – 5° Período DM Pré-Gestacional – Diagnóstico de DM anterior à gravidez. Aumenta o risco de malformação. É diagnosticada antes da gestação (quando a mulher já sabe do quadro de DM) DM Diagnosticada na Gestação – Níveis glicêmicos que atingem critérios para diagnóstico de DM fora da gestação na gestante sem diagnóstico prévio DM Gestacional – Intolerância aos carboidratos, de gravidade variável que se inicia na gestação, mas não preenche critérios diagnósticos para DM diagnosticada na gestação. Um único exame alterado já fecha o diagnóstico de DM em gestantes Caso 3 – R.B.C., 6 anos, masculino, vai a uma consulta ao pediatra acompanhado de sua mãe. A mãe do paciente relatou que este vem apresentando perda de peso nas últimas semanas, assim como aumento da sede e maior volume urinário. Também há relato de “mau hálito” da criança nos últimos tempos. A glicemia capilar realizada no próprio consultório mostrou 429 mg/dL, sendo que o paciente não estava em jejum. O pediatra solicitou exames complementares, e recomendou que fossem realizados logo após a consulta, mesmo sem estar em jejum. Os resultados dos exames solicitados seguem abaixo: Hipótese Diagnóstica – DM1 Devido a ser uma criança sintomática, sintomas súbitos, é uma doença autoimune – avaliar a suspeita de Carla Bertelli – 5° Período cetoacidose diabética da criança e a função renal devido a lesão real Hemoglobina Glicada neste caso está normal (é indiferente, porque o início é súbito) – Frutosamina neste caso é adequado Caso 4 – Paciente R. T. M., masculino, 44 anos, consultou seu médico com a queixa de que por vezes estava “se sentindo mal”. Ao ser questionado pelo médico, para que especificasse melhor, relatou visão turva, “formigamento” nas mãos, polidipsia e poliúria. A partir dessas informações, e devido ao fato de o paciente ser obeso, o médico solicitou alguns exames. Seguem abaixo os principais resultados: Diabetes Pâncreas Endócrino – Ilhota pancreática. Composto por células B (localizadas centralmente, produzem insulinas), Células A (localizadas perifericamente, liberam glucagon), célula D (liberam somatostatina, que inibe insulina e glucagon) DM1 – Doença autoimune, interação entre suscetibilidade genética (polimorfismos com HLA) + fatores ambientais. Destruição das ilhotas por células do sistema imune que reagem contra antígenos endógenos das células B. Anticorpos: • Anti-Ilhota • Anti-insulina • Anti Descarboxilase do Ácido Glutâmico Níveis de anticorpo decrescem com o tempo. Sintomas se iniciam de forma abrupta. Hiperglicemia e cetose ocorrem tardiamente, quando 90% das células B são destruídas Histopatologia – Lesões inconstantes, diminuição do número e/ou tamanho das ilhotas, degranulação das células B, vacuolização das células B por acúmulo de glicogênio e infiltrado inflamatório irregular (insulite), constituído por linfócitos TCD8 DM2 – Interação entre fatores comportamentais + ambientais + genética. Resistência à insulina acompanhada de hiperplasia compensatória das células B, hiperinsulinemia de jeum, aumento exagerado de hormônio + disfunção da célula B Histopatologia – Discreta diminuição no número de células nas ilhotas, apoptose de células B e deposição de substância amiloide nas ilhotas. O Amiloide é derivado do polipeptídeo amiloide das ilhotas, proteína coexpressa e cossecretada com insulina. Em estágios mais avançados, as ilhotas convertem-se em massas hialinas paucicelulares Carla Bertelli – 5° Período Consequências da DM Arteriosclerose Hialina – Deposição de proteína plasmática no espaço extracelular e subendotelial Microangiopatia – Espessamento da membrana basal dos capilares da pele, retina, músculos e rins Complicações Associadas ao Diabetes Aterosclerose – Artérias de grande e médio calibre, patologia acelerada no diabético, leva a IAM, AVE e necrose isquêmica nos MMII Arteriosclerose Hialina – Associados a HAS, mais prevalente e grave em diabéticos. Espessamento hialino da parede arteriolar acompanhado estreitamento da luz. Efeitos profundos na retina, rins e nervos periféricos Microangiopatia – Acomete os capilares e resulta em espessamento das membranas basais, mais evidentes nos capilares da pele, músculos esqueléticos, retina, glomérulos e região mediana dos rins. Apesar de mais espessados, se tornam mais permeáveis às proteínas plasmáticas. A microangiopatia contribui para o desenvolvimento de glomerulopatia, retinopatia e algumas formas de neuropatia diabética Mecanismos Implicados Nos Efeitos Deletérios da Hiperglicemia Formação de Formação de Produtores Finais e da Glicação Avançada (AGEs) – Resultam das reações não enzimáticas entre os percursores dicarbonil derivados da glicose com os grupos amino das proteínas intracelulares e extracelulares. A taxa natural da formação de AGEs é acelerada na presença de hiperglicemia. Eles se ligam aos receptores RAGE, que são expressos em macrófagos, linfócitos T, endotélio e músculo liso vascular e induzem • Liberação de Citocinas e fatores de crescimento (TGS-B e VEGF) que levam a deposição de excesso de membrana basal e do fator de crescimento endotelial vascular envolvido na retinopatia diabética • Geração de espéciesreativas de oxigênio (ROS) em células endoteliais • Aumento da atividade pró-coagulante em células endoteliais e macrófagos • Proliferação aumentada das células musculares lisas vasculares e síntese da matriz extracelular Os AGEs também podem se ligar às proteínas da matriz extracelular, como colágeno tipo I, presentes nos grandes vasos diminuindo sua elasticidade, o que, eventualmente, predispõe esses vasos à lesão endotelial e ao rompimento pelo estresse. A ligação cruzada do colágeno tipo IV presente na membrana basal reduz a adesão das células endoteliais e aumenta o extravasamento de fluidos. As ligações cruzadas entre AGEs e proteínas tornam as proteínas resistentes à digestão proteolítica, acentua sua deposição. Os componentes da matriz modificados pelos AGEs também aprisionam proteínas plasmáticas ou intersticiais. Nos grandes vasos, o aprisionamento de LDL, por exemplo, retarda seu efluxo da parede dos vasos e acentua a deposição de colesterol na íntima, acelerando, assim, a aterogênese. Nos capilares, as proteínas plasmáticas se ligam à membrana basal glicada e contribuem para o espessamento da membrana basal, característica da microangiopatia diabética Ativação da Proteína Cinase C (PCK) - A hiperglicemia intracelular estimula a síntese do segundo mensageiro Carla Bertelli – 5° Período diacilglicerol (DAG), levando à ativação excessiva da PKC. Os efeitos consequentes da ativação da PKC incluem: produção de fatores de crescimento VEGF e TGF-β, que induzem o espessamento da membrana basal; e produção da proteína procoagulante PAI-1 pelo endotélio vascular Estresse Oxidativo e Distúrbio na via de Polióis – Nos tecidos que não requerem insulina para o transporte da glicose (nervos, rins, vasos sanguíneos), a hiperglicemia persistente no meio extracelular leva ao aumento da glicose intracelular. Esse excesso de glicose é convertido em sorbitol pela enzima aldose redutase, em uma reação que usa o NADPH como um cofator. O NADPH também é requerido pela enzima glutationa redutase na reação que regenera a glutationa reduzida (GSH). GSH é um dos mecanismos antioxidantes mais importantes na célula, e qualquer redução em GSH expõe a célula aos efeitos danosos das ROS. Na situação de hiperglicemia sustentada, a depleção progressiva do NADPH intracelular compromete a regeneração da GSH, aumentando a suscetibilidade ao estresse oxidativo. O acúmulo de sorbitol no cristalino contribui para a formação de catarata Adeno Hipófise Células variadas, porém, divididas em 3 colorações: • Acidófilas – rosinha, dependem dos grânulos • Basófilas • Cromófobas – pouco coradas • Cromófilas – Acidófilas + Basófilas Acidófilas – Somatotróficas (GH), mamotróficas ou lactotróficas (PRL) Basófilas – Adenocorticotróficas (ACTH), tireotróficas (TSH), Gonadotróficas (FSH, LH) Cromófobas – Sem secreção 1 e 3 – Acidófilas ; 2 – Basófila ; 4 – Cromófobas Adenoma de Hipófise Podem ser classificados quanto tamanho, quadro clínico, aspecto radiológico e aspecto cirúrgico Deve-se realizar imuno-histoquímica para hormônios hipofisários, marcadores para fatores de transcrição, receptores hormonais, ceratinas e marcadores de diferenciação neuroendócrina para conseguir diferenciar os tipos de adenomas. Carla Bertelli – 5° Período Histologicamente, adenomas hipofisários são constituídos por células uniformes, arredondadas, ovaladas ou poligonais, com citoplasma acidófilo, basófilo ou cromófobo e núcleos arredondados, sem atipias, contendo cromatina finamente granular e pequenos nucléolos As células arranjam-se geralmente em torno de capilares, formando bainhas separadas por septos fibrovasculares delicados ou por vezes lembrando formações papilíferas. Pleomorfismo, hipercromasia nucleares e figuras de mitose podem ser encontradas. A coloração para fibras reticulares mostra perda do padrão alveolar normal da adeno-hipófise, por fragmentação e rarefação das mesmas. Imuno-Histoquímica – Melhor técnica para reconhecer as células, distingue os 5 tipos principais de células secretoras da Hipófise. Detecta comportamento agressivo, anormalidade no arranjo das células ----- Define o hormônio presente nos grânulos, ficando corados em marrom Importante saber diferenciar os benignos e malignos Histologia da Hipófise Normal – Vascularização, organizada em cordões ou ilhas, pouco fibroblastos (são fibras reticulares que sustentam os cordões) Essas fibras reticulares são importantes para diferenciar a histologia normal da alterada Histologia em um Adenoma – Sem cordões ou ilhas, perda do padrão alveolar, fragmentação e rarefação das fibras reticulares, além de pleomorfismos, hipercromasia nuclear e aumento na taxa de mitose Adenoma Corticotrófico – Secretor de ACTH. Causa obesidade torácica, abdominal, DM, osteoporose, HAS, amenorreia, acne, cálculo renal, hirsutismo. É um corticotropinome, refere-se a doença de Cushing Adenoma Lactotrófico – Secretor de Prolactina. Causa amenorreia, galactorreia, perda da libido, infertilidade Adenoma Tireotrófico – Secretor de TSH. Hipertireoidismo, muitas vezes secreta a forma inativa Carla Bertelli – 5° Período Adenoma Somatotrófico – Secretor de GH. Estimula a secreção de IGF-1, causa gigantismo, acromegalia, disfunção gonadal, fraqueza, DM Adenoma Gonadotrófico – Secreção insuficiente de LH e FSH. Glândula Adrenal Zona Glomerulosa – Aldosterona. Células pequenas, piramidais, agrupamentos ovoides. Gotículas lipídicas esparsas no citoplasma, responsável por produzir e secretar aldosterona, controlado pelo SRAA Zona Fasciculada – Cortisol Células grandes, periféricas, longos cordões retilíneos, entremeados por sinusoides. Numerosas gotículas lipídicas percursores dos glicocorticoides e em menor quantidade gonadocorticoides também. Controlado pelo CRH-ACTH Zona Reticulada – Andrógenos. Células pequenas, com pouco citoplasma, poucas gotículas lipídicas e núcleos densamente organizados. Células dispostas em cordões anastomosados. Secretam gonadocorticoides e pequenas quantidades de glicocorticoides. Medula – Células Cromafins, tecido conjuntivo, numerosos capilares sanguíneos, sinusoides e nervos. As células cromafins secretam noradrenalina e adrenalina Síndrome de Addison – Afeta todas as camadas do córtex, reduz os níveis de todos os hormônios – hipofunção. Insuficiência adrenal primária, deficiência de hormônios corticais suprarrenais e elevação dos níveis de ACTH devido ao feedback. Causada pela destruição da suprarrenal. Necessária destruição de 90% do parênquima glandular. MC - astenia, perda de peso, hipoglicemia, hipotensão postural, distúrbios gastrointestinais, alterações mentais, queda de pelos axilares e pubianos, fadiga e hiperpigmentação progressiva da pele e das mucosas. Encontram-se níveis baixos de cortisol, de aldosterona e de andrógenos urinários e plasmáticos; encontram-se ainda ACTH elevado, hiponatremia, hipoglicemia, hipersensibilidade à insulina, anemia e incapacidade de eliminar a sobrecarga de água Síndrome de Cushing – Atingem principalmente a camada fasciculada e reticular. Manifestações do hipercortisolismo. Pode resultar de produção excessiva de ACTH por tumor na hipófise, tumor suprarrenal benigno ou maligno, tumor não hipofisário que secreta ACTH, terapia de longo prazo com glicocorticoides. MC – deposição anormal de gordura, fraqueza muscular, estrias, osteoporose, aumento da suscetibilidade a infecções, úlceras gástricas, hirsutismo, irregularidades menstruais, hipertensão arterial, tendência a diabetes, transtornos emocionais. Encontram-se elevados níveis séricos ou urinários de cortisol, alterações nos níveis dos eletrólitos e ACTH plasmático variando entre suprimido, normal ou elevado Carla Bertelli – 5° Período Feocromocitoma– Neoplasia rara das células cromafins. Pequeno, encapsulado, com áreas de necrose e hemorragia, constituído por aglomerado de células com arranjo alveolar, sólido ou trabecular. O tumor sintetiza noradrenalina e adrenalina, responsáveis pelas manifestações clínicas Hiperaldosteronismo – Caracteriza-se por HAS, polidipsia, poliúria, debilidade muscular, caibras, paralisias, tetania, alcalose hipopotassêmica, níveis elevados de aldosterona e baixos de renina. Pode resultar de adenoma adrenocortical, hiperplasia nodular e adenocarcinoma de suprarrenal. Adenoma secretor de aldosterona é uma lesão solitária, pequena (< 2 cm) e bem circunscrita. São amarelos e brilhantes. As células são uniformes, claras com citoplasma volumoso ou pequenas e compactas, podem apresentar modesto pleomorfismo nuclear e celular, mitose e necrose Tireoide 1 – Captação de Iodeto no folículo pelo Simtransportador de Sódio-Iodeto (NIS) 2 – Vai para o Coloide através da Pendrina (transportador de Iodeto-Cloreto) 3 – No coloide ocorre a oxidação do Iodeto em Iodo 4 – No coloide ocorre a junção: Iodo + Tireoglobulina DIT e MIT --- DIT + MIT = T3 DIT + DIT = T4 Carla Bertelli – 5° Período 5 – Por pinocitose, o folículo engloba o T3 e o T4 para dentro 6 – No folículo o lisossomo degrada a tireoglobulina 7 – Liberação de T3 e T5 no sangue Histologia da Tireoide – Folículos contendo coloide no seu interior. Esses folículos são uma camada de epitélio simples cuboide responsáveis pela produção de T3 e T4. O coloide contém tireoglobulina, uma glicoproteína que é a forma de armazenamento dos hormônios tireoidianos Células Parafoliculares – Secretam calcitonina. Formada por lóbulos mal definidos que separam cordões de células densamente organizadas. Os lóbulos são delimitados por tecido conjuntivo Hipertireoidismo – A causa mais comum de hipertireoidismo é a hiperplasia difusa da tireoide associada à doença de Graves, que é acompanhada por oftalmopatia (ou dermopatia) e bócio difuso. Outras causas são o bócio multinodular hiperfuncionante e adenoma hiperfuncionante da tireoide. A tirotoxicose é um estado hipermetabólico causado por níveis circulantes elevados de T3 e T4 livres Hipotireoidismo – Desarranjo estrutural ou funcional que interfere na produção de níveis adequados do hormônio tireoidiano. Pode ocorrer de forma primária, quando há uma alteração intrínseca à tireoide ou pode ocorrer de forma secundária, quando em decorrência de uma desordem hipotalâmica ou hipofisária Adenoma Hiperfuncionante – Causado por mutações na via de sinalização dos receptores TSH, resultando na secreção de hormônios tireoidianos independente do estímulo de TSH. Lesão solitária, esférica, firme, cápsula bem definida, completa e íntegra. Apresenta áreas de hemorragia, fibrose, calcificação e formação de cistos. Células se organizam em folículos de aparência uniforme, contendo coloide. Pequena variação no formato e morfologia nuclear, estroma de tecido conjuntivo mucoide ou gelatinoso Carla Bertelli – 5° Período Carcinoma Papilífero – Mais comum, associados à exposição a radiação. Bom prognóstico. Ocorre devido mutações de ganho de função em receptores tirosina- quinases (RET ou NTRK1) ou Serina/Treonina quinase (BRAF) da via do MAPK. Lesão solitária ou multifocal, bem circunscrita e encapsuladas ou infiltravas, com margem mal definidas. Pode ter fibrose e calcificação, geralmente cística. Contém papilas com eixo fibrovascular, núcleos com cromatina finamente dispersa, aparência clara ou vazia (vidro fosco), sulcos intercelulares. • Células em vidro fosco • ‘’dedinhos’’ ou papilas contendo vasos sanguíneos dentro – Eixo fibrovascular Carcinoma Folicular – Segundo mais frequente, relacionadas a deficiência de Iodo. Ocorre mutações no fator de transcrição PAS-X, na proteína RAS e no receptor nuclear PPAR-gama, pode haver perda de genes supressores de tumor. Nódulos únicos, podem ser circunscritos ou amplamente invasivos. Se apresentam nos tons de cinza, parto ou rosado, podendo ser um pouco translúcidas devido à presença de grandes folículos repletos de coloides. Mudanças degenerativas, como fibrose central e focos de calcificação, algumas vezes estão presentes. Microscopicamente, a maioria dos carcinomas foliculares é composta de células regularmente uniformes que formam pequenos folículos contendo coloide, que se assemelham muito à tireoide norma os núcleos não apresentam as características típicas de carcinoma papilífero, e os corpos de psamomas não estão presentes. Embora as características nucleares (núcleos opticamente claros, ranhuras nucleares) sejam úteis na distinção das neoplasias papilíferas das foliculares, não há nenhuma diferença citológica confiável entre os adenomas foliculares e os carcinomas foliculares minimamente invasivos. Diferentemente do que ocorre nos cânceres papilíferos, a disseminação linfática é incomum nos cânceres foliculares. Tireoidite de Hashimoto – Folículos pequenos, pouco coloide, bem vascularizado e com fibrose. Presença de infiltrado inflamatório. A indução da autoimunidade tireoidiana é acompanhada por depleção progressiva das células epiteliais da tireoide por apoptose e substituição do parênquima tireoidiano por infiltração celular mononuclear e fibrose Pode estar difusamente aumentada. Há extensiva infiltração do parênquima por um infiltrado inflamatório mononuclear contendo pequenos linfócitos, plasmócitos. Os folículos tireoidianos são atróficos e revestidos, em muitas áreas, por células epiteliais que se distinguem pela presença de citoplasma abundante, eosinófilo e granular, chamadas de células de Hürthle. Essas células são uma Carla Bertelli – 5° Período resposta metaplásica do epitélio folicular cuboide baixo normal à lesão em andamento Doença de Graves – Ausência de eixo fibrovascular, pouco coloide, bem vascularizado, contém fibrose e está hipertrófico. Presença de infiltrado inflamatório, sem papilas contendo vasos sanguíneos dentro Condição de hipertireoidismo, bócio e oftalmopatia. Ocorre estimulação anormal da tireoide por anticorpos tireoestimulante (contra receptores do TSH). A glândula tireoide está simetricamente aumentada por causa da hipertrofia e da hiperplasia difusas das células epiteliais foliculares da tireoide Em corte, o parênquima tem uma aparência macia e carnosa, assemelhando-se ao músculo. Histologicamente, as células epiteliais foliculares, em casos não tratados, são altas e mais populosas do que o normal. Essa superpopulação frequentemente resulta na formação de pequenas papilas, que se projetam na luz folicular, invadindo o coloide e, algumas vezes, enchendo os folículos Essas papilas não apresentam eixo fibrovascular, contrariamente às do carcinoma papilífero O coloide na luz folicular é pálido, com margens recortadas. Os infiltrados linfoides, constituídos predominantemente de células T, com poucas células B e plasmócitos maduros, estão presentes por todo o interstício. Centros germinativos são comuns. Bócio Multinodular – O aumento da tireoide, ou bócio, é causado por uma síntese prejudicada de hormônio tireoidiano, mais frequentemente causada pela deficiência alimentar de iodo. O dano na síntese do hormônio tireoidiano leva ao aumento compensatório no nível sérico do TSH, o qual, por sua vez, causa hipertrofia e hiperplasia das células foliculares tireoidianas e, por fim, aumento macroscópico da glândula tireoidiana. A aparência microscópica inclui folículos ricos em coloide, revestidos por um epitélio achatado e inativo, e áreas de hiperplasia folicular, acompanhadas pelas mudanças degenerativas anteriormente observadas. Em contraste com as neoplasias foliculares, não está presente uma cápsula proeminente entre os nóduloshiperplásicos e o parênquima tireoidiano residual • Folículos de tamanho variável, revestido por epitélio achatado e inativo • Nódulos irregulares • Coloide marrom e gelatinoso • Áreas de hemorragia, calcificação, degeneração cística e fibrose • Assimetricamente aumentado • Bócio intratorácico ou mergulhante Carla Bertelli – 5° Período Tumores Cerebrais e AVE AVE Isquêmico e Hemorrágico AVE isquêmico é o mais frequente e ocorre em 85% dos casos, já o AVE hemorrágico é responsável pelos outros 15% do total de casos. Os principais sinais de alerta para qualquer tipo de AVC são: fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental; alteração da fala ou compreensão; alteração na visão (em um ou ambos os olhos); alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar; dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente Alterações Histológicas no AVE isquêmico: Proliferação Endotelial – Tumefação e proliferação de células endoteliais, dos capilares cerebrais, em resposta à Anóxia. Fatores angioproliferativos, como VEGF, a célula fica grande, com maior aumento do núcleo Neurônios – Perdem a sua cor normal do citoplasma basolífico (roxo) se tornando eosinofílicas (rosa). Ocorre desintegração do RNA citoplasmático Células Granulo Adiposas – Fagocitam restos necróticos e surgem na área do infarto, cerca de 24h (é uma espécie de micróglia) Carla Bertelli – 5° Período O citoplasma normal é basófilo (roxo) porque contém substância de Nissl, formada por ribossomos (síntese proteica). Com a necrose, o RNA citoplasmático se desintegra. O núcleo torna-se escuro e denso (picnótico) e pode sofrer cariolise (empalidece até desaparecer). As alterações começam a ficar evidentes na microscopia óptica (necrofanerose) cerca de 6 horas após a necrose. Os neurônios necróticos são fagocitados por células grânulo-adiposas e desaparecem em cerca de 4 dias. A lâmina mostra um giro cerebral com infarto recente (necrose liqüefativa), provavelmente ocorrido 24 a 48 horas antes do óbito. Os principais elementos a serem observados são neurônios necróticos, células grânulo- adiposas e proliferação vascular AVE Isquêmico Recente – Aspecto amolecido, volume aumentado pelo edema, diminui o contraste entre a substância branca e cinzenta. Carla Bertelli – 5° Período AVE Isquêmico Antigo – Áreas de infarto atrófico, área de necrose, artéria deprimida e amarelada, dilatação ex-vácuo do corpo posterior do ventrículo latera AVE Isquêmico Hemorrágico – Normalmente no córtex, ferruginoso Carla Bertelli – 5° Período AVE Hemorrágico Tumores Cerebrais A classificação de tumores cerebrais se baseia nas características histopatológicas. A Organização Mundial da Saúde apresenta o sistema de classificação mais amplamente utilizado para tumores cerebrais Glioblastoma – Variações no aspecto macroscópico do tumor de região para região. Algumas áreas são firmes e brancas, outras são amolecidas e amareladas devido à necrose, e ainda outras mostram regiões de degeneração cística e hemorrágica Tumor neuroepitelial, células neoplásicas infiltram difusamente. Núcleos alongados (pleomorfismo), citoplasma escasso e limites celulares imprecisos. Além disso há fundo fibrilar, proliferação vascular, necrose paliçada, pseudoglomérulos, proliferação endotelial do capi.lar. pseudoglomérulos. • Hipercelularidade, grande variabilidade celular, células pequenas e gigantes, citoplasma escasso, pouco diferenciado, atípico, com mitoses, vascularização abundante, regiões de necrose por células tumorais (pseudopaliçada) • Tumor friável, sem brilho, granuloso, extensa área amarelada de necrose, misturada ou não com focos de hemorragia, sem delimitação precisa. • Alto grau de malignidade. É próprio dos adultos, localização nos hemisférios • Tendência rápida de invasão a tecidos vizinhos Carla Bertelli – 5° Período Meningioma – São massas arredondas com uma base dural bem definida que comprime o encéfalo subjacente, mas são facilmente separadas dele. A superfície é geralmente encapsulada por fino tecido fibroso. A consistência das lesões varia de firme e fibrosa a finamente granular, ou então elas podem conter numerosos corpúsculos psamomatosos calcificados. Necrose evidente e hemorragia extensa estão ausentes. • Pseumomatosos – Células em redemoinhos (calcificação). Quando tem grande quantidade de redemoinhos é classificada como transicionais • Meningoteliais – Sem redemoinhos, células planas, achatadas (epiteliais) • Fibroblásticas – Células Alongadas em Feixes Células tumorais dispostas de forma espiralada, depósitos de cálcio (psamonas), pleomorfismo celular e nuclear, mitose Massa nodular de consistência firmes aderidas a face interna da dura-máter. Cápsula deriva da leptomeninge. Deslocam e deformam o encéfalo ou medula. Carla Bertelli – 5° Período Neurocriptococose É uma micose sistêmica que ocorre devido a inalação de esporos ou leveduras. Ele invade o SNC de duas formas: diretamente ou através de macrófagos (entram dentro dos macrófagos como forma de esconderijo) Micose causada principalmente pela espécie Cryptococcus neoformans, que apresenta célula leveduriforme arredondada, que se multiplica por brotamento, geralmente únicos. s. Possui uma cápsula polissacarídica que circunda a parede celular, esta é a principal característica que permite diagnosticar rapidamente este fungo, pois em um exame direto de líquor com tinta da China (ou tinta Nanquim) revela a presença de inúmeras células arredondadas, pequenas com um halo claro ao redor (a cápsula não permite a entrada do corante, por isso do halo claro). A cápsula também constitui um importante fator de virulência, por dificultar a apresentação de antígenos, fagocitose, migração de leucócitos e produção de anticorpos A leptomeningite criptocócica é a forma mais comum, caracterizase por espessamento opalescente ou gelatinoso da pia-aracnoide, que se mostra com superfície externa escorregadia. A lesão afeta convexidade e base encefálicas. Aos cortes, nota-se o alargamento da base dos sulcos e pode haver dilatação ventricular. A cápsula do fungo é responsável pelo aspecto gelatinoso visto macroscopicamente. Em alguns pacientes surge meningoencefalite pseudocística disseminada, na qual cistos gelatinosos perivasculares, formados a partir da extensão da infecção da leptomeninge, são identificados no córtex cerebral, nos núcleos da base, no tálamo e no tronco encefálico. Nesses casos, mais comuns em imunossuprimidos, a reação inflamatória é discreta ou praticamente ausente, composta por macrófagos e células gigantes multinucleadas contendo numerosas células fúngicas encapsuladas em seu interior Observa-se pequenos pseudocistos com conteúdo gelatinoso, principalmente nos núcleos da base. A parede dos pseudocistos é constituída por tecido nervoso distendido, em geral em torno de um vaso, sem reação inflamatória ou glial. Nos indivíduos imunocompetentes, podem ser encontradas também lesões meníngeas e parenquimatosas caracterizadas por inflamação crônica granulomatosa com área central de necrose, com confluência ou não dos granulomas. Carla Bertelli – 5° Período • Paciente Imunocompetente - Cryptococcus gatii • Paciente Imunocomprometido - C. Neoformans Leptomeningite Criptocócica – É a mais comum, espessamento opalescente ou gelatinoso da piaaracnoide, dilatação ventricular, alargamento das bases Meningoencefalite Pseudocística – Pequenos pseudocistos com conteúdo gelatinoso, principalmente no núcleo da base, tálamo e TE. A parede do cisto é constituída por tecido nervoso distendido, em tornode um vaso sanguíneo (espaço de Virchow-Robin). Lembrar do aspecto ‘’bolha de sabão’’ Esse espaço de Virchow Robin é um espaço normal presente no corpo, um espaço virtual que recobre os vasos e te uma quantidade de líquor – nessa infecção ele se encontra bem dilatado com fungos dentro. Imunossuprimidos – Reação inflamatória é discreta, reação comporta por macrófagos e células gigantes multinucleadas contendo números células fúngicas encapsuladas dentro dele Imunocompetente – Lesões meníngeas e parenquimatosas com inflamação crônica granulomatosa com área central de necrose. Neurocisticercose Causada pela ingestão de alimentos ou água contaminadas por ovos da Taenia Solium no SNC • Ovo – Neurocisticercose • Cisticerco (larva) – Teníase Os ovos desenvolvem-se em embriões hexacanto (oncosferas) que penetram na circulação sanguínea através do intestino delgado e se depositam no SNC e em outros tecidos, como músculo esquelético, tecido subcutâneo, miocárdio e globo ocular. Depois de 2 a 3 meses os embriões se transformam em larvas encistadas (cisticerco). O cisticerco da forma cellulosae permanece viável no SNC por vários anos, dependendo da tolerância imunológica do hospedeiro. A forma mais comum é o cisticerco cellulosae, encontrado nas meninges e no tecido nervoso, consiste de vesícula esférica (5 a 15 mm), de parede fina, translúcida, contendo líquido límpido e incolor e um escólex invaginado (cabeça da larva) A sede mais comum é no espaço subaracnóideo (70% dos casos), seguido pelo tecido nervoso encefálico (35%), principalmente no córtex cerebral e na junção do córtex com a substância branca subcortical e cavidades ventriculares (16%), sobretudo no IV ventrículo. Os cisticercos do tipo racemosus são menos comuns, são maiores (4 a 12 cm), ocupam espaço e deslocam estruturas, não se identifica o escólex e aparecem como vesículas múltiplas de tamanhos variados, aderidas umas às outras como cachos de uva. Se formam a partir da segmentação/brotamento de novas vesículas com expansão gradual. Situam-se nas cisternas da base, nas cavidades ventriculares ou no sulco lateral. Nas cisternas da base, a intensa reação inflamatória e fibrosante Carla Bertelli – 5° Período induzida pelo cisticerco racemosus resulta em espessamento difuso da leptomeninge na base do encéfalo, podendo obstruir as aberturas laterais e mediana do IV ventrículo e comprimir os nervos cranianos. Quando ocorre morte do cisticerco há exposição maciça de antígenos e em torno da larva necrótica há formação de edema, infiltrado mononuclear e células gigantes do tipo corpo estranho. Externamente, existe fibrose que ocupa toda a lesão, até transformá-la em um nódulo fibroso denso, que se calcifica em 58 a 65% dos casos, envolvido por gliose. O processo de degeneração e necrose do cisticerco até o nódulo fibrocalcificado dura de poucas semanas a alguns anos. Cisticercose cellulosae – Encontradas nas meninges e tecido nervoso, é a forma mais comum. Sede mais comum: espaço subaracnóideo, seguido por tecido nervoso encefálico e na junção do córtex com a substância branca e cavidades ventriculares. Pode haver uma discreta reação inflamatória crônica ao redor do cisticerco, com formação de uma fina cápsula fibrosa se estiver na leptomeninge ou uma camada de glicose se no parênquima cerebral Cisticercos do tipo Racemosus – Tem um prognóstico pior, são menos comuns e maiores. Não se identifica seu escólex e aparecem como vesículas múltiplas de tamanho variado, aderida uma as outras como chachos de uva Situam-se nas cisternas da base, cavidades ventriculares ou no sulco lateral Morte do Cisticerco – Exposição maciça de antígenos em torno da larva necrótica. Há formação de edema, infiltrado mononuclear e células gigantes – fibrose, forma um nódulo fibroso denso que se calcifica Caso Clínico – Homem, 39 anos, faz tratamento quimioterápico em função de um câncer de pulmão. Em consulta de rotina para acompanhamento do tratamento, relatou ao seu médico que está sentindo dores de cabeça frequentes, que cedem após o uso de analgésicos, mas logo retornam. Isso já vem ocorrendo há algumas semanas. Também relata que em vários momentos está se sentindo confuso e “meio estranho”. O exame clínico mostrou leve rigidez de nuca e febre (38,5 oC). O resultado do exame de líquor encontra-se abaixo: Carla Bertelli – 5° Período Etiologia – Neurocriptococose Leucócitos – resposta inflamatória Turvo – Devido a presença de proteínas e leucócitos LDH – Lesão celular Proteínas – Indica aumento da permeabilidade da barreira Glicose baixa em infecções fúngicas Ácido láctico – Metabolização anaeróbica da glicose
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