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Regimes Internacionais de Meio Ambiente

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17/04/2023, 20:57 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/16
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REGIMES E ORGANIZAÇÕES
INTERNACIONAIS
AULA 6
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17/04/2023, 20:57 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/16
 
Profª Devlin Biezus
CONVERSA INICIAL
OS REGIMES INTERNACIONAIS DE MEIO AMBIENTE
O objetivo desta aula é analisar as especificidades do meio ambiente na construção de regimes
internacionais. Primeiro, é realizado um panorama dos regimes internacionais de meio ambiente. O
Tema 2 tem seu conteúdo focado na construção do regime internacional das mudanças climáticas. O
Tema 3 aborda as problemáticas do regime internacional de meio ambiente em relação aos países
emergentes. O Tema 4 apresenta o conceito de desenvolvimento sustentável e como o seu
entendimento é refletido nos regimes estudados. Por fim, o Tema 5 trata da atuação das
Organizações Não Governamentais (ONGs) e das corporações no regime de meio ambiente.
TEMA 1 – MEIO AMBIENTE E A CRIAÇÃO DE REGIMES
INTERNACIONAIS
O objetivo deste tema é tratar da formação e do desenvolvimento dos regimes internacionais do
meio ambiente. Como demonstrado anteriormente, as questões ambientais entraram nas agendas de
segurança estatais após a Guerra Fria, com a expansão do entendimento securitário. Contudo, as
políticas voltadas ao meio ambiente começaram a surgir ao final da década de 1970.
A estruturação de regimes ambientais pode acontecer por meio de cinco estágios, que, de
acordo com Onuki e Agopyan (2020) e Chasek, Downie e Brown (2018), são:
1) a definição da agenda;
2) averiguação;
3) barganha para a criação do regime;
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4) a implementação do regime; e
5) a revisão e fortalecimento do regime.
Esses estágios não necessariamente acontecem de forma cronológica, podendo haver
sobreposições. O primeiro estágio objetiva identificar qual é a questão ambiental a ser endereçada
pelo regime. Isso pode depender da magnitude de ameaça da problemática relacionada ao tema, ou
pela mobilização de demais atores, como ONGs e organizações internacionais (Onuki; Agopyan,
2020).
No segundo estágio, a averiguação, o tema que será investigado pelo regime é tratado de forma
mais profunda. Nesta fase, busca-se informações de diversas áreas científicas para formular uma
política que tenha coerência e que obtenha consenso (Onuki; Agopyan, 2020).
O terceiro estágio, a barganha, representa a articulação política para a formulação da estratégia
que irá lidar com a problemática endereçada pelo futuro regime. Nesse contexto, os atores
envolvidos negociarão demandas e realizarão concessões para que o regime seja aderido por um
número relevante de Estados (Onuki; Agopyan, 2020).
O quarto e o quinto estágio, implementação e fortalecimento, acontecem de forma simultânea.
Nesses estágios é estabelecida uma convenção para a formalização das diretrizes negociadas. Como
forma de fortalecimento, essa convenção pode ser complementada ao longo do tempo, por exemplo,
por meio de protocolos ou emendas (Onuki; Agopyan, 2020).
Os regimes ambientais existentes tratam de diversas questões relacionadas à temática, de
proteção às baleias à mudança climática. Além de serem diversos em suas temáticas, os regimes
internacionais de meio ambiente também se modificam ao longo do tempo, podendo se expandir,
fortalecer, enfraquecer ou até mesmo modificar seu escopo. Por exemplo, o atual regime de proteção
às baleias surgiu na década de 1940 com o objetivo de regular a caça comercial baleeira, mas se
modificou, decretando o banimento do comércio de baleias em 1985 (Chasek; Downie; Brown, 2018).
Assim como o regime de comércio baleeiro, o regime sobre conservação da biodiversidade
também evoluiu ao longo de seu histórico. Até a década de 1970, os tratados que envolviam a
proteção da biodiversidade não eram comprometimentos vinculantes. Isso foi modificado em 1973,
com a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens
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Ameaçadas de Extinção. A principal medida criada por esta convenção foi a aplicação de sanções
comerciais para o tráfico de animais ameaçados de extinção (Chasek; Downie; Brown, 2018).
O regime sobre a problemática da camada de ozônio é um exemplo de caso que se fortaleceu
ao longo de seu desenvolvimento. O regime começou em 1985, com a Convenção de Viena para a
Proteção da Camada de Ozônio. No entanto, esta convenção não exigiu que os Estados signatários
reduzissem o uso dos produtos químicos que prejudicavam a cobertura de gás ozônio presente na
atmosfera terrestre, mas, ao menos, trouxe menções sobre os químicos que poderiam prejudicar a
camada de ozônio.
Em 1987, o Protocolo de Montreal foi o responsável por exigir reduções de clorofluorcarbonetos
(CFCs) as quais aceleravam a redução da camada de ozônio. No final da década de 1980 e início da
de 1990, descobertas científicas sobre químicos alternativos que poderiam substituir os CFCs foram
um importante passo para o arrefecimento da redução da camada de ozônio. Esse caso é um
exemplo de como um regime com regras eficazes permitiu que governos chegassem a uma série de
acordos para, de fato, reduzirem os níveis de emissões de CFCs. Como resultado, a produção dessas
substâncias foi eliminada (Chasek; Downie; Brown, 2018).
O regime relacionado à mudança climática, por sua vez, foi criado em 1992. Seu marco inicial foi
o estabelecimento da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).
O objetivo da convenção é de reduzir a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera
terrestre. Contudo, a UNFCCC não impôs medidas vinculantes ou cronogramas para que as emissões
fossem reduzidas. Essas medidas foram criadas em 1997, com o Protocolo de Kyoto (Chasek; Downie;
Brown, 2018).
Esse apanhado geral ilustra os diversos temas que formam os regimes internacionais ambientais.
Alguns desses regimes podem ser considerados bem-sucedidos, como o regime da diminuição da
camada de ozônio. Contudo, muitos deles não resolveram completamente as problemáticas
ambientais da maneira que se havia proposto.
TEMA 2 – O REGIME INTERNACIONAL DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Uma vez apresentados de forma geral os regimes ambientais, esta seção temática tem como
foco o regime internacional sobre as mudanças climáticas. Assim, as principais convenções sobre
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esses temas serão abordadas, bem como seus principais objetivos e desafios.
As ações de âmbito global em relação à sustentabilidade e aos recursos ambientais tiveram seu
marco inicial em 1972. Neste ano, a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano foi
convocada em Estocolmo. Alguns exemplos das problemáticas tratadas pela conferência foram a
discussão da relação entre a eliminação da pobreza e a criação de um ambiente humano saudável,
além da questão do uso sustentável dos recursos naturais (Onuki; Agopyan, 2020).
O evento produziu uma declaração denominada Manifesto Ambiental, o qual estabeleceu as
bases para a agenda ambiental que ganharia mais espaço ao fim da Guerra Fria. A Declaração de
Estocolmo representou a primeira ação global sobre o impacto humano no meio ambiente. Seu
objetivo foi criar uma perspectiva comum entre os países signatários sobre como abordar os desafios
de preservação e melhoramento do ambiente humano. Nesse sentido, a Declaração de Estocolmo
apresenta objetivos políticos amplos para lidar com o tema e não traz orientações detalhadas sobre
como alcançar tais objetivos (Handl, 2012).
Além da declaração, a conferência também criou o órgão do Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente (Pnuma) (Onuki; Agopyan, 2020). O Pnuma é a principal autoridade internacional
em questões ambientais e seus principais objetivos são: monitorar o estado do meio ambiente deforma geral; alertar o sistema internacional caso haja alguma ameaça; e recomendar medidas para
lidar com as problemáticas ambientais.
Em relação ao regime de mudanças climáticas, a discussão acerca do tema começou a ganhar
maior notoriedade internacional na década de 1980. Em 1998, o Painel Intergovernamental para
Mudanças Climáticas (IPCC) foi criado (Onuki; Agopyan, 2020). O painel representa uma fonte
científica e confiável de informações ambientais para os governos, que deixa mais claro e preciso o
fluxo de informações sobre determinada questão climática.
Apesar de o IPCC apresentar as informações com bases científicas, ele não é um centro de
desenvolvimento de pesquisas científicas sobre mudanças climáticas. O objetivo do IPCC é identificar
consensos e lacunas entre os variados estudos científicos. Seu primeiro relatório foi divulgado em
1990, apontando como o modelo econômico mundial influenciaria o aquecimento global e como
essas mudanças climáticas seriam uma grave ameaça (Onuki; Agopyan, 2020). O primeiro relatório do
IPCC previu que se os Estados continuassem com o mesmo modelo econômico, a temperatura média
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global aumentaria de uma forma sem precedentes na história humana (Chasek; Downie; Brown,
2018).
A partir do ponto inicial do primeiro relatório do IPCC, Chasek, Downie e Brown (2018, p. 163)
dividem o regime de mudanças climáticas em quatro etapas:
1) a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas;
2) o Protocolo de Kyoto;
3) os Acordos de Copenhague;
4) o Acordo de Paris.
A primeira etapa conta com a criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas. A convenção foi formada em 1992, na cidade do Rio de Janeiro. Em junho de
1992, 154 Estados assinaram a UNFCCC. Seu funcionamento começou em 1994, quando cinquenta
Estados ratificaram a convenção (Chasek; Downie; Brown, 2018).
As negociações responsáveis pela criação da convenção não alcançaram uma resolução que
tratasse de medidas concretas para combater as mudanças climáticas. Isso porque os Estados Unidos
haviam vetado qualquer medida vinculante dentro da Convenção-Quadro. Nesse sentido, surgiram
negociações sobre protocolos subsequentes à UNFCCC, os quais apresentaram metas objetivas e um
caráter vinculante (Chasek; Downie; Brown, 2018).
A segunda etapa que forma o regime de mudanças climáticas é o Protocolo de Kyoto. O
protocolo foi assinado no Japão em 1997 com o intuito de criar metas vinculantes para os Estados
signatários. Essas metas visavam a redução da emissão de gases de efeito estufa, propondo redução
de 5,2% entre 2008 e 2012 (Onuki; Agopyan, 2020). O protocolo entrou em vigor em 2005 com a
ratificação do quinquagésimo quinto Estado. Os Estados Unidos, um país que conta com altas
emissões de gases de efeito estufa, não ratificou o protocolo, argumentando que os compromissos
vinculantes não possuíam o mesmo peso para países desenvolvidos e para emergentes (Onuki;
Agopyan, 2020).
Com o Protocolo de Kyoto, estabeleceu-se uma meta coletiva para a redução dos gases de efeito
estufa. O protocolo também criou um mecanismo de flexibilização para os países desenvolvidos. Esse
mecanismo é formado por um “mercado de carbono” em que países industrializados, que não
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alcançarem sua meta, podem comprar “créditos de carbono” de países que conseguirem reduzir suas
emissões (Onuki; Agopyan, 2020).
A terceira etapa do regime ambiental é formada pelos Acordos de Copenhague. O intuito dos
acordos foi fortalecer o regime criado pelo Protocolo de Kyoto e substituí-lo após o fim de sua
vigência, em 2012. As negociações começaram em 2005, tendo como principais dificuldades a China,
em conjunto com os Estados Unidos, se tornando atores de veto sobre as possíveis metas vinculantes
do acordo (Chasek; Downie; Brown, 2018). O resultado foi um acordo não vinculante com metas a
longo prazo. O comprometimento dos Estados signatários foi de limitar o aumento da temperatura
em 2 ºC.
Por fim, a quarta etapa do regime de mudança climática é o Acordo de Paris, assinado em 2015.
Contando com a participação de 195 Estados, o objetivo do acordo foi reiterar o comprometimento
dos Estados em limitar o aumento da temperatura abaixo de 2 ºC. O acordo pode ser considerado
um documento com caráter híbrido, pois há um compromisso vinculante aos Estados para
cumprirem o que se foi negociado. Contudo, o cumprimento das metas não é obrigatório.
TEMA 3 – REGIMES INTERNACIONAIS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
E OS PAÍSES EMERGENTES
Um dos mais intensos debates no regime de mudanças climáticas se dá entre os países
desenvolvidos e os em desenvolvimento. Esse debate foi um fator complicador para o
desenvolvimento da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, por
exemplo. Para compreender esse debate, deve-se ressaltar que as emissões dos gases de efeito
estufa possuem diversas fontes. Entre elas, fontes que estão relacionadas ao nível do
desenvolvimento econômico dos Estados, como a indústria, a geração de energia elétrica, a
agropecuária e os meios de transportes.
O principal argumento dos países emergentes é o de que os países desenvolvidos do norte
global têm emitido gases de efeito estufa desde a Revolução Industrial e, agora, todo o globo estaria
ameaçado pelas mudanças climáticas. Nesse sentido, argumenta-se que os principais emissores
seriam historicamente responsáveis pelos problemas ambientais e, portanto, tais países deveriam
arcar com o fardo de sanar essas problemáticas (Barros-Platiau, 2010). Por outro lado, países
desenvolvidos, representados principalmente pelos Estados Unidos, argumentavam que países
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emergentes, como China, Brasil e Índia, representavam cerca de 21% das emissões de gás de efeito
estufa em 1989 (Chasek; Downie; Brown, 2018). Por isso, defendia-se que esses países também
deveriam restringir suas emissões.
Esse debate ilustra as percepções entre países com diferenças no nível de desenvolvimento
econômico sobre a responsabilidade de emissões de gases de efeito estufa, dando maior
complexidade ao desenvolvimento do regime de mudanças climáticas. Assim, como existem Estados
em diferentes estágios de desenvolvimento econômico e, consequentemente, diferentes índices de
emissões entre eles, desenvolveu-se o princípio de “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”
(Onuki; Agopyan, 2020).
O princípio de “responsabilidades comuns, mas diferenciadas” reflete um consenso político de
que a cooperação de todos os Estados seria necessária para lidar com a mudança climática e também
de que todos os Estados teriam responsabilidade de agir para lidar com essa questão. Contudo, ao
trazer o termo diferenciados, o princípio reflete implicações na adoção e na implementação dos
comprometimentos comuns. Tal perspectiva considera elementos como as diferentes capacidades
entre os Estados, as contribuições históricas das emissões de gases de efeito estufa e as necessidades
específicas para o desenvolvimento (Pauw et al., 2014).
As “responsabilidades comuns, mas diferenciadas” se materializaram no Protocolo de Kyoto. O
documento dividiu os países signatários em duas partes: os do Anexo I e os do não-Anexo I. Os
países membros do Anexo I eram os Estados desenvolvidos e os Estados com a economia em
transição para o capitalismo. Já as Partes do Não-Anexo I eram os países em desenvolvimento ou
emergentes (Chasek; Downie; Brown, 2018; Pauw et al., 2014). Como o objetivo do Protocolo de
Kyoto era reduzir as emissões coletivas dos gases de efeito estufa abaixo de 5,2% do nível de 1990,
entre os anos de 2008 e 2012, os Estados tiveram diferentes requerimentos dentro desse mandado
coletivo. Por exemplo, a Islândia poderia ter um aumento de até 10% nas suas emissões devido à sua
já baixa taxa de emissão. Jáa União Europeia e a maioria dos países do leste europeu deveriam
reduzir suas emissões em 8%. Segundo os autores Chasek, Downie e Brown (2018), as
responsabilidades diferenciadas fizeram com que as metas gerais fossem menos ambiciosas do que
se pretendia inicialmente. Essa foi uma das questões que limitou o impacto ambiental do protocolo.
Durante as negociações para os Acordos de Copenhague, o grupo dos países em
desenvolvimento e dos não desenvolvidos se fragmentou, criando diferentes grupos de acordo com
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a vulnerabilidade de cada Estado em relação às mudanças climáticas, com as taxas de
desenvolvimento econômico, os níveis de emissão dos gases de efeito estufa e a exportação de
petróleo. Conforme Chasek, Downie e Brown (2018), entre essas coalizões, estão:
o grupo BASIC, formado por Brasil, África do Sul, Índia e China. Esta coalizão tem um
importante papel nas negociações porque representa economias crescentes e porque são
Estados responsáveis por altas taxas de emissões de gases de efeito estufa;
o grupo dos países menos desenvolvidos, com 48 países que se pautam em relação à sua
vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas;
o grupo da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), formado por 42 ilhas que são as
mais vulneráveis em relação ao aumento do nível do mar. Por isso, é um grupo de pressão para
que haja uma redução de emissões de gases de efeito estufa;
o grupo da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), o qual conta com 12 países
que têm o petróleo como um importante insumo da sua economia. Esses países pautam por
compensações financeiras devido à redução das emissões; e
o grupo Africano, que apoia a diminuição drástica das emissões dos gases de efeito estufa e
defende que países em desenvolvimento deveriam receber compensações para mitigar ou
adaptar as fontes de suas emissões.
Os debates entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre suas responsabilidades
ambientais apresentam uma importante dicotomia no regime internacional de mudanças climáticas.
Esse debate compreende que o desenvolvimento econômico e as mudanças que reduzissem os níveis
de gases de efeitos estufa seriam contraditórios. Nesse sentido, começou-se a desenvolver uma nova
racionalidade, que visava se sobrepor a essa dicotomia. A ideia do desenvolvimento sustentável
começou a ganhar maior espaço nos debates, buscando formas de fazer com que o desenvolvimento
e o meio ambiente caminhassem juntos.
TEMA 4 – O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO REGIME
INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Como demonstrado pelo debate entre países desenvolvidos e emergentes, o desenvolvimento e
a proteção ambiental são dicotômicos. A principal tentativa para superar essa contradição foi o
conceito de desenvolvimento sustentável. As discussões sobre o desenvolvimento sustentável já
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aconteciam em paralelo à formação dos regimes internacionais de meio ambiente. Contudo, o termo
ganhou mais força a partir da década de 2000, com a iniciativa das Nações Unidas na criação dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) (Onuki; Agopyan, 2020).
Os primeiros esforços em concatenar as questões ambientais com o desenvolvimento
aconteceram em 1983. Neste ano, a Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu uma comissão
independente com o objetivo de formular uma agenda de ação que englobasse as duas temáticas. A
comissão foi liderada por Gro Harlem Brundtland, que ocupava o cargo de ministra do Meio
Ambiente da Noruega (Chasek; Downie; Brown, 2018). Em 1987, a comissão apresentou o relatório
“Nosso Futuro Comum”, resultado de 15 audiências públicas realizadas por todo o mundo.
O relatório definiu que desenvolvimento sustentável seria um desenvolvimento que atendesse às
necessidades do presente, mas sem comprometer as necessidades das futuras gerações (Onuki;
Agopyan, 2020; Brundtland, 1987). Nesse sentido, o conceito de desenvolvimento sustentável
implicaria em algumas limitações na forma como os recursos naturais seriam utilizados, o que
resultaria em uma melhor capacidade da biosfera em absorver os efeitos das atividades humanas
(Brundtland, 1987).
O relatório também enfatizou a relação entre desenvolvimento econômico e questões
ambientais, apontando para a erradicação da pobreza como um ponto fundamental para o
desenvolvimento sustentável (Chasek; Downie; Brown, 2018). Ao tratar da erradicação da pobreza, o
relatório compreende que o crescimento econômico dos Estados mais pobres deve possuir recursos
suficientes para ser sustentado, associando, assim, as questões da desigualdade, do desenvolvimento
e do meio ambiente.
  Em 1992, na Cúpula da Terra, a agenda do desenvolvimento sustentável também esteve
presente. Além da Agenda 21, que indicou a iniciativa internacional sobre a necessidade de
cooperação ambiental, a cúpula também produziu a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (Chasek; Downie; Brown, 2018; Onuki; Agopyan, 2020). A declaração
institucionalizou alguns princípios originados na Conferência de Estocolmo, afirmando que deveria
haver mudanças para reduzir padrões insustentáveis de consumo e de produção. Essas iniciativas
podem ser consideradas como um prelúdio à criação dos ODM (Onuki; Agopyan, 2020).
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio foram apresentados pela Declaração do Milênio
em setembro de 2000, contando com oito objetivos que, por sua vez, se estendiam a 18 metas a
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serem cumpridas até 2015. Ainda foram criados 48 indicadores para a mensuração do andamento
dessas metas (Onuki; Agopyan, 2020). O foco dos ODM estava na promoção de desenvolvimento
igualitário, buscando a redução da pobreza, da desigualdade de gênero e a garantia da educação
básica para todos, para citar alguns exemplos.
Os compromissos apresentados pela agenda eram voltados para países em desenvolvimento e
países onde há altos índices de extrema pobreza. A participação dos países desenvolvidos
aconteceria por meio do financiamento de projetos que visavam cumprir as metas dos ODM (Onuki;
Agopyan, 2020). Os financiamentos dos países desenvolvidos aumentaram o número de recursos
para a assistência financeira. Em 2004, a quantidade de recursos destinados aos projetos de
desenvolvimento era de 80 bilhões de dólares. Em 2014, essa quantidade passou para 135 bilhões de
dólares. Entre os principais países financiadores, estavam os Estados Unidos, o Reino Unido, a
Alemanha, a França e o Japão (Chasek; Downie; Brown, 2018).
Apesar dos esforços internacionais, os ODM foram criticados em diferentes âmbitos. Uma das
críticas salientou que os ODM possuíam um escopo limitado, pois os objetivos foram apresentados
de forma isolada. Assim, as Nações Unidas não teriam abordado a transversalidade das metas. Outra
crítica foi direcionada à questão de que os ODM não lidavam com as causas da pobreza extrema,
lidando mais com as consequências desta. Por fim, também se criticou a pouca ênfase na questão
ambiental, abordada por apenas um dos objetivos (Onuki; Agopyan, 2020).
Em 2012, as Nações Unidas começaram a se articular para desenvolver uma nova agenda que
substituiria os ODM. Esse processo começou na cidade do Rio de Janeiro, com a Conferência Rio+20.
Em 2015, as Nações Unidas divulgaram os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) (Onuki;
Agopyan, 2020). Os ODS consistem em 17 objetivos, tratando de problemáticas como a erradicação
da pobreza e da fome, a promoção de saúde e educação, a igualdade de gênero, a garantia de
emprego e a redução da desigualdade.
Os ODS foram divulgados por meio da Agenda 2030. Além de trazer os 17 objetivos, a agenda
também trouxe as 169 metas, as quais abrangem o escopo do desenvolvimento humano e
econômico, e da sustentabilidade ambiental (Chasek; Downie; Brown, 2018). Na esfera ambiental,segundo Onuki e Agopyan (2020), os ODS contam com os seguintes objetivos:
água limpa e saneamento (objetivo 6);
energia acessível limpa (objetivo 7);
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cidades e comunidades sustentáveis (objetivos 11);
consumo e produção sustentáveis (objetivo 12);
combate às alterações climáticas (objetivo 13).
Assim como os ODM, os ODS também foram alvos de crítica, argumentando-se que os 17
objetivos seriam muito amplos e que o cumprimento das 169 metas não seria realista (Chasek;
Downie; Brown, 2018). Uma das diferenças em relação ao desenvolvimento dos ODM para o dos ODS
foi que o último contou com uma ampla participação da sociedade civil organizada. Esse processo
ilustra o entendimento de que o desenvolvimento sustentável não seria alcançado somente pelos
esforços governamentais, reconhecendo, assim, que a participação das empresas privadas e da
sociedade civil também seria necessária (Chasek; Downie; Brown, 2018).
TEMA 5 – ATORES SOCIAIS E O SETOR PRIVADO PERANTE O
REGIME INTERNACIONAL DE MEIO AMBIENTE
O regime internacional de meio ambiente não é formado apenas pelas atuações dos Estados e
das Organizações Internacionais. Seu desenvolvimento e fortalecimento também é muito
influenciado, positiva ou negativamente, pelos atores da sociedade civil, como as Organizações Não-
Governamentais e o setor privado. Neste tema, serão abordados as principais formas e um exemplo
de como esses atores influenciam no regime internacional.
As ONGs são grupos organizados, independentes e que não possuem lucros, diferenciando-se,
assim, das empresas. As ONGs seriam capazes de influenciar o regime internacional devido a três
principais fatores. Primeiro, as ONGs possuem conhecimento especializado sobre o tema discutido
pelo regime internacional. Segundo, os objetivos das ONGs podem transcender os interesses
nacionais de um Estado. Terceiro, algumas ONGs podem representar os interesses de um grupo
eleitorado específico de seu país. Por isso, seriam capazes de mobilizar a atenção dos decisores
políticos (Chasek; Downie; Brown, 2018).
Conforme Chasek, Downie e Brown (2018), nos países industrializados, as atividades das ONGs
que lidam com questões ambientais podem ser classificadas em três categorias:
1) ONGs com filiais internacionais em mais de um país;
2) organizações nacionais que focam nas questões ambientais domésticas;
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3) think tanks, ou comunidades epistêmicas, formadas por instituições de pesquisas que
publicam estudos e propostas de ação.
Entre o primeiro grupo, pode-se destacar a atuação de organizações como o Greenpeace e a
World Wildlife Fund (WWF). A segunda categoria inclui grandes organizações ambientais dos Estados
Unidos, como o Fundo de Defesa Ambiental e o Conselho de Defesa de Recursos Naturais. Ambas as
organizações foram responsáveis por utilizar processos econômicos e legais com o intuito de afetar a
política nacional. Por fim, a terceira categoria, think tanks, depende de seu conhecimento técnico e
programas de pesquisa para influenciar as políticas ambientais globais (Chasek; Downie; Brown,
2018).
Diferentemente das ONGs do norte global, as organizações em países em desenvolvimento
estão interligadas, por exemplo, com questões de direitos humanos e justiça distributiva. Ainda, as
ONGs do Sul global possuem uma postura mais agressiva em relação às do Norte, realizando críticas
sobre o consumismo e o desenvolvimento econômico descontrolado. As pautas dessas organizações
enfatizam as problemáticas do uso da terra, do manejo florestal, dos direitos da pesca e da
redistribuição de poder sobre os recursos naturais (Chasek; Downie; Brown, 2018). Alguns exemplos
dessas organizações são o Green Belt Movement, no Quênia, que visa conscientizar comunidades
sobre a conservação ambiental. Entre seus programas, estão atividades ligadas à conservação da
biodiversidade, à educação cívica e ambiental, à segurança alimentar e a programas de capacitação
para mulheres e meninas (Chasek; Downie; Brown, 2018).
Com base nesses diferentes escopos de atividades e atuação, as ONGs podem influenciar o
desenvolvimento, a expansão e a implementação do regime internacional de meio ambiente por
diversas formas. Alguns exemplos conforme Chasek, Downie e Brown (2018) são:
influenciar a agenda ambiental;
pressionar por mudanças políticas;
monitorar e reportar atividades relacionadas ao regime;
promover boicotes;
promover ideais para as convenções e negociações.
Assim, a atuação das ONGs pode contribuir com o fortalecimento de um regime e até mesmo
trazer pautas necessárias para as negociações internacionais.
17/04/2023, 20:57 UNINTER
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Um segundo ator capaz de influenciar nos regimes internacionais de meio ambiente são as
empresas privadas. As corporações frequentemente se opõem às políticas internacionais e nacionais,
as quais podem prejudicar ou reduzir seus lucros. Por isso, é muito comum que esses atores se
oponham aos regimes de meio ambiente.
Para compreender o posicionamento de uma corporação em relação às políticas ambientais, é
necessário observar o que essa empresa produz ou em qual nicho ela atua. Se essas políticas
prejudicam a corporação, sua ação terá o objetivo de influenciar a criação de regulamentos
ambientais fracos. Ao mesmo tempo, algumas corporações podem apoiar as políticas ambientais.
Essas empresas podem ter algum interesse de mercado que irá substituir os produtos e processos
danosos ao meio ambiente, por exemplo. Há também corporações que não teriam interesses
econômicos diretos com a política ambiental, mas que decidem apoiá-la para melhorar sua
reputação (Chasek; Downie; Brown, 2018).
Empresas podem atuar de diferentes formas para influenciar a formação de um regime
ambiental, por exemplo: financiar pesquisas e informações que apoiem seus interesses; realizar
campanhas de propaganda que influenciem a opinião pública; persuadir governos individuais para
que eles adotem uma posição favorável aos seus interesses; e realizar lobby com as delegações que
negociam o regime (Chasek; Downie; Brown, 2018).
As corporações podem usar sua influência política doméstica para garantir que governos não
adotem políticas ambientais fortes. Esse foi o caso da indústria doméstica dos Estados Unidos, que se
opôs ao banimento de resíduos de risco. A indústria metalúrgica persuadiu os oficiais dos Estados
Unidos a bloquear esse banimento.
Um segundo exemplo é o caso do Japão, que concordou com o banimento dos gases CFCs
somente após as principais empresas do país concordarem com a política (Chasek; Downie; Brown,
2018). Um terceiro exemplo, também nos Estados Unidos, é em relação ao Protocolo de Kyoto,
quando as principais associações de comércio lançaram campanhas televisivas contra a aprovação do
protocolo. O argumento era de que esses controles iriam aumentar o preço da gasolina, do óleo para
aquecedores e dos bens de consumo. A campanha contribuiu para que o senado estadunidense
reprovasse a ratificação do protocolo (Chasek; Downie; Brown, 2018).
NA PRÁTICA
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Em 2019, a garota sueca Greta Thunberg realizou um discurso na Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Em sua fala, Greta demonstra sua decepção com as ações
internacionais de regime ambiental. Assista o discurso de Greta Thunberg e relacione sua afirmação
de que os resultados das políticas ambientais não são perceptíveis com os desafios do regime
internacional de meio ambiente.
FINALIZANDO
O objetivo desta aula foi apresentar o desenvolvimento do regime internacional de meio
ambiente. Em um primeiro momento, apresentou-se de maneira geral o regime de meio ambiente.
Em um segundo momento, o foco foi direcionado ao regime de mudanças climáticas e o debate em
relação aos paísesemergentes. Esse debate abriu espaço para a discussão do conceito de
desenvolvimento sustentável. Por fim, foi discutido como as ONGs e as corporações podem
influenciar o regime internacional de meio ambiente.
REFERÊNCIAS
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Brazil under Lula. Revista Brasileira de Política Internacional, v. 53, edição especial, p. 73-90, 2010.
BRUNDTLAND, G. H. et al. Our common future. New York: [s.n.], 1987.
CHASEK, P. S.; DOWNIE, D. L.; BROWN, J. Global Environmental Politics, Dilemmas in World
Politics. New York: Routledge, 2018.
HANDL, G. Declaration of the United Nations conference on the human environment (Stockholm
Declaration), 1972 and the Rio Declaration on Environment and Development, 1992. United Nations
Audiovisual Library of International Law, v. 11, 2012.
PAUW, P. et al. Different perspectives on differentiated responsibilities: a state-of-the-art review
of the notion of common but differentiated responsibilities in international negotiations. Discussion
Paper, Bonn, 2014.
ONUKI, J.; AGOPYAN, K. K. Organizações Internacionais. Curitiba: Uninter, 2020.
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