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1 1 SUMÁRIO 1. FISIOPATOLOGIA DA HAS (HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA) . 3 1.1. Sistema nervoso autônomo (simpático) ............................................ 3 1.2. Adaptação cardiovascular ................................................................. 4 1.3. Mecanismos Renais .......................................................................... 4 1.4. Sistema Renina-angiotensina ........................................................... 4 1.5. Disfunção Endotelial ......................................................................... 4 2. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DA HIPERLIPIDEMIA .................. 5 3. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DA ANGINA ................................. 8 3.1- Angina estável ................................................................................... 9 3.2- Angina instável .................................................................................. 9 3.3- Angina de Prinzmetal ou variante ................................................... 10 3.4- Diagnóstico da angina ..................................................................... 11 4. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ... ............................................................................................................... 12 4.1. Remoção da causa subjacente ....................................................... 13 4.2. Reconhecimento e remoção de causas precipitantes ..................... 14 4.3. Pacientes assintomáticos com disfunção ventricular ...................... 14 4.4. Tratamento não-farmacológico - modificações no estilo de vida ..... 15 4.5. Atividade física ................................................................................ 15 4.6. Tratamento medicamentoso da insuficiência cardíaca congestiva . 15 4.7. Antagonistas dos canais de cálcio .................................................. 20 4.8. Bloqueadores beta-adrenérgicos .................................................... 20 4.9. Bloqueadores alfa-adrenérgicos ..................................................... 21 4.10. Vasodilatadores de ação direta ....................................................... 22 4.11. Inibidores da enzima de conversão da angiotensina ...................... 22 2 4.12. Antagonistas dos receptores de angiotensina II .............................. 23 4.13. Anticoagulantes ............................................................................... 23 4.14. Antiarrítmicos .................................................................................. 24 4.15. Tratamento cirúrgico da insuficiência cardíaca ............................... 24 5. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DOS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE .............................................................................................................. 25 5.1- Entendendo o Tratamento Medicamentoso para Ansiedade .......... 28 5.2- Os medicamentos anti-ansiedade (ansiolíticos / benzodiazepinas) 29 5.3- Os efeitos colaterais dos medicamentos anti-ansiedade ................ 29 5.4- Efeitos colaterais comuns dos benzodiazepínicos ou tranquilizantes . ........................................................................................................ 30 5.5- Outros tipos de medicamentos para a ansiedade ........................... 30 5.6- Preocupações de segurança e fatores de risco .............................. 33 6. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DA ASMA .................................. 34 7. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DA DEPRESSÃO ...................... 37 8. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DA PSICOSE/ESQUIZOFRENIA .. ............................................................................................................... 39 9. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DA DOENÇA DE PARKINSON . 44 10. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DAS EPILEPSIAS ..................... 48 11. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DA OBESIDADE ....................... 51 12. FARMACOLOGIA DA DOR E INFLAMAÇÃO ....................................... 53 12.1- Dor .................................................................................................. 53 12.2- Inflamação ....................................................................................... 57 13. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 60 3 1. FISIOPATOLOGIA DA HAS (HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA) Fonte: www.saudevitalidade.com O desenvolvimento de hipertensão depende da interação entre predisposição genética e fatores ambientais. Sabe-se, no entanto, que a hipertensão é acompanhada por alterações funcionais do sistema nervoso autônomo simpático, renais, do sistema renina angiotensina, além de outros mecanismos humorais e disfunção endotelial. Assim, a hipertensão resulta de várias alterações estruturais do sistema cardiovascular que tanto amplificam o estímulo hipertensivo, quanto causam danos cardiovascular. 1.1. Sistema nervoso autônomo (simpático) O sistema simpático tem uma grande importância na gênese da hipertensão arterial e contribui para a hipertensão relacionada com o estado hiperdinâmico. Vários autores relataram concentrações aumentadas de noradrenalina no plasma em pacientes portadores de hipertensão essencial, particularmente em pacientes mais jovens. Estudos mais recentes sobre atividade simpática medida diretamente sobre nervos simpáticos de músculos superficiais de pacientes hipertensos confirmam esses achados. 4 1.2. Adaptação cardiovascular A sobrecarga do sistema cardiovascular causada pelo aumento da pressão arterial e pela ativação de fatores de crescimento leva a alterações estruturais de adaptação, com estreitamento do lúmen arteriolar e aumento da relação entre a espessura da média e da parede arterial. Isso aumenta a resistência ao fluxo e aumenta a resposta aos estímulos vasoconstrictores. Adaptações estruturais cardíacas consistem na hipertrofia da parede ventricular esquerda em resposta ao aumento na pós-carga (hipertrofia concêntrica), e no aumento do diâmetro da cavidade ventricular com aumento correspondente na espessura da parede ventricular (hipertrofia excêntrica), em resposta ao aumento da pré-carga. 1.3. Mecanismos Renais Mecanismos renais estão envolvidos na patogênese da hipertensão, tanto através de uma natriurese alterada, levando à retenção de sódio e água, quanto pela liberação alterada de fatores que aumentam a PA(Pressão Arterial) como a renina. 1.4. Sistema Renina-angiotensina O sistema renina-angiotensina está envolvido no controle fisiológico da pressão arterial e no controle do sódio. Tem importantes implicações no desenvolvimento da hipertensão renal e deve estar envolvido na patogênese da hipertensão arterial essencial. O papel do sistema renina-angiotensina-aldosterona a nível cardíaco, vascular e renal é mediado pela produção ou ativação de diversos fatores de crescimento e substâncias vaso-ativas, induzindo vasoconstricção e hipertrofia celular. 1.5. Disfunção Endotelial Estudos demonstram o envolvimento do endotélio na conversão da angiotensina I em angiotensina II, na inativação de cininas e na produção do fator relaxante derivado do endotélio ou óxido nítrico. Além disso, o endotélio está envolvido 5 no controle hormonal e neurogênico local do tônus vascular e dos processos homeostáticos. Também é responsável pela liberação de agentes vasoconstrictores, incluindo a endotelina, que está envolvida em algumas das complicações vasculares da hipertensão. Na presença de hipertensão ou aterosclerose, a função endotelial está alterada e as respostas pressóricas aos estímulos locais e endógenos passam a se tornar dominantes. Ainda é muito cedo para determinar se a hipertensão de uma forma geral está associada à disfunção endotelial. Também ainda não está claro se a disfunção endotelial seriasecundária à hipertensão arterial ou se seria uma expressão primária de uma predisposição genética. 2. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DA HIPERLIPIDEMIA Fonte: wpengine.netdna-cdn.com Colesterol alto é o nível excessivo de colesterol no sangue. Hiperlipidemia é um termo mais genérico para altos níveis de diferentes tipos de gordura no sangue. Isso pode ser resultado de uma dieta rica em gordura total, gordura saturada e colesterol. O nosso organismo produz todo o colesterol necessário, mais de 1000 miligramas por dia. Quando colesterol ou outro tipo de gordura em excesso é ingerido, 6 o organismo não consegue metabolizar todo o excesso. Como resultado, a gordura é armazenada em várias células e tecidos do corpo. Colesterol alto pode ficar retido no interior da parede dos vasos. Isso resulta em aterosclerose, ou endurecimento das artérias. Doença vascular é uma das mais importantes causas de morte e debilidade física. Outros tipos de gordura podem se concentrar em pâncreas e causar inflamação. Qualquer sinal de colesterol alto geralmente fica imperceptível até que algum problema maior apareça. Outras condições que levam a colesterol alto podem ser mais óbvios. Obesidade e falta de exercício são dois dos principais fatores que levam ao colesterol alto. Outros fatores incluem: hipoatividade da glândula tireoide ou hipotireoidismo, aumento na produção de hormônios da glândula pituitária, insuficiência renal, cirrose do fígado, diabetes mal controlada. Algumas drogas podem também aumentar o nível de colesterol, tais como: pílulas anticoncepcionais a base de estrógenos, corticoides como prednisona, diuréticos. Mais frequentemente a causa é uma dieta rica em gordura saturada e com alto nível de colesterol. Pessoas nas situações a seguir devem procurar seus médicos regularmente para checar o nível de colesterol: cirrose hepática, diabetes mal controlada, doença cardiovascular, infecção crônica, abuso de álcool, glândula tireoide hipoativa, história familiar de colesterol alto. As pessoas devem se orientar com o seu médico a respeito de como diminuir o nível de colesterol. Deve evitar uma dieta rica em colesterol ou com muita gordura e fazer exercícios regularmente. O diagnóstico é feito através de testes sanguíneos. O colesterol alto é quando o colesterol total está acima de 200 miligramas por decilitro (mg/dL) de sangue. O tipo de colesterol também é muito importante. LDL colesterol é o colesterol ruim. Ele está ligado a doenças vasculares, ataques cardíacos, e derrames. Ele precisa estar abaixo de 130 mg/dL. HDL colesterol é o colesterol bom, e está associado a menores riscos destas doenças. Ele deve ficar em torno de 40 mg/dL ou acima e representar 25% do colesterol total. 7 Altos níveis de colesterol aumentam bastante os riscos de aterosclerose, doença cardíaca, e derrame. Um nível de colesterol de 300mg/dL, por exemplo, dobra os riscos de doença cardíaca. Gordura e colesterol em excesso podem ser depositados em outras áreas do corpo, causando tanto problemas médicos como estéticos. Colesterol alto não apresenta riscos diretos para os outros. As crianças de pessoas com colesterol alto podem também apresentar o mesmo problema. Qualquer um que tenha alto nível de colesterol deve discutir o melhor tratamento com o seu médico. O primeiro passo geralmente é mudança de dieta e exercício. O tratamento deve ser personalizado de acordo com a situação de cada indivíduo. Por exemplo: 1. Pessoas obesas devem receber informações a respeito de dieta pobre em gordura e um programa de exercício. 2. Pessoas que não são muito ativos podem realizar um programa de exercícios aeróbios. Os exercícios podem tanto aumentar o colesterol bom como diminuir o colesterol ruim. 3. Pessoas com diabetes mal controlado deve controlar melhor a doença. Quando o colesterol permanece elevado apesar destas medidas, pode ser necessário o uso de medicamentos. A escolha de drogas leva em consideração o nível de colesterol, a idade da pessoa, e outros fatores. Esses medicamentos devem ser tomados sob orientação médica. Os efeitos colaterais dependem do tipo de droga usada. A maioria das drogas podem causar problemas no fígado. Algumas drogas podem causar coceira na pele, náusea, vômito, diarreia, e aumento do nível de açúcar no sangue. Qualquer tratamento requer medidas repetidas do nível de colesterol para saber o progresso do tratamento. Pessoas em uso de drogas para colesterol deve fazer testes periódicos para checar a função hepática (do fígado) devido aos efeitos colaterais das drogas. A doença deve ser acompanhada através de testes regulares de colesterol total, LDL colesterol, e HDL colesterol. 8 3. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DA ANGINA Fonte: cidadeverde.com A angina pectoris é uma sensação de dor, peso ou aperto no peito, que é causado, geralmente, quando há uma isquemia cardíaca, ou seja, diminuição do fluxo de sangue pelas artérias coronárias que levam oxigênio ao coração. Na maioria das vezes, a isquemia cardíaca é causada pelo acúmulo de placas de gordura nas coronárias, chamadas de aterosclerose, que são formadas ao longo dos anos da vida, principalmente em pessoas com pressão alta, colesterol elevado ou diabetes descompensado. Estas alterações acontecem mais em pessoas acima dos 50 anos e devem ser tratadas rapidamente, pois são um grande risco para o desenvolvimento de infarto, parada cardíaca e outras doenças cardiovasculares, como arritmia, insuficiência cardíaca ou AVC, por exemplo. Existem diferentes tipos de angina, que podem variar na manifestação dos sintomas. 9 3.1- Angina estável É causada por uma isquemia transitória, em pessoas que já têm algum tipo de aterosclerose coronariana parcial, e que, em alguns momentos, pode piorar e causar sintomas. Sintomas: sensação aperto ou queimação na região do peito, que dura cerca de 5 a 10 minutos, e que pode irradiar para o ombro, braço ou pescoço. Geralmente os sintomas são desencadeados por esforço ou momentos de grande emoção, e melhoram com o descanso ou com medicamentos para dilatar o caso e aumentar o fluxo de sangue, como o Isordil. Tratamento: deve ser feito repouso ou, se orientado pelo médico, utilizar um medicamento vasodilatador, como o dinitrato ou mononitrato de Isossorbida, para melhorar o fluxo sanguíneo na artéria. Caso os sintomas durem mais que 5 a 10 minutos ou sejam acompanhados de outros sintomas, deve-se dirigir imediatamente ao pronto socorro. Em seguida, será muito importante complementar a investigação das causas e do nível da obstrução coronariana, com exames como teste do esforço, por exemplo, além do tratamento dos fatores de risco para o coração, como pressão alta, colesterol e glicemia elevados, com o cardiologista, além da dieta pobre em sal, gordura, açúcares e prática de atividade física. Veja como deve ser a dieta para ter um coração saudável. 3.2- Angina instável É uma situação mais grave que a angina estável, pois é causada por uma obstrução maior da oxigenação do coração, devido a um rompimento e inflamação da placa de aterosclerose e, por isso, provoca sintomas mais intensos e constantes, sendo uma forma de pré-infarto. Sintomas: dor, aperto ou queimação na região do tórax que dura mais que 20 minutos, que também irradia para locais próximos e pode estar associada a outros sintomas como enjoo, suor e falta de ar. Quando surgem estes sintomas deve-se ir imediatamente ao pronto-socorro. 10 Tratamento: o tratamento inicial é feito já no pronto socorro, com remédios para impedir a piora dos sintomas, como: Medicamentos para melhorar o fluxo de sangue, do tipo nitrato, como Isordil, betabloqueadores, como Metoprolol, ou bloqueadores do canal de cálcio, como Verapamil e a Morfina, quando os sintomas são muito intensos; Medicamentos para diminuir a formaçãode coágulos, com o uso de antiplaquetários, como AAS e Clopidogrel ou Prasugrel e Ticlopidina, e anticoagulantes, como Heparina. Anti-hipertensivos do tipo IECA, como o Captopril, ou hipolipemiantes para controle do colesterol, como a Atorvastatina. Realizado o tratamento inicial, nos dias seguintes, o cardiologista investiga o nível de obstrução das coronárias e comprometimento cardíaco, com exames como eco cardiograma, cintilografia cardíaca e cateterismo cardíaco. Neste caso, também é importante o tratamento dos fatores de risco como, controle da pressão, colesterol, glicemia, além de controle da alimentação e prática de atividades físicas, atitudes que são fundamentais para manter uma boa saúde das coronárias e do coração. 3.3- Angina de Prinzmetal ou variante É causada pelo espasmo da coronária, mesmo em pessoas sem acúmulo de gordura ou outros tipos de estreitamentos, não tendo uma causa esclarecida. Sintomas: dor ou aperto de forte intensidade, que ocorrem mesmo em repouso e melhoram aos poucos, espontaneamente, após alguns minutos. Também é comum surgir durante o sono ou logo pela manhã. Tratamento: com a orientação do cardiologista, são utilizados medicamentos do tipo nitrato ou bloqueadores do canal de cálcio, como Diltiazem e Verapamil, por exemplo, para tratar o episódio de angina ou, se os episódios forem recorrentes, pode- se fazer uso contínuo deste tipo de medicamentos. Geralmente é evitado o uso de AAS e betabloqueadores. 11 3.4- Diagnóstico da angina No momento da crise, o diagnóstico de angina é feito com eletrocardiograma, RX tórax e dosagem de enzimas cardíacas no sangue, para diferenciar as principais causas de dor no peito, como angina estável, instável e infarto. Outros exames disponíveis para investigação mais aprofundada da aterosclerose nas coronárias e o nível de comprometimento da oxigenação do coração, escolhidos pelo cardiologista, são: Teste ergométrico ou teste de esforço; Ecocardiograma; Cintilografia do miocárdio; Cateterismo cardíaco. O cateterismo cardíaco é um exame muito importante, pois, além de quantificar de forma mais exata a obstrução dos vasos sanguíneos e avaliar a presença de alterações do fluxo de sangue, é capaz de tratar a causa da obstrução, através da angioplastia, com implante de um stent ou uso de um balão, para abrir a artéria. A angina pode ser curada em pessoas que conseguem fazer o tratamento da isquemia cardíaca de forma correta e disciplinada. Muitos casos ficam bem controlados com o uso dos medicamentos prescritos pelo cardiologista, já outros mais graves, precisam da realização de cateterismo ou, até, de uma cirurgia de revascularização do coração. Algumas dicas úteis para tratar corretamente a angina incluem: Tomar os medicamentos receitados pelo médico; Parar de fumar; Adotar uma alimentação saudável; Praticar exercícios regularmente (sob orientação profissional); Evitar os excessos alimentares e as bebidas alcoólicas; Evitar o sal e a cafeína; Manter a pressão sob controle; Evitar o estresse e Evitar as temperaturas muito quentes ou muito frias pois elas também podem desencadear uma crise de angina. 12 Com estas atitudes, além de tratar angina, também é possível evitar a piora ou o surgimento de novas placas de gordura nas coronárias. 4. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Fonte: www.mdsaude.com A insuficiência cardíaca pode ser definida como uma síndrome complexa caracterizada por falência do coração e incapacidade deste de propiciar suprimento adequado de sangue para atender às necessidades metabólicas dos tecidos na presença de pressões de enchimento normais ou fazê-lo somente com pressões de enchimento elevadas. Ela consiste na via final comum de várias doenças, como hipertensão arterial sistêmica, diabete e coronariopatias. Estudos de prevalência estimam que 23 milhões de pessoas no mundo têm IC e que dois milhões de casos novos são diagnosticados anualmente. O aumento na incidência de IC está relacionado aos avanços terapêuticos no tratamento do infarto agudo do miocárdio, da hipertensão arterial e mesmo da IC, o que ocasiona maior sobrevida e, consequentemente, aumento da prevalência e de internações hospitalares por essa síndrome, gerando altos custos para países cuja população 13 idosa é crescente. Por isso, a IC é reconhecida na atualidade como um importante problema de saúde pública Segundo dados do DATASUS, há no Brasil cerca de dois milhões de pacientes com IC, sendo diagnosticados 240 mil casos por ano. As projeções indicam que, em 2025, o Brasil terá a sexta maior população de idosos, aproximadamente, 30 milhões de pessoas (15% da população total). Isso deve resultar na multiplicação dos casos de IC e dos gastos com essa síndrome. Múltiplos fatores de riscos estão presentes simultaneamente e precedem o surgimento da IC, o que torna difícil selecionar a causa básica e definir ações específicas de planejamento de saúde, de modo a reduzir sua incidência. Apesar do reconhecimento crescente sobre a importância que a IC vem adquirindo, em nosso meio, há carência de dados epidemiológicos, clínico e terapêutico sobre a doença, o que dificulta a definição de prioridades para elaboração de estratégias preventivas. O tratamento dos pacientes com insuficiência cardíaca tem como objetivo melhorar a qualidade bem como prolongar a vida, além de evitar ou de atenuar a progressão dessa síndrome. O aumento da sobrevivência com o tratamento médico tem sido demonstrado para cada estágio da doença, desde a disfunção do ventrículo esquerdo assintomática até a insuficiência cardíaca sintomática grave. A avaliação da qualidade de vida tem sido mais difícil, mas as medidas objetivas da capacidade funcional têm demonstrado melhora com a terapia, sendo mais dramática quanto maior a severidade dos sintomas. O impacto da terapêutica na redução da progressão da doença, medida pelas dimensões do ventrículo esquerdo e pela fração de ejeção, é mais aparente quando uma doença severa ainda não se estabeleceu. 4.1. Remoção da causa subjacente Todos os pacientes com insuficiência cardíaca congestiva deveriam ser avaliados para detecção das causas tratáveis. Isso inclui o incremento do fluxo coronariano por meio de intervenções percutâneas com cateter-balão ou stents ou cirurgia de revascularização miocárdica, e o reparo de anormalidades estruturais, como defeitos congênitos do coração, lesões valvares ou aneurisma de ventrículo 14 esquerdo. Quando sintomas como dispneia de esforço ou ortopnéia são devidos mais à piora do relaxamento ventricular do que à contração sistólica reduzida, medidas específicas podem estar indicadas para reduzir a hipertrofia de ventrículo esquerdo ou a isquemia miocárdica. 4.2. Reconhecimento e remoção de causas precipitantes O reconhecimento, o rápido tratamento e, quando possível, a prevenção dos fatores que causam ou exacerbam a insuficiência cardíaca congestiva, como infecções, arritmias e embolia pulmonar, são cruciais ao manuseio com sucesso da insuficiência cardíaca congestiva. Ingestão excessiva de álcool, taquicardia incessante ou doença tireoidiana podem ser as causas primárias da insuficiência cardíaca congestiva e as causas secundárias da deterioração clínica em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva devido a outras condições, como doença valvar crônica ou doença arterial coronária. 4.3. Pacientes assintomáticos com disfunção ventricular Nos pacientes assintomáticos, isto é, pacientes com função cardíaca deteriorada, mas com insuficiência cardíaca congestiva classe funcional I pela New York Heart Association (NYHA), o tratamento focaliza-se na prevenção da progressão da doença. Os inibidores da enzima de conversão da angiotensina têm demonstrado efeito na redução da dilatação ventricular,retardando o desenvolvimento da insuficiência cardíaca congestiva em pacientes que sofreram infarto do miocárdio com disfunção assintomática de ventrículo esquerdo. Outros estudos demonstraram que os inibidores da enzima de conversão da angiotensina aumentam a sobrevivência desse tipo de paciente. Devem-se controlar as condições que podem acelerar a progressão da doença, como hipertensão, obesidade, uso excessivo do álcool e, no caso da doença arterial coronária, fatores de risco para aterosclerose. 15 É prudente a moderação na ingestão de sal a fim de retardar o início da retenção hídrica, que levará ao aumento das pressões de enchimento e, eventualmente, à insuficiência cardíaca congestiva sintomática. 4.4. Tratamento não-farmacológico - modificações no estilo de vida Dieta: Dá-se preferência por pequenas refeições e mais frequentes durante o dia. Nos muito dispneicos, dieta pastosa ou líquida; e nos casos graves, nutrição enteral. Nos casos de insuficiência cardíaca congestiva leve e moderada, recomenda- se 3 g a 4 g de cloreto de sódio; nos casos graves, 2 g/dia. Devem-se evitar alimentos ricos em sódio e alimentos em conserva, sopa em pacote, caldo de carne concentrado, condimentos ("ketchup", mostarda, "shoyu"), picles, azeitona, palmito, panificados que contenham muito bicarbonato de sódio e medicamentos, como antiácidos. Deve-se evitar a ingestão excessiva de líquidos; porém, no verão, a dose de diurético pode ser diminuída e a ingestão hídrica aumentada para evitar a desidratação, que piora a insuficiência cardíaca congestiva. O álcool deve ser evitado porque deprime o miocárdio e precipita arritmias. Até o momento, não existe comprovação de que a terapia vitamínica antioxidante em altas doses ou a ingestão de coenzima Q10 seja benéfica. 4.5. Atividade física Deve ser individualizada, de acordo com o grau da insuficiência cardíaca congestiva e a idade do paciente, em nível que não produza sintomas. Os programas de condicionamento físico orientados para pacientes com insuficiência cardíaca congestiva, até domiciliares, têm surtido efeitos benéficos. Atividade laborativa: Deve ser mantida, a não ser nos casos graves, onde deve ser amenizada ou até suspensa. 4.6. Tratamento medicamentoso da insuficiência cardíaca congestiva Digitálicos: Os digitálicos seguem integrando o arsenal terapêutico do cardiologista, mesmo depois de quase três séculos de sua primeira utilização por 16 Whitering. Atualmente, utilizam-se somente os princípios ativos derivados de duas plantas: a Digitalis purpurea, da qual se extrai a digitoxina, e a Digitalis lanata, da qual se obtém a digoxina. Os digitálicos têm ação inotrópica positiva, efeitos eletrofisiológicos e ação sobre a musculatura lisa dos vasos. Exercem ação direta subcelular e ação indireta mediada pelo eixo neuro-hormonal. Quanto aos mecanismos de ação subcelulares, tanto o efeito inotrópico como o eletrofisiológico dependem do aumento de concentração intracelular do cálcio. Isso ocorreria pela inibição da enzima da membrana ATPase sódio e potássio com consequente inibição da bomba sódio-potássio, o que resulta na elevação da concentração de sódio intracelular. Essa elevação estimula a troca do sódio pelo cálcio, com saída de sódio e entrada de cálcio na célula que promove as ligações químicas que formam as pontes de actina/miosina na contração. Os efeitos hemodinâmicos dos digitálicos são decorrentes, principalmente, de sua ação indireta mediada por neuro-hormônios. No indivíduo com coração normal, ocorre aumento da contratilidade e da resistência periférica e diminuição do retorno venoso com aumento do consumo de oxigênio. Nos pacientes com insuficiência cardíaca congestiva e coração dilatado, ocorre também aumento da contratilidade, mas com queda na resistência periférica e no consumo de oxigênio. Os digitálicos têm indicação na insuficiência cardíaca congestiva com área cardíaca aumentada, com predomínio da disfunção sistólica com terceira bulha, com frequência cardíaca elevada, principalmente se o ritmo for de fibrilação atrial. As principais contraindicações são os bloqueios atrioventriculares de 2o e 3o graus, a bradicardia sinusal e a presença de arritmias ventriculares graves. O bloqueio atrioventricular de 1o grau é contraindicação relativa. Nos últimos anos, tem havido diminuição da prevalência de intoxicação digitálica, pelas novas opções terapêuticas para arritmias supraventriculares e pelo abandono da dose de ataque. Em grandes estudos, os casos suspeitos não são mais de 4% e apenas 0,8% tem o quadro confirmado. As manifestações mais frequentes são bradicardia com bloqueio atrioventricular de grau variável, bloqueio sinoatrial, taquicardia juncional, taquicardias supraventriculares, bigeminismo e trigeminismo ventriculares, e, nos casos graves, taquicardia ventricular bidirecional. 17 As manifestações extra cardíacas incluem anorexia, náuseas e vômitos e sinais neurológicos (que são infrequentes), como cefaleia, desorientação, confusão mental, delírios e alucinações. Manifestação típica, embora não patognomônica, é a alteração visual do tipo "visão amarela". A mortalidade é de cerca de 1%, sendo o implante de marca-passo temporário inferior a 5%. Explica-se o fato porque, no passado, todos os coronarianos e infartados recebiam digital, e hoje apenas um terço o recebe. O diagnóstico definitivo de intoxicação digitálica exige a concomitância de manifestação clínica sugestiva e a concentração sérica superior a 2 mg/ml para a digoxina ou 25 mg/ml para a digitoxina. O tratamento consta de correção da hipopotassemia, antiarrítmicos como a fenitoína e a lidocaína nas arritmias supraventriculares. Os betabloqueadores podem ser úteis para controlar a arritmia ventricular, mas pioram a insuficiência cardíaca congestiva e os bloqueios. O implante de marcapasso provisório ocorre em 5%. A cardioversão elétrica é contra-indicada na presença de arritmias ventriculares graves. A medida terapêutica mais eficaz e específica é o emprego de anticorpos antidigoxina (de alto custo), com redução em 80% dos casos. Quanto às interações medicamentosas, a quinidina, entre outras, aumenta a concentração sérica da digoxina por diminuição de sua excreção. Já a digitoxina diminui sua concentração com o uso de medicamentos que aumentam a atividade da enzima hepática microssomal. Inotrópicos não-digitálicos: São medicamentos utilizados usualmente por via venosa, nas fases adiantadas da insuficiência cardíaca, onde o quadro de desorganização miofibrilar já é acentuado e não há como recuperar as fibras miocárdicas lesadas. Resta melhorar o desempenho ventricular com esses compostos. São fármacos utilizados como "ponte" para a estabilização do quadro do paciente (por exemplo, preparo para transplante cardíaco), a curto prazo. São divididos em: - Classe I - agonistas beta-adrenérgicos e agonistas dopaminérgicos. Aumentam a síntese de AMP cíclico. Exemplos: adrenalina, dobutamina, xamoterol (beta-adrenérgicos); ibopamina (agente dopaminérgico). - Classe II - inibidores da fosfodiesterase. Causam redução da degradação do AMP cíclico. Exemplo: milrinona, amrinona. 18 - Classe III - fármacos cálcio-sensibilizantes, que aumentam a liberação de cálcio dos depósitos intracelulares. Exemplo: pimobendam. - Classe IV - medicamentos com perfil misto. Exemplo: vesnarinona. O objetivo do uso da terapêutica inotrópica positiva está intimamente relacionado às circunstâncias clínicas do paciente. Assim, esses medicamentos podem ser utilizados na insuficiência cardíaca congestiva aguda pós-infarto do miocárdio, na miocardiopatia com descompensação e no pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca, para recuperação da agressão cirúrgica aos ventrículos, conforme se requeira maior ou menor vasodilatação ou vasoconstrição. Utiliza-se determinadoagente que estimule receptores específicos da membrana celular, para se atingir a finalidade terapêutica. São medicamentos que devem ser usados por curto período de tempo, via endovenosa, na fase aguda da insuficiência cardíaca. A longo prazo, todos demonstravam aumento da mortalidade. Isso se explica pela ação miocárdica tóxica direta, com aumento de arritmias e da ativação neuro- humoral. Por via oral, a maioria também não exerce efeitos favoráveis. Diuréticos: Atualmente não existe um sistema lógico que possa classificar todos os diuréticos existentes, em grande parte porque a maioria dos mecanismos de ação é desconhecida. Didaticamente, a classificação é baseada na capacidade do diurético de excretar carga máxima de sódio filtrado: a) Diuréticos de alta eficácia (ação na porção ascendente da alça de Henle), como, por exemplo, furosemida, bumetanida, piretanida. b) Diuréticos de média eficácia (ação na porção inicial do túbulo distal), como, por exemplo, hidroclorotiazida, clortalidona, indapamida. c) Diuréticos fracos, como, por exemplo, aminofilina, manitol, espironolactona. Nos últimos anos, com a orientação para o uso criterioso dos diuréticos, as alterações bioquímicas tornam-se raras, com a utilização de 25% das doses máximas do passado. Na insuficiência cardíaca congestiva leve, os tiazídicos em baixas doses associados à dieta hipossódica apresentam bons resultados. O diurético de alça nessa fase não é recomendado, pois, por depletar o volume plasmático, acarreta estimulação secundária do sistema renina-angiotensina-aldosterona e suas consequências. 19 O tratamento deve ser escalonado e, eventualmente, pode-se associar diurético poupador de potássio. Quando clinicamente manifesto, a associação de três tipos de diuréticos é benéfica, pois têm mecanismos de ação diversos. O uso de diuréticos concomitante aos inibidores da enzima de conversão da angiotensina é eficaz em reduzir a morbidade e a mortalidade cardiovasculares da insuficiência cardíaca congestiva. Já nos casos de edema agudo dos pulmões, o uso de diuréticos de alça é extremamente eficaz, com resultados dramáticos de redução da pressão de capilar pulmonar, por uma ação venodilatadora aguda que precede a natriurese. Tal ação venodilatadora se dá por produção de prostaciclina pelos rins e pelo endotélio. Nitratos: Os nitratos promovem redução significativa dos volumes e das pressões diastólicas e sistólicas do ventrículo esquerdo, com melhora de sua função, tanto em repouso como durante esforço, em pacientes com angina do peito. Ao reduzir as pressões de enchimento ventricular elevadas, a tensão parietal diastólica e as pré- cargas excessivas na insuficiência cardíaca congestiva diminuem as pressões venocapilares, a congestão pulmonar e o edema. Reduzindo a resistência vascular sistêmica e a pós-carga, esses fármacos diminuem a tensão parietal sistólica e aumentam o volume sistólico, o débito cardíaco e a fração de ejeção. Além disso, reduzem o consumo de oxigênio miocárdico. Os nitratos têm a capacidade de romper o círculo vicioso que se estabelece entre isquemia miocárdica e disfunção ventricular esquerda, que causa aumento da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo, reduzindo a pressão de perfusão coronária, sobretudo durante a diástole. Os nitratos rompem esse círculo vicioso, e podem até reverter esse processo. Os mecanismos pelos quais os nitratos melhoram as anomalias da contratilidade miocárdica e a função do ventrículo esquerdo são complexos. Entre as múltiplas ações, incluem-se: redução da tensão parietal diastólica e sistólica, com consequente diminuição da pré-carga, da pós-carga e do trabalho ventricular, aumento da perfusão às áreas isquêmicas e melhora do balanço oferta/consumo de oxigênio miocárdico. Os nitratos são úteis no tratamento da insuficiência cardíaca aguda, incluindo a associada ao infarto agudo do miocárdio, assim como da insuficiência cardíaca crônica. Alguns estudos demonstraram que a administração de nitratos por via oral, 20 transdérmica ou sublingual, em pacientes com insuficiência cardíaca, é eficaz para aliviar os sintomas e aumentar a capacidade de exercícios. O uso clínico dos nitratos deve seguir algumas recomendações: inicia-se com doses pequenas, aumentando progressivamente de acordo com a resposta terapêutica e a tolerância. Efeitos colaterais, como cefaleia, desaparecem em alguns dias ou semanas, com o mesmo medicamento e a mesma dose. A individualização da terapêutica é imperativa, devido ao amplo espectro de curvas dose-resposta. A estratégia terapêutica deve ser planejada em esquema intermitente, para permitir um período livre de nitrato, para prevenir a tolerância. 4.7. Antagonistas dos canais de cálcio Por sua ação miocárdica direta, os antagonistas dos canais de cálcio exercem efeito inotrópico negativo, que difere entre os diversos agentes do grupo. O desempenho ventricular esquerdo pode melhorar pela ação vasodilatadora arterial e arteriolar periférica, que reduz a pós-carga, aumento reflexo das atividade simpática, ação benéfica na disfunção diastólica e melhora das manifestações isquêmicas em pacientes com doença aterosclerótica coronária. Em contraposição, os antagonistas dos canais de cálcio podem deprimir a função ventricular esquerda pela ação inotrópica negativa. A experiência com antagonistas dos canais de cálcio é limitada na insuficiência cardíaca crônica, sendo a maior experiência o uso agudo desses medicamentos. O consenso atual é que verapamil, diltiazem e diidropiridínicos de primeira geração devem ser empregados com cautela em presença de disfunção ventricular esquerda sistólica, sendo contraindicados na presença de insuficiência cardíaca manifesta. 4.8. Bloqueadores beta-adrenérgicos Durante muito tempo, os betabloqueadores foram considerados contraindicação clássica em presença de insuficiência cardíaca sistólica, devido ao inotropismo negativo e aos efeitos adversos a curto prazo. 21 No entanto, os avanços demonstraram que o sistema nervoso simpático é ativado precocemente na disfunção ventricular esquerda assintomática. Tal ativação promove taquicardia e aumento do consumo de oxigênio miocárdico e do potencial de arritmias ventriculares e contribui para a ativação do sistema renina-angiotensina com depleção das catecolaminas no miocárdio e da densidade de beta-receptores cardíacos. Dessa forma, o uso de medicação betabloqueadora teria apoio racional. O aumento da fração de ejeção após betabloqueio a longo prazo é maior que o observado com qualquer outro medicamento utilizado no tratamento da insuficiência cardíaca congestiva. O carvedilol é um betabloqueador não-seletivo, que bloqueia os receptores alfa 1, propiciando efeito vasodilatador periférico e exercendo efeito antioxidante e antiproliferativo. Basicamente, melhora a biologia dos miócitos cardíacos insuficientes, inibindo os mecanismos responsáveis por sua disfunção. As doses do tratamento devem ser baixas no início (por exemplo, propranolol 10 mg duas vezes ao dia), pelo agravamento da insuficiência cardíaca congestiva pelo betabloqueio, devido à supressão abrupta da proteção homeostática adrenérgica conferida pelo sistema nervoso simpático. Em relação ao carvedilol, o tratamento deve ser iniciado com a dose de 3,125 mg duas vezes por dia. Deve-se ajustar a dose conforme os níveis de pressão arterial e da frequência cardíaca. É contraindicado em pacientes com bloqueio atrioventricular de 2o e 3o graus, hipotensão arterial, bradicardia significativa, e antecedentes de broncoespasmo, de doença pulmonar obstrutiva crônica ou de disfunção hepática. 4.9. Bloqueadores alfa-adrenérgicos Têm sido utilizados no tratamento da insuficiência cardíaca congestiva. A melhora inicial em medicamentos como o prazosim é induzida pelas dilatações arterial e venosa, queresultam da redução da pré- e da pós-carga, do aumento do débito cardíaco e da diminuição da congestão pulmonar. Esses medicamentos não demonstraram, ainda, redução da mortalidade na insuficiência cardíaca congestiva. 22 4.10. Vasodilatadores de ação direta Podem ser utilizados como opção terapêutica na insuficiência cardíaca congestiva. Agem sobre a musculatura lisa vascular, sem mediação do sistema nervoso autônomo. São classificados em arteriais (hidralazina, minoxidil e diazóxido) e arteriais e venosos (nitroprussiato de sódio). 4.11. Inibidores da enzima de conversão da angiotensina Os mecanismos de ação dos inibidores da enzima de conversão da angiotensina na insuficiência cardíaca são complexos. Bloqueiam a conversão enzimática da angiotensina I em angiotensina II, desativando o sistema renina- angiotensina-aldosterona. Com efeito, ocorre vasodilatação arteriolar e venosa, e menor retenção de sódio e água. Por outro lado, bloqueando a cininase plasmática, os inibidores da enzima de conversão da angiotensina inibem a degradação da bradicinina, aumentando os níveis circulantes desse vasodilatador. Ocorre aumento dos níveis plasmáticos de prostaglandinas vasodilatadoras (PGE2 e pGI2). Além disso, aumentam a atividade parassimpática, melhorando a função barorreflexa (deprimida na insuficiência cardíaca congestiva), ao reduzir os efeitos inibitórios da angiotensina II na sensibilidade barorreceptora. São vasodilatadores mistos, exercendo ação balanceada nos leitos arteriolar e venoso, com efeito especialmente nas arteríolas renais. Em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva, esses compostos ocasionam redução da resistência vascular sistêmica, das pressões de enchimento ventriculares, e das pressões de átrio direito, arterial pulmonar e capilar pulmonar, enquanto o volume diastólico aumenta; a frequência cardíaca não se altera. Em síntese, os inibidores da enzima de conversão da angiotensina reduzem tanto a pós-carga como a pré-carga e aumentam o débito cardíaco. Esses medicamentos provocam a melhora dos sintomas e da classe funcional, a melhora da capacidade de exercício, a melhora hemodinâmica, a redução radiológica da área cardíaca, a redução das dimensões ventriculares esquerdas e o 23 aumento da fração de ejeção e do encurtamento porcentual da fibra ao estudo ecocardiográfico. A melhora da capacidade de exercício com os inibidores da enzima de conversão da angiotensina ocorre após algumas semanas de tratamento. É importante salientar-se que a eficácia desses agentes independe dos níveis de renina. Previnem a dilatação ventricular progressiva, reduzem a frequência de arritmias ventriculares complexas e têm efeito antiisquêmico pela inibição da formação de angiotensina II da parede arterial. 4.12. Antagonistas dos receptores de angiotensina II Causam redução da resistência arterial periférica, redução da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo e aumento do débito cardíaco. Modulam a remodelação ventricular, reduzindo a dilatação ventricular pós- infarto agudo do miocárdio. Raramente provocam hipotensão. Não induzem tosse por não interferirem com a degradação da bradicinina. São bem tolerados. O losartan demonstrou efeito favorável na redução da mortalidade quando comparado ao captopril. O real papel desses medicamentos só será estabelecido após a conclusão de alguns grandes ensaios clínicos. 4.13. Anticoagulantes Não existem estudos randomizados prospectivos sobre a anticoagulação em pacientes com cardiomiopatia dilatada. Mas alguns estudos observacionais sugerem efeito protetor dos anticoagulantes. Na cardiomiopatia não-isquêmica dilatada, recomenda-se anticoagulação oral de baixa intensidade (INR de 2,0 a 3,0) em longo prazo. Na cardiomiopatia dilatada isquêmica, o uso de ácido acetilsalicílico deve ser considerado, sendo o uso de anticoagulante recomendado nos casos de tromboembolismo prévio, fibrilação atrial, trombo ventricular esquerdo protruso ou móvel e disfunção ventricular esquerda grave. 24 4.14. Antiarrítmicos Em cerca de 40% dos portadores de insuficiência cardíaca congestiva, a morte é súbita por taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular. Em consequência, a importância da terapêutica antiarrítmica tem sido considerada no manuseio da síndrome. A fibrilação atrial incide em 30% dos pacientes com insuficiência cardíaca congestiva. A amiodarona tem-se mostrado como o medicamento mais eficaz para restauração do ritmo sinusal, com doses baixas de manutenção (100 a 200 mg/dia). O desenvolvimento da pneumonite intersticial é raro em pacientes utilizando doses médias de amiodarona. O digital somente converte a ritmo sinusal os pacientes em que a fibrilação atrial acompanha o aparecimento de insuficiência cardíaca congestiva. Os pacientes devem ser sempre anticoagulados por três a quatro semanas para cardioversão química ou elétrica. 4.15. Tratamento cirúrgico da insuficiência cardíaca Balão intra-aórtico: Choque cardiogênico, edema pulmonar e agudização da insuficiência cardíaca congestiva crônica são indicações para possíveis candidatos a transplante cardíaco. Também são candidatos os pacientes com insuficiência cardíaca congestiva aguda complicada por insuficiência mitral grave ou rotura do septo interventricular enquanto aguardam tratamento cirúrgico definitivo. A bomba de fluxo contínuo, o ventrículo artificial por acionamento pneumático ou eletrônico e o coração artificial são usados como ponte para o transplante cardíaco. Transplante cardíaco: Quase 50.000 transplantes cardíacos foram realizados até hoje, com média de 4.000 procedimentos anuais. Indica-se nos casos de insuficiência cardíaca congestiva refratária à terapêutica medicamentosa máxima, quando a cirurgia convencional não estiver indicada. A seleção de receptores é rigorosa, e inclui algumas contraindicações (algumas relativas): idade acima de 60 anos, resistência vascular pulmonar elevada após vasodilatador, infecção crônica ou aguda, diabete insulino-dependente, lúpus, neoplasia, doença vascular cerebral grave, embolia pulmonar com infarto recente, e condição psicossocial desfavorável. A sobrevida do transplantado é de 60% em cinco anos. 25 Cardiomioplastia: Usa enxertos musculares esqueléticos, estimulados eletricamente em sincronia com o coração; suas indicações são semelhantes às do transplante cardíaco. Ventriculectomia parcial: Tem como objetivo diminuir a tensão da parede ventricular pela redução da relação volume/massa. É preconizada quando o transplante cardíaco não foi indicado ou não foi possível. Marcapasso biventricular e desfibrilador implantável: Usados com relativo sucesso, principalmente nos pacientes recuperados de parada cardiorrespiratória e com insuficiência cardíaca congestiva grave, fazendo taquicardia ventricular repetitiva. 5. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DOS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE Fonte: www.leandroteles.com.br A ansiedade é um processo físico e mental ativado em situações de medo, receio, diante do desconhecido e em momentos de tensão emocional. Ela pode ser normal ou patológica. Ansiedade Normal: Trata-se de um sentimento de receio, aflição, com alterações físicas como taquicardia, sudorese, dilatação de pupila, tremores, etc. Os 26 sintomas são autolimitados, direcionados a uma situação peculiar e são proporcionais ao risco envolvido. Todo mundo se sente ansioso em situações como: dia do casamento, tentativa de assalto, montanha russa, entrevista de emprego, apresentação importante, etc. A ansiedade normal ajuda o ser humano, cria um ambiente cognitivo de apreensão salutar e de tomada rápida de decisões. Ansiedade Patológica: Ela se torna doença quando passa a ser direcionada a situações comuns do dia-a-dia, ou quando é uma resposta absolutamente desproporcional ao risco, ou mesmo quando é mantidacronicamente. Seja como for, a doença é definida quando surge impacto na qualidade de vida da pessoa. Esse tipo de ansiedade limita a percepção e dificulta a tomada de decisões, evoluindo com restrição social e impactando negativamente diversos aspectos da vida da pessoa. Como podemos perceber o que diferencia a ansiedade normal da doença é a intensidade, os desencadeantes e o impacto na funcionalidade. Sintomas Físicos Sintomas Psíquicos – Taquicardia (palpitação) – Angustia (apreensão) – Falta de Ar – Medo excessivo – Tremores – Irritabilidade – Dor no peito – Intolerância – Fome excessiva – Sensação de estar “a flor da pele” – Dor de estômago \ diarreia – Dificuldade em desligar (insônia) – Tensão muscular – Sensação de morte iminente Os transtornos de ansiedade formam um grupo extenso de disfunções que trazem franco comprometimento da funcionalidade da pessoa. Trata-se de distúrbios comuns (cerca de 10 a 20 % da população), um pouco mais frequentes em adultos jovem com predomínio no sexo feminino e de ocorrência em todas as culturas conhecidas. A causa é complexa e varia de caso a caso. Existe uma predisposição genética, mas vários fatores ambientais podem determinar ou descompensar os sintomas. O ritmo de vida, os ambientes, o tipo de criação e a presença de traumas pontuais podem culminar na amplificação da ansiedade normal e iniciar a doença propriamente dita. 27 Tipos de transtornos de ansiedade: TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada) - É a forma mais comum de ansiedade patológica. Nela a pessoa sente-se grande parte do tempo ansiosa. Com uma pressão antecipatória, uma tensão excessiva e desproporcional aos eventos do dia-a-dia. Pode haver sensação de respiração curta, tremores, taquicardias, insônia (dificuldade de desligar), irritabilidade, baixa tolerância, sensação de estar “a flor da pele”, etc. São sintomas que podem oscilar em intensidade durante o dia, mas são praticamente constantes em boa parte dos dias. Síndrome do Pânico - Trata-se do aparecimento de crises intensas e repentina de ansiedade. É uma forma dramática, intensa e incapacitante de ansiedade. Pode ocorrer em situações específicas ou surgir “do nada”. A duração dos episódios gira em torno de 10 a 20 minutos, mas podem surgir crises mais prolongadas. O paciente é tomado por sintomas físicos e psíquicos avassaladores. Psíquicos: sensação de morte iminente, medo extremo, desespero e angústia; Físicos: Dor no peito, falta de ar, formigamento em extremidades, tremores, sudorese fria, taquicardia, etc., são sintomas comuns. É muito frequente as crises de pânico serem confundidas com infarto ou arritmias em um primeiro momento. Agorafobia - É uma complicação muito comum do pânico e das fobias. O paciente que experimentou uma crise forte de ansiedade, passa a temer ter novas crises. Esse medo de passar mal leva a mais tensão antecipatória e faz com que o paciente evite lugares aonde pode ter dificuldade em pedir ajuda ou escapar caso tenha crise de ansiedade. A agorafobia é a base da restrição social e o isolamento progressivo visto em paciente com pânico. Estresse Pós-traumático - É quando os sintomas de Ansiedade (seja na forma contínua, seja na forma intermitente) ocorrem após um trauma psíquico intenso (sequestro, violência, ameaça, acidente, etc.). São comum flash backs e pesadelos relacionados ao evento em questão. TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) - Ocorre quando pensamentos obsessivos trazem ansiedade que só é aliviada por comportamentos compulsivos (repetitivos e desmotivados). São exemplos: lavar as mãos repetidamente, TOC de simetria, limpeza, compulsão alimentar, compulsão por jogos, compras, etc. 28 Fobias Específicas - Ocorre quando a pessoa manifesta tensão e ansiedade intensas diante de determinada situação ou objeto. Por exemplo: baratas, elevador, altura, lugares fechados, etc. Ansiedade Orgânica - Abstinência a Medicamentos; uso de drogas, hipertireoidismo, etc. O tratamento passa pelo reconhecimento dos sintomas e busca de ajuda especializada. O tratamento é fundamental para não ocorrer complicações da ansiedade, tais como: insônia, obesidade, isolamento social, incapacidade ao trabalho, falência matrimonial, etc. O tratamento é dividido em: mudanças no estilo de vida e medicamentos. Mudança no Estilo de Vida: Atividade física aeróbica regular, alimentação balanceada evitando álcool e estimulantes, atividades de lazer, medidas anti estresse, psicoterapia, etc. Medicamentos - O tratamento medicamentoso é altamente eficaz nos casos de ansiedade. Existem opções para uso imediato (tranquilizantes) e para uso contínuo (prevenção). Os medicamentos são, de modo geral, mantidos pelo período mínimo de 6 meses. 5.1- Entendendo o Tratamento Medicamentoso para Ansiedade Muitos tipos diferentes de medicamentos são usados no tratamento de distúrbios de ansiedade, incluindo drogas anti-ansiedade tradicionais, tais como as benzodiazepinas, e novas opções como antidepressivos e betabloqueadores. Estes medicamentos podem ser muito eficazes, mas eles não devem ser considerados como cura. A medicação para ansiedade pode proporcionar um alívio temporário, mas não trata a causa subjacente do transtorno da ansiedade. Uma vez que você parar de tomar a droga, os sintomas da ansiedade muitas vezes voltam com força total. É importante estar ciente dos riscos da medicação para ansiedade também. Medicamentos para ansiedade pode causar uma grande variedade de efeitos colaterais desagradáveis e por vezes perigosas. Muitos medicamentos para a ansiedade também causam formação de hábito e dependência física, tornando-se difícil de parar de tomá-los, uma vez que você começou. 29 O tratamento medicamentoso pode ser benéfico, não é de forma alguma a única resposta. Há outras abordagens de tratamento eficazes que podem ser tomadas como complemento ou em vez de medicamentos. Cabe avaliar as opções e decidir com a ajuda profissional o que é melhor. 5.2- Os medicamentos anti-ansiedade (ansiolíticos / benzodiazepinas) Os medicamentos anti-ansiedade, também conhecidos como tranquilizantes, são medicamentos que aliviam a ansiedade por abrandar o sistema nervoso central. Seus efeitos calmantes e relaxantes os deixaram muito popular: medicamentos anti- ansiedade são os tipos mais amplamente prescritos de medicamentos para a ansiedade. Eles também são prescritos como pílulas para dormir e relaxantes musculares. Os benzodiazepínicos são a classe mais comum de medicamentos anti- ansiedade. Eles incluem: Xanax (alprazolam) Klonopin (clonazepam) Valium (diazepam) Ativan (lorazepam) Os benzodiazepínicos agem rapidamente, geralmente trazendo alívio dentro de trinta minutos a uma hora. Por eles trabalharem de forma rápida, as benzodiazepinas são muito eficazes quando tomadas durante um ataque de pânico ou outro episódio de ansiedade extrema. Mas, apesar de seus potentes efeitos anti-ansiedade, eles têm suas desvantagens. 5.3- Os efeitos colaterais dos medicamentos anti-ansiedade Os medicamentos anti-ansiedade como benzodiazepínicos trabalham pela redução da atividade cerebral. Enquanto está temporariamente alivia a ansiedade, também pode conduzir a efeitos secundários indesejados. Quanto maior a dose, mais pronunciadas estes efeitos secundários normalmente ficam. No entanto, algumas pessoas se sentem sonolentas e descoordenadas, mesmo em baixas doses de benzodiazepínicos, que podem causar 30 problemas com o trabalho, escola ou atividades cotidianas, como dirigir. Alguns até sentem uma ressaca no dia seguinte. Como as benzodiazepinas são metabolizados lentamente, a medicação pode acumular-se no organismo, quando utilizado por longos períodos de tempo. O resultado é over sedação. Pessoas que estão over sedadas podem parecer que estão bêbadas. 5.4- Efeitos colateraiscomuns dos benzodiazepínicos ou tranquilizantes Sonolência, falta de energia Falta de jeito, reflexos lentos Fala arrastada Confusão e desorientação Depressão Tonturas, vertigens Dificuldade de raciocínio e julgamento Perda de memória, esquecimento Náuseas, dores de estômago Visão turva ou dupla As benzodiazepinas também estão associadas a depressão. Usuários de benzodiazepina a longo prazo são muitas vezes deprimidos, e acredita-se que doses mais elevadas aumentam o risco de sintomas depressivos e pensamentos e sentimentos suicidas. Além disso, os benzodiazepínicos podem causar embotamento emocional ou dormência. A medicação alivia a ansiedade, mas ele também bloqueia sentimentos de prazer ou dor. 5.5- Outros tipos de medicamentos para a ansiedade Por causa das muitas preocupações de segurança ligadas a drogas anti- ansiedade, outros medicamentos para o tratamento da ansiedade ganharam popularidade. As alternativas para tranquilizantes anti-ansiedade incluem antidepressivos, Buspirona e betabloqueadores. 31 Os medicamentos antidepressivos para a ansiedade - Muitos medicamentos originalmente aprovados para o tratamento da depressão foram encontrados para aliviar os sintomas da a ansiedade. Estes incluem determinados inibidores seletivos da receptação da serotonina (SSRIs), antidepressivos tricíclicos (ADT), inibidores da monoamina oxidase (IMAO), e antidepressivos atípicos novos. Antidepressivos são mais preferidos do que as drogas anti-ansiedade tradicionais, porque o risco de dependência e abuso é menor. No entanto, os antidepressivos levam até 4-6 semanas para começar a aliviar os sintomas da ansiedade, portanto eles não podem ser tomados “conforme necessário. ” Por exemplo, os antidepressivos não iriam ajudar em nada se você esperou até ter um ataque de pânico. Seu uso é limitado a problemas de ansiedade crônicas que necessitam de tratamento contínuo. Os antidepressivos mais amplamente prescritos para a ansiedade são SSRIs, como Prozac, Zoloft, Paxil, Lexapro e Celexa. Estes trabalhos, que regula os níveis de serotonina no cérebro para elevar o humor e têm sido utilizados para tratar o transtorno do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Efeitos colaterais comuns incluem: Náusea Nervosismo Dores de cabeça Sono Disfunção sexual Tontura Dor de estômago Ganho de peso Apesar de dependência física não é tão rápido para desenvolver com antidepressivos, a retirada pode ainda ser um problema. Se interrompido muito rapidamente, a retirada pode desencadear sintomas como depressão extrema e fadiga, irritabilidade, ansiedade, sintomas de gripe, e insônia. Todos os antidepressivos são exigidos pela ANVISA uma advertência sobre o risco de pensamentos suicidas, hostilidade e agitação. Existe também o risco de que 32 os antidepressivos vão causar um aumento, em vez de uma diminuição, na depressão e a ansiedade. Buspirona, também conhecido pelo nome de marca Buspar, é uma nova droga anti-ansiedade que atua como um tranquilizante leve. Alivia a ansiedade, aumentando a serotonina no cérebro como o SSRIs fazem e diminuindo a dopamina. Em comparação com os medicamentos tradicionais como Xanax,o buspirona é de ação lenta. Demora cerca de duas semanas para começar a trabalhar na ansiedade. No entanto, ele tem várias vantagens em relação aos mais velhos medicamentos: não é como sedativo, não prejudicar a memória e coordenação, não é muito viciante, e acredita-se que efeitos da retirada são mínimas. Efeitos colaterais comuns do buspirona incluem: Náusea Dores de cabeça Tontura Sonolência Dor de estômago Prisão de ventre Diarreia Boca seca Uma vez que o risco de dependência é baixo e não tem interações medicamentosas graves, a buspirona é uma boa opção para as pessoas idosas e pessoas com histórico de abuso de substâncias. No entanto, a sua eficácia é limitada. Ele trabalha para o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), mas não parece ajudar outros tipos de transtornos de ansiedade. Medicamentos betabloqueador para a ansiedade: são um tipo de medicamento usado para tratar pressão alta e problemas cardíacos. No entanto, são também prescritos off-label para a ansiedade. Betabloqueadores funcionam bloqueando os efeitos da norepinefrina, um hormônio do estresse envolvido na resposta de luta ou fuga. Isso ajuda a controlar os sintomas físicos de ansiedade, tais como ritmo acelerado do coração, voz trêmula, sudorese, tontura, e as mãos trêmulas. Como os betabloqueadores não afetam os sintomas emocionais de ansiedade, tais como preocupação, eles são mais úteis para fobias, fobia social, e particularmente 33 a ansiedade de desempenho. Se você está antecipando uma situação produtora de ansiedade específica (como dar um discurso), tendo um bloqueador beta com antecedência pode ajudar a reduzir os seus “nervos”. Incluem drogas tais como o propranolol (Inderal) e atenolol (Tenormin). Efeitos colaterais comuns incluem: Frivolidade Sono Náusea Pulsoextraordinariamente lento 5.6- Preocupações de segurança e fatores de risco Além dos efeitos colaterais comuns, a medicação para a ansiedade vem com riscos adicionais. Enquanto drogas tranquilizantes anti-ansiedade são relativamente seguras, se tomados apenas ocasionalmente e em pequenas doses. Eles podem conduzir a problemas graves, quando combinado com outras substâncias ou tomadas durante longos períodos de tempo. Além disso, algumas pessoas vão ter reações adversas a qualquer quantidade de medicamentos anti-ansiedade. Eles não são seguros para todos, mesmo quando usado com responsabilidade. Fatores de risco dos medicamentos anti-ansiedade: Quem toma medicação para a ansiedade pode ter efeitos colaterais desagradáveis ou perigosos. Mas certos indivíduos estão em maior risco: Pessoas com mais de 65 anos - Os adultos mais velhos são mais sensíveis aos efeitos sedativos da medicação anti-ansiedade. Mesmo pequenas doses podem causar confusão, amnésia, perda de equilíbrio e comprometimento cognitivo que se parece com demência. O uso de drogas anti-ansiedade em idosos está associada a um risco aumentado de quedas, quadris e pernas quebrados, e acidentes de carro. Mulheres grávidas - devem evitar medicamentos anti-ansiedade uma vez que estes medicamentos ansiedade podem cruzar a placenta, o seu uso durante a gravidez pode levar à dependência no bebê. Após o nascimento, o bebê irá então passar por abstinência, com sintomas como fraqueza muscular, irritabilidade, problemas de sono e respiração, e tremor. Estas drogas para ansiedade são 34 excretadas no leite materno, por isso elas devem ser evitadas durante a amamentação também. Pessoas com histórico de abuso de substâncias - Qualquer pessoa com um problema atual ou anterior com álcool ou drogas devem evitar medicamentos anti- ansiedade ou usá-los somente com extrema cautela. O maior benefício de benzodiazepínicos é que eles funcionam de forma rápida, mas isso também torna viciante. Isso pode levar rapidamente a seu abuso, muitas vezes em combinação perigosa com álcool ou outras drogas ilícitas. Medicação por si só não é suficiente, medicamentos de ansiedade não são uma cura, pode tratar alguns sintomas de ansiedade, mas não pode alterar as questões subjacentes e situações da vida que provoca a ansiedade. É aí que a terapia e outras mudanças de estilo de vida entram. Há muitas alternativas de tratamento para medicação, incluindo a terapia cognitivo-comportamental, que é amplamente aceito em ser mais eficaz para a ansiedade do que os medicamentos. 6. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DA ASMA Fonte: pediatravirtual.net 35 A asma brônquica é uma doença inflamatória crônica das vias respiratórias, que se expressa pela reduçãoou obstrução no fluxo do ar respirado, devido ao edema da mucosa dos brônquios, à hiperprodução de muco nas vias aéreas e à contração da musculatura lisa dessa região. Além disso, pode ocorrer a presença de células inflamatórias nas vias aéreas, exsudação de plasma, hipertrofia muscular, rolhas de muco e descamação do epitélio. O estreitamento das vias aéreas geralmente é reversível, de forma espontânea ou através de medicações, mas pode também tornar- se irreversível, em pacientes com asma crônica. A asma brônquica pode se iniciar em qualquer momento da vida, mas na maioria das vezes começa na infância. A asma é causada por uma hipersensibilidade dos brônquios, na maioria das vezes de causa hereditária. Sua fisiopatologia está relacionada à interação entre fatores genéticos e ambientais. Por um lado, cerca de um terço dos asmáticos possui um familiar (pais, avós, irmãos ou filhos) com asma ou com outra doença alérgica. Por outro lado, alguns fatores ambientais como alterações climáticas, contato com pólen, mofo, poeira, pelo de animais, fumaça, cheiros fortes, gripes e resfriados e ingestão de certos alimentos ou medicamentos podem atuar como precipitantes ou agravantes da enfermidade. Em geral os sintomas aparecem ciclicamente com períodos intermitentes de melhora e de piora. Eles se mostram como dificuldade respiratória, dor ou ardência no peito e chiado (sibilância). Além disso, quase sempre há tosse, expectoração com aspecto de "clara de ovo". Esses sintomas podem aparecer a qualquer momento do dia, mas tendem a predominar pela manhã ou à noite. Quando se tornam especialmente intensos, de forma aguda, constituem o que se costuma designar de “crise de asma”. O diagnóstico da asma é principalmente clínico, baseado nos sinais e sintomas referidos pelo paciente. Ao exame físico o médico pode notar, principalmente durante as crises, a presença de sibilos nos pulmões. Eles podem não existir nas pessoas asmáticas que estiverem fora das crises e o exame físico pode, inclusive, ser completamente normal. Exames complementares podem auxiliar no diagnóstico. Dentre eles, a radiografia do tórax, exames de sangue e a espirometria, que identifica e quantifica a obstrução ao fluxo de ar e o teste de bronco-provocação, com substâncias pró-inflamatórias. O exame mais importante, no entanto, é a análise dos 36 valores exalados de óxido nítrico, os quais permitem também avaliar a resposta ao tratamento. O tratamento da pessoa asmática compreende dois momentos diferentes: o tratamento das crises e o tratamento da doença de base. Tratamento das crises asmáticas - As medicações das crises graves e situações de emergência são diferentes das usadas para tratar a doença básica. No tratamento dos ataques graves usam-se normalmente corticosteroides (geralmente por administração sistêmica), agonistas adrenérgicos inalados e anticolinérgicos. Além disso, o paciente deve procurar manter a calma, permanecer em ambientes arejados, falar pouco e usar roupas largas, desde que não sejam de lã. Se as crises asmáticas durarem de dois a três dias os alvéolos ficam saturados de gás carbônico e isso prejudica as trocas gasosas pulmonares, podendo repercutir negativamente em todos os órgãos. Tratamento da asma - A pessoa asmática precisa manter certos cuidados com o ambiente, além de usar medicações e utilizar certas técnicas fisioterapêuticas, que se mostram bastante eficientes. Os medicamentos principais são de duas classes: os broncodilatadores e os anti-inflamatórios. O broncodilatadores dilatam as vias aéreas e devem ser utilizados quando o asmático está com falta de ar, chiado no peito ou crise de tosse. Os anti-inflamatórios, por sua vez, devem ser utilizados principalmente para evitar e prevenir as crises agudas. Essas duas classes de medicações são recursos de manutenção e podem ser usados de várias formas: nebulização, spray, comprimido, xarope. Os corticoides são usados para combater a inflamação. Tais medicamentos são utilizados com o intuito de prevenir as exacerbações da doença. Existem outras possibilidades mais recentes de tratamento, ainda menos consolidadas. Em certos casos pode ser necessário o uso de incentivadores respiratórios e respiradores mecânicos não-invasivos. O tratamento fisioterápico contribui para melhorar a ventilação, auxiliar no relaxamento da musculatura respiratória, higienizar as vias aéreas, melhorar a condição física e aprimorar a qualidade de vida dos indivíduos acometidos. Nas crianças, ele consiste em trabalhos de exercícios respiratórios, de desobstrução brônquica e drenagem postural, com estimulação da tosse se necessário e treino de padrão ventilatório. Em adultos, enfatiza os alongamentos globais, os exercícios 37 aeróbicos, vários exercícios respiratórios e o acompanhamento do fluxo respiratório, entre outros Não há como prevenir a existência da doença, mas sim as suas exacerbações. Como prevenção das crises o asmático pode utilizar corticosteroides, beta 2 agonistas de longa duração e antileucotrienos, além de ter um bom controle ambiental, evitando exposição aos desencadeadores conhecidos da crise asmática. Tudo isso deve ser feito com orientação médica. O prognóstico dos asmáticos é bom, especialmente para as crianças. Após uma década, cerca de 54% delas não terão mais esse diagnóstico. Nos asmáticos crônicos ocorre, com frequência, uma dilatação dos alvéolos que acaba por levar ao enfisema pulmonar. Em casos raros a asma pode levar à morte. 7. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DA DEPRESSÃO Fonte: www.depressaoansiedade.com A depressão é uma condição comum, já descrita por Hipócrates como Melancolia e que mesmo tendo tantos avanços tecnológicos ainda sabemos pouco sobre sua fisiopatologia. E segundo a OMS, o grau de incapacitação é maior do que 38 em outras doenças crônicas recorrentes (hipertensão arterial, diabete melito e artrite). Dados recentes mostram que este transtorno será a segunda causa de incapacitação do mundo, atrás somente da doença coronariana isquêmica até o ano de 2020. Desde a década de 1950, quando se descobriu que fármacos tricíclicos e inibidores de monoaminoxidase podiam aliviar sintomas da depressão, vários outros fármacos foram desenvolvidos. Todos funcionando pelo mesmo mecanismo: as monoaminas, que levaram à noção de que a depressão é um transtorno ligado a serotonina e/ou norepinefrina (NE). Com essa reação ao tratamento surgiram hipóteses teóricas sobre a fisiopatologia do transtorno. Os clínicos a chamam de hipótese monoaminérgica (ligada à estrutura neuroanatômica chamada amígdala) e o público leigo em geral a chama de desequilíbrio químico. Entretanto dois fatores relevantes opõem-se a esta hipótese monoaminérgica como sendo a única causa do transtorno: 1º) o efeito do psicofármaco: para a eficácia total os psicofármacos levam de 6 a 10 semanas, embora sabendo-se que a atividade neurotransmissora na sinapse neuronal seja alterada após algumas doses; 2º) dados em estudos sobre níveis de neurotransmissores no plasma, no líquido cerebrospinal (LCS) e no tecido cerebral não conseguiram encontrar deficiência em pacientes deprimidos em comparação a grupos controles saudáveis. O que evidentemente nos mostra que o tratamento para depressão tende a ser muito mais complexo do que a simples reposição de um neurotransmissor insuficiente. O tratamento antidepressivo deve ser entendido de uma forma globalizada levando em consideração o ser humano como um todo incluindo dimensões biológicas, psicológicas e sociais. Portanto, a terapia deve abranger todos esses pontos e utilizar a psicoterapia, mudanças no estilo de vida e a terapia farmacológica. As intervenções psicoterápicas podem ser de diferentes formatos, como psicoterapia de apoio, psicodinâmica breve, terapia interpessoal, comportamental, cognitiva comportamental, de grupo,de casais e de família. Fatores que influenciam no sucesso psicoterápico incluem: motivação, depressão leve ou moderada, ambiente estável e capacidade para insight. Mudanças no estilo de vida deverão ser debatidas com cada paciente, objetivando uma melhor qualidade de vida. 39 Os antidepressivos produzem, em média, uma melhora dos sintomas depressivos de 60% a 70%, no prazo de um mês, enquanto a taxa de placebo é em torno de 30%. 8. FISIOPATOLOGIA E TERAPÊUTICA DA PSICOSE/ESQUIZOFRENIA Fonte: www.leandroteles.com.br A esquizofrenia e os denominados transtornos esquizofrênicos constituem um grupo de distúrbios mentais graves, sem sintomas patognomônicos, mas caracterizados por distorções do pensamento e da percepção, por inadequação e embotamento do afeto sem prejuízo da capacidade intelectual (embora ao longo do tempo possam aparecer prejuízos cognitivos). Seu curso é variável, aproximadamente 30% dos casos apresentam recuperação completa ou quase completa, cerca de 30% com remissão incompleta e prejuízo parcial de funcionamento e cerca de 30% com deterioração importante e persistente da capacidade de funcionamento profissional, social e afetivo. Embora não se identifique qualquer sintoma patognomônico, existe uma hierarquia de sintomas. Para fins do diagnóstico de esquizofrenia, exige-se a presença 40 de pelo menos uma das síndromes, sintomas ou sinais de um grupo de maior hierarquia, ou pelo menos dois dos sinais e sintomas de um grupo de menor hierarquia. Tais sintomas devem estar presentes na maior parte do tempo de um episódio de doença psicótica que dure pelo menos 1 mês (ou por algum tempo durante a maioria dos dias) e devem ter sido excluídos diagnósticos de transtornos de humor, transtornos atribuíveis à doença cerebral orgânica, intoxicação, dependência ou abstinência relacionada a álcool ou outras drogas. É de importância especial para a confirmação do diagnóstico a ocorrência de uma perturbação das funções que dão à pessoa normal um senso de individualidade, de unicidade e de direção de si mesmo. O paciente tem a sensação de que seus pensamentos, sentimentos e atos mais íntimos são sentidos ou partilhados por outros. Pode desenvolver delírios explicativos de que forças externas influenciam pensamentos e ações, de forma muitas vezes bizarras. Aspectos periféricos e irrelevantes de conceitos são conjugados com aspectos centrais. O paciente pode exibir um pensamento vago, elíptico e obscuro, acreditando que situações da vida cotidiana possuem um significado particular, em geral sinistro, relacionado unicamente com ele. Pode haver a sensação de interrupção do curso do pensamento e a sensação de que as ideias são retiradas por um agente exterior. O humor é caracteristicamente superficial ou incongruente, acompanhado, com frequência, de inércia, negativismo ou estupor. As causas da esquizofrenia são ainda desconhecidas. O modelo de doença de maior aceitação é o da “vulnerabilidade versus estresse”, conceito que propõe que a presença de vulnerabilidade aumenta o risco para o desenvolvimento de sintomas na presença de estressores ambientais e na falha dos mecanismos para lidar com eles. Os fatores de vulnerabilidade são baseados em um componente biológico, que inclui predisposição genética interagindo com fatores complexos físicos, ambientais e psicológicos. Na escolha do tratamento, devem ser considerados os fármacos já utilizados, o estágio da doença, a história de resposta e adesão e o risco-benefício. Existe ampla evidência de que o uso de antipsicóticos é superior a seu não uso. Sabe-se também que intervenções não farmacológicas igualmente potencializam o tratamento medicamentoso - seja a eletroconvulsoterapia (ECT) seja a estimulação magnética transcraniana (EMT), como opção de tratamento para alucinações auditivas refratárias 41 aos medicamentos - ou tratamentos psicossociais, que incluem terapia cognitivo- comportamental e terapia familiar sistêmica. A identificação da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à Atenção Básica um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos. Sintomas de maior hierarquia: Eco, inserção, roubo ou irradiação de pensamento; Delírios de controle, influência ou passividade, claramente relacionados ao corpo ou a movimentos dos membros ou a pensamentos, ações ou sensações específicas; percepção delirante; Vozes alucinatórias fazendo comentários sobre o comportamento do paciente ou discutindo entre si, ou outros tipos de vozes alucinatórias advindas de alguma parte do corpo; Delírios persistentes de outros tipos que sejam culturalmente inapropriados e completamente impossíveis (por exemplo, ser capaz de controlar o tempo ou estar em comunicação com alienígenas). Sintomas de menor hierarquia: Alucinações persistentes, de qualquer modalidade, quando ocorrerem todos os dias, por pelo menos 1 mês, quando acompanhadas por delírios (os quais podem ser superficiais ou parciais), sem conteúdo afetivo claro ou quando acompanhadas por ideias superestimadas persistentes; Neologismos, interceptações ou interpolações no curso do pensamento, resultando em discurso incoerente ou irrelevante; Comportamento catatônico, tal como excitação, postura inadequada, flexibilidade cérea, negativismo, mutismo e estupor; e Sintomas “negativos”, tais como apatia marcante, pobreza de discurso, embotamento ou incongruência de respostas emocionais (deve ficar claro que tais sintomas não são decorrentes de depressão ou medicamento neuroléptico). O tratamento da esquizofrenia não tem tempo determinado. O período de reavaliação é de 6 meses, ocasião em que o médico avaliará a efetividade e a segurança do tratamento. A duração indeterminada segue apoiada por um estudo de 42 meta-análise avaliando o efeito da suspensão do uso da clorpromazina em pacientes esquizofrênicos estáveis. Estudos prévios mostravam que 25% dos pacientes com apenas um quadro psicótico não tem mais episódio depois de tratada a crise. Avaliados 10 estudos, com 1.042 pacientes estáveis com esquizofrenia, foi evidenciado que aqueles que permaneceram em uso de clorpromazina, em curto, médio e longo prazos, tiveram menos chance de ter uma recidiva comparados com os do grupo que suspendeu o uso. Uma meta-análise também avaliou o uso em geral de antipsicóticos em tratamentos de manutenção para esquizofrenia após 1 ano contra placebo. Houve evidência de benefícios em diferentes desfechos. Alguns medicamentos indicados no tratamento: Risperidona - Deve-se iniciar com 1 mg, 2 vezes ao dia, para evitar efeito de primeira dose (bloqueio alfa-adrenérgico). A dose pode ser aumentada em 1 mg, 2 vezes ao dia, até que uma dose alvo de 6 mg/dia (3 mg, 2 vezes ao dia) seja alcançada no terceiro dia. As doses recomendadas de manutenção são de 3-6 mg/dia. Se descontinuada, a administração deve ser reiniciada conforme a primeira dose. Em pacientes com insuficiências renal ou hepática, a dose máxima recomendada é de 3 mg/dia. A administração simultânea com alimentos não interfere na biodisponibilidade do medicamento. Quetiapina - Deve-se iniciar com 25 mg, 2 vezes ao dia, por via oral, com aumentos de 25-50 mg por dose por dia, com o objetivo de alcançar 300-600 mg/dia. A dose total poderá ser dividida em 2 ou 3 vezes ao dia, devendo ser alcançada entre o quarto e o sétimo dias de tratamento. O ajuste pode ser feito com incrementos (ou diminuição) de 25-50 mg, 2 vezes ao dia, ou num intervalo de 2 dias. A dose máxima situa-se entre 750-800 mg/dia. Ziprasidona - Deve-se iniciar com 40 mg, 2 vezes ao dia, por via oral, sendo administrados com os alimentos. Aumentos de dose deverão ocorrer em intervalos superiores a 2 dias até a dose máxima de 160 mg/dia (80 mg, 2 vezes ao dia).
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