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Educação ambiental

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Capítulo 1
O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA
CSM – 2020 EDA - EDUCAÇÃO AMBIENTAL 3º BIMESTRE 2020 1ª SÉRIE
ENSINO MÉDIO – 2020 EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
Vamos fazer uma análise comparativa das diferentes abordagens e definições referentes ao conceito de desenvolvimento sustentável, e suas interações com a evolução histórica da teoria econômica. Dada a enorme capacidade de impacto ambiental de projetos energéticos, sobretudo os relacionados à indústria de hidrocarbonetos (petróleo, gás natural e derivados), e dado que estes projetos se dão com vistas à estruturação das economias nacionais, crê-se que o correto entendimento do conceito, amplo e variado, de desenvolvimento sustentável, e de suas interações com os conceitos de política e desenvolvimento econômicos, é fundamental à promoção de políticas desenvolvimentistas acertadas, ainda mais considerando o gap entre o estágio de desenvolvimento das nações chamadas industrializadas e das nações chamadas em desenvolvimento. No atual contexto da política ambiental mundial, no qual a redução da utilização de derivados de petróleo e carvão na matriz energética mundial é o principal sustentáculo das políticas de desenvolvimento sustentável, o correto entendimento das formas de conceituação de desenvolvimento é de suma importância à evolução da indústria de petróleo nos anos vindouros.
Você Sabia! 
Enquanto “agir corretamente” no que tange ao comportamento socialmente responsável possa engendrar debates globais quanto à melhor forma de equilibrar os objetivos sociais, econômicos e políticos, “agir corretamente” em termos ambientais não tem o mesmo resultado. Um consenso global está emergindo de que, se todos nós não agirmos agora para proteger e preservar a Mãe Terra, a responsabilidade social poderá se tornar uma questão irrelevante.
Como vimos no capítulo anterior, a preocupação do ser humano com o meio ambiente é muito recente. Em relação ao tempo que o ser humano habita o planeta, podemos dizer que ainda é ínfima.
Somente no século XX é que ocorreu a tomada de consciência de que os bens ambientais são finitos, ou seja, eles tendem a acabar se o seu uso for descontrolado, fato que se verificou com maior intensidade após a Revolução Industrial. Embora tenhamos relatos de manifestações ambientais nos séculos XVIII e XIX, esses eram casos isolados. 
“A crescente poluição transfronteiriça e o aumento significativo no número de tragédias ambientais a partir da década de 1960 alertou a comunidade internacional para a necessidade de tratar o meio ambiente de forma ampla e não desvinculada das questões sociais e econômicas. ”
Quando a questão ambiental ganhou força, sobretudo pela ferocidade com que a economia – então globalizada – avançava sobre os recursos naturais, percebeuse que os problemas ambientais não eram setorizados, não estavam restritos apenas a uma determinada região, nem afetavam apenas uma dada população. Era um problema global, que afetava diretamente toda a humanidade. Nesse sentido, destaca as três etapas pelas quais esse movimento de tomada de consciência da questão ambiental passou:
1. Percepção dos problemas ambientais como fenômenos localizados, atribuídos à ignorância, negligência ou dolo, motivando ações de natureza reativa, corretiva e repressiva, tais como proibições e multas.
2. Degradação ambiental percebida como um problema generalizado, resultante das causas já citadas na etapa anterior, acrescidas da gestão inadequada dos recursos, motivando o desenvolvimento de instrumentos de intervenção governamental visando à prevenção da poluição e melhoria dos sistemas produtivos como os padrões de emissão e os estudos de impacto ambiental para licenciamento de empreendimentos.
Difusão da consciência da degradação ambiental como um problema planetário, que atinge a todos; ampliase a compreensão de que as causas da degradação ambiental, além dos aspectos já mencionados, também estão ligadas aos modelos de produção e consumo, às políticas e metas de desenvolvimento dos estados nacionais e à visão economicista predominante nas relações entre países ricos e pobres.
Essa tomada de consciência ganhou força a partir da segunda metade do século XX, quando o mundo passou a adotar ações concretas. 
[...] a percepção da finitude dos recursos naturais aliada ao conhecimento dos efeitos colaterais que a exploração desenfreada desses recursos acarreta originaram nova visão do processo de desenvolvimento, não circunscrita aos aspectos exclusivamente econômicos.
Nesse ponto, é famoso o discurso do então senador norteamericano Robert Kennedy, na Universidade do Kansas, no ano de 1968, quando concorria a uma vaga para disputar a presidência dos EUA:
Nosso Produto Interno Bruto agora ultrapassa 800 bilhões de dólares por ano. Todavia, nesse PIB estão embutidos a poluição do ar, os comerciais de cigarro e as ambulâncias para limpar nossas carnificinas. Ele inclui fechaduras especiais para as nossas portas e prisões para as pessoas que as arrombam. Inclui a destruição de nossas sequoias e a perda de nossas maravilhas naturais em acumulação caótica de lucro [...] 
O senador Robert Kennedy foi assassinado três meses após esse discurso, sem poder colocar suas ideias em prática nem ver seus resultados. Entretanto, a humanidade despertou para o problema, colocandoo na ordem do dia. 
Saiba mais
O filme a seguir retrata os últimos momentos da vida de Robert Kennedy até o seu assassinato no Hotel Ambassador, na cidade de Los Angeles: BOBBY. Dir. Emílio Esteves. EUA, 2006. 120 minutos.
Essa nova consciência ambiental se afasta das abordagens exclusivamente ecológicas, limitadas à preservação dos ambientes físicos e biológicos e avança no conceito de desenvolvimento sustentável, que incorpora as dimensões sociais, políticas e culturais.
Atividade do caderno: 
1) Faça um breve resumo do filme Bobby. ( até 30 linhas ) 
2) Explique : “Somente no século XX é que ocorreu a tomada de consciência de que os bens ambientais são finitos”. 
3) O que aconteceu partir da década de 1960 alertou a comunidade internacional? 
Capítulo 2
A Passagem do Conceito de Desenvolvimento para o Conceito de Desenvolvimento Sustentável.
Desde 1970, várias visões sobre desenvolvimento sustentável surgiram, podendo ser claramente distintas daquelas que dão suporte a um processo de crescimento econômico guiado pelo mercado e pelo estado da tecnologia (mesmo que este processo seja danoso ao meio-ambiente), passando por aquelas que defendem crescimento e administração da conservação de recursos até posições que rejeitam explicitamente a idéia de crescimento. Assim, uma minoria de revisionistas de ciências econômicas desejava alterar o núcleo do programa desta ciência, de maneira a acelerar a evolução da ciência em direção a um paradigma relevante para uma sociedade de crescimento zero. Outros tinham uma visão intermediária, com vistas a acomodar as implicações ambientais de uma economia e sociedade de crescimento em um novo conjunto de modelos econômicos, modificados, mas não radicalmente diferentes. A visão majoritária permaneceu otimista em relação ao crescimento futuro, acreditando que a escassez de recursos naturais seria compensada por tecnologias e processos mais eficientes.
A partir da década de 1980, a questão ambiental foi ainda mais enfatizada dentro da esfera pública, através da criação de órgãos, como departamentos, secretarias, ministérios e outros, e do início da utilização das avaliações de impacto ambiental, por parte destes órgãos governamentais citados acima. Em 1987, há o impulso do conceito de desenvolvimento sustentável pelo Relatório Brundtland, conceito que havia sido lançado na Conferência de Estocolmo. O Desenvolvimento Sustentável passa a ser o foco dos formuladores e gestores de políticas, dos movimentos ambientalistas e dos meios científicos e acadêmicos, sendo a base da RIO 92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento).Importante notar que ainda não se alcançou um consenso sobre a definição precisa desse conceito, existindo mais de uma definição. A RIO 92 teria um grande impacto em termos de iniciativa e consenso de objetivos a serem perseguidos, mas as diretrizes práticas seriam de difícil consecução. Ainda no que concerne à década de 80, esta seria marcada por políticas ambientais de cunho preventivo, baseadas em avaliações de impacto ambiental. Na década de 1990, o conceito de desenvolvimento sustentável se transformou em bandeira, quase modus operandi da política ambiental, que passou a se voltar para a institucionalização de instrumentos regulatórios: normatização de padrões de produção e consumo e de qualidade de produtos. Também foi importante a questão da tentativa de internalizar as externalidades ambientais da atividade econômica, através de eco-taxes e de taxação sobre danos ambientais. Na década de 90, outro fator relevante foi o fato de as empresas terem começado paulatinamente a sair da posição de meros “alvos” da política ambiental, no qual tentariam ao máximo não serem imputadas com os custos internalizados de suas ações (com a questão ambiental sendo considerada pelas empresas um mero fator de custo), e começariam a perceber as vantagens de aderência voluntária. As empresas privadas passaram a perceber a vantagem competitiva advinda da posse da certificação ISO 14000 (surgido em 1993), que se tornou importante para obtenção de financiamento de projetos e entrada em alguns mercados. Ainda na década de 90, têm ascensão as empresas verdes, ligadas aos mercados de produtos naturais. Nesta década, de fato, a política ambiental se liga inexoravelmente ao conceito de desenvolvimento sustentável, tendo sido inseridas as noções de parceria entre setores público e privado, regulação, e diferentes esferas de governo agindo juntas.
A CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO DE 1972
Os problemas ambientais, avolumados com o processo de industrialização da economia, não podiam mais ficar relegados ao segundo plano. Não dava mais para escondêlos. Por conta disso, em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou a Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, na cidade de Estocolmo, na Suécia.
A conferência, que ocorreu entre os dias 5 e 16 de junho, contou com a participação de 113 países, incluindo o Brasil, e tornouse a primeira grande manifestação, em nível internacional, sobre meio ambiente, um marco na proteção ambiental que gerou um importante documento denominado Declaração de Estocolmo sobre Ambiente Humano.
ECODESENVOLVIMENTO
As principais discussões ocorreram em torno da contradição entre desenvolvimento e preservação ambiental. Dois blocos se formaram, com posições antagônicas: o primeiro, formado por países desenvolvidos, propagava o desenvolvimento zero, ou seja, parar totalmente com as atividades econômicas, como forma de preservar o ambiente; o segundo, liderado pelo Brasil, reunia os países em desenvolvimento e os subdesenvolvidos, que pregavam o seu direito ao desenvolvimento econômico a qualquer custo.
A Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano inaugurou conflito diplomático entre os países desenvolvidos, responsáveis pela maior parte da poluição global e dispostos a atrair a participação dos demais países para a busca de solução conjunta e os países em desenvolvimento, desinteressados em adotar medidas que poderiam limitar seu potencial de desenvolvimento econômico, despreocupados com problemas ambientais.
Dessas duas posições contraditórias – desenvolvimento zero e desenvolvimento a qualquer custo – surgiu uma proposta conciliatória, baseada no ecodesenvolvimento, termo utilizado na época e que foi o embrião do que veio a ser conhecido como desenvolvimento sustentável. A ideia preponderante era conciliar o desenvolvimento com a proteção ambiental.
Assim, na Declaração de Estocolmo de 1972, encontramos um equilíbrio entre o direito ao desenvolvimento e o dever da preservação ambiental, como se vê, especialmente, nos princípios 8, 9 e 11 (ONU, 1972):
8. O desenvolvimento econômico e social é indispensável para assegurar ao homem um ambiente de vida e trabalho favorável e criar, na Terra, as condições necessárias à melhoria da qualidade de vida.
9. As deficiências do meio ambiente decorrentes das condições de subdesenvolvimento e de desastres naturais ocasionam graves problemas; a melhor maneira de atenuar suas consequências é promover o desenvolvimento acelerado, mediante a transferência maciça de recursos consideráveis de assistência financeira e tecnológica que complementem os esforços dos países em desenvolvimento e a ajuda oportuna, quando necessária. 
11. As políticas ambientais de todos os países deveriam melhorar e não afetar adversamente o potencial desenvolvimentista atual e futuro dos países em desenvolvimento, nem obstar o atendimento de melhores condições de vida para todos; os Estados e as organizações internacionais deveriam adotar providências apropriadas, visando chegar a um acordo, para fazer frente às possíveis consequências econômicas nacionais e internacionais resultantes da aplicação de medidas ambientais.
Por força da Conferência de Estocolmo, foi criada, na ONU, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que exerceu um importante papel nos anos 1980, ao firmar os fundamentos do desenvolvimento sustentável tal como são conhecidos atualmente.
O RELATÓRIO BRUNDTLAND
No começo da década de 1980, para comemorar 10 anos da Conferência de Estocolmo, a ONU retomou a questão ambiental, nomeando Gro Harlem Brundtland, então primeiraministra da Noruega, para chefiar a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e elaborar estudos sobre a ligação entre desenvolvimento e meio ambiente. Os estudos dessa comissão foram condensados em um relatório, publicado em 1987, chamado Nosso futuro comum (Our Commom Future), mas ficou amplamente conhecido como Relatório Brundtland.
Desse relatório, vale a transcrição de um trecho que é bastante significativo:
A administração do meio ambiente e a manutenção do desenvolvimento impõem sérios problemas a todos os países. Meio ambiente e desenvolvimento não constituem desafios separados; estão inevitavelmente interligados. O desenvolvimento não se mantém se a base de recursos ambientais se deteriora; o meio ambiente não pode ser protegido se o crescimento não leva em conta as consequências da destruição ambiental. Esses problemas não podem ser tratados separadamente por instituições e políticas fragmentadas. Eles fazem parte de um sistema complexo de causa e efeito. 
 Surge então o termo desenvolvimento sustentável.
Foi no Relatório Brundtland que, pela primeira vez, utilizouse o termo desenvolvimento sustentável, que foi ali definido como sendo “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. A expressão desenvolvimento sustentável tornouse referência no tema preservação ambiental, ganhando aceitação mundial por conta de seu caráter simples e genérico. O relatório apoiase na ideia de que as dimensões ambientais, sociais e econômicas – pilares do desenvolvimento sustentável – devem ser consideradas de modo complementar e interdependente, servindo de fundamento para a interação das políticas ambientais e de desenvolvimento econômico. 
Assim, mesmo reconhecendo que o desenvolvimento sustentável tem limites impostos pelo estágio atual da tecnologia e da organização social no que diz respeito aos recursos naturais, o relatório sinaliza a possibilidade de que “tanto a tecnologia quanto a organização social podem ser geridas e aprimoradas a fim de proporcionar uma nova era de crescimento econômico” (COMISSãO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991, p. 9).
A proposta final do relatório, no que se refere ao desenvolvimento sustentável, abrange a diminuição da pobreza, a proteção e preservação ambiental e a justiça social, lembrando que:
O desenvolvimento sustentávelnão é um estado permanente de harmonia, mas um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos e os rumos do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão de acordo com as necessidades atuais e futuras (Comissão MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991, p. 10).
OBSERVAÇÃO
Medidas de ação propostas pelo relatório Brundtland:
· limitar o crescimento da população;
· garantir a provisão de alimentos a longo prazo;
· preservar a biodiversidade;
· diminuir o consumo de energia e desenvolver tecnologias baseadas
· em energias renováveis;
· desenvolver a produção industrial nos países não industrializados,
· com base em tecnologias com impacto ambiental reduzido;
· controlar a urbanização desregrada e fazer a integração entre os
· pequenos meios urbanos e as zonas rurais.
CONFERÊNCIA DO RIO – ECO 92
Em 1992, vinte anos após a Conferência de Estocolmo, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mais conhecida como ECO 92.
Sediada na cidade do Rio de Janeiro, entre os dias 3 e 14 de junho, a ECO 92 reuniu chefes de Estado de mais de cem países, além de representantes de outros setenta. O objetivo dessa conferência era buscar modos de conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a preservação e a proteção do meio ambiente.
A ECO 92 produziu importantes documentos, como a Carta da Terra, a Agenda 21, a Convenção da Biodiversidade e a Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento. Além da produção desses documentos, o evento também foi muito importante, pois sedimentou de vez o conceito de desenvolvimento sustentável, como vemos nos princípios 1, 2, 3, 4 e 27 da Declaração do Rio (ONU, 1992):
1. 
2. Os seres humanos constituem o centro das preocupações relacionadas com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza.
3. Os Estados, de acordo com a Carta das Nações Unidas e com os princípios do direito internacional, têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias políticas de meio ambiente e de desenvolvimento e a responsabilidade de assegurar que atividades sob sua jurisdição ou seu controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional.
4. O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e futuras.
5. A fim de alcançar o estágio do desenvolvimento sustentável, a proteção do meio ambiente deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e não poderá ser considerada de forma isolada.
27. Os Estados e os povos deveriam cooperar de boa fé e com espírito de solidariedade na aplicação dos princípios consagrados nesta declaração e no posterior desenvolvimento do direito internacional na esfera do desenvolvimento sustentável.
A Declaração do Rio aponta ainda que o caminho para se alcançar o desenvolvimento sustentável passa necessariamente por uma mudança nos modos de vida, eliminando padrões não sustentáveis de produção e de consumo e promovendo políticas demográficas, como vemos no princípio 8 (ONU, 1992):
8. Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma melhor qualidade de vida para todas as pessoas, os Estados devem reduzir e eliminar os sistemas de produção e consumo não sustentados e fomentar políticas demográficas apropriadas.
 AGENDA 21
A Conferência do Rio – ECO 92, que tinha como objetivo principal buscar formas de conciliar o desenvolvimento econômico com a proteção e preservação dos recursos ambientais, produziu um documento que ressaltava a importância dos países signatários em se comprometer com a questão ambiental e a forma como deviam desenvolver ações em todos os setores da sociedade para solução dos problemas socioambientais; este documento foi assinado por 179 países. Nele, contemplouse um conjunto de ações denominado Agenda 21.
A Agenda 21 é um programa de ação baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais abrangente tentativa já realizada de promover, em escala mundial, um novo padrão de desenvolvimento. Tratase de um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica, enfrentando os problemas atuais e visando à preservação do futuro. O item 1.3, do preâmbulo da Conferência do Rio, dispõe:
1.3. A Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo, ainda, de preparar o mundo para os desafios do próximo século. Reflete um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto no que diz respeito a desenvolvimento e cooperação ambiental. O êxito de sua execução é responsabilidade, antes de tudo, dos Governos. Para concretizála, são cruciais as estratégias, os planos, as políticas e os processos nacionais. A cooperação internacional deverá apoiar e complementar tais esforços nacionais. Nesse contexto, o sistema das Nações Unidas tem um papel fundamental a desempenhar. Outras organizações internacionais, regionais e subregionais também são convidadas a contribuir para tal esforço. A mais ampla participação pública e o envolvimento ativo das organizações não governamentais e de outros grupos também devem ser estimulados (ONU, 1992).
A questão ambiental é uma questão mundial. A degradação do meio ambiente afeta a todo o mundo. Dessa forma, a preocupação com a preservação ambiental deve ser de todos. A ideia central da Agenda 21, então, é a de que todos os países se unam nessa luta, que se comprometam com a causa ambiental. Assim é o disposto no item 2.1, do Capítulo 2, da Conferência do Rio:
2.1. Para fazer frente aos desafios do meio ambiente e do desenvolvimento, os Estados decidiram estabelecer uma nova parceria mundial. Essa parceria compromete todos os Estados a estabelecer um diálogo permanente e construtivo, inspirado na necessidade de atingir uma economia em nível mundial mais eficiente e equitativa, sem perder de vista a interdependência crescente da comunidade das nações e o fato de que o desenvolvimento sustentável deve se tornar um item prioritário na agenda da comunidade internacional. Reconhecese que, para que essa nova parceria tenha êxito, é importante superar os confrontos e promover um clima de cooperação e solidariedade genuíno. É igualmente importante fortalecer as políticas nacionais e internacionais, bem como a cooperação multinacional, para acomodarse às novas circunstâncias (ONU, 1992).
A Agenda 21 não é um programa estático. Pelo contrário, ela se constitui de programas dinâmicos e setoriais, de acordo com a realidade de cada região. Assim, cada país irá desenvolver a sua própria Agenda 21, como vemos no item 1.6, do preâmbulo da Conferência do Rio:
1.6. As áreas de programas que constituem a Agenda 21 são descritas em termos de bases para a ação, objetivos, atividades e meios de implementação. A Agenda 21 é um programa dinâmico. Ela será levada a cabo pelos diversos atores segundo as diferentes situações, capacidades e prioridades dos países e regiões e com plena observância de todos os princípios contidos na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Com o correr do tempo e a alteração de necessidades e circunstâncias, é possível que a Agenda 21 venha a evoluir. Esse processo assinala o início de uma nova associação mundial em prol do desenvolvimento sustentável (ONU, 1992).
No Brasil, a Agenda 21 foi coordenada pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 (CPDS), com base na Agenda 21 mundiais e apresentada em 2002. A Agenda 21 brasileira é um instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável do país, resultado de uma vasta consulta à população brasileira.
Atividades no caderno: 
1. O que é a Agenda 21 Global?
2. O que é desenvolvimento sustentável?
3. De que trata a Agenda 21 Global?
4. Quaisos conceitos-chave da Agenda 21 Global?
TRABALHO CONCLUSÃO DE BIMESTRE: DISPONÍVEL NA NETFLIX:
8 EPISÓDIOS
FAZER UM RESUMO DE CADA EPISÓDIO 
TRABALHO CIENTIFICO 
ENTREGA PRIMEIRA SEGUNDA FEIRA DEPOIS DA PROVA BIMESTRAL DO 3º BIMESTRE. 
 
Protocolo de Kyoto 
A Conferência do Rio (ECO 92) resultou num tratado conhecido como ConvençãoQuadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. Esse tratado, que foi assinado por quase todos os países do mundo, tinha como objetivo estabilizar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera terrestre, evitando interferências antropogênicas perigosas no sistema climático.
O Protocolo de Quioto constitui um tratado complementar à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, definindo metas de redução de emissões para os países desenvolvidos e os que, à época, apresentavam economia em transição para o capitalismo, considerados os responsáveis históricos pela mudança atual do clima.	
Criado em 1997, o Protocolo entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, logo após o atendimento às condições que exigiam a ratificação por, no mínimo, 55% do total de países-membros da Convenção e que fossem responsáveis por, pelo menos, 55% do total das emissões de 1990.	Durante o primeiro período de compromisso, entre 2008-2012, 37 países industrializados e a Comunidade Europeia comprometeram-se a reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) para uma média de 5% em relação aos níveis de 1990. No segundo período de compromisso, as Partes se comprometeram a reduzir as emissões de GEE em pelo menos 18% abaixo dos níveis de 1990 no período de oito anos, entre 2013-2020. Cada país negociou a sua própria meta de redução de emissões em função da sua visão sobre a capacidade de atingi-la no período considerado.	O Brasil ratificou o documento em 23 de agosto de 2002, tendo sua aprovação interna se dado por meio do Decreto Legislativo nº 144 de 2002. Entre os principais emissores de gases de efeito estufa, somente os Estados Unidos não ratificaram o Protocolo. No entanto, continuaram com responsabilidades e obrigações definidas pela Convenção. 
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo	
 De forma a auxiliar os países desenvolvidos e os de economia em transição para o capitalismo – conhecidos tecnicamente como Países Anexo I - a cumprirem suas metas de redução ou limitação de emissões, o Protocolo de Quioto contemplou três mecanismos de flexibilização: Comércio de Emissões, Implementação Conjunta e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Esse último é o único a permitir a participação dos países em desenvolvimento – chamados tecnicamente de Partes não-Anexo I.
 Por meio do MDL, um país desenvolvido ou de economia em transição para o capitalismo pode comprar “créditos de carbono”, denominados “reduções certificadas de emissões” (RCEs) resultantes de atividades de projeto desenvolvidas em qualquer país em desenvolvimento que tenha ratificado o Protocolo. Isso é possível desde que o governo do país onde ocorrem os projetos concorde que a atividade de projeto é voluntária e contribui para o desenvolvimento sustentável nacional.	
Na perspectiva do funcionamento do mecanismo, o proponente deve elaborar, inicialmente, um documento de concepção do projeto, aplicando uma metodologia previamente aprovada pelo Comitê Executivo do MDL para definição de linha de base e monitoramento.
 Após a elaboração do documento, o projeto precisa ser validado por uma Entidade Operacional Designada (EOD) e aprovado pela Autoridade Nacional Designada (AND), que, no Brasil, é a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima (CIMGC), criada pelo Decreto Presidencial de 7 de julho de 1999, tem por finalidade articular as ações de governo decorrentes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e seus instrumentos subsidiários de que o Brasil vier a ser parte. Uma vez aprovados e validados, os projetos são submetidos ao Conselho Executivo da UNFCCC para registro. Inicia-se, então, o monitoramento e a verificação das reduções de emissões do gás de efeito estufa pertinentes ao projeto, para, finalmente, serem emitidas as Reduções Certificadas de Emissões (RCEs).
Atividade 
1) A respeito das metas estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto, assinale V para as alternativas verdadeiras e F para as alternativas falsas.
I. ( ) Aos países em desenvolvimento, foram estabelecidas metas e obrigações a fim de que sejam reduzidas as emissões de gases de efeito estufa.
II. ( ) Aos países industrializados, não foram estabelecidas metas, sendo assim, os esforços para redução das emissões serão voluntários.
III. ( ) O Protocolo propõe ações como o uso de fontes alternativas em substituição às fontes de energia convencionais, proteção das florestas e redução do desmatamento.
Assinale a alternativa correta:
a) VFV
b) FVV
c) FFV (x) 
d) VVV
2) O maior emissor de gases de efeito estufa do mundo recusou-se a ratificar o Protocolo de Kyoto sob alegação de que as metas estabelecidas pelo acordo poderiam prejudicar a economia do país. Que país é esse?
a) China
b) Estados Unidos (x)
c) Canadá
d) Rússia
3) O Protocolo de Kyoto é um tratado internacional que visa a redução da emissão dos gases que agravam o efeito estufa. Uma de suas principais recomendações é que os países signatários devem proteger suas florestas, diminuindo os desmatamentos. Esta recomendação se baseia na seguinte afirmação:
a) As florestas absorvem uma grande quantidade de calor.
b) As florestas impedem o alastramento de desastres ambientais.
c) As florestas armazenam uma grande quantidade de carbono.
d) As florestas retêm uma grande quantidade de água nas plantas.
e) As florestas detêm a maior parte da biodiversidade do planeta.
4) Nesse protocolo, são estabelecidos metas e prazos relativos à redução ou limitação das emissões futuras de dióxido de carbono e de outros gases responsáveis pelo efeito estufa.
( ) Certo ( ) Errado 
Sustentabilidade na visão do governo
“Para nós brasileiros, meio ambiente e desenvolvimento são a mesma coisa. Não podemos mais separar de um lado os que cuidam do meio ambiente e do outro os que cuidam do desenvolvimento. Não se trata mais, como no passado, de uma guerra entre os que queriam desenvolvimento e os que queriam preservação. Hoje é uma integração. É preservar para poder desenvolver em benefício da maioria e das gerações futuras”
Presidente Fernando Henrique Cardoso, 
Comemoração da Semana do Meio Ambiente, junho 1995.
A noção de sustentabilidade tem-se firmado como o novo paradigma do desenvolvimento humano. A Agenda 21 significa a construção política das bases do desenvolvimento sustentável, cujo objetivo é conciliar justiça social, equilíbrio ambiental e eficiência econômica. De forma gradual e negociada, resultará em um plano de ação e de planejamento participativo nos níveis global , nacional e local capaz de permitir o estabelecimento do desenvolvimento sustentável, no século XXI” 
Ministro José Sarney Filho 
Brasília, 2000
5) Qual é visão do atual governo Brasileiro sobre sustentabilidade? 
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Referencia: 
https://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/protocolo-de-quioto.html 
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/protocolo-de-kyoto-paises-se-comprometeram-a-reduzir-emissao-de-gases.htm

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