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Anamnese e semiologia oftálmica 1 Anamnese e semiologia oftálmica Anatomia GLOBO OCULAR → conjuntiva, córnea, íris, corpo ciliar, ângulo camerular, cristalino, esclera, coroide. Semiologia oftálmica Anamnese ROTEIRO SEMIOLÓGICO: Identificação e dados gerais Origem do encaminhamento QP, HDA, HPMA (início e evolução, uni ou bilateral, manifestações associadas) Consultas anteriores (óculos, inclusive) Antecedentes familiares (glaucoma, estrabismo, descolamento de retina), pessoais (DM - retinopatia diabética, HAS - trombose venosa retiniana), oftalmológicas Uso de medicamentos (corticoesteroides - glaucoma e catarata, cloroquina - maculopatia) e alergias obs.: parentes com glaucoma aumentam a chance de ter em 30% obs.: corticoesteroides ocular no máximo por 7 dias Anamnese deve ser baseada em bom senso e conhecimento oftalmológico do médico. Não dar diagnóstico sem esgotar a pesquisa. Protruário médico. Após término → dúvidas e indagações HDA → esclarecimento e entendimento do que diz o paciente, tempo e modo de início (súbito ou gradual), gravidade (melhorou, piorou ou ficou inalterado), influências (esforço), constância (intermetente ou sazonal), lateralidade, documento e registros anteriores Cada queixa deve ser detalhada, com início, duração e impacto funcional. Anamnese e semiologia oftálmica 2 Semiologia COMPREENDE → avaliação da acuidade visual; motilidade ocular extrínseca; exame das pupilas; exame ocular externo; biomicroscopia; tonometria; gonioscopia; fundoscopia; exames complementares (campo visual, teste de Schirmer, rosa bengala) Acuidade visual Status da visão, mede a capacidade do sistema visual de reconhecer um ativo; AV OD e OE, s/c e c/c, ex dinâmica e estática TABELA DE SNELLEN → forma mais comum de avaliação da acuidade visual à distância; representada por fração ou decimal; 20/20 = visão normal Numerador → distância em que o exame está sendo realizado (20 pés ou 6m) Denominador → distância que o observador normal deveria ver a letra Deve ser medida sem uso de óculos e, posteriormente, com eles. ex.: 20/200 = paciente leu o optotipo a uma distância de 20 pés, enquanto um indivíduo emétrope o faria a 200 pés Figuras → tabela de Allen Tabela de Jaeger → forma de avaliação da acuidade visual para perto (35cm) obs.: bebês → cartões de teller (quantificar a acuidade visual, a capacidade do olho de reconhecer dois pontos muito próximos, por meio de cartões especiais) Considerar o valor da linha com os menores optotipos que o paciente conseguiu ver. Se não conseguir enxergar pela tabela de Snellen, pode-se pedir para enxergar os dedos a alguns metros e anotar quantos metros, movimentar a mão a alguns metros e anotar quantos metros (acuidade “movimentos de mão”) e acender uma fonte de luz, perguntando se está acesa ou apagada, e anotar quantos metros (acuidade de percepção luminosa). Visão de cores Teste de Ishihara é o mais comum para identificação das deficiências congênitas para a visão de cores. Na visão da criança, pode-se utilizar o tambor optocinético, que contém listras escuras com espessuras diferentes, e o olho acompanha o sentido da faixa; cada espessura de faixa tem uma medida de visão diferente. A visão é complexa e exige interação de fatores fisiológicos e psicológicos. Refração Allen Jaeger Anamnese e semiologia oftálmica 3 A luz que se propaga através de uma interface, separando 2 meios ópticos diferentes, pode sofrer 3 tipos de fenômenos ópticos (reflexão, absorção ou refração). REFRAÇÃO → o desvio do feixe de luz quando este atravessa a interface entre 2 meios transparentes que conduzem a luz com velocidades diferentes. Para prescrever óculos, é preciso inicialmente fazer a refratometria, ou seja, medir o poder dióptrico necessário da lente que corrija a alteração refracional do paciente. Mede a adequação óptica da retina em relação ao comprimento axial do olho, fornecendo a melhor acuidade visual corrigida para cada paciente. Pode ser feita: OBJETIVA → no refrator automático, retinoscopia (esquiascopia) SUBJETIVA → no refrator de Greens, de acordo com a informação do paciente; refina a medição objetiva Diagnóstico Diagnóstico de baixa visual Ametropias → miopia, hipermetropia e astigmatismo Meios transparentes → córnea, cristalino, corpo vítro Retina neurossensorial → degeneração retinaiana, descolamento Nervo óptico → neurites, glaucoma Vias ópticas → AVC, tumores etc Córtex cerebral → cegueira cortical, paciente não tem percepção Exame do reflexo vermelho detecta opacidades. Exame ocular externo Começa com avaliação e palpação: B - hipermetropia; C - miopia; D - astigmatismo; E - neutralidade Anamnese e semiologia oftálmica 4 Propriedades do sistema visual ALINHAMENTO DOS OLHOS → estrabismo - teste do reflexo corneano, método de Hirschberg (avaliação objetiva do alinhamento ocular) Movimento dos olhos (motilidade ocular) Binocularidade (fusão) → monocular não tem fusão de imagens (sem percepção de profundidade) Motricidade ocular extrínseca (MOE) MOE → reflexo corneano, testes de oclusão e das posições do olhar REFLEXO CORNEANO → a 1m de distância, projeta-se luz para visualização do reflexo luminoso, que devem ser simétricos em relação à pupila nos dois olhos (alteração = tropia; deslocamento do reflexo de um dos olhos) TESTES DE OCLUSÃO → avaliar de forma mais complexa o desvio; foria = tendência dos olhos desviarem quandos e quebra a fusão, quando se ocluem um dos olhos; 2 etapas: O teste de oclusão alternado (oclui um por 2-3 segundos e depois o outros e alterna-se) interrompe o mecanismo de fusão pela binocularidade, evidenciando desvios latentes - deve ser feito após oclusão e desoclusão. O paciente com “foria” terá os olhos paralelos antes e depois do exame, enquanto que na “tropia”, permanecerá o desvio manifesto. POSIÇÕES DO OLHAR CONJUGADO → avaliação dos músculos oculares extrínsecos Anamnese e semiologia oftálmica 5 Exame do reflexo vermelho Obrigatório em RN. O exame deve ser feito em penumbra e com o oftalmoscópio direto no zero colocado a aproximadamente a distância de um braço dos olhos da criança, fazendo-se a luz incidir sobre a glabela e observando-se o reflexo vermelho das duas pupilas simultaneamente. Se for notada diferença no reflexo entre um olho e outro, ou ausência do reflexo vermelho, a criança deve ser encaminhada para o oftalmologista com urgência. A ausência do reflexo vermelho significa que há bloqueio à passagem da luz ou que existe algo não vermelho na retina. Assim, opacidades de córnea, do cristalino (catarata), alterações no vítreo e massas brancas na retina podem ser causas de anormalidade. Reflexo pupilar à luz (fotomotor, consensual e acomodação) Constrição da pupila com a incidência de luz e/ou com objetos se aproximando. Deve haver reflexo bilateral, mesmo com a incidência de luz unilateral (deve-se tampar para não incidir luz no outro olho). Pupilas do mesmo tamanho = isocoria; pupilas de tamanhos diferentes = anisocoria obs.: nas anisocorias fisiológicas, o mesmo grau de diferença entre as pupilas persiste em todos os níveis de iluminação e também na reação para perto. Anamnese e semiologia oftálmica 6 Biomicroscopia LÂMPADA DE FENDA → mais utilizado, analisa anexos oculares, segmento anterior e posterior Útil na realização da fonometria e gonioscopia e fundoscopia - lentes acessórias Apresenta basicamente 3 sistemas: biomicroscópio, de iluminação e mecânico (focalização) DIRETA → focalização no mesmo plano INDIRETA → planos diferentes Gonioscopia GONIOSCOPIA → avaliação do seio camerular - junção da córnea e a esclera (adjacente à raiz da íris). Realiza por auxílio da lâmpada de fenda e de lentes acessórias. No olho normal, não é possível a visualização direta do ângulo camerular, pois o reflexo luminoso oriundo da junção entre a íris e a córnea sofre reflexão total na interface entre o ar e o filme lacrimal. No entanto, em situações como alta miopia e ceratocone, o ângulo camerular pode servisto diretamente. Tonometria Medição da pressão intra-ocular. NORMAL = 10-21 mmHg SUBJETIVA → tensão bi-digital OBJETIVA → tanometria - acoplado à LF; esfera faz pressão para aplanar área fixa da córnea, a rigidez da córnea interfere no resultado Córneas mais finas tendem a subestimar a PIO Córneas mais espessas superestimam a PIO Principal parâmetro para dx e acompanhamento no glaucoma Técnicas de campimetria Campo visual é função visual que corresponde à extensão máxima de percepção visual do espaço circundante, quando se dirige a fixação para algum ponto. “Campo visual binocular“ é a percepção com os dois olhos abertos, monocular quando apenas um dos olhos está aberto. VIAS ÓPTICAS: Anamnese e semiologia oftálmica 7 TÉCNICAS: Campimetria de confrontação Campimetria manual (perimetria de Goldmann) → cúpula hemisférica branca onde se projeta um estímulo brilhante de intensidade luminosa e de tamanho controlável e variável. Com um dos olhos ocluído, o paciente fixa um ponto localizado no centro da cúpula e o examinador monitora a posição do olho por meio de um telescópio. Campimetria computadorizada/automatizada → pode ser subjetivo A fóvea é a região com o menor limiar de sensibilidade (maior sensibilidade) do campo visual e é representada no centro do mapa. Quanto mais longe da fóvea, maior a intensidade do estímulo necessário para ser percebido (maior o limiar de sensibilidade). obs.: escotoma → área não visível dentro de uma área visível, ou seja, o local que, dentro dos limites de uma isóptera, possui limiar de sensibilidade maior do que o da isóptera, isto é, necessita de um estímulo mais intenso do que o utilizado para ser percebido. Caso não haja intensidade de estímulo que o paciente possa perceber na região do escotoma, trata- se de um “escotoma absoluto”. Se, por outro lado, algum estímulo luminoso for ali percebido, trata-se de um “escotoma relativo”. Fundoscopia Permite a avaliação das estruturas posteriores → vítreo, retina, mácula, vasos e disco óptico Pode ser direta ou indireta, dependendo do equipamento utilizado. Retinopatia hipertensiva pesquisar Direta Utiliza oftalmoscópio direto. IMAGEM DIRETA E MAGNIFICADA → magnificação 15x (campo pequeno de visualização) Observa-se: frente, OD com OD, OE com OE; procurar reflexo vermelho, disco óptico (DO) e, depois, mácula. O exame é feito pedindo-se para que o paciente fixe um ponto à sua frente, ao longe e o examinador deve se aproximar com o oftalmoscópio tão perto quanto possível da pupila do paciente, procurando ver retina, vasos, DO e mácula, ajustando o foco no botão lateral do aparelho. Identifica-se um vaso, deve-se seguir seu trajeto em direção proximal, localizando, então, o DO. O disco óptico deve ser avaliado quanto à coloração, à nitidez de seu limite, tamanho e aspecto da escavação central. O calibre venoso é cerca de uma vez e meia maior comparando-o às artérias que o acompanham. Pulsação da artéria central da retina é anormal, podendo ser vista em casos de aumento de PIO e em casos de estenose carotídea significativa, o que exige avaliação complementar sistêmica. Ao contrário, a pulsação venosa é normal. Indireta Mapeamento de retina - imagem invertida. Exame não invasivo e realizado com a dilatação da pupila. O oftalmoscópio indireto (OI) + capaete de Sempens permite visualização ampliada de toda a topografia retiniana. Anamnese e semiologia oftálmica 8 O OI é um adaptador posicionado à cabeça do examinador, com uma fonte de luz emitida e uma lente acessória para focalizar a parte posterior do olho. A imagem visualizada pelo médico é amplicada pela lente acessória e depende da dioptria dela. É necessário a dilatação pupilar e a distância entre o paciente e o examinador é ~40-50 cm. Examina-se um olho de cada vez. O reflexo vermelho e o fundo são localizados e solicita-se ao paciente que mova os olhos e a cabeça em todas as direções do olhar, direcionando a luz emitida pelo OI para a região do fundo do olho a ser examinada. obs.: usa-se, além do OI, uma lente condensadora em sua outra mão, capaz de neutralizar o poder de refração da córnea, o que aumenta o campo de visão da Retina, mebora com menor ampliação. Alterações mais comuns na fundoscopia incluem retinopatia diabética (Figura 36), oclusões vasculares (Figura 37) e retinopatia hipertensiva. A presença de edema de disco óptico exige avaliação neurológica imediata (Figura 38). Mapeamento de retina indireta Imagem indireta e menor. Maior campo de visão. Boa para exame da periferia retiniana. Dilatação pupilar com identificação. Exames complementares Após esgotar a propedêutica básica. Auxílio no diagnóstico, controle da terapêutica, evolução, prognóstico da patologia. Associar os achados com a clínica oftalmológica. USP → campo visual, teste de rosa bengala e teste de Schirmer
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