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Gustavo Moreno T19 Aula 14: Depressão no idoso: Patologia mais comum!! Introdução: -Considerada por muitos como um processo natural do envelhecimento -Interfere negativamente na morbidade de doenças físicas (pode piorar patologias como a doença coronariana e a DM) -Utilizam serviços médicos: 50 a 100% mais que os não deprimidos -Apresentam queixas médicas inespecíficas 3 a 4x mais (“Oco na cabeça” // “bola na garganta” → pensar no transtorno depressivo). -Há presença dos sintomas cardinais, como humor deprimido e/ou perda do interesse, com prejuízo no seu dia-a-dia por mais de 14 dias ( ter histórico > de 2 semanas de sintomas, e isso atrapalha) -Tem em média duas consultas médicas a mais e maior comorbidades Epidemiologia: -A depressão no idoso é subdiagnosticada e incorretamente tratada -76,6% dos idosos não foram perguntados por seus médicos se sentiam-se tristes ou deprimidos -É a doença psiquiátrica mais comum no idoso -Está presente em: *2 a 4% dos idosos saudáveis *10 a 14% dos hospitalizados *20 a 25% dos idosos em asilos -15 a 30% dos casos não entram na classificação do DSM-V -O risco de suicídio em idosos é maior Classificação: Depressão de início tardio: - (+) comum -O primeiro episódio depressivo é na velhice -Apresenta maior grau de apatia e disfunção cognitiva coma normalidade no lobo temporal Depressão de início precoce: -Histórico de depressão na juventude, internações psiquiátricas -Tratamentos anteriores -Histórico familiar Subtipos de depressão no idoso: Depressão vascular: -Subtipo de depressão associado a doença cerebrovascular, com lesões subcorticais e em substância branca -Lesões em núcleos da base e lobos frontais -Diversos estudos mostram que há relação entre aterosclerose e depressão no idoso -A doença vascular exerce efeito maior na depressão com o aumento da idade -Maior prevalência de depressão demência vascular do que na DA -Maior índice de déficits de função executiva, retardo psicomotor e insatisfação excessiva Depressão refratária: -10% dos idosos persistem com depressão mesmo em tratamento -Paciente não responde a pelo menos 2 antidepressivos de grupos diferentes, com doses e tempo adequados -Possui maior relação com atrofia cerebral, alterações na substância branca e cinzenta subcortical. Distimia: -Quadro depressivo leve e prolongado -Pacientes vivem normalmente -Pacientes não apresentam tristeza e melancolia, porém têm falta de energia, insônia ou hipersônia, irritabilidade e impaciência ou alterações do apetite -”Paciente não está com tristeza, mas também não sente alegria ou prazer” Fatores de risco para transtornos depressivos em idosos: -Sexo feminino -Baixa escolaridade -Morar sozinho -Viuvez -Limitações físicas -Abuso de álcool -Eventos estressantes -Traumas psicológicos -Aposentadoria -Síndrome do ninho vazio -Doenças físicas ⇒ doença de Parkinson, artrite reumatoide, demência vascular, câncer, AVC, Alzheimer, DM e IAM. -Medicamentos ⇒ beta-bloqueadores, bloqueadores do canal de cálcio, metildopa, iECA, tamoxifeno, corticoesteroides, progesterona, digoxina, L-dopa, barbitúricos. -Preconceito social – idadismo -Medo da perda da dignidade, de ser sobrecarga para os filhos -Institucionalização (casas de idosos). #Depressão em idosos é fator de risco para demência# Causas: -Pouca influência da predisposição genética -Maior influência da atrofia cerebral e número de lesões na substância branca frontal e núcleos da base -Atrofia do lobo frontal e temporal -Associação com outras doenças: *Doença física *Doença de Parkinson *Artrite reumatoide *Demência vascular *CA *AVC *DA *DM *IAM *Histórico da HAS -Associado ao uso de alguns medicamentos: *Cardiovascular: betabloqueadores, bloqueadores de canais de Ca+, metildopa, IECA, digoxina *Tamoxifeno *Corticoesteróides *Progesterona *L-Dopa *Barbitúricos Quadro clínico: -Melancolia e tristeza -Anorexia e perda de peso -Sintomas psicóticos -Hipocondria -Agitação psicomotora -Ideias de suicídio -Ansiedade -Irritabilidade -Insônia -Dores difusas -Sentimentos de culpa excessiva ou inutilidade -Tonturas (cabeça vazia / pesada) -Desconforto abdominal -Falta de energia e fadiga -Alterações sexuais -Apatia e perda de interesse -Pobreza de fala -Prejuízo cognitivo: diferenciar de doença de Alzheimer inicial Critérios diagnósticos DSM V: Suicídio nos idosos: Maior risco em Homens idosos ** Menores tentativas em jovens comparado aos idosos Taxa de suicidio consumado são maiores nos idosos 13º Causa de morte nos idosos Fatores de risco: *Doença mental *Doença física *Isolamento social e solidão *Rede social não estruturada *Luto *Problemas familiares Teste de rastreio: –Escala de Yesavage: *Principal *Composto por 15 perguntas de sim ou não *Escore > ou igual a 5 sugere depressão *Desvantagem: limitação do uso na presença de déficit cognitivo –Mini Mental: *Pode aplicar no idoso com déficit cognitivo, para afastar doenças demenciais. Exames complementares: Laboratoriais: *Hemograma (afastar anemia) *Glicemia de jejum (descompensação glicêmica - hipoglicemia / hiperglicemia) *Eletrólitos (afastar hipocalemia e hiponatremia) *Ureia e creatinina (função renal) *Uremia (aumento gera sonolência, apatia, desânimo) *TSH e T4L (afastar hipo/hipertireoidismo) *Parcial de urina (afastar quadros infecciosos) *Testosterona (hipogonadismo) Exames de imagem: *Apenas quando há depressão com distúrbio cognitivo associado ou na suspeita de depressão vascular *TC, RM de encéfalo Tratamento: -Terapia cognitiva: *Acompanhamento psicológico - psicoterapia *A resposta ao tratamento farmacológico é melhor em associação com terapia cognitiva -Tricíclicos: *Inibem a recaptação de noradrenalina e serotonina *Possuem mais efeitos colaterais: Anti-muscarínicos: boca seca, retenção urinária, constipação Anti-histamínicos: sonolência, ganho de peso, delirium Anti-adrenérgicos: hipotensão ortostática e arritmias cardíacas *Podem ser (ideal) usar em menores doses, associados com outros anti-depressivos Nortriptilina + sertralina Nortriptilina + venlafaxina (potencializa o efeito da nortriptilina) *Exemplos: Imipramina Amitriptilina Clomipramina Nortriptilina *A nortriptilina é a mais usada pois inibe a recaptação apenas de noradrenalina e apresenta menos efeitos colaterais anti-muscarínicos // Dose máxima: 50 mg -Inibidores seletivos da recaptação de serotonina – ISRS: *1º escolha *Exemplos: Fluoxetina Sertralina Paroxetina Citalopram Escitalopram Vortioxetina *Evitar: ⇒ fluoxetina: meia-vida longa, interfere no CYP450, podendo levar a tremores e diminuição do apetite, não indicada para idosos, sobreposição de dose. ⇒ paroxetina: efeitos anticolinérgicos e interferência no CYP450, pouco usado. ⇒ citalopram / escitalopram / vortioxetina: levam a alargamento do intervalo QT. ⇒ escitalopram tem menos efeito colateral do que citalopram ⇒ sertralina: único que não prolonga o intervalo QT Obs: serotoninérgicos: prolongam o intervalo QT (cuidar com os pacientes que tem taquicardia, fibrilação – não dar em doses elevadas) -Inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina (DUAIS): *Tratamento da depressão (grave / acentuada) e dores crônicas *1º opção para depressão grave *Exemplo: venlafaxina, desvenlafaxina e duloxetina ⇒ venlafaxina: para dor crônica ⇒ desvenlafaxina: derivada da venlafaxina, é menos potente, por isso tem que usar em uma maior dose ⇒ Duloxetina: dor crônica ⇒ venlafaxina pode levar a distúrbios comportamentais do sono REM e aumentar a pressão arterial -Inibidores seletivos da recaptação de dopamina e noradrenalina (ISRDN): *Principal ⇒ Bupropiona *Não é usada em monoterapia para a depressão *Pode ser associada a ISRS e duais *Indicada em pacientes que apresentam principalmente apatia e melancolia -Mirtazapina: *Antidepressivo noradrenérgico e serotoninérgico específico (é DUAL) *Possuem ação anti-histamínica → levando a quadros de sonolência e aumento do apetite. *Boa indicação em idosos com insônia e anorexia -Antidepressivos melatoninérgicos (Agomelatina): *Aumentam os níveis de melatonina*Agonista de melatonina e antagonista dos receptores 5HT2C e HT2B (serotonina) *Antidepressivo mais fraco *Doses: 25 a 50mg/dia *Boa indicação para idosos com depressão e insônia *Pode dar alteração hepática (então precisa controlar a função hepática) -Trazodona: *Inibidor da recaptação da serotonina e antagonista de receptores serotoninérgicos em doses elevadas *Em baixas doses (25 a 100mg) possui maior efeito sedativo (hipnótico) e em altas doses possui efeito antidepressivo (150 a 600mg) *Geralmente associada a outros antidepressivos *Usado normalmente para depressão leve e alteração do sono Quando o paciente não melhora: -Eletroconvulsoterapia: *Tratamento efetivo / necessidade de resposta rápida *O paciente deve ser sedado. * Indicado para pacientes graves, com alto risco de suicídio ou com doenças hepáticas, renal ou cardíaca que impeça o tratamento *Indicação: pacientes mais jovens que tem risco de suicídio e não responderam a nada *Efeitos colaterais: delirium e déficits de memória. -Estimulação magnética transcraniana: *Estimulação do lobo frontal por neuroestimulação superficial e focal *Resultado estão sendo encorajados *Requer mais estudos -Quetamina injetável: para depressão mais grave, injetável (bons resultados) –Se o paciente tiver insônia: Trazodona, Mirtazapina e Agomelatina –Se tiver ansiedade e pânico: Escitalopram, Citalopram, Sertralina, Venlafaxina, Fluoxetina, Vortioxetina –Se tiver dor crônica: Duloxetina e Venlafaxina
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