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Degenerações Prof. Dr. Luiz Augusto B. Brito Patologia Geral Em 1858, Rudolf Virchow, professor de Patologia da Universidade de Berlin publicou o livro “Cellular Pathology” Para Rudolph Virchow (1858): Degenerações são processos patológicos caracterizados por modificações da morfologia das células, que resultam em diminuição das funções das mesmas. Virchow atribuiu as células três atividades fundamentais: 1. Funcionais ou Funções Específicas 2. Nutritivas ou Metabólicas 3. Formativas, ou de Reprodução Celular Portanto, além de alterações da estrutura celular, ocorreria: Diminuição das atividades Funcionais e Metabólicas. As Formativas ou de Reprodução Celular compreenderiam : Atrofia, hipertrofia, hiperplasia e neoplasias Não é a agressão responsável pela lesão celular, mas a reação celular ou tecidual à agressão. A resposta celular à agressão, consiste sempre em modificações funcionais ou morfo-funcionais da célula. Somente quando a reação (resposta) celular, alterar o ajuste entre as várias funções, é que aparece a lesão celular. A primeira lesão é sempre de ordem molecular. podemos dizer que processos patológicos diversos produzidos por agentes diferentes podem apresentar uma série de alterações comuns. As degenerações são portanto: indicações de lesão celular inespecífica não sendo a princípio ligada a uma etiologia específica e considerada uma resposta celular a agressões variadas. Sendo assim, conclui-se que O termo Degenerações é portanto, inespecífico e impreciso e incluem em geral: Alterações do metabolismo: Dos carboidratos Das proteínas Dos lipídios Dos pigmentos Atrofia Necrose Calcificações As causas mais comuns de lesão celular são: 1. Isquemia – falta de oxigenação tissular 2. Infecções – lesão por agentes vivos 3. Tóxicos – lesão por agentes químicos 4. Trauma/radiação/ térmico – lesão por agentes físicos Nomenclatura: Acrescentar o sufixo “OSE” ao termo designativo do órgão ou tecido afetado Exemplos: Hepatose, Nefrose, Endocardiose, Dermatose, etc. 1. Degeneração Turva ou Albuminosa ou Parenquimatosa 2. Degeneração Hidrópica ou Vacuolar ou Balonosa Degeneração Turva: observação quase exclusivamente microscópica. Ocorre: células endoteliais e epiteliais preferencialmente. O órgão apresenta-se: volumoso e ligeiramente pálido. A intensidade da resposta celular varia conforme o agente agressor e a gravidade da agressão Mecanismo: 1. Ação do agente lesivo = O2 e a respiração mitocondrial 2. Diminuindo a atividade da membrana citoplasmática 3. Provocando alteração da Bomba de Na/K Com isto, há: 4. Retenção de Na+ no citoplasma celular = Na+ 5. Retenção de água no citoplasma 6. Diminuição de K+ intracitoplasmático = K+ 7. Diminuição na síntese de ATP 8. Diminuição do pH intra celular: pelo aumento da glicólise anaeróbica compensatória 9. Aumento da hidrofilia das proteínas, com retenção de mais água 10. Alteração coloidal do citoplasma onde: O Ca++ ativa a Fosfolipase Endógena: levando ao rompimento da membrana citoplasmática e ativando as Enzimas Líticas 11. Coalescência de moléculas A entrada de Ca++ em excesso, mata a célula. O Cálcio regula a permeabilidade das junções tipo “gap” entre as células Ca++ em excesso determina: Desacoplamento rápido dos “gaps” Ativa as enzimas líticas: Fosfolipases, Proteases, ATPases, Endonucleases Isolando a célula das suas vizinhas Na tentativa de impedir a reação em cadeia da lesão ou da infecção em curso na área Causas mais comuns: Hipóxia Infecções bacterianas agudas Infecções virais agudas Intoxicações endógenas ( uremia ) Intoxicações exógenas (agrotóxicos, medicamentos ) Agentes físicos ( calor e/ou frio ) Hipertermias Alterações circulatórias gerais Alterações nutricionais Etc. Atinge preferencialmente células parenquimatosas do: Fígado Rim Coração Músculo esquelético Macroscopicamente produz no órgão em questão: Aumento de peso Aumento de volume Superfície de cor pálida e aspecto de “carne levemente cozida” Microscopicamente produz: Tumefação celular Citoplasma granuloso e acidófilo É o estágio mais avançado da Degeneração Turva. Geralmente associada a lesões epiteliais. Em células infectadas por vírus (epiteliotrópicos) tais como: Febre Aftosa – epitélio da língua Cinomose – Corpúsculos de inclusão no epitélio vesical de cães Estomatite Vesicular Infecciosa – Família Rhabdovírus Raiva Ruminite Fúngica: Decorrente de Acidose láctica em animais confinados Formação de abscessos hepáticos Conseqüente à infecção bacteriana secundária Determinando ulcerações da mucosa ruminal Degeneração hidrópica no epitélio do rúmen Fígado Miocárdio Rim Rim Normal Hidropica Degenerações Hialinas (Hialinoses): Definição: acúmulo de proteínas no interior de células ou no meio extracelular que assumem um aspecto hialino. HIALINO refere-se simplesmente a qualquer material que, ao microscópico óptico, apresenta-se homogeneamente corado em róseo pela HE. A importância de conhecer as substâncias hialinas reside no fato de serem o substrato morfológico de várias doenças importantes. Ocorrem duas formas de apresentação/formação: Degeneração Hialina Epitelial Degeneração Hialina Conjuntiva Degeneração Hialina Epitelial ou Celular Coagulação das proteínas celulares intracitoplasmática. Determinando alterações graves na célula É a forma mais comum de ocorrência desta degeneração Ocorre no interior das células. 1. Estados tóxico-infecciosos 2. Intoxicações exógenas 3. Infecções víricas ( ex. Aftosa) – Degeneração de Zenker 4. Deficiência de Selênio e Vitamina E – Doença do Músculo Branco Vista em: hepatócitos, miocárdio, músculo esquelético e vasos Ação tóxica do etanol sobre o fígado, comum no Alcoolismo Humano Degeneração Hialina Conjuntiva Penetração ou Absorção pela célula de proteínas exógenas, disponíveis no interstício celular. Com posterior coagulação das mesmas. Tem patologia complexa e pouco conhecida Ocorre preferencialmente nos Epitélios dos Túbulos Renal em: Glomerulonefrites Crônicas e Intoxicações por Metais Pesados A nomenclatura : Hialinização ou Hialinizado Indica a presença de proteínas nas células – eosinofilia Pode ocorrer em vários tecidos Mas geralmente associado: ao tecido conjuntivo ou membranas basais. É usado para descrever o aspecto de uma anormalidade, mas não um mecanismo patogenético ou uma doença específica. Hialino vem de hyalos, que significa vidro. Portanto, as proteínas têm histologicamente aspecto homogêneo e brilhante, ou refringente, que lembra vidro, e cor rósea forte quando coradas em HE Degeneração e Necrose Hialina de fibras musculares esqueléticas de camundongo infectado com Trypanosoma Cruzi Deficiência de Selênio e Vitamina E Artéria Cerebral - Calcificação Artéria Aorta Inflamação Linfoplasmocitária Hialinose Esplênica Conceito: Hiperprodução de mucina através de estímulos mecânicos, químicos e, eventualmente, biológicos. Estas células descamam e há liberação do muco em situações como gripe, rinite e hipermotilidade gástrica. As degenerações benignas ocorrem principalmente em estômago, intestino grosso e brônquios São identificadas duas alterações, mas sem relação entre si: 1. Hiperprodução de mucina pelas células mucíparas: Do intestino e trato respiratório Ocorre nos processos inflamatórios catarrais Em doenças auto-imunes(Lupus eritematoso generalizado) 2. Hiperprodução de mucina Em Carcinomas ou adenocarcinomas Macro: grande quantidade de substância fluida consistência viscosa Aspecto translúcido, semelhante a catarro ou muco Micro: Núcleo deslocado para a periferia da célula Em forma de um anel Enterite Catarral Células Mucíparas Histologia normal do Intestino Grosso: cortes transversais e longitudinais Carcinoma e Adenocarcinoma Mucinoso: é um acúmulo de células neoplásicas malignas que apresentam o citoplasma repleto de muco, e um núcleo irregular, com um ou mais nucléolos, que se encontra na superfície da célula, como se tivesse sido jogado para fora. A célula apresenta um aspecto em anel de sinete ou anel de grau. Locais de ocorrência: estômago, intestino grosso, vesícula biliar, próstata e pâncreas. Degeneração Gordurosa ou Esteatose Definição: Acúmulo anormal de gordura ( triglicérides ) no citoplasma. Ocorre preferencialmente: 1. Hepatócitos 2. Epitélio tubular renal 3. Músculo cardíaco O fígado é o órgão mais acometido, por ser o local do Metabolismo das Gorduras Os ácidos graxos chegam ao fígado por via plasmática, oriundos de duas fontes: 1. Como TRIGLICÉRIDES dos depósitos de gordura 2. Como QUILOMICRONS, oriundos do intestino, via alimentação Estes ácidos graxos: 1. São usados como fonte de energia pelos HEPATÓCITOS 2. Ou se ligam a proteínas do RER para serem enviados ao plasma 3. Eles podem também deixar o fígado como: Fosfolipídios Complexos de Colesterol Qualquer alteração no processo fisiológico do metabolismo da gordura, pode provocar o seu acúmulo no citoplasma celular Limite do Sinusóide Lipoproteínas de baixa densidade Mobilização Plasma Triglicéride Ácido graxo Tecido Adiposo Ác. Graxo- albumina Quilomícrons Quilomícrons Intestino Espaço de Disse Hepatócito Oxidação A.G Acido Graxo Glicerofosfato Glicogênio Proteína Fosfolipídio Colesterol Ésteres de colesterol TG RE rugoso Ap. Golgi 1 2 3 4 5 3 1. Deficiência na síntese de proteínas (globulinas) pelo RER Não ocorrendo a formação de lipoproteínas 2. Falta de Fosfolípedes – Deficiência de Colina e seu precursor, a Metionina (aminoácidos essenciais) A ausência dos Fatores Lipotrópicos, na dieta leva a formação de lipoproteínas instáveis sem o revestimento fosfolipídico. impedindo a ligação lipoprotéica. 3. Mobilização dos depósitos Distúrbios nutricionais e metabólicos: Fome, jejum, Dietas hipercalóricas (Patê de foie gras - Ganso) 4. Falta de Oxigênio e Diminuição do ATP Nos processos hipóxicos: Anemias, Insuficiência cardíaca, Choque 5. Bloqueio na liberação de lipoproteínas Nas intoxicações exógenas: Tetracloreto de carbono (vermífugos): Formação de radicais livres Acúmulo de Ácido Orótico (processos tóxicos inespecíficos) 1. Tóxica e Tóxico-infecciosas Alteração no RER e mitocôndria Bloqueio na utilização do TG Interfere na síntese protéica plasmática 2. Anóxicas Queda no oxigênio hepatócito Diminuição na oxidação do AG e na síntese de ATP Anemias cronicas e Insuficiências cardíacas 3. Dietética Dietas hipercalóricas, via absorção intestinal Desnutrições, via mobilização das gorduras de depósito Macro: Aumento de volume e de peso do órgão Consistência diminuída – Friável Cor amarelada Aspecto untuoso ao corte Micro: Presença de vacúolos ou gotículas citoplasmáticas Vacúolos pequenos = sugestivo de doença metabólica aguda Vacúolos grandes = sugestivo de doença tóxica ou viral crônica Colorações especiais para diferenciar de Degeneração Hidrópica: Sudan III = laranja avermelhado Sudan IV = vermelho escarlate 1 2 3 4 Hepatócitos com macrovacúolos no Citoplasma (crônica) Hepatócitos com Microvacúolos no Citoplasma (aguda) Aspecto Microvacuolar Sugestivo de Doença metabólica aguda Aspecto Macrovacuolar Sugestivo de Doença tóxica ou viral crônica Nota-se uma desorganização do parênquima hepático devido ao cúmulo de gordura e a presença de inúmeros vacúolos no interior dos hepatócitos. 10x É reversível se as causas forem removidas. Muitas células repletas de gordura rompem-se e morrem. Esta é a razão de o processo sempre vir acompanhado de Necrose. Conclusão: A Degeneração Gordurosa é uma indicação comum e inespecífica de agressão célula. O termo amilóide foi criado em 1855 por Virchow para indicar: Substância amorfa Eosinofílica Depositada no interstício dos tecidos e na parede de vasos. Cora-se pelo iodo e ácido sulfúrico, a semelhança do amido. É uma Imunoglobulina De composição química variável (homóloga às cadeias leves (light) das imunoglobulinas) Dependente do indivíduo, da espécie e também da natureza química dos amiloides. Sua presença causa: Problemas de ocupação de espaço no interstício Interfere com as funções dos vasos sanguíneos Ocorrência: Parede dos vasos sanguíneos 1. No glomérulo renal Determinando redução no filtrado glomerular Uremia É a mais comum e mais grave 2. Nos sinusoides hepáticos : Inicialmente no Espaço de Disse Determinando espessamento da parede sinusoidal Compressão dos hepatócitos Interferência no transporte de substâncias para dentro/fora da célula 3. No baço Deposição na periferia dos folículos linfoides e parede da arteríola central do folículo Determinando competitividade de espaço Interferindo na nutrição do órgão Patogenia: Associada a infecções crônicas de caráter tecidual destrutivo Superestimulação antigênica provocada por destruição tecidual Ocorrendo uma maior resposta do sistema imunológico Que produz grande quantidade de imunoglobulinas Exemplos: 1. Tuberculose 2. Mastite das vacas 3. Anemia Infecciosa Equina 4. Enterites Crônicas dos Caninos A amiloidose resulta na disfunção do Sistema Imunológico por: 1. Descontrole na resposta imunológica 2. Exaustão do sistema imunológico, por superestímulação do mesmo Consequências: 1. Pode ser apenas um achado de necropsia 2. No baço pode determinar: Rupturas espontâneas ou por traumatismos leves 3. No rim pode determinar: Hipertensão arterial Insuficiência renal Uremia 4. No coração pode determinar: Arritmias cardíaca fatais Interferência na condução elétrica demonstrada pela alteração no traçado eletrocardiográfico Rim Coloração pelo Lugol Coloração: Vermelho Congo Coloração: H&E 1 2 2. Coração 1. Baço 1 2 A Hepatócito Amiloidose
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