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Unidade III Atualização Monetária Matemática Financeira Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria RAFAELA RODRIGUES OLIVEIRA AMARO AUTORIA Rafaela Rodrigues Oliveira Amaro Olá! Sou licenciada em Matemática e Especialista em Metodologia do Ensino de Matemática com ampla experiência docente nas esferas do ensino fundamental, médio e superior. Sou apaixonada pelo que faço, pela matemática e adoro lecionar e transmitir sobre essa disciplina fascinante. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Índices de atualização e inflação .........................................................10 Índices de atualização ................................................................................................................. 10 Índices de inflação ........................................................................................................................... 11 Variações de índices .................................................................................. 20 Correção monetária ...................................................................................................................... 20 Taxas de juros: nominal, efetiva, real e aparente ......................... 27 Taxa de juros .......................................................................................................................................27 Taxa de juros nominal x Taxa de juros efetiva ............................................................28 Taxa de juros aparente x Taxa de juros real .................................................................29 Taxa de desvalorização da moeda ...................................................... 36 7 UNIDADE 03 Matemática Financeira 8 INTRODUÇÃO Nas unidades antecedentes, nos familiarizamos com conceitos fundamentais da Matemática Financeira, sem considerarmos o contexto da inflação, ou seja, a moeda adotada em nosso país foi considerada estável ao longo do período estabelecido. Não levar em conta esses efeitos modifica o resultado de uma operação financeira. Com certeza, você já ouviu nos noticiários alguma notícia referente à inflação. Atualmente, ela está teoricamente estável, mas já passamos por períodos de hiperinflação, quando os preços subiam diariamente exponencialmente. Nos anos de 1980 e início da década de 1990, esse era o contexto no qual estávamos inseridos. Nesse período, o valor do dinheiro se alterava rapidamente devido aos efeitos da inflação. Mas, afinal, o que é inflação? O que são os índices de atualização? Taxa aparente e real? Taxa de desvalorização da moeda? Respostas a estas indagações será o roteiro que nos guiará no desenvolvimento desta nossa terceira unidade. Prontos para mais uma imersão na matemática financeira? Bons estudos! Matemática Financeira 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Identificar os índices de atualização e inflação. 2. Definir e aplicar técnicas de variações de índices. 3. Reconhecer as taxas de juros – nominal e real. 4. Definir a taxa de desvalorização da moeda. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Toda longa caminhada se inicia pelo primeiro passo! Vamos lá? Ao trabalho! Matemática Financeira 10 Índices de atualização e inflação OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de entender como funcionam os índices de atualização e inflação disponíveis em nosso mercado financeiro. Ainda, você alcançará habilidades que possibilitarão suas distinções. E então? Motivado para desenvolver esta inédita competência? Vamos lá! Avante! Índices de atualização Caro(a) aluno(a), como é bom retornar nossos estudos! Desta vez, com uma temática que interfere em nosso cotidiano. Os índices de atualização consistem em valores determinados que possibilitam a atualização de um valor que oportuniza a correção monetária. Castanheira e Macedo (2013) elucidam que correção monetária: É a revisão estipulada pelas partes de um contrato, ou definida por lei, que tem como referência a desvalorização da moeda. De modo mais simples, é viável descrever correção monetária como o ato de fazer ajustes contábeis e financeiros para demonstrar os preços de compra da moeda que está em circulação no país (atualmente, o Real) em relação ao valor de outras moedas (ajuste cambial) ou índices de inflação ou cotação do mercado financeiro (atualização monetária). Mas como essa definição interfere em minha vida? Esta é uma dúvida comum, não é mesmo? Um exemplo da incidência da correção monetária acontece quando você efetua uma compra em euros no cartão de crédito e, na data de fechamento de sua fatura, o valor do euro apresenta diferença, estando mais caro ou mais barato em relação ao valor que estava na data da compra. Essa diferença é denominada correção, isto é, ocorre o ajuste do valor da moeda, da data da compra até o valor atual. Matemática Financeira 11 Quem já realizou essas operações cambiais atentou-se para esse detalhe durante a compra, se não, se assustou. Quem tem o hábito de adquirir alguma moeda estrangeira com o cartão de crédito precisa ter cuidado para não gerar uma fatura com valor muito mais alto do que havia planejado, devido a essa variação. É importante ressaltar que esse é um conceito muito intercalado à área de Economia, uma vez que refere-se ao ajuste periódico de alguns valores econômicos, tendo como base o índice de inflação de um período pré-determinado, dispondo como meta a compensação da perda de valor da moeda corrente. VOCÊ SABIA? Em 1994, o Brasil passou pela pior crise de inflação, denominada hiperinflação. Nessa época, os balanços no país eram demonstrados com alguns ajustes, chamados de correção monetária de balanços, conforme a Lei nº 6.404/76. Com o fim da hiperinflação, os ajustes originários dessas atualizações eram feitos em razão das altas taxas de juros utilizadas pelas instituições financeiras e também em decorrência do câmbio flutuante, que oportuniza grandes oscilações na cotação do dólar americano em relação ao Real. Índices de inflação Caro(a) aluno(a), é viável afirmar que todo processo inflacionário possibilita consequências positivas e negativas para investidores e credores. Dessa forma, a avaliação da inflação é uma questão de ponto de vista. Conforme Mathias e Gomes (2007), o Brasil tem uma cultura inflacionária que tende a acomodar os conflitos distributivose as transferências de renda por meio da própria inflação. Castanheira e Macedo (2013) definem inflação como: Inflação é a deterioração do poder aquisitivo da moeda. Matemática Financeira 12 Com o passar do tempo, o capital vai perdendo poder aquisitivo, não é mesmo? Um carro que compramos hoje por determinado valor, ao ser revendido, daqui a uns três anos não terá o mesmo valor. Figura 1 – Inflação Fonte: Pixabay. É comum apenas consideramos a inflação quando os valores elevam-se gradativamente em determinado período. Porém, as elevações de preços sazonais, isto é, a variação de demanda sobre determinado produto e/ou serviço de acordo com a época do ano – como acontece com os preços dos produtos agrícolas que dependem das safras (queda) e na entressafra (alta) – não são consideradas inflacionárias. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Clique aqui e assista ao vídeo O que é inflação?, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em contrapartida, Castanheira e Macedo (2013) afirmam que a deflação pode ser descrita como: É o oposto da inflação, ou seja, é um processo de queda nos preços das mercadorias durante um intervalo de tempo. Matemática Financeira https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-detalhe-de-midia.html?view=mediaibge&catid=2102&id=2938 13 Para nós, pode parecer surreal essa definição, mas a verdade é que a deflação acontece com a mesma frequência da inflação. Um exemplo prático dessa aplicação consiste no lançamento de um modelo novo de celular; esse evento acarreta uma deflação no preço do modelo que o antecede, uma vez que este é considerado velho e/ou defasado. Assim como a inflação, a deflação gera consequências para a economia como um todo. A deflação considerada boa é consequência do aumento da produção de vários segmentos; uma vez que há mais peças no mercado, a demanda também aumenta, pois é mais fácil encontrar determinados itens e, com uma gama maior de possibilidades, os preços tendem a cair. VOCÊ SABIA? Em 1993, a inflação no país alcançou uma taxa de 2700% e, após a implementação da nova moeda, o valor da inflação média dos governos seguintes manteve-se constante, em 12,6% na presidência de Fernando Henrique Cardoso e em 6,3% no mandato de Lula. Estudos apontam que, analisando o Índice Geral de Preços (IGP), foi a partir de 1958 que o aumento descontrolado da inflação iniciou no Brasil, com índices anuais superiores a 30%. O auge aconteceu em 1964, quando a inflação atingiu 86% (MORAES, 2018). Caro(a) aluno(a), como vimos, os conceitos de inflação e deflação são opostos em sua concepção. Enquanto um eleva o poder de compra, o outro o diminui. As distinções são sinalizadas na Figura 2. Figura 2 - Inflação versus Deflação. Fonte: Elaborada pela autora (2020). Matemática Financeira 14 VOCÊ SABIA? A inflação de demanda ocorre quando a demanda ultrapassa a produção disponível de algum produto. Isso é comum quando acontece o aumento de produção próximo do emprego de recursos. Para ser eliminada, é necessário que a política econômica lance mão de recursos que estimulem a redução da procura agregada. O IBGE produz dois dos mais importantes índices de preços: o IPCA, considerado oficial pelo Governo Federal, e o INPC. Ambos os índices, o IPCA e o INPC, têm como propósito a medição da variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população. O resultado demonstra se os preços aumentaram ou diminuíram, tendo como referência o período de um mês, considerando não apenas a variação de preço de cada item, mas o peso que ele exerce no orçamento familiar. O Quadro 1 apresenta o valor direcionado a esses índices no mês de janeiro de 2020. Quadro 1 - IPCA e INPC registrados em janeiro de 2020 Matemática Financeira 15 Fonte: IBGE (2020). O Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) engloba uma grande parcela da população, uma vez que aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários-mínimos. Figura 3 – Variação do IPCA de julho de 1994 a dezembro de 2020 Fonte: IBGE (2020). Matemática Financeira 16 VOCÊ SABIA? O IBGE produz e divulga o IPCA desde 1980. Entre 1980 e 1994, ano de implantação do Plano Real, o índice acumulado foi de 13 342 346 717 671,70%! A maior variação mensal do IPCA foi em março de 1990 (82,39%), enquanto a menor variação, em agosto de 1998 (-0,51%). Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) identifica a variação do custo de vida médio apenas de famílias que com renda mensal de 1 a 5 salários-mínimos. Mas por que é limitado a essa quantidade de renda mensal? Bem, a resposta é: porque esses grupos são mais sensíveis às variações de preços, pois os estudos apontam que esses tendem a gastar todo o seu rendimento mensal em itens básicos para a sobrevivência, como alimentação, medicamentos, transporte etc. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Clique aqui para assistir ao vídeo O que é INPC e IPCA?, criado pelo IBGE. Outros índices também são importantes no contexto econômico. Observe na Figura 4 quais são eles. Matemática Financeira https://www.youtube.com/watch?time_continue=4&v=JVcDZOlIMBk&feature=emb_logo 17 Figura 4 – Índices de inflação INPC IGP-10 IPCA IGP-DI IPCA-E IGP-M IPCA-15 IPC-Fipe IGP IPC-S IPC-SP Índices de Inflação Fonte: Elaborado pela autora (2020). Já fomos apresentados aos conceitos referentes aos importantes índices de atualização: o INPC e ao IPCA. Agora, conheceremos um pouco mais sobre os outros índices de inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) é calculado pelo IBGE e divulgado ao final de cada trimestre, sendo formado pelas taxas do IPCA-15 de cada mês. Tem como objetivo realizar um balanço trimestral da inflação. Matemática Financeira 18 O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), também medido pelo IBGE, foi constituído com o intuito de oferecer a variação dos preços no mercado varejista, mostrando, assim, o incremento do custo de vida da população. Castanheira e Macedo (2011) discorrem sobre outros índices inflacionários costumeiramente utilizados na economia, como: • O Índice Geral de Preços (IGP), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresenta a inflação de preços desde matérias- primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais. Este índice é composto pela média de três índices que refletem a economia: Índice de Preços por Atacado (IPA); Índice de Preços ao Consumidor (IPC); e Índice Nacional de Custos da Construção (INCC). • O Índice Geral de Preços 10 (IGP-10) é uma das categorias do IGP. Mensurado pela FGV, ele identifica a inflação de preços desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais. • O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) é também uma versão IGP. Identificado pela FGV, ele registra a inflação de preços desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais. • O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) é também uma versão do IGP. Mensurado pela FGV, ele registra a inflação de preços desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais. • O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) calcula a variação de preços de produtos e serviços em sete capitais especificas do país. É medido pela FGV. • O Índice de Preços ao Consumidor, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) é medido pela Fipe e mensura, especificadamente, a inflação na cidade de São Paulo. • O Índice de Preços ao Consumidor - São Paulo (IPC-SP) calcula a variação de preços de produtos e serviços da cidade de São Paulo e é medido pela FGV. Matemática Financeira 19 RESUMINDO: E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir o que vimos.Você deve ter aprendido que a inflação é o nome dado ao aumento dos preços de produtos e serviços diversos. Esse valor é calculado pelos índices de preços, que costumeiramente recebem o nome de índices de inflação, e os mais utilizados na medição da inflação em nosso país são o INPC e o IPCA – ambos medem a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população, e o resultado apresenta o aumento ou diminuição dos preços de um mês para o outro. O IPCA aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal entre 1 e 40 salários-mínimos, enquanto o INPC verifica a variação do custo de vida médio apenas de famílias com renda mensal de 1 a 5 salários-mínimos, que representam a grande parcela de toda a população. Também conhecemos outros índices que possibilitam a mensuração da inflação sob diferentes aspectos. Matemática Financeira 20 Variações de índices OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de entender como calculamos na prática a correção monetária, conforme determinados índices. Por meio desses resultados, é possível estabelecer contratos levando em consideração a inflação ou a deflação. E então? Motivado para desenvolver esta nova competência? Então vamos lá. Avante! Correção monetária A correção monetária teve origem no Brasil em 16 de julho de 1964, pela Lei nº 4.357, intermediada pela origem da Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional (ORTN), cujo valor seria reajustado por mês em virtude das oscilações de preços de determinados bens e serviços, evidenciados pelos índices que são calculados pela Fundação Getúlio Vargas (CASTANHEIRA; MACEDO, 2013). É importante ressaltar que a correção monetária associada aos juros pode ser aplicada em diversas situações, basta que exista alguma decisão judicial instituída que precisará da devida atualização dos valores financeiros. A correção monetária, quanto aos tributos, passou a ser: • Obrigatória sua incidência sobre o valor original dos bens do ativo imobilizado das pessoas jurídicas. • Permitida sobre o custo de aquisição do imóvel, na venda por pessoa física. • Obrigatória sobre débitos fiscais decorrentes do não recolhimento na data de vencimento. Matemática Financeira 21 VOCÊ SABIA? Existem tabelas de atualizações monetárias judiciais que têm como objetivo preservar o poder aquisitivo da moeda, mediante determinados critérios utilizados pelas diferentes esferas da justiça, seja pela aplicação da lei e da doutrina, seja pela aplicação do entendimento jurisprudencial dos tribunais superiores. Há, também, as tabelas extrajudiciais, que podem ser usadas com um só indexador ou vários encadeados, permitindo a atualização de obrigações contratuais em geral e não contratuais, como as tabelas do INPC, da TR, do IGP-M etc. Conforme Castanheira e Serenato (2011), dois são os procedimentos usados para a aplicação da correção monetária aos planos de pagamentos no Brasil: a. Prefixada – determina-se uma taxa de juro contratual, independentemente do comportamento futuro da inflação; neste contexto, a taxa de juro real de cada período e a taxa de inflação deve ser agregada em uma única taxa, que denominamos de taxa prefixada. Como exemplo de aplicação do modelo prefixado no mercado financeiro, temos os papéis de renda fixa e crédito direto ao consumidor; b. Pós-fixada – neste modelo, a correção monetária tem seu valor conhecido com o passar do tempo, à medida que os índices oficiais do governo são divulgados; assim, os saldos devedores, as parcelas de juros e a amortização são corrigidas conforme a inflação. Como exemplo desta modalidade pós-fixado, é possível citar os contratos com correção pelo IGPM e os contratos em moeda estrangeira. Matemática Financeira 22 NOTA: Hoje, a correção monetária é determinada pelo Conselho Federal de Contabilidade e trata-se de um Princípio Fundamental da Contabilidade. Antes de ser controlada pelo Conselho Federal, a determinação dos valores acontecia pelo Governo Federal e era chamada de Correção Monetária de Balanço. Em 1994, como medida para conter a inflação que na época era muito elevada, houve a mudança de quem deveria estabelecer os valores associados aos índices. A correção monetária, que será indicada por CM em um determinado período, é encontrada por meio da variação percentual entre o índice no final do período previamente indicado e o índice encontrado no final do período anterior. Matematicamente, a relação que possibilita esse cálculo é fornecida por: Fórmula: CM = indice periodo indicado/indice periodo anterior -1 No entanto, quando os índices de correção monetária se referem a vários períodos, o cálculo da correção monetária é determinado pela seguinte fórmula: Fórmula: CMm = (1+CMt ) 1 ⁄ n -1 Onde: CMm= Correção monetária média. CMt= Correção monetária do período. n= Período. Vamos resolver juntos um exemplo para compreendermos na prática a utilização destas relações. EXEMPLO: determine a correção monetária referente ao primeiro semestre de 2019 e a média mensal de inflação; admita os dados do IPC da Fipe, conforme o Quadro 2, apresentado a seguir: Matemática Financeira 23 Quadro 2 – IPC de dez./2018 a jun./2019 Fonte: elaborado pela autora (2020). Inicialmente, devemos retirar os dados do enunciado, que neste caso estão disponibilizados na tabela: • indice periodo indicado = 102,5 • indice periodo anterior = 100 Logo: CM = indice periodo indicado/indice periodo anterior -1 CM = 102,5/100 -1 CM = 1,025 -1 = 0,025 CM = 2,5% ao semestre Logo, a correção monetária referente ao semestre analisado foi de 2,5%. Já a média mensal da inflação é obtida por: CMm = (1+CMt ) 1 ⁄ n -1 CMm = (1+0,025) 1 ⁄ 6 -1 CMm = (1,025) 1 ⁄ 6 -1 CMm ≅ 0,0041 = 0,41% Matemática Financeira 24 Assim, a correção monetária média referente ao semestre foi de 0,41%. EXEMPLO: Calcule a correção monetária e a média mensal referente ao período de abril/2019 a dezembro/2019, considerando os dados do INPC do IBGE, conforme a tabela apresentada a seguir: Quadro 3 – INPC de abr./2018 a dez./2019 Fonte: Elaborado pela autora (2020). Identificando os dados disponibilizados na tabela: • indice periodo indicado = 102,13 • indice periodo anterior = 100 Logo: CM = indice periodo indicado/indice periodo anterior -1 CM = 102,13/100 -1 CM = 1,0213 -1 = 0,0213 CM = 2,13% Matemática Financeira 25 Assim, a correção monetária referente ao semestre analisado foi de 2,13%. Já a média mensal da inflação é obtida por: CMm = (1+CMt) 1 ⁄ n -1 CMm = (1+0,0213) 1 ⁄ 9 -1 CMm =(1,0213) 1 ⁄ 6 -1 CMm ≅ 0,0035 = 0,35% Assim, a correção monetária média referente ao semestre foi de 0,35%. SAIBA MAIS: O aplicativo Calculadora do Cidadão, do Banco Central do Brasil, possibilita a simulação das operações de suas finanças com base nas informações disponibilizadas por você. Com esse recurso, é possível fazer correções monetárias, com emprego de séries históricas de taxas e indicadores financeiros armazenados no Banco Central do Brasil, além de poder comparar o custo de pagar parte da fatura de seu cartão (crédito rotativo) com outros tipos de crédito. Para usufruir desta facilidade, clique aqui. Matemática Financeira https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/corrigirPorIndice.do?method=corrigirPorIndice 26 RESUMINDO: Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir o que vimos. Você deve ter aprendido que a correção ou atualização monetária é a revisão estipulada pelas partes de um contrato previamente estabelecido, ou definida por lei, que tem como referência a desvalorização da moeda. A correção monetária pode ser calculada por uma relação específica, que considera a variação percentual entre o índice no final do período previamente indicado e o índice encontrado no final do período anterior,assim como a correção monetária média também é determinada por uma fórmula específica que leva em conta correção monetária média, a correção monetária do período e o período em questão. Matemática Financeira 27 Taxas de juros: nominal, efetiva, real e aparente OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de compreender as taxas de juros nominal e real, além de resolver diferentes exercícios relacionados a esses conceitos. E então? Motivado para desenvolver esta inédita competência? Vamos lá! Avante! Taxa de juros Estimado(a) aluno(a), você provavelmente já ouviu falar das taxas de juros, não é mesmo? Embora seja um termo popular, nem todos sabem exatamente o que são. E afinal, como calculá-las? Qual a sua finalidade? Matematicamente, a taxa de juros consiste na razão entre os juros pagos ou recebidos no fim de um determinado período e o capital inicialmente emprestado, sendo representado por um valor numérico, obtido pelo quociente entre os capitais e tempo considerado. Basicamente, a taxa de juros está diretamente relacionada à diferença entre o valor emprestado e o valor devolvido. NOTA: Na resolução de problemas com uso de fórmulas, a taxa de juros deve estar na forma unitária. Quando utilizamos a calculadora financeira HP-12C, a taxa deve ser inserida na forma percentual; já no Excel, são aceitos os dois formatos. Na especulação de operações financeiras, utilizamos dois tipos de taxas que são úteis para a comparação de índices. Essa subdivisão é descrita pela Figura 5. Matemática Financeira 28 Figura 5 - Categorias de taxas de juros Taxa de Juros Taxa Bruta Taxa Líquida Fonte: Elaborado pela autora (2020). A taxa bruta é gerada tomando como referência os valores presente e futuro do capital utilizado, desconsiderando o desconto do imposto devido. Já a taxa liquida é baseia-se nos valores presente e futuro, admitindo o desconto do imposto devido. Taxa de juros nominal x Taxa de juros efetiva É comum nos questionarmos sobre a taxa anexada a determinada operação financeira, e a resposta costuma diferenciar quanto ao período de capitalização. Não entendeu? Leia a seguir algumas afirmações para chegarmos juntos a uma conclusão. I. 140% ao semestre com capitalização mensal. II. 16% ao mês com capitalização mensal. III. 300% ao ano com capitalização trimestral. IV. 1250% ao ano com capitalização bimestral. V. 250% ao semestre com capitalização semestral. O que essas informações têm em comum? E de incomum? Bem, observe que, nos discursos apresentados em I, III e IV, o período de formação e a incorporação dos juros são diferentes. Na asserção I, o juro é semestral com capitalização mensal; na asserção III, o juro é anual com capitalização trimestral; e; por fim, na asserção IV, o juro é anual com capitalização bimestral. Para todos esses contextos que apresentam essa relação, denominamos de taxa efetiva, que, de acordo com Castanheira e Macedo (2013), é: Matemática Financeira 29 A taxa nominal é quando o período de formação e incorporação dos juros ao capital não coincide com aquele a que a taxa está referida. Em contrapartida, quando avaliamos as afirmações restantes, isto é, II e V, o período de formação e a incorporação dos juros são iguais. Observe que, na asserção II, o juro é mensal com capitalização mensal, e, na asserção V, o juro é semestral com capitalização semestral. Para esta condição, é destinado o nome de taxa efetiva, que Castanheira e Macedo definem como: A taxa efetiva é quando o período de formação e incorporação dos juros ao capital coincide com aquele a que a taxa está referida. A taxa nominal é muito utilizada em diversas transações do mercado financeiro e caracteriza-se por não utilizar o regime de capitalização composta em seu cálculo. Já a taxa de juros efetiva é muito popular entre nós, brasileiros, pois é comum vermos esse termo incorporado em diversas transações, principalmente em títulos de capitalização. Taxa de juros aparente x Taxa de juros real Será que seria correto afirmar que as aparências enganam quando trabalhamos com juros? Bem, a resposta é sim! Costumeiramente, somos enganados ao acreditarmos que certa quantia de dinheiro, quando aplicada em uma poupança, em um único mês, rendeu 1,5% ao mês. Mas por que esta afirmação é uma ilusão? Bem, dentro desse percentual, está incluída a inflação do período considerado. Assim, retirada essa diferença, o rendimento, na verdade, é inferior ao afirmado. Considerando a dinâmica do mercado em que estamos inseridos, no qual vimos que a inflação é um componente a ser considerado, vamos conhecer juntos dois conceitos fundamentais na Matemática Financeira: a taxa de juros aparente e a taxa de juros real. Vamos lá? A definição de taxa aparente é elaborada por Castanheira e Macedo (2013) como: É a taxa que não contabiliza a inflação do período. Matemática Financeira 30 Essa taxa é contratada ou declarada em uma operação financeira. Por exemplo: se um banco oferece um fundo de investimento que remunera 23% ao ano, esta é a taxa nominal. A taxa nominal de juros é usada para demonstrar os efeitos da inflação no período analisado, tendo como base os fundos financeiros (empréstimos). É a taxa efetiva corrigida pela taxa inflacionária do período da operação, podendo ser, inclusive, negativa. No outro extremo, a taxa real é descrita por Castanheira e Macedo (2013) como: É a taxa que utiliza a inflação do período. A taxa real de juros, em contrapartida, é a taxa que realmente gera lucro ao investidor, pois é a taxa que remunera acima da inflação. É importante ressaltar que a taxa real pode ser positiva ou negativa, caso a correção realizada sobre o capital tenha sido inferior ......à inflação inserida no período. (ASSAF NETO, 2012). Figura 6 - Composição da taxa real Taxa Real Taxa Aparente Inflação Fonte: Elaborado pela autora (2020). : Os rendimentos financeiros são os responsáveis pela correção de capitais investidos mediante uma determinada taxa de juros. As Matemática Financeira 31 taxas de juros, assim, são corrigidas pelo Governo conforme os índices inflacionários referentes a um período. Todo esse processo ocorre com o intuito de corrigir a desvalorização dos capitais aplicados durante uma crescente alta da inflação. As taxas real e aparente relacionam-se mediante a seguinte demonstração matemática, baseada, inicialmente, em um período em que não houve inflação(1) e em outro, em que o capital foi acrescido da taxa real (i) e da taxa de inflação(I)(2). Assim: (1) M = C∙(1+ia) (2) M = C∙(1+i)∙(1+I) Igualando as expressões (1) e (2)). C∙(1+ia) = C∙(1+i)∙(1+I) (1+ia) = (1+i)∙(1+I) Que pode ser reescrito, de maneira mais fácil da seguinte formula: Taxa real = 1 + taxa aparente/1 + taxa de inflação REFLITA: Observe que, se a taxa de inflação for nula, ou seja, igual a zero, as taxas de juros nominal e real serão coincidentes, isto é, terão o mesmo índice percentual. Mas e na prática, como essa relação é trabalhada em situações cotidianas? Vamos lá?! Juntos desvendaremos mais este conceito. EXEMPLO: em uma aplicação financeira em que a taxa aparente foi de 32% ao ano, durante um ano em que a taxa de inflação ficou definida em 10,75%, qual foi a taxa real de juros? Identificando as informações do enunciado: • Taxa real= ? • Taxa de inflação = 10,75% = 0,1075 • Taxa aparente = 32% = 0,32 Matemática Financeira 32 Agora, substituindo os dados na relação entre as taxas, obtemos: Taxa real = 1 + taxa aparente/1 + taxa de inflação Taxa real = 1+0,32/1+0,1075 = 1,32/1,1075 = 1,1987 Taxa real = 1,1987-1 = 0,1987 = 19,87% Assim, é possível afirmar que a taxa real de juros neste período foi de 19,87%. No cálculo manual da taxa real é sempre necessário subtrair do resultado um, fato este relacionado à equivalência de 100% ou seja, . Cálculo pela calculadora HP–12C ENTER 0,32 ENTER 0,1035 + 1 –EXEMPLO: encontre a taxa de rendimento real de determinada aplicação, cuja taxa aparente ficou definida em 5,25% mensal em um mês em que a taxa de inflação fixou em 8,1%. Identificando as informações do enunciado: • Taxa real= ? • Taxa de inflação=8,1%=0,081 • Taxa aparente=5,25%=0,0525 Agora, substituindo os dados na relação entre as taxas, obtemos: Taxa real = 1 + taxa aparente/1 + taxa de inflação Taxa real = 1 + 0,0525/1 + 0,081 = 1,0525/1,081 = 0,9736 Taxa real = 0,9736-1 = -0,0264 = -2,64% Observe que o resultado da taxa real foi negativo; tal informação indica que houve prejuízo para o aplicador neste período. Matemática Financeira 33 Logo, é possível afirmar que no período determinado a taxa real foi de -2,64%. Cálculo pela calculadora HP–12C ENTER 0,0525 ENTER 0,0,081 + 1 - NOTA: Observe que, para o cálculo, a taxa real e/ou taxa aparente devem sempre estar na mesma unidade de tempo, ou seja, se a taxa aparente for anual, a taxa de inflação correspondente também deve ser anual. Se a taxa aparente for semestral, a taxa de inflação também deve ser contabilizada semestralmente. EXEMPLO: um investidor adquiriu um título de renda fixa por RS 10.000,00 e o resgatou pela quantia de R$ 15.130,00, após um período de seis meses. Determine a taxa de retorno real desse investimento considerando uma taxa de inflação para o período de 25% a.s.? Reconhecendo as informações do enunciado: • Taxa real= ? • Taxa de inflação=25%=0,25 • Taxa aparente= ? • PV=10.000 • FV=15.130 • n=6 meses=1 semestre Observe que o solicitado é a determinação da taxa real, no entanto é preciso encontrar a taxa aparente para substituir na relação existente; Matemática Financeira 34 para tal tarefa recorremos à fórmula de juros compostos que já fomos apresentados na unidade inicial. Logo: FV = PV(1+i)n 15.130 = 10.000(1+i)1 15130/10000 = 1+i 1,513 = 1+i i = 1,513-1 = 0,513 % a.s. De posse dessa informação, basta substituir os dados na relação entre as taxas aparente e real, encontramos: Taxa real = 1 + taxa aparente/1 + taxa de inflação Taxa real = 1 + 0,513/1 + 0,25 = 1,513/1,25 = 1,2104 Taxa real = 1,2104-1 = 0,2104 = 21,04% Logo, a taxa real incidida nessa transação financeira, sob as condições estabelecidas equivale a 21,04%. Cálculo pela calculadora HP–12C 15130 CHS FV 10000 PV n i ENTER 0,0525 ENTER 0,0,081 + 1 - Matemática Financeira 35 RESUMINDO: Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir o que vimos. Você deve ter aprendido sobre os conceitos de taxa aparente e taxa real, assuntos recorrentes no mundo das finanças e dos investimentos. A taxa real positiva é a que possibilita a um investidor aumentar seu capital. Como taxa aparente, consideramos aquela que está inserida nas operações correntes. Já a taxa real é o rendimento ou custo de uma operação, seja de aplicação ou de captação calculadas, depois de extraídos os efeitos inflacionários. No caso da taxa real de juros, o efeito inflacionário não existe; por isso, ela tende a ser menor que a taxa aparente. Isso ocorre porque ela é formada por meio da correção da taxa efetiva pela taxa de inflação do período da operação. Matemática Financeira 36 Taxa de desvalorização da moeda OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de compreender a taxa de desvalorização da moeda, e entender a fórmula matemática que possibilita o seu cálculo. E então? Pronto? Motivado para desenvolver esta nova competência? Vamos lá! Avante! A taxa de desvalorização da moeda possui como fator impactante a inflação, sendo esta a engrenagem que movimenta a determinação desse parâmetro. Observe a Figura 7. Figura 7 - Composição da taxa de desvalorização da moeda Fonte: Elaborado pela autora (2020). A relação matemática que possibilita a determinação da taxa de desvalorização da moeda é dada por: Fórmula: TDM = INF/1+INF Onde: • TDM= Taxa de desvalorização da moeda. • INF= Taxa de inflação. Matemática Financeira 37 É importante ressaltar que, quanto maior for a taxa de inflação, maior será a taxa de desvalorização da moeda, isto é, quanto maior for a taxa de desvalorização da moeda, menor será o poder de compra do cidadão. Por isso, identificamos que, ao aumentar os preços de bens e serviços, nosso poder aquisitivo diminui, ocasionando na diminuição do nosso poder de compra. VOCÊ SABIA? O Banco Central é uma autarquia que exerce suas funções com autonomia, sem subordinação a outro órgão do Poder Público. Foi instituído em 1964 e é responsável por garantir a estabilidade econômica do país por meio da manutenção do poder de compra da moeda e da regulação do sistema financeiro brasileiro. EXEMPLO: considerando 12,11% a inflação em determinado período, determine a taxa de desvalorização da moeda que determinou este resultado negativo no poder de compra da moeda. Dados do exercício: • TDM =? • INF = 12,11% = 0,1211 Agora, substituindo as informações, encontramos: TDM = INF/1+INF TDM = 0,1211/1+0,1211 TDM ≅ 0,1080 = 10,80% Assim, é possível afirmar que, com uma inflação de 12,11%, há uma redução do poder de compra da moeda igual a 10,8%, isto é, com esse percentual de evolução dos preços, as pessoas adquirem 10,8% a menos de bens e serviços que consomem. Matemática Financeira 38 EXEMPLO: a taxa de inflação de determinado país ficou definida em 4,25% em 2019; considerando esse contexto, qual foi a taxa de desvalorização da moeda (TDM) neste período? Dados do exercício: • TDM =? • INF = 4,25% = 0,0425 Agora, substituindo as informações, encontramos: TDM = INF/1+INF TDM = 0,0425/1+0,0425 TDM ≅ 0,0408 = 4,08% Logo, com inflação de 4,25%, há uma redução do poder de compra da moeda igual a 4,08%, isto é, com este percentual de evolução dos preços, as pessoas adquirem 4,08% a menos de bens e serviços que consomem. EXEMPLO: a moeda nacional de determinado país fechou o ano de 2019 com uma taxa de desvalorização da moeda de 8,3%. Considerando a relação existente entre a taxa de desvalorização da moeda e a inflação, determine a respectiva taxa de inflação para o mesmo período. Informações do exercício: • TDM = 8,3% = 0,083 • INF =? Agora, substituindo as informações, encontramos: TDM = INF/1+INF 0,083 = INF/1+INF 0,083(1+INF ) = INF 0,083+0,083INF = INF 0,083 = INF - 0,083INF 0,083 = 0,917INF INF = 0,083/0,917 INF ≅ 0.0905 = 9,05% Matemática Financeira 39 Assim, é possível afirmar que uma redução do poder de compra da moeda igual a 8,3%, foi ocasionada por uma inflação igual a 9,05%. EXEMPLO: para a moeda nacional de certo país, ficou fixado como taxa de desvalorização da moeda o valor de 10,4%. Considerando a relação existente entre a taxa de desvalorização da moeda e a inflação, determine a taxa de inflação para o respectivo período. Informações do exercício: • TDM = 10,4% = 0,104 • INF =? Agora, substituindo as informações, encontramos: TDM = INF/1+INF 0,104 = INF/1+INF 0,104(1+INF) = INF 0,104 + 0,104INF = INF 0,104 = INF - 0,104INF 0,104 = 0,896INF INF = 0,104/0,896 INF ≅ 0.1161 = 11,61% Logo, é viável afirmar que uma redução do poder de compra da moeda igual a 10,4%, foi ocasionada por uma inflação igual a 11,61%. VOCÊ SABIA? Âncora cambial é o nome dado a um instrumento de política econômica que visa a atrelar a moeda nacional a uma moeda estrangeira forte – geralmente, o dólar americano –, buscando, com isso, a estabilização da moeda nacional. Nesse contexto de valorização/desvalorização da moeda nacional, é importante conceituarmos a taxa de câmbio, que consiste na relação entre as moedas correntes de dois ou mais países. Além disso, ela disponibiliza informações sobre as transações comerciais e possibilita Matemática Financeira 40 relações de troca entre as nações. Essa taxa é expressa por um preço, um valor que se distinguena hora da compra e da venda. A Figura 8, a seguir, apresenta o gráfico da variação da taxa de câmbio no ano de 2018. Observe: Figura 8 - Taxa de câmbio Real/Dólar Fonte: SINFACRS (2018). A taxa de câmbio pode ser classificada em três categorias, como apresentado na Figura 9, a seguir: Figura 9 – Categorias das taxas de câmbio Taxa de Câmbio Fixa FlutuanteAtrelada Fonte: Elaborado pela autora (2020). Matemática Financeira 41 Ainda conforme Assaf Neto (2012), cada subdivisão desta taxa de câmbio pode ser descritas como: • Taxa de câmbio fixa – o Banco Central estabelece um preço fixo de uma moeda estrangeira em moeda nacional. A conversão de moeda nacional em moeda estrangeira, e vice-versa, é garantida pelo Banco Central àquele preço. Essa modalidade de taxa é utilizada com o intuito de estabilizar o valor de uma moeda ao fixá- lo diretamente sob uma taxa pré-determinada em relação à moeda âncora, que é mais estável e predominante internacionalmente. • Taxa de câmbio flutuante – as taxas mudam livremente ou sob a lei da oferta e demanda do mercado. O governo não interfere no mercado cambial, uma vez que o objetivo consiste em valorizar ou desvalorizar a taxa de câmbio. A única interferência do Banco Central consiste em evitar variações muito grandes nas cotações, ou mesmo influenciar na taxa de câmbio. • Taxa de câmbio atrelada – o regime de câmbio atrelado, consiste em um misto entre o câmbio flutuante e o câmbio fixo. Nesse regime a taxa de câmbio se altera todos os dias dentro de bandas fixadas pelo governo. O Banco Central intervém no mercado para manter o preço da moeda no contexto das bandas determinadas. Ressalta-se que para que esse regime funcione corretamente, é necessário que o Banco Central tenha reservas internacionais suficientes para estabelecer as operações de compra e venda de moeda, mesmo em períodos de crises. Matemática Financeira 42 VOCÊ SABIA? O coeficiente de Pass-Through está relacionado ao câmbio, à inflação, aos juros e, portanto, ao crescimento econômico. Basicamente, ele fornece o tamanho do repasse das variações cambiais para os preços, indicando o quanto um aumento ou declínio na taxa de câmbio faz a inflação crescer ou decrescer. É uma estimativa precária, nem sempre muito confiável, mas que tem uma função crucial para a tomada de decisões pelo Banco Central. Baseando- se nesse coeficiente, o Banco Central projeta a inflação futura; por consequência, esse parâmetro permite que a instituição aumente ou diminua as taxas de juros. RESUMINDO: Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir o que vimos. Você deve ter aprendido que a taxa de desvalorização da moeda avalia o quanto o nosso dinheiro se desvalorizou conforme o tempo, indicando um acréscimo ou decréscimo em nosso poder de compra. Descobrimos, também, que essa taxa depende unicamente do valor associado à inflação do período analisado. Ainda nesse contexto econômico, aprendemos mais sobre a taxa de câmbio, que se caracteriza por apresentar a relação entre as moedas correntes de dois ou mais países. Além disso, ela disponibiliza informação sobre as transações comerciais e possibilita relações de troca entre as nações. Essa taxa pode ser classificada em taxa de câmbio fixa, taxa de câmbio flutuante e taxa de câmbio atrelada. Matemática Financeira 43 REFERÊNCIAS ASSAF NETO, A. Matemática Financeira e suas aplicações. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2012. BAUER, U. R. Matemática Financeira Fundamental. São Paulo: Atlas, 2003. CASTANHEIRA, N. P.; MACEDO, L. R. D. Matemática Financeira Aplicada. Curitiba: Intersaberes, 2013. CASTANHEIRA, N. P.; SERENATO, V. S. Matemática Financeira e análise financeira para todos os níveis: soluções algébricas e soluções na HP-12C. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2011. FARIA, R. G. Matemática Comercial e Financeira: com exercícios e cálculos em Excel e HP-12C. São Paulo: Ática, 2007. LAPPONI, J. C. Matemática Financeira: uma abordagem moderna. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1994. MATHIAS, W. F.; GOMES, J. M. Matemática Financeira. São Paulo: Atlas, 2007. MORAES, M. F. Plano Real, 20 anos - Moeda trouxe novo ciclo de desenvolvimento econômico. Vestibular UOL, 2018. Disponível em: https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/ plano-real-20-anos-moeda-trouxe-novo-ciclo-de-desenvolvimento- economico.htm. Acesso em: 14 fev. 2020. PUCCINI, A. L. Matemática Financeira: objetiva e aplicada. 9. ed. São Paulo: Elsevier, 2011. Matemática Financeira Índices de atualização e inflação Índices de atualização Índices de inflação Variações de índices Correção monetária Taxas de juros: nominal, efetiva, real e aparente Taxa de juros Taxa de juros nominal x Taxa de juros efetiva Taxa de juros aparente x Taxa de juros real Taxa de desvalorização da moeda
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