Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PO S2 50 1_ 2. 0 GESTÃO DE CARREIRA 2 Kamila Cristina Gaino Paula Vitória Galesi Abdala Boarin São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2021 GESTÃO DE CARREIRA 1ª edição 3 2021 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Head de Platos Soluções Educacionais S.A Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Turchetti Bacan Gabiatti Camila Braga de Oliveira Higa Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Ana Cláudia Cerini Trevisan Stuchi Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________________ Boarin, Paula Vitória Galesi Abdala B662g Gestão de carreira / Paula Vitória Galesi Abdala Boarin, Kamila Cristina Gaino. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2021. 42 p. ISBN 978-65-5356-076-5 1. Gestão de carreira. 2. Atuação profissional. 3. Formação profissional. I. Gaino, Kamila Cristina. II. Título. CDD 658.3 ____________________________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB-8 010289 © 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. 4 SUMÁRIO Panorama do mercado de trabalho __________________________ 05 Planejamento de carreira ____________________________________ 20 Desenvolvimento de competências __________________________ 37 Networking e marca pessoal __________________________________ 52 GESTÃO DE CARREIRA 5 Panorama do mercado de trabalho Autoria: Kamila Cristina Gaino Leitura crítica: Ana Cláudia Cerini Trevisan Stuchi Objetivos • Conhecer o panorama do mercado de trabalho no Brasil, identificando seus desafios e suas tendências. • Reconhecer os aspectos da cultura brasileira que impactam as organizações. • Aprender sobre a carreia em T. 6 1. Introdução O objetivo deste material é estimulá-lo a refletir e a planejar sua carreira profissional e, para tal, é importante que você conheça o contexto no qual estamos inseridos. Com isso, neste Tema, você aprenderá um pouco a respeito do panorama do mercado de trabalho no Brasil e da cultura brasileira dentro das organizações. Abordaremos também, brevemente, a visão internacional e das grandes tendências relacionadas ao futuro do trabalho. E, para finalizar, trataremos de alguns conceitos da carreira em T. 1.1 Desafios do mercado de trabalho no Brasil Sem dúvidas, a pandemia ocasionada pela Covid-19 em 2019, 2020 e 2021 impactou negativamente o mercado de trabalho a nível mundial, e, ao menos aqui no Brasil, esses impactos, infelizmente, apenas têm se intensificado com o passar do tempo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no 1º trimestre de 2021, havia cerca de 14,8 milhões de pessoas desempregadas, alcançando o mais alto patamar desde 2012, o que, até então, representava 14,7% da população brasileira (IBGE, 2021). Isso significa que estamos atravessando um cenário desafiador, por isso é importante analisar em que momento da carreira você está, identificando as possibilidades e tendências do mercado. Outro aspecto desafiador que ainda permanece no contexto atual é a disparidade de gênero. Segundo a pesquisa Mulheres no Mercado de Trabalho, realizada pelo IBGE no ano de 2018, “a população ocupada, na faixa etária de 25 a 49 anos era de 56,4 milhões de pessoas, sendo 54,7% de homens e 45,3% de mulheres” (IBGE, 2018, p. 2). O relatório 7 ressalta que não há grandes variações desde o ano de 2012, salientando a predominância masculina no mercado de trabalho brasileiro. Em relação aos rendimentos, o relatório aponta uma enorme desigualdade salarial entre homens e mulheres que atuam no mesmo cargo, como é possível observar no Quadro 1: Quadro 1 – Rendimento médio: homens versus mulheres Grupos ocupacionais Rendimento médio (R$) Participação de mulheres (%)Homens Mulheres Diretores e gerentes 6.216 4.435 41,8 Profissionais das ciências e intelectuais 5.890 3.819 63,0 Técnicos e profissionais de nível médio 3.320 2.386 45,2 Trabalhadores de apoio administrativo 2.071 1.785 64,5 Trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados 1.958 1.295 59,0 Trabalhadores qualificados, operários e artesãos da construção, das artes mecânicas e outros ofícios 1.752 1.150 16,2 Operadores de instalações e de máquinas e montadores 1.895 1.303 13,8 Membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares 5.301 5.338 13,2 Fonte: adaptado de IBGE (2018). 8 Assim, por mais que muitos não visualizem, há uma grande diferença, uma enorme desigualdade salarial entre homens e mulheres que atuam no mesmo cargo. Além disso, observa-se um percentual baixo de mulheres em cargos de liderança, apenas 41,8%. Certamente, um cenário como esse é bastante favorável para que as pessoas atuem na informalidade. No próximo tópico, trataremos um pouco mais dessa questão. 1.1.1 Informalidade no Brasil No Brasil, o IBGE é o órgão responsável pelas informações relacionadas a dados da população. Por meio de sua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD), calcula a informalidade, classificando como informais todos os trabalhadores empregados no setor privado sem carteira assinada, empregados domésticos sem carteira assinada, empregador sem registro no CNPJ, trabalhador por conta própria sem registro no CNPJ e trabalhador familiar auxiliar (IBGE, 2020). De acordo com esses dados, cerca de 41,6% dos trabalhadores brasileiros estão atuando em regime informal (IBGE, 2020). O mesmo ocorre com os empreendedores: conforme pesquisa realizada pelo GEM Brasil em 2019, poucos eram formalizados, como é possível visualizar no Quadro 2: Quadro 2 – Empreendedores formalizados (2019) Empreendedores 2019 Que obtiveram o CNPJ 26,1% Que NÃO obtiveram o CNPJ 73,6% Outros 0,3% Fonte: adaptado de GEM (2020). 9 Dentre os principais motivos apresentados por aqueles que não obtiveram a regularização, estava a não percepção da necessidade do CNPJ, como se pode verificar no Quadro 3: Quadro 3 – Motivos para a NÃO regularização (2019) Motivos % dos empreendedores sem CNPJ Não vê necessidade 27,4% Acha a formalização cara 17,2% Não sabe se irá continuar com o negócio por muito tempo 12,5% Atividade exercida não exige CNPJ ou possui outro tipo de registro, alvará, licença 12,4% Não tem como pagar os impostos 8% Fonte: adaptado de GEM (2020). Esses dados sugerem que ainda falta mais conscientização para que os empreendedores percebam a importância de estarem regularizados, mas, além disso, fica clara a necessidade de mudanças políticas, culturais e sociais no Brasil. E, mesmo diante desse cenário, o empreendedorismo tem motivado inúmeros profissionais, seja pelo desejo de autonomia, independência e liberdade de criação, seja por ser uma alternativa para inserção no mercado de trabalho. 1.1.2 Empreendedorismo O empreendedorismo é o ato de “projetar novos negócios ou de idealizar transformações inovadoras” e também é a “vocação, aptidão ou habilidade 10 de desconstruir, de gerenciar e dedesenvolver projetos, atividades ou empresas” (EMPREENDEDORISMO, [s.d.]). De acordo ao relatório The Global Competitiveness Report, publicado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial, em 2019 o Brasil ficou em 71ª posição no ranking (são considerados aqui 141 países), com um índice de competitividade de 60,93%. Tal índice avalia o desempenho econômico e a eficiência do governo e dos negócios, considerando questões de infraestrutura básica, tecnológica e educação. De um modo geral, há duas formas de empreender. Vamos conhecê-las melhor: • Oportunidade: é quando se identifica uma oportunidade, um nicho de mercado no qual se decide investir. Em alguns casos, a pessoa concilia o negócio mesmo estando em outro emprego, com a intenção de aumentar sua fonte de renda. • Necessidade: é quando a pessoa empreende, muitas vezes de forma autônoma, pois não encontrou nenhuma oportunidade de trabalho e precisa gerar renda para sustento da família. De acordo a pesquisa GEM (2020), aproximadamente 10 milhões de empreendedores encerraram seus negócios no Brasil no ano de 2019, em grande parte, afetados pela pandemia do coronavírus. De acordo a pesquisa, o número de empreendedores iniciais motivados pela necessidade aumentou de 37,5% e ultrapassou os 50%. Neste ponto, pode ser interessante avaliar em qual momento da carreira você está: talvez esteja superanimado com seu trabalho, talvez esteja insatisfeito, querendo trocar urgentemente de empresa, ou possivelmente esteja até buscando novas oportunidades e adentrando o mundo do empreendedorismo. Assim, este pode ser um bom momento para pensar sobre: qual é o seu grande sonho de carreira? E a sua vocação? Você quer trabalhar em uma grande organização? Quer empreender? Já parou para 11 pensar sobre isso? Aproveite enquanto estamos estudando e observando as tendências que o mercado apresenta, quem sabe você não encontra uma possibilidade para mudar sua história? 1.2 Cultura brasileira nas organizações De modo geral, entende-se cultura como sendo “as ideias, costumes, habilidades, artes etc. de dado grupo de pessoas em determinado ambiente”; logo, uma cultura corporativa é “o conjunto de regras não escritas de comportamento, valores, regras de contratos/procedimentos, e assim por diante, que influenciam o modo pelo qual os negócios são conduzidos no local de trabalho” (WHITE, 2012, p. 66). No Brasil, temos organizações hierarquizadas com diversos níveis, ou seja, existe uma hierarquia formal, com níveis verticais, desde os mais baixos, como os operacionais (operadores, auxiliares, assistentes), até os níveis mais estratégicos, como os que englobam a gerência e alta diretoria. A partir da constatação dessa divisão, pode-se observar que há uma grande disparidade de salários entre o primeiro nível, em que há, por exemplo, profissionais com cargo de auxiliar, e a diretoria, diferença essa que é culturalmente “aceita” como algo “normal”. Pode-se observar também uma dificuldade para estruturas horizontais (como as de times multidisciplinares e as metodologias ágeis) funcionarem assertivamente nas organizações brasileiras devido às barreiras culturais que poderão emergir (HOFSTEDE- INSIGHTS, 2020). Além disso, é possível notar que o brasileiro tem uma cultura coletivista e que valoriza os grupos, sendo comum, por exemplo, que se criem vínculos de amizade no ambiente de trabalho, o que não acontece em outros países (HOFSTEDE-INSIGHTS, 2020). Pode-se dizer, assim, que a cultura brasileira é baseada nos relacionamentos, isto é, relacionamo-nos de forma pessoal com os nossos colegas de trabalho e isso, em alguns momentos, acaba por influenciar o trabalho. O importante é manter sempre a imparcialidade, 12 o que, às vezes, é uma grande dificuldade, pois muitos profissionais “favorecem” seus amigos em detrimento dos colegas com os quais não têm tanto vínculo. Sabe quando o colaborador A pede algo para o colaborador B e ele não faz, mas, quando o colaborador C pede exatamente a mesma coisa, ele faz? Você já deve ter visto essa situação em algum lugar, pois é bastante comum e é um claro exemplo dessa parcialidade nos comportamentos dentro do ambiente de trabalho. Então, atente-se: não há o menor problema em criar laços de amizade na empresa, mas é imprescindível ser profissional. Existe também uma dimensão de cultura que leva em conta traços femininos e masculinos. Uma cultura mais feminina transparece o cuidado, o equilíbrio de vida pessoal e profissional e o coletivo; já a masculina denota mais o individualismo e a competitividade, pois geralmente é mais voltada para o resultado. De acordo com estudos, o Brasil se enquadra em uma cultura média, ou seja, assumirá mais características de uma ou de outra cultura dependendo da região do país onde a empresa está localizada, pois cada região tem seus traços particulares (HOFSTEDE-INSIGHTS, 2020). Outro ponto que aparece no estudo é a prevenção de incertezas, e, nesse quesito, há a questão burocrática do nosso País, que representa a necessidade da existência de regras e sistemas jurídicos complexos (HOFSTEDE-INSIGHTS, 2020). O grande problema é que normalmente essa burocracia (que deveria ajudar) acaba acarretando mais prejuízos do que benefícios. E, aqui, aparece aquele famoso jeitinho brasileiro, que às vezes acaba “saindo do controle”. O estudo também apresenta a orientação de longo prazo que os países têm, na qual o Brasil foi classificado como intermediário, ou seja, não apresenta foco nem na normativa (passado) nem na pragmática, que está mais relacionada ao planejamento do futuro, à construção, hoje, do que se quer ser e ter amanhã enquanto país (HOFSTEDE-INSIGHTS, 2020). 13 Há também, no Brasil, uma cultura de indulgência, na qual se valoriza o aqui e o agora, o prazer imediato sem julgamento, o ser feliz agora (HOFSTEDE- INSIGHTS, 2020). Você provavelmente já observou alguns desses pontos apresentados anteriormente na organização em que você trabalha ou em que algum familiar ou amigo trabalha. A partir disso tudo, fica a lição sobre a importância de sempre agir de forma imparcial e ética. E, agora, vamos conhecer um pouco mais sobre as tendências relacionadas ao futuro do trabalho. 1.3 Tendências sobre o futuro do trabalho Ao longo dos anos, tem se tornado possível observar que tudo à nossa volta vem se transformando cada vez mais rápido. O que antes demorava décadas para acontecer, agora, em alguns meses, pronto: já aconteceu. Isso se dá, em grande parte, devido aos avanços tecnológicos que, de certa forma, modernizaram os processos produtivos e aperfeiçoaram os diversos setores de atuação profissional. Por isso, é importante que tanto empresas quanto candidatos se atualizem e acompanhem essas disrupções, caso contrário, ficarão para trás. Antes da pandemia do coronavírus, em 2019, o impacto da tecnologia no mercado de trabalho já era uma realidade, afinal, já havia profissionais que trabalhavam em home-office e que já usavam as ferramentas on-line, por exemplo. Porém, com a pandemia, tudo foi acelerado, e empresas precisaram migrar suas operações para o trabalho remoto e, na maioria dos casos, isso aconteceu forçadamente. De acordo com o relatório Jobs lost, jobs gained: Workforce transitions in a time of automation, divulgado pela McKinsey (2017), há algumas principais 14 tendências que foram ainda mais aceleradas com as transformações dos últimos anos. Na Figura 1, você poderá conhecê-las melhor. Figura 1 – Tendências para o futuro do trabalho Fonte: adaptada de McKinsey (2017). 15 Alguns estudos nos trazem ainda os drivers da mudança, que são os agentes dessas alterações e que nos apontam algumas “direções” a serem seguidas pelo mundo. Na Figura 2, você as conhecerá: Figura 2 – Drivers da mudança Fonte: adaptada de IFTF (2020). 16 Perceba que, entre uma figura e outra, há informações de duas fontes diferentes, mas que, de um modo geral, as tendências apresentadas se complementam ou serepetem. Com isso, percebe-se que o mais importante de tudo é se adaptar a esse cenário. Agora, vamos analisar de que maneiras você pode se preparar para essas mudanças. Vamos lá? 1.4. Como se preparar para tantas mudanças? Em primeiro lugar, é preciso estar disposto a olhar esse cenário de uma forma positiva, sobretudo se você é de gerações mais antigas, para as quais, por exemplo, o normal, o esperado era estudar, conseguir um emprego CLT e trabalhar nessa mesma empresa por vários e vários anos, de preferência até a aposentadoria. Sei que pode parecer uma das piores notícias que você vai ler, mas fato é que cada vez mais teremos menos vagas CLT, então, quanto antes você se organizar, melhor será e mais bem preparado estará. Agora, você deve estar se perguntando: como eu me preparo para isso? A resposta a esse questionamento leva a várias reflexões importantes, vamos a elas: • Cuide com muito carinho das suas finanças: você pode estar confuso e se interrogando: o que é que minhas finanças têm a ver com isso? Muito simples: quando você não tem uma reserva financeira, por exemplo, você precisa aceitar qualquer tipo de atividade e, talvez, por medo de perder o emprego, você não dê suas opiniões e esteja “engolindo sapos”, situação que é muito diferente de quando você se organiza e tem uma reserva financeira, pois, caso você seja desligado da empresa em que atua, não haverá necessidade para “desespero” imediato, você poderá, com calma, buscar uma nova e melhor oportunidade de trabalho. Então, fazer o seu planejamento financeiro e pensar na sua reserva 17 financeira é uma tarefa primordial e que deve ser executada o quanto antes. A fim de atingir esse objetivo, comece com o que você tem e vá investindo. Atualmente, há diversas opções de investimentos, com baixo, médio e alto riscos, e você pode iniciar seu investimento com valores bem baixos. Esse é o tipo de atitude que fará você, no futuro, pensar: “por que que eu não comecei a poupar antes?”. Então, para evitar arrependimentos, comece hoje com o que você tem. • Planejamento de carreira: nem é preciso dizer que esse planejamento é essencial. A ideia aqui é que você planeje sua jornada profissional, ou seja, é que você se conheça, conheça o mercado de um modo geral e defina seus objetivos e um plano de ação para alcançá-los. • Gestão da marca pessoal: independentemente de você utilizá- la ou não, para valorizar a sua marca pessoal, teoricamente, sim, deve-se levar em consideração que você é um produto. Quando falamos em marca pessoal estamos englobando uma infinidade de fatores, os quais vão desde a sua imagem e as suas roupas até seu comportamento e suas atitudes. É o como as pessoas o percebem. Portanto, invista em você. • Mudança de área: considerando que a expectativa de vida está aumentando gradativamente, você provavelmente mudará de emprego ou mesmo de área em algum momento da sua jornada. Uma boa forma de ir se familiarizando com esse cenário é observar as coisas que você gosta de fazer, seus hobbies e pensar “será que tem alguma forma de eu gerar renda com os talentos que eu tenho? E se eu desenvolver novos talentos?”. Pensando dessa forma, talvez você consiga identificar outras fontes de renda ou outros direcionamentos para sua carreira. Aqui podemos tratar também do ser multicarreira, que é quando se faz uso de diversos talentos e se tem a possibilidade de trabalhar em áreas diferentes, de preferência com atividades que você tenha prazer em realizar. 18 • Desenvolvimento de competências: é vital buscar novos conhecimentos sempre. E atente-se: eles não precisam, necessariamente, ser relacionados ao seu emprego ou à sua área de atuação. Você pode desenvolver competências mais técnicas e, aqui, podemos mencionar a fluência em idiomas e o desenvolvimento das competências comportamentais, as quais, diante de um cenário em evolução, é importante desenvolver, pois o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo. Falaremos mais sobre elas adiante. E, agora, você vai conhecer o conceito de carreira em T. 1.5 Carreira em T Diante de um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, desenvolver competências e habilidades para expandir os conhecimentos em sua área de atuação se torna essencial. O termo teve origem na expressão em inglês t-shaped professional, que significa um profissional com um mix de conhecimentos. A letra T não foi escolhida ao acaso. O eixo vertical representa os conhecimentos específicos que o profissional adquire, o eixo horizontal compreende as competências generalistas, ou seja, todos os conhecimentos adquiridos em diversas áreas. Trata-se de profissionais multidisciplinares e, justamente por essa razão, as empresas estão cada vez mais em busca deles. Neste ponto, é importante ter em mente o conceito de lifelong learning, que significa, basicamente, “aprender é para toda a vida”, ou seja, não devemos parar de buscar conhecimentos nunca; devemos sempre estar em busca de aprender algo novo. E, diante de tantas transformações, é importante estar sempre atento e de olho nas oportunidades que aparecem. É fundamental que você continue buscando atualização não apenas na sua área de atuação, mas também em outras áreas, pois isso pode ser importante para você 19 ampliar o seu repertório. Para atingir esse objetivo, você pode também investir em experiências: conhecer novas pessoas, novos lugares, enfim, vivenciar. Será muito significativo para o seu desenvolvimento profissional e pessoal também. Referências EMPREENDEDORISMO. In: DICIO – Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, [s.d.]. Disponível em: https://www.dicio.com.br/empreendedorismo/. Acesso em: 21 out. 2021. GEM. Global Entrepreneurship Monitor. Empreendedorismo no Brasil: 2019. Coordenação de Simara Maria de Souza Silveira Greco. Curitiba: IBQP, 2020. HOFSTEDE-INSIGTHS. Hofstede Insights, [s.l.], 2020. Disponível em: https://www. hofstede-insights.com. Acesso em: 1 set. 2021. IBGE. Instituto Nacional de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Divulgação Especial: Mulheres no Mercado de Trabalho. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. IBGE. Instituto Nacional de Geografia e Estatística. PNAD Contínua Trimestral: desocupação cresce em 10 das 27 UFs no 3º trimestre de 2020. Agência IBGE notícias, Rio de Janeiro, 27 nov. 2020. IBGE. Instituto Nacional de Geografia e Estatística. PNAD Contínua – Divulgação: Maio de 2021. IBGE, Rio de Janeiro, 2021. IFTF. Future Work Skills 2020. Institute for the future, Palo Alto, 2020. Disponível em: https://www.iftf.org/futureworkskills. Acesso em: 1 set. 2021. MANYIKA, J. et al. Jobs lost, jobs gained: Workforce transitions in a time of automation. [s.l.], McKinsey & Company, 2017. Disponível em: https://www. mckinsey.com/~/media/mckinsey/industries/public%20and%20social%20sector/ our%20insights/what%20the%20future%20of%20work%20will%20mean%20for%20 jobs%20skills%20and%20wages/mgi-jobs-lost-jobs-gained-executive-summary- december-6-2017.pdf. Acesso em: 1 set. 2021. WHITE, A. Planejamento de Carreira e Networking. São Paulo: Cengage Learning: Senac Rio de Janeiro, 2012. (Série Profissional). 20 Planejamento de carreira Autoria: Kamila Cristina Gaino Leitura crítica: Ana Cláudia Cerini Trevisan Stuchi Objetivos • Conhecer a importância e as etapas do planejamento de carreira. • Identificar valores, missão, propósito e visão. • Perceber seus conhecimentos, habilidades, atitudes, talentos, paixão e comportamentos. • Realizar o diagnóstico da sua situação atual. • Traçar objetivos de carreira. • Elaborar um plano de ação. 21 1. Introdução Se buscarmos no dicionário a palavra planejamento, vamos encontrar que se trata de “ação ou efeito de planejar, de elaborar um plano” e que é a “determinação de etapas, procedimentos ou meios que devem ser utilizados no desenvolvimento de um trabalho” (PLANEJAMENTO, 2020, [s.p.]); e, se procurarmos carreira, veremos que significa a “esferade atividade” ou a “profissão” (CARREIRA, 2020, [s.p.]). Ou seja, o planejamento de carreira é você pensar no que precisa ser feito para efetivamente alcançar seus objetivos, neste caso, profissionais. Neste Tema você compreenderá as etapas de um planejamento de carreira, bem como a sua importância e conhecerá algumas ferramentas que o ajudarão a pensar em sua carreira, incentivando o seu lado protagonista. E, para iniciar, vamos tratar do planejamento de carreira. 2. Planejamento de carreira O planejamento de carreira é um processo e, para executá-lo, é preciso fazer um levantamento a respeito de quem você é e de quem você quer ser no futuro. Fazer o planejamento é pensar em como você poderá alcançar os seus objetivos e, efetivamente, ser quem você quer ser. Na Figura 1, você conhecerá os aspectos que precisará considerar para realizá-lo. 22 Figura 1 – Etapas do planejamento de carreira Fonte: elaborada pela autora. É sempre importante ressaltar que a responsabilidade de montar um planejamento de carreira é exclusivamente sua, afinal, você é o responsável por sua carreira, por sua jornada profissional. Nesse contexto, você é o protagonista e pode (e deve) decidir quais são as melhores alternativas para você: se é trabalhar na empresa em que está atualmente, se é buscar outras empresas com vagas CLT ou, quem sabe, se é tornar-se um empreendedor, trabalhar por projetos, ser freelancer. Apesar de algumas empresas realizarem o “plano de carreira”, perceba que ele está exclusivamente relacionado à sua jornada profissional 23 dentro da empresa. Isso é diferente do planejamento de carreira, que engloba a sua trajetória profissional completa, ou seja, seus objetivos de carreira, que podem não necessariamente incluir permanecer na empresa para o resto da sua vida. Percebe, então, a importância que esse processo tem para a sua vida? Como você pôde perceber, o planejamento de carreira se trata de um momento de autoavaliação no qual se faz uma análise dos seus pontos fortes e a desenvolver. Além dele, ainda analisaremos o mercado e, a partir disso, definiremos objetivos e um plano de ação. Com isso, fica a sugestão de você pegar um caderno, uma folha e uma caneta ou um lápis para fazer suas anotações sobre cada uma das etapas desse processo. 2.1 Quem é você? A primeira fase do planejamento de carreira está intimamente relacionada ao autoconhecimento: quem é você afinal de contas? Qual é a sua identidade? Esse é um momento que costuma causar certo desconforto no início, mas não desanime, siga em frente. Vamos descobrir aqui quais são seus valores, sua missão, propósito, visão além de tentar identificar seus pontos fortes e fracos. Para iniciar, vamos falar sobre valores. 2.1.1 Valores São formados por padrões ou princípios utilizados nos momentos de tomada de decisão. São fatores que, para você, são indispensáveis e que podem ser influenciados por vários elementos, como crenças, família, amigos e vivências (WHITE, 2012). Além disso, estão muito ligados ao que você acredita e é normal que mudem com o passar do tempo, isso porque suas vivências mudarão com os anos e, de repente, algo que 24 fazia muito sentido para você na sua adolescência, talvez hoje já não faça mais tanto sentido assim, bem como algo em que você acredita hoje pode ter outro significado para você daqui a alguns anos. Talvez, neste momento, você esteja se perguntando: qual a relação dos valores com a carreira? Bem, imagine que alguns de seus valores sejam autonomia, flexibilidade e liberdade; então, provavelmente, se você trabalhar em uma empresa familiar em que as decisões são completamente centralizadas no dono da empresa, por exemplo, e tiver que cumprir horários fixos, sem nenhuma flexibilidade ou possibilidade de negociação, pode ser que você não se sinta tão confortável e os seus dias se tornem um martírio. No Quadro 1, você verá alguns exemplos de valores: Quadro 1 – Exemplos de valores Valores Alegria Criatividade Humildade Poder Amizade Dinheiro Igualdade Prazer Ambição Diversão Independência Prudência Aprendizagem Empatia Interação Realização pessoal Caridade Entusiasmo Justiça Respeito Coletividade Espontaneidade Lealdade Segurança Competência Família Liberdade Solidariedade Conforto Flexibilidade Organização Status Coragem Honestidade Otimismo Tradição Fonte: adaptado de Gold (2019). 25 Há muitos outros valores, por isso, caso não tenha encontrado algum nessa relação, é possível incluí-lo na lista. Falando nisso, quais são seus valores, você já os tem definidos? Se sim, parabéns! Caso contrário, que tal descobri-los? Outro elemento importante em um processo de autoconhecimento é a missão, e é sobre ela que falaremos a seguir, vamos? 2.1.2 Missão A missão se relaciona ao motivo pelo qual nós existimos e está relacionada aos nossos talentos e objetivos (MARQUES, 2018). Ela deve descrever quem é você, o porquê de você existir e o que você faz para que se torne a pessoa que quer ser. Além disso, deve estar de acordo com os seus valores (WHITE, 2012). Marques (2018) indica a existência da tríade do equilíbrio, que se refere à missão, ao propósito e à visão de futuro. Segundo o autor, “todos temos um sentimento, uma força incontrolável que nos leva a superar dificuldades e desafios, sejam eles do tamanho que forem”. Assim, quando encontramos nossa missão de vida, “nos tornamos capazes de planejar melhor nossa vida pessoal e profissional, consequentemente passamos a ter muito mais prazer em fazer o que fazemos” (MARQUES, 2018, p. 330). Seguindo ainda nessa linha, vamos tratar agora do propósito. 2.1.3 Propósito A palavra tem origem no latim e significa “aquilo que eu coloco adiante” (CORTELLA, 2016, p. 9). 26 Segundo Baba (2016, p. 79), “ter consciência do propósito é sinônimo de ter consciência do serviço, pois o seu propósito nada mais é do que o serviço que você veio prestar à humanidade”. Bastante forte esse pensamento, não é mesmo? Outro pensamento igualmente relevante sobre isso é o do filósofo Mário Sérgio Cortella, que nos ensina que uma vida com propósito “é aquela em que eu entenda as razões pelas quais faço o que faço e pelas quais claramente deixo de fazer o que não faço” (CORTELLA, 2016, p. 9). Seus propósitos estão claros para você? Além desta, outra definição importante é a de visão, a qual estudaremos no próximo tópico. 2.1.4 Visão Quando falamos em visão, estamos tratando do olhar para o futuro, ou seja, é o que você deseja alcançar lá na frente (RITOSSA, 2012). É muito importante ressaltar que, se você trabalha ou tem a intenção de trabalhar em alguma empresa, é fundamental que sua missão, seu propósito de vida e seus valores estejam relacionados à missão, à visão e aos valores da instituição também, porque, dependendo da divergência existente, ela poderá fazer com que você se desmotive ou que acabe ficando doente. 2.1.5 Conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) Cada um de nós tem um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) que vão nos ajudar no desenvolvimento de nossas atividades no decorrer de nossa jornada. Por isso, vamos entender melhor o significado de cada um desses aspectos: 27 • Conhecimento: “é a capacidade de entender o conceito e a estruturação de um assunto ou atividade, bem como saber consolidar sua aplicação em uma realidade específica da empresa” (OLIVEIRA, 2018, p. 80), isto é, são os conhecimentos teóricos a respeito de algo. • Habilidade: trata-se do “processo de visualizar, compreender e estruturar as partes e o todo dos assuntos das empresas, consolidando resultados otimizados pela atuação de todos os recursos disponíveis” (OLIVEIRA, 2018, p. 80), ou seja, é o saber fazer. • Atitude: “é a explicitação do comportamento, correspondendo ao modo de cada indivíduo se posicionar e agir perante cada situação apresentada em sua vida pessoal ou na empresa onde trabalha” (OLIVEIRA, 2018, p. 80). Se eu lhe pedisse para fazer uma listaa respeito de seus conhecimentos, habilidades e atitudes, você me responderia rapidamente ou precisaria de um tempo para pensar? Para selecionar suas características acerca desses aspectos, é importante que você observe sua rotina e suas ações e reflita: o que você faz bem? Quais seus pontos fortes? O que precisa melhorar? O que precisa desenvolver? 2.1.6 Talentos Talento é “aquilo que a pessoa faz muito bem e normalmente é relacionado com a ideia de que existe uma habilidade natural para realizar tal atividade. Por habilidade natural entenda-se pouco ou nenhum esforço”. Ressalta-se também que “qualquer pessoa pode tornar-se um talento se buscar aprimorar-se continuamente” (GOLD, 2019, p. 128-129). 28 Toda pessoa nasce com algumas habilidades, que também chamamos de dons, os quais, quando desenvolvidos, tornam-se talentos, ou seja, aquilo que a pessoa faz com facilidade e muito bem. Habitualmente, o talento é algo que a pessoa gosta muito de fazer, é uma paixão (BABA, 2016). 2.1.7 Comportamentos Há inúmeras ferramentas que podem nos auxiliar quanto ao levantamento de perfis comportamentais. Uma delas é a proposta por Marques (2018), a qual é fundamentada em arquétipos representados pelos animais: águia, gato, lobo e tubarão. Esse sistema nos ajuda a entender melhor o porquê temos determinados comportamentos e, por isso, tem sido utilizado em processos de autoconhecimento. No Quadro 2, você verá as principais características dos arquétipos propostos por Marques (2018): Quadro 2 – Características dos arquétipos Comportamentos Pontos fortes Pontos de melhoria Águia “Fazer diferente” • Criativo. • Intuitivo. • Com foco no futuro. • Distraído. • Curioso. • Flexível. “Idealização” • Provoca mudanças. • Antecipa o futuro. • Tem criatividade. • Foco no aqui e agora. • Impaciência e rebeldia. • Defesa do novo pelo novo. 29 Gato “Fazer junto” • É sensível. • É tradicionalista. • Tem bons relacionamentos. • Realiza contribuições. • Gosta de harmonia. • Delega autoridade. “Comunicação” • Mantém uma comunicação harmoniosa. • Desenvolve e mantém uma cultura empresarial. • Tem comunicação aberta. • Esconde os conflitos. • Preza pela felicidade acima dos resultados. • Manipula por meio dos sentimentos. Lobo “Fazer certo” • É detalhista. • É organizado. • É estrategista. • Está sempre em busca de novos conhecimentos. • É pontual. • É conservador. • É extremamente previsível. “Organização” • Cumpre regras. • É responsável. • É consistente. • É confiável. • Tem dificuldades para se adaptar às mudanças. • Pode impedir o progresso. • Extremamente detalhista. 30 Tubarão “Fazer rápido” • Tem senso de urgência apurado. • Tem iniciativa. • É impulsivo e prático. • É autossuficiente. • Não gosta de delegar poder. “Ação” • Gosta de fazer e acontecer. • Não gosta de burocracias. • Tem motivação. • Faz as atividades do modo mais fácil. • Tem relacionamentos complicados. Fonte: adaptado de Marques (2018). Você se identificou com algum dos arquétipos? Então, para tirar da dúvida, se ainda não fez o seu teste, aproveite e faça já! Assim finalizamos a análise dos elementos que se referem a nós, indivíduos. A proposta, até aqui, foi a de identificar em que você é bom e em que você precisa de desenvolvimento, ou seja, quais são suas fraquezas. A partir de agora, estudaremos um pouco as influências que sofremos do mercado. 2.2 Análise do ambiente Nesta análise de ambiente, deve ser considerado o ambiente externo, no caso, o mercado de trabalho. É importante que você esteja atualizado a respeito das tendências do futuro do mercado de trabalho, das rupturas que a tecnologia pode trazer para a sua área de atuação, para que possa identificar as oportunidades e as ameaças. 31 As oportunidades originam-se do ambiente externo no qual as pessoas e empresas estão inseridas. São forças incontroláveis e que, se devidamente identificadas, podem ser aproveitadas e gerar benefícios. Com isso, a fim de que as oportunidades sejam bem aproveitadas, é preciso que o profissional esteja bem-preparado para tal, pois somente assim conseguirá tirar o melhor proveito das oportunidades que surgem (KUAZAQUI, 2015). Já as ameaças podem influenciar negativamente a carreira profissional, por isso, quando identificadas, pode-se pensar em estratégias para que seus impactos sejam minimizados (KUAZAQUI, 2015). Bem, depois de analisadas as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, você terá o diagnóstico de sua situação atual. Aqui, você conseguirá identificar no que você é efetivamente bom e no que precisa desenvolver. Também terá em mãos as oportunidades que poderão ser aproveitadas e as ameaças que precisarão ser minimizadas para que se evitem os impactos negativos. A próxima etapa é juntar todas as análises e fazer um diagnóstico da sua situação profissional atual. 2.3 Diagnóstico da situação atual Após todas as análises realizadas, é chegado o momento de identificar quais são seus pontos fortes e fracos, assim como quais são as oportunidades e ameaças que o mercado está lhe proporcionando. Para tal, é comum fazer uso da Análise SWOT, que vem do acrônimo das palavras em inglês: Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). Na Figura 2, você poderá visualizá-la melhor: 32 Figura 2 – Análise SWOT Fonte: elaborada pela autora. Vamos, a partir de agora, entender melhor cada um dos elementos que compõem essa análise: • Forças: pode-se dizer que são conhecimentos, habilidades, competências e talentos que você tem. São os seus pontos fortes, no que você se destaca. Como exemplo podemos elencar: conhecimentos em Excel, pensamento analítico, fluência em algum idioma, entre outros. Aqui você pode pensar nos seus diferenciais (REIS; MAZULO, 2020). • Fraquezas: são conhecimentos, habilidades e competências nas quais você não se destaca tanto, mas para as quais tem possibilidades de desenvolvimento. Como exemplo podemos mencionar: dificuldade em trabalhar em equipe, pouco ou nenhum conhecimento no pacote Office, entre outros (REIS; MAZULO, 2020). • Oportunidades: aqui a análise recai sobre o ambiente externo, ou seja, o mercado de um modo geral. A ideia é estar atento às 33 tendências do mercado de trabalho para que possa identificá-las e aproveitá-las (REIS; MAZULO, 2020). • Ameaças: a análise, neste ponto, continua no ambiente externo, no mercado de trabalho, nas tendências. Aqui você precisa verificar os itens que trazem preocupações para o seu trabalho ou para a sua área de atuação de um modo geral (REIS; MAZULO, 2020). Por exemplo: há muitos profissionais com os mesmos conhecimentos buscando trabalho na mesma área, alguma profissão que deixará de existir no futuro etc. A proposta dessas análises é que você coloque em cada um dos respectivos quadrantes o que você já identificou nas observações feitas nos tópicos anteriores. Então, por exemplo, se você verificou que não tem conhecimento no idioma inglês e isso, para a sua atividade profissional, é importante, pode-se considerar uma fraqueza para você. A ideia aqui é você fazer um mapeamento completo sobre você e sobre o mercado de trabalho e a área de atuação. Ao concluir essa análise, você terá uma visão clara e objetiva a respeito de quem é você profissionalmente. Agora que você já tem consciência de sua situação atual, ou seja, você já sabe no que é bom, no que precisa melhorar, assim como as oportunidades que pode aproveitar e as ameaças a que precisa se atentar, é hora de traçar seus objetivos. 2.4 Objetivos Depois de ter realizado todas as etapas anteriores, você está pronto para pensar nos seus objetivos de carreira. Objetivo é “um alvo a ser atingido, um resultado pelo qual trabalha, um propósito a ser alcançado” e é fundamental nesse processo de planejamento de carreira, pois é a partir dele que você poderá traçar as estratégias de como vai “chegarlá” (WHITE, 2012, p. 20). 34 Segundo White (2012), os objetivos precisam ser: • Pessoais: é você que deve estabelecer o que deseja, não seus familiares, cônjuges ou amigos. • Quantitativos: você precisa conseguir analisar se conseguiu ou não alcançar o seu objetivo; precisa definir um indicador para fazer essa avaliação, do contrário, de que forma saberá se alcançou ou não seu objetivo? • Realísticos: precisam ser possíveis de alcançar. Caso contrário, você desanimará. Os objetivos podem e devem ser desafiadores, mas precisam ser factíveis, possíveis de serem atingidos. • Específicos: precisam ser claros o suficiente para que não gerem dúvidas. Precisam dizer o que, quando, onde e quanto. • Além disso, eles precisam ter: • Prazo: é preciso que você determine uma data, qual o tempo necessário para alcançar o seu objetivo. • Valores: é fundamental que esteja alinhado com os seus valores. O seu objetivo de carreira pode estar ligado a: ingressar no mercado de trabalho; ser promovido para outro departamento; trabalhar em outro projeto; desenvolver novas competências; tornar-se empreendedor; ser um influenciador digital; fazer uma transição de carreira. Assim sendo, que tal definir os seus objetivos de carreira e fazer uma checklist dos itens apresentados anteriormente (pessoais, quantitativos, realísticos, específicos, com prazo, relacionados aos seus valores)? Depois de definir seu objetivo, chegamos à etapa mais esperada: o plano de ação. Vamos a ele? 35 2.5 Plano de ação Este é o momento mais esperado de todo o processo, pois é quando se pensa na ação, ou seja, no que é preciso começar a fazer agora para que se consiga alcançar os objetivos estabelecidos e realizar a visão especificada. Ao iniciar esta etapa, estaremos já finalizando o seu planejamento de carreira. Para tal atividade, vamos utilizar a ferramenta 5W2H. Trata-se de um acrônimo das palavras em inglês: What, Why, Where, When, Who, How e How Much (ENDEAVOR, 2017). Na Figura 3, você poderá visualizá-los melhor e com seus respectivos significados: Figura 3 – 5W2H Fonte: elaborada pela autora. 36 Com essa ferramenta, você terá o seu planejamento de carreira concluído. Mas lembre-se de que não adianta ter um planejamento lindo, cheio de ações a serem realizadas e perfeito no papel se você não trabalhar para realizá-lo, combinado? A ideia, ao longo deste Tema, foi a de direcionar os seus passos, mas, a partir daqui, você precisará caminhar por conta própria para conquistar os seus objetivos. Referências BABA, S. P. Propósito: a coragem de ser quem somos. Rio de Janeiro: Sextante, 2016. CARREIRA. In: DICIO – Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2020. Disponível em: https://www.dicio.com.br/carreira/. Acesso em: 4 set. 21. CORTELLA, M. S. Por que fazemos o que fazemos? – Aflições vitais sobre trabalho, carreira e realização. São Paulo: Planeta, 2016. ENDEAVOR. 5W2H: é hora de tirar as dúvidas e colocar a produtividade no seu dia a dia. Endeavor, [s.l.], 8 fev. 2017. GOLD, M. Gestão de Carreira: como ser protagonista de sua própria história. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. KUAZAQUI, E. Gestão de Carreiras. São Paulo: Cengage, 2015. MARQUES, J. R. Praticando Self Coaching – PSC. Goiânia: Editora IBC, 2018. OLIVEIRA, D. de P. R. de. Como elaborar um plano de carreira para ser um profissional bem-sucedido. 3. ed. São Paulo: Grupo Gen, 2018. PLANEJAMENTO. In: DICIO – Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2020. Disponível em: https://www.dicio.com.br/planejamento/. Acesso em: 4 set. 2021. REIS, J.; MAZULO, R. Gestão de imagem: propósito, plano de carreira e êxito profissional. São Paulo: Senac São Paulo, 2020. RITOSSA, C. M. Marketing Pessoal: quando o produto é você. Curitiba: InterSaberes, 2012. (Série Marketing Ponto a Ponto). WHITE, A. Planejamento de Carreira e Networking. São Paulo: Cengage Learning: Senac Rio de Janeiro, 2012. (Série Profissional). https://www.dicio.com.br/carreira/ https://www.dicio.com.br/planejamento/ 37 Desenvolvimento de competências Autoria: Kamila Cristina Gaino Leitura crítica: Ana Cláudia Cerini Trevisan Stuchi Objetivos • Conhecer o conceito de competência. • Diferenciar as hard skills (competências técnicas) das soft skills (competências comportamentais). • Apresentar as soft skills mais demandadas atualmente. • Indicar ideias de como desenvolver algumas soft skills. 38 1. Desenvolvimento Tendo em vista que o mercado de trabalho já se encontrava em uma situação complicada antes da pandemia de Covid-19, essa dificuldade se acentuou ainda mais após o alastramento das infecções por coronavírus. E, considerando a situação econômica que se desenrolou, é possível dizer que o mercado de trabalho estará ainda mais acirrado e, para conseguir uma oportunidade, ou até mesmo para se manter empregado, será necessário apresentar algum diferencial. Sabemos que hoje, para ser um bom profissional, já não é mais suficiente apenas ter o domínio técnico da sua área de atuação, é preciso ter as competências comportamentais desenvolvidas, assim como, ao considerar a cultura brasileira, é imprescindível pensar em networking e em atitude. É fundamental, portanto, que você aprimore seus conhecimentos e busque novos aprendizados. Ressalta-se ainda que já não há mais espaço para aqueles profissionais que sempre têm alguma “desculpa”, como “eu não tenho tempo” ou “para aprender algo novo é preciso dinheiro e eu não tenho”. Essas situações são compreensíveis, mas podem ser, de fato, apenas desculpar, pois, quanto a não ter tempo, por exemplo, é possível rever ou repensar as prioridades, já que, se “estar em desenvolvimento” não for prioridade para você, realmente, nunca encontrará tempo para isso. Sobre a parte financeira, hoje em dia, existe uma infinidade de conteúdos (alguns inclusive muito bons) disponibilizados na internet de forma gratuita. Então, é hora de ter atitude e ser protagonista da sua jornada. E aí, aceita esse desafio para aprimorar o seu desenvolvimento? 1.1 Competências A palavra competência teve origem no termo em latim competere e significa “aptidão para cumprir alguma tarefa ou função”, podendo 39 também ser “usada como sinônimo de cultura, conhecimento e jurisdição” (CODA, 2016, p. 5). Desenvolver as competências é extremamente importante para que você tenha uma carreira promissora. Porém, antes de mais nada, você precisa estar disposto e disponível a aprender a aprender. Será mais leve se você pensar no aprender como um valor e não como uma obrigação, pois isso com certeza tornará o seu processo de aprendizado mais fácil e prazeroso. Coda (2016) nos ensina que as competências podem estar relacionadas às organizações, aos cargos ou aos indivíduos e podem ser divididas da seguinte maneira: • Organizacionais: estão relacionadas à competitividade e à sobrevivência das empresas. Um exemplo dessas competências é foco em inovação. • Gerais: são as capacidades tidas como essenciais a todos os colaboradores da organização, independentemente de seu nível hierárquico ou cargo, como agregar valor. • Profissionais: também são conhecidas por competências “técnicas, funcionais ou específicas” e se relacionam à eficácia do colaborador em exercer o seu cargo e em desempenhar suas atividades, uma tarefa. Por exemplo: domínio técnico. • Gerenciais: são as capacidades esperadas para todos os colaboradores que têm responsabilidades administrativas ou de supervisão, gerência. Um exemplo é a tomada de decisões. • Individuais ou comportamentais: são os atributos pessoais que o colaborador desenvolve e que também pode influenciar na eficácia da realização de suas atividades. Por exemplo: flexibilidade. 40 Nesse estudo, focaremos apenas nas competências técnicas, que também são classificadas como hard skills, e nas competências comportamentais, que são conhecidas como soft skills. Talvez você já tenha ouvido a seguinte expressão: “contrata-se pelas hard skills e se demitepelas soft skills”. Ou seja, não adianta o profissional ser expert, o melhor tecnicamente, se ele não souber, por exemplo, trabalhar em equipe ou sob pressão. Nos próximos tópicos, falaremos um pouco mais sobre as competências técnicas e comportamentais. 1.1.1 Competências técnicas Durante nossa trajetória obteremos uma série de conhecimentos técnicos, a começar pela nossa alfabetização e pelo ensino fundamental, que foi a nossa base. Na sequência, pode vir um curso técnico, uma graduação ou uma pós. É nesse momento que iniciamos a construção do conhecimento teórico e técnico da área pela qual optamos. Quando você atua no mercado de trabalho, passa a ter a oportunidade de desenvolver o conhecimento prático ou tácito, que é aplicar, na prática, o que você estudou na teoria (COUTINHO, 2020). Segundo Coutinho (2020, p. 150), é somente quando você atua no mercado de trabalho, que passa a “ter a oportunidade de desenvolver o conhecimento prático ou tácito”, ou seja, é quando começa a aplicar, na prática profissional, o conhecimento adquirido na formação. Para ele, [o] verdadeiro valor do conhecimento técnico aparece quando ele é colocado em prova, em prática” por isso é importante que as organizações também possam incentivar o “compartilhamento de conhecimento, pois é esta prática que vai gerar a sinergia de aprendizado. (COUTINHO, 2020, p. 150) 41 As competências técnicas são todos os conhecimentos que adquirimos. Por exemplo: o idioma que você está aprendendo, aquela certificação que você está buscando, ou seja, todo conhecimento que você precisa ter para conseguir realizar o seu trabalho, as suas tarefas diárias. É tudo o que você aprende no ensino formal, ou não, são os cursos que você faz, os treinamentos; são aquelas informações que você coloca no seu currículo e no LinkedIn. De um modo geral, as competências técnicas são quantificáveis, isto é, consegue-se facilmente avaliar se você tem ou não. Por exemplo, se você diz que é fluente em inglês, é possível avaliar isso fazendo um teste prático e, durante o bate-papo nesse idioma, pode-se identificar qual o seu nível de proficiência. Agora, conheceremos um pouco mais sobre as competências comportamentais. 1.1.2 Competências comportamentais Com as mudanças cada vez mais aceleradas, as competências comportamentais têm sido muito valorizadas e demandadas no mercado de trabalho. Embora as soft skills sejam mais difíceis de serem avaliadas durante um processo seletivo, muitas empresas têm recorrido a testes que ajudam a identificar alguns traços do perfil comportamental do candidato. De modo geral, em um processo seletivo, podem ser realizados os seguintes testes: • Fit cultural: a partir dele, é possível fazer um mapeamento sobre o seu estilo de trabalho, ou seja, pode-se identificar a forma como gosta de trabalhar e o que mais valoriza no ambiente de trabalho. • Mapeamento de perfil: aqui a ideia é verificar algumas características do candidato, como: sociabilidade, como reage com as críticas, como lida com as emoções, entre outras. 42 • Teste situacional: aqui é dada uma situação hipotética que pode acontecer dentro do ambiente organizacional e você precisa escolher, entre as alternativas, quais delas melhor se encaixaria na sua forma de resolver tal situação. • Teste de inferências: são propostas ao candidato algumas perguntas, que muitas vezes parecem ambíguas, pois há, em sua estrutura, um ou mais argumentos, e ele precisa escolher a alternativa que melhor as responda. Aqui se avalia o bom senso e o raciocínio. Você consegue perceber que, cada vez mais, as empresas estão se empenhando em conhecer o candidato não só por seu currículo ou por seu LinkedIn (suas competências técnicas), mas também por seus comportamentos e atitudes, que estão muito relacionados às suas competências comportamentais? Os anos de 2019, 2020 e 2021 (sobretudo os dois primeiros) foram bastante desafiadores, o mundo viveu uma pandemia e, de uma hora para a outra, tudo mudou: os hábitos, as rotinas, a forma de trabalho, sem contar as perdas irreparáveis, o que nos exigiu o desenvolvimento de muitas soft skills. Nesse sentido, a Figura 1 apresenta as competências comportamentais mais demandas em 2021: 43 Figura 1 – Competências comportamentais Fonte: adaptada de Coutinho (2020) e Vagas (2021). 44 O Fórum Econômico Mundial (2020), por meio de seu relatório The Future of Jobs, elencou as soft skills mais demandas até o ano de 2025. Elas estão descritas na Figura 2: Figura 2 – Soft skills Fonte: adaptada de WEF (2020). É possível perceber que algumas delas já vêm sendo apontadas há tempos. Por exemplo, as soft skills de pensamento analítico; resolução de problemas complexos; pensamento crítico e analítico; criatividade, inovação, originalidade e iniciativa; inteligência emocional e orientação de serviço já apareceram nos relatórios de anos anteriores. Ou seja, isso 45 já é um alerta, um ponto de atenção a ser avaliado. A propósito, como está o seu desenvolvimento a respeito dessas soft skills? 1.2 Mapeamento de competências Você já percebeu que temos muitas soft skills e que, não necessariamente, precisamos ter todas elas desenvolvidas em alto nível? Para estar sempre atualizado em relação ao desenvolvimento de suas hard e soft skills, é importante que você considere seus gostos, sua disponibilidade e disposição para aprender, bem como quais são as demandas da empresa e do mercado. Uma sugestão é que você faça um levantamento a respeito de suas hard e soft skills. Quais você tem mais bem desenvolvidas? Aqui você pode se lembrar dos feedbacks que já recebeu de seus gestores, pares no trabalho e até mesmo de familiares e amigos. É sempre muito importante termos mapeadas essas informações. Além disso, há algumas outras possibilidades, vamos a elas: • Atividade atual: você tem alguma dificuldade em realizar as suas atividades do dia a dia? Se sim, pode ser que esteja faltando desenvolver um pouco mais alguma competência técnica, por exemplo. • Você não cresce na empresa: o motivo para isso pode não necessariamente ser devido a alguma questão técnica, mas pode ser em virtude de algum aspecto comportamental. • Seu currículo não é atrativo para o mercado: um ponto a observar aqui é: se você está enviando currículos e não tem sido chamado para nenhuma entrevista, é preciso verificar a formatação e a forma como você está disponibilizando as informações no seu currículo. Outro ponto a ser considerado é 46 a possível falta de alguma competência técnica. Isso porque, por meio do seu currículo, só se pode avaliar as suas competências técnicas, já que o currículo é algo “frio” e não permite uma análise mais qualitativa a respeito de seus comportamentos, por exemplo. Outra maneira de identificar as hard skills que precisa desenvolver é fazendo buscas no LinkedIn, por exemplo. Nessa plataforma, você pode procurar pelo perfil de profissionais que estão na função que você gostaria de estar ou que trabalham na empresa em que você gostaria de trabalhar. Acesse a página dessas pessoas, analise as formações que têm e os cursos que fizeram. Para fazer essa busca, você precisa acessar o seu próprio perfil no LinkedIn (e, se você ainda não o tem, realize seu cadastro o mais rápido possível) e precisa fazer a pesquisa por empresa: 1. No campo da pesquisa, você deve colocar a empresa que deseja buscar. No exemplo a seguir, a empresa pesquisada foi “Boticário”, conforme pode ser visto na Figura 3: Figura 3 – Pesquisa da empresa Boticário Fonte: captura de tela do LinkedIn. 2. Após isso, você acessará o perfil da empresa no LinkedIn, conforme verá na Figura 4. Clicando em “Pessoas”, conseguirá visualizar todos os colaboradores que trabalham lá e que têm perfil no LinkedIn, de acordo com o apresentado na Figura 5. 47 Figura 4 – Perfil da empresa Boticário Figura 5 – Colaboradores do Boticário Fonte: captura de tela de https://www.linkedin.com/company/grupo-boticario/.Acesso em: 17 jan. 2022. Fonte: captura de tela de https://www.linkedin.com/company/grupo-boticario/people/. Acesso em: 17 jan. 2022. 3. Além disso, você também conseguirá filtrar pelos cargos. Então, imagine que você queira visualizar os colaboradores que exercem a função de “coordenador de Marketing” para analisar as hard skills deles. Na Figura 6, observamos que há 333 profissionais com o registro de coordenador de Marketing no perfil do LinkedIn na empresa Boticário, segundo pesquisa realizada na rede social. 48 Figura 6 – Colaboradores do Boticário com o registro de Coordenador de Marketing Fonte: captura de tela de https://www.linkedin.com/company/grupo-boticario/ people/?keywords=coordenador%20de%20marketing. Acesso em: 17 jan. 2022. 4. Você também pode fazer uma busca para visualizar as empresas que estão contratando para a vaga almejada. Por exemplo, vamos procurar vagas de “analista de logística”. Com a busca, você conseguirá visualizar todas as ofertas disponíveis na plataforma e poderá analisar quais hard e soft skills cada uma delas está demandando, conforme se vê na Figura 7. 49 Figura 7 – Vagas e competências demandadas para analista de logística Fonte: adaptada de LinkedIn. Se você está trabalhando, pode chamar o seu gestor para um bate-papo e sinalizar o seu interesse em se desenvolver e questioná-lo sobre o que ele acredita ser importante aperfeiçoar para conseguir dar o tão sonhado “próximo passo”, ou você pode perguntar diretamente para o departamento de Recursos Humanos. 1.2.1 Como desenvolver as soft skills Agora que você já conhece algumas das soft skills mais buscadas atualmente, vamos analisar algumas formas de desenvolvê-las o quanto antes. É muito importante ressaltar que, por se tratar de competências comportamentais, o desenvolvimento delas depende muito de você. É relevante ressaltar também que há muito a se dizer sobre cada uma das soft skills apresentadas, mas que serão apresentadas a seguir apenas algumas dicas sobre elas: • Pratique o autoconhecimento: você precisa se conhecer, gostar de quem você é, conhecer seus pontos fortes e a desenvolver. Você necessita saber sobre as suas emoções e os gatilhos que 50 o levam a senti-las para que possa aprender a agir da melhor maneira possível e não a reagir por impulso a todo momento. • Tenha como hábito sempre estudar: ressalta-se aqui a relevância de buscar aprender sobre as diversas áreas do saber (e não somente sobre a sua área de atuação), isso ajudará a ampliar o seu repertório e sua visão sistêmica. • Esteja disposto a conhecer as novas tecnologias que já estão disponíveis e as que irão surgir. • Sempre faça questionamentos para que possa entender melhor sobre a informação que está lendo ou recebendo. Conheça a fonte da informação e o mais importante: não acredite em tudo que lê, ouve ou vê na TV, nas rádios ou na internet. • Desenvolva a sua comunicação e treine a escuta ativa. • Melhore a sua empatia: desenvolva a sua capacidade de se colocar no lugar das outras pessoas, compreendendo suas emoções e sentimentos sem julgamentos. Enxergue o mundo através da visão das outras pessoas. • Treine a sua capacidade de resiliência. • Aceite as mudanças: assuma o papel de protagonista da sua história e da sua jornada. • Saia da sua zona de conforto: evite posturas de resistência, não seja “do contra”. • Faça coisas novas, diferentes, aquelas que não está acostumado a fazer ou que nunca fez, nem que seja para mudar o trajeto da sua casa ao trabalho uma vez ou outra. Experimente caminhos diferentes, conheça lugares novos, comece a praticar algum exercício físico. 51 • Inclua um tempinho para si mesmo na sua agenda, um momento só seu, nem que não faça nada, curta a sua própria companhia, descubra coisas que você gosta de fazer. Agora que você já fez o seu mapeamento de competências, seja por meio de feedback, seja buscando no LinkedIn, por exemplo, profissionais com o perfil que você almeja alcançar ou o que as empresas estão demandando nas vagas que você almeja, é hora de pensar e agir: quais competências você já tem e quais precisará desenvolver? Das que precisa desenvolver, qual é a ordem de prioridade? Feito isso, pense nas ações que você precisará realizar: precisará fazer algum curso? Desenvolver o networking? Bem, agora é com você: mãos à obra! Referências CODA, R. Competências comportamentais: como mapear e desenvolver competências pessoais no trabalho. São Paulo: Grupo GEN, 2016. COUTINHO, C. A tríade da competência: assuma o controle do seu crescimento contínuo. Rio de Janeiro: Alta Books, 2020. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Desemprego. IBGE, [s.l.], 2021. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php. Acesso em: 25 set. 2021. VAGAS. Saiba agora quais são as competências mais importantes de 2021. Vagas, [s.l.], 2021. Disponível em: https://www.vagas.com.br/profissoes/competencias- mais-importantes-em-2021/. Acesso em: 25 set. 2021. WEF. World Economic Forum. The Future of Jobs Report 2020. World Economic Forum, [s.l.], 20 out. 2020. Disponível em: https://www.weforum.org/reports/the- future-of-jobs-report-2020. Acesso em: 27 set. 2021. 52 Networking e marca pessoal Autoria: Kamila Cristina Gaino Leitura crítica: Ana Cláudia Cerini Trevisan Stuchi Objetivos • Conhecer o conceito de networking. • Entender a relação entre empregabilidade e networking. • Conhecer os pilares da empregabilidade. • Apresentar o conceito de marca pessoal. • Compreender os elementos que compõem a imagem. • Observar a conexão entre a marca pessoal e as redes sociais. 53 1. Mostrando o trabalho Tão importante quanto ter as competências desenvolvidas é mostrá-las. É preciso que as pessoas saibam o que você está fazendo, no que você é bom, de que forma você poderia ajudar naquele projeto da empresa ou como você pode resolver o problema daquela companhia que contratou os seus serviços. E, para que isso tudo aconteça, você precisa se comunicar. Você já deve ter ouvido aquela máxima “quem não é visto, não é lembrado”, não é mesmo? Neste Tema, vamos falar um pouquinho sobre “como” mostrar o seu trabalho. Falaremos sobre o networking e sua marca pessoal, vamos lá? 1.1 Networking A palavra network significa “rede de trabalho” e qualquer “veículo que você utiliza para guardar contatos e trocar informações pode ser chamado assim: desde sua agenda até qualquer rede social da qual você faça parte” (REIS; MAZULO, 2020, [s.p.]). Trata-se da “capacidade de estabelecer uma rede de contatos ou uma conexão com algumas pessoas, trocando ideias, informações, sonhos e projetos” (GOLD, 2019, p. 42). Antigamente, era a famosa “troca de cartões de visitas”. Não que essa prática tenha deixado de existir, mas hoje já é praticamente obrigatório esse cartão vir com alguma informação a respeito do seu contato digital. O networking é fundamental em uma cultura relacional, como a que vivenciamos aqui no Brasil, mas é importante se lembrar de algumas regras de etiqueta: seja sempre cordial com as pessoas, independentemente se é o porteiro ou o presidente da empresa. Se o contato for através da escrita, seja por meio do envio de um e-mail, 54 seja por meio de alguma rede social, atente-se à grafia e aos erros de português em geral, pois, pode parecer bobagem, mas a falta de atenção com a escrita pode indicar que você não foi cuidadoso o suficiente ao escrever a mensagem. Lembre-se também de se atentar aos horários: o ideal é que você se atenha ao horário comercial sempre. 1.1.1 A empregabilidade e o networking Temos observado que o mercado de trabalho tem passado por grandes transformações no decorrer dos tempos, como a diminuição das vagas CLT e a uberização. A empregabilidade é “a capacidade do profissional de obter um emprego e, principalmente, ter a sua carreira protegida dos riscos inerentes ao mercado de trabalho”, ou seja, o profissional precisa se adaptar frente às transformaçõesque estão ocorrendo. Trata-se então do “conjunto de competências e habilidades para que o indivíduo conquiste e mantenha um emprego, destacando o quanto suas características pessoas e profissionais influem no seu bom desenvolvimento” (GOLD, 2019, p. 55- 56). Gold (2019) nos apresenta os seis pilares da empregabilidade e você poderá visualizá-los na Figura 1: 55 Figura 1 – Pilares da empregabilidade Fonte: adaptada de Gold (2019). • Adequação: diz respeito à sua adequação com a sua profissão; o ideal é que esteja baseada na sua vocação e nos seus talentos. • Competências: refere-se às competências técnicas e comportamentais, as hard e as soft skills. • Idoneidade: trata-se da sua honestidade, da sua credibilidade no mercado. • Saúde: representa aqui tanto a saúde física quanto a mental. O ideal é você manter hábitos saudáveis e que o ajudem a diminuir o stress, 56 infelizmente, tão comum no nosso cotidiano, para que consiga fazer as suas entregas de forma assertiva. • Finanças: diz respeito a reservas financeiras e, cada vez mais, à possibilidade de gerar renda sem necessariamente depender do seu trabalho principal. É o pensar: “se eu fosse demitido hoje, o que eu passaria a fazer?”. • Relacionamentos: de nada adianta você ser extremamente competente se você ficar se escondendo. O Brasil é um país relacional e muitas das vagas disponíveis são preenchidas por meio de indicações, assim como diversos negócios também são fechados com base nas indicações. Isso não quer dizer que basta apenas ser indicado para que a vaga seja sua, você precisa fazer a sua parte e se preparar para as oportunidades. Ser indicado não é garantia alguma, mas pode significar a oportunidade de participar de um processo seletivo que está aberto, mas que, em alguns casos, não foi divulgado. O networking também é fundamental para quem é empreendedor, pois, se você prestar um bom serviço, haverá sempre algum cliente fazendo indicação sua a seus amigos e conhecidos. É sempre bom contar com uma boa referência, não é mesmo? 1.1.2 Dicas para conquistar e manter seu networking Já aprendemos que o networking se trata de uma rede de relacionamentos; logo, assim como qualquer outro tipo de relacionamento, é preciso dedicação e, principalmente, a prática de uma escuta ativa, afinal, é importante conhecer um pouco mais da outra pessoa também. Então, fique atento para não monopolizar a conversa, combinado? 57 Networking não se trata de acionar o seu contato somente nos momentos em que você precisa de alguma coisa, de algum “favorzinho”. Uma rede de relacionamento pressupõe uma rede de ajuda mútua, na qual a ideia principal é que ambos os lados tenham benefícios. Trata-se da troca de experiências e de informações, potencializando, assim, as oportunidades por meio dos relacionamentos. Reis e Mazulo (2020) nos dão algumas dicas de como conquistar e também manter um bom networking: • Participe de palestras, cursos, eventos, congressos e outras atividades relacionadas à sua área de atuação ou de outras áreas em que tenha interesse. Interaja nos momentos de intervalo, nos coffee breaks, e tenha em mente que de nada adianta participar de todos os cursos e, nos intervalos, ficar sentado na cadeira esperando as pessoas irem conversar com você; é preciso também ter iniciativa e interagir. • Esteja sempre atualizado a respeito dos assuntos gerais, sobre o que está acontecendo ao redor do mundo, afinal, nunca se sabe com quem você iniciará uma conversa em algum evento, por exemplo. Se você tiver algum “alvo” para fazer contato, é importante saber sobre o mercado de atuação dessa pessoa. • Tenha um cartão de visitas com seus dados de contato digital para poder entregar aos seus novos contatos. • Esteja presente. Responda sempre que for requisitado, mesmo que seja para dizer que não tem a resposta agora e que retornará depois. • Não compartilhe com outras pessoas os dados de contato, por exemplo número de telefone/WhatsApp de seus contatos, a menos, é claro, que você seja autorizado a isso. • Se você ler alguma reportagem pertinente sobre um tema de interesse de algum de seus contatos, compartilhe com eles, é importante se fazer presente. 58 • Seja ético e jamais, em hipótese alguma, conte os “causos”, as histórias de seus contatos a outras pessoas, a menos que você tenha autorização para tal compartilhamento. Outras dicas que poderão ajudá-lo são: • Você pode iniciar seu networking estreitando os laços com pessoas que já fazem parte do seu dia a dia, como os colegas do bairro, da faculdade, do curso de inglês, do clube e dos demais lugares que você já frequenta. • Nas redes sociais, siga as empresas ou os profissionais que admira, observe o que é falado, responda aos comentários, interaja. • Participe dos grupos de discussões com o objetivo de “somar”, fazer contribuições positivas e enriquecedoras e não de “causar”. A ideia aqui é criar conexões, e não arrumar confusões. • Esteja disponível e ajude as pessoas sempre que houver possibilidade. Agora, falaremos um pouco sobre a gestão da marca pessoal. 2. Gestão da marca pessoal Inicialmente, vamos compreender a diferença entre marca pessoal e marketing pessoal. A marca pessoal diz respeito a tudo que o faz único, ao que você é. Trata- se do seu propósito, dos seus valores, do seu caráter. É como as outras pessoas o percebem, como se lembram de você de acordo com suas ações, comportamentos, conhecimentos (TEIXEIRA; PEREIRA, 2010; LOPES, 2018). 59 Marketing pessoal diz respeito às ações e estratégias pensadas para dar visibilidade às competências do profissional, ajudando-o, assim, a conseguir uma posição no mercado de trabalho, uma transição de carreira ou uma nova carreira, como o empreendedorismo (DELGADO; MENDES, 2021). Temos que estar atentos também ao universo da marca, que está relacionado a toda a sua história, ao que você traz de valores, crenças, qual o seu tom de voz, estilos da sua linguagem, expressões, que estão relacionadas à imagem, além das redes sociais e dos compartilhamentos que você faz. Quando pensamos na gestão da marca pessoal, precisamos ter em mente o autoconhecimento a fim de identificar pontos fortes e pontos a desenvolver, assim como as oportunidades e ameaças apresentadas pelo mercado de trabalho. Outro ponto chave dentro dessa análise deve ser a definição do seu público-alvo, que pode ser as empresas onde você gostaria de trabalhar, ou, se você já está trabalhando e quer mudar de departamento, esse novo departamento. E, se você é influenciador digital ou empreendedor, seu público-alvo dependerá de uma série de elementos, mas é fundamental que você o identifique, porque todas as demais ações serão pensadas tendo em vista o seu público-alvo: a forma de se relacionar, os produtos ou serviços a serem ofertados, a forma de distribuição (se for algum produto ou serviço) e os canais de divulgação. Agora, vamos estudar um pouco mais sobre a imagem, momento em que falaremos também sobre alguns elementos desse universo da marca. 2.1 Imagem pessoal e profissional Se lhe fosse perguntado “o que você acredita ser a imagem pessoal e profissional?”, provavelmente você diria que se trata da aparência física ou de como nos apresentamos visualmente, certo? 60 E, de fato, você tem razão, mas a imagem de um profissional não está relacionada apenas à sua aparência visual (REIS; MAZULO, 2020), mas leva em consideração também a imagem pessoal, que é como os outros o percebem. A imagem é aquilo que você parece ser; é formada por sua reputação, seu comportamento, sua aparência, entre outros. Reis e Mazulo (2020) mostram que a imagem é formada por uma série de atitudes, às quais precisamos estar atentos, pois é preciso ter equilíbrio. Na Figura 2, você poderá visualizar as atitudes apresentadas pelos autores: Figura 2 – Conjunto de atitudes que constituem a imagem do profissional Fonte: adaptada de Reis e Mazulo (2020). 61 Você imaginou que a imagemera composta de tantos elementos assim? Agora vamos saber um pouco mais sobre cada uma dessas atitudes: • Autoconhecimento: é o início de tudo, pois é imprescindível se conhecer, saber quem você é para que possa projetar essa imagem sua para os outros. • Apresentação pessoal: diz respeito a tudo que se relaciona à sua aparência: suas roupas, seu estilo, seu tipo físico, as cores que o favorecem, sua saúde, cuidados pessoais como: pele, cabelos, unhas, barba (para os homens). É respeitar o dress code (código de vestimenta) da empresa e dos lugares que você frequenta. • Comunicação: a comunicação é fundamental para os profissionais nos dias de hoje, porque é importante conseguir se expressar adequadamente nas diversas situações cotidianas, independentemente de qual seja o cargo da pessoa com quem está conversando, por exemplo. Muitas pessoas sentem pânico ao pensar em conversar com um presidente de empresa, por exemplo. • Elegância e gentileza: seja gentil com as pessoas, procure estar acessível sempre que possível, seja empático. Responda quando alguém lhe perguntar algo. Busque observar o que acontece ao seu redor. • Essência: conheça e respeite a sua essência, o seu “eu interior”, a sua verdade. Não busque ser o que não é. • Inteligência social: diz respeito à forma como nos relacionamos com as pessoas. Possibilita o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis. • Discrição: claro que cada um tem uma personalidade e precisamos respeitá-la, mas procure evitar exageros desnecessários. 62 • Cultura: diz respeito a tudo o que você vivenciou durante a sua jornada de vida, são as suas vivências. Está relacionada às suas linguagens, aos seus valores, às suas crenças, ao seu vestuário, a seus comportamentos, enfim, é o seu repertório. • Comportamento: falamos anteriormente que a imagem é o que você parece ser, e o comportamento está muito relacionado a isso. Imagine que você seja grosseiro e ríspido com seus colegas de trabalho e que alguma pessoa que não o conhece, como um “novato” na empresa, esteja observando a situação. Qual imagem você acredita que essa pessoa terá de você? Outro exemplo é quando alguém o “fecha” no trânsito e você buzina, xinga e vai atrás do outro carro, o que, além de ser extremamente perigoso, deixará claro que você não tem controle algum sobre suas emoções. • Ética: trata-se da sua conduta, que está relacionada aos seus valores. A frase “é o que você faz quando ninguém está olhando” é bastante adequada para traduzir o que é agir eticamente. Agora que você já conhece um pouco de imagem, vamos falar sobre o seu posicionamento nas redes sociais. 2.2 Marca pessoal nas redes sociais Estamos na Era da Comunicação e, com a ajuda da tecnologia, temos a possibilidade de estar “acessível” praticamente 24 horas por dia, 7 vezes por semana. Não que isso seja saudável, mas fato é que estamos a todo momento conectados. Segundo dados do relatório Digital 2021 (AMPER, 2021; KEMP, 2021), em janeiro de 2021, aproximadamente 4,66 bilhões de pessoas ao redor do mundo utilizavam a internet, o que quer dizer que cerca de 59,5% da população mundial tem acesso à internet. Também no ano de 2021, havia 4,20 bilhões de pessoas ao redor do mundo que utilizavam alguma 63 mídia social. Esses números nos mostram um crescimento de 13% (cerca de 490 milhões de novas pessoas) em relação ao ano de 2020. Isso significa que, por volta de 53% da população tem acesso a alguma mídia social. Com base nesses números, podemos perceber a importância de estar em alguma rede social para nossa marca pessoal. Por meio das redes sociais, podemos potencializar nossa marca pessoal, podemos trabalhar, e muito, nosso networking. Ou seja, com planejamento adequado, é possível conseguir bons resultados com as redes sociais. Mas, da mesma forma que elas podem nos ajudar, podem também acabar com nossa reputação. Embora seja um tema bastante controverso, hoje em dia, cada vez mais os recrutadores consultam as redes sociais dos candidatos durante o processo seletivo para tentar saber mais sobre cada um deles. Os recrutadores buscam o perfil do candidato nas redes sociais para observar como ele se comporta quando está mais à vontade, para checar como expõe as opiniões, como trabalha com as diferenças e que tipos de comentários torna público (VAGAS, 2021). Além disso, é possível identificar também os posicionamentos que o candidato faz nas redes. Mas não são somente os recrutadores que podem observá-lo nas redes sociais durante um processo de seleção; muitas empresas têm como prática checar o comportamento de seus colaboradores nas redes sociais também. Inclusive, a empresa pode demitir um colaborador por justa causa em algumas situações. Veja, na Figura 3, alguns comportamentos que podem culminar em uma demissão: 64 Figura 3 – Comportamentos que podem gerar demissão Fonte: adaptada de Alcantara (2020). Um exemplo que, infelizmente, é visto com frequência nas redes sociais é um colaborador que está de atestado médico postar fotos de viagens com a família ou amigos ou de festas no mesmo período do atestado. Esse é um caso clássico de demissão por justa causa. A partir daqui, vamos falar mais sobre a reputação. 2.3 Reputação Se buscarmos no dicionário, encontraremos que reputação é: “conceito obtido por uma pessoa a partir do público ou da sociedade em que se vive: minha reputação sempre chega antes de mim”, “possuir nome de prestígio” (REPUTAÇÃO, 2021, [s.p.]), ou seja, está muito relacionado às opiniões que as pessoas têm a seu respeito. O reflexo da imagem positiva é o que formará a sua reputação (DELGADO; MENDES, 2021). Há problemas com a reputação quando 65 existem incoerências entre o que é falado e o que é praticado. Hoje, cada vez mais as pessoas têm acesso às informações, então não é mais possível “fingir” que é uma pessoa e ter comportamentos e atitudes que comprometerão a imagem que você está projetando: seus fãs, seguidores, suas conexões irão perceber. Os problemas com a reputação podem impactar tanto na pessoa quanto nas marcas que ela representa. Quando falamos em influenciadores digitais, os impactos são bem grandes também, como a perda de seguidores e de contratos com patrocinadores, que não desejam associar a marca com o influenciador diante de alguma situação de crise, por exemplo. Por isso, é bastante importante que você esteja em consonância, seja congruente com seus valores e crenças, suas opiniões, seu posicionamento. Faça uma avaliação nas suas redes sociais, observe as suas fotos, suas postagens, os grupos de que você participa, como tem sido sua participação, efetivamente, nelas. Sempre é tempo de observar e, se houver alguma divergência entre o que você posta e o que você efetivamente pensa, sempre é tempo de corrigir e se policiar. E, assim, finalizamos esta disciplina. Espera-se que, com este Tema, você tenha compreendido a importância de mostrar o seu trabalho de forma organizada e planejada, assim como de estarmos sempre em movimento, criando conexões e as mantendo. Sem contar a relevância de estarmos em alguma rede social para ajudar na divulgação e na constância de nossa marca pessoal. Referências ALCANTARA, N. de. Muito cuidado: redes sociais podem causar demissão. Santos Bancários, Santos, 2020. Disponível em: https://santosbancarios.com.br/artigo/ muito-cuidado-redes-sociais-podem-causar-demissao. Acesso em: 7 out. 2021. 66 AMPER. We Are Social e HootSuite–Digital 2021 [Resumo e Relatório Completo]. 2021. Disponível em: https://www.amper.ag/post/we-are-social-e-hootsuite-digital- 2021-resumo-e-relat%C3%B3rio-completo. Acesso em: 17 jan. 2022. DELGADO, E. C. P.; MENDES, G. S. Gestão de Imagem e Personal Branding. Curitiba: InterSaberes, 2021. GOLD, M. Gestão de Carreira: como ser o protagonista da sua própria história. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. KEMP, S. Digital 2021:Brazil. 2021. Disponível em: https://datareportal.com/reports/ digital-2021-brazil . Acesso
Compartilhar