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Meningites e Encefalites

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Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina - UNIFACS Turma XV 
 
MENINGITES 
Meningite é a 
inflamação da 
aracnoide, da pia-
máter e do líquido 
cefalorraquidiano. 
A função cerebral 
permanece normal. 
Etiologia: 
• Viral (asséptica) 
• Bacteriana/micobacteriana 
• Fúngica 
• Não infecciosas (químicas, neoplásicas, 
hipersensibilidade, autoimune etc.) 
É feita uma punção lombar para obter uma amostra de 
líquido cefalorraquidiano para análise. 
O tratamento de meningite depende da causa (ex., 
antibióticos para meningite bacteriana) e inclui 
medicamentos para aliviar os sintomas. 
ENCEFALITES 
É a infecção do parênquima cerebral. 
Etiologia: 
• Viral: enterovírus, arbovírus, paramixovÍrus, herpes-
vírus, retrovírus 
• Bacteriana / micobacteriana: m. tuberculosis 
Características clínicas/ evolução: 
Afeta a função cerebral 
Meningoencefalite: sinais e sintomas mistos 
Empiema subdural (coleção purulenta entre a 
aracnoide e a dura-máter) 
Apresenta sinais de disfunção cerebral difusa, como: 
• Alteração da consciência - letargia, confusão e 
obnubilação, coma 
• Incoordenação 
• Convulsões 
• Febre 
• Cefaleia, vômitos 
• Rigidez de nuca (meningoencefalite) 
 
MENINGITE ASSÉPTICA 
Evidências clínicas e laboratoriais de meningite, com 
culturas negativas 
Etiologia: 
➢ Virus 
➢ Micobactérias, fungos, espiroquetas 
Obs. Enterovirus - agentes mais comuns; 
• A meningite asséptica é uma síndrome 
infectocontagiosa, estabelecida após inflamação 
das meninges. A etiologia mais comum desta 
síndrome é a viral, e os enterovírus são responsáveis 
por mais de 80% dos casos em que o agente 
etiológico é identificado. 
• A maioria dos vírus pode fazer quadro concomitante 
de encefalite. 
• Geralmente ocorre melhora espontânea; 
MENINGITE BACTERIANA 
EPIDEMIOLOGIA 
• Incidência em queda nos países desenvolvidos, por 
conta da Vacina. 
• Ainda é uma importante causa de 
morbimortalidade 
• Emergência médica - Sem tratamento, mortalidade 
de aproximadamente 100% 
• 1.2 milhões de casos/ano - 135.000 mortes 
• Pode ser causada por qualquer bactéria. 
Agentes mais comuns no adulto 
• Streptococcus pneumoniae 
• Neisseria meningitidis 
• Haemophilos influenzae 
Pediatria/geriatria 
• Streptococcus grupo B (1-3 meses) 
• Listeria monocytogenes 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
• Infecciona e inflama as meninges 
• Geralmente não há acometimento direto do 
encéfalo pelo patógeno 
• Congestão e edema 
• A pia-máter geralmente impede surgimento de 
abscesso 
• Disseminação hematogênica, trato respiratório 
superior, disseminação de foco contíguo de infecção 
Febre de início agudo + rigidez de nuca + alteração do 
estado mental + cefaleia 
• Cefaleia intensa e generalizada (geralmente 
holocraniana) 
Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina - UNIFACS Turma XV 
 
• Febre alta 
• Confusão mental, obnubilação, perda de 
consciência 
• Alta suspeição: NÃO ESPERE TODOS OS SINTOMAS 
Geralmente são pacientes muito sintomáticos e por 
isso precisam de uma rápida busca a serviço de saúde. 
Obs. Meningismo é a tríade de sintomas composta por 
rigidez nucal, fotofobia e cefaleia. É causada pela 
irritação das meninges, mais comumente devido à sua 
inflamação (meningite) mas também atribuída a 
hemorragia subaracnóidea. 
OUTROS SINTOMAS: 
• Vômitos, mialgia, astenia 
• Convulsões, sintomas focais, papiledema 
(Complicações tardias) 
• Petéquias e púrpura palpável - meningococo 
• Artralgia e artrite 
• Costuma poupar outros órgãos (Exceção: sepse 
grave) 
IRRITAÇÃO MENÍNGEA 
Rigidez Nucal 
o Incapacidade de tocar o queixo no tórax 
o Flexão passiva ou ativa 
Sinal de Brudzinski 
o Com o paciente 
deitado, realiza-se a 
flexão passiva da 
cabeça 
o Se positivo, ele 
responde com Flexão 
reflexa de joelhos e 
quadril 
Sinal de Kernig 
o Com o paciente 
deitado com quadril a 
90°, realiza-se a 
extensão da perna 
o ISe positivo, ocorre 
resistência à extensão 
ou dor lombar 
Sinal de Lasègue: 
o Paciente deitado, faz 
flexão da coxa sobre o 
quadril. 
o Se positivo, ocorre 
dor na face posterior 
do membro examinado 
EXAME FÍSICO 
• Verificar Irritação meníngea - testes 
• Examinar a pele! 
• Exame neurológico: 
Podem ocorrer sinais focais: Edema, oclusão vascular, 
congestão 
• Procurar sinais de hipertensão intracraniana 
Sinais de hipertensão intracraniana 
• Cefaleia (apresentação típica: pior durante a 
manhã) 
• Náuseas ou vômitos (apresentação típica: sem 
náusea 
• Edema de papila óptica e distúrbios visuais(diplopia) 
• Alteração do nível de consciência (agitação até 
coma) 
• Outros: paralisia de VI (uni ou bilateral), convulsões, 
• alteração comportamento, sinais focais 
(hemiparesia, afasia), postura de decorticação ou 
descerebração 
MENICOGOCCEMIA 
• Quadro clínico agudo 
• Febre (alta) e comprometimento rápido do estado 
geral 
• Alteração do nível de consciência 
• Sinais de sepse - alastramento hematogênico da 
infecção 
• PETÉQUIAS ou PÚRPURA (muito característico) 
DIAGNÓSTICO 
• EMERGÊNCIA MÉDICA!! 
• Diagnóstico imediato e tratamento rápido → Atraso 
no início do tratamento é o fator mais importante 
de morbimortalidade 
• Suspeitou → Hemocultura, LCR e antibióticos 
EMPÍRICOS 
• Contraindicação à coleta de LCR? → Hemoculturas, 
ATB empírico e TC de crânio 
• Bioquímica geral →Inespecífica 
• Hemoculturas - duas amostras 
• Coleta de LCR: 
o Fundamental para diagnóstico de men. Bacteriana 
o Todo paciente com suspeita clínica de meningite 
Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina - UNIFACS Turma XV 
 
o Contraindicações 
CONTRAINDICAÇÕES À PUNÇÃO LOMBAR 
o Paciente imunocomprometido 
o História de doença em SNC (massa, AVE, infecção) 
o Convulsões de início recente 
o Papiledema 
o Alteração do nível de consciência 
o Sinais focais 
CUIDADOS ANTES DA PUNÇÃO LOMBAR 
• Realizar TC de crânio 
• Afastar risco de herniação 
• Colher hemoculturas antes 
• Não atrasar início de ATB 
• LCR assim que possível 
ANÁLISE DO LCR 
 
Pressão de abertura 
o Habitualmente elevada em meningite bacteriana 
o 350 mmH20 (normal até 200) 
Bioquímica, Gram, cultura 
Bioquímica normal do LCR 
o Proteína: ‹ 50mg/dL 
o Relação glicose LCR/soro: > 0,6 
o Celularidade: < 5 células brancas/microL 
o Lactato: < 3,5 mEq/L 
ACHADOS MUITO SUGESTIVOS DE BACTERIANA 
Celularidade:1000-5000 leuco/microL 
• <100 até >10.000 
• 80% de neutrófilos 
• Punção traumática ou hemorragia em SNC - Subtrair 
1 leucócito para cada 500 hemácias 
Proteína > 200 mg/dL 
Glicose: < 40mg/dL (relação < 0,4) 
 
ANÁLISE DO LCR - GRAM 
Sugerir a etiologia dias antes da cultura - S: 60-90%; E: 
cerca de 100% 
• Diplococcos gram positivos: Pneumococo 
• Diplococco gram negativos: 
Meningococo 
• Cocobacilos gram negativos: H. 
Influenzae 
 
 
MENINGITE AGUDA - MANEJO 
Não atrasar antibioticoterapia e dexametasona 
Terapia empírica 
• Não esperar resultados 
• Drogas bactericidas, com acesso ao SNC 
• Ajustar de acordo com resultados 
Adquirida na comunidade 
• Pneumococo, meningococo, H. Influenzae, 
Streptococcos do grupo B 
Outras opções: 
• CEFTRIAXONE: 2g EV de 12/12 h 
• VANCOMICINA: 15-20mg/kg EV de 8/8 - 12/12 h 
• AMPICILINA: 2g EV de 4/4 h (Se > 50 anos) 
DEXAMETASONA: 
• Reduzir complicações, sequelas neurológicas e 
morte 
• Pneumococo 
• Primeira dose antes ou concomitante ao ATB 
• Continuar se Gram e cultura indicarem pneumococo 
Quando repetir LCR 
• Não há indicação de rotina 
• Ausência de melhora em 48 horas 
• Resposta incompleta 
• Persistência da febre 
Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina - UNIFACS Turma XV 
 
Duração do tratamento 
• Pneumococo: 10-14 dias 
• Meningococo: mínimo de 7 dias (7-10) 
• H. Influenzae: mínimo de 7 dias (7-10) 
• Listeria monocytogenes:21 dias 
MENINGITE BACTERIANA - PROFILAXIA 
VACINA! 
• Pneumococo e meningococo: todos 
• H. Influenzae: populações especiais 
Quimioprofilaxia pós exposição 
• Meningococo 
• H. Influenzae 
QUIMIOPROFILAXIA 
Meningococo 
• Contatos próximos 
• Sete dias antes até 1 dia depois do aparecimento 
dos sintomas 
• Início assim que possível 
H. Influenzae 
• Contatos próximos 
• Crianças não vacinadas 
• Adultos que sejam contactantes de crianças não 
vacinadas 
• Rifampicina 20mg/kg/dia por 4 dia 
MENINGITE BACTERIANA 
Taxa de mortalidade com a terapia correta 
• Pneumococo: 20% 
• Meningococo: 10% 
• Listeria: 20-30% 
• •H. Influenzae: 5% 
• Dano neurológico residual -10-20% 
 
MENINGITE ASSÉPTICA 
• Sempre presumir origem bacteriana 
• Em sendo asséptica, geralmente é viral 
• Provável origem viral 
➢ Celularidade ‹ 500; > 50% de linfócitos 
➢ Proteína <80-100 
➢ Glc normal 
➢ Gram negativo 
Atenção: idosos, imunocomprometidos, uso recente de 
ATB 
Quando suspender o ATB empírico? 
• LCR inicial não foi fortemente sugestivo de bactéria 
• Culturas todas negativas 
• Melhora ou estabilidade clínica 
Causa bacteriana improvável, ausência de melhora ou 
piora (apesar de uso correto de ATB) 
• Pensar em outras causas de asséptica com terapias 
específicas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências: 
• Bennett JC, Plum F, editors. Cecil: Tratado de Medicina Interna. 
24ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013. 
• Barros EJG, Tucci Neto J, editors. Manual de medicina de 
emergência: disciplina de emergências clínicas - Hospital das 
Clínicas da FMUSP. 2ª ed. São Paulo: Atheneu; 2015. 
• UpToDate. [Internet]. Waltham (MA): UpToDate Inc. c2005 - [cited 
2023 Apr 13]. Available from: www.uptodate.com.

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