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Língua Portuguesa para Analista Judiciário (TJ BA) 2023 (
https://www.tecconcursos.com.br/s/Q2enFK )
Ordenação: Por Matéria
Português
Questão 401: FCC - ADP (DPE SP)/DPE SP/Administrador/2015
Assunto: Termos acessórios (adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto). Vocativo
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
 
Campo e cidade
 
“Campo” e “cidade” são palavras muito poderosas, e isso não é de estranhar, se aquilatarmos o quanto
elas representam na vivência das comunidades humanas. O termo inglês country pode significar tanto
“país” quanto “campo”; the country pode ser toda a sociedade ou só a parte rural. Na longa história
das comunidades humanas, sempre esteve bem evidente essa ligação entre a terra da qual todos nós,
direta ou indiretamente, extraímos nossa subsistência, e as realizações da sociedade humana. E uma
dessas realizações é a cidade: a capital, a cidade grande, uma forma distinta de civilização.
 
Em torno das comunidades existentes, historicamente bastante variadas, cristalizaram-se e
generalizaram-se atitudes emocionais poderosas. O campo passou a ser associado a uma forma natural
de vida – de paz, inocência e virtudes simples. À cidade associou-se a ideia de centro de realizações – de
saber, de comunicações, de progresso. Também constelaram-se poderosas associações negativas: a
cidade como lugar de barulho, mundanidade e ambição; o campo como lugar de atraso, ignorância e
limitação. Além disso, em nosso próprio mundo, entre os tradicionais extremos de campo e cidade existe
uma ampla gama de concentrações humanas: subúrbio, cidade dormitório, favela, complexo industrial,
centro tecnológico etc.
 
A visão que se pode ter do campo ou da cidade pode variar conforme a perspectiva pessoal. Vejam-se
estes versos do poeta inglês Wordsworth, do século XIX, vindo do campo e chegando a Londres pela
manhã, compostos a partir de sua primeira visão da cidade:
 
Nada há na terra de maior beldade:
(...)
Torres e cúpulas se elevam no ar
Em luminosa e suave majestade.
 
É bem verdade que se trata de uma visão da cidade antes da azáfama e do barulho do dia de trabalho;
porém não há como não reconhecer esse sentimento de entusiasmo diante de um grande aglomerado de
metas e destinos humanos.
 
(Adaptado de: WILLIAMS, Raymond. O campo e a cidade.
Trad. Paulo Henriques Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 11)
 
Ambos os termos sublinhados são exemplos de uma mesma função sintática na frase:
 a) “Campo” e “cidade” são palavras muito poderosas.
 b) O termo inglês country pode significar tanto “país” quanto “campo”.
 c) uma dessas realizações é a cidade.
 d) O campo passou a ser associado a uma forma natural de vida.
 e) entre os tradicionais extremos de campo e cidade existe uma ampla gama de concentrações
humanas.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/327659
Questão 402: FCC - AJ TRE AP/TRE AP/Judiciária/2015
Assunto: Termos acessórios (adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto). Vocativo
Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
A fama de Auguste Saint-Hilaire não teve a projeção da de seu irmão Geoffroy, o continuador de
Lamarck; o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias. Para nós, entretanto, a
memória que importa, a que nos deve ser sobremodo cara é a do irmão menos ilustre. Nenhum
estrangeiro deixou entre nós lembrança mais simpática.
Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda dos seus avós devorava, adolescente, as
páginas das Viagens. “Os livros de Auguste Saint-Hilaire”, diz ele, “leem-se aos quinze anos como se
fossem romances de aventuras, tão pitorescos são os aspectos e a linguagem que neles se encontram.” E
assinala o grande carinho, a bondade, a tão justa medida no louvor e na crítica das nossas coisas.
Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo nosso interior através de
regiões muitas vezes inóspitas. Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das estradas de ferro e do
automóvel, podemos avaliar as dificuldades e fadigas de uma jornada a Goiás em 1816. Em dezembro de
1816 Saint-Hilaire partiu para Minas, que atravessou de sul a norte, furando depois até Boa Vista, então
capital de Goiás.
Três vezes voltou Saint-Hilaire ao interior do Brasil: em 1818 ao Espírito Santo, onde percorreu as regiões
malafamadas do rio Doce; em 1819 através de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, até a Cisplatina;
finalmente em 1822 a São Paulo por uma larga digressão ao sul de Minas. Ao todo 2.500 léguas!
Por tudo isso, por tantos trabalhos, por tanta abnegação, tão lúcido afeto e simpatia, e para diferenciá-lo
do irmão, mais mundialmente glorioso, podemos chamar Auguste Saint-Hilaire o “nosso” Saint-Hilaire.
Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo. A propósito de suas Lições de morfologia vegetal,
escreveu Payer, citado pelo sr. Tobias Monteiro: “Um dos característicos da obra de Saint-Hilaire é ser
exposta com tanta clareza e simplicidade que a profundeza do julgamento parece apenas bom senso”.
Precisamos ler muitos homens como Auguste Saint- Hilaire.
(Adaptado de: BANDEIRA, Manuel. O “nosso” Saint-Hilaire. Crônicas da província do Brasil. 2.ed. São Paulo: Cosac
Naify, 2006, p.199-202)
 
Três vezes voltou Saint-Hilaire ao interior do Brasil...
O elemento em destaque na frase acima exerce a mesma função sintática que o segmento grifado em:
 a) “Os livros de Auguste Saint-Hilaire (...) leem-se aos quinze anos como...”
 b) Nenhum estrangeiro deixou entre nós lembrança mais simpática.
 c) Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das estradas de ferro e do automóvel, podemos avaliar as
dificuldades e fadigas...
 d) A fama de Auguste Saint-Hilaire não teve a projeção da de seu irmão Geoffroy, o continuador de
Lamarck...
 e) “...exposta com tanta clareza e simplicidade que a profundeza do julgamento parece apenas bom
senso”.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/314899
Questão 403: FCC - Adm (DPE RR)/DPE RR/2015
Assunto: Termos acessórios (adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto). Vocativo
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
A morte e a morte do poeta
Ao ler o seu necrológio no jornal outro dia, o pianista Marcos Resende primeiro tratou de verificar que
estava vivo, bem vivo. Em seguida gravou uma mensagem na sua secretária eletrônica: “Hoje é 27 e eu
não morri. Não posso atender porque estou na outra linha dando a mesma explicação”. Quando li esta
nota, me lembrei de como tudo neste mundo caminha cada vez mais depressa. Em 1862, chegou aqui a
notícia da morte de Gonçalves Dias.
O poeta estava a bordo do Grand Condé havia cinquenta e cinco dias. O brigue chegou a Marselha com
um morto a bordo. À falta de lazareto, o navio estava obrigado à caceteação da quarentena. Gonçalves
Dias tinha ido se tratar na Europa e logo se concluiu que era ele o morto. A notícia chegou ao Instituto
Histórico durante uma sessão presidida por d. Pedro II. Suspensa a sessão, começaram as homenagens
ao que era tido e havido como o maior poeta do Brasil.
Suspeitar que podia ser mentira? Impossível. O imperador, em pleno Instituto Histórico, só podia ser
verdade. Ofícios fúnebres solenes foram celebrados na Corte e na província. Vinte e cinco nênias saíram
publicadas de estalo. Joaquim Serra, Juvenal Galeno e Bernardo Guimarães debulharam lágrimas de
esguicho, quentes e sinceras. O grande poeta! O grande amigo! Que trágica perda! As comunicações se
arrastavam a passo de cágado. Mal se começava a aliviar o luto fechado, dois meses depois chegou o
desmentido: morreu, uma vírgula! Vivinho da silva.
A carta vinha escrita pela mão do próprio poeta: “É mentira! Não morri, nem morro, nem hei de morrer
nunca mais!” Entre exclamações, citou Horácio: “Não morrerei de todo.” Todavia, morreu, claro. E morreu
num naufrágio, vejam a coincidência. Em 1864, trancado na sua cabine do Ville de Boulogne, à vista da
costa do Maranhão. Seu corpo não foiencontrado. Terá sido devorado pelos tubarões. Mas o poeta, este
de fato não morreu.
[...]
(Adaptado de: RESENDE, Otto Lara. Bom dia para nascer. São Paulo: Cia das Letras, 2011, p.107-8)
 
Suspensa a sessão, começaram as homenagens...
O segmento grifado exerce na frase acima a mesma função sintática que o segmento também grifado
em:
 a) As comunicações se arrastavam a passo de cágado.
 b) O brigue chegou a Marselha com um morto a bordo.
 c) Ao ler o seu necrológio no jornal outro dia...
 d) Terá sido devorado pelos tubarões.
 e) ... dois meses depois chegou o desmentido...
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/323457
Questão 404: FCC - AM (MPE PB)/MPE PB/Analista de Sistemas/Desenvolvedor/2015
Assunto: Termos acessórios (adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto). Vocativo
Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
O que me moveu, inicialmente, a fazer este texto foi uma sensação produzida por uma viagem ao Havaí.
Sensação de que se é parte de um cenário. Na praia de Waikiki, os hotéis têm lobbies que se
comunicam, pontuados por belíssimos (mas falsos) jardins tropicais, sem uma folha no chão, lagos com
peixes coloridos, tochas, belos gramados e, evidentemente, muitas lojas. Um filme de Elvis Presley.
Honolulu é um dos milhares de exemplos a que podemos recorrer. A indústria do turismo cria um mundo
fictício de lazer, onde o espaço se transforma em cenário e, desse modo, o real é transfigurado para
seduzir e fascinar.
O espaço produzido pela indústria do turismo é o presente sem espessura, sem história, sem identidade.
O lugar é, em sua essência, produção humana, visto que se transforma na relação entre espaço e
sociedade. O sujeito pertence ao lugar como este a ele. A indústria turística produz simulacros de
lugares.
Mas também se produzem modos de apropriação dos lugares. A indústria do turismo produz um modo
de estar em Nova York, Paris, Roma, Buenos Aires... É evidente que não se pode dizer que essas cidades
sejam simulacros, pois é claro que não o são; entretanto, o pacote turístico ignora a identidade do lugar,
sua história e modo de vida, banalizando-os.
 
Os pacotes turísticos tratam o turista como mero consumidor, delimitando o que deve ou não ser visto,
além do tempo destinado a cada atração, num incessante "veja tudo depressa".
 
Essa rapidez impede que os olhos desfrutem da paisagem. Passa-se em segundos por séculos de
civilização, faz-se tábula rasa da história de gerações que se inscrevem no tempo e no espaço. Num
autêntico tour de force consentido, pouco espaço é destinado à criatividade. Por sua vez, o turista vê
sufocar um desejo que nem se esboçou, o de experimentar.
 
No fim do caminho, o cansaço; o olhar e os passos medidos em tempo produtivo, que aqui se impõe sem
que disso as pessoas se deem conta. Não cabem passos lentos, olhares perdidos. O lazer produz a
mesma rotina massacrante, controlada e vigiada que o trabalho.
Como indústria, o turismo não parece criar a perspectiva do lazer como possibilidade de superação das
alienações do cotidiano. Só a viagem como descoberta, busca do novo, abre a perspectiva de
recomposição do passo do flâneur, daquele que se perde e que, por isso, observa. Walter Benjamin
lembra que "saber orientar-se em uma cidade não significa muito. No entanto, perder-se numa cidade,
como alguém se perde numa floresta, requer instrução".
(Adaptado de Ana Fani Alessandri Carlos. Disponível em:
http://www.cefetsp.br/edu/eso/lourdes/turismoproducaonaolugar.html)
 
Os elementos que exercem a mesma função sintática encontram-se sublinhados em:
 a) Essa rapidez impede que os olhos desfrutem da paisagem / Um filme de Elvis Presley.
 b) sem que disso as pessoas se deem conta / Passa-se em segundos por séculos de civilização...
 c) Passa-se em segundos por séculos de civilização / Sensação de que se é parte de um cenário.
 d) Não cabem passos lentos, olhares perdidos / ... o espaço se transforma em cenário...
 e) lobbies que se comunicam / Na praia de Waikiki, os hotéis têm...
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/289060
Questão 405: FCC - APE (TCE-RS)/TCE RS/Administração Pública ou de Empresas/2018
Assunto: Adjunto adnominal x Complemento Nominal
Atenção: A questão refere-se ao texto a seguir, que trata da direção da economia brasileira no Segundo
Reinado.
 
Entre 1808, com a abertura dos portos, e 1850, no auge da centralização imperial, modificara-se a
pacata, fechada e obsoleta sociedade. O país europeizava-se, para escândalo de muitos, iniciando um
período de progresso rápido, progresso conscientemente provocado, sob moldes ingleses. O vestuário, a
alimentação, a mobília mostram, no ingênuo deslumbramento, a subversão dos hábitos lusos,
vagarosamente rompidos com os valores culturais que a presença europeia infiltrava, juntamente com as
mercadorias importadas. O contato litorâneo das duas culturas, uma dominante já no período final da
segregação colonial, articula-se no ajustamento das economias.
 
Ao Estado, a realidade mais ativa da estrutura social, coube o papel de intermediar o impacto
estrangeiro, reduzindo-o à temperatura e à velocidade nativas. A engrenagem de acomodação e
amortecimento poderia e deveria, se homogêneas as economias e coerentes as concepções sobre estas,
ser a obra dos comerciantes estrangeiros, nas filiais brasileiras ligadas à metrópole. Poderiam esses
quistos comerciais, ainda, submeter a política financeira aos seus interesses, segundo o velho padrão
colonial, que viriam substituir sem mudar a substância do vínculo.
 
Na verdade, evitada a prematura bravata nacionalista, diga-se, desde logo, que a dependência da
economia brasileira é inegável, mas não será, entretanto, uma dependência colonial, nem se afirmará no
prolongamento da atividade metropolitana, passivamente aceita. Será uma dependência por via do
Estado, sob a vigilância, desconfiada muitas vezes, entusiástica outras, de uma camada social, apta a
participar das vantagens do intercâmbio, preocupada, não raro, em desviar-lhe o rumo submisso. A
manipulação legal e financeira apressa ou retarda a integração, enquanto nas ruas o sentimento
nativista, antiluso nas suas origens, ressente-se do invasor europeu, no qual identifica a arrogância
colonialista.
 
O núcleo diretor da intermediação situa-se na estrutura financeira do país. Sua fraqueza, bem como seus
episódicos impulsos, dão a tonalidade à necessária passagem da maré estrangeira por um filtro nacional.
O Tesouro, ao tempo que reflete a realidade econômica, a ordena e a dirige, na ânsia, depois de 1850
acentuada, de erguer o país do marasmo, de adequá-lo ao mundo moderno e de impor-lhe maior ritmo
de progresso. Ele expressa, no contexto do aparelhamento estatal, a face da dependência e, na
preocupação de desenvolvimento, a fisionomia larvarmente autonomista.
 
(FAORO, Raymundo. Estado dependente, sob a orientação do Tesouro. Os donos do poder: formação do
patronato
político brasileiro. v. 2, 10. ed. São Paulo: Globo; Publifolha, 2000. Grandes nomes do pensamento brasileiro. p. 3 e
4)
 
Ao Estado, a realidade mais ativa da estrutura social, coube o papel de intermediar o impacto
estrangeiro, reduzindo-o à temperatura e à velocidade nativas.
Considerando a estrutura sintática da frase acima, é correto afirmar:
 a) O sujeito da frase em que está presente o verbo “caber” é o Estado.
 b) O segmento de intermediar o impacto estrangeiro exerce a função de objeto indireto.
 c) O segmento o impacto estrangeiro e o pronome, em reduzindo-o, exercem a mesma função
sintática, nas orações de que fazem parte.
 d) Os segmentos mais ativa e da estrutura social exercem, ambos, a função sintática de adjuntos
adnominais.
 e) No segmento à temperatura e à velocidade nativas, o único adjunto adnominal presente é nativas.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/674447
Questão 406: FCC - Ana Leg (ALEPE)/ALEPE/Redaçãoe Pronunciamento/Consultoria
Legislativa/2014
Assunto: Adjunto adnominal x Complemento Nominal
Fim do voto secreto no Legislativo
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Senadores.
Quero parabenizar a Câmara dos Deputados, que na noite de ontem, aprovou, por unanimidade, a
Proposta de Emenda à Constituição − PEC 349/2001, de autoria do ex-deputado Luiz Antonio Fleury, que
prevê voto aberto em todas as situações no Poder Legislativo. O texto havia sido aprovado em 1º turno,
no ano de 2006. Agora, a proposta vem para o Senado para ser apreciada em dois turnos.
A medida aprovada vale para as deliberações da Câmara, do Senado, das assembleias legislativas, da
Câmara Legislativa do Distrito Federal e das câmaras de vereadores.
Estamos no aguardo da chegada do texto aqui no Senado Federal para que possamos aprová-lo o quanto
antes. Creio que é possível a sua votação e aprovação ainda no mês de setembro.
Senhor Presidente, após a aprovação da PEC 349, eu recebi uma verdadeira avalanche de mensagens via
redes sociais para que esta Casa aprove o voto aberto, ou seja, o fim do voto secreto.
Sou daqueles que não acredita que esta Casa vai titubear e “empurrar com a barriga” para os escaninhos
da poeira a proposta aprovada na Câmara. Seria a desmoralização, “o fim da picada”, como bem falamos
lá no sul, no meu Rio Grande, para não dizer um erro crasso, igual ou até mesmo maior do que a não
cassação do deputado ocorrida durante sessão na semana passada.
Eu estou confiante, SIM!!!!, graças a Deus!!! Esta Casa, senhor Presidente, o Senado Federal, nós
senadores e senadoras, temos consciência do que se passa pelas ruas e praças do nosso Brasil.
Entendo, pela situação, que vale a apresentação de um requerimento de urgência para que a PEC 349
seja encaminhada diretamente a este Plenário. Esta causa é mais do que justa.
Já perdemos a conta de quantas vezes, aqui mesmo desta Tribuna, deste espaço democrático,
defendemos e exigimos o fim do voto secreto no Congresso Nacional. Não somente eu, muitos
senadores. Apresentamos, em 2006 a PEC 50, com o objetivo de eliminar o voto secreto no Legislativo.
Mesmo sendo aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, o texto foi engavetado.
No início deste ano apresentamos a PEC 20/2013, com o mesmo objetivo. Ela foi aprovada na CCJ, com
relatoria do senador Sérgio Souza. A proposta está pronta para ser votada aqui no Plenário.
O senador Álvaro Dias é autor da PEC 196/2012, que prevê o fim do voto secreto nos processos sobre
cassação de mandato parlamentar. Proposta aprovada no Senado e pronta para ser votada na Câmara.
No último domingo, dia 1º de setembro, o jornal Zero Hora, do Grupo RBS, de Porto Alegre, publicou
editorial com a seguinte chamada: “Pelo voto às claras”. Parte do texto diz o seguinte:
“Voto secreto, nos moldes do que existe hoje no parlamento brasileiro, só serve para acobertar quem
não tem coragem de assumir perante os eleitores as consequências de seus atos. O voto secreto tinha
por objetivo preservar a liberdade de consciência dos parlamentares em decisões nas quais uma tomada
de posição pública poderia acarretar pressões de um ou outro tipo. Na prática, porém, as votações
protegidas por sigilo são as que envolvem interesses corporativos. O sistema político brasileiro é
particularmente eficaz quando se trata de distorcer a finalidade de um instrumento democrático para
torná-lo ferramenta do avesso da democracia. Tome-se, por exemplo, o caso das medidas provisórias,
inspiradas no Direito italiano, no qual servem expressamente para dar ao presidente o poder de legislar
de forma emergencial, atendidos os pressupostos de relevância e urgência. No Brasil, a medida
provisória converteu-se em verdadeira mania presidencial, servindo até mesmo para criação e majoração
de tributos".
O texto ainda prossegue: "...a decisão de acabar com o voto secreto no Congresso só ocorrerá se a
sociedade pressionar nesse sentido. Não cabe dúvida de que os cidadãos comuns são os principais
interessados em jogar luz sobre esses e outros processos legislativos. Trata-se, em primeiro lugar, de
uma questão de transparência no exercício da atividade legislativa, e, em segundo, de matéria
concernente ao que os americanos chamam de accountability, termo que equivale à faculdade ou efeito
de prestar contas a órgãos controladores, aos representados ou à própria opinião pública".
É claro, senhoras e senhores Senadores aqui presentes. Eu apenas citei aqui uma pequena parte do que
foi o editorial, mas que concentra a ideia, o cerne da questão.
Senhor Presidente,
Portanto, faço, respeitosamente, mais uma vez, um apelo aos nobres senadores e senadoras, à Mesa
desta Casa, ao presidente, senador Renan Calheiros, ouçamos a voz rouca das ruas e das praças. É um
momento histórico para o Congresso Nacional, é um momento ímpar da nossa atuação, da atuação de
todos nós como parlamentares.
Não importam nomes, senhoras e senhores Senadores, não importam partidos, senhor Presidente. Mas,
SIM, a causa, algo maior que vai, com total certeza, melhorar e lapidar a nossa democracia.
Era o que tinha a dizer.
Senador Paulo Paim.
(Proferido em 04/09/2013 e disponível em: www.senadorpaim.com.br/verImprensa.phl?id.)
 
Considerando os seguintes fragmentos da segunda citação do jornal, aponte a alternativa em que os dois
termos destacados têm a mesma função sintática.
 a) a decisão de acabar com o voto secreto no Congresso só ocorrerá se a sociedade pressionar nesse
sentido.
 b) uma questão de transparência no exercício da atividade legislativa.
 c) equivale à faculdade ou efeito de prestar contas a órgãos controladores, aos representados.
 d) de matéria concernente ao que os americanos / termo que equivale à faculdade ou efeito.
 e) dúvida de que os cidadãos comuns são os principais interessados em jogar luz sobre esses e
outros processos legislativos.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/482168
Questão 407: FCC - Ag Tec (MPE AM)/MPE AM/Administrador/2013
Assunto: Orações coordenadas
Considere o texto abaixo para responder a questão.
 
A justiça é o tema dos temas da Filosofia do Direito por conta da força de um sentimento que atravessa
os tempos: o de que o Direito, como uma ordenação da convivência humana, esteja permeado e
regulado pela justiça. A palavra direito, em português, vem de directum, do verbo latino dirigere, dirigir,
apontando, dessa maneira, que o sentido de direção das normas jurídicas deve ser o de se alinhar ao
que é justo.
 
O acesso ao conhecimento do que é justo, no entanto, não é óbvio. Basta lembrar que os gregos, para
lidar com as múltiplas vertentes da justiça, valiam-se, na sua mitologia, de mais de uma divindade:
Têmis, a lei; Diké, a equidade; Eirene, a paz; Eunômia, as boas leis; Nêmesis, que pune os crimes e
persegue a desmedida.
 
No mundo contemporâneo o Direito tem uma complexa função de gestão das sociedades, que torna
ainda mais problemático o acesso ao conhecimento do que é justiça, por meio da razão, da intuição ou
da revelação. Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da justiça, que surge como um
valor que emerge da tensão entre o ser das normas do Direito Positivo e de sua aplicação, e o dever ser
dos anseios do justo. Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento de justiça. Este é
forte, mas indeterminado. Daí as dificuldades da passagem do sentir para o saber. Por esse motivo, a
tarefa da Teoria da Justiça é um insistente e contínuo repensar o significado de justiça no conjunto de
preferências, bens e interesses positivados pelo Direito.
 
(Celso Lafer. O Estado de S. Paulo, A2, Espaço aberto, 18 de novembro de 2012, trecho)
 
No mundo contemporâneo o Direito tem uma complexa função de gestão das sociedades, que torna
ainda mais problemático o acesso ao conhecimento do que é justiça, por meio da razão, da intuição ou
da revelação.
 
Considerando-se o segmento acima, a afirmativa que NÃO condiz com a estrutura sintática é:
 a) trata-se de período composto porcoordenação.
 b) o Direito e que exercem função de sujeito, no período.
 c) gestão e acesso são palavras que possuem, igualmente, complemento nominal.
 d) ainda mais problemático é um termo que exerce função de predicativo.
 e) o termo por meio da razão, da intuição ou da revelação tem sentido adverbial.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1407841
Questão 408: FCC - AFRE (SEFAZ MA)/SEFAZ MA/Administração Tributária/2016
Assunto: Orações subordinadas substantivas
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
 
Tolerância brasileira?
 
A internet vem ajudando a derrubar o mito de que nós, brasileiros, somos tolerantes às diferenças.
Expressões preconceituosas predominam em postagens que revelam todo tipo de intransigência em
relação ao outro, rejeitado por sua aparência, classe social, deficiência, opção política, idade, raça,
religião etc.
 
Num primeiro momento, parece que a internet criou uma onda de intolerância. O fato, porém, é que as
redes sociais apenas amplificaram discursos existentes no nosso dia a dia. No fundo, as pessoas são as
mesmas, nas ruas e nas redes.
 
(Adaptado de: COSTA, Bob Vieira da. Folha de S.Paulo, 3/08/2016)
 
A oração sublinhada exerce a função de sujeito no seguinte período:
 a) Parece que o mito da tolerância já não se sustenta entre nós.
 b) A internet derrubou a crença de que somos tolerantes.
 c) As redes sociais deram vazão à intolerância que já se notava nas ruas.
 d) Uma vez disseminados, os preconceitos vão revelando nossa intolerância.
 e) Quando se acessa uma rede social depara-se com uma onda de intolerância.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/400141
Questão 409: FCC - DP RS/DPE RS/2011
Assunto: Orações subordinadas substantivas
Atenção: Responda à questão com base no texto.
 
TEXTO
Após 24 anos, DNA em pontas de cigarro desvendam assassinato
Um policial aposentado ajudou a desvendar um antigo caso de assassinato que o havia atormentado(a)
por toda sua carreira graças a pontas de cigarro guardadas por 24 anos.
O detetive Tom Goodwin não conseguiu encontrar os responsáveis pelo homicídio de Samuel Quentzel
em 1986, quando ele foi morto a tiros dentro de seu carro em frente a sua casa, em Long Island, Nova
York. Mas Goodwin insistiu que fossem guardadas quatro pontas de cigarro encontradas durante a
investigação do crime, esperando que algum dia elas pudessem identificar os assassinos.
Mais de 20 anos depois, graças aos avanços na tecnologia de identificação de DNA e à expansão dos
bancos de dados com informações genéticas de criminosos, foi possível identificar os homens
responsáveis pelo crime. Lewis Slaughter, 61 anos, foi condenado por assassinato em segundo grau e
será sentenciado em dezembro.
Ele pode receber pena de 25 anos a prisão perpétua pela morte de Quentzel, que era casado e pai de
três filhos. Slaughter, que tem uma longa ficha criminal, já está preso por outro assassinato também
ocorrido em 1986.
"Eu nunca parei de pensar sobre isso", disse Goodwin, que se aposentou da polícia em 2000, ao New
York Daily News. "Sempre que investigava um caso no Brooklyn ou em Queens, eu checava se uma arma
.380 tinha sido usada, esperando encontrar uma ligação. Nunca deu certo".
Na entrada de casa
Realizado mais de 20 anos após o crime, o julgamento(b), em um tribunal em Long Island, estabeleceu
que no dia 4 de setembro de 1986 Slaughter e seu cúmplice Clifton Waters se aproximaram de Quentzel,
que estava em seu carro, logo após voltar do trabalho em sua loja de materiais de encanamento no
Brooklyn....
DNA
A retomada do caso resultou de uma iniciativa da viúva e um filho de Quentzel, que, em maio de 2007,
contataram a promotoria pública pedindo uma nova investigação sobre a morte de Samuel.
A resolução do crime só foi possível graças à ampliação do banco de dados de DNA, que passou a exigir
amostras de todos os condenados por crimes após 2006, mas que também valia retroativamente para os
que estivessem presos ou em liberdade condicional na época.
Foi assim que o Departamento de Justiça Criminal(c) de Nova York ligou Roger Williams a uma ponta de
cigarro encontrada na van mais de 20 anos antes.
...
"A família Quentzel perseverou por mais de 24 anos com esperança de ver os assassinos de(d) Samuel
Quentzel enfrentarem a Justiça e esse dia finalmente chegou", disse a promotora pública no caso,
Kathleen Rice. "Eu não poderia estar mais orgulhosa dos integrantes de meu gabinete e do
departamento de polícia, que nunca desistiram de seu comprometimento em prender os homens(e)
responsáveis por esse crime terrível".
 
(http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4792431-EI8 141,00-
Apos+anos+DNA+em+pontas+de+cigarro+desvendam +assassinato.html; 15/11/2010, 09h49 • atualizado às
11h04)
Das expressões em negrito, SOMENTE uma exerce a função de complemento.
 a) ...caso de assassinato que o havia atormentado ...
 b) ...20 anos após o crime, o julgamento ...
 c) Foi assim que o Departamento de Justiça Criminal ...
 d) ...esperança de ver os assassinos de...
 e) ...comprometimento em prender os homens...
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Questão 410: FCC - DP RS/DPE RS/2011
Assunto: Orações subordinadas substantivas
Atenção: Responda à questão com base no texto.
TEXTO
EUA dizem que um ataque ao Irã uniria o país, hoje dividido
WASHINGTON (Reuters) − Um ataque militar contra o Irã uniria o país, que está dividido, e reforçar a
determinação do governo iraniano para buscar armas nucleares, disse o secretário de Defesa dos Estados
Unidos, Robert Gates, nesta terça-feira.
Em pronunciamento ao conselho diretor do Wall Street Journal, Gates afirmou ser importante usar outros
meios para convencer o Irã a não procurar ter armas nucleares e repetiu as suas preocupações de que
ações militares somente iriam retardar −- e não impedir −- que o país obtenha essa capacidade.
 
(http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2010 /11/16/eua-dizem-que-um-ataque-ao-ira-uniria-o-pais-
hoje-dividido.jhtm?action=print, em 16/11/2010)
O fragmento frasal de que ações militares somente iriam retardar é ...... do substantivo preocupações.
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna do texto acima.
 a) complemento verbal
 b) complemento nominal oracional
 c) adjunto verbal
 d) adjunto nominal
 e) complemento prepositivo-verbal
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Questão 411: FCC - Ana Con (TCE-PR)/TCE PR/Jurídica/2011
Assunto: Orações subordinadas substantivas
Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.
 
Perspectiva de Montesquieu
 
O grande pensador francês Montesquieu (1689-1755) é um dos mais importantes intelectuais na história
das ciências jurídicas. A grande originalidade de sua obra maior − O espírito das leis − consiste na
revolução metodológica. O método de Montesquieu comporta dois aspectos inter-relacionados, que
podem ser distinguidos com clareza. O primeiro exclui da ciência social toda perspectiva religiosa ou
moral; o segundo afasta o autor das teorias abstratas e dedutivas e o dirige para a abordagem descritiva
e comparativa dos fatos sociais.
Quanto ao primeiro, constituía um solapamento do finalismo teológico e moral que ainda predominava na
época, segundo o qual todo o desenvolvimento histórico do homem estaria subordinado ao cumprimento
de desígnios divinos. Montesquieu, ao contrário,reduz as instituições a causas puramente humanas.
Segundo ele, introduzir princípios teológicos no domínio da história, como fatores explicativos, é
confundir duas ordens distintas de pensamento. Deliberadamente, dispõe-se a permanecer nos estritos
domínios dos fenômenos políticos, e jamais abandona tal projeto.
Já nas primeiras páginas do Espírito das leis ele adverte o leitor contra um possível mal-entendido no
que diz respeito à palavra "virtude", que emprega amiúde com significado exclusivamentepolítico, e não
moral. Para Montesquieu, o correto conhecimento dos fatos humanos só pode ser realizado
cientificamente na medida em que eles sejam visados como são e não como deveriam ser. Enquanto não
forem abordados como independentes de fins religiosos e morais, jamais poderão ser compreendidos. As
ciências humanas deveriam libertar-se da visão finalista, como já haviam feito as ciências naturais, que
só progrediram realmente quando se desvencilharam do jugo teológico.
Para o debate moderno das relações que se devem ou não travar entre os âmbitos do direito, da ciência
e da religião, Montesquieu continua sendo um provocador de alto nível.
 
(Adaptado de Montesquieu − Os Pensadores. S. Paulo: Abril, 1973)
A oração sublinhada exerce a função de sujeito dentro do seguinte período:
 a) Montesquieu preferiu guiar-se pelos valores civis, em vez de se deixar levar pelo finalismo religioso.
 b) A um espírito sensível e religioso não convém ler um filósofo como Montesquieu buscando apoio
espiritual.
 c) Um estudo sério da história das ciências jurídicas não pode prescindir dos métodos de que se vale
Montesquieu em O espírito das leis.
 d) As ciências humanas deveriam libertar-se da religião, assim como ocorreu com as ciências naturais.
 e) O método de Montesquieu valorizou as instituições humanas e solapou o finalismo teológico e
moral.
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Questão 412: FGV - AT (TCE TO)/TCE TO/Letras/2022
Assunto: Orações subordinadas adjetivas
Todos sabemos que o texto descritivo utiliza muitas formas de adjetivação; entre as opções abaixo,
aquela que tem a forma de adjetivação corretamente identificada, é:
 a) Van Gogh era o pintor! / adjetivo;
 b) Os alunos que estudam têm chance de sucesso / oração adjetiva;
 c) Morava num casebre no final da rua / comparação;
 d) Ele não escreveu uma história parecida? / forma reduzida;
 e) Havia no ar um perfume masculino / afixos.
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Questão 413: IBFC - Tec (MGS)/MGS/Edificações/2022
Assunto: Orações subordinadas adjetivas
Recordação
 
“Hoje a gente ia fazer vinte e cinco anos de casado”, ele disse, me olhando pelo retrovisor. Fiquei sem
reação: tinha pegado o táxi na Nove de Julho, o trânsito estava ruim, levamos meia hora pra percorrer a
Faria Lima e chegar à rua dos Pinheiros, tudo no mais asséptico silêncio. Aí, então, ele me encara pelo
espelhinho e, como se fosse a continuação de uma longa conversa, solta essa: “Hoje a gente ia fazer
vinte e cinco anos de casado”.
 
Meu espanto não durou muito, pois ele logo emendou: “Nunca vou esquecer: 1o de junho de 1988. A
gente se conheceu num barzinho lá em Santos e dali pra frente nunca ficou um dia sem se falar! Até
que cinco anos atrás… Fazer o quê, né? Se Deus quis assim…”.
 
Houve um breve silêncio, enquanto ultrapassávamos um caminhão de lixo, e consegui encaixar um
“Sinto muito”. “Brigado. No começo foi complicado, agora tô me acostumando. Mas sabe que que é mais
difícil? Não ter foto dela.” “Cê não tem nenhuma?” “Não, tenho foto, sim, eu até fiz um álbum, mas não
tem foto dela fazendo as coisas dela, entendeu? Tipo: tem ela no casamento da nossa mais velha, toda
arrumada. Mas ela não era daquele jeito, com penteado, com vestido. Sabe o jeito que eu mais lembro
dela? De avental. Só que toda vez que tinha almoço lá em casa, festa e alguém aparecia com uma
câmera na cozinha, ela tirava correndo o avental, ia arrumar o cabelo, até ficar de um jeito que não era
ela. Tenho pensado muito nisso aí, das fotos, falo com os passageiros e tal e descobri que é assim, é do
ser humano mesmo. A pessoa, olha só, a pessoa trabalha todo dia numa firma, vamos dizer, todo dia ela
vai lá e nunca tira uma foto da portaria, do bebedor, do banheiro, desses lugares que ela fica o tempo
inteiro. Aí, num fim de semana ela vai pra uma praia qualquer, leva a câmera, o celular e tchuf, tchuf,
tchuf. Não faz sentido, pra que que a pessoa quer gravar as coisas que não são da vida dela e as coisas
que são, não? Tá acompanhando? Não tenho uma foto da minha esposa no sofá, assistindo novela, mas
tem uma dela no jet ski do meu cunhado, lá na represa de Guarapiranga. Entro aqui na Joaquim?”
“Isso.”
 
“Ano passado me deu uma agonia, uma saudade, peguei o álbum, só tinha aqueles retratos de casório,
de viagem, do jet ski, sabe o que eu fiz? Fui pra Santos. Sei lá, quis voltar naquele bar onde a gente se
conheceu.” “E aí?!” “Aí que o bar tinha fechado em 94, mas o proprietário, um senhor de idade, ainda
morava no imóvel. Eu expliquei a minha história, ele falou: ‘Entra’. Foi lá num armário, trouxe uma caixa
de sapatos e disse: ‘É tudo foto do bar, pode escolher uma, leva de recordação’.”
 
Paramos num farol. Ele tirou a carteira do bolso, pegou a foto e me deu: umas cinquenta pessoas pelas
mesas, mais umas tantas no balcão. “Olha a data aí no cantinho, embaixo.” “Primeiro de junho de
1988?” “Pois é. Quando eu peguei essa foto e vi a data, nem acreditei, corri o olho pelas mesas, vendo
se achava nós aí no meio, mas não. Todo dia eu olho essa foto e fico danado, pensando: será que a
gente ainda vai chegar ou será que a gente já foi embora? Vou morrer com essa dúvida. De qualquer
forma, taí o testemunho: foi nesse lugar, nesse dia, tá fazendo vinte e cinco anos hoje, hoje, rapaz. Ali
do lado da banca, tá bom pra você?”
 
(PRATA, Antonio. Trinta e poucos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 12)
 
O período “Sabe o jeito que eu mais lembro dela?” (3º§) é constituído por duas orações. A segunda deve
ser classificada como:
 a) subordinada adjetiva.
 b) coordenada explicativa.
 c) subordinada substantiva.
 d) coordenada conclusiva.
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Questão 414: IDECAN - Of (CBM MS)/CBM MS/2022
Assunto: Orações subordinadas adjetivas
Furacão Ian: por que água da Baía de Tampa recuou antes da chegada da tempestade
 
O poderoso furacão Ian não só levou ventos e chuvas fortes para a costa oeste da Flórida, como
também causou um fenômeno curioso conhecido como maré de tempestade reversa ou negativa.
 
Isso fez com que a água do mar desaparecesse da Baía de Tampa e de outras áreas na manhã de
quarta-feira (28 de setembro), pouco antes de o ciclone de categoria 4 atingir terra firme com ventos de
até 240 km/h.
 
Fotos publicadas nas redes sociais mostravam a areia molhada da baía que restou, uma vez que a água
“desapareceu”. Várias pessoas que passavam por ali se aventuraram a se aproximar e caminhar sobre as
algas que ficaram expostas.
 
O Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (EUA) compartilhou uma imagem do ocorrido,
emitindo um alerta. “Nota importante: a água vai voltar. Não tente caminhar ali, nem em qualquer outro
lugar em que a água tenha recuado”.
 
Mais tarde, a água não só retornaria, como voltaria com ondas “catastróficas”, conforme o Centro
Nacional de Furacões havia alertado.
 
A última vez que uma maré de tempestade negativa foi registrada em Tampa foi em 2017, durante a
passagem do furacão Irma, que também atingiu os EUA com categoria 4. Para entender por que isso
acontece, é preciso prestar atenção em diversos fatores, como a estrutura do furacão e seus ventos.
 
Os ventos dos ciclones tropicais, quando se formam ao norte do Equador, circulam no sentido anti-
horário, ou seja, da direita para a esquerda.
 
A costa oeste da Flórida está localizada na direção oposta da rotação do ciclone. Por isso, nas áreas ao
norte do furacão, isso faz com que a água recue para o oceano devido à força dos ventos. Em
contrapartida, nas áreas ao sul, os ventos do ciclone fazem com que a água do oceano entre em forma
de maremoto.
 
De acordo com o meteorologista José Álamo, do Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA, quando a
maré de tempestade negativa acontece, costuma haver uma “maré baixa” antes da chegada do ciclone.
“Quando a água recua,significa que o furacão está a caminho”, diz ele. No entanto, o próprio
movimento dos ventos do furacão, ao se deslocar por uma área, leva a uma mudança de direção: o que
estava indo em uma direção, quando o ciclone muda de posição, retorna no sentido oposto.
 
Então, quando a área que estava ao norte do furacão passa a se encontrar ao sul, acontece o mesmo,
mas na direção oposta.
 
É o que chamamos de ressurgência ou inundação costeira do furacão. Também acontece quando o
furacão se afasta do local em que as águas recuaram, uma vez que estas podem retornar lentamente, à
medida que o sistema tropical deixar a área.
 
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63072324. Acesso em: 29 ago. 2022. (Adaptado.)
 
A oração que também atingiu os EUA com categoria 4 é classificada, quanto à sintaxe, como
 a) oração subordinada adjetiva restritiva.
 b) oração subordinada substantiva objetiva indireta.
 c) oração subordinada substantiva completiva nominal.
 d) oração subordinada substantiva predicativa.
 e) oração subordinada adjetiva explicativa.
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Questão 415: IDECAN - AJ (TJ PI)/TJ PI/Judiciária/Oficial de Justiça e Avaliador/2022
Assunto: Orações subordinadas adjetivas
 
(Rodrigo Zoom. https://tirasnacionais.bloqspot.com/2010/06/rodriqo-zoom_24.html/)
 
No último quadrinho, a fala "... porque eu morro de ciúmes!" configura uma oração
 a) final.
 b) causal.
 c) explicativa.
 d) conclusiva.
 e) consecutiva.
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Questão 416: CEBRASPE (CESPE) - TJ TRT8/TRT 8/Administrativa/2022
Assunto: Orações subordinadas adjetivas
Texto CG2A1-I
O trabalho é considerado algo central na vida dos sujeitos, ainda mais com o crescimento da expectativa
de vida, sendo um mediador dos ciclos da existência dos trabalhadores. E algo que é considerado de
extrema importância nesse contexto é o processo de aposentadoria. Nos últimos anos, a aposentadoria
tornou-se um tema de grande relevância no estudo do planejamento de carreira.
 
Do ponto de vista etimológico, a palavra “aposentadoria” carrega em si uma dualidade de significados
inerentes a esse fenômeno. Enquanto, por um lado, a aposentadoria remete à alegria e à liberdade, por
outro, ela está associada à ideia de retirar-se aos seus aposentos, ao espaço de não trabalho, podendo
ser frequentemente associada ao abandono, à inatividade e à finitude.
 
Desse modo, a aposentadoria pode ser interpretada de duas formas: a positiva e a negativa. A
interpretação positiva, que, de forma geral, se relaciona à noção de uma conquista ou de uma
recompensa do trabalhador, destaca a aposentadoria como uma liberdade de o indivíduo gerenciar sua
própria vida, de maneira a moldar sua rotina como preferir, investindo mais em atividades pessoais,
sociais e familiares. A interpretação negativa, por sua vez, está vinculada a problemas financeiros, perda
de status social, perda de amigos, sensação de inutilidade ou desocupação, entre outras situações. Além
disso, com a expectativa negativa em relação à aposentadoria, surgem sentimentos de ansiedade,
incertezas e inquietações sobre o futuro.
 
Aniéli Pires. Aposentadoria, suas perspectivas e as repercussões da pandemia. In: Revista Científica
Semana Acadêmica, Fortaleza, n.º 000223, 2022. Internet: <semanaacademica.org.br> (com adaptações).
 
A oração “que, de forma geral, se relaciona à noção de uma conquista ou de uma recompensa do
trabalhador”, no segundo período do terceiro parágrafo,
 a) explica a expressão “a interpretação positiva”.
 b) restringe o sentido da expressão “a interpretação positiva”.
 c) complementa o substantivo “interpretação”.
 d) está subordinada ao termo “aposentadoria”, no período anterior.
 e) está coordenada à expressão “a interpretação positiva”.
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Questão 417: FCC - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Revisor de Texto/2018
Assunto: Orações subordinadas adjetivas
Para assegurar a pertinência da dominação produtiva industrial, do modo de pensar e de fazer que a
gera e que ela induz, é preciso fazer romper a alteridade em múltiplas facetas de exotismo. É preciso
também fazer aparecer as sociedades ainda diferentes como caminhos sem saída, erros, ausências ou
inacabados no curso de uma progressão histórica inelutável. Na melhor das hipóteses, poder-se-ia
considerá-los como traços de fases anteriores na construção da cidade humana universal. As sociedades
que a exploração descobre, tornam-se imagens fotográficas e depois cinematográficas suscetíveis de ser
transportadas, editadas, montadas, referidas e, sobretudo, comentadas em relação a um espectador cuja
centralidade e o caráter de referencialidade essencial não são postos em questão. Trata-se de tentativas
de levantamentos sistemáticos de desvios e de etapas no que será a elaboração de uma humanidade
alocada sob a chancela universal do darwinismo.
A melhora das condições técnicas da exploração do mundo (transporte e comunicação se aperfeiçoam
com a máquina a vapor, a eletricidade e o telégrafo) fornecia a essas intenções meios cada vez mais
performativos. O cinema completa a panóplia dos instrumentos para essa coleta generalizada, fundindo a
ambição do olhar à objetividade pela supressão dos obstáculos do espaço e do tempo. A imagem
animada capta o transitório da duração, supera a subjetividade do testemunho duvidoso dos viajantes de
longa distância, suprime os desvios especiosos da memória: os momentos fugidios da vivência, as
singularidades e as diferenças do Outro tornam-se transportáveis e, portanto, observáveis à vontade,
como o obelisco de Luxor, as múmias do Egito ou os afrescos do Partenon.
A etnografia iniciada por Franz Boas, e que fará da pesquisa de campo seu “laboratório” indispensável,
emergindo dos limbos da reflexão teórica e frequentemente ética sobre as origens e as etapas das
sociedades humanas, se tornará, do mesmo modo, um instrumento dessa coleção de realidades do
mundo e de uma “objetivação” no mesmo sentido do olhar. A apresentação de uma observação dinâmica
e totalizante, a passagem “pelo campo” e, portanto, a experimentação, fazem do cinema e da etnografia
irmãos gêmeos de um empreendimento comum de descoberta, de identificação, de apropriação e talvez
de absorção e de assimilação do mundo e de suas histórias.
Ao extremo da distância/diferença constatada, nas regiões mais remotas, no seio das sociedades mais
exóticas, se – isto é, este anônimo genérico e referencial que se considera o homem branco –
identificavam, com um fervor receoso, primitivismos nos limites de um inquietante estado de natureza,
canibalismos “selvagens” marcando aparentemente o que devia ser o salto qualitativo em direção à
cultura ou antes em direção à Civilização com sua maiúscula. Com essas designações, essas
estigmatizações fascinadas, o homem ocidental decerto mastigava, como em uma denegação analítica,
sua própria bulimia, sua necessidade incessante de apropriação, de dominação, projetando finalmente no
outro seu próprio desejo de consumo, de devoração...! A gravação por imagem e som, assim como o
empreendimento de categorização etnográfica, contribuem para os mesmos efeitos: absorver a distância
material do outro e reduzi-lo a imagem e a conceitos de que se alimentam meu olhar e minha mente.
(Adaptado de: PIAULT, Marc. Antropologia e Cinema. São Paulo, Editora Unifesp, 2018)
 
No segmento do modo de pensar e de fazer que a gera e que ela induz, a oração sublinhada
complementa o sentido de
 a) um adjetivo ou uma locução adjetiva, e pode ser substituída por um substantivo.
 b) um verbo ou uma locução verbal, e pode ser substituída por um adjetivo.
 c) um verbo ou uma locução verbal, e pode ser substituída por um advérbio.
 d) um nome ou uma locução nominal, e pode ser substituída por um adjetivo.
 e) um nome ou uma locução nominal, e pode sersubstituída por um verbo.
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Questão 418: FCC - AJ TST/TST/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017
Assunto: Orações subordinadas adjetivas
1. Até que ponto o fracasso é culpa do indivíduo?
Leandro Karnal – Hoje existe um discurso dominante de que tudo o que acontece nas nossas vidas
depende das nossas escolhas. Teorias de diversas naturezas, da religião à psicanálise, contrariam essa
tese. Não somos tão racionais, nossas escolhas não nascem de uma liberdade plena e o acidente tem um
papel maior do que imaginamos. Tenho usado em minhas palestras duas noções desenvolvidas por
Nicolau Maquiavel: a “virtù”, o conjunto de habilidades e competências que nascem comigo e que posso
desenvolver, e a “fortuna”, que significa o acaso, o inesperado. Ninguém é tão divino (só “virtù”) e nem
tão suscetível às circunstâncias (pura “fortuna”). Faz diferença a escolha do indivíduo. Mas nem sempre
esse indivíduo lida com uma lógica absoluta, ele faz sua escolha dentro do possível.
2. De que forma o autoconhecimento pode ajudar uma pessoa que está vivendo uma fase
ruim na carreira?
Leandro Karnal – Se você olhar para si mesmo com honestidade, se encarar o retrato terrível da Medusa,
que é o seu lado difícil, tem a primeira chance de superá-lo. É o que diz a máxima “conhece a ti mesmo”,
que funda a filosofia de Sócrates. É preciso investigar a si mesmo para perceber que você também tem
falhas. Desse modo, fica mais fácil diminuir o efeito das fraquezas. Por outro lado, conhecer a si mesmo
também é conhecer o que há de bom em mim mesmo e aquilo que me traz bem-estar. É comum ver
pessoas que dizem que a carreira é tudo para elas, mas sofrem de gastrite no domingo à noite. Não
sabem o que realmente querem. Há pessoas que adoram atividades repetitivas. Outras são viciadas em
desafios. Eu preciso saber do meu perfil. Não posso contrariar permanentemente a minha natureza.
3. A morte do sociólogo Zygmunt Bauman reacendeu o debate sobre a deterioração das
relações humanas na era da internet. Redes sociais geram uma falsa ideia sobre o sucesso
alheio?
Leandro Karnal – Toda tecnologia é neutra, tudo depende do que fazemos com ela. Vivemos na
sociedade do espetáculo, em que toda a atenção é voltada para a imagem. Precisamos entender que
tudo que se publica nas redes sociais é de autoria de um roteirista. É alguém construindo uma imagem.
(Disponível em: exame.abril.com.br. Com adaptações)
 
Expressa noção de finalidade o segmento sublinhado em:
 a) Vivemos na sociedade do espetáculo, em que toda a atenção é voltada para a imagem.
 b) É comum ver pessoas que dizem que a carreira é tudo para elas...
 c) É o que diz a máxima “conhece a ti mesmo”, que funda a filosofia de Sócrates.
 d) Tenho usado em minhas palestras duas noções desenvolvidas por Nicolau Maquiavel...
 e) É preciso investigar a si mesmo para perceber que você também tem falhas.
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Questão 419: FCC - AJ TRT14/TRT 14/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2016
Assunto: Orações subordinadas adjetivas
Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.
 
Era uma vez...
 
As crianças de hoje parecem nascer já familiarizadas com todas as engenhocas eletrônicas que estarão
no centro de suas vidas. Jogos, internet, e-mails, músicas, textos, fotos, tudo está à disposição à
qualquer hora do dia e da noite, ao alcance dos dedos. Era de se esperar que um velho recurso para se
entreter e ensinar crianças como adultos − contar histórias − estivesse vencido, morto e enterrado. Ledo
engano. Não é incomum que meninos abandonem subitamente sua conexão digital para ouvirem da viva
voz de alguém uma história anunciada pela vetusta entrada do “Era uma vez...”.
 
Nas narrativas orais − talvez o mais antigo e proveitoso deleite da nossa civilização – a presença do
narrador faz toda a diferença. As inflexões da voz, os gestos, os trejeitos faciais, os silêncios estratégicos,
o ritmo das palavras – tudo é vivo, sensível e vibrante. A conexão se estabelece diretamente entre
pessoas de carne e osso, a situação é única e os momentos decorrem em tempo real e bem marcado. O
ouvinte sente que o narrador se interessa por sua escuta, o narrador sabe-se valorizado pela atenção de
quem o ouve, a narrativa os une como num caloroso laço de vozes e de palavras.
 
As histórias clássicas ganham novo sabor a cada modo de contar, na arte de cada intérprete. Não é isso,
também, o que se busca num teatro? Nas narrações, as palavras suscitam imagens íntimas em quem as
ouve, e esse ouvinte pode, se quiser, interromper o narrador para esclarecer um detalhe, emitir um juízo
ou simplesmente uma interjeição. Havendo vários ouvintes, forma-se uma roda viva, uma cadeia de
atenções que dá ainda mais corpo à história narrada. Nesses momentos, é como se o fogo das nossas
primitivas cavernas se acendesse, para que em volta dele todos comungássemos o encanto e a magia
que está em contar e ouvir histórias. Na época da informática, a voz milenar dos narradores parece se
fazer atual e eterna.
 
(Demócrito Serapião, inédito)
 
Atente para as seguintes frases:
 
I. Ele ama os joguinhos eletrônicos, que vê como desafios.
 
II. Ele se vicia em joguinhos eletrônicos, independentemente do grau de dificuldade que ofereçam.
 
III. Ele sente especial atração pelos joguinhos eletrônicos difíceis, nos quais vem se aprimorando.
 
A supressão da vírgula altera o sentido do que está APENAS em
 a) I.
 b) I e II.
 c) I e III.
 d) II e III.
 e) III.
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Questão 420: FCC - DP RS/DPE RS/2011
Assunto: Orações subordinadas adjetivas
Atenção: Responda à questão com base no texto.
 
TEXTO
Após 24 anos, DNA em pontas de cigarro desvendam assassinato
 
Um policial aposentado ajudou a desvendar um antigo caso de assassinato que o havia atormentado por
toda sua carreira graças a pontas de cigarro guardadas por 24 anos.
O detetive Tom Goodwin não conseguiu encontrar os responsáveis pelo homicídio de Samuel Quentzel
em 1986, quando ele foi morto a tiros(e) dentro de seu carro em frente a sua casa, em Long Island,
Nova York. Mas Goodwin insistiu que fossem guardadas quatro pontas de cigarro encontradas durante a
investigação do crime, esperando que algum dia elas pudessem identificar os assassinos.
Mais de 20 anos depois, graças aos avanços na tecnologia de identificação de DNA e à expansão dos
bancos de dados com informações genéticas de criminosos, foi possível identificar os homens
responsáveis pelo crime. Lewis Slaughter, 61 anos, foi condenado por assassinato em segundo grau e
será sentenciado em dezembro.
Ele pode receber pena de 25 anos a prisão perpétua pela morte de Quentzel, que era casado(a) e pai de
três filhos. Slaughter, que tem uma longa ficha criminal(b), já está preso por outro assassinato também
ocorrido em 1986.
"Eu nunca parei de pensar sobre isso", disse Goodwin, que se aposentou da polícia(c) em 2000, ao New
York Daily News. "Sempre que investigava um caso no Brooklyn ou em Queens, eu checava se uma arma
.380 tinha sido usada, esperando encontrar uma ligação. Nunca deu certo".
Na entrada de casa
Realizado mais de 20 anos após o crime, o julgamento, em um tribunal em Long Island, estabeleceu que
no dia 4 de setembro de 1986 Slaughter e seu cúmplice Clifton Waters se aproximaram de Quentzel, que
estava em seu carro(d), logo após voltar do trabalho em sua loja de materiais de encanamento no
Brooklyn....
DNA
A retomada do caso resultou de uma iniciativa da viúva e um filho de Quentzel, que, em maio de 2007,
contataram a promotoria pública pedindo uma nova investigação sobre a morte de Samuel.
A resolução do crime só foi possível graças à ampliação do banco de dados de DNA, que passou a exigir
amostras de todos os condenados por crimes após 2006, mas que também valia retroativamente para os
que estivessem presos ou em liberdadecondicional na época.
Foi assim que o Departamento de Justiça Criminal de Nova York ligou Roger Williams a uma ponta de
cigarro encontrada na van mais de 20 anos antes.
...
"A família Quentzel perseverou por mais de 24 anos com esperança de ver os assassinos de Samuel
Quentzel enfrentarem a Justiça e esse dia finalmente chegou", disse a promotora pública no caso,
Kathleen Rice. "Eu não poderia estar mais orgulhosa dos integrantes de meu gabinete e do
departamento de polícia, que nunca desistiram de seu comprometimento em prender os homens
responsáveis por esse crime terrível".
 
(http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4792431-EI8 141,00-
Apos+anos+DNA+em+pontas+de+cigarro+desvendam +assassinato.html; 15/11/2010, 09h49 • atualizado às
11h04)
Assinale a alternativa em que a oração NÃO é subordinada adjetiva explicativa.
 a) Na passagem Quentzel, que era casado....
 b) Na passagem Slaughter, que tem uma longa ficha criminal.
 c) Na passagem Goodwin, que se aposentou da polícia.
 d) Na passagem Quentzel, que estava em seu carro.
 e) Na passagem homicídio de Samuel Quentzel em 1986, quando ele foi morto a tiros.
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Questão 421: FCC - Proc (BACEN)/BACEN/2006
Assunto: Orações subordinadas adjetivas
I. Perdeu-se a fórmula da receita do sucesso.
II. Não se repetiu o sucesso.
III. É verdade.
As orações acima estão corretamente organizadas em um só período, composto por subordinação, em
 a) A fórmula da receita do sucesso perdeu-se e ele não se repetiu, onde isso é verdade.
 b) É verdade que não se repetiu o sucesso cuja a fórmula da receita se perdeu.
 c) O sucesso, perdeu-se a fórmula, e é verdade que ele não se repetiu.
 d) É verdade que não se repetiu o sucesso, de cuja receita se perdeu a fórmula.
 e) A receita, a fórmula do sucesso se perdeu e, é verdade, não se repetiu.
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Questão 422: FCC - TJ TRT18/TRT 18/Apoio Especializado/Enfermagem do Trabalho/2023
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
Atenção: Leia a crônica “A casadeira”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder à questão.
 
Testemunhei ontem, na loja de Copacabana, um acontecimento banal e maravilhoso. A senhora sentou-
se na banqueta e cruzou elegantemente as pernas. O vendedor, agachado, calçou-lhe o par de sapatos.
Ela se ergueu, ensaiou alguns passos airosos em frente do espelho, mirou-se, remirou-se, voltou à
banqueta. O sapato foi substituído por outro. Seguiu-se na mesma autocontemplação, e o novo par de
sapatos foi experimentado, e nova verificação especular. Isso, infinitas vezes. No semblante do
vendedor, nem cansaço, nem impaciência. Explica-se: a cliente não refugava os sapatos experimentados.
Adquiria-os todos. Adquiriu dozes pares, se bem contei.
 
− Ela está fazendo sua reforma de base? − perguntei a outro vendedor, que sorriu e esclareceu:
 
− A de base e a civil. Vai se casar pela terceira vez.
 
− Coitada... Vocação de viúva.
 
− Não é isso, senhor. Os dois primeiros maridos estão vivos. É casadeira, sabe como é?
 
Não me pareceu que, para casar pela terceira vez, ela tivesse necessidade de tanto calçamento. Oito ou
nove pares seriam talvez para irmãs de pé igual ao seu, que ficaram em casa? Hipótese boba, que
formulei e repeli incontinente. Ninguém neste mundo tem pé igual ao de ninguém, nem sequer ao de si
mesmo, quanto mais ao da irmã. Daí avancei para outra hipótese mais plausível. Aquela senhora, na
aparência normal, devia ter pés suplementares, Deus me perdoe, e usava-os dois de cada vez,
recolhendo os demais mediante uma organização anatômica (ou eletrônica) absolutamente inédita.
Observei-a com atenção e zelo científico, na expectativa de movimento menos controlado, que
denunciasse o segredo. Nada disso. Até onde se podia perceber, eram apenas duas pernas, e bem
agradáveis, terminando em dois exclusivos pés, de esbelto formato.
 
Assim, a coleção era mesmo para casar − e fiquei conjeturando que o casamento é uma rara coisa,
exigindo a todo instante que a mulher troque de sapato, não se sabe bem para quê − a menos que os
vá perdendo no afã de atirá-los sobre o marido, e eles (não o marido) sumam pela janela do
apartamento.
 
A senhora pagou − não em dinheiro ou cheque, mas com um sorriso que mandava receber num lugar
bastante acreditado, pois já reparei que as maiores compras são sempre pagas nele, e aos comerciantes
agrada-lhes o sistema. As caixas de sapato adquiridas foram transportadas para o carro, estacionado em
frente à loja. Mentiria se dissesse que eram doze carros monumentais, com doze motoristas louros, de
olhos azuis. Não. Era um carro só, simplesinho, sem motorista, nem precisava dele, pois logo se
percebeu sua natureza de teleguiado. Sem manobra, flechou no espaço e sumiu, levando a noiva e seus
doze pares de França, perdão! de sapatos. Eu preveni que o caso era banal e maravilhoso.
 
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. São Paulo: Companhia das Letras, 2020)
 
Mentiria se dissesse que eram doze carros monumentais, com doze motoristas louros, de olhos azuis.
 
Em relação à oração que o precede, o trecho sublinhado expressa ideia de
 a) consequência.
 b) oposição.
 c) causa.
 d) concessão.
 e) condição.
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Questão 423: FCC - AJ TRT22/TRT 22/Apoio Especializado/Biblioteconomia/2022
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
O rio de minha terra é um deus estranho.
Ele tem braços, dentes, corpo, coração,
muitas vezes homicida,
foi ele quem levou o meu irmão.
É muito calmo o rio de minha terra.
Suas águas são feitas de argila e de mistérios.
Nas solidões das noites enluaradas
a maldição de Crispim desce
sobre as águas encrespadas.
O rio de minha terra é um deus estranho.
Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole
para subir as poucas rampas do seu cais.
Foi conhecendo o movimento da cidade,
a pobreza residente nas taperas marginais.
Pois tão irado e tão potente fez-se o rio
que todo um povo se juntou para enfrentá-lo.
Mas ele prosseguiu indiferente,
carregando no seu dorso bois e gente,
até roçados de arroz e de feijão.
Na sua obstinada e galopante caminhada,
destruiu paredes, casas, barricadas,
deixando no percurso mágoa e dor.
Depois subiu os degraus da igreja santa
e postou-se horas sob os pés do Criador.
E desceu devagarinho, até deitar-se
novamente no seu leito.
Mas toda noite o seu olhar de rio
fica boiando sob as luzes da cidade.
(Adaptado de: MORAES, Herculano. O rio da minha
terra. Disponível em: https://www.escritas.org)
 
No contexto em que aparecem, as orações para subir as poucas rampas do seu cais e que todo um povo
se juntou para enfrentá-lo transmitem, respectivamente, ideias de:
 a) finalidade e consequência.
 b) condição e concessão.
 c) proporcionalidade e conformidade.
 d) temporalidade e comparação.
 e) causa e explicação.
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Questão 424: FCC - AJ (TJ CE)/TJ CE/Ciência da Computação/Infraestrutura de TI/2022
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
Para responder à questão, leia o início do conto “Missa do Galo”, de Machado de Assis.
 
Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezessete,
ela, trinta. Era noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa do galo, preferi não
dormir; combinei que eu iria acordá-lo à meia-noite.
 
A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias,
com uma de minhas primas. A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-me bem quando
vim de Mangaratiba para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia tranquilo, naquela
casa assobradada da Rua do Senado, com os meus livros, poucas relações,alguns passeios. A família
era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. Às dez horas da noite
toda a gente estava nos quartos; às dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de
uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões,
a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na
manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia
amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição
padecera, a princípio, com a existência da comborça*; mas afinal, resignara-se, acostumara-se, e
acabou achando que era muito direito.
 
Boa Conceição! Chamavam-lhe “a santa”, e fazia jus ao título, tão facilmente suportava os
esquecimentos do marido. Em verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem grandes
lágrimas, nem grandes risos. Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem
bonito nem feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não dizia mal de ninguém, perdoava tudo.
Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar.
 
Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pelos anos de 1861 ou 1862. Eu já devia estar em
Mangaratiba, em férias; mas fiquei até o Natal para ver “a missa do galo na Corte”. A família recolheu-se
à hora do costume; eu meti-me na sala da frente, vestido e pronto. Dali passaria ao corredor da entrada
e sairia sem acordar ninguém. Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão, eu levaria outra, a
terceira ficava em casa.
 
− Mas, Sr. Nogueira, que fará você todo esse tempo? perguntou-me a mãe de Conceição.
 
− Leio, D. Inácia.
 
Tinha comigo um romance, os Três Mosqueteiros, velha tradução creio do Jornal do Comércio. Sentei-
me à mesa que havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene, enquanto a casa
dormia, trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D'Artagnan e fui-me às aventuras. Os minutos
voavam, ao contrário do que costumam fazer, quando são de espera; ouvi bater onze horas, mas quase
sem dar por elas, um acaso. Entretanto, um pequeno rumor que ouvi dentro veio acordar-me da leitura.
 
(Adaptado de: Machado de Assis. Contos: uma antologia. São Paulo: Companhia das Letras, 1988)
 
*comborça: qualificação humilhante da amante de homem casado
 
Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa do galo, preferi não dormir (1o parágrafo)
 
Em relação à oração que o sucede, o trecho sublinhado expressa ideia de
 a) comparação.
 b) condição.
 c) consequência.
 d) concessão.
 e) causa.
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Questão 425: FCC - Eng Civ (CM Fortal)/CM Fortaleza/2019
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
Em 1925, um estudante de farmácia e jovem poeta que assinava Carlos Drummond publicou um artigo
afirmando que, em relação a Machado de Assis, o melhor a fazer era repudiá-lo. Cheio de ímpeto juvenil,
considerava o criador de Brás Cubas um “entrave à obra de renovação da cultura geral”. Na
correspondência que manteve com Mário de Andrade nas décadas de 1920 e 1930, Machado também
teria papel crucial no embate acerca da tradição. Nas cartas, o escritor volta e meia surge como
encarnação de um passado a ser descartado.
Décadas mais tarde, em 1958, Drummond publicou o poema “A um bruxo, com amor”, uma das mais
belas homenagens de escritor para escritor na literatura brasileira. Um único verso dá a medida do
elogio: “Outros leram da vida um capítulo, tu leste o livro inteiro”. O poema compõe-se de frases do
escritor, cujo cinquentenário de morte então se comemorava. O poeta maduro, que agora assinava Carlos
Drummond de Andrade, emprestava palavras do próprio Machado para compor um epíteto que ganharia
ampla circulação, o “bruxo do Cosme Velho”. O que teria se passado com Drummond para mudar tão
radicalmente de posição?
Harold Bloom descreve as razões que marcam a relação entre escritores de diferentes gerações. O
processo passa pela ironia do mais jovem em relação ao seu precursor; pelo movimento que marca a
construção de um sublime que se contrapõe ao do precursor; e, finalmente, pela reapropriação do
legado.
A assimilação dificultosa do passado é também um processo vivido pela geração de Drummond. Os
antepassados foram vistos muitas vezes como obstáculos aos desejos de renovação que emergiram a
partir da década de 1910 em vários pontos do Brasil. E tanto no âmbito individual como no geracional,
Machado surge como emblema do antigo. Alguém que fora sepultado com os elogios fúnebres de Rui
Barbosa e Olavo Bilac não podia deixar de ser uma pedra no caminho para escritores investidos do
propósito de romper com as convenções. Até Drummond chegar à declaração de respeito, admiração e
amor, foi um longo percurso. Pouco a pouco, Machado deixa de ser ameaça para se tornar uma presença
imensa que ocupa a imaginação do poeta.
(Adaptado de: GUIMARÃES, Hélio de Seixas. Amor nenhum dispensa uma gota de ácido. São Paulo: Três
Estrelas, 2019, p. 9-30.)
 
O poeta maduro, que agora assinava Carlos Drummond de Andrade, emprestava palavras do próprio
Machado para compor um epíteto que ganharia ampla circulação...
O segmento sublinhado acima assinala no contexto noção de
 a) causa.
 b) finalidade.
 c) consequência.
 d) temporalidade.
 e) conformidade.
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Questão 426: FCC - Cons Tec (CM Fortal)/CM Fortaleza/Jurídico/2019
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
Falso mar, falso mundo
O mundo anda cada vez mais complicado, o que não é bom. O frágil corpo humano não foi feito para
competir com a máquina, conviver com a máquina e explorá-la. A cada adiantamento técnico-científico, o
conflito fica mais duro para o nosso lado.
Mas nesta semana vi na TV uma reportagem que me horrorizou como prova de que, a cada dia, mais
renunciamos às nossas prerrogativas de seres vivos e nos tornamos robotizados. Foi a “praia artificial” no
Japão (logo no Japão, arquipélago penetrado e cercado de mar por todos os lados!).
É um galpão imenso, maior que qualquer aeroporto, coberto por uma espécie de cúpula oblonga, de
plástico. E filas à entrada, lá dentro um guichê, o pessoal paga a entrada, que é cara, e some. Deve
entrar no vestiário, ou antes, no despiário, pois surgem já convenientemente seminus, como se faz na
praia. Pois que debaixo daquele imenso teto de plástico está um mar, com a sua praia. Mar que, na tela,
aparece bem azul com ondas de verdade, coroadas de espuma branca; ondas tão fortes que chegam a
derrubar as pessoas e sobre as quais jovens atletas surfam e rebolam. E um falso sol, de luz e calor
graduáveis; e a praia é de areia composta por pedrinhas de mármore.
Não sei se pelo comportamento dos figurantes, a gente tinha a impressão absoluta de que assistia a uma
cena de animação figurada em computador. A única presença viva, destacando-se no elenco de bonecos,
era a repórter, apresentadora do espetáculo. Já se viu! Se fosse uma honesta piscina de água morna,
tudo bem. Mas fingir as ondas, falsificar um sol bronzeando, de trinta e cinco graus, e toda aquela gente
se deitando com a simulação e depois voltando para a rua vestida nos seus casacos! Me deu pena,
horror, sei lá. Aquilo não pode deixar de ser pecado. Falsificar com tanta impudência as criações da
natureza, e pra quê!
(Adaptado de: QUEIROZ, Rachel. Melhores crônicas. São Paulo: Global Editora, 1994, edição digital)
 
Pois que debaixo daquele imenso teto de plástico está um mar, com a sua praia.
Em relação ao que se afirmou anteriormente, o segmento acima introduz uma
 a) condição.
 b) explicação.
 c) concessão.
 d) temporalidade.
 e) ressalva.
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Questão 427: FCC - Estag (SABESP)/SABESP/Ensino Superior/2019
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
A World Wide Web,ou www, completou três décadas de existência. Sua invenção mudou a cara da
internet. A ideia foi do físico britânico Tim Berners-Lee, quando tinha 33 anos. Naquela época, a internet
já operava havia duas décadas, mas de forma bem diferente. Com recursos restritos, era usada
principalmente para troca de informações entre pesquisadores da área acadêmica.
“A www transformou-se em um componente fundamental da internet moderna”, afirma Fabio Kon,
professor do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo. “A rede trouxe muitas
coisas boas e já não conseguimos mais viver sem as comodidades que ela proporciona. Mas, por outro
lado, ela amplifica alguns fenômenos negativos e indesejados(A) que já existiam na sociedade.”
Nas comemorações dos 30 anos da web, Berners-Lee expressou preocupação com o rumo que vem
tomando a internet. Em carta aberta, listou três áreas que, para ele, prejudicam a web: intenções
maliciosas; projetos duvidosos, entre eles modelos de negócios que recompensam cliques; e
consequências negativas não intencionais da rede, com destaque para discussões agressivas e
polarizadas.
“Precisamos de um novo contrato para a web”, declarou Berners-Lee em uma conferência sobre
tecnologia da internet. “Algumas questões de regulamentação têm que envolver governos. Outras
claramente incluem as empresas. Se você for provedor de acesso, precisa se comprometer a entregar
neutralidade de rede(D). Se for uma companhia de rede social, precisa garantir que as pessoas tenham
controle sobre seus dados.”
“Desde sua origem, a internet se propôs a ser plural e de acesso amplo”(E), ressalta a advogada Cíntia
Rosa Pereira de Lima, líder do grupo de pesquisa Observatório do Marco Civil da Internet no Brasil.
A pesquisadora assinala também alguns problemas decorrentes das mudanças geradas pela internet.
“Percebo que, com a proliferação das redes sociais, as pessoas passaram a se preocupar mais com a
quantidade de relacionamentos, desconsiderando a qualidade deles”.
Um dos pioneiros da internet no país, o engenheiro Demi Getschko admite que a rede enfrenta
problemas, mas defende que o que vemos nela, conforme já expresso pelo matemático Vint Cerf, um de
seus fundadores(C), é a representação daquilo que existe no mundo real. “A maioria das pessoas
envolvidas com ela é bem-intencionada, mas existe uma ânsia de participar, de falar sem pensar, que
com o tempo, esperamos, vai assentar. Tenho dúvidas sobre a eficiência de normatizações para corrigir
os excessos na rede. Como ela não tem fronteiras, qualquer legislação local tende a falhar.(B)”
(Adaptado de: VASCONCELOS, Yuri. Disponível em: revistapesquisa.fapesp.br)
 
A oração subordinada que exprime noção de causa está em:
 a) ... por outro lado, ela amplifica alguns fenômenos negativos e indesejados.
 b) Como ela não tem fronteiras, qualquer legislação local tende a falhar.
 c) ... conforme já expresso pelo matemático Vint Cerf, um de seus fundadores.
 d) Se você for provedor de acesso, precisa se comprometer a entregar neutralidade de rede.
 e) Desde sua origem, a internet se propôs a ser plural e de acesso amplo.
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Questão 428: FCC - Rev (CM Fortal)/CM Fortaleza/2019
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
No livro A velhice, Simone de Beauvoir não apresenta muitas alternativas para construir um olhar positivo
sobre a última fase da vida. Ela tem como propósito fundamental denunciar a conspiração do silêncio e
revelar como a sociedade trata os velhos: eles costumam ser desprezados e estigmatizados. Apesar de
ter consciência de que são inúmeros os problemas relacionados ao processo de envelhecimento, quero
compreender se existe algum caminho para chegar à última fase da vida de uma maneira mais plena e
mais feliz. Encontro na própria Simone de Beauvoir a resposta para esta questão. Ela sugere, nas
entrelinhas de A velhice, um possível caminho para a construção de uma “bela velhice”: o projeto de
vida.
No Brasil temos vários exemplos de “belos velhos”: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Chico
Buarque, Marieta Severo, Rita Lee, entre outros. Duvido que alguém consiga enxergar neles, que já
chegaram ou estão chegando aos 70 anos, um retrato negativo do envelhecimento. São típicos exemplos
de pessoas chamadas “sem idade”.
Fazem parte de uma geração que não aceitará o imperativo “Seja um velho!” ou qualquer outro rótulo
que sempre contestaram. São de uma geração que transformou comportamentos e valores de homens e
mulheres(C), que inventou diferentes arranjos amorosos e que legitimou novas formas de família. Esses
“belos velhos” inventaram um lugar especial no mundo e se reinventam permanentemente(B). Continuam
cantando, dançando, criando, amando, brincando, trabalhando, transgredindo tabus. Não se
aposentaram de si mesmos, recusaram as regras que os obrigariam a se comportar como velhos. Não se
tornaram invisíveis, infelizes, deprimidos. Eles, como tantos outros “belos velhos”, rejeitam
estereótipos(D) e dão novos significados ao envelhecimento. Como diz a música de Arnaldo Antunes,
“Somos o que somos:(A) inclassificáveis”.
Desde muito cedo, somos livres para fazer escolhas. “A liberdade é o que você faz com o que a vida fez
com você”. Esta máxima existencialista é fundamental para compreender a construção de um projeto de
vida. O projeto de cada indivíduo pode ser traçado desde a infância, mas também pode ser construído ou
modificado nas diferentes fases da vida, pois a ênfase existencialista se coloca no exercício permanente
da liberdade de escolha e da responsabilidade individual na construção de um projeto de vida que dê
significado às nossas existências até os últimos dias.
(Adaptado de: GOLDENBERG, Mirian. A bela velhice. Record. edição digital)
 
Considerado o contexto, afirma-se corretamente:
 a) A oração subordinada em Como diz a música de Arnaldo Antunes, “Somos o que somos”, expressa
noção de conformidade.
 b) O conectivo que coordena as orações Esses “belos velhos” inventaram um lugar especial no mundo
e se reinventam permanentemente tem valor adversativo.
 c) Sem prejuízo do sentido, uma vírgula pode ser inserida imediatamente após “geração” em São de
uma geração que transformou comportamentos e valores de homens e mulheres.
 d) Em Eles, como tantos outros “belos velhos”, rejeitam estereótipos o segmento isolado por vírgulas
expressa noção de finalidade.
 e) No segundo parágrafo, o sinal de dois-pontos introduz uma explicação.
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Questão 429: FCC - AFRE (SEF SC)/SEF SC/Auditoria e Fiscalização/2018
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
A punição para quem já está preso é a solitária. Não é para menos: a ausência de convivência com
outros seres humanos é extremamente penosa. Ela causa depressão, facilita o aparecimento de doenças,
aumenta a agressividade e pode levar ao suicídio.
Nas sociedades modernas, a solidão atinge até 50% das pessoas com mais de 60 anos. Nas sociedades
primitivas, vivíamos em constante contato, dividindo tarefas com os membros de nossa tribo. Hoje é
possível sofrer de solidão mesmo vivendo numa grande cidade.
Que a solidão causa mudanças comportamentais ninguém duvida, mas agora foi descoberto um
neuropeptídio (NkB), uma espécie de hormônio, envolvido nesse processo, e ao mesmo tempo um
composto químico capaz de debelar os efeitos da solidão.
Camundongos foram colocados sozinhos por duas semanas (o que equivale a um ano para seres
humanos). Após esse tempo, eles apresentavam os sintomas típicos da solidão. Suscetibilidade ao
estresse e aumento da agressividade. Os cientistas, ao examinar os cérebros desses animais, observaram
um enorme aumento na quantidade de NkB.
Em outro experimento, os cientistas empregaram um recurso genético para induzir o aumento do NkB
artificialmente, sem expor os animais à solidão. Esses animais, mesmo convivendo com outros de sua
espécie, exibiram os sintomasda solidão, comprovando que esse hormônio está envolvido com o
aparecimento de seus sintomas em camundongos. Como esse mesmo hormônio existe em seres
humanos, devem ser obtidos os mesmos resultados quando esses experimentos forem repetidos em
pessoas.
Apesar de agora conhecermos uma molécula que provoca os sintomas da solidão, ainda não sabemos
como ela provoca o aumento dessa molécula no cérebro. Será que é a falta de interação física que
provoca a solidão, será a falta de estímulos visuais ou olfativos, ou uma combinação desses fatores?
Esses experimentos também sugerem que pode haver um medicamento capaz de fazer desaparecer os
sintomas da solidão. Mas não seria melhor curar a solidão interagindo com os amigos, a família e outras
pessoas do convívio social? A solidão é um problem a criado pela sociedade moderna. Ele deve ser
resolvido com uma nova droga ou com uma mudança de comportamento?
(Adaptado de: REINACH, Fernando. Disponível em: ciencia.estadao.com.br)
 
 
Identifica-se noção de causa e consequência em:
 a) Apesar de agora conhecermos uma molécula que provoca os sintomas da solidão, ainda não
sabemos como ela provoca o aumento dessa molécula no cérebro.
 b) Como esse mesmo hormônio existe em seres humanos, devem ser obtidos os mesmos resultados
quando esses experimentos forem repetidos em pessoas.
 c) Em outro experimento, os cientistas empregaram um recurso genético para induzir o aumento do
NkB artificialmente...
 d) ... a ausência de convivência com outros seres humanos é extremamente penosa.
 e) Hoje é possível sofrer de solidão mesmo vivendo numa grande cidade.
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Questão 430: FCC - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Revisor de Texto/2018
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
Para assegurar a pertinência da dominação produtiva industrial, do modo de pensar e de fazer que a
gera e que ela induz, é preciso fazer romper a alteridade em múltiplas facetas de exotismo. É preciso
também fazer aparecer as sociedades ainda diferentes como caminhos sem saída, erros, ausências ou
inacabados no curso de uma progressão histórica inelutável. Na melhor das hipóteses, poder-se-ia
considerá-los como traços de fases anteriores na construção da cidade humana universal. As sociedades
que a exploração descobre, tornam-se imagens fotográficas e depois cinematográficas suscetíveis de ser
transportadas, editadas, montadas, referidas e, sobretudo, comentadas em relação a um espectador cuja
centralidade e o caráter de referencialidade essencial não são postos em questão. Trata-se de tentativas
de levantamentos sistemáticos de desvios e de etapas no que será a elaboração de uma humanidade
alocada sob a chancela universal do darwinismo.
A melhora das condições técnicas da exploração do mundo (transporte e comunicação se aperfeiçoam
com a máquina a vapor, a eletricidade e o telégrafo) fornecia a essas intenções meios cada vez mais
performativos. O cinema completa a panóplia dos instrumentos para essa coleta generalizada, fundindo a
ambição do olhar à objetividade pela supressão dos obstáculos do espaço e do tempo. A imagem
animada capta o transitório da duração, supera a subjetividade do testemunho duvidoso dos viajantes de
longa distância, suprime os desvios especiosos da memória: os momentos fugidios da vivência, as
singularidades e as diferenças do Outro tornam-se transportáveis e, portanto, observáveis à vontade,
como o obelisco de Luxor, as múmias do Egito ou os afrescos do Partenon.
A etnografia iniciada por Franz Boas, e que fará da pesquisa de campo seu “laboratório” indispensável,
emergindo dos limbos da reflexão teórica e frequentemente ética sobre as origens e as etapas das
sociedades humanas, se tornará, do mesmo modo, um instrumento dessa coleção de realidades do
mundo e de uma “objetivação” no mesmo sentido do olhar. A apresentação de uma observação dinâmica
e totalizante, a passagem “pelo campo” e, portanto, a experimentação, fazem do cinema e da etnografia
irmãos gêmeos de um empreendimento comum de descoberta, de identificação, de apropriação e talvez
de absorção e de assimilação do mundo e de suas histórias.
Ao extremo da distância/diferença constatada, nas regiões mais remotas, no seio das sociedades mais
exóticas, se – isto é, este anônimo genérico e referencial que se considera o homem branco –
identificavam, com um fervor receoso, primitivismos nos limites de um inquietante estado de natureza,
canibalismos “selvagens” marcando aparentemente o que devia ser o salto qualitativo em direção à
cultura ou antes em direção à Civilização com sua maiúscula. Com essas designações, essas
estigmatizações fascinadas, o homem ocidental decerto mastigava, como em uma denegação analítica,
sua própria bulimia, sua necessidade incessante de apropriação, de dominação, projetando finalmente no
outro seu próprio desejo de consumo, de devoração...! A gravação por imagem e som, assim como o
empreendimento de categorização etnográfica, contribuem para os mesmos efeitos: absorver a distância
material do outro e reduzi-lo a imagem e a conceitos de que se alimentam meu olhar e minha mente.
(Adaptado de: PIAULT, Marc. Antropologia e Cinema. São Paulo, Editora Unifesp, 2018)
 
A melhora das condições técnicas da exploração do mundo (transporte e comunicação se aperfeiçoam
com a máquina a vapor, a eletricidade e o telégrafo) fornecia a essas intenções meios cada vez mais
performativos.
Mantendo-se a correção e, em linhas gerais, o sentido, as orações que compõem a frase acima
encontram-se articuladas por meio de subordinação em:
 a) Desde que o transporte e a comunicação se aperfeiçoassem, com a máquina a vapor, a
eletricidade e o telégrafo, a melhora das condições técnicas da exploração do mundo forneceria meios
cada vez mais performativos a essas intenções.
 b) Com o aperfeiçoamento do transporte e da comunicação, com a máquina a vapor, e eletricidade e
o telégrafo, a melhora das condições técnicas da exploração do mundo fornecia a essas intenções meios
cada vez mais performativos.
 c) Meios cada vez mais performativos eram fornecidos a essas intenções com a melhora das
condições técnicas da exploração do mundo – transporte e comunicação aperfeiçoando-se com a
máquina a vapor, a eletricidade e o telégrafo.
 d) Transporte e comunicação se aperfeiçoam com a máquina a vapor, a eletricidade e o telégrafo;
portanto, a melhora das condições técnicas da exploração do mundo fornecia a essas intenções meios
cada vez mais performativos.
 e) O transporte e a comunicação se aperfeiçoavam com a máquina a vapor, a eletricidade e o
telégrafo, de modo que tal melhora nas condições técnicas da exploração do mundo fornecia meios cada
vez mais performativos a essas intenções.
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Questão 431: FCC - 2º Ten (PM AP)/PM AP/QOMPS/Médico Clínico Geral/2018
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
Coisa singular, a tal da crônica, esse patinho feio da literatura. Ao contrário do que se passa com o
romance, com a novela, com o conto, ela quase nunca resulta de um longo processo de elaboração. Nem
poderia. É algo que precisa ser escrito, haja ou não assunto, e escrito para já, sob a pressão dos prazos
de fechamento do jornal ou da revista. Embora em certos casos não fosse má ideia, não vale entregar à
redação duas ou três laudas em branco. Dane-se a falta de condições ideais, dos largos períodos
de maturação de que dispõe um ficcionista. Aquilo tem que sair, haja o que houver. [...]
 
 Difícil imaginar que no mais das vezes tenham sido escritas no sufoco. Quase podemos ver Rubem
Braga, por exemplo, o autodenominado Velho Braga, o maior de todos, bufando à máquina de escrever,
enquanto ali ao lado se impacienta o moço que a redação encarregou de recolher em domicílio aquele
palmo de prosa para a qual, não menos urgente, há um espaço aberto na edição de amanhã.
 
No dia seguinte, sem os rabiscos, sem as emendas apressadas que o autor teveainda tempo de fazer no
seu original, antes de passá-la às mãos do estafeta, lá estará a crônica, não raro espremida entre
anúncios ou noticiário cuja data de validade haverá de caducar em poucas horas. Perdida nessa
vizinhança prosaica e efêmera, lá estará o que foi escrito às pressas, de olho no relógio, e que ainda
assim, por se tratar de arte, atravessará os tempos, sem uma ruga, capaz de seguir falando a leitores
que ainda nem sequer nasceram.
 
(WERNECK, Humberto. “Encantos de um patinho feio”. Disponível em: https://cronicabrasileira.org.br)
 
 
Tem sentido causal o segmento sublinhado em:
 a) Embora em certos casos não fosse má ideia, não vale entregar à redação duas ou três laudas em
branco. (1º parágrafo)
 b) ...o autodenominado Velho Braga, o maior de todos, bufando à máquina de escrever... (2º
parágrafo)
 c) É algo que precisa ser escrito, haja ou não assunto, e escrito para já... (1º parágrafo)
 d) Perdida nessa vizinhança prosaica e efêmera, lá estará o que foi escrito às pressas... (3º
parágrafo)
 e) ... de olho no relógio, e que ainda assim, por se tratar de arte, atravessará os tempos... (3º
parágrafo)
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Questão 432: FCC - AJ TRT6/TRT 6/Administrativa/"Sem Especialidade"/2018
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
A questão baseia no texto apresentado abaixo.
 
Vou falar da palavra pessoa, que persona lembra. Acho que aprendi o que vou contar com meu pai.
Quando elogiavam demais alguém, ele resumia sóbrio e calmo: é, ele é uma pessoa. Até hoje digo, como
se fosse o máximo que se pode dizer de alguém que venceu numa luta, e digo com o coração orgulhoso
de pertencer à humanidade: ele, ele é um homem.
 Persona. Tenho pouca memória, por isso já não sei se era no antigo teatro grego que os atores, antes
de entrar em cena, pregavam ao rosto uma máscara que representava pela expressão o que o papel de
cada um deles iria exprimir.
 Bem sei que uma das qualidades de um ator está nas mutações sensíveis de seu rosto, e que a
máscara as esconde. Por que então me agrada tanto a ideia de atores entrarem no palco sem rosto
próprio? Quem sabe, eu acho que a máscara é um dar-se tão importante quanto o dar-se pela dor do
rosto. Inclusive os adolescentes, estes que são puro rosto, à medida que vão vivendo fabricam a própria
máscara. E com muita dor. Porque saber que de então em diante se vai passar a representar um papel é
uma surpresa amedrontadora. É a liberdade horrível de não ser. E a hora da escolha.
 Mesmo sem ser atriz nem ter pertencido ao teatro grego – uso uma máscara. Aquela mesma que nos
partos de adolescência se escolhe para não se ficar desnudo para o resto da luta. Não, não é que se faça
mal em deixar o próprio rosto exposto à sensibilidade. Mas é que esse rosto que estava nu poderia, ao
ferir-se, fechar-se sozinho em súbita máscara involuntária e terrível. É, pois, menos perigoso escolher
sozinho ser uma pessoa. Escolher a própria máscara é o primeiro gesto involuntário humano. E solitário.
Mas quando enfim se afivela a máscara daquilo que se escolheu para representar o mundo, o corpo
ganha uma nova firmeza, a cabeça ergue-se altiva como a de quem superou um obstáculo. A pessoa é.
 Se bem que pode acontecer uma coisa que me humilha contar.
 É que depois de anos de verdadeiro sucesso com a máscara, de repente – ah, menos que de repente,
por causa de um olhar passageiro ou uma palavra ouvida – de repente a máscara de guerra de vida
cresta-se toda no rosto como lama seca, e os pedaços irregulares caem com um ruído oco no chão. Eis o
rosto agora nu, maduro, sensível quando já não era mais para ser. E ele chora em silêncio para não
morrer. Pois nessa certeza sou implacável: este ser morrerá. A menos que renasça até que dele se possa
dizer “esta é uma pessoa”.
(Adaptado de: LISPECTOR, Clarice. “Persona”, em Clarice na cabeceira: crônicas. Rio de Janeiro, Rocco Digital,
2015) 
 
Na frase E ele chora em silêncio para não morrer (último parágrafo), a oração sublinhada acima
complementa o sentido 
 a) da oração anterior, de modo que pode ser substituída por um substantivo.
 b) do pronome “ele”, e pode ser assim reescrita: “para que não se morra”.
 c) da locução adverbial “em silêncio”, e por isso possui a mesma função de um adjetivo.
 d) do substantivo “silêncio”, e pode ser substituída por uma oração adjetiva.
 e) do verbo “chorar”, e por isso possui função adverbial, expressando finalidade. 
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Questão 433: FCC - AJ TRT21/TRT 21/Judiciária/"Sem Especialidade"/2017
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
Atenção: Leia o texto abaixo para responder à questão.
 
Além do ato instintivo, inconsciente, automático, puramente reflexo, evitação do sentimento doloroso,
ocorre a infindável série dos gestos intencionais, expressando o pensamento pela mímica, convencionada
através do tempo. Essa Signe Language, Gebärdensprache, Langue per Signes, Language per Gestes,
tem merecido ensaios de penetração psicológica, indicando a importância capital como índices do
desenvolvimento mental.
 
Desta forma o homem liberta e exterioriza o pensamento pela imagem gesticulada, com áreas mais
vastas no plano da compreensão e expansão que o idioma. Primeira forma da comunicação humana,
mantém sua prestigiosa eficiência em todos os recantos do mundo. As pesquisas sobre antiguidade e
valorização de certos gestos, depoimentos insofismáveis de certos temperamentos pessoais e coletivos,
índices de moléstias nervosas, apaixonam estudiosos.
 
A correlação dos gestos com os centros cerebrais, ativando-lhes a capacidade criadora, e não esses
àqueles, possui, presentemente, alto número de defensores. Esclarecem-se, atualmente, a antiguidade e
potência intelectual da Mímica como documento vivo, milenar e contemporâneo, individual e coletivo.
 
Não havendo obrigatoriedade do ensino mas sua indispensabilidade no ajustamento da conduta social,
todos nós aprendemos o gesto desde a infância e não abandonamos seu uso pela existência inteira. Os
desenhos paleolíticos registram os gestos mais antigos, de mão e cabeça, e toda literatura clássica,
história, viagem, teatro, poemas, mostra no gesto sua grandeza de expressão insubstituível.
 
Não existe, logicamente, a mesma tradução literal para cada gesto, universalmente conhecido. Na
famosa estória popular da Disputa por Acenos, cada antagonista entendia o gesto contrário de acordo
com seu interesse. Negativa e afirmativa, gesto de cabeça na horizontal e vertical, têm significação
inversa para chineses e ocidentais. Estirar a língua é insulto na Europa e América, é saudação respeitosa
no Tibete. Vênias, baixar a cabeça, curvar os ombros, ajoelhar-se, elevar a mão à fronte, são universais.
A mecânica da adaptação necessária a outras finalidades de convívio explica a multiplicação.
 
(Adaptado de: CASCUDO, Câmara, “Prefácio”, em História
dos Nossos Gestos. Edição digital. Rio de Janeiro: Global, 2012)
 
Mantendo-se a correção e, em linhas gerais, o sentido original, o segmento sublinhado em Não havendo
obrigatoriedade do ensino... (4º parágrafo) pode ser substituído por:
 a) Para que haja
 b) De modo que não haja
 c) Se não há
 d) Embora não haja
 e) Quando não há
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Questão 434: FCC - AJ TRF3/TRF 3/Administrativa/2016
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
Depois que se tinha fartado de ouro, o mundo teve fome de açúcar, mas o açúcar consumia escravos. O
esgotamento das minas − que de resto foi precedido pelo das florestas que forneciam o combustível para
os fornos −, a abolição da escravatura e, finalmente, uma procura mundial crescente, orientam São
Paulo e o seu porto de Santos para o café. De amarelo, passando pelo branco, o ouro tornou-se negro.
Mas, apesar de terem ocorrido essas transformações que tornaram Santos num dos centros do comércio
internacional, olocal conserva uma beleza secreta; à medida que o barco penetra lentamente por entre
as ilhas, experimento aqui o primeiro sobressalto dos trópicos. Estamos encerrados num canal
verdejante. Quase podíamos, só com estender a mão, agarrar essas plantas que o Rio ainda mantinha à
distância nas suas estufas empoleiradas lá no alto. Aqui se estabelece, num palco mais modesto, o
contato com a paisagem.
O arrabalde de Santos, uma planície inundada, crivada de lagoas e pântanos, entrecortada por riachos
estreitos e canais, cujos contornos são perpetuamente esbatidos por uma bruma nacarada, assemelha-se
à própria Terra, emergindo no começo da criação. As plantações de bananeiras que a cobrem são do
verde mais jovem e terno que se possa imaginar: mais agudo que o ouro verde dos campos de juta no
delta do Bramaputra, com o qual gosto de o associar na minha recordação; mas é que a própria
fragilidade do matiz, a sua gracilidade inquieta, comparada com a suntuosidade tranquila da outra,
contribuem para criar uma atmosfera primordial.
Durante cerca de meia hora, rolamos por entre bananeiras, mais plantas mastodontes do que árvores
anãs, com troncos plenos de seiva que terminam numa girândola de folhas elásticas por sobre uma mão
de 100 dedos que sai de um enorme lótus castanho e rosado. A seguir, a estrada eleva-se até os 800
metros de altitude, o cume da serra. Como acontece em toda parte nessa costa, escarpas abruptas
protegeram dos ataques do homem essa floresta virgem tão rica que para encontrarmos igual a ela
teríamos de percorrer vários milhares de quilômetros para norte, junto da bacia amazônica.
Enquanto o carro geme em curvas que já nem poderíamos qualificar como “cabeças de alfinete”, de tal
modo se sucedem em espiral, por entre um nevoeiro que imita a alta montanha de outros climas, posso
examinar à vontade as árvores e as plantas estendendo-se perante o meu olhar como espécimes de
museu.
(Adaptado de: LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes Trópicos. Coimbra, Edições 70, 1979, p. 82-3)
 
No primeiro período do segundo parágrafo, as duas orações que não se subordinam a nenhuma outra
contêm os seguintes verbos:
 a) conserva − experimento
 b) terem ocorrido − conserva
 c) tornaram − penetra
 d) tornaram − experimento
 e) conserva − penetra
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Questão 435: FCC - PEB (PM MG)/PM MG/Língua Portuguesa/2012
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
O que é uma espécie?
Se você visitar o Parque Provincial de Algonquin, em Ontário, Canadá, poderá ouvir os uivos solitários
dos lobos e, com um pouco de sorte, observará ao menos de relance uma alcateia correndo, ao longe,
através da floresta. Mas quando chegar em casa todo contente por ter avistado aqueles animais, qual a
espécie de lobo você dirá ter encontrado? Se for tirar a dúvida com dois ou três cientistas, talvez ouça
diferentes respostas. Pode até acontecer de um deles ficar em dúvida e lhe dizer que se trata dessa ou
daquela espécie.
É surpreendente ver o quanto os cientistas vêm debatendo para chegar a um consenso sobre algo tão
simples e decidir se esse ou aquele grupo de organismos constitui ou não uma espécie. Talvez isso se
deva ao latim, que deu nomes às espécies, carregados de uma certeza absoluta, levando o público a
pensar que as regras são muito simples.
Charles Darwin se divertia com essa questão. "É engraçado ver como diferentes ideias se manifestam nas
diferentes mentes dos naturalistas, quando eles falam em 'espécies' ”, escreveu em 1856. "Tudo isso
resulta da tentativa de definir o indefinível." As espécies, de acordo com Darwin, nunca foram entidades
fixas que surgiram quando da criação. Elas evoluíram. Cada grupo de organismos que chamamos de
espécie surgiu como uma variedade a partir de espécies mais antigas. Com o passar do tempo, a seleção
natural os transformou, enquanto se adaptavam ao ambiente. Entretanto outras variedades se tornaram
extintas. Uma variedade antiga, no final, torna-se completamente diferente de todos os outros
organismos − e isso é o que entendemos como uma espécie em si. "Eu vejo o termo 'espécie' como um
conceito arbitrário, cunhado apenas por mera conveniência, para designar um grupo de indivíduos muito
semelhantes entre si", disse Darwin.
(Fragmento adaptado de Carl Zimmer, Scientific American Brasil, edição 111, agosto de 2011,
http://www2.uol.com.br/sciam/aula_aberta/o_ que_e_uma_especie_html)
 
Se você visitar o Parque Provincial de Algonquin, em Ontário, Canadá, poderá ouvir os uivos solitários
dos lobos ...
“Eu vejo o termo ‘espécie’ como um conceito arbitrário, cunhado apenas por mera conveniência, para
designar um grupo de indivíduos muito semelhantes entre si” ...
Identificam-se nas orações grifadas nas frases acima, respectivamente, noções de
 a) lugar e consecução.
 b) concessão e modo.
 c) condição e fim.
 d) tempo e comparação.
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Questão 436: FCC - AJ (TRE PE)/TRE PE/Judiciária/2011
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.
As comunicações e o colapso da ética
O que leva um jovem profissional a considerar “normal” que uma empresa de comunicação se alie a um
governo ou aos interesses de um poderoso grupo de anunciantes e que seu jornalismo deliberadamente
omita, distorça e manipule informações?Por que as constatações de que “todos fazem do mesmo jeito”,
“se não fizer assim não sobrevive”, “esse é o jogo jogado” etc. se tornam suficientes para que
profissionais se ajustem inteiramente ao “sistema”? Essas, obviamente, não são questões novas e,
certamente, não se restringem ao campo profissional das Comunicações – uma forte razão, aliás, pela
qual não podem ser ignoradas.
Em seu livro Jornalismo na era virtual: ensaios sobre o colapso da razão ética, Bernardo Kucinski
chama a atenção para o fato de que jovens jornalistas rejeitam a possibilidade de uma ética porque “o
desemprego estrutural fez da competição com o próprio companheiro uma necessidade de sobrevivência,
e nesse ambiente as éticas socialmente constituídas cederam espaço a uma ética de cada indivíduo.
Cada um tem o dever de pensar antes de tudo em si mesmo, em seu projeto de vida. Uma ética em que
o dever é definido como negação do social, como celebração da individuação ética".
 
As ponderações de Kucinski nos ajudam a compreender o que está acontecendo com os jovens
profissionais em disputano mercado, e vão muito além do próprio campo das Comunicações. Falam dos
valores e das práticas que dominam o nosso tempo de pensamento único e capitalismo globalizado. Que
diferença entre essas práticas e a recomendação do velho jornalista norte-americano Joseph Pulitzer, que
no tão remoto ano de 1904 alertava: “É a ideia de trabalhar para a comunidade, não para o comércio ou
para si próprio que deve nortear as preocupações de todo jornalista”.
 
Atravessamos no Brasil um período de profundas transformações que implicará importantes mudanças
estruturais regulatórias da natureza e das atividades do sistema de comunicações. Dessas
transformações vai surgir um novo perfil (já em construção, aliás) de profissionais e uma nova correlação
de forças entre os envolvidos no setor. Cuidemos todos para que não se consagre de vez o prestígio
cínico de um vazio ético.
(Adaptado de Venício A. de Lima, Observatório da imprensa)
 
A oração sublinhada exprime uma finalidade em:
 a) Ele trabalha por trabalhar, e não por qualquer razão mais nobre.
 b) Kucinski escreveu um livro por sentir-se indignado com as atitudes de seus colegas.
 c) Há jornalistas que perseguem valores éticos para orientá-los no exercício de sua profissão.
 d) A ideia de trabalhar para a comunidade não está comovendo os jovens profissionais.
 e) Ele dedicou parte de sua vida ao jornalismo enquanto acreditava na alta relevância de sua
profissão.
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Questão437: FCC - AJ (TRE AL)/TRE AL/Judiciária/2010
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.
 
Sociedade do espetáculo: mal de uma época
 
“Nosso tempo prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao
ser. O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado.” Essas palavras do filósofo Feurbach nos dizem
algo fundamental sobre nossa época. Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições
modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era
diretamente vivido se esvai na fumaça da representação. As imagens fluem desligadas de cada aspecto
da vida e fundem-se num curso comum, de forma que a unidade da vida não mais pode ser
restabelecida.
 
O espetáculo é ao mesmo tempo parte da sociedade, a própria sociedade e seu instrumento de
unificação. Como parte da sociedade, o espetáculo concentra todo o olhar e toda a consciência. Por ser
algo separado, ele é o foco do olhar iludido e da falsa consciência. O espetáculo não é um conjunto de
imagens, mas uma relação entre pessoas, mediatizadas por imagens.
 
A alienação do espectador em proveito do objeto contemplado exprime-se assim: quanto mais
contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes, menos ele
compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo. O conceito de espetáculo unifica e explica
uma grande diversidade de fenômenos aparentes, apresenta-se como algo grandioso, positivo,
indiscutível e inacessível.
 
A exterioridade do espetáculo em relação ao homem que deveria agir como um sujeito real aparece no
fato de que os seus próprios gestos já não são seus, mas de um outro que os apresenta a ele. Eis por
que o espectador não se sente em casa em parte alguma, porque o espetáculo está em toda parte. Eis
por que nossos valores mais profundos têm dificuldade de sobreviver em uma sociedade do espetáculo,
porque a verdade e a transparência, que tornam a vida realmente humana, dela são banidas e os
valores, enterrados sob o escombro das aparências e da mentira, que nos separam, em vez de nos unir.
 
(Adaptado de Maria Clara Luccheti Bingemer, revista Adital)
 
No trecho quanto mais contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens
dominantes, menos ele compreende a sua própria existência expressa-se uma relação de
 a) causalidade entre menos vive e mais aceita.
 b) oposição entre mais contempla e mais aceita.
 c) exclusão entre menos vive e menos compreende.
 d) alternância entre mais contempla e mais aceita.
 e) proporção entre mais contempla e menos vive.
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Questão 438: FCC - TJ TRT18/TRT 18/Administrativa/Agente de Policia Judicial/2023
Assunto: Orações reduzidas
Atenção: Leia a crônica “Pai de família sem plantação”, de Paulo Mendes Campos, para responder à
questão.
 
Sempre me lembro da história exemplar de um mineiro que veio até a capital, zanzou por aqui, e voltou
para contar em casa os assombros da cidade. Seu velho pai balançou a cabeça; fazendo da própria
dúvida a sua sabedoria: “É, meu filho, tudo isso pode ser muito bonito, mas pai de família que não tem
plantação, não sei não...”
 
Às vezes morro de nostalgia. São momentos de sinceridade, nos quais todo o meu ser denuncia minha
falsa condição de morador do Rio de Janeiro. A trepidação desta cidade não é minha. Sou mais, muito
mais, querendo ou não querendo, de uma indolência de sol parado e gerânios. Minha terra é outra,
minha gente não é esta, meu tempo é mais pausado, meus assuntos são mais humildes, minha fala,
mais arrastada. O milho pendoou? Vamos ao pasto dos Macacos matar codorna? A vaca do coronel já
deu cria? Desta literatura rural é que preciso.
 
Eis em torno de mim, a cingir-me como um anel, o Rio de Janeiro. Velozes automóveis me perseguem
na rua, novos edifícios crescem fazendo barulho em meus ouvidos, a guerra comercial não me dá
tréguas, o clamor do telefone me põe a funcionar sem querer, a vaga se espraia e repercute no meu
peito, minha inocência não percebe o negócio de milhões articulado com um sorriso e um aperto de
mão. Pois eu não sou daqui.
 
Vivo em apartamento só por ter cedido a uma perversão coletiva; nasci em casa de dois planos, o de
cima, da família, sobre tábuas lavadas, claro e sem segredos, e o de baixo, das crianças, o porão escuro,
onde a vida se tece de nada, de pressentimentos, de imaginação, do estofo dos sonhos. A maciez das
mãos que me cumprimentam na cidade tem qualquer coisa de peixe e mentira; não sou desta viração
mesclada de maresia; não sei comer este prato vermelho e argênteo de crustáceos; não entendo os
sinais que os navios trocam na cerração além da minha janela. Confio mais em mãos calosas, meus
sentidos querem uma brisa à boca da noite cheirando a capim-gordura; um prato de tutu e torresmos
para minha fome; e quando o trem distante apitasse na calada, pelo menos eu saberia em que
sentimentos desfalecer.
 
Ando bem sem automóvel, mas sinto falta de uma charrete. Com um matungo que me criasse amizade,
eu visitaria o vigário, o médico, o turco, o promotor que lê Victor Hugo, o italiano que tem uma horta, o
ateu local, o criminoso da cadeia, todos eles muitos meus amigos. Se aqui não vou à igreja, lá pelo
menos frequentaria a doçura do adro, olhando o cemitério em aclive sobre a encosta, emoldurado em
muros brancos. Aqui jaz Paulo Mendes Campos. Por favor, engavetem-me com simplicidade do lado da
sombra. É tudo o que peço. E não é preciso rezar por minha alma desgovernada.
 
(Adaptado de: CAMPOS, Paulo Mendes. Balé do pato. São Paulo: Ática, 2012)
 
Sempre me lembro da história exemplar de um mineiro que veio até a capital, zanzou por aqui, e voltou
para contar em casa os assombros da cidade.
 
O termo sublinhado acima introduz uma oração que expressa ideia de
 a) condição.
 b) consequência.
 c) causa.
 d) finalidade.
 e) proporção.
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Questão 439: FCC - AJ TRT22/TRT 22/Apoio Especializado/Biblioteconomia/2022
Assunto: Orações reduzidas
Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
O rio de minha terra é um deus estranho.
Ele tem braços, dentes, corpo, coração,
muitas vezes homicida,
foi ele quem levou o meu irmão.
 
É muito calmo o rio de minha terra.
 
Suas águas são feitas de argila e de mistérios.
Nas solidões das noites enluaradas
a maldição de Crispim desce
sobre as águas encrespadas.
 
O rio de minha terra é um deus estranho.
 
Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole
para subir as poucas rampas do seu cais.
Foi conhecendo o movimento da cidade,
a pobreza residente nas taperas marginais.
 
Pois tão irado e tão potente fez-se o rio
que todo um povo se juntou para enfrentá-lo.
Mas ele prosseguiu indiferente,
carregando no seu dorso bois e gente,
até roçados de arroz e de feijão.
 
Na sua obstinada e galopante caminhada,
destruiu paredes, casas, barricadas,
deixando no percurso mágoa e dor.
 
Depois subiu os degraus da igreja santa
e postou-se horas sob os pés do Criador.
 
E desceu devagarinho, até deitar-se
novamente no seu leito.
 
Mas toda noite o seu olhar de rio
fica boiando sob as luzes da cidade.
(Adaptado de: MORAES, Herculano. O rio da minha terra. Disponível em: https://www.escritas.org)
 
Mantendo o sentido original e a correção gramatical, o segmento carregando no seu dorso bois e gente
pode ser reescrito da seguinte forma:
 a) conforme carregava no seu dorso bois e gente.
 b) pois carregou no seu dorso bois e gente.
 c) para que carregasse no seu dorso bois e gente.
 d) tanto que carregou no seu dorso bois e gente.
 e) enquanto carregava no seu dorso bois e gente.
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Questão 440: FCC - ARE (SEFAZ AP)/SEFAZ AP/2022
Assunto: Funções sintáticas dos pronomes relativosAtenção: Leia o texto a seguir para responder à questão.
Renato Mendonça e A influência africana no português do Brasil, um estudo pioneiro
de africanias no português brasileiro
 
A partir de uma definição da antropóloga Nina Friedemann em “Comunidades negras: refúgios de
africanias na Colômbia”, podemos entender africanias como a bagagem cultural submergidad no
inconsciente iconográfico dos negroafricanos entrados no Brasil em escravidão, que se faz perceptível na
língua, na música, na dança, na religião, no modo de ser e de ver o mundo, e que, no decorrer dos
séculos, como forma de resistência e de continuidade na opressão, transformou-se e converteu-sea em
matrizes partícipes da construção de um novo sistema cultural e linguístico que nos identifica como
brasileiros.
 
São essas matrizes quee, na década de 1930, o diplomata, escritor e pesquisador alagoano Renato
Firmino Maia de Mendonça (1912 – 1990)b, em sua monografia sobre A influência africana no português
do Brasil, trata de pontuar na formação da modalidade da língua portuguesa no Brasil, em nossas
tradições orais e na literatura brasileira.
 
Em 1933, a 1ª edição foi publicada pela Gráfica Sauer com prefácio de Rodolfo Garcia, trazendo o mapa
da distribuição do elemento negro no Brasil colonial e imperial. Em 1935, sai a 2a edição pela
Companhia Editora Nacional, na Coleção Brasiliana, ilustrada com mapas e fotografias e aumentada em
dois capítulos, um esboço histórico sobre o tráfico e um ensaio sobre o negro na literatura brasileira.
Também de caráter inovador são os mapas toponímicos com localidades designadas por nomes africanos
no Brasil, da autoria do geógrafo Carlos Marie Cantão, que vêm em addendum, ao final do livro. A 3ª
edição, de 1948, é publicada no Porto pela Figueirinhas. Em 1972 e 1973, a 2a edição é republicada pela
Civilização Brasileira.
 
Ao lado de Jacques Raimundo, que coincidentemente publicou, pela Renascença, em 1933, O elemento
afro-negro na língua portuguesa, a obra de Renato Mendonça é um estudo de referência obrigatória
nessa importante área de pesquisa, cuja repercussão científica corresponde a menos do que seu valor
real, em razão da tendência de esse conhecimento ser considerado, por linguistas e filólogos, mais como
objeto de pesquisa dos africanistas e dos especialistas em estudos “afro-brasileiros” c– assim
denominados como uma palavra composta de acordo com a grafia consagrada e recomendada pelo
recente acordo ortográfico. Neste contexto, separado por um traço de união em lugar simplesmente de
se escrever afrobrasileiros, o termo afro, tratado como um prefixo, reflete de maneira subliminar aquela
tendência. Destaca-se como se fosse um aparte eventual no processo e não a parte afrobrasileira
inscrita em nossa identidade cultural e linguística.
 
Dentro desse plano de entendimento, Renato Mendonça coloca e avalia a interferência que aquelas
vozes de mais de quatro milhões de negros escravizados, no decorrer de três séculos consecutivos,
imprimiram naquela língua portuguesa que eles foram obrigados a falar como segunda língua no Brasil.
Ao mesmo tempo, Mendonça enriquece e alarga suas análises baseado em uma bibliografia ainda hoje
consistente e de grande valia para os estudos atuais sobre a história e a etnografia africanas e suas
línguas, principalmente sobre as que foram faladas no Brasil, as quais ele adequadamente chama de
negroafricanas.
 
(Adaptado de: CASTRO, Yeda Pessoa de.
Prefácio − Renato Mendonça e A influência africana no português do Brasil, um estudo pioneiro de africanias no
português brasileiro. In: Mendonça, Renato. A influência africana no Português do Brasil. Brasília: Fundação
Alexandre de Gusmão, 2012, p. 15-16)
Observações:
1. Addendum: adendo, apêndice.
 
Está correto o seguinte comentário:
 a) A coordenação em transformou-se e converteu-se visa à ênfase do processo descrito, já que, no
contexto, os verbos são sinônimos e compartilham o mesmo complemento.
 b) O fragmento o diplomata, escritor e pesquisador alagoano Renato Firmino Maia de Mendonça
(1912 – 1990) é um aposto, trazendo, portanto, informações irrelevantes.
 c) Em mais como objeto de pesquisa... em estudos “afro-brasileiros”, há supressão de termo da
estrutura sintática de comparação, facilmente subentendido no contexto.
 d) podemos entender africanias como a bagagem cultural submergida descreve evento tomado como
independente de circunstâncias.
 e) O fragmento São essas matrizes que [...] antecipa o complemento verbal, sem que haja impactos
sobre o sentido do período derivados dessa opção estilística.
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Questão 441: Marinha - Praça RM2 (Marinha)/Marinha/Nível Médio/2022
Assunto: Funções sintáticas dos pronomes relativos
Texto 1
Fronteiras
 
Tenho refletido sobre fronteiras. Sobre a linha tênue e imprecisa que divide realidade e sonho, sanidade
e loucura. E me vêm à mente duas histórias.
 
A primeira é narrada por Otto Friedrich em seu livro "Goingcrazy" (Enlouquecendo). Ele diz que andava
um dia pelas ruas de Nova York a caminho do trabalho - como fazia todas as manhãs - quando de
repente, diante de um cruzamento, parou, assaltado por uma sensação desconhecida. Era algo
avassalador, a impressão exata de que algo se rompera, seguida de uma sensação de impotência e
pânico. Ficou ali na calçada, paralisado, sem saber o que se passava. Demorou alguns segundos até
compreender.
 
Como fazia o mesmo percurso todos os dias, fazia anos costumava andar totalmente desligado, imerso
em seus' pensamentos, no "piloto automático". Ocorre que, naquele dia, se deparara de repente com
um sinal de trânsito quebrado - um elemento estranho à sua rotina. E aquela "ruptura" provocara uma
espécie de curto-circuito em seu cérebro, justamente por estar num estágio de semi- consciência, tal a
sua distração.
 
o sinal quebrado provocara uma pane em seu sistema de percepção. Fora coisa rápida, não mais do que
alguns segundos. Mas o que o perturbava. era. perceber que, naqueles instantes, vivera numa fronteira:
estivera. à beira do que se convencionou chamar "loucura".
 
A outra história é narrada · pelo antropólogo americano Loren Eisely no livro "O despertar dos mágicos",
de Louis Pauwels e Jacques Bergier. Ei_sely conta que caminhava a pé um dia por uma estradinha perto
de sua casa, em meio a uma densa neblina. la devagar mal conseguindo enxergar o caminho, quando
de repente,' a poucos palmos de seu rosto, surgiu a figura de um pássaro voando, que por pouco não se
chocou com ele, em meio a um piado horrível e .a um farfalhar de asas. Era um corvo.
 
E Eisely diz que jamais, enquanto viver; · se esquecerá da expressão que viu nos· olhos daquele
pássaro. Era terra\ que havia neles. O antropólogo passou o resto do dia impressionado, sem entende o
que seu rosto tinha de feiura para provocar um olhar como aquele: Até que compreendeu: com certeza,
com a neblina; o pássaro julgava estar voando alto. E de repente se vira um homem no céu. 'Um
homem que atravessara a fronteira do plausível e· caminhava nó ar, pelo' mundo dos corvos. Aquela era
uma visão aterradora.
 
E Eisely se diz convencido de que aquele instante transformou o corvo para sempre: "Agora, quando 
me vê; lá do alto solta pequenos gritos e reconheço nesses 'gritos a incerteza de um espírito cujo
universo foi abalado. Já não é nunca mais será como os outros corvos'"· Assim são as fronteiras.
 
Alguém· já disse que os · escritores são personalidades fronteiriças. Fala-se pouco' disso, e é verdade.
Nós, assim como talvez os atores, vivemos no limite entre dois mundos, caminhando sobre o fio da
lâmina podendo resvalar a qualquer momento para um dos lados. Sofremos de urna espécie de
esquizofrenia quase sempre benigna.
 
SEIXAS, Heloisa. Fronteiras. 17 de setembro de 2000.
Disponível em https://heloisaseixas.com.br/contos-minimos/2000- 2/ (Com adaptações)
 
"[ ... ] quando me vê, lá do alto, solta pequenos gritos e reconheço nesses gritosa incerteza de um
espírito cujo universo foi abalado."
 
Assinale a opção correta quanto á função sintática do pronome relativo sublinhado no trecho acima.
 a) Adjunto adverbial.
 b) Predicativo do sujeito.
 c) Sujeito.
 d) Objeto Indireto.
 e) Adjunto adnominal.
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Questão 442: Instituto Consulplan - OASPM (PM RN)/PM RN/Farmacêutico/Análises
Clínicas/2022
Assunto: Funções sintáticas dos pronomes relativos
Uso racional de medicamentos: pesquisadores alertam para resistência microbiana
 
O Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, instituído no dia 5 de maio, tem o objetivo de
promover a conscientização e boas práticas do uso de medicamentos, além de alertar a população
quanto aos riscos à saúde causados pela automedicação e ingestão inadequada de fármacos,
principalmente os antibióticos. Pesquisadoras da Fiocruz advertem que a administração inadequada e o
uso abusivo desse tipo de medicação têm causado, com maior frequência, um fenômeno preocupante: a
resistência microbiana.
 
A Organização Mundial da Saúde entende como uso racional de medicamentos a prescrição de
medicação apropriada para as condições clínicas de cada paciente, em doses adequadas às suas
necessidades, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade. A medicação
inadequada, por sua vez, pode causar diversos eventos adversos à saúde, assim como intoxicação e
dependência.
 
A situação é ainda pior quando se trata de antibióticos. Também, segundo a OMS, a resistência
bacteriana poderá ser uma das principais causas de óbitos de pessoas no mundo até 2050. O fenômeno
pode ser definido como a capacidade das bactérias se tornarem mais resistentes aos efeitos das
medicações, explicou Isabel Tavares, coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do
Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz).
 
“A partir do uso excessivo e indiscriminado dos antibióticos, infecções bacterianas simples podem, com o
tempo, se tornar cada vez mais difíceis de serem combatidas, levando, eventualmente, a uma piora do
quadro clínico e até ao óbito. O que temos visto é um aumento do número de bactérias multirresistentes
e poucas opções para tratamento no mercado”, explicou Tavares.
 
A avaliação é reforçada por Ana Paula Assef, chefe do laboratório de pesquisa em infecção hospitalar do
Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). “É preciso cada vez mais conscientizar a população e a sociedade
médica sobre a otimização do uso de antibióticos, devido a esse aumento da capacidade de resistência
das bactérias, e à falta de novas opções terapêuticas pela indústria farmacêutica. Essas medicações
devem ser bem selecionadas para cada tipo de paciente, e utilizadas no momento e na dose adequada,
de forma a minimizar seus impactos”, ponderou ela.
 
Dados da OMS apontam que mais de 50% de todos os medicamentos no mundo são prescritos,
dispensados ou vendidos de forma inadequada, e que metade de todos os pacientes não os utiliza
corretamente. Além disso, o Brasil ocupa a 17ª posição entre 65 países pesquisados em relação ao
número de doses de antibióticos consumidas.
 
O primeiro passo para promover o uso racional de medicações é utilizá-las apenas com orientação
médica. “O paciente com alguma queixa de saúde precisa, primeiro e de forma essencial, procurar
assistência médica. Apenas um profissional está habilitado para avaliar o caso e prescrever, se preciso, o
antibiótico. Muitos pacientes que optam pela automedicação fazem uso, por exemplo, de antibióticos
para infecções virais, o que não só não resolve o problema, como pode gerar outros”, afirmou Tavares,
especialista do INI. [...]
 
(Luana Dandara (Portal Fiocruz). Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/dia-nacional-do-uso-racional-de-
medicamentospesquisadores- alertam-para-resistencia. Adaptado. Acesso em: 05/05/2022.)
 
“O primeiro passo para promover o uso racional de medicações(1) é utilizá-las(2) apenas com orientação
médica. ‘O paciente com alguma queixa de saúde(3) precisa, primeiro e de forma essencial, procurar
assistência médica. Apenas um profissional está habilitado para avaliar o caso e prescrever, se preciso, o
antibiótico(4). Muitos pacientes que optam pela automedicação( 5), fazem uso, por exemplo, de
antibióticos para infecções virais, o que não só não resolve o problema(6), como pode gerar outros’,
afirmou Tavares, especialista do INI. [...]” (7º§) Foram identificados no trecho anterior elementos
sintáticos equivalentes quanto à classificação, com EXCEÇÃO de:
 a) 1 e 2.
 b) 2 e 3.
 c) 4 e 5.
 d) 3 e 5.
 e) 1 e 6.
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Questão 443: DIRENS Aeronáutica - CADAR (CIAAR)/CIAAR/Estomatologia/2022
Assunto: Funções sintáticas dos pronomes relativos
TEXTO III
 
O que é essencial para você?
Escritora fala sobre minimalismo como estilo de vida
 
Para a jornalista Ana Holanda, viver com o mínimo não significa apenas ter menos coisas, mas viver em
equilíbrio e somente com o essencial
 
Em tempos em que as propagandas dizem o que precisamos, vitrines seduzem e influenciadores digitais
impressionam com seus corpos esbeltos e padrões de vida quase que inalcançáveis, difícil mesmo é
saber o que é essencial para nossas necessidades.
 
Na contramão, algumas pessoas decidem viver diferente e adotam o mínimo como estilo de vida. Mas o
minimalismo não significa apenas ter menos coisas, mas, sim, viver em equilíbrio e somente com o
essencial.
 
“Minimalismo é a busca da essência das coisas. É você encontrar o que é essencial e o que faz sentido
pra você todos os dias. É o que a gente carrega dentro da gente. Tem a ver com esse sentido maior que
damos para o que a gente faz, para os nossos passos todo dia”, explica a jornalista Ana Holanda, que
nos últimos anos tem adotado essa simplicidade na sua rotina.
 
Quando começou a sua busca pela simplicidade e pelo essencial das coisas da vida?
Sempre fui grande observadora do mundo. O fato de não ter sido uma aluna brilhante na escola foi algo
bom porque quando a gente não é brilhante, não se esperam grandes coisas da gente. Ter me esforçado
para ser boa aluna me deu a liberdade para seguir pelo mundo sem ter um caminho de ‘sucesso’ ditado
pelo outro. Me deu também a liberdade para observar o mundo e para perceber as coisas... Sentir
cheiro, sabe? Muitas vezes a gente não tem noção do quanto isso é importante para despertar ideais,
criatividade.
 
Minimalismo é desapegar de bens materiais?
Está muito conectado com buscar essa essência das coisas. Minimalismo não é só ‘ter menos’ ou ‘viver
com menos'. É encontrar o que faz sentido para você todos os dias. É o que a gente carrega dentro da
gente. Tem a ver com esse sentido maior que damos pro que a gente faz, pros nossos passos todo dia.
Só que muitas vezes a gente não enxerga o minimalismo. Enxergar o todo dentro do pequeno é
perceber toda história que aquilo me conta. É esse olhar que a gente tem que despertar.
 
Como saber o que é realmente necessário num mundo em que tudo gira em torno do
consumismo?
Isso, a escrita me ensinou. Para mim, é muito claro que a gente nunca produziu tanto conteúdo - e
tanto lixo. Porque construímos narrativas que não conversam com o outro. Sempre pergunto para meus
alunos: você vai colocar tempo e energia para algo que não marca as pessoas? Escrita é relação. Mas o
que você aprendeu? Que escrita é técnica. A gente só consegue fazer um texto intenso quando existe
essa ponte com o outro. As propagandas te dizem que você só vai ser feliz se fizer desse jeito, os
influenciadores digitais e a mídia também estão dizendo que você precisa ter algo para ser feliz. Mas
você tem que ir pelo caminho que faz sentido para você. É como nadar contra a maré.
(...)
 
A revista Vida Simples traz discussões muito contemporâneas - como essa do minimalismo.
Como você trabalha a linha editorial?
A Vida Simples tem umaprodução de conteúdo muito focada no autodesenvolvimento. Propomos uma
conversa próxima com o leitor através de assuntos essenciais na vida de qualquer um - ansiedade,
angústia, amor, felicidade, gratidão, propósito, tolerância, etc. E a gente busca maneiras diversas de
abordá-los. Trabalhamos com três pilares: ser, conviver e transformar. Se você pegar uma revista de
cinco anos atrás, ela ainda faz sentido hoje. Isso é muito legal! Estou aqui há nove anos e a busca do
que é a essência das coisas também está muito presente nela. Essa função me realiza muito,
principalmente porque sei o quanto a publicação transforma a vida das pessoas.
 
A revista também traz o conceito minimalista nas capas. Como isso é pensado?
Existem muitas conversas sobre como a gente vai traduzir esse conceito a partir do texto. Se a gente
está falando de leveza, por exemplo, não dá para trazer algo duro. A gente pensa muito em como
traduzir a ideia em um objeto ou cena. Falando da arte da Vida Simples, acreditamos que tudo conta
uma história...
 
Fonte: https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/o-que-e-essencial-para-voce-escritora-fala-sobre-
minimalismo-como-estilo-de-vida/ (adaptado)
 
TEXTO IV
 
 
Fonte: Revista Vida Simples. Editora Abril; ed. 133/ jul 2013.
 
Assinale a opção em que o pronome relativo “que”, sublinhado nos fragmentos a seguir, desempenha
função sintática de sujeito.
 a) “É o que a gente carrega dentro da gente.”
 b) “...difícil mesmo é saber o que é essencial...”
 c) “Em tempos em que as propagandas dizem o que precisamos...”
 d) “...com esse sentido maior que damos para o que a gente faz...”
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Questão 444: FCC - AJ TRT5/TRT 5/Apoio Especializado/Arquitetura/2022
Assunto: Funções sintáticas dos pronomes relativos
Atenção: Leia o trecho inicial do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis, para responder à questão.
 
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito
alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço; outro, o ferro ao
pé. Havia também a máscara de folha de flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos
escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada
atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar, porque geralmente
era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e
a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem
sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda,
na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras.
 
O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa
também, à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava,
naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse,
mostrava um reincidente, e com pouco era pegado.
 
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão.
Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte
era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau;
além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-
se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no
Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro,
apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, quitandando.
 
Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anúncios nas folhas
públicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por onde andava
e a quantia de gratificação. Quando não vinha a quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á
generosamente”, – ou “receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em cima ou ao lado
uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se
com todo o rigor da lei contra quem o acoutasse.
(Adaptado de: Assis, Machado de. 50 contos. São Paulo: Companhia das Letras, 2007)
 
Em Escravo que fugia assim, o termo sublinhado exerce a mesma função sintática da expressão
sublinhada em:
 a) Era grotesca tal máscara.
 b) Havia também a máscara de folha de flandres.
 c) Tinha só três buracos.
 d) não cuidemos de máscaras.
 e) os escravos fugiam com frequência.
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Questão 445: FCC - AJ TRT22/TRT 22/Apoio Especializado/Biblioteconomia/2022
Assunto: Funções sintáticas dos pronomes relativos
Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
Se é verdade que a capacidade de ficar perplexo é o começo da sabedoria, então esta verdade é um
triste comentário à sabedoria do homem modernob. Quaisquer que sejam os méritos de nosso elevado
grau de educação literária e universal, perdemos o dom de ficar perplexos. Imagina-se que tudo seja
conhecido − senão por nós, por algum especialistad cujo mister seja saber aquilo que não sabemos. De
fato, ficar perplexo é constrangedor, um indício de inferioridade intelectual. À medida que vamos
envelhecendo, aos poucos perdemos a capacidade de ficar surpresos. Até as crianças raramente se
surpreendem, ou pelo menos procuram não demonstrar isso. Saber as respostas certas parece ser o
principal; em comparação, considera-se insignificante o saber fazer as perguntas certas.
 
Quiçá seja esta atitude uma razão por que um dos mais enigmáticos fenômenos de nossa vida, os
nossos sonhos, dê margem a pouco espanto e suscite tão poucas perguntas. Todos sonhamos: não
entendemos nossos sonhos,a e no entanto agimos como se de nada estranho corresse em nossas
mentes adormecidasc, estranho ao menos em comparação com as atividades lógicas, deliberadas, de
nossas mentes quando estamos acordados.
 
Quando acordados, somos seres ativos, racionais, ávidos por tentar obter o que desejamos e prontos a
defender-nos contra qualquer ataque. Agimos e observamos; vemos o mundo exterior, talvez não como
seja, mas no mínimo de maneira tal que o possamos usar e manipular. Todavia, também somos bastante
desprovidos de imaginação, e raramente − exceto quando crianças ou se somos poetas − logramos
conceber mais do que meras duplicações dos acontecimentos e tramas de nossa experiência concreta.
Somos eficientes, mas um tanto desenxabidos. Denominamos ao campo de nossa observação diurna
“realidade” e orgulhamo-nos de nosso “realismo”e e de nossa habilidade de manipulá-la.
 
(Adaptado de: FROMM, Erich. A linguagem esquecida. Trad.: VELHO, Octavio Alves. Rio de Janeiro: Editora
Zahar, 1966)
 
Quando acordados, somos seres ativos, racionais, ávidos por tentar obter o que desejamos e prontos a
defender-nos contra qualquer ataque.
 
Considerado o contexto, o elemento sublinhado exerce a mesma função sintática que o também
sublinhado em:
 a) Todos sonhamos: não entendemos nossos sonhos.
 b) então esta verdade é um triste comentário à sabedoria do homem moderno.
 c) e no entanto agimos como se de nada estranho corresse em nossas mentes adormecidas.
 d) Imagina-se que tudo seja conhecido − senão por nós, por algum especialista.
 e) orgulhamo-nos de nosso “realismo”.
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Questão 446: CEPERJ - TecGes Admin (ALEMA)/ALEMA/Revisor (Letras)/2022
Assunto: Funções sintáticas dos pronomes relativos
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.
 
Bem no fundo
No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto.a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela - silêncio perpétuo.
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais.
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.
 
"a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula..."
A expressão sublinhada no fragmento em destaque exerce igual função sintática daquela sublinhada em:
 a) a escolha da carreira deve ser muito bem pensada.
 b) as informações devem ser verificadas sempre.
 c) os desenhos infantis são transmitidos pela manhã.
 d) o ser humano consome muito mais do que precisa.
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Questão 447: FAFIPA - SEsc (Medianeira)/Pref Medianeira/2021
Assunto: Funções sintáticas dos pronomes relativos
O texto seguinte servirá de base para responder a questão.
 
Tartarugas ingerem plástico porque sentem cheiro de comida, sugere estudo
 
Em um experimento, os animais tiveram a mesma reação diante de odores de peixe e plástico sujo.
 
Pesquisadores pensavam que tartarugas marinhas estavam comendo plástico no oceano por causa do
apelo visual que esse tipo de lixo possui. As sacolas que navegam pelos mares, por exemplo, têm
formato bem parecido com o de águas-vivas (um dos petiscos das tartarugas). Mas, agora, um estudo
publicado na Current Biology mostra que o odor do plástico sujo pode ser semelhante ao cheiro de
comida para os animais.
 
Imagine só: sacolas, canudos, garrafas e outros materiais são lançados ao mar. Para esses plásticos se
decomporem, são necessários cerca de 400 anos. Enquanto isso, eles ficam ali vagando e sendo
"embrulhados" por algas, plantas e micróbios - que passam a chamar o lixo de lar.
 
As tartarugas estão acostumadas a nadar longas distâncias guiadas pelo cheiro de camarões e peixes.
Então, vão em busca de um belo almoço e acabam entrando em grandes lixões no meio do mar. Vale
lembrar que elas não são as únicas prejudicadas pelo plástico. Aves e outros animais marinhos também
são vítimas da poluição.
 
Para o experimento, cientistas registraram o comportamento de 15 tartarugas criadas em cativeiro.
 
Os odores de água deionizada (que tem todos os seus minerais removidos) e plástico limpo, por
exemplo, foram ignorados. Por outro lado, as tartarugas saíam atrás de cheiros de comida (peixe fresco)
e plástico bioincrustrado. Levam esse nome pedaços de plástico que sofrem incrustação biológica, isto é,
acúmulo de micro-organismos, plantas e algas.
 
Os cientistas seguem pesquisando formas de evitar que as tartarugas enfrentem esse perigo. Mas claro:
dificilmente os esforços serão suficientes enquanto a poluição oceânica seguir aumentando.
 
Disponível em: <https://super.abril.com.br/ciencia/tartarugas-ingerem-plastico-por-sentirem-cheirode- comida-
sugere-estudo/>. Acesso: 17 mar. 2020.
 
Considere as frases retiradas do texto:
 
I. Enquanto isso, eles ficam ali vagando e sendo "embrulhados" por algas, plantas e micróbios [...]
(2º parágrafo)
II. Vale lembrar que elas não são as únicas prejudicadas pelo plástico. (3º parágrafo)
 
As palavras destacadas nos trechos se referem, do ponto de vista sintático, respectivamente, a:
 a) I. Outros materiais e II. Aves e outros animais marinhos.
 b) I. Outros materiais e II. Tartarugas.
 c) I. Plásticos e II. Aves e outros animais marinhos.
 d) I. Plásticos e II. Tartarugas.
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Questão 448: FCC - AJ (TRE PE)/TRE PE/Judiciária/2011
Assunto: Funções sintáticas dos pronomes relativos
Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.
Bárbaros
A hipocrisia é uma característica comum dos impérios, mas alguns exageram. Quando a rainha Vitória se
declarou chocada com os bárbaros chineses em revolta contra os ingleses, no fim do século XIX, não
mencionou que a revolta era uma reação dos chineses à obrigação de importar o ópio que os ingleses
plantavam na Índia, tendo destruído sua agronomia no processo.
Os ingleses obrigavam os hindus a abandonarem culturas tradicionais para produzir o ópio e foram à
guerra para obrigar os chineses a consumi-lo, num momento particularmente bárbaro de sua história.
Havia sempre bárbaros convenientes nas fronteiras dos impérios: orientais fanáticos, monstros primitivos,
tiranos sanguinários. Legitimavam a conquista colonial, transformando-a em missão civilizadora,
enobreciam a raça conquistadora pelo contraste e – em episódios como o da Guerra do Ópio –
disfarçavam a barbaridade maior dos civilizados alegando a truculência /já esperada de raças inferiores.
As razões do mais forte continuam chamando-se razões históricas. As razões dos mais fracos são
“protestos raivosos desses bárbaros rebeldes”, que teimam em se opor à sua dominação pelos mais
fortes. E como são os vencedores que se encarregam de contar a História...
(Adaptado de Luís Fernando Veríssimo, O mundo é bárbaro)
 
O termo sublinhado em Sabe-se quão barbaramente os ingleses subjugaram os hindus exerce a
função de ......, a mesma função sintática que é exercida por ...... na frase Cometeram-se incontáveis
violências contra os hindus.
Preenchem corretamente as lacunas do enunciado acima, respectivamente:
 a) objeto direto - os hindus.
 b) sujeito - os hindus
 c) sujeito - violências
 d) agente da passiva - os hindus
 e) agente da passiva - violências
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Questão 449: FCC - Ag TH (SANASA)/SANASA/Mecãnico/2019
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Diversos países estão propondo alternativas para enfrentar o problema da poluição oceânica(a), mas, até
o momento, não tomaram quaisquer medidas concretas. A organização holandesa The Ocean Cleanup
resolveu dar um passo à frente(e) e assumir a missão de combater a poluição oceânica nos próximos
anos.
 
A organização desenvolveu uma tecnologia para erradicar os plásticos que poluem os mares do planeta(c)
e pretende começar a limpar o Great Pacific Garbage Patch (a maior coleção de detritos marinhos do
mundo), no Oceano Pacífico Norte, utilizando seu sistema de limpeza recentemente redesenhado.
 
Em resumo, a ideia principal do projeto é deixar as correntes oceânicas fazer todo o trabalho. Uma rede
de telas em forma de “U” coletaria o plástico flutuante(d) até um ponto central. O plástico concentrado(b)
poderia, então, ser extraído e enviado à costa marítima para fins de reciclagem.
 
(Texto adaptado. Disponível em: https://futuroexponencial.com)
 
Considerando que o pronome ele, com suas formas flexionadas ela, eles, elas, pode exercer função de
sujeito, mas não de objeto direto do verbo, a expressão que pode ser substituída por esse pronome está
sublinhada em:
 a) Diversos países estão propondo alternativas para enfrentar o problema da poluição oceânica...
 b) O plástico concentrado poderia, então, ser extraído e enviado à costa marítima para fins de
reciclagem.
 c) A organização desenvolveu uma tecnologia para erradicar os plásticos que poluem os mares do
planeta...
 d) Uma rede de telas em forma de “U” coletaria o plástico flutuante até um ponto central.
 e) A organização holandesa The Ocean Cleanup resolveu dar um passo à frente...
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Questão 450: FCC - Rev (CM Fortal)/CM Fortaleza/2019
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
No livro A velhice, Simone de Beauvoir não apresenta muitas alternativas para construir um olhar positivo
sobre a última fase da vida. Ela tem como propósito fundamental denunciar a conspiração do silêncio e
revelar como a sociedade trata os velhos: eles costumam ser desprezados e estigmatizados. Apesar de
ter consciência de que são inúmeros os problemas relacionados ao processo de envelhecimento,quero
compreender se existe algum caminho para chegar à última fase da vida de uma maneira mais plena e
mais feliz. Encontro na própria Simone de Beauvoir a resposta para esta questão. Ela sugere, nas
entrelinhas de A velhice, um possível caminho(A) para a construção de uma “bela velhice”: o projeto de
vida.
No Brasil temos vários exemplos de “belos velhos”: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Chico
Buarque, Marieta Severo, Rita Lee, entre outros. Duvido que alguém consiga enxergar neles, que já
chegaram ou estão chegando aos 70 anos, um retrato negativo do envelhecimento. São típicos exemplos
de pessoas chamadas “sem idade”.
Fazem parte de uma geração que não aceitará o imperativo “Seja um velho!” ou qualquer outro rótulo
que sempre contestaram. São de uma geração que transformou comportamentos e valores de homens e
mulheres, que inventou diferentes arranjos amorosos(D) e que legitimou novas formas de família. Esses
“belos velhos” inventaram um lugar especial no mundo(E) e se reinventam permanentemente. Continuam
cantando, dançando, criando, amando, brincando, trabalhando, transgredindo tabus. Não se
aposentaram de si mesmos, recusaram as regras que os obrigariam a se comportar como velhos. Não se
tornaram invisíveis, infelizes, deprimidos. Eles, como tantos outros “belos velhos”, rejeitam estereótipos e
dão novos significados ao envelhecimento. Como diz a música de Arnaldo Antunes, “Somos o que somos:
inclassificáveis”.
Desde muito cedo, somos livres para fazer escolhas. “A liberdade é o que você faz com o que a vida fez
com você”. Esta máxima existencialista é fundamental(B) para compreender a construção de um projeto
de vida. O projeto de cada indivíduo pode ser traçado desde a infância(C), mas também pode ser
construído ou modificado nas diferentes fases da vida, pois a ênfase existencialista se coloca no exercício
permanente da liberdade de escolha e da responsabilidade individual na construção de um projeto de
vida que dê significado às nossas existências até os últimos dias.
(Adaptado de: GOLDENBERG, Mirian. A bela velhice. Record. edição digital)
 
... recusaram as regras que os obrigariam a se comportar como velhos.
O elemento sublinhado na frase acima possui a mesma função sintática que o sublinhado em:
 a) Ela sugere, nas entrelinhas de A velhice, um possível caminho
 b) Esta máxima existencialista é fundamental
 c) O projeto de cada indivíduo pode ser traçado desde a infância
 d) que inventou diferentes arranjos amorosos
 e) Esses “belos velhos” inventaram um lugar especial no mundo
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Questão 451: FCC - Prof (SEC BA)/SEC BA/Linguagem/Língua Portuguesa/2018
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Considere o texto abaixo.
A decisão de ler
Os jovens passam o dia lendo. A frase deveria animar todos, só que não. São mensagens monossilábicas
em celulares, acrescidas de pequenas imagens, um jejum de ideias e abundância de onomatopeias. [...]
A maneira de registrar a escrita é gêmea xifópaga do pensamento rápido. É um espoucar de emojis [...]
Desaparece a acentuação, somem vogais, omitem-se sinais de pausas como vírgulas e chovem
exclamações. Subordinadas faleceram há anos, subjuntivo está em fossilização avançada [...] Língua é
viva e sempre foi transformada pelos usuários. É necessário refletir sobre o dinamismo dela e seus novos
suportes.
[...] Convivo com jovens há mais de três décadas. A inteligência não diminuiu [...] Aumentou o apreço
pelo discurso direto, pela imagem e pela velocidade.
[...] Jovens estarão sempre “antenados” em seus aparelhos, especialmente se o entorno contiver adultos,
professores ou gente que fala outra língua geracional. Talvez seja uma boa defesa mesmo. Quero dar
outras.
Uma obra clássica contraria tudo o que eles leem no smartphone. Ela resiste ao primeiro contato,
apresenta uma experiência prolongada que demanda foco por muito mais tempo do que uma “tuitada”.
Orações longas, palavras desconhecidas, narrativas detalhistas, erudição e referências em cascata:
muitas pedras na estrada do leitor superficial. [...] os clássicos representam uma jornada que muda o
leitor peregrino. Ler detidamente o Hamlet [...] de Shakespeare ou o D. Quixote de Cervantes produz
uma mudança permanente [...] A frase de celular, o desenho animado e o meme divertido constituem
jujubas vermelhas, doces e agradáveis. Um segundo e pluft! Foi-se o sabor e a experiência. Cervantes
pede que você se sente, coloque o guardanapo sobre o colo, respire fundo, abra em silêncio as páginas e
comece um banquete demorado, semanas [...], meses [...] releia, até ter aprendido a degustar todas as
sutilezas apresentadas.
Se o leitor-comensal se permitiu, terminará satisfeito, melhor, alimentado, transformado por dentro. Ele
poderá continuar com jujubas vermelhas, [...] mas terá um outro olhar [...] vislumbrará de forma original
para o mundo onde todos repetem as mesmas ideias no banho-maria eterno do cotidiano.
[...] O mundo do futuro é o da inteligência.
(KARNAL, Leandro. A decisão d
e ler. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 19 nov. 2017. Caderno 2. p. 9)
 
No que diz respeito à construção sintática do enunciado “Me empreste o seu livro”, verifica-se que a
formulação é característica da linguagem coloquial do Brasil e que o pronome clítico desempenha a
função de
 a) complemento nominal.
 b) sujeito.
 c) objeto direto.
 d) vocativo.
 e) objeto indireto.
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Questão 452: FCC - Med Trab (METRO SP)/METRO SP/2016
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.
 
Nascido nos Estados Unidos da América em 30 de abril de 1916, Claude E. Shannon obteve o título de
doutor no MIT, em 1937, com trabalho notável em "Álgebra de Boole", propondo circuitos elétricos
capazes de executar as principais operações da Lógica clássica.
 
Quatro anos antes (23 de junho de 1912) de seu nascimento, em Londres, nascera Allan M. Turing, que
também se interessou por encontrar meios de realizar operações lógicas e aritméticas, fazendo uso de
máquinas. Suas ideias resultaram no importante conceito de "Máquina de Turing", paradigma abstrato
para a computação, apresentado durante seus estudos, no King's College, em Cambridge, no ano de
1936. Entre 1936 e 1938, Turing viveu em Princeton-NJ onde realizou seu doutorado estudando
problemas relativos à criptografia.
 
Assim, Shannon e Turing, de maneira independente, trabalhavam, simultaneamente, em comunicações e
computação, dois tópicos que, combinados, hoje proporcionam recursos antes inimagináveis para o
mundo moderno das artes, da ciência, da medicina, da tecnologia e das interações sociais.
 
Contemporaneamente à eclosão da Segunda Guerra Mundial, Shannon e Turing gestavam ideias
abstratas sofisticadas, tentando associá-las ao mundo concreto das máquinas que, gradativamente,
tornavam-se fatores de melhoria da qualidade de vida das populações.
 
A Segunda Grande Guerra utilizou-se de tecnologias sofisticadas para a destruição. Os bombardeios
aéreos causaram muitas mortes e devastaram cidades. Evitá-los e preveni-los eram questões de vida ou
morte e, para tanto, ouvir as comunicações dos inimigos e decifrar seus códigos era uma atividade
indispensável.
 
Os países do eixo tinham desenvolvido sofisticadas técnicas de comunicação criptografada utilizada para
planejar ataques inesperados às forças aliadas. Shannon e Turing, então, com seu conhecimento
sofisticado da matemática da informação deduziram as regras alemãs de codificação, levando os aliados
a salvar muitas de suas posições de ataques nazistas.
 
Pode-se dizer que uma boa parte da inteligência de guerra dos aliados vinha desses dois cérebros
privilegiados.
 
Finda a guerra, Shannon passou a trabalhar nos laboratórios Bell, propondo a "Teoria da Informação",
em 1948. Com carreira profícua, notável pela longevidade e muitos trabalhos importantes,deixou sua
marca nas origens das comunicações digitais. Faleceu aos 85 anos (em 24 de fevereiro de 2001),
deixando grande legado intelectual e tecnológico.
 
Turing, após o término da guerra, ingressou como pesquisador da Universidade de Manchester, sofrendo
ampla perseguição por ser homossexual. Mesmo vivendo na avançada Inglaterra, foi condenado à
castração química, em 1952. Essa sequência de dissabores levou-o ao suicídio, em 7 de junho de 1954.
 
Shannon viu sua teoria transformar o mundo, com o nascimento da internet. Turing, entretanto, não viu
sua máquina se transformar em lap-tops e tablets que hoje povoam, até, o imaginário infantil.
 
(PIQUEIRA, José Roberto Castilho. “Breve contextualização histórica”, In: “Complexidade computacional e medida da
informação: caminhos de Turing e Shannon”, Estudos Avançados, Universidade de São Paulo, v. 30, n. 87,
Maio/Agosto 2016, p.340-1)
 
A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os necessários ajustes, foi feita
corretamente em:
 a) gestavam ideias abstratas sofisticadas = gestavam-nas
 b) obteve o título de doutor = obteve-no
 c) deduziram as regras alemãs de codificação = lhes deduziram
 d) povoam [...] o imaginário infantil = povoam-lo
 e) decifrar seus códigos = decifrar-lhes
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Questão 453: FCC - ATE (SEFAZ PI)/SEFAZ PI/2015
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.
“O povo não gosta de música clássica”
Estudante de Letras, mal chegado à faculdade, comecei a dar aulas de Português numa escola pública da
periferia da cidade. Estava feliz porque gostei do trabalho de professor, nessa escola estadual
frequentada sobretudo por comerciários, office boys, aprendizes de ofício, feirantes etc. Éramos quase
todos da mesma idade, havia camaradagem entre nós.
Um dia convidei um grupinho dos mais chegados pra ir à minha casa ouvir música. “Música clássica”,
adverti. Preparei um programinha meio didático, dentro da sequência histórica, com peças mais ou
menos breves que iam do canto gregoriano a Villa-Lobos. Comentava as diferenças de estilo, de
sentimento, de complexidade. A sessão toda durou quase duas horas, incluindo minhas tagarelices.
Gostaram muito.
Dois ou três dias depois, um deles (pobre, como os outros) apareceu na aula com um embrulho na mão.
“Professor, comprei hoje isso pra mim. O senhor acha que essa música é boa?” Era um LP de
Tchaikovsky, talvez com sinfonias ou aberturas, não me lembro. Disse que sim, e ele saiu todo sorridente.
Imaginei a cena do dia: ele entrando numa casa de disco do centro da cidade e pedindo um “disco de
música clássica”. Venderam-lhe uma gravação barata, nacional.
Ao final do ano letivo despediu-se de mim (sairia da escola, concluído o primeiro grau) e me deixou na
mão um bilhetinho. Não decorei as palavras, que eram poucas, mais ou menos estas: “Professor, muito
obrigado por me fazer gostar de música clássica”. Desmoronei um pouco, pensando em como este país
poderia ser diferente. Não lhe disse, na hora, que a gente pode gostar naturalmente de qualquer música:
é preciso que não obstruam nosso acesso a todos os gêneros musicais. E embora seja quase impossível
que estas palavras cheguem ao meu antigo aluno, pergunto-lhe agora, com mais de quatro décadas de
atraso: “Então, seu Carlos, gostou do Tchaikovsky?”
(Teotônio Ramires, inédito)
 
Na frase As músicas ...... eu lhes ia dando informação foram ouvidas pelos alunos com uma
compenetração ...... sinceridade ninguém poderia duvidar, preenchem adequadamente as lacunas:
 a) sobre cujas − cuja
 b) de que − na qual
 c) com que − onde a
 d) sobre as quais − de cuja
 e) pelas quais − da qual
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Questão 454: FCC - ATE (SEFAZ PI)/SEFAZ PI/2015
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.
A lanterninha
Apaguei todas as luzes, e não foi por economia; foi porque me deram uma lanterna de bolso, e tive a
ideia de fazer a experiência de luz errante.
A casa, com seus corredores, portas, móveis e ângulos que recebiam iluminação plena, passou a ser um
lugar estranho, variável, em que só se viam seções de paredes e objetos, nunca a totalidade. E as seções
giravam, desapareciam, transformavam- se. Isso me encantou. Eu descobria outra casa dentro da casa.
A lanterna passava pelas coisas com uma fantasia criativa e destrutiva que subvertia o real. Mas que é o
real, senão o acaso da iluminação? Apurei que as coisas não existem por si, mas pela claridade que as
modela e projeta em nossa percepção visual. E que a luz é Deus.
A partir daí entronizei minha lanterninha em pequeno nicho colocado na estante, e dispensei-me de ler
os tratados que me perturbavam a consciência. Todas as noites retiro-a de lá e mergulho no divino. Até
que um dia me canse e tenha de inventar outra divindade.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985, p. 25)
 
Ganhei uma lanterna e passei a explorar a lanterna, projetando a luz que emanava da lanterna para
transfigurar os cantos e objetos familiares da casa, dotando a lanterna desse poder divino de criar as
coisas ao mesmo tempo que ilumina as coisas.
Evitam-se as viciosas repetições acima substituindo-se os segmentos sublinhados, na ordem dada, por:
 a) explorar-lhe − lhe emanava − dotando-a − ilumina-as
 b) explorá-la − a emanava − dotando-lhe − as ilumina
 c) a explorar − nela emanava − dotando-lhe − lhes ilumina
 d) lhe explorar − emanava dela − dotando-a − ilumina-lhes
 e) explorá-la − dela emanava − dotando-a − as ilumina
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Questão 455: FCC - AFRE RJ/SEFAZ RJ/2014
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Atenção: Para responder à questão, considere o texto a seguir:
[Dois fragmentos sobre História]
A História não é uma ciência. É uma ficção. Vou mais longe: assim como ocorre na ficção, há na História
uma tentativa de reconstruir a realidade por meio de um processo de seleção de materiais. Os
historiadores apresentam uma realidade cronológica, linear, lógica. Mas a verdade é que se trata de uma
montagem, fundada sobre um ponto de vista. A História é escrita sob um prisma masculino. A História é
escrita na perspectiva dos vencedores. Se fosse feita pelas mulheres ou pelos vencidos, seria outra.
Enfim, há uma História dos que têm voz e uma outra, não contada, dos que não a têm. (...)
Que diabo é a verdade histórica? Só algo que foi desenhado, e depois esse desenho estabelecido foi
cercado de escuro para que a única imagem que pudesse ser vista fosse a que se quer mostrar como
verdade. Nossa tarefa é tirar todo o escuro, saber o que é que ficou sem ser mostrado.
 
(Adaptado de: SARAMAGO, José. As palavras de Saramago. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 254)
 
 
Ao se defrontar com a História, Saramago submete a História a uma rigorosa análise, considerando a
História como um discurso, atribuindo à História certo caráter ficcional, que compromete a transparência
da História.
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem
dada, por:
 a) submete-a − considerando-a − atribuindo-lhe − lhe compromete a transparência
 b) lhe submete − considerando-a − atribuindo-lhe − compromete-lhe a transparência
 c) a submete − considerando-lhe − atribuindo-a − lhe compromete a transparência
 d) submete-a − a considerando − atribuindo-na − lhe compromete a transparência
 e) submete-lhe − a considerando − atribuindo-a − compromete-lhe a transparência
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Questão 456: FCC - Proc Leg (CamMun SP)/CM SP/2014
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Atenção: Para responder à questão, considere texto abaixo.
Educaçãoe ecologia
Dentro de um projeto educacional consistente, a ecologia teria uma dupla face: a de ciência
multidisciplinar por natureza e a de antídoto contra a ideologia do crescimento bruto, deformação
grotesca do ideal desenvolvimentista. Em face da destruição do ambiente, a escola deveria induzir o
aluno a perguntar: o que o capital está fazendo com a nossa casa, a nossa paisagem, a nossa cidade?
Parar para pensar: esse também seria o lema de um currículo que poderia explorar a fundo o significado
e a prática dos direitos humanos. A disciplina central, aqui, é sempre a História, que ilumina as ciências
sociais, da economia à política, da antropologia à sociologia. A educação existe para nos dar renovado
ânimo em face de um cotidiano que timbra em nos desanimar.
(Adaptado de Alfredo Bosi − “Menos kits, melhores professores”. São Paulo: Carta Capital, ano XIX, n. 781)
 
A ecologia pode ser vista como uma ciência central, quem se dedica à ecologia saberá como aproveitar a
ecologia para articular os vários segmentos da atividade humana que cabe à ecologia harmonizar.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo- se os segmentos sublinhados, na ordem
dada, por:
 a) se lhe dedica − aproveitar-lhe − lhe cabe
 b) à ela se dedica − aproveitá-la − cabe-lhe
 c) se lhe dedica − aproveitá-la − caiba a ela
 d) a ela se dedica − aproveitá-la − lhe cabe
 e) a ela dedica-se − aproveitar-lhe − cabe-lhe
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Questão 457: FCC - Ana Leg (ALEPE)/ALEPE/Biblioteconomia/2014
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Sobre palavras
Nossa língua escrita e falada numa abordagem irreverente
02/02/2012
Consultório
‘No aguardo’, isso está certo?
“Parece que virou praga: de dez e-mails de trabalho que me chegam, sete ou oito terminam dizendo ‘no
aguardo de um retorno’! Ou outra frase parecida com esta, mas sempre incluindo a palavra ‘aguardo’.
Isso está certo? Que diabo de palavra é esse ‘aguardo’ que não é verbo? Gostaria de conhecer suas
considerações a respeito.” (Virgílio Mendes Neto)
Virgílio tem razão: uma praga de “no aguardo” anda infestando nossa língua. Convém tomar cuidado,
nem que seja por educação: antes de entrarmos nos aspectos propriamente linguísticos da questão, vale
refletir por um minuto sobre o que há de rude numa fórmula de comunicação que poderia ser traduzida
mais ou menos assim: “Estou aqui esperando, vê se responde logo!”.
(Onde terá ido parar um clichê consagrado da polidez como “Agradeço antecipadamente sua resposta”?
Resposta possível: foi aposentado compulsoriamente ao lado de outros bordados verbais do tempo das
cartas manuscritas, porque o meio digital privilegia as mensagens diretas e não tem tempo a perder com
hipocrisias. O que equivale a dizer que, sendo o meio a mensagem, como ensinou o teórico da
comunicação Marshall McLuhan, a internet é casca-grossa por natureza. Será mesmo?)
Quanto à questão da existência, bem, o substantivo “aguardo” existe acima de qualquer dúvida. O
dicionário da Academia das Ciências de Lisboa não o reconhece, mas isso se explica: estamos diante de
um regionalismo brasileiro, um termo que tem vigência restrita ao território nacional. Desde que foi
dicionarizado pela primeira vez, por Cândido de Figueiredo, em 1899, não faltam lexicógrafos para lhe
conferir “foros de cidade”, como diria Machado de Assis. Trata-se de um vocábulo formado por derivação
regressiva a partir do verbo aguardar. Tal processo, que já era comum no latim, é o mesmo por meio do
qual, por exemplo, do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica.
 
Considerada a norma culta escrita, há correta substituição de estrutura nominal por pronome em:
 a) Agradeço antecipadamente sua resposta // Agradeço-lhes antecipadamente.
 b) do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica. // do verbo fabricar se extraiu-lhe.
 c) não faltam lexicógrafos // não faltam-os.
 d) Gostaria de conhecer suas considerações // Gostaria de conhecê-las.
 e) incluindo a palavra ‘aguardo’ // incluindo ela.
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Questão 458: FCC - ACE (TCE-GO)/TCE GO/Contabilidade/2014
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
O cerrado, vegetação seca que cobre o estado de Goiás, é considerado o segundo maior bioma brasileiro.
Ao viajar pelo estado, chama a atenção quando se vê em um pasto imenso, lá no meio, a coloração viva
do ipê. Entretanto, essa vegetação vem sofrendo com o avanço das monoculturas.
Professor de agronomia da Universidade Federal de Goiás, Wilson Mozena acredita que esse cenário de
preocupação ambiental vem mudando, principalmente com projetos como o Programa Agricultura de
Baixa Emissão de Carbono.
Para o professor, a monocultura é a maior vilã da terra. O pesquisador explica que os sistemas de
integração e de plantio direto promovem benefícios vitais para o solo. O esquema de plantio em que se
varia o tipo de planta, colocando, por exemplo, milho junto com eucalipto, auxilia tanto no “sequestro”
do carbono como na manutenção de uma terra fértil. “Nesse sistema, junto com o milho, planta-se a
semente da forrageira [planta usada para alimentar o gado]. O milho nasce e essa planta fica na sombra
até quando o milho é colhido para o gado pastar, explica.
Já o sequestro do carbono contribui para diminuir a emissão de gases de efeito estufa. Quando a terra é
arada os restos são incorporados e os micro-organismos que decompõem esses restos morrem sem
alimento e o carbono vai para a atmosfera. “Quando se deixam nutrientes no solo, os micro- -organismos
aumentam para decompor os nutrientes e ficam na terra se alimentando. O carbono permanece com
eles, não subindo para a atmosfera”.
(Adaptado de: MARCELINO, Sarah Teófilo. “Fazenda em
Goiás mantém a esperança da preservação do cerrado”. Disponível em: http://sustentabilidade.estadao.com.br.
Acessado em: 25/09/14)
 
A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente foi realizada de modo correto em:
 a) para decompor os nutrientes = para decompô-lo
 b) que cobre o estado de Goiás = que lhe cobre
 c) que decompõem esses restos = que lhes decompõem
 d) para diminuir a emissão de gases de efeito estufa = para diminuí-los
 e) promovem benefícios vitais para o solo = promovem-nos
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Questão 459: FCC - AJ TRT19/TRT 19/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2014
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
 
No texto abaixo, Graciliano Ramos narra seu encontro com Nise da Silveira.
 
Chamaram-me da porta: uma das mulheres recolhidas à sala 4 desejava falar comigo. Estranhei. Quem
seria? E onde ficava a sala 4? Um sujeito conduziu-me ao fim da plataforma, subiu o corrimão e daí, com
agilidade forte, galgou uma janela. Esteve alguns minutos conversando, gesticulando, pulou no chão e
convidou-me a substituí-lo. Que? Trepar-me àquelas alturas, com tamancos?
 
Examinei a distância, receoso, descalcei-me, resolvi tentar a difícil acrobacia. A desconhecida amiga
exigia de mim um sacrifício; a perna, estragada na operação, movia-se lenta e perra; se me
desequilibrasse, iria esborrachar-me no pavimento inferior. Não houve desastre. Numa passada larga,
atingi o vão da janela; agarrei-me aos varões de ferro, olhei o exterior, zonzo, sem perceber direito por
que me achava ali. Uma voz chegou-me, fraca, mas no primeiro instante não atinei com a pessoa que
falava. Enxerguei o pátio, o vestíbulo, a escada já vista no dia anterior. No patamar, abaixo de meu
observatório, uma cortina de lona ocultava a Praça Vermelha. Junto, à direita, além de uma grade larga,
distingui afinal uma senhora pálida e magra, de olhos fixos, arregalados. O rosto moço revelava fadiga,
aos cabelos negros misturavam-se alguns fiosgrisalhos. Referiu-se a Maceió, apresentou-se:
 
− Nise da Silveira.
 
Noutro lugar o encontro me daria prazer. O que senti foi surpresa, lamentei ver minha conterrânea fora
do mundo, longe da profissão, do hospital, dos seus queridos loucos. Sabia-a culta e boa, Rachel de
Queiroz me afirmara a grandeza moral daquela pessoinha tímida, sempre a esquivar-se, a reduzir-se,
como a escusar-se de tomar espaço. Nunca me havia aparecido criatura mais simpática. O marido,
também médico, era meu velho conhecido Mário Magalhães. Pedi notícias dele: estava em liberdade. E
calei-me, num vivo constrangimento.
 
De pijama, sem sapatos, seguro à verga preta, achei-me ridículo e vazio; certamente causava impressão
muito infeliz. Nise, acanhada, tinha um sorriso doce, fitava-me os bugalhos enormes, e isto me agravava
a perturbação, magnetizava-me. Balbuciou imprecisões, guardou silêncio, provavelmente se arrependeu
de me haver convidado para deixar-me assim confuso.
 
(RAMOS, Graciliano, Memórias do Cárcere, vol. 1. São Paulo, Record, 1996, p. 340 e 341)
 
... lamentei ver minha conterrânea... / ... atingi o vão da janela... / ... aos cabelos negros misturavam-se
alguns fios grisalhos.
 
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos grifados podem ser substituídos, respectivamente,
pelos seguintes pronomes:
 a) -la − -lo − -lhe
 b) -a − -la − -os
 c) -la − -o − -lhes
 d) -a − -o − -lhes
 e) -la − -lo − -los
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Questão 460: FCC - Adm (SERGAS)/SERGAS/2013
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
 
Os governos e os parlamentos devem achar que a astronomia é uma das ciências que custam mais caro:
o menor instrumento custa centenas de milhares de francos; o menor observatório custa milhões; cada
eclipse acarreta depois de si despesas suplementares. E tudo isso para astros que ficam tão distantes,
que são completamente estranhos às nossas lutas eleitorais, e provavelmente jamais desempenharão
qualquer papel nelas. É impossível que nossos homens políticos não tenham conservado um resto de
idealismo, um vago instinto daquilo que é grande; realmente, creio que eles foram caluniados; convém
encorajá-los, e lhes mostrar que esse instinto não os engana, e que não são logrados por esse idealismo.
Bem poderíamos lhes falar da navegação, cuja importância ninguém ignora, e que tem necessidade da
astronomia. Mas isso seria abordar a questão por seu lado menos importante.
A astronomia é útil porque nos eleva acima de nós mesmos; é útil porque é grande; é útil porque é bela;
é isso que se precisa dizer. É ela que nos mostra o quanto o homem é pequeno no corpo e o quanto é
grande no espírito, já que essa imensidão resplandecente, onde seu corpo não passa de um ponto
obscuro, sua inteligência pode abarcar inteira, e dela fruir a silenciosa harmonia. Atingimos assim a
consciência de nossa força, e isso é uma coisa pela qual jamais pagaríamos caro demais, porque essa
consciência nos torna mais fortes.
Mas o que eu gostaria de mostrar, antes de tudo, é a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras
ciências, mais diretamente úteis, porque foi ela que nos proporcionou um espírito capaz de compreender
a natureza.
 
[Adaptado de Henri Poincaré (1854-1912). O valor da ciência. Tradução Maria Helena Franco Martins. Rio de
Janeiro: Contraponto, 1995, p.101]
Considerados os necessários ajustes, a substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente
foi realizada de modo INCORRETO em:
 a) Atingimos [...] a consciência de nossa força = Atingimo-la.
 b) cada eclipse acarreta [...] despesas suplementares = cada eclipse as acarreta.
 c) que são [...] estranhos às nossas lutas = que lhes são estranhos.
 d) jamais desempenharão qualquer papel = jamais o desempenharão.
 e) Mas isso seria abordar a questão = Mas isso seria abordar-lhe.
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Questão 461: FCC - ADP (DPE SP)/DPE SP/Administrador de Redes/2013
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Atenção: Para responder às questão, considere o texto abaixo.
 
Alguns mapas e textos do século XVII apresentam-nos a vila de São Paulo como centro de amplo sistema
de estradas expandindo-se rumo ao sertão e à costa. Os toscos desenhos e os nomes estropiados
desorientam, não raro, quem pretenda servir-se desses documentos para a elucidação de algum ponto
obscuro de nossa geografia histórica. Recordam-nos, entretanto, a singular importância dessas estradas
para a região de Piratininga, cujos destinos aparecem assim representados em um panorama simbólico.
Neste caso, como em quase tudo, os adventícios deveram habituar-se às soluções e muitas vezes aos
recursos materiais dos primitivos moradores da terra. Às estreitas veredas e atalhos que estes tinham
aberto para uso próprio, nada acrescentariam aqueles de considerável, ao menos durante os primeiros
tempos. Para o sertanista branco ou mamaluco, o incipiente sistema de viação que aqui encontrou foi um
auxiliar tão prestimoso e necessário quanto o fora para o indígena. Donos de uma capacidade de
orientação nas brenhas selvagens, em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, mestre e
colaborador inigualável nas entradas, sabiam os paulistas como transpor pelas passagens mais
convenientes as matas espessas ou as montanhas aprumadas, e como escolher sítio para fazer pouso e
plantar mantimentos.
Eram de vária espécie esses tênues e rudimentares caminhos de índios. Quando em terreno fragoso e
bem vestido, distinguiam-se graças aos galhos cortados a mão de espaço a espaço. Uma sequência de
tais galhos, em qualquer floresta, podia significar uma pista. Nas expedições breves serviam de balizas
ou mostradores para a volta. Era o processo chamado ibapaá, segundo Montoya, caapeno, segundo o
padre João Daniel, cuapaba, segundo Martius, ou ainda caapepena, segundo Stradelli: talvez o mais
generalizado, não só no Brasil como em quase todo o continente americano. Onde houvesse arvoredo
grosso, os caminhos eram comumente assinalados a golpes de machado nos troncos mais robustos. Em
campos extensos, chegavam em alguns casos a extremos de sutileza. Koch-Grünberg viu uma dessas
marcas de caminho na serra de Tunuí: constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes
desiguais, a maior metida na terra, e a outra, em ângulo reto com a primeira, mostrando o rio. Só a um
olhar muito exercitado seria perceptível o sinal.
 
 
 
(Sérgio Buarque de Holanda. Caminhos e fronteiras. 3.ed. S. Paulo: Cia. das Letras, 1994. p.19-20)
 
A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os necessários ajustes, foi
realizada de modo INCORRETO em:
 a) mostrando o rio = mostrando-o.
 b) como escolher sítio = como escolhê-lo.
 c) transpor [...] as matas espessas = transpor-lhes.
 d) Às estreitas veredas [...] nada acrescentariam = nada lhes acrescentariam.
 e) viu uma dessas marcas = viu uma delas.
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Questão 462: FCC - Cons Leg (ALPB)/ALPB/2013
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
Na história da moderna literatura brasileira, a obra de José Lins do Rego representa uma época, uma
corrente de pensamento dentro da atividade criadora na ficção. Confluíram em seus livros caminhos de
diversas origens, raízes aflorantes no solo e outras de mais longa viagem subterrânea, as primeiras de
contemporâneos em tentativas recentes e as segundas de nomes mais antigos na história do romance
brasileiro.
Mas o menino José − José Lins do Rego Cavalcanti −, nascido aos 3 de junho de 1901, no engenho
Corredor, município de Pilar, Estado da Paraíba, já trazia consigo outras raízes que iria acrescentar a
essas heranças. Raízes do sangue e da terra, que vinham de João do Rego Cavalcanti e Amélia do RegoCavalcanti, seus pais, passando de geração em geração por outros homens e mulheres sempre ligados
ao mundo rural do Nordeste açucareiro.
Seu primeiro livro − Menino de engenho − é chave de uma obra que se revelou de importância
fundamental na história do moderno romance brasileiro. O escritor mesmo, certa vez, em artigo de
jornal, contou alguma coisa a respeito do livro de estreia: “O livro foi oferecido a todos os editores
nacionais, de todos recebeu um não seco, quando não me deram o calado como resposta. Só mais tarde
uma editora desconhecida, com dinheiro do meu bolso, publicaria a novela. Havia por esse tempo a
revolução de São Paulo e, apesar da convulsão, esgotou-se em três meses. Uma edição de 2000
exemplares foi quase toda vendida no Rio”.
Além das opiniões elogiosas da crítica, o livro mereceu também o prêmio de romance da Fundação Graça
Aranha, o que consolidou sem dúvida a posição do estreante, que então se lança ao trabalho com maior
entusiasmo e ímpeto criador, para oferecer no ano seguinte − 1933 − o segundo livro do “Ciclo da Cana-
de-Açúcar” − Doidinho. Daí por diante sua obra não conheceu interrupções maiores. A partir de
Banguê, em 1934, seus livros trazem então uma nova e definitiva chancela editorial − Livraria José
Olympio Editora. No ano seguinte, 1935, José Lins publicaria Moleque Ricardo, penúltima parte do
ciclo, que ficará definitivamente encerrado com o aparecimento de Usina, em 1936.
(Adaptado de Wilson Lousada. Breve notícia-vida de José Lins do Rego. Usina. 7. ed. Rio de Janeiro: José Olympio,
1973. p. XI-XVI)
A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os necessários ajustes, foi
realizada corretamente em:
 a) o que consolidou sem dúvida a posição do estreante = o que sem dúvida lhe consolidou
 b) seus livros trazem [...] uma nova e definitiva chance-la editorial = seus livros trazem-la
 c) que iria acrescentar a essas heranças = que lhes iria acrescentar
 d) o livro mereceu [...] o prêmio = o livro mereceu-no
 e) uma editora desconhecida [...] publicaria a novela = uma editora desconhecida lhe publicaria
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Questão 463: FCC - AJ TRT15/TRT 15/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Atenção: Leia o texto abaixo para responder à questão.
Todos os dias, acompanhamos na televisão, nos jornais e revistas as catástrofes climáticas e as
mudanças que estão ocorrendo, rapidamente, no clima mundial. Nunca se viram mudanças tão rápidas e
com efeitos devastadores como têm ocorrido nos últimos anos.
Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aquecimento global está ocorrendo em função do
aumento da emissão de gases poluentes, principalmente derivados da queima de combustíveis fósseis
(gasolina, diesel etc.) na atmosfera. Esses gases (ozônio, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e
monóxido de carbono) formam uma camada de poluentes de difícil dispersão, causando o famoso efeito
estufa. Esse fenômeno ocorre, porque esses gases absorvem grande parte da radiação infravermelha
emitida pela Terra, dificultando a dispersão do calor.
O desmatamento e a queimada de florestas e matas também colaboram para esse processo. Os raios do
Sol atingem o solo e irradiam calor na atmosfera. Como esta camada de poluentes dificulta a dispersão
do calor, o resultado é o aumento da temperatura global. Embora este fenômeno ocorra de forma mais
evidente nas grandes cidades, já se verificam suas consequências no aquecimento global.
(Adaptado de: http://www.suapesquisa.com/geografia/ aquecimento_ global.htm)
 
Os raios do Sol podem atingir o solo e irradiar calor na atmosfera, informam os pesquisadores à
população.
Reescrevendo a frase e substituindo-se os termos em negrito pelos pronomes pessoais, o correto é:
 a) Os raios do Sol podem atingi-lo e irradiar calor na atmosfera, informaram-lhe os pesquisadores.
 b) Os raios do Sol podem lhe atingir e irradiar calor na atmosfera, a informamos pesquisadores.
 c) Os raios do Sol podem atingir-lhe e irradiar calor na atmosfera, informam-na os pesquisadores.
 d) Os raios do Sol podem atingir-lhe e irradiar calor na atmosfera, informam-lhes os pesquisadores.
 e) Os raios do Sol podem o atingir e irradiar calor na atmosfera, lhes informam os pesquisadores.
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Questão 464: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Administrativa/Contabilidade/2023
Assunto: Questões mescladas de sintaxe
Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo:
 
No voo da caneta
 
Numa das cartas ao seu amigo Mário de Andrade, assegurava-lhe o poeta Carlos Drummond de Andrade
que era com uma caneta na mão que costumava viver as suas maiores emoções.
 
Comentando isso numa das minhas aulas de Literatura, atentei para a reação de um jovem aluno: um
visível sentimento de piedade por aquele “poeta sitiado e infeliz, homem de gabinete, tímido mineiro que
não se atirou à vida” tal como em seguida ele me explicou sua reação.
 
Não tive como lhe dizer, naquele momento, que entre as tantas formas de se atirar à vida está a de se
valer de uma caneta para perseguir poemas e achar as falas humanas mais urgentes e precisas,
essenciais para quem as diz, indispensáveis para quem as ouve, vivas para dentro e para além do tempo
e do espaço imediatos. Espero que o jovem aluno logo tenha se convencido de que um poeta torna
aberto para todos o universo reflexivo de sua intimidade, onde também podemos reconhecer algo da
nossa.
 
(Aldair Rômulo Siqueira, a publicar)
 
Na frase um poeta torna aberto para todos o universo reflexivo de sua intimidade,
 a) o termo aberto qualifica o objeto direto universo reflexivo.
 b) sua intimidade refere-se ao termo todos.
 c) para todos é um exemplo de vocativo.
 d) ocorre uma indeterminação do sujeito em um poeta.
 e) o verbo tornar está conjugado na voz passiva.
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Questão 465: FCC - TJ TRT18/TRT 18/Administrativa/Agente de Policia Judicial/2023
Assunto: Questões mescladas de sintaxe
Atenção: Leia a crônica “Pai de família sem plantação”, de Paulo Mendes Campos, para responder à
questão.
 
Sempre me lembro da história exemplar de um mineiro que veio até a capital, zanzou por aqui, e voltou
para contar em casa os assombros da cidade. Seu velho pai balançou a cabeça; fazendo da própria
dúvida a sua sabedoria: “É, meu filho, tudo isso pode ser muito bonito, mas pai de família que não tem
plantação, não sei não...”
 
Às vezes morro de nostalgia. São momentos de sinceridade, nos quais todo o meu ser denuncia minha
falsa condição de morador do Rio de Janeiro. A trepidação desta cidade não é minha. Sou mais, muito
mais, querendo ou não querendo, de uma indolência de sol parado e gerânios. Minha terra é outra,
minha gente não é esta, meu tempo é mais pausado, meus assuntos são mais humildes, minha fala,
mais arrastada. O milho pendoou? Vamos ao pasto dos Macacos matar codorna? A vaca do coronel já
deu cria? Desta literatura rural é que preciso.
 
Eis em torno de mim, a cingir-me como um anel, o Rio de Janeiro. Velozes automóveis me perseguem
na rua, novos edifícios crescem fazendo barulho em meus ouvidos, a guerra comercial não me dá
tréguas, o clamor do telefone me põe a funcionar sem querer, a vaga se espraia e repercute no meu
peito, minha inocência não percebe o negócio de milhões articulado com um sorriso e um aperto de
mão. Pois eu não sou daqui.
 
Vivo em apartamento só por ter cedido a uma perversão coletiva; nasci em casa de dois planos, o de
cima, da família, sobre tábuas lavadas, claro e sem segredos, e o de baixo, das crianças, o porão escuro,
onde a vida se tece de nada, de pressentimentos, de imaginação, do estofo dos sonhos. A maciez das
mãos que me cumprimentam na cidade tem qualquer coisa de peixe e mentira; não sou desta viração
mesclada de maresia; não sei comereste prato vermelho e argênteo de crustáceos; não entendo os
sinais que os navios trocam na cerração além da minha janela. Confio mais em mãos calosas, meus
sentidos querem uma brisa à boca da noite cheirando a capim-gordura; um prato de tutu e torresmos
para minha fome; e quando o trem distante apitasse na calada, pelo menos eu saberia em que
sentimentos desfalecer.
 
Ando bem sem automóvel, mas sinto falta de uma charrete. Com um matungo que me criasse amizade,
eu visitaria o vigário, o médico, o turco, o promotor que lê Victor Hugo, o italiano que tem uma horta, o
ateu local, o criminoso da cadeia, todos eles muitos meus amigos. Se aqui não vou à igreja, lá pelo
menos frequentaria a doçura do adro, olhando o cemitério em aclive sobre a encosta, emoldurado em
muros brancos. Aqui jaz Paulo Mendes Campos. Por favor, engavetem-me com simplicidade do lado da
sombra. É tudo o que peço. E não é preciso rezar por minha alma desgovernada.
 
(Adaptado de: CAMPOS, Paulo Mendes. Balé do pato. São Paulo: Ática, 2012)
Expressão expletiva é uma expressão que não exerce função sintática. (Adaptado de: BECHARA, Evanildo.
Moderna gramática portuguesa, 2009)
 
Constitui uma expressão expletiva o que está sublinhado em:
 a) Desta literatura rural é que preciso.
 b) Sempre me lembro da história exemplar.
 c) Vivo em apartamento só por ter cedido a uma perversão coletiva.
 d) Pois eu não sou daqui.
 e) Às vezes morro de nostalgia.
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Questão 466: FCC - Prof P (SEDU ES)/SEDU ES/Ensino Fundamental e
Médio/Pedagogo/2022
Assunto: Questões mescladas de sintaxe
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
 
A ingaia ciência
A madureza, essa terrível prenda
que alguém nos dá, raptando-nos, com ela,
todo sabor gratuito de oferenda
sob a glacialidade de uma estela,
a madureza vê, posto que a venda
interrompa a surpresa da janela,
o círculo vazioII, onde se estenda,
e que o mundo converte numa cela.
A madurezaI sabe o preço exato
dos amoresIII, dos ócios, dos quebrantos,
e nada pode contra sua ciência
e nem contra si mesma. O agudo olfato,
o agudo olhar, a mão, livre de encantos,
se destroem no sonho da existência.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro Enigma)
 
Leia atentamente as afirmações abaixo.
I. O sentido da primeira frase do poema, que se inicia em “A madureza”, completa-se ao final do 4o
verso.
II. O trecho o círculo vazio possui a mesma função sintática do trecho o mundo (2a estrofe).
III. O eu lírico emprega o presente do indicativo a fim de enunciar verdades eternas, como no
trecho A madureza sabe o preço exato // dos amores.
Está correto o que se afirma APENAS em
 a) I.
 b) II.
 c) I e II.
 d) III.
 e) II e III.
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Questão 467: FCC - AJ TRT22/TRT 22/Área Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador
Federal/2022
Assunto: Questões mescladas de sintaxe
Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
Lembram-se da história de Tristão e Isolda? O enredo gira em torno da transformação da relação entre
os dois protagonistasb. Isolda pede à criada, Brangena, que lhe prepare uma poção letal,e mas, em vez
disso, ela prepara-lhe um “filtro de amor”, que tanto Tristão como Isolda bebem sem saber o efeito que
irá produzir. A misteriosa bebida desperta neles a mais profunda das paixões e arrasta-os para um
êxtase que nada consegue dissipar − nem sequer o fato de ambos estarem traindo infamemente o
bondoso rei Mark. Na ópera Tristão e Isolda, Richard Wagner captou a força da ligação entre os amantes
numa das passagens mais exaltadas da história da música. Devemos interrogar-nos sobre o que o atraiu
para essa históriad e por que motivo milhões de pessoas, durante mais de um século, têm partilhado o
fascínio de Wagner por ela.
 
A resposta à primeira pergunta é que a composição celebrava uma paixão semelhante e muito real da
vida de Wagner. Wagner e Mathilde Wesendonck tinham se apaixonado de forma não menos insensata,
se considerarmos que Mathilde era a mulher do generoso benfeitor de Wagner e que Wagner era um
homem casadoa. Wagner tinha sentido as forças ocultas e indomáveis que por vezes conseguem se
sobrepor à vontade própria e que, na ausência de explicações mais adequadas, têm sido atribuídas à
magia ou ao destino. A resposta à segunda questão é um desafio ainda mais atraente.
 
Existem, com efeito, poções em nossos organismos e cérebrosc capazes de impor comportamentos que
podemos ser capazes ou não de eliminar por meio da chamada força de vontade. Um exemplo
elementar é a substância química oxitocina. No caso dos mamíferos, incluindo os seres humanos, essa
substância é produzida tanto no cérebro como no corpo. De modo geral, influencia toda uma série de
comportamentos, facilita as interações sociais e induz a ligação entre os parceiros amorosos.
 
Não há dúvida de que os seres humanos estão constantemente usando muitos dos efeitos da oxitocina,
conquanto tenham aprendido a evitar, em determinadas circunstâncias, os efeitos que podem vir a não
ser bons. Não se deve esquecer que o filtro de amor não trouxe bons resultados para o Tristão e Isolda
de Wagner. Ao fim de três horas de espetáculo, eles encontram uma morte desoladora.
 
(Adaptado de: DAMÁSIO, António. O erro de Descartes. São Paulo: Companhia das Letras, edição digital)
 
A misteriosa bebida desperta neles a mais profunda das paixões.
 
No contexto em que se encontra, o segmento sublinhado acima exerce a mesma função sintática do que
está também sublinhado em:
 a) Wagner era um homem casado.
 b) O enredo gira em torno da transformação da relação entre os dois protagonistas.
 c) Existem, com efeito, poções em nossos organismos e cérebros
 d) o que o atraiu para essa história
 e) Isolda pede à criada, Brangena, que lhe prepare uma poção letal.
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Questão 468: FCC - Ana Proc (PGE AM)/PGE AM/2022
Assunto: Questões mescladas de sintaxe
Considere o texto abaixo para responder a questão.
Quando me acontecer alguma pecúnia, passante de um milhão de cruzeiros, compro uma ilha; não
muito longe do litoral, que o litoral faz falta; nem tão perto, também, que de lá possa eu aspirar a
fumaça e a graxa do porto. Minha ilha ficará no justo ponto de latitude e longitude que, pondo-me a
coberto de ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasiado dos homens nem me obrigue a praticá-
los diuturnamente. Porque esta é a ciência e, direi, a arte do bem viver; uma fuga relativa, e uma não
muito estouvada confraternização.
 
De há muito sonho esta ilha, se é que não a sonhei sempre. Se é que a não sonhamos sempre.
Objetais-me: “Como podemos amar as ilhas, se buscamos o centro mesmo da ação?” Engajados; vosso
engajamento é a vossa ilha, dissimulada e transportável. Por onde fordes, ela irá convosco. Significa a
evasão daquilo para que toda alma necessariamente tende, ou seja, a gratuidade dos gestos naturais, o
cultivo das formas espontâneas, o gosto de ser um com os bichos, as espécies vegetais, os fenômenos
atmosféricos.
 
E por que nos seduz a ilha? As composições de sombra e luz, o esmalte da relva, a cristalinidade dos
regatos – tudo isso existe fora das ilhas, não é privilégio delas. A mesma solidão existe nos mais
diversos locais, inclusive os de população densa, em terra firme.
 
A ilha me satisfaz por ser uma porção curta de terra (falo de ilhas individuais, não me tentam aventuras
marajoaras), um resumo prático dos estirões deste vasto mundo, sem os inconvenientes dele, e com a
vantagem de ser uma ficção sem deixar de constituir uma realidade. A casa junto ao mar, que já foi
razoável delícia, passou a ser um pecado, depois que se desinventou a relação entre homem, paisagem
e morada. O progresso técnico teve isto de retrógrado: esqueceu-se do fim a que se propusera. Acabou
com qualquer veleidade de amar a vida,que ele tornou muito confortável, mas invisível. Fez-se numa
escala de massas, esquecendo-se do indivíduo, e nenhuma central elétrica será capaz de produzir aquilo
de que cada um de nós carece na cidade excessivamente iluminada: certa penumbra. O progresso nos
dá tanta coisa, que não nos sobra nada nem para desejar nem para jogar fora. Tudo é inútil e
atravancador. A ilha sugere uma negação disto.
 
Serão admitidos poetas? Em que número? Se foram proscritos das repúblicas, pareceria cruel bani-los
também da ilha de recreio. Contudo, devem comportar-se como se poetas não fossem: pondo de lado o
tecnicismo, a excessiva preocupação literária, o misto de esteticismo e frialdade que costuma necrosar
os artistas. Sejam homens razoáveis, carentes, humildes, inclinados à pesca e à corrida a pé. Não levem
para a ilha os problemas de hegemonia e ciúme.
 
Por aí se observa que a ilha mais paradisíaca pede regulamentação, e que os perigos da convivência
urbana estão presentes. Tanto melhor, porque não se quer uma ilha perfeita, senão um modesto
território banhado de água por todos os lados e onde não seja obrigatório salvar o mundo.
 
A ideia de fuga tem sido alvo de crítica severa nos últimos anos, como se fosse ignominioso, por
exemplo, fugir de um perigo, de um sofrimento, de uma chateação. Como se devesse o homem
consumir-se numa fogueira perene.
 
Estas reflexões descosidas procuram apenas recordar que há motivos para ir às ilhas.
 
(ANDRADE, Carlos Drummond de. “Divagação sobre as ilhas”. In: Passeios na ilha. São Paulo: Companhia das
Letras, 2020, p.15-19)
 
Tudo é inútil e atravancador (4º parágrafo).
 
O termo sublinhado acima exerce, no contexto, a mesma função sintática do que se encontra também
sublinhado em:
 a) A ideia de fuga tem sido alvo de crítica severa nos últimos anos (7º parágrafo).
 b) A casa junto ao mar, que já foi razoável delícia (4º parágrafo).
 c) nenhuma central elétrica será capaz de produzir aquilo de que cada um de nós carece na cidade
excessivamente iluminada (7º parágrafo).
 d) senão um modesto território banhado de água por todos os lados e onde não seja obrigatório
salvar o mundo (6º parágrafo).
 e) Como se devesse o homem consumir-se numa fogueira perene (7º parágrafo).
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Questão 469: FCC - Proc (SANASA)/SANASA/Jurídico/2019
Assunto: Questões mescladas de sintaxe
Estação de águas
 
Esta poética designação – estação de águas – nada tem a ver, como eu imaginava quando menino, com
alguma estação de trem onde chovesse muito e tudo se inundasse. Em criança a gente tende a entender
tudo meio que literalmente. “Estação de águas”, soube depois, indica aqui a época, a temporada ou
mesmo a estância em que as pessoas se dispõem a um lazer imperturbado ou a algum tratamento de
saúde baseado nas específicas qualidades medicinais das águas de uma região. Água para se beber ou
para se banhar, conforme o caso. Tais estâncias associam-se, por isso mesmo, a lugares atrativos, ao
turismo de quem procura, além de melhor saúde, a tranquilidade e o repouso que via de regra elas
oferecem a quem as visita ou nelas se hospeda.
 
Em meio ao turbilhão da vida moderna ainda se encontra nessas paragens um oásis de sossego e
descompromisso com o tempo. O desafio pode estar, justamente, em saber o que fazer com um longo
dia de ócio, em despovoar a cabeça das imagens tumultuosas trazidas da cidade grande. Nessas
pequenas estâncias, o relógio da matriz opera num ritmo lerdo e preguiçoso, em apoio à calmaria
daquele mundo instituído para que nada de grave ou agitado aconteça. Os visitantes velhinhos dormitam
no banco da praça, as velhinhas vão atrás de algum artesanato, os jovens se entediam, os turistas
adultos se dividem entre absorver a paz reinante e planejar as tarefas da volta.
 
Não se sabe quanto tempo ainda durará essa rara oportunidade de paz. As informações do mundo de
hoje circulam o tempo todo pelos nervosos celulares, a velocidade da vida digital é implacável e não
tolera espaços de vazio ou tempos vazios. Mas enquanto não morrer de todo o interesse de se cultuar a
vida interior, experiência possível nessas estâncias sossegadas, não convém desprezar a sensação
acolhedora de pertencer a um mundo sem pressa.
 
(Péricles Moura e Silva, inédito)
 
Está plenamente clara e adequada a redação deste livre comentário sobre o texto:
 a) Não se devem entender estações de águas como aquele menino que lhes tomava como lugares
aonde ocorressem inundações.
 b) A tranquilidade e o repouso são qualidades de vida em cujas precisam desfrutar as pessoas
atormentadas pelos tumultos que se assolam nas metrópoles.
 c) A passagem do tempo numa pacata estância interiorana parece decorrer, tal como sinaliza o relógio
da matriz, numa morosidade surpreendente.
 d) As reações de velhinhos e jovens numa estância tranquila aparentemente adviria do mesmo
sentimento de tédio, mas é preciso discriminar entre ambas.
 e) A velocidade que nas cidades modernas se imprimem nas pessoas é de tal ordem que muitas já se
esqueceram do ritmo que nos impõe as pequenas estâncias.
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Questão 470: FCC - Cons Tec (CM Fortal)/CM Fortaleza/Legislativo/2019
Assunto: Questões mescladas de sintaxe
Toda a estrutura de nossa sociedade colonial teve sua base fora dos meios urbanos.(C) É preciso
considerar esse fato para se compreenderem exatamente as condições que, por via direta ou indireta,
nos governaram até mesmo depois de proclamada nossa independência política e cujos reflexos não se
apagaram ainda hoje.
Se [...] não foi a rigor uma civilização agrícola o que os portugueses instauraram no Brasil, foi, sem
dúvida, uma civilização de raízes rurais. É efetivamente nas propriedades rústicas que toda a vida da
colônia se concentra(A) durante os séculos iniciais da ocupação europeia: as cidades são virtualmente, se
não de fato, simples dependências delas. Com pouco exagero pode dizer-se que tal situação não se
modificou essencialmente até à Abolição(E). 1888 representa o marco divisório entre duas épocas; em
nossa evolução nacional, essa data assume significado singular e incomparável.
Na Monarquia eram ainda os fazendeiros escravocratas e eram filhos de fazendeiros, educados nas
profissões liberais, quem monopolizava(D) a política, elegendo-se ou fazendo eleger seus candidatos,
dominando os parlamentos, os ministérios, em geral todas as posições de mando, e fundando a
estabilidade das instituições nesse incontestado domínio.
Tão incontestado, em realidade, que muitos representantes da classe dos antigos senhores puderam,
com frequência, dar-se ao luxo de inclinações antitradicionalistas e mesmo empreender alguns dos mais
importantes movimentos liberais que já operaram em nossa história. A eles, de certo modo, também se
deve o bom êxito de progressos materiais que tenderiam a arruinar a situação tradicional,(B) minando
aos poucos o prestígio de sua classe e o principal esteio em que descansava esse prestígio, ou seja, o
trabalho escravo.
(HOLANDA, Sérgio Buarque
de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p.85-86)
 
Em alguns dos mais importantes movimentos liberais que já operaram em nossa história (4º parágrafo),
o termo sublinhado exerce a mesma função sintática do termo sublinhado em:
 a) É efetivamente nas propriedades rústicas que toda a vida da colônia se concentra
 b) progressos materiais que tenderiam a arruinar a situação tradicional.
 c) Toda a estrutura de nossa sociedade colonial teve sua base fora dos meios urbanos.
 d) eram ainda os fazendeiros escravocratas e eram filhos de fazendeiros, educados nas profissões
liberais, quem monopolizava a política
 e) tal situação não se modificou essencialmente até à Abolição
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Questão 471: FCC - ADG Jr (METRO SP)/METRO SP/Administração de Empresas/2019
Assunto:Questões mescladas de sintaxe
Atenção: Considere o texto abaixo, para responder à questão.
Sem deixar de reconhecer seus méritos, o crítico Richard Brody classificou “Parasita”, do coreano Bong
Joon-ho, como um filme conservador. Entre outras coisas, por expressar a urgência de uma correção da
ordem social e econômica, sem romper com as regras do entretenimento comercial.
Já entendemos que as coisas perderam o rumo, mas continuamos caminhando para o precipício. Bong se
apoia nesse consenso para transmitir uma parábola admonitória que nos faz rir ao mesmo tempo que
nos confronta com nosso próprio suicídio.
Ortega y Gasset dizia que a comédia era um gênero que confirmava o poder do que já está estabelecido:
o indivíduo que se encontra fora das estruturas torna-se ridículo, cômico. Bong inverte a lógica. Ridículo
é quem ainda acredita na normalidade das estruturas.(E)
Já nos primeiros minutos, o protagonista, filho de uma família de párias, considera, diante da miséria à
sua volta, o quanto “tudo é metafórico”.(A) Na comédia proposta por Bong, para falar do estado
insustentável da desigualdade no mundo, as metáforas são evidentes.(C) Rimos do que já entendemos.
O filme opõe uma família de desempregados, condenados a viver como parasitas, a uma família de ricos
frívolos(B), enredados em pequenas neuroses e ambições previsíveis, entre os muros que os separam da
realidade.
Atentos às menores chances de sobrevivência, em pouco tempo pai, mãe e os dois filhos da família
pobre estarão ocupando cargos de confiança na casa dos ricos, graças a uma série de circunstâncias.
A casa onde vivem os ricos, representativa de uma tradição moderna de elegância e conforto
minimalista, é mal-assombrada, a julgar pelas visões do filho menor.(D)
O que se instila na parábola de Bong Joon-ho é um conservadorismo estético. É fato que o estado
político, social e econômico do mundo desautorizou as ambições da modernidade. A casa da família rica,
em seu empenho modernista, não só não resolve a desigualdade econômica como a esconde, encobre,
transforma-a em fantasma.
9. Mesmo ironizando o projeto modernista, o cineasta não rompe, por razões táticas, com as regras do
sistema de entretenimento que acompanha essa mesma ordem desigual. É como se o discurso artístico
também precisasse reduzir-se ao mais básico e consensual entendimento das coisas (as metáforas
imediatamente reconhecíveis por todos), evitando as contradições e o mistério que são a matéria de uma
arte de ruptura.
Em “Parasita” não há desejo de ruptura nem revolução. Com a ponderação típica de um conto moral, ele
nos exorta a salvar o que ainda não desmoronou.
(Adaptado de: CARVALHO, Bernardo. Disponível em: www.folha.uol.com.br)
Ortega y Gasset dizia que a comédia era um gênero literário que confirmava o poder do que já está
estabelecido. No contexto, o trecho sublinhado acima exerce a mesma função sintática que o também
sublinhado em:
 a) Já nos primeiros minutos, o protagonista, filho de uma família de párias, considera, diante da
miséria à sua volta, o quanto “tudo é metafórico”
 b) O filme opõe uma família de desempregados, condenados a viver como parasitas, a uma família de
ricos frívolos
 c) Na comédia proposta por Bong, para falar do estado insustentável da desigualdade no mundo, as
metáforas são evidentes
 d) A casa onde vivem os ricos [...] a julgar pelas visões do filho menor
 e) Ridículo é quem ainda acredita na normalidade das estruturas
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Questão 472: FCC - Ep Sau (Pref Macapá)/Pref Macapá/Administrador Hospitalar/2018
Assunto: Questões mescladas de sintaxe
Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
Os intelectuais e a escrita
Poderia uma função social para os intelectuais − quer dizer, poderiam os próprios intelectuais − ter
existido antes da invenção da escrita? Dificilmente. Sempre houve uma função social para xamãs,
sacerdotes, magos e outros servos(A) e senhores de ritos, e é de supor que também para aqueles que
hoje chamaríamos de artistas. Mas como existir intelectuais antes da invenção de um sistema de
escrita(B) e de números que precisava ser manipulado, compreendido, interpretado, aprendido e
preservado? Entretanto, com o advento desses modernos instrumentos de comunicação, cálculo e, acima
de tudo, memória, as exíguas minorias que dominavam essas habilidades provavelmente exerceram mais
poder social durante uma época do que os intelectuais jamais voltaram a exercer.
Os que dominavam a escrita, como nas primeiras cidades das primeiras economias agrárias da
Mesopotâmia, puderam se tornar o primeiro “clero”(C), classe de governantes sacerdotais. Até os séculos
XIX e XX, o monopólio da capacidade de ler e escrever no mundo alfabetizado e a instrução necessária
para dominá-la também implicavam um monopólio de poder(D), protegido da competição pelo
conhecimento de línguas escritas especializadas, ritual ou culturalmente prestigiosa.
De outro lado, a pena jamais teve mais poder do que a espada. Os guerreiros sempre conquistaram os
escritores, mas sem estes últimos não poderia ter havido nem Estados(E), nem grandes economias, nem,
menos ainda, os grandes impérios históricos do mundo antigo.
(Adaptado de: HOBSBAWM, Eric. Tempos fraturados. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 226-227)
São exemplos de uma mesma função sintática os elementos sublinhados na frase:
 a) Sempre houve uma função social para xamãs, sacerdotes, magos e outros servos.
 b) Mas como existir intelectuais antes da invenção da escrita?
 c) Os que dominavam a escrita puderam se tornar o primeiro clero.
 d) O monopólio da capacidade de ler e escrever no mundo alfabetizado e a instrução necessária para
dominá-lo implicavam um monopólio de poder.
 e) Os guerreiros sempre conquistaram os escritores, mas sem estes últimos jamais poderia ter havido
Estados.
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Questão 473: FCC - Adm (Pref Macapá)/Pref Macapá/2018
Assunto: Questões mescladas de sintaxe
Atenção: Considere o texto a seguir para responder à questão.
Totó é da família
Cunhados talvez não sejam parentes, mas o Totó decididamente o é. Está em julgamento no STJ uma
ação na qual um ex-marido reivindica o direito de visitação à cadela(D) da raça yorkshire que havia sido
comprada pelo casal e acabou ficando com a mulher. Ele alega que a ex-companheira o impede de ver a
cachorrinha, causando-lhe "intensa angústia".
Tudo caminha para que os animais de estimação se integrem(C) cada vez mais, no plano afetivo e
jurídico, à família. Mas há um limite para isso. Não creio que bichos poderão um dia ser titulares de
direitos em sua plenitude, como querem os militantes mais entusiasmados.
O fato é que, para gozar da plenitude de direitos(B), é preciso possuir, ao menos em potência, a
capacidade de cumprir deveres, o que exige algum grau de consciência. Animais podem, contudo, ser
pacientes morais, como crianças e outros humanos considerados incapazes.
Nesse campo, porém, estamos condenados a agir com incoerência(E). Queremos proteger nossos
animais de estimação, mas não abrimos mão do hambúrguer nem da pesquisa médica e biotecnológica,
que depende do sacrifício de cobaias. O critério é só emotivo(A), já que, do ponto de vista da biologia,
Totó é um parente mais afastado dos humanos do que os ratinhos de laboratório.
(Adaptado de: SCHWARTSMAN, Hélio. Disponível em: www.folha.uol.com.br)
A expressão sublinhada no trecho como querem os militantes mais entusiasmados tem função
sintática equivalente à também sublinhada em:
 a) O critério é só emotivo...
 b) para gozar da plenitude de direitos...
 c) Tudo caminha para que os animais de estimação se integrem...
 d) um ex-marido reivindica o direito de visitação à cadela...
 e) estamos condenados a agir com incoerência.
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Questão 474: FCC - Ass Sc (PrefMacapá)/Pref Macapá/2018
Assunto: Questões mescladas de sintaxe
Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
 
Alguns acordam felizes às 6h, enquanto outros maldizem a vida.
O Nobel de Medicina de 2017 foi para os descobridores de mecanismos moleculares envolvidos no ritmo
circadiano, graças aos quais as células realizam suas funções em ciclos de 24 horas.
Entre esses mecanismos estão os que regulam as alternâncias de sono e vigília.
Sempre existiram madrugadores e notívagos, comportamentos interpretados como características
individuais sob o controle da razão. No entanto, estudos recentes demonstram que o horário preferido
para dormir obedece a uma curva em forma de sino: num dos extremos, os madrugadores; no outro, os
notívagos. De ambos os lados, no topo do sino, a maioria.
Em outras palavras, cada um de nós tem um cronótipo. Entretanto, como são rígidos os horários para o
início das atividades diárias, o cronótipo individual é forçado a adaptar-se às normas sociais.
Esse relógio interno fica sob o controle dos genes, propriedade que o torna independente da força de
vontade. Você, leitor, será uma pessoa da manhã ou da noite pela vida inteira, a menos que a disciplina
cotidiana por anos consecutivos ou os efeitos do envelhecimento alterem o ritmo do relógio interno.
Há evidências de que a falta de sincronismo entre o relógio interno e o despertador que faz pular da
cama esteja associada a doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes e depressão.
O ritmo circadiano não controla apenas o sono humano, mas a produção de hormônios,
neurotransmissores, proteínas e outras substâncias químicas necessárias para o metabolismo dos seres
vivos. O funcionamento de cada célula obedece à alternância de dias e noites.
Os ciclos circadianos resultam do movimento de rotação da Terra. São uma característica intrínseca à
vida em nosso planeta.
O organismo procura organizar sua rotina de modo a dar conta de nossas ações. Por exemplo,
produzimos a maior parte da insulina logo pela manhã, com o objetivo de metabolizar a primeira refeição
do dia. Na maioria dos notívagos, o pico de alerta acontece ao redor das 10h. Neles, a menor
temperatura corpórea, característica das horas de sono, só é atingida de madrugada, e a liberação
matinal de cortisol, o hormônio do estresse, também é retardada.
Aqueles que gostam de dormir tarde costumam ser mais sensíveis à exposição à luz durante o período
noturno. Hoje, as telas de TVs, computadores e celulares colaboram para mantê-los em vigília.
Depois que o cronótipo se estabelece é frustrante contrariá-lo. O descompasso inerente a esse “jet lag
social” se deve ao fato de que a sociedade considera virtuosos os que madrugam e desregrados os que
vão dormir às 4h.
(Adaptado de: VARELLA, Drauzio. Disponível em folha.uol.com.br.)
 
Sempre existiram madrugadores e notívagos... (4º parágrafo)
O segmento sublinhado acima possui a mesma função sintática do que se encontra também sublinhado
em:
 a) ... a sociedade considera virtuosos os que madrugam...
 b) ... o cronótipo individual é forçado a adaptar-se às normas sociais...
 c) Há evidências de que a falta de sincronismo entre o relógio interno e o despertador...
 d) O organismo procura organizar sua rotina de modo a dar conta de nossas ações.
 e) Entre esses mecanismos estão os que regulam as alternâncias de sono e vigília.
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Questão 475: FCC - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Taquígrafo Especialista/2018
Assunto: Questões mescladas de sintaxe
A crítica sistemática da ligação entre discurso e poder adquire plena evidência na Idade Moderna,
sobretudo a partir da luta que a cultura renascentista empreende contra a força da tradição eclesiástica e
contra os preconceitos da nobreza e da monarquia por direito divino.
O combate acendeu-se à medida que o conhecimento científico precisou enfrentar a ditadura do magister
dixit1 aristotélico relançada pela Contrarreforma. A ciência cumpria então o objetivo de instaurar os
métodos confiáveis da experiência e da indução e os procedimentos da dedução matemática. Para tanto,
era necessário dissipar a névoa cerrada dos falsos conceitos que impediam o exercício do olhar racional
da nova Astronomia e da nova Física.
Remover o princípio de autoridade foi a tarefa que se propuseram Erasmo e Rabelais, precedidos pela
perícia filológica dos humanistas italianos do século XV. Lorenzo Valla, entre outros tantos, examinou
documentos medievais e desmentiu a versão canônica da doação das terras vaticanas que o imperador
Constantino teria feito ao bispo de Roma. A sua análise linguística provou que o latim do diploma de
doação era “bárbaro”; um texto forjado, portanto, cuja língua não correspondia ao estilo oficial romano
do século IV.
A denúncia das correntes hegemônicas, expressa em geral em tom satírico, terá sido o primeiro passo
para constituir uma noção crítica de ideologia, antes mesmo do aparecimento do termo, que é do fim do
século XVIII. O Dictionnaire étymologique2 de Albert Dauzat dá como seu criador o filósofo Destutt de
Tracy, em 1796.
A ruptura de um grupo intelectual ou de um movimento político com o estilo de pensar dominante abre
neste a ferida do dissenso. Um pensamento de oposição traz consigo o momento da negatividade,
contesta a autoridade, tida por natural, do poder estabelecido, acusa as suas incoerências e, muitas
vezes, assume estrategicamente o olhar de um outro capaz de erodir a pseudovalidade do discurso
corrente. Os períodos de crise cultural engendraram a suspeita de que pode não ser verdadeiro ou justo
o sistema de valores que “toda gente” admite sem maiores dúvidas.
(Trecho citado de: BOSI, Alfredo. Ideologia e contraideologia: temas e variações. São Paulo, Companhia das Letras,
2010, p. 13-14.)
1 magister dixit: expressão latina que equivale a “o mestre disse”;
2 Dictionnaire étymologique: Dicionário etimológico.
 
A sua análise linguística provou que o latim do diploma de doação era “bárbaro”...
Apresenta a mesma função sintática do segmento sublinhado no trecho o que também está sublinhado
em
 a) Para tanto, era necessário dissipar a névoa cerrada dos falsos conceitos que impediam o exercício
do olhar racional da nova Astronomia e da nova Física.
 b) A sua análise linguística provou que o latim do diploma de doação era “bárbaro”; um texto forjado,
portanto, cuja língua não correspondia ao estilo oficial romano do século IV.
 c) Os períodos de crise cultural engendraram a suspeita de que pode não ser verdadeiro ou justo o
sistema de valores que “toda gente” admite sem maiores dúvidas.
 d) Para tanto, era necessário dissipar a névoa cerrada dos falsos conceitos que impediam o exercício
do olhar racional da nova Astronomia e da nova Física.
 e) Lorenzo Valla, entre outros tantos, examinou documentos medievais e desmentiu a versão
canônica da doação das terras vaticanas que o imperador Constantino teria feito ao bispo de Roma. (3º
parágrafo)
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Questão 476: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2023
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
 
[Acerca da “Igualdade”]
 
“Liberdade, Igualdade, Fraternidade” foi o grito de guerra da Revolução Francesa. Hoje há disciplinas
inteiras − ramos da filosofia, da ciência política e dos estudos jurídicos − que têm a “igualdade” como
tema central de estudos. Todos concordam que a igualdade é um valor; ninguém parece concordar
quanto ao que se refere o termo. Igualdade de oportunidades? Igualdade de condições? Igualdade
formal perante a lei?
 
Estaremos falando de uma ideologia, a crença de que todos na sociedade deveriam ser iguais − claro
que não em todos os aspectos, mas nos mais importantes? Ou será uma sociedade em que as pessoas
são efetivamente iguais? O que isso significaria de fato,na prática, em ambos os casos? Que todos os
membros da sociedade têm igual acesso à terra, ou tratam uns aos outros com igual dignidade, ou são
igualmente livres para expor suas opiniões em assembleias públicas?
 
A igualdade seria o apagamento do indivíduo ou a celebração do indivíduo? Numa sociedade, por
exemplo, em que os mais poderosos são tratados como divindades e tomam as decisões mais
importantes, é possível falar em igualdade? E as relações de gênero? Muitas sociedades tratadas como
“igualitárias” na verdade têm seu igualitarismo restrito aos homens adultos. Em casos assim, podemos
falar em igualdade de gêneros?
 
Como não existe nenhuma resposta clara e consensual a questões desse tipo, o uso do termo
“igualitário” tem levado a discussões infindáveis. Para alguns teóricos do século XVII, a igualdade se
manifestava no estado da Natureza. Igualdade, pois, seria um termo definido por omissão: identificaria
uma humanidade que pudesse estar livre depois de removidas todas as armadilhas da civilização. Povos
“igualitários” seriam, pois, aqueles sem príncipes, sem juízes, sem inspetores, sem sacerdotes,
possivelmente sem cidades, sem escrita ou sequer agricultura. Seriam sociedades de iguais apenas no
sentido estrito de que estariam ausentes todos os sinais mais evidentes de desigualdade.
 
Não há dúvida, pensando-se sempre no ideal de “igualdade”, de que algo deu muito errado no mundo.
Uma ínfima parte da população controla o destino de quase todos os outros, e de uma maneira cada vez
mais desastrosa.
 
(Adaptado de: GRAEBER, David, e WENGROW, David. O despertar de tudo − Uma nova história da
humanidade. Trad. Denise Bottmann e Claudio Marcondes. São Paulo: Companhia das Letras, 2022, p. 91 a 94,
passim)
 
É plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
 a) Diga-me, então: se você acha de fato pertinente esse quadro de definições, do termo “igualdade”.
 b) Eu desejaria saber qual a dificuldade, que se apresenta, desde sempre para se definir o que é
igualdade?
 c) Sem dúvida não há consenso: devido ao fato de um conceito como este ser, dúbio já na raiz.
 d) Há ainda os que esperam, apesar de tudo, que um dia se estabeleça, como prática real, um
efetivo igualitarismo.
 e) O conceito de igualitarismo, desde sempre vacilante aguarda, que sua prática, enfim venha a se
dar, entre os que nele confiam.
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Questão 477: FCC - Sold (CBM BA)/CBM BA/2023
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Leia o texto abaixo para responder a questão.
 
Medo da eternidade
 
Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade. Quando eu era muito pequena
ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que
espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o
mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.
 
Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:
 
– Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira.
 
– Como não acaba? – Parei um instante na rua, perplexa.
 
– Não acaba nunca, e pronto.
 
Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a
pequena pastilha cor- -de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia
acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para
chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão
inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta.
 
Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.
 
– E agora que é que eu faço? – perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver.
 
– Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a
mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.
 
Perder a eternidade? Nunca.
 
O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-
nos para a escola.
 
– Acabou-se o docinho. E agora?
 
– Agora mastigue para sempre.
 
Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa
cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na
verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie
de medo, como se tem diante da ideia de eternidade ou de infinito.
 
Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu
mastigava obedientemente, sem parar.
 
Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair
no chão de areia.
 
– Olha só o que me aconteceu! – disse eu em fingidos espanto e tristeza. – Agora não posso mastigar
mais! A bala acabou!
 
– Já lhe disse – repetiu minha irmã – que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de
noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não
fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.
 
Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara
dizendo que o chicle caíra da boca por acaso.
 
Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.
 
(LISPECTOR, Clarice. Jornal do Brasil, 06 de jun. de 1970)
 
Justifica-se o uso de vírgulas pelo mesmo motivo que o do trecho A menos que você perca, eu já perdi
vários. (9º parágrafo) em:
 a) Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca. (7º parágrafo)
 b) Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na
cama. (18º parágrafo)
 c) Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou: (2º
parágrafo)
 d) – Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. (3º parágrafo)
 e) [...] um dia lhe dou outro, e esse você não perderá. (18º parágrafo)
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Questão 478: FCC - Sold (PM BA)/PM BA/2023
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Para responder a questão, leia a crônica O importuno, de Carlos Drummond de Andrade, publicada
originalmente em 13/07/1966.
 
− Que negócio é esse? Ninguém me atende?
 
A muito custo, atenderam; isto é, confessaram que não podiam atender, por causa do jogo com a
Bulgária.
 
− Mas que tenho eu com o jogo com a Bulgária, façam-me o favor? E os senhores por acaso foram
escalados para jogar?
 
O chefe da seção aproximou-se, apaziguador:
 
− Desculpe, cavalheiro. Queira voltar na quinta-feira, 14. Quinta-feira não haverá jogo, estaremos mais
tranquilos.
 
− Mas prometeram que meu papel ficaria pronto hoje sem falta.
 
− Foi um lapso do funcionário que lhe prometeu tal coisa. Ele não se lembrou da Bulgária. O Brasil
lutando com a Bulgária, o senhor quer que o nosso pessoal tenha cabeça fria para informar papéis?
 
− Perdão, o jogo vai ser logo mais, às quinze horas. É meio-dia, e já estão torcendo?
 
− Ah, meu caro senhor, não critique nossos bravos companheiros, que fizeram o sacrifício de vir à
repartição trabalhar quando podiam ficar em casa ou na rua, participando da emoção do povo…
 
− Se vieram trabalhar, por que não trabalham?
 
− Porque não podem, ouviu? Porque não podem. O senhor está ficando impertinente. Aliás, disse logo
de saída que não tinha nada com o jogo com a Bulgária! O Brasil em guerra − porque é uma verdadeira
guerra, como revelam os jornais − nos campos da Europa, e o senhor, indiferente, alienado,
perguntando por um vago papel, uma coisinha individual, insignificante, em face dos interesses da
pátria!
 
− Muito bem! Muito bem! −funcionários batiam palmas.
 
− Mas, perdão, eu… eu…
 
− Já sei que vai se desculpar. O momento não é para dissensões. O momento é de união nacional,
cérebros e corações uníssonos. Vamos, cavalheiro, não perturbe a preparação espiritual dos meus
colegas, que estão analisando a Seleção Búlgara e descobrindo meios de frustrar a marcação de Pelé. O
senhor acha bem o 4-2-4 ou prefere o 4-3-3?
 
− Bem, eu… eu…
 
− Compreendo que não queira opinar. É muita responsabilidade. Eu aliás não forço opinião de ninguém.
Esta algazarra que o senhor está vendo resulta da ampla liberdade de opinião com que se discute a
formação do selecionado. Todos querem ajudar, por isso cada um tem sua ideia própria, que não se
ajusta com a ideia do outro, mas o resultado é admirável. A unidade pela diversidade. Na hora da
batalha, formamos uma frente única.
 
− Está certo, mas será que, voltando na quinta-feira, eu encontro o meu papel pronto mesmo?
 
− Ah, o senhor é terrível, nem numa hora dessas esquece o seu papelzinho! Eu disse quinta-feira? Sim,
certamente, pois é dia de folga no campeonato. Mas espere aí, com quatro jogos na quarta-feira, e o
gasto de energia que isso determina, como é que eu posso garantir o seu papel para quinta-feira? Quer
saber de uma coisa? Seja razoável, meu amigo, procure colaborar. Procure ser bom brasileiro, volte em
agosto, na segunda quinzena de agosto é melhor, depois de comemorarmos a conquista do Tri.
 
− E… se não conquistarmos?
 
− Não diga uma besteira dessas! Sai, azar! Vá-se embora, antes que eu perca a cabeça e…
 
Vozes indignadas:
 
− Fora! Fora!
 
O servente sobe na cadeira e comanda o coro:
 
− Bra-sil! Bra-sil! Bra-sil!
 
Estava salva a honra da torcida, e o importuno retirou-se precipitadamente.
 
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. Quando é dia de futebol. São Paulo: Companhia das Letras, 2014)
 
Verifica-se o emprego de vírgula(s) para isolar um vocativo em:
 a) Ah, o senhor é terrível, nem numa hora dessas esquece o seu papelzinho! (18º parágrafo)
 b) Perdão, o jogo vai ser logo mais, às quinze horas. (8º parágrafo)
 c) Mas, perdão, eu… eu… (13º parágrafo)
 d) Na hora da batalha, formamos uma frente única. (16º parágrafo)
 e) Seja razoável, meu amigo, procure colaborar. (18º parágrafo)
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Questão 479: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Administrativa/Contabilidade/2023
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
 
[Cidades devastadas]
 
Em vinte anos eliminaram a minha cidade e edificaram uma cidade estranha. Para quem continuou
morando lá, a amputação pode ter sido lenta, quase indolor; para mim, foi uma cirurgia de urgência,
sem a inconsciência do anestésico.
 
Enterraram a minha cidade e muito de mim com ela. Por cima de nós construíram casas modernas,
arranha-céus, agências bancárias; pintaram tudo, deceparam árvores, demoliram, mudaram fachadas.
Como se tivessem o propósito de desorientar-me, de destruir tudo o que me estendia uma ponte entre o
que sou e o que fui. Enterraram-me vivo na cidade morta.
 
Mas, feliz ou infelizmente, ainda não conseguiram soterrar de todo a minha cidade. Vou andando pela
paisagem nova, desconhecida, pela paisagem que não me quer e eu não entendo, quando de repente,
entre dois prédios hostis, esquecida por enquanto dos zangões imobiliários, surge, intacta e doce, a casa
de Maria. Dói também a casa de Maria, mas é uma dor que conheço, íntima e amiga.
 
Não digo nada a ninguém, disfarço o espanto dessa descoberta para não chamar o empreiteiro das
demolições. Ah, se eles, os empreiteiros, soubessem que aqui e ali repontam restos emocionantes da
minha cidade em ruínas! Se eles soubessem que aqui e ali vou encontrando passadiços que me
permitem cruzar o abismo!
 
(Adaptado de CAMPOS, Paulo Mendes. Os sabiás da crônica. Antologia. Belo Horizonte: Autêntica, 2021, p. 209-
210)
 
A remoção da vírgula altera o sentido da seguinte frase:
 a) Diante do cenário atual de sua querida cidade, o cronista sentiu os efeitos de uma verdadeira
devastação.
 b) Não é incomum que nos sintamos traídos, quando voltamos a uma paragem antiga e não a
reconhecemos.
 c) A cada vez que imaginamos haver retido uma imagem fiel, pode suceder que a realidade a
apague.
 d) Observando o que restou de sua cidade, o cronista encontrou na casa de Maria um vestígio
dolorido do passado.
 e) Os empreiteiros não se importam com as cidades históricas, que pretendem tornar modernas.
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Questão 480: FCC - TJ TRT18/TRT 18/Apoio Especializado/Enfermagem do Trabalho/2023
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Atenção: Leia a crônica “A casadeira”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder à questão.
 
Testemunhei ontem, na loja de Copacabana, um acontecimento banal e maravilhoso. A senhora sentou-
se na banqueta e cruzou elegantemente as pernas. O vendedor, agachado, calçou-lhe o par de sapatos.
Ela se ergueu, ensaiou alguns passos airosos em frente do espelho, mirou-se, remirou-se, voltou à
banqueta. O sapato foi substituído por outro. Seguiu-se na mesma autocontemplação, e o novo par de
sapatos foi experimentado, e nova verificação especular. Isso, infinitas vezes. No semblante do
vendedor, nem cansaço, nem impaciência. Explica-se: a cliente não refugava os sapatos experimentados.
Adquiria-os todos. Adquiriu dozes pares, se bem contei.
 
− Ela está fazendo sua reforma de base? − perguntei a outro vendedor, que sorriu e esclareceu:
 
− A de base e a civil. Vai se casar pela terceira vez.
 
− Coitada... Vocação de viúva.
 
− Não é isso, senhor. Os dois primeiros maridos estão vivos. É casadeira, sabe como é?
 
Não me pareceu que, para casar pela terceira vez, ela tivesse necessidade de tanto calçamento. Oito ou
nove pares seriam talvez para irmãs de pé igual ao seu, que ficaram em casa? Hipótese boba, que
formulei e repeli incontinente. Ninguém neste mundo tem pé igual ao de ninguém, nem sequer ao de si
mesmo, quanto mais ao da irmã. Daí avancei para outra hipótese mais plausível. Aquela senhora, na
aparência normal, devia ter pés suplementares, Deus me perdoe, e usava-os dois de cada vez,
recolhendo os demais mediante uma organização anatômica (ou eletrônica) absolutamente inédita.
Observei-a com atenção e zelo científico, na expectativa de movimento menos controlado, que
denunciasse o segredo. Nada disso. Até onde se podia perceber, eram apenas duas pernas, e bem
agradáveis, terminando em dois exclusivos pés, de esbelto formato.
 
Assim, a coleção era mesmo para casar − e fiquei conjeturando que o casamento é uma rara coisa,
exigindo a todo instante que a mulher troque de sapato, não se sabe bem para quê − a menos que os
vá perdendo no afã de atirá-los sobre o marido, e eles (não o marido) sumam pela janela do
apartamento.
 
A senhora pagou − não em dinheiro ou cheque, mas com um sorriso que mandava receber num lugar
bastante acreditado, pois já reparei que as maiores compras são sempre pagas nele, e aos comerciantes
agrada-lhes o sistema. As caixas de sapato adquiridas foram transportadas para o carro, estacionado em
frente à loja. Mentiria se dissesse que eram doze carros monumentais, com doze motoristas louros, de
olhos azuis. Não. Era um carro só, simplesinho, sem motorista, nem precisava dele, pois logo se
percebeu sua natureza de teleguiado. Sem manobra, flechou no espaço e sumiu, levando a noiva e seus
doze pares de França, perdão! de sapatos. Eu preveni que o caso era banal e maravilhoso.
 
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. São Paulo: Companhia das Letras, 2020)
 
Verifica-se o emprego de vírgula para isolar um vocativo no seguinte trecho:
 a) Ela se ergueu, ensaiou alguns passos airosos em frente do espelho, mirou-se, remirou-se, voltou à
banqueta.
 b) Não é isso,senhor. Os dois primeiros maridos estão vivos.
 c) É casadeira, sabe como é?
 d) Não me pareceu que, para casar pela terceira vez, ela tivesse necessidade de tanto calçamento.
 e) Não. Era um carro só, simplesinho, sem motorista, nem precisava dele, pois logo se percebeu sua
natureza de teleguiado.
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Questão 481: FCC - TJ TRT18/TRT 18/Administrativa/Agente de Policia Judicial/2023
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Atenção: Leia a crônica “Pai de família sem plantação”, de Paulo Mendes Campos, para responder à
questão.
 
Sempre me lembro da história exemplar de um mineiro que veio até a capital, zanzou por aqui, e voltou
para contar em casa os assombros da cidade. Seu velho pai balançou a cabeça; fazendo da própria
dúvida a sua sabedoria: “É, meu filho, tudo isso pode ser muito bonito, mas pai de família que não tem
plantação, não sei não...”
 
Às vezes morro de nostalgia. São momentos de sinceridade, nos quais todo o meu ser denuncia minha
falsa condição de morador do Rio de Janeiro. A trepidação desta cidade não é minha. Sou mais, muito
mais, querendo ou não querendo, de uma indolência de sol parado e gerânios. Minha terra é outra,
minha gente não é esta, meu tempo é mais pausado, meus assuntos são mais humildes, minha fala,
mais arrastada. O milho pendoou? Vamos ao pasto dos Macacos matar codorna? A vaca do coronel já
deu cria? Desta literatura rural é que preciso.
 
Eis em torno de mim, a cingir-me como um anel, o Rio de Janeiro. Velozes automóveis me perseguem
na rua, novos edifícios crescem fazendo barulho em meus ouvidos, a guerra comercial não me dá
tréguas, o clamor do telefone me põe a funcionar sem querer, a vaga se espraia e repercute no meu
peito, minha inocência não percebe o negócio de milhões articulado com um sorriso e um aperto de
mão. Pois eu não sou daqui.
 
Vivo em apartamento só por ter cedido a uma perversão coletiva; nasci em casa de dois planos, o de
cima, da família, sobre tábuas lavadas, claro e sem segredos, e o de baixo, das crianças, o porão escuro,
onde a vida se tece de nada, de pressentimentos, de imaginação, do estofo dos sonhos. A maciez das
mãos que me cumprimentam na cidade tem qualquer coisa de peixe e mentira; não sou desta viração
mesclada de maresia; não sei comer este prato vermelho e argênteo de crustáceos; não entendo os
sinais que os navios trocam na cerração além da minha janela. Confio mais em mãos calosas, meus
sentidos querem uma brisa à boca da noite cheirando a capim-gordura; um prato de tutu e torresmos
para minha fome; e quando o trem distante apitasse na calada, pelo menos eu saberia em que
sentimentos desfalecer.
 
Ando bem sem automóvel, mas sinto falta de uma charrete. Com um matungo que me criasse amizade,
eu visitaria o vigário, o médico, o turco, o promotor que lê Victor Hugo, o italiano que tem uma horta, o
ateu local, o criminoso da cadeia, todos eles muitos meus amigos. Se aqui não vou à igreja, lá pelo
menos frequentaria a doçura do adro, olhando o cemitério em aclive sobre a encosta, emoldurado em
muros brancos. Aqui jaz Paulo Mendes Campos. Por favor, engavetem-me com simplicidade do lado da
sombra. É tudo o que peço. E não é preciso rezar por minha alma desgovernada.
 
(Adaptado de: CAMPOS, Paulo Mendes. Balé do pato. São Paulo: Ática, 2012)
 
Verifica-se o emprego de vírgula para assinalar a supressão de um verbo em:
 a) “É, meu filho, tudo isso pode ser muito bonito, mas pai de família que não tem plantação, não sei
não...”
 b) “Minha terra é outra, minha gente não é esta, meu tempo é mais pausado, meus assuntos são
mais humildes, minha fala, mais arrastada.”
 c) “Ando bem sem automóvel, mas sinto falta de uma charrete.”
 d) “Eis em torno de mim, a cingir-me como um anel, o Rio de Janeiro.”
 e) “Se aqui não vou à igreja, lá pelo menos frequentaria a doçura do adro, olhando o cemitério em
aclive sobre a encosta, emoldurado em muros brancos.”
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Questão 482: FCC - Ana Proc (PGE AM)/PGE AM/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Considere o texto abaixo para responder a questão.
Quando me acontecer alguma pecúnia, passante de um milhão de cruzeiros, compro uma ilha; não
muito longe do litoral, que o litoral faz falta; nem tão perto, também, que de lá possa eu aspirar a
fumaça e a graxa do porto. Minha ilha ficará no justo ponto de latitude e longitude que, pondo-me a
coberto de ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasiado dos homens nem me obrigue a praticá-
los diuturnamente. Porque esta é a ciência e, direi, a arte do bem viver; uma fuga relativa, e uma não
muito estouvada confraternização.
 
De há muito sonho esta ilha, se é que não a sonhei sempre. Se é que a não sonhamos sempre.
Objetais-me: “Como podemos amar as ilhas, se buscamos o centro mesmo da ação?” Engajados; vosso
engajamento é a vossa ilha, dissimulada e transportável. Por onde fordes, ela irá convosco. Significa a
evasão daquilo para que toda alma necessariamente tende, ou seja, a gratuidade dos gestos naturais, o
cultivo das formas espontâneas, o gosto de ser um com os bichos, as espécies vegetais, os fenômenos
atmosféricos.
 
E por que nos seduz a ilha? As composições de sombra e luz, o esmalte da relva, a cristalinidade dos
regatos – tudo isso existe fora das ilhas, não é privilégio delas. A mesma solidão existe nos mais
diversos locais, inclusive os de população densa, em terra firme.
 
A ilha me satisfaz por ser uma porção curta de terra (falo de ilhas individuais, não me tentam aventuras
marajoaras), um resumo prático dos estirões deste vasto mundo, sem os inconvenientes dele, e com a
vantagem de ser uma ficção sem deixar de constituir uma realidade. A casa junto ao mar, que já foi
razoável delícia, passou a ser um pecado, depois que se desinventou a relação entre homem, paisagem
e morada. O progresso técnico teve isto de retrógrado: esqueceu-se do fim a que se propusera. Acabou
com qualquer veleidade de amar a vida, que ele tornou muito confortável, mas invisível. Fez-se numa
escala de massas, esquecendo-se do indivíduo, e nenhuma central elétrica será capaz de produzir aquilo
de que cada um de nós carece na cidade excessivamente iluminada: certa penumbra. O progresso nos
dá tanta coisa, que não nos sobra nada nem para desejar nem para jogar fora. Tudo é inútil e
atravancador. A ilha sugere uma negação disto.
 
Serão admitidos poetas? Em que número? Se foram proscritos das repúblicas, pareceria cruel bani-los
também da ilha de recreio. Contudo, devem comportar-se como se poetas não fossem: pondo de lado o
tecnicismo, a excessiva preocupação literária, o misto de esteticismo e frialdade que costuma necrosar
os artistas. Sejam homens razoáveis, carentes, humildes, inclinados à pesca e à corrida a pé. Não levem
para a ilha os problemas de hegemonia e ciúme.
 
Por aí se observa que a ilha mais paradisíaca pede regulamentação, e que os perigos da convivência
urbana estão presentes. Tanto melhor, porque não se quer uma ilha perfeita, senão um modesto
território banhado de água por todos os lados e onde não seja obrigatório salvar o mundo.
 
A ideia de fuga tem sido alvo de crítica severa nos últimos anos, como se fosse ignominioso, por
exemplo, fugir de um perigo, de um sofrimento, de uma chateação. Como se devesse o homem
consumir-se numa fogueira perene.
 
Estas reflexões descosidas procuram apenas recordar que há motivos para ir às ilhas.
 
(ANDRADE, Carlos Drummond de. “Divagação sobre as ilhas”. In: Passeios na ilha. São Paulo: Companhia das
Letras, 2020, p.15-19)
 
Emprega-se a vírgula para separar os elementos de uma enumeração no seguinte trecho:
 a) Se foram proscritos das repúblicas, pareceria cruel bani-los também da ilha de recreio (5º
parágrafo).
 b) Quando me acontecer alguma pecúnia, passante de um milhão de cruzeiros, compro uma ilha (1ºparágrafo).
 c) o cultivo das formas espontâneas, o gosto de ser um com os bichos, as espécies vegetais, os
fenômenos atmosféricos. (2º parágrafo)
 d) Tanto melhor, porque não se quer uma ilha perfeita, senão um modesto território banhado de
água por todos os lados. (6º parágrafo)
 e) falo de ilhas individuais, não me tentam aventuras marajoaras (4º parágrafo).
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Questão 483: FCC - Of Jus (TJ CE)/TJ CE/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
 
Sombra
 
Sombra, explicava a sabida boneca Emília, de Monteiro Lobato, é ar preto. Criança, não me tranquilizei:
do escuro só podiam surgir fantasmas, apagar a luz era dar uma oportunidade aos duendes e demônios
do quarto. Só a luz possuía o dom confortante de tocar deste mundo os habitantes do outro.
 
No ginásio, estudante de Física, não me tranquilizei. Sombra é o resultado da interposição de um corpo
opaco entre o observador e o corpo luminoso, sinal de que muitos corpos luminosos deixam de banhar-
nos com sua luz desejável, sinal de que nos faltam felicidades, de que muitos sóis necessários se
interromperam em sua viagem até nossos olhos.
 
Não perguntar o que um homem possui, mas o que lhe falta. Isso é sombra. Não indagar de seus
sentimentos, mas saber o que ele não teve a ocasião de sentir. Sombra. Não se importar com o que ele
viveu, mas prestar atenção à vida que não chegou até ele, que se interrompeu de encontro a
circunstâncias invisíveis, imprevisíveis. A vida é um ofício de luz e trevas. Enquadrá-lo em sua
constelação particular, saber se nasceu muito cedo para receber a luz da estrela ou se chegou ao mundo
quando de há muito se extinguiu o astro que deveria iluminá-lo.
 
Ontem vi uma menininha descobrindo sua sombra. Ela parava de espanto, olhava com os olhos
arregalados, tentava agarrar a sombra, andava mais um pouco, virava de repente para ver se o seu
fantasma ainda a seguia. Era a representação dramática de um poema infantil de Robert Stevenson, no
qual uma menininha vai e vem, rodeando, saltando, gesticulando com seus bracinhos diante de sua
sombra, implorando por uma explicação impossível, dançando um balé que será a sua própria vida.
 
(Adaptado de: CAMPOS, Paulo Mendes. Os sabiás da crônica. Antologia. Org. Augusto Massi. Belo Horizonte:
Autêntica, 2021, p. 211-212)
 
Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
 a) Ao que parece, o cronista teme, não só as sombras do escuro, mas também os mistérios que aqui
e ali de modo intempestivo, nos envolvem.
 b) À negatividade das sombras o cronista opõe, de modo resoluto, a vantagem da luz, entendida esta
como instância de esclarecimento da vida.
 c) Seria interessante, que o autor estampasse, nessa sua crônica os versos infantis, do poeta Robert
Stevenson caracteristicamente dramáticos.
 d) A menininha do poema de Robert Stevenson demonstraria diante da sombra, receios semelhantes,
aos que já assinalara o cronista.
 e) Nenhuma aula de Física por mais clara que seja, consegue afastar de alguém, o temor que
naturalmente deriva, das sombras que nos cercam.
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Questão 484: FCC - Ana Ac (Pref Recife)/Pref Recife/Audiodescritor/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Todos já ouvimos falar de crianças hiperativas, que não conseguem ficar paradas; ou daquelas que
sonham acordadas e se distraem ao menor dos estímulos. Da mesma forma, é comum ouvirmos
histórias de adultos impacientes, que comumente iniciam projetos e os abandonam no meio do caminho.
Apresentam altos e baixos, são impulsivos, esquecem compromissos, falam o que lhes dá na telha.
Comportamentos como esses são característicos do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade
(TDAH), classificado pela Associação de Psiquiatria Americana (APA).
 
Quando se pensa em TDAH, logo vêm à mente imagens de um cérebro em estado de caos. Diante dessa
visão restrita, pode-se ter a ideia errônea de que pessoas com TDAH estariam fadadas ao fracasso; mas,
ao contrário disso, grande parte delas atuam nas mais diversas áreas profissionais de forma brilhante.
 
Muitas teorias têm sido elaboradas para elucidar a origem do sucesso obtido por personalidades com
comportamento TDAH nos mais diversos setores do conhecimento. Porém, a ciência não tem uma
explicação exata para esse fato; até porque o funcionamento cerebral humano não segue nenhuma
lógica aritmética previsível. Ideias, sensações e emoções não podem ser quantificadas; são
características humanas imensuráveis. Nesse território empírico, uma coisa é certa: o funcionamento
cerebral TDAH favorece o exercício da mais transcendente atividade humana: a criatividade.
 
Se entendermos criatividade como a capacidade de ver os mais diversos aspectos da vida através de um
novo prisma e então dar forma a novas ideias, notaremos que a mente TDAH, em meio à confusão
resultante do intenso bombardeio de pensamentos, é capaz de entender o mundo sob ângulos
habitualmente não explorados.
 
A hiper-reatividade é responsável pela capacidade da mente TDAH de não parar nunca. Trata-se de uma
hipersensibilidade que essa mente possui de se ligar a tudo ao mesmo tempo. Uma vez que está sempre
reagindo a si mesma, essa mente pensa e repensa o tempo todo. Esse estado de inquietação mental
permanente mantém toda uma rede de pensamentos e imagens em atividade intensa, proporcionando,
assim, o terreno ideal para o exercício da criatividade.
 
(Adaptado de: SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes Inquietas: TDAH − desatenção, hiperatividade e impulsividade.
São Paulo: Globo, 2014, edição digital)
 
Respeitam-se as normas de pontuação no seguinte segmento adaptado do texto:
 a) A criatividade costuma ser entendida como a capacidade de ver os mais diversos aspectos da vida
através de um novo prisma, por meio do qual novas ideias podem surgir.
 b) Já foram elaboradas, muitas teorias, visando a desvendar a origem do sucesso, obtido por
personalidades famosas com comportamento TDAH.
 c) Apesar de fazer suposições verossímeis, a ciência, não é capaz de: quantificar ideias, sensações e
emoções tipicamente humanas.
 d) A impulsividade e a desatenção aos compromissos, costumam estar presentes em pessoas com
transtorno do déficit de atenção/hiperatividade.
 e) Crianças hiperativas que não conseguem ficar paradas e que, sonham acordadas, distraem-se com
o menor dos estímulos.
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Questão 485: FCC - AJ TRT22/TRT 22/Área Administrativa/"Sem Especialidade"/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Atenção: Para responder à questão.
Escritos de Einstein
 
O grande físico Albert Einstein não se limitou estritamente a pensar sua ciência: dedicou-se também,
nos últimos vinte anos de sua vida, a registrar suas reflexões e opiniões sobre os mais variados
assuntos. Ler esses seus artigos é usufruir da oportunidade singular de ver com que clareza ele aborda
questões profundas como o significado da ciência, as ideias fundamentais da relatividade, as ligações
entre ciência, religião e ética, a paz mundial, os riscos de destruição da humanidade e os direitos das
minorias perseguidas.
 
De suas convicções e crenças ressaltam preocupações com a decadência moral, com a defesa e a
preservação da liberdade humana e com os compromissos éticos dos cientistas. O autor não se furta a
abordar o tema polêmico das relações entre ciência e religião, para, demarcando os respectivos
domínios de ação, registrar a dimensão religiosa de sua visão de mundo − que não incorporava a ideia
de um Deus pessoal, construído à nossa imagem e semelhança.
 
Os métodos educacionais repressivos e impositivos vão merecer de Einstein críticas acerbas: o autor
defende uma educação fundada naliberdade, no estímulo à criatividade e à responsabilidade coletiva
dos jovens. Ressalta sempre que sua condição de cientista ou de celebridade não lhe confere, nas
questões de que trata, direitos distintos nem competência particular acima de outros homens e
mulheres.
 
Frequentemente criticado, de um lado, pelos conservadores − acusado de defensor do comunismo − e
de outro pela esquerda dogmática, que o vê como ingênuo e incapaz de entender as imposições da luta
de classes, Einstein faz sua profissão de fé por um socialismo fundado na liberdade e não deixa de
criticar o consumismo nem de atacar com vigor o cerceamento à liberdade nos regimes totalitários.
 
(Adaptado da “orelha” (sem indicação autoral) de
EINSTEN, Albert. Escritos da maturidade. Trad, Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1994)
 
É plenamente adequada a pontuação do seguinte período:
 a) Diante dos extremos políticos, Einstein optou pela observância de ideais humanistas que, uma vez
alcançados, contemplariam a todos.
 b) O que Einstein não admitia, era que tomassem o fato de ser um célebre físico, para o distinguirem
das pessoas comuns, como um grande pensador.
 c) Aos métodos repressivos, Einstein respondia com propostas, que contemplariam sobretudo, a
liberdade e a criatividade pessoais.
 d) A ciência e a religião, em si mesmas não constituíam, propriamente um antagonismo, senão uma
convergência na percepção de Einstein.
 e) Não se esperava, que nos últimos anos de vida, Einstein se dedicasse com vigor, a reflexões sobre
contingências políticas e culturais de seu tempo.
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Questão 486: FCC - Prof (SEC BA)/SEC BA/Linguagem/Língua Portuguesa/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Leia o texto abaixo para responder à questão.
 
Brasil inventou a fuzarca e precisa exportar a tecnologia do furdunço
 
País da algazarra, alvoroço, arruaça, baderna, bagunça e bafafá tem uma desordem que há de nos levar
ao progresso
 
1. Duvido que tenha alguma língua no mundo com tanta palavra pra bagunça quanto a nossa. E o léxico
não vem do grego ou do latim: nossos termos pra desordem nasceram por aqui, às vezes sem pai nem
mãe.
 
2. Bagunça, por exemplo: tem pais desconhecidos, assim como furdunço e fuzuê. O Brasil inventou a
fuzarca − ou talvez o contrário.
 
3. Auê, fuzuê, frege, bafafá, rebuliço. Qualquer falante do português saberá do que trata essas palavras,
mesmo que nunca as tenha ouvido. Escarcéu e banzeiro vieram do mar. O primeiro é a onda gigante, o
segundo é o mar agitado, e ambos passaram a designar agitação de gente que se comporta como o
mar.
 
4. Minha vó chamava de murundum um baú cheio de cartas e fotos − corruptela de murundu, sinônimo
de barafunda, aquele amontoado de qualquer coisa. Tenho pena das bagunças obsoletas, que morreram
com o tempo. Ninguém nunca me chamou pra uma patuscada, um salsifré, um bailarico. Gandaia ainda
se usa, mas só pra cair nela. Já ninguém se levanta pra uma gandaia.
 
5. Baderna veio da Marietta − a bailarina italiana que fez um sucesso estrondoso no Rio ao misturar
danças africanas e balé clássico − isso em 1850. Proibida de dançar lundu nos palcos, passou a dançar
ao ar livre, no largo da Carioca, junto com africanos escravizados.
 
6. Baderna virou, primeiro, sinônimo de beleza, depois de tumulto: seus fãs, os badernistas, protestaram
contra a proibição fazendo o que melhor sabiam fazer: fuzuê. (Chamei minha filha de Marieta por causa
dela, e os nomes têm força: quando não está no balé, está na bagunça − geralmente nos dois.)
 
7. Arruaça quem faz são os outros − e geralmente quem acusa é a imprensa. Quando a polícia chega, o
que podia ser um tumulto vira quebra-pau. Perceba que, quando a confusão vira porradaria, ela ganha
um hífen: se transforma num quebra-quebra, um pega- pra-capar, um deus-nos-acuda, um salve-se-
quem-puder, uma casa-da-mãe-joana, vulgo casa-da-sogra (pobre da sogra chamada Joana).
 
8. Alvoroço vem do árabe, onde servia pra designar um tipo muito específico de confusão: os gritos de
alegria que a gente dá ao receber alguém querido. Algazarra também vem dos mouros, mas designa um
tipo de tumulto mais específico: o banzeiro que o Exército mouro promovia antes de atacar, pra assustar
o inimigo. Os árabes, assim como nós, tinham pós-graduação em gritaria.
 
9. Gosto das palavras que servem pra designar ao mesmo tempo uma forma de confusão e uma forma
de comida − sururu, sarapatel, angu de caroço. Grande parte da nossa culinária tem origem na
bagunça. Não é só o prato que parece um murundum, mas também a ocasião em que se come: não se
degusta um sururu sem promover um sarapatel, e vice-versa. Galhofa já significou banquete, até virar
sinônimo de bagunça, e hoje virou humor fácil − no teatro, quando o comediante perde a mão, alerta-
se, na coxia: “Cuidado com a galhofa”.
 
10. Tem ritmo que leva a confusão no nome: pagode, forró e frevo já significaram balbúrdia, antes de
ela se organizar em notas musicais. Até hoje carregam a confusão em que nasceram, e, assim que as
notas soam, logo se promove um furdunço. Um pagode, quando tocado sozinho, não é um pagode, mas
outra coisa. Pra virar pagode precisa de alguém atrapalhando quem toca. Forró precisa de pelo menos
três pessoas, uma tocando e duas dançando. Frevo precisa de uma cidade inteira.
 
11. Dominamos, como ninguém, a tecnologia do furdunço. Tudo o que funciona, no Brasil, do forró ao
sarapatel, conseguimos através de algazarra. Toda tentativa de moralizar o galinheiro saiu pela culatra: a
ordem só levou ao regresso. O progresso só alcançamos na fuzarca − sem cair na galhofa jamais. Não
existe contradição entre o balé e a bagunça.
 
(DUVIVIER, Gregório. “Brasil inventou a fuzarca e precisa exportar a tecnologia do furdunço”. Folha de São Paulo
[online], São Paulo, 15 fev. 2022. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br. Acessado em: 15 set. 2022)
 
Considere as seguintes afirmações sobre a pontuação dos trechos abaixo.
 
I. Em “Tenho pena das bagunças obsoletas, que morreram com o tempo.”, a vírgula separa oração
subordinada explicativa.
 
II. Em “Algazarra também vem dos mouros, mas designa um tipo de tumulto mais específico [...].”,
a vírgula é usada para separar oração coordenada adversativa.
 
III. Em “Os árabes, assim como nós, tinham pós-graduação em gritaria.”, as vírgulas isolam um
aposto.
 
Está correto o que se afirma em
 a) II e III, apenas.
 b) II, apenas.
 c) I e II, apenas.
 d) I, II e III.
 e) III, apenas.
Esta questão não possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/2296966
Questão 487: FCC - AJ TRT14/TRT 14/Judiciária/"Sem Especialidade"/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
 
A chama é bela
 
Nos anos 1970 comprei uma casa no campo com uma bela lareira, e para meus filhos, entre 10 e 12
anos, a experiência do fogo, da brasa que arde, da chama, era um fenômeno absolutamente novo. E
percebi que quando a lareira estava acesa eles deixavam a televisão de lado. A chama era mais bela e
variada do que qualquer programa, contava histórias infinitas, não seguia esquemas fixos como um
programa televisivo.
 
O fogo também se faz metáfora de muitas pulsões, do inflamar-se de ódio ao fogo da paixão amorosa. E
o fogo pode ser a luz ofuscante que os olhos não podem fixar, como não podem encarar o Sol (o calor
do fogo remete ao calor do Sol), mas devidamente amestrado, quando se transforma em luz de vela,
permite jogos de claro-escuro, vigílias noturnas nas quais uma chama solitária nos obriga a imaginar
coisas sem nome...
 
O fogo nasce da matéria para transformar-se em substância cada vez mais leve e aérea, da chama rubra
ou azulada da raiz à chama branca do ápice, até desmaiar em fumaça... Nesse sentido, a natureza do
fogo é ascensional, remete a uma transcendência e, contudo,talvez porque tenhamos aprendido que ele
vive no coração da Terra, é também símbolo de profundidades infernais. É vida, mas é também
experiência de seu apagar-se e de sua contínua fragilidade.
 
(Adaptado de: ECO, Umberto. Construir o inimigo. Rio de Janeiro: Record, 2021, p. 54-55)
 
Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
 a) Os filhos do autor diante da lareira, não deixaram de se espantar, com o espetáculo inédito
daquelas chamas bruxuleantes.
 b) Como metáfora, o fogo por conta de seus inúmeros atributos, chega mesmo a propiciar
expansões, simbólicas e metafóricas.
 c) Tanto como a do Sol, a luz do fogo, uma vez expandida, pode ofuscar os olhos de quem,
imprudente, ouse enfrentá-la.
 d) O autor do texto em momentos descritivos, não deixa de insinuar sua atração, pela magia dos
poderes e do espetáculo do fogo.
 e) Disponíveis metáforas, parecem se desenvolver quando, por amor ou por ódio extremos somos
tomados por paixões incendiárias.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/2238097
Questão 488: FCC - ACE (TCE-GO)/TCE GO/Contabilidade/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
A nuvem
 
− “Fico admirado como é que você, morando nesta cidade, consegue escrever uma semana inteira sem
reclamar, sem protestar, sem espinafrar!”
 
E meu amigo falou de água, telefone, conta de luz, carne, batata, transporte, custo de vida, buracos na
rua etc. etc. etc.
 
Meu amigo está, como dizem as pessoas exageradas, grávido de razões. Mas que posso fazer? Até que
tenho reclamado muito isto e aquilo. Mas se eu for ficar rezingando todo dia, estou roubado: quem é
que vai aguentar me ler? Acho que o leitor gosta de ver suas queixas no jornal, mas em termos.
 
Além disso, a verdade não está apenas nos buracos da rua e outras mazelas. Não é verdade que as
amendoeiras neste inverno deram um show luxuoso de folhas vermelhas voando no ar? E ficaria
demasiado feio eu confessar que há uma jovem gostando de mim? Ah, bem sei que esses
encantamentos de moça por um senhor maduro duram pouco. São caprichos de certa fase. Mas que
importa? Esse carinho me faz bem; eu o recebo terna e gravemente; sem melancolia, porque sem
ilusão. Ele se irá como veio, leve nuvem solta na brisa, que se tinge um instante de púrpura sobre as
cinzas do meu crepúsculo.
 
E olhem só que tipo estou escrevendo! Tome tenência, velho Braga. Deixe a nuvem, olhe para o chão –
e seus tradicionais buracos.
 
(BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana! Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960, pp. 179-180)
 
Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
 a) Entre assuntos triviais e observações poéticas, o cronista, via de regra, não hesita em preferir
estas últimas, para não chatear seus leitores.
 b) Assuntos corriqueiros, não faltam a um cronista, já os de teor romântico, dependem de sua
disposição de espírito.
 c) Desde há muito tempo como se sabe, as crônicas frequentam os jornais, como comentários de
notícias, ou textos literários.
 d) Rubem Braga costuma ser um crítico ácido, de suas próprias crônicas, por vezes admitindo
injustamente, que se aventura em retórica de mau gosto.
 e) Vivendo embora, nos espaços de grandes cidades, Rubem Braga filho de Cachoeiro do Itapemirim,
jamais negligenciou a natureza.
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Questão 489: FCC - AJ TRT22/TRT 22/Apoio Especializado/Biblioteconomia/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
Se é verdade que a capacidade de ficar perplexo é o começo da sabedoria, então esta verdade é um
triste comentário à sabedoria do homem moderno. Quaisquer que sejam os méritos de nosso elevado
grau de educação literária e universal, perdemos o dom de ficar perplexos. Imagina-se que tudo seja
conhecido − senão por nós, por algum especialista cujo mister seja saber aquilo que não sabemos. De
fato, ficar perplexo é constrangedor, um indício de inferioridade intelectual. À medida que vamos
envelhecendo, aos poucos perdemos a capacidade de ficar surpresos. Até as crianças raramente se
surpreendem, ou pelo menos procuram não demonstrar isso. Saber as respostas certas parece ser o
principal; em comparação, considera-se insignificante o saber fazer as perguntas certas.
 
Quiçá seja esta atitude uma razão por que um dos mais enigmáticos fenômenos de nossa vida, os
nossos sonhos, dê margem a pouco espanto e suscite tão poucas perguntas. Todos sonhamos: não
entendemos nossos sonhos, e no entanto agimos como se de nada estranho corresse em nossas mentes
adormecidas, estranho ao menos em comparação com as atividades lógicas, deliberadas, de nossas
mentes quando estamos acordados.
 
Quando acordados, somos seres ativos, racionais, ávidos por tentar obter o que desejamos e prontos a
defender-nos contra qualquer ataque. Agimos e observamos; vemos o mundo exterior, talvez não como
seja, mas no mínimo de maneira tal que o possamos usar e manipular. Todavia, também somos bastante
desprovidos de imaginação, e raramente − exceto quando crianças ou se somos poetas − logramos
conceber mais do que meras duplicações dos acontecimentos e tramas de nossa experiência concreta.
Somos eficientes, mas um tanto desenxabidos. Denominamos ao campo de nossa observação diurna
“realidade” e orgulhamo-nos de nosso “realismo” e de nossa habilidade de manipulá-la.
 
(Adaptado de: FROMM, Erich. A linguagem esquecida. Trad.: VELHO, Octavio Alves. Rio de Janeiro: Editora
Zahar, 1966)
 
A redação alternativa para um segmento do texto em que a pontuação se mantém correta encontra-se
em:
 a) Imagina-se que tudo seja conhecido: senão por nós, por algum especialista, cujo mister seja saber
aquilo que não sabemos.
 b) Todavia, também somos bastante desprovidos de imaginação e, raramente, exceto quando
crianças ou se somos poetas logramos conceber mais, do que meras duplicações dos acontecimentos.
 c) Se é verdade que a capacidade de ficar perplexo é o começo da sabedoria, então, esta verdade, é
um triste comentário à sabedoria do homem moderno.
 d) Quando acordados, somos seres ativos, racionais, ávidos, por tentar obter o que desejamos e
prontos a defender-nos contra qualquer ataque.
 e) Agimos e observamos: vemos o mundo exterior, talvez não como seja mas, no mínimo de maneira
tal que o possamos usar, e manipular.
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Questão 490: FCC - AJ TRT17/TRT 17/Apoio Especializado/Psicologia/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Para responder a questão, baseie-se no texto abaixo.
 
Lembrança de Orides
 
A conhecida quadrinha abaixo, de uma cantiga de roda que alguns de nós já teremos cantado nas ruas
da infância, é tomada como epígrafe do livro Helianto (1973), de Orides Fontela:
 
“Menina, minha menina
Faz favor de entrar na roda
Cante um verso bem bonito
Diga adeus e vá-se embora”
 
Contextualizada no livro e na densa poesia de Orides, a quadrinha se redimensiona: fala de nosso
efêmera ocupação do centro da vida, da necessidade de ali entoarmos nosso canto antes de partirmos
para sempre. A quadrinha, cantada por Orides, ganha um halo trágico e duramente belo, soma a voz
pessoal e o destino de todos.
 
Trata-se, enfim, de pontuar nossa passagem pela vida com algum verso bem bonito antes da despedida
derradeira. Trata-se, em outras palavras, de justificar o tempo que temos para viver construindo alguma
coisa que sirva a alguém.
 
A menina Orides soube fazer cantar sua entrada na roda da vida em tom ao mesmo tempo alto e
meditativo, e o deixou vibrando para nós. Será essa, talvez, a contribuição maior dos poetas: elevar
nossa vida à altura que nos fazem chegar suas palavras – mesmo que seja a altura singela de uma
cantiga de roda, que Orides registrou,aliás, no modo de seu fatalismo íntimo.
 
(Deolindo Setúbal, a publicar)
 
É inteiramente regular a pontuação da frase:
 a) Não obstante, essa cantiga tomada por Orides como epígrafe de um poema, seja uma celebração,
a poeta viu nela, com seus olhos líricos a sombra de um sentido trágico.
 b) Não obstante essa cantiga, tomada por Orides, como epígrafe de um poema seja uma celebração,
a poeta viu nela com seus olhos líricos, a sombra de um sentido trágico.
 c) Não obstante, essa cantiga tomada, por Orides como epígrafe, de um poema, seja uma
celebração, a poeta viu nela com seus olhos líricos, a sombra de um sentido trágico.
 d) Não obstante essa cantiga, tomada por Orides como epígrafe de um poema, seja uma celebração,
a poeta viu nela, com seus olhos líricos, a sombra de um sentido trágico.
 e) Não obstante essa cantiga, tomada por Orides como epígrafe, de um poema seja uma celebração,
a poeta viu nela com seus olhos líricos a sombra de um sentido trágico.
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Questão 491: FCC - AJ TRT9/TRT 9/Administrativa/Contabilidade/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
As redes sociais se apresentam como uma espécie de “praça pública virtual”, na qual indivíduos
interagem e empresas anunciam seus produtos. Entretanto, ao contrário do espaço público tradicional
(físico), plataformas de redes sociais moldam quem e o que encontraremos durante a conexão. A lógica
por trás disso é que tenhamos um espaço customizado, no qual nos deparemos com aqueles que
conosco se assemelham e com produtos que almejamos. Conectar-se de forma sadia às redes sociais
demanda alguns cuidados. O primeiro deles, é saber como a maior parte das redes sociais funciona. Não
ignorar que cada um de nós é o verdadeiro produto pode nos garantir experiência saudável nesse
ambiente. Desconsiderar esse ponto é o atalho para vivenciar aquilo que se pode definir como
conectividade tóxica.
 
Um segundo aspecto, decorrente do anterior, diz respeito às pessoas, às notícias e aos produtos com os
quais nos deparamos.
 
Nosso histórico de acessos na internet permite que as plataformas direcionem conteúdo sob medida a
cada um de nós. Isso inclui sugestões de amizade, apresentação de notícias e, claro, publicidade. A
depender das configurações de nossos aparelhos eletrônicos, falas simples, mesmo enquanto não
usamos tais dispositivos, podem ser captadas por mecanismos de inteligência artificial e transformadas
em material que chega às nossas telas sem que nada busquemos. Um terceiro aspecto consiste em não
nos deixarmos levar pelo aparente conforto que as redes propiciam. Com o uso frequente, permitimos
que as plataformas criem nossa “própria bolha”.
 
Levados pelo desejo, curvamo-nos à facilidade do consumo e tornamo-nos presas fáceis de golpes que
prometem vantagens fantásticas e inverídicas. Diante de falsas notícias, que tendem a nos agradar ou
atemorizar, abrimos mão da necessária reflexão, e preferimos compartilhá-las sem nem mesmo conferir
se provêm de fonte confiável. Em ambos os casos, somos fantoches manipulados por interesses alheios.
 
(Adaptado de: AMARAL, Luiz Fernando. Conexão Sadia. Disponível em: Istoe.com.br/conexao − sadia)
 
Quanto ao uso dos sinais de pontuação, apresenta um equívoco gramatical a frase que se encontra em:
 a) Isso inclui sugestões de amizade, apresentação de notícias e, claro, publicidade.
 b) Um segundo aspecto, decorrente do anterior, diz respeito às pessoas, às notícias e aos produtos
com os quais nos deparamos.
 c) O primeiro deles, é saber como a maior parte das redes sociais funciona.
 d) Levados pelo desejo, curvamo-nos à facilidade do consumo e tornamo-nos presas fáceis de golpes
que prometem vantagens fantásticas e inverídicas.
 e) Em ambos os casos, somos fantoches manipulados por interesses alheios.
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Questão 492: FCC - Prof P (SEDU ES)/SEDU ES/Ensino Fundamental e
Médio/Pedagogo/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
 
A ingaia ciência
A madureza, essa terrível prenda
que alguém nos dá, raptando-nos, com ela,
todo sabor gratuito de oferenda
sob a glacialidade de uma estela,
a madureza vê, posto que a venda
interrompa a surpresa da janela,
o círculo vazio, onde se estenda,
e que o mundo converte numa cela.
A madureza sabe o preço exato
dos amores, dos ócios, dos quebrantos,
e nada pode contra sua ciência
e nem contra si mesma. O agudo olfato,
o agudo olhar, a mão, livre de encantos,
se destroem no sonho da existência.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro Enigma)
 
Está correta a pontuação do seguinte comentário (adaptado do livro Os sapatos de Orfeu):
 a) Quando fez sessenta anos, Carlos Drummond de Andrade, reuniu os poemas, que escreveu em
várias épocas sobre a sua família, criando para eles o título: a família que me dei.
 b) Houve época em que os encontros entre os poetas Drummond e João Cabral de Melo Neto,
passaram a ser quase que diariamente.
 c) Ao comentar um poema de Drummond, João Cabral de Melo Neto disse ao poeta que, no lugar da
palavra “anistia”, que se repete várias vezes, ele deveria ter escrito “aspirina” ou “melhoral”.
 d) Se Manuel Bandeira teve o beco das carmelitas na Lapa, Drummond teve a Esplanada do Castello
que, passou a ser uma espécie de paisagem mental para ele.
 e) Às vésperas dos seus cinquenta anos, Drummond confessou que, se tornara escritor pela
impossibilidade de ver as coisas, de maneira diferente das que via.
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Questão 493: FCC - ARE (SEFAZ AP)/SEFAZ AP/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Atenção: Leia o texto a seguir para responder à questão.
Renato Mendonça e A influência africana no português do Brasil, um estudo pioneiro
de africanias no português brasileiro
 
A partir de uma definição da antropóloga Nina Friedemann em “Comunidades negras: refúgios de
africanias na Colômbia”, podemos entender africanias como a bagagem cultural submergida no
inconsciente iconográfico dos negroafricanos entrados no Brasil em escravidão, que se faz perceptível na
língua, na música, na dança, na religião, no modo de ser e de ver o mundo, e que, no decorrer dos
séculos, como forma de resistência e de continuidade na opressão, transformou-se e converteu-se em
matrizes partícipes da construção de um novo sistema cultural e linguístico que nos identifica como
brasileiros.
 
São essas matrizes que, na década de 1930, o diplomata, escritor e pesquisador alagoano Renato
Firmino Maia de Mendonça (1912 – 1990), em sua monografia sobre A influência africana no português
do Brasil, trata de pontuar na formação da modalidade da língua portuguesa no Brasil, em nossas
tradições orais e na literatura brasileira.
 
Em 1933, a 1ª edição foi publicada pela Gráfica Sauer com prefácio de Rodolfo Garcia, trazendo o mapa
da distribuição do elemento negro no Brasil colonial e imperial. Em 1935, sai a 2a edição pela
Companhia Editora Nacional, na Coleção Brasiliana, ilustrada com mapas e fotografias e aumentada em
dois capítulos, um esboço histórico sobre o tráfico e um ensaio sobre o negro na literatura brasileira.
Também de caráter inovador são os mapas toponímicos com localidades designadas por nomes africanos
no Brasil, da autoria do geógrafo Carlos Marie Cantão, que vêm em addendum, ao final do livro. A 3ª
edição, de 1948, é publicada no Porto pela Figueirinhas. Em 1972 e 1973, a 2a edição é republicada pela
Civilização Brasileira.
 
Ao lado de Jacques Raimundo, que coincidentemente publicou, pela Renascença, em 1933, O elemento
afro-negro na língua portuguesa, a obra de Renato Mendonça é um estudo de referência obrigatória
nessa importante área de pesquisa, cuja repercussão científica correspondea menos do que seu valor
real, em razão da tendência de esse conhecimento ser considerado, por linguistas e filólogos, mais como
objeto de pesquisa dos africanistas e dos especialistas em estudos “afro-brasileiros” – assim
denominados como uma palavra composta de acordo com a grafia consagrada e recomendada pelo
recente acordo ortográfico. Neste contexto, separado por um traço de união em lugar simplesmente de
se escrever afrobrasileiros, o termo afro, tratado como um prefixo, reflete de maneira subliminar aquela
tendência. Destaca-se como se fosse um aparte eventual no processo e não a parte afrobrasileira
inscrita em nossa identidade cultural e linguística.
 
Dentro desse plano de entendimento, Renato Mendonça coloca e avalia a interferência que aquelas
vozes de mais de quatro milhões de negros escravizados, no decorrer de três séculos consecutivos,
imprimiram naquela língua portuguesa que eles foram obrigados a falar como segunda língua no Brasil.
Ao mesmo tempo, Mendonça enriquece e alarga suas análises baseado em uma bibliografia ainda hoje
consistente e de grande valia para os estudos atuais sobre a história e a etnografia africanas e suas
línguas, principalmente sobre as que foram faladas no Brasil, as quais ele adequadamente chama de
negroafricanas.
 
(Adaptado de: CASTRO, Yeda Pessoa de.
Prefácio − Renato Mendonça e A influência africana no português do Brasil, um estudo pioneiro de africanias no
português brasileiro. In: Mendonça, Renato. A influência africana no Português do Brasil. Brasília: Fundação
Alexandre de Gusmão, 2012, p. 15-16)
Observações:
1. Addendum: adendo, apêndice.
 
Estão corretas as seguintes alterações propostas para a pontuação de fragmentos do texto:
 a) a 1a edição, foi publicada pela Gráfica Sauer, com prefácio, de Rodolfo Garcia, trazendo o mapa da
distribuição do elemento negro, no Brasil, – colonial e imperial.
 b) ilustrada, com mapas e fotografias, e aumentada em dois capítulos: um esboço histórico sobre o
tráfico e um ensaio sobre o negro na literatura brasileira.
 c) Dentro desse plano de entendimento Renato Mendonça coloca, e avalia a interferência, que
aquelas vozes de mais de quatro milhões de negros escravizados.
 d) Também, de caráter inovador, são os mapas, toponímicos: com localidades, designadas, por
nomes africanos, no Brasil, da autoria do geógrafo, Carlos Marie Cantão que vem em addendum; ao final
do livro.
 e) a 3ª edição de 1948, é publicada no Porto pela Figueirinhas. Em 1972 e 1973 a 2a edição, é
republicada pela Civilização Brasileira.
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Questão 494: FCC - AJ TRT23/TRT 23/Administrativa/Contabilidade/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Crimes ditos “passionais”
 
A história da humanidade registra poucos casos de mulheres que mataram por se sentirem traídas ou
desprezadas. Não sabemos, ainda, se a emancipação feminina irá trazer também esse tipo de igualdade:
a igualdade no crime e na violência. Provavelmente, não. O crime dado como passional costuma ser
uma reação daquele que se sente “possuidor” da vítima. O sentimento de posse, por sua vez, decorre
não apenas do relacionamento sexual, mas também do fator econômico: o homem é, em boa parte dos
casos, o responsável maior pelo sustento da casa. Por tudo isso, quando ele se vê contrariado, repelido
ou traído, acha-se no direito de matar.
 
O que acontece com os homens que matam mulheres quando são levados a julgamento? São execrados
ou perdoados? Como reage a sociedade e a Justiça brasileiras diante da brutalidade que se tenta
justificar como resultante da paixão? Há decisões estapafúrdias, sentenças que decorrem mais em
função da eloquência dos advogados e do clima emocional prevalecente entre os jurados do que das
provas dos autos.
 
Vejam-se, por exemplo, casos de crimes passionais cujos responsáveis acabaram sendo inocentados
com o argumento de que houve uma “legítima defesa da honra”, que não existe na lei. Os motivos que
levam o criminoso passional a praticar o ato delituoso têm mais a ver com os sentimentos de vingança,
ódio, rancor, frustração, vaidade ferida, narcisismo maligno, prepotência, egoísmo do que com o
verdadeiro sentimento de honra.
 
A evolução da posição da mulher na sociedade e o desmoronamento dos padrões patriarcais tiveram
grande repercussão nas decisões judiciais mais recentes, sobretudo nos crimes passionais. A sociedade
brasileira vem se dando conta de que mulheres não podem ser tratadas como cidadãs de segunda
categoria, submetidas ao poder de homens que, com o subterfúgio da sua “paixão”, vinham assumindo
o direito de vida e morte sobre elas.
 
(Adaptado de: ELUF, Luiza Nagib. A paixão no banco dos réus. São Paulo: Saraiva, 2002, XI-XIV, passim)
 
É inteiramente regular a pontuação do seguinte período:
 a) A autora do texto reclama, com senso de justiça que não se considere passional um crime movido
pelo rancor, e pelo ódio.
 b) Como reage, a sociedade, quando se vê diante desses crimes em que, a paixão alegada, vale
como uma atenuante.
 c) Tratadas há muito, como cidadãs de segunda classe, as mulheres, aos poucos, têm garantido seus
direitos fundamentais.
 d) Não é a paixão, mas sim, os motivos mais torpes, que estão na raiz mesma, dos crimes hediondos
apresentados como passionais.
 e) Há advogados cuja retórica, encenada em tom emocional, acaba por convencer o júri, inocentando
assim um frio criminoso.
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Questão 495: FCC - Tec GP (PGE AM)/PGE AM/Controle Interno/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Considere o texto abaixo para responder a questão.
Fernando Pessoa é não apenas um dos maiores poetas modernos, mas um dos maiores poetas da
modernidade, ou seja, um dos poetas que mais longe levaram a experiência tanto das possibilidades
quanto do desencanto do mundo moderno. Não que ele esteja próximo das veleidades contemporâneas.
A modernidade a que me refiro não se confunde com a mera contemporaneidade. Deixemos de lado
nosso provincianismo temporal. A modernidade consiste em primeiro lugar na época da
desprovincianização do mundo: aquela que, do ponto de vista temporal, abre-se com o humanismo que,
voltando os olhos para o mundo clássico, relativiza o mundo contemporâneo; e que, do ponto de vista
espacial, abre-se com as descobertas geográficas, celebradas pelo próprio Pessoa, quando diz, por
exemplo, no altíssimo poema “O infante”, inspirado em d. Henrique, o Navegador:
 
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já
não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
 
E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até o fim do mundo, E viu-se a terra inteira,
de repente, Surgir, redonda, do azul profundo.
 
Quem te sagrou criou-te português. Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se
desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal!
 
O processo de cosmopolitização que produziu o mundo moderno não se restringiu às descobertas dos
humanistas e dos navegadores, pois também incluiu explorações científicas, artísticas etc. Ora, a
abertura de novos horizontes tornou possível a compreensão do caráter limitado dos antigos horizontes.
As ideias e as crenças tradicionais puderam ser postas em questão.
 
A filosofia moderna se formou a partir do ceticismo mais radical que se pode imaginar: a dúvida
hiperbólica de Descartes, segundo a qual é possível que tudo o que pensamos saber não tenha
consistência maior que a de sonhos, alucinações, ataques de loucura etc. Com razão, Alexandre Koyré
afirmou que essa dúvida foi “a mais tremenda máquina de guerra contra a autoridade e a tradição que o
homem jamais possuiu”.
 
Pode-se dizer então que o homem moderno é aquele que viu desabarem, ao sopro da razão, os castelos
de cartas das crenças tradicionais: o homem quecaiu em si. Em última análise, é isso que o obriga a
instaurar, por exemplo, os procedimentos jurídicos modernos como processos abertos à razão crítica,
públicos, e cujos resultados estão sempre, em princípio, sujeitos a ser revistos ou refutados.
 
(Adaptado de: CÍCERO, Antonio. A poesia e a crítica: Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, edição digital)
 
No poema de Fernando Pessoa transcrito no texto, as vírgulas separam orações assindéticas
independentes, ou seja, aquelas entre as quais não há conectivo, no seguinte verso:
 a) Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
 b) Senhor, falta cumprir-se Portugal!
 c) Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
 d) Surgir, redonda, do azul profundo.
 e) E viu-se a terra inteira, de repente,
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Questão 496: FCC - Prof B (SEDU ES)/SEDU ES/Ensino Fundamental e Médio/Arte/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Atenção: Para responder à questão, examine a tirinha do cartunista André Dahmer.
 
(DAHMER, André. Malvados. Rio de Janeiro: Desiderata, 2008)
 
Verifica-se o emprego de vírgula para assinalar a elipse de um verbo APENAS no
 a) segundo e no terceiro quadrinhos.
 b) segundo quadrinho.
 c) terceiro quadrinho.
 d) primeiro e no segundo quadrinhos.
 e) primeiro quadrinho.
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Questão 497: FCC - AJ TRT17/TRT 17/Judiciária/"Sem Especialidade"/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Para responder a questão, baseie-se no texto abaixo.
 
Em torno da pena de morte
 
Numa crônica anterior, comentei um crime bárbaro e evoquei figuras de criminosos repugnantes. Alguns
leitores observaram que, de qualquer forma, explicações sociológicas ou psicológicas não valem como
desculpas para crimes atrozes. E perguntaram: “Você é contra ou a favor da pena de morte?”
 
Imagine que um deus, um poder absoluto ou um texto sagrado declarem que quem roubar ou assaltar
será enforcado, ou terá a mão cortada. Nesse caso, puxar a corda, afiar a faca ou assistir à execução
seria simples, pois a responsabilidade moral do veredito não estaria conosco. Nas sociedades tradicionais
em que a punição é decidida por uma autoridade superior a todos, as execuções podem ser públicas: a
coletividade festeja o soberano que se encarregou da justiça – que alívio!
 
A coisa é mais complicada na modernidade, em que os cidadãos comuns (como você e eu) são a fonte
de toda a autoridade jurídica e moral. Hoje, no mundo ocidental, se alguém é executado, o braço que
mata é, em última instância, o dos cidadãos – o nosso. Mesmo que o condenado seja indiscutivelmente
culpado, pairam mil dúvidas. Matar um condenado à morte não é mais uma festa, pois é difícil celebrar o
triunfo de uma moral tecida de perplexidades. As execuções acontecem em lugares fechados, diante de
poucas testemunhas: há uma espécie de vergonha. Essa discrição é apresentada como um progresso:
os povos civilizados não executam seus condenados nas praças. Mas o dito progresso é, de fato, um
corolário das incertezas éticas da nossa cultura.
 
São questões a considerar, creio, antes de responder à pergunta inicial, que me fizeram alguns leitores.
 
(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha, 2004, p. 94-95)
 
É inteiramente regular a pontuação da frase:
 a) Os crimes bárbaros, que se cometem, devem-se por vezes - a fatores de ordem econômica,
psicológica ou sociológica.
 b) Pode ser que estejam certos: mas, os favoráveis à pena de morte, nem sempre consideram com o
peso necessário, os contextos dos delitos.
 c) É difícil de se imaginar, por que alguns veem a execução capital, como um espetáculo a não se
perder ou mesmo a festejar.
 d) Num tempo como este de incertezas éticas; há ainda quem considere imprescindível, a execução
de um criminoso?
 e) Ao concluir o texto, lembra-nos o autor: nossas decisões, sobretudo as mais graves, não
dispensam a mais justa ponderação.
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Questão 498: FCC - AJ TRT23/TRT 23/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
O futuro encolheu
 
Nós, modernos, acordando, voltamo-nos sobretudo para o futuro. Definimo-nos pela capacidade de
mudança − não pelo que somos, mas pelo que poderíamos vir a ser: projetos e potencialidades. O
tempo de nossa vida é o futuro. Em nossos despertares cotidianos, podemos ter uma experiência fugaz
e minoritária do presente, mas é a voz do futuro que nos acorda e nos faz sair da cama.
 
A questão é: qual futuro? Ele pode ser de longo prazo: desde o apelo do dever de produzir um mundo
mais justo até o medo das águas que subirão por causa do efeito estufa. Ou então ele pode ser
imediato: as tarefas do dia que começa, as necessidades do fim do mês, a perspectiva de um encontro
poucas horas mais tarde.
 
Do século 17 ao começo do século 20, o tempo dominante na experiência de nossa cultura parece ter
sido um futuro grandioso − projetos coletivos a longo prazo. Hoje prevalece o futuro dos afazeres
imediatos. Nada de utopia, somente a agenda do dia. Afinal, aqueles futuros de outrora, gloriosos,
revelaram-se como barbáries do século.
 
Ainda assim, o futuro encolhido de hoje parece um pouco inquietante. É que o futuro não foi inventado
só para espantar a morte. O futuro nos serve também para impor disciplina ao presente. Ele é nosso
árbitro moral. Esperamos dele que avalie nossos atos. Em suma: a qualidade de nossos atos de hoje
depende do futuro com o qual sonhamos. Nossa conduta tenta agradar ao tribunal que nos espera.
Receio que futuros muito encolhidos comandem vidas francamente mesquinhas.
 
(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha, 2004, p. 88-89)
 
É inteiramente regular a pontuação da frase:
 a) O futuro nos parece hoje inquietante, desde que se constatou, que sofreu um notável
encolhimento.
 b) Do futuro com que sonhamos, é que depende a qualidade mesma, dos nossos atos cotidianos.
 c) É como se houvesse no futuro, um tribunal, de cujo veredito, dependerá a qualificação dos nossos
atos.
 d) Não apenas para disciplinar o presente, mas também, para espantar a morte, o sentimento do
futuro se impõe.
 e) Operando como nosso árbitro moral, o futuro, sempre inquietante, avaliará os atos que estamos a
praticar.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/2168446
Questão 499: FCC - AJ (TJ CE)/TJ CE/Judiciária/"Sem Especialidade"/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
 
Brincadeiras de criança
 
Entre as crianças daquele tempo, na hora de formar grupos pra brincar, alguém separava as sílabas
enquanto ia rodando e apontando cada um com o dedo: “Lá em ci-ma do pi-a-no tem um co-po de ve-
ne-no, quem be-beu mor-reu, o cul-pa-do não fui eu”. Piano? Qual? Veneno? Por quê? Morreu? Quem?
Tratava-se de uma “parlenda”*, como aprendi bem mais tarde, mas podem chamar de surrealismo,
enigma, senha mágica, charada...
 
Mesmo as nossas cartilhas de alfabetização tinham seus mistérios: uma das lições iniciais era a frase “A
macaca é má”, com a ilustração de uma macaquinha espantada e a exploração repetida das sílabas “ma”
e “ca”. Ponto. Nenhuma história? Por que era má a macaquinha? Depois aprendi que “má macaca” é um
parequema**. A gente vai ficando sabido e ignorando o essencial. O que, afinal, teria aprontado a má
macaquinha da cartilha?
 
A grande poeta Orides Fontela usou como epígrafe de um de seus livros de alta poesia (Helianto, 1973)
esta popular quadrinha de cantiga de roda:
 
“Menina, minha menina,
Faz favor de entrar na roda
Cante um verso bem bonito
Diga adeus e vá-se embora”
 
Ou seja:brincando, brincando, eis a nossa vida resumida, em meio aos densos poemas de Orides, a
nossa vida, em que cada um de nós se apresenta aos outros, busca dizer com capricho a que veio no
tempinho que teve e...adeus. Podem soar fundo as palavras mais inocentes: “ir-se embora”, depois da
viva roda... E ir-se embora sem saber mais nada daquele copo de veneno em cima do piano ou da
macaquinha da cartilha, eternamente condenada a ser má. Ir-se embora já ouvindo bem ao longe as
vozes das crianças cantando na roda.
 
* parlenda: palavreado utilizado em brincadeiras infantis ou jogos de memorização.
** parequema: repetição de sons ou da sílaba final de uma palavra, no início da palavra seguinte.
 
(Adaptado de: MACEDÔNIO, Faustino. Casos de almanaque, a publicar)
 
A supressão da vírgula altera o sentido da seguinte frase:
 a) Oportunamente, lembrarei com você algumas das parlendas da minha infância.
 b) Ao me lembrar das cantigas que entoávamos, sou tomado por alguma nostalgia.
 c) Nem todos iam ao meio da roda, ainda que nós insistíssemos muito.
 d) Gostávamos de recitar as parlendas, que nos pareciam carregadas de mistério.
 e) Talvez por timidez, ela jamais se oferecia para desfrutar do centro da roda.
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Questão 500: FCC - AJ TRT9/TRT 9/Judiciária/"Sem Especialidade"/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
O animal que se tornou um deus
 
Há 70 mil anos, o Homo sapiens ainda era um animal insignificante cuidando da sua própria vida em
algum canto da África.
 
Nos milênios seguintes, ele se transformou no senhor de todo o planeta e no terror do ecossistema.
Hoje, ele está prestes a se tornar um deus, pronto para adquirir não só a juventude eterna como
também as capacidades divinas de criação e destruição.
 
Infelizmente, até agora o regime dos sapiens sobre a Terra produziu poucas coisas das quais podemos
nos orgulhar. Nós dominamos o meio à nossa volta, aumentamos a produção de alimentos, construímos
cidades, fundamos impérios e criamos grandes redes de comércio. Mas diminuímos a quantidade de
sofrimento no mundo? Repetidas vezes, os aumentos gigantescos na capacidade humana não
necessariamente melhoraram o bem-estar dos sapiens como indivíduos e geralmente causaram enorme
sofrimento a outros animais.
 
Apesar das coisas impressionantes de que os humanos são capazes de fazer, nós continuamos sem
saber ao certo quais são nossos objetivos e, ao que parece, estamos insatisfeitos como sempre.
Avançamos de canoas e galés a navios a vapor e naves espaciais – mas ninguém sabe para onde
estamos indo. Somos mais poderosos do que nunca, mas temos pouca ideia do que fazer com todo esse
poder. O que é ainda pior, os humanos parecem mais irresponsáveis do que nunca. Deuses por mérito
próprio, contando apenas com as leis da física para nos fazer companhia, estamos destruindo os outros
animais e o ecossistema à nossa volta, visando a não muito mais do que nosso próprio conforto e
divertimento, mas jamais encontrando satisfação.
 
Existe algo mais perigoso do que deuses insatisfeitos e irresponsáveis que não sabem o que querem?
 
(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. Sapiens – Uma breve história da humanidade.
Trad. Janaína Marcoantonio. Porto Alegre: L&PM, 2018, p. 427-428)
 
A supressão da vírgula altera o sentido da frase em:
 a) Nos primeiros milênios de sua história, o homo sapiens começava a interferir na vida do planeta.
 b) O autor mostra sua desconfiança quanto aos deuses irresponsáveis, que se sentem insatisfeitos.
 c) Não se leve tão em conta o louvor ao progresso, já que nem todos são tocados por ele.
 d) Mesmo nos impérios e nas grandes conquistas, a miséria não deixou de marcar presença.
 e) Houve ciclos de aumento na capacidade humana, mas não necessariamente em favor de todos.
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Questão 501: FCC - AJ TRT9/TRT 9/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Não me correu tranquilo o S. João de 185...
 
Duas semanas antes do dia em que a Igreja celebra o evangelista, recebi pelo correio o seguinte bilhete,
sem assinatura e de letra desconhecida:
 
“O Dr. *** é convidado a ir à vila de... tomar conta de um processo. O objeto é digno do talento e das
habilitações do advogado. Despesas e honorários ser-lhe-ão satisfeitos antecipadamente, mal puser pé
no estribo. O réu está na cadeia da mesma vila e chamase Julião. Note que o Dr. é convidado a ir
defender o réu.”
 
Li e reli este bilhete; voltei-o em todos os sentidos; comparei a letra com todas as letras dos meus
amigos e conhecidos... Nada pude descobrir.
 
Entretanto, picava-me a curiosidade. Luzia-me um romance através daquele misterioso e anônimo
bilhete. Tomei uma resolução definitiva. Ultimei uns negócios, dei de mão outros, e oito dias depois de
receber o bilhete tinha à porta um cavalo e um camarada para seguir viagem. No momento em que me
dispunha a sair, entrou-me em casa um sujeito desconhecido, e entregou-me um rolo de papel contendo
uma avultada soma, importância aproximada das despesas e dos honorários. Recusei apesar das
instâncias, montei a cavalo e parti.(b)
 
Só depois de ter feito algumas léguas é que me lembrei de que justamente na vila a que eu ia morava
um amigo meu, antigo companheiro da academia.
 
Poucos dias depois apeava eu à porta do referido amigo. Depois de entregar o cavalo aos cuidados do
camarada, entrei para abraçar o meu antigo companheiro de estudos, que me recebeu alvoroçado e
admirado.
 
− A que vens, meu amigo? A que vens? perguntava-me ele.(c)
 
− Vais sabê-lo. Creio que há um romance para deslindar. Há quinze dias recebi no meu escritório, na
corte, um bilhete anônimo em que se me convidava com instância a vir a esta vila para tomar conta de
uma defesa. Não pude conhecer a letra; era desigual e trêmula, como escrita por mão cansada...
 
− Tens o bilhete contigo?
 
− Tenho.
 
Tirei do bolso o misterioso bilhete e entreguei-o aberto ao meu amigo. Ele, depois de lê-lo, disse:
 
− É a letra de Pai de todos.
 
− Quem é Pai de todos?
 
− É um fazendeiro destas paragens, o velho Pio.(a) O povo dá-lhe o nome de Pai de todos, porque o
velho Pio o é na verdade.
 
− Bem dizia eu que há romance no fundo!... Que faz esse velho para que lhe deem semelhante título?
 
− Pouca coisa. Pio é, por assim dizer, a justiça e a caridade fundidas em uma só pessoa.(d) Só as
grandes causas vão ter às autoridades judiciárias, policiais ou municipais; mas tudo o que não sai de
certa ordem é decidido na fazenda de Pio, cuja sentença todos acatam e cumprem. Seja ela contra
Pedro ou contra Paulo, Paulo e Pedro submetem-se, como se fora uma decisão divina.
 
Quando dois contendores saem da fazenda de Pio, saem amigos.(e) É caso de consciência aderir ao
julgamento de Pai de todos.
 
O meu amigo continuou a desfiar as virtudes do fazendeiro. Meu espírito apreendia-se cada vez mais de
que eu ia entrar em um romance. Finalmente o meu amigo dispunha-se a contar-me a história do crime
em cujo conhecimento devia eu entrar daí a poucas horas. Detive-o.
 
− Não, disse-lhe, deixa-me saber de tudo por boca do próprio réu. Depois compararei com o que me
contarás.
 
− É melhor. Julião é inocente...
 
(Adaptado de: ASSIS, Machado de. Obra Completa, v. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994)
 
Verifica-se o emprego de vírgula para separar um vocativo em:
 a) – É um fazendeiro destas paragens, o velho Pio.
 b) Recusei apesar das instâncias, montei a cavalo e parti.
 c) – A que vens, meu amigo? A que vens? perguntava-me ele.
 d) Pio é, por assim dizer, a justiça e a caridade fundidas em uma só pessoa.
 e) Quando dois contendores saem da fazenda de Pio, saem amigos.
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Questão 502: FCC - AJ (TJCE)/TJ CE/Ciência da Computação/Infraestrutura de TI/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Para responder à questão, leia o início do conto “Missa do Galo”, de Machado de Assis.
 
Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezessete,
ela, trinta. Era noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa do galo, preferi não
dormir; combinei que eu iria acordá-lo à meia-noite.
 
A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias,
com uma de minhas primas. A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-me bem quando
vim de Mangaratiba para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia tranquilo, naquela
casa assobradada da Rua do Senado, com os meus livros, poucas relações, alguns passeios. A família
era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. Às dez horas da noite
toda a gente estava nos quartos; às dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de
uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões,
a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na
manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia
amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição
padecera, a princípio, com a existência da comborça*; mas afinal, resignara-se, acostumara-se, e
acabou achando que era muito direito.
 
Boa Conceição! Chamavam-lhe “a santa”, e fazia jus ao título, tão facilmente suportava os
esquecimentos do marido. Em verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem grandes
lágrimas, nem grandes risos. Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem
bonito nem feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não dizia mal de ninguém, perdoava tudo.
Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar.
 
Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pelos anos de 1861 ou 1862. Eu já devia estar em
Mangaratiba, em férias; mas fiquei até o Natal para ver “a missa do galo na Corte”. A família recolheu-se
à hora do costume; eu meti-me na sala da frente, vestido e pronto. Dali passaria ao corredor da entrada
e sairia sem acordar ninguém. Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão, eu levaria outra, a
terceira ficava em casa.
 
− Mas, Sr. Nogueira, que fará você todo esse tempo? perguntou-me a mãe de Conceição.
 
− Leio, D. Inácia.
 
Tinha comigo um romance, os Três Mosqueteiros, velha tradução creio do Jornal do Comércio. Sentei-
me à mesa que havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene, enquanto a casa
dormia, trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D'Artagnan e fui-me às aventuras. Os minutos
voavam, ao contrário do que costumam fazer, quando são de espera; ouvi bater onze horas, mas quase
sem dar por elas, um acaso. Entretanto, um pequeno rumor que ouvi dentro veio acordar-me da leitura.
 
(Adaptado de: Machado de Assis. Contos: uma antologia. São Paulo: Companhia das Letras, 1988)
 
*comborça: qualificação humilhante da amante de homem casado
 
Verifica-se o emprego de vírgula para assinalar a supressão de um verbo em:
 a) A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que fora casado, em primeiras
núpcias, com uma de minhas primas.
 b) Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu
dezessete, ela, trinta.
 c) Vivia tranquilo, naquela casa assobradada da Rua do Senado, com os meus livros, poucas relações,
alguns passeios.
 d) A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas.
 e) Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão, eu levaria outra, a terceira ficava em casa.
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Questão 503: FCC - AJ TRT22/TRT 22/Área Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador
Federal/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
Lembram-se da história de Tristão e Isolda? O enredo gira em torno da transformação da relação entre
os dois protagonistas. Isolda pede à criada, Brangena, que lhe prepare uma poção letala, mas, em vez
disso, ela prepara-lhe um “filtro de amor”,d que tanto Tristão como Isolda bebem sem saber o efeito que
irá produzir. A misteriosa bebida desperta neles a mais profunda das paixões e arrasta-os para um
êxtase que nada consegue dissipar − nem sequer o fato de ambos estarem traindo infamemente o
bondoso rei Mark. Na ópera Tristão e Isolda, Richard Wagner captou a força da ligação entre os amantes
numa das passagens mais exaltadas da história da música. Devemos interrogar-nos sobre o que o atraiu
para essa história e por que motivo milhões de pessoas, durante mais de um século, têm partilhado o
fascínio de Wagner por ela.
 
A resposta à primeira pergunta é que a composição celebrava uma paixão semelhante e muito real da
vida de Wagner. Wagner e Mathilde Wesendonck tinham se apaixonado de forma não menos insensata,
se considerarmos que Mathilde era a mulher do generoso benfeitor de Wagner e que Wagner era um
homem casado. Wagner tinha sentido as forças ocultas e indomáveis que por vezes conseguem se
sobrepor à vontade própria e que, na ausência de explicações mais adequadas, têm sido atribuídas à
magia ou ao destino. A resposta à segunda questão é um desafio ainda mais atraente.
 
Existem, com efeito, poções em nossos organismos e cérebros capazes de impor comportamentosc que
podemos ser capazes ou não de eliminar por meio da chamada força de vontade. Um exemplo
elementar é a substância química oxitocina. No caso dos mamíferos, incluindo os seres humanos, essa
substânciab é produzida tanto no cérebro como no corpo. De modo geral, influencia toda uma série de
comportamentos, facilita as interações sociais e induz a ligação entre os parceiros amorosos.
 
Não há dúvida de que os seres humanos estão constantemente usando muitos dos efeitos da oxitocina,
conquanto tenham aprendido a evitar, em determinadas circunstâncias, os efeitos que podem vir a não
ser bonse. Não se deve esquecer que o filtro de amor não trouxe bons resultados para o Tristão e Isolda
de Wagner. Ao fim de três horas de espetáculo, eles encontram uma morte desoladora.
 
(Adaptado de: DAMÁSIO, António. O erro de Descartes. São Paulo: Companhia das Letras, edição digital)
 
As vírgulas isolam um segmento que expressa ideia de explicação no trecho:
 a) Isolda pede à criada, Brangena, que lhe prepare uma poção letal
 b) No caso dos mamíferos, incluindo os seres humanos, essa substância
 c) Existem, com efeito, poções em nossos organismos e cérebros capazes de impor comportamentos
 d) mas, em vez disso, ela prepara-lhe um “filtro de amor”
 e) conquanto tenham aprendido a evitar, em determinadas circunstâncias, os efeitos que podem vir a
não ser bons
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Questão 504: FCC - AJ TRT4/TRT 4/Judiciária/"Sem Especialidade"/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Para responder a questão, baseie-se no texto abaixo.
 
[Ritmos da civilização]
 
Se um camponês espanhol tivesse adormecido no ano 1.000 e despertado quinhentos anos depois, ao
som dos marinheiros de Colombo a bordo das caravelas Nina, Pinta e Santa Maria, o mundo lhe
pareceria bastante familiar. Esse viajante da Idade Média ainda teria se sentido em casa. Mas se um dos
marinheiros de Colombo tivesse caído em letargia similar e despertado ao toque de um iPhone do século
XXI, se encontraria num mundo estranho, para além de sua compreensão. “Estou no Céu?”, ele poderia
muito bem se perguntar, “Ou, talvez, no Inferno?”
 
Os últimos quinhentos anos testemunharam um crescimento fenomenal e sem precedentes no poderio
humano.Suponha que um navio de batalha moderno fosse transportado de volta à época de Colombo.
Em questão de segundos, poderia destruir as três caravelas e em seguida afundar as esquadras de cada
uma das grandes potências mundiais. Cinco navios de carga modernos poderiam levar a bordo o
carregamento das frotas mercantes do mundo inteiro. Um computador moderno poderia facilmente
armazenar cada palavra e número de todos os documentos de todas as bibliotecas medievais, com
espaço de sobra. Qualquer grande banco de hoje tem mais dinheiro do que todos os reinos do mundo
pré-moderno reunidos.
 
Durante a maior parte da sua história, os humanos não sabiam nada sobre 99,99% dos organismos do
planeta – em especial, os micro-organismos. Foi só em 1674 que um olho humano viu um micro-
organismo pela primeira vez, quando Anton van Leeuwenhock deu uma espiada através de seu
microscópio caseiro e ficou impressionado ao ver um mundo inteiro de criaturas minúsculas dando volta
em uma gota d’água. Hoje, projetamos bactérias para produzir medicamentos, fabricar biocombustível e
matar parasitas.
 
Mas o momento mais notável e definidor dos últimos 500 anos ocorreu às 5h29m45s da manhã de 16
de julho de 1945. Naquele segundo exato, cientistas norte-americanos detonaram a primeira bomba
atômica em Alamogordo, Novo México. Daquele ponto em diante, a humanidade teve a capacidade não
só de mudar o curso da história como também de colocar um fim nela. O processo histórico que levou a
Alamogordo e à Lua é conhecido como Revolução Científica. Ao longo dos últimos cinco séculos, os
humanos passaram a acreditar que poderiam aumentar suas capacidades se investissem em pesquisa
científica. O que ninguém poderia imaginar era em que aceleração frenética tudo se daria.
 
(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. Uma breve história da humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio. Porto Alegre:
L&PM, 2018, p. 257-259, passim)
 
É plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
 a) Ao imaginar ao modo de uma ficção científica, que um homem fosse transportado no tempo que,
por exemplo um camponês da Idade Média, se visse no século XXI o cronista avalia a estupefação de
que o pobre homem seria tomado.
 b) Ao imaginar ao modo de uma ficção científica que um homem fosse transportado no tempo, que
por exemplo, um camponês da Idade Média, se visse no século XXI, o cronista avalia a estupefação, de
que o pobre homem, seria tomado.
 c) Ao imaginar ao modo de uma ficção científica, que um homem fosse transportado no tempo, que
por exemplo, um camponês da Idade Média se visse, no século XXI, o cronista avalia a estupefação, de
que o pobre homem seria tomado.
 d) Ao imaginar, ao modo de uma ficção científica que um homem, fosse transportado no tempo, que
por exemplo um camponês, da Idade Média se visse no século XXI, o cronista avalia a estupefação de
que o pobre homem seria tomado.
 e) Ao imaginar, ao modo de uma ficção científica, que um homem fosse transportado no tempo, que,
por exemplo, um camponês da Idade Média se visse no século XXI, o cronista avalia a estupefação de
que o pobre homem seria tomado.
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Questão 505: FCC - AJ TRT4/TRT 4/Apoio Especializado/Engenharia Civil/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Para responder a questão, considere o texto de Mario Quintana.
 
Velha história
 
Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. Até que apanhou um peixinho! Mas o peixinho era
tão pequenininho e inocente, e tinha um azulado tão indescritível nas escamas, que o homem ficou com
pena. E retirou cuidadosamente o anzol e pincelou com iodo a garganta do coitadinho. Depois guardou-
o no bolso traseiro das calças, para que o animalzinho sarasse no quente. E desde então ficaram
inseparáveis. Aonde o homem ia, o peixinho o acompanhava a trote, que nem um cachorrinho. Pelas
calçadas. Pelos elevadores. Pelo café. Como era tocante vê-los no "17"! – o homem, grave, de preto,
com uma das mãos segurando a xícara de fumegante moca, com a outra lendo o jornal, com a outra
fumando, com a outra cuidando do peixinho, enquanto este, silencioso e levemente melancólico, tomava
laranjada por um canudinho especial...
 
Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem do rio onde o segundo dos dois fora pescado.
E eis que os olhos do primeiro se encheram de lágrimas. E disse o homem ao peixinho:
 
“Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. Por que roubar-te por mais tempo ao carinho do
teu pai, da tua mãe, dos teus irmãozinhos, da tua tia solteira? Não, não e não! Volta para o seio da tua
família. E viva eu cá na terra sempre triste!...”
 
Dito isso, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou o peixinho n’água. E a água fez
redemoinho, que foi depois serenando, serenando até que o peixinho morreu afogado...
 
(Mario Quintana. Eu passarinho. São Paulo: Ática, 2014)
 
Verifica-se o emprego de vírgula para separar um vocativo em:
 a) Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. (1º parágrafo)
 b) Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. (3º parágrafo)
 c) Aonde o homem ia, o peixinho o acompanhava a trote, que nem um cachorrinho. (1º parágrafo)
 d) Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem do rio onde o segundo dos dois fora
pescado. (2º parágrafo)
 e) Dito isso, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou o peixinho n’água. (4º parágrafo)
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Questão 506: FCC - Ana JD (DPE AM)/DPE AM/Ciências Jurídicas/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Considere o texto abaixo para responder à questão.
 
[Viver a pressa]
 
Há uma continuidade entre a lógica intensamente competitiva e calculista do mundo do trabalho e aquilo
que somos e fazemos nas horas em que estamos fora dele.
 
O vírus da pressa alastra-se em nossos dias de uma forma tão epidêmica como a peste em outros
tempos: a frequência do acesso a um website despenca caso ele seja mais lento que um site rival. Mais
de um quinto dos usuários da internet desistem de um vídeo caso ele demore mais que cinco segundos
para carregar.
 
Excitação efêmera, sinal de tédio à espreita. Estará longe o dia em que toda essa pressa deixe de ser
uma obsessão? Será que a adaptação triunfante aos novos tempos da velocidade máxima acabará por
esvaziar até mesmo a consciência dessa nossa degradação descontrolada?
 
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 88)
 
Está plenamente adequada a pontuação do seguinte período:
 a) Ao detectar, em nossos dias tão agitados, o vírus da pressa, que contamina não apenas o tempo
do trabalho, mas também o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor de que, se assim
continuar, nossa civilização se degradará.
 b) Ao detectar em nossos dias, tão agitados o vírus da pressa, que contamina não apenas o tempo
do trabalho mas, também, o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor, de que, se assim
continuar, nossa civilização se degradará.
 c) Ao detectar, em nossos dias tão agitados o vírus da pressa, que contamina, não apenas o tempo
do trabalho mas também o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor de que, se assim
continuar nossa civilização, se degradará.
 d) Ao detectar em nossos dias tão agitados, o vírus da pressa que contamina, não apenas o tempo
do trabalho mas, também o tempo, de outras ocupações, o autor mostra seu temor de que, se assim
continuar nossa civilização se degradará.
 e) Ao detectar em nossos dias tão agitados o vírus, da pressa que contamina não apenas o tempo do
trabalho, mas também o tempo de outras ocupações, o autor mostra, seu temor, de que, se assim
continuar nossa civilização se degradará.
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Questão 507: FCC - AJ TRT5/TRT 5/Apoio Especializado/MedicinaPsiquiatria/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Atenção: Leia o trecho inicial do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis, para responder à questão.
 
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito
alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço; outro, o ferro ao
pé. Havia também a máscara de folha de flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos
escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada
atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar, porque geralmente
era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e
a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem
sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda,
na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras.
 
O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa
também, à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava,
naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse,
mostrava um reincidente, e com pouco era pegado.
 
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão.
Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte
era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau;
além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-
se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no
Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro,
apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, quitandando.
 
Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anúncios nas folhas
públicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por onde andava
e a quantia de gratificação. Quando não vinha a quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á
generosamente”, – ou “receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em cima ou ao lado
uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se
com todo o rigor da lei contra quem o acoutasse.
(Adaptado de: Assis, Machado de. 50 contos. São Paulo: Companhia das Letras, 2007)
 
Verifica-se o emprego de vírgula para assinalar a elipse de um verbo em:
 a) Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era
pegado.
 b) Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também, à direita ou à esquerda, até ao alto da
cabeça e fechada atrás com chave.
 c) Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço;
outro, o ferro ao pé.
 d) Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da
escravidão.
 e) Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo
dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também
dói.
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Questão 508: FCC - AP (MANAUSPREV)/MANAUSPREV/Administração/2021
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Pessoa que já serviu na polícia secreta de Londres e de New York tem anunciado nos nossos diários que
oferece os seus préstimos para descobrir coisas furtadas ou perdidas. Não publica o nome; prova de que
é realmente um ex-secreta* inglês ou americano. A primeira ideia do ex-secreta local seria imprimir o
nome, com indicação da residência. Não há ofício que não traga louros, e os louros fizeram-se para os
olhos dos homens. Não tenho perdido nada, nem por furto, nem por outra via; deixo de recorrer aos
préstimos do anunciante, mas aproveito esta coluna para recomendá-los aos meus amigos e leitores.
Pois que a fortuna trouxe às nossas plagas um perfeito conhecedor do ofício, erro é não aproveitá-lo.
Não se perdem somente objetos: perdem-se também vidas, nem sempre se sabe quem é que as leva.
Ora, conquanto não se achem as vidas perdidas, importa conhecer as causas da perda, quando escapam
à ação da lei ou da autoridade. Não foi assassínio, mas suicídio, o dessa Ambrosina Cananeia, que
deixou a vida esta semana. Era uma pobre mulher trabalhadeira, com dois filhos adolescentes e mãe
valetudinária**; morava nos fundos de uma estalagem da rua da Providência. O filho era empregado, a
filha aprendia a fazer flores... Não sei se te lembras do acontecimento: tais são os casos de sangue
destes dias que é natural vir o fastio e ir-se a memória. Pois fica lembrado.
A causa do suicídio não foi a pobreza, ainda que a pessoa fosse pobre. Nem desprezo de homem, nem
ciúmes. A carta deixada dizia em começo: “Vou dar-te a última prova de amizade... É impossível mais
tolerar a vida por tua causa; deixando eu de existir, você deixa de sofrer.” Você é uma mocinha de
dezesseis anos, vizinha, dizem que bonita, amiga da morta. Segundo a carta, a mocinha era castigada
por motivo daquela afeição, tudo de mistura com um casamento que lhe queriam impor.
O que é único, é esta amiga que se mata para que a outra não padeça. A outra era diariamente
espancada, quase todos os vizinhos o sabiam pelos gritos e pelo pranto da vítima − “tudo por causa da
nova amizade”. Não podendo atalhar o mal da amiga, Ambrosina buscou um veneno, meteu no seio as
cartas da amiga e acabou com a vida em cinco minutos. “Adeus, Matilde; recebe o meu último suspiro”.
Os tempos, desde a antiguidade, têm ouvido suspiros desses, mas não são últimos. Que a morte de
uma trouxesse a da outra, voluntária e terrível, não seria comum, mas confirmaria a amizade. As
afeições grandes podem não suportar a viuvez. Quem eu quisera ouvir sobre isto era o ex-secreta de
Londres e de New York, onde a polícia pode ser que penetre além do delito e suas provas, e passeie na
alma da gente, como tu, por tua casa.
* secreta: agente secreto.
** valetudinário: que ou o que é de constituição física débil, doentia, sempre sujeito a enfermidades.
 
(Adaptado de: ASSIS, Machado de. Crônicas escolhidas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013)
 
Considere os seguintes trechos da crônica.
I. Não tenho perdido nada, nem por furto, nem por outra via; deixo de recorrer aos préstimos do
anunciante, mas aproveito esta coluna para recomendá-los aos meus amigos e leitores. (1o
 parágrafo)
II. Os tempos, desde a antiguidade, têm ouvido suspiros desses, mas não são últimos. Que a morte
de uma trouxesse a da outra, voluntária e terrível, não seria comum, mas confirmaria a amizade. (5o
 parágrafo)
III. Quem eu quisera ouvir sobre isto era o ex-secreta de Londres e de New York, onde a polícia
pode ser que penetre além do delito e suas provas, e passeie na alma da gente, como tu, por tua
casa. (5o parágrafo)
Verifica-se o emprego de vírgula para assinalar a elipse de um verbo em
 a) I, apenas.
 b) II, apenas.
 c) III, apenas.
 d) II e III, apenas.
 e) I, II e III.
 
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Questão 509: FCC - Estag (SABESP)/SABESP/Ensino Superior/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
A World Wide Web, ou www, completou três décadas de existência. Sua invenção mudou a cara da
internet. A ideia foi do físico britânico Tim Berners-Lee, quando tinha 33 anos. Naquela época, a internet
já operava havia duas décadas, mas de forma bem diferente. Com recursos restritos, era usada
principalmente para troca de informações entre pesquisadores da área acadêmica.“A www transformou-se em um componente fundamental da internet moderna”, afirma Fabio Kon,
professor do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo. “A rede trouxe muitas
coisas boas e já não conseguimos mais viver sem as comodidades que ela proporciona. Mas, por outro
lado, ela amplifica alguns fenômenos negativos e indesejados que já existiam na sociedade.”
Nas comemorações dos 30 anos da web, Berners-Lee expressou preocupação com o rumo que vem
tomando a internet. Em carta aberta, listou três áreas que, para ele, prejudicam a web: intenções
maliciosas; projetos duvidosos, entre eles modelos de negócios que recompensam cliques; e
consequências negativas não intencionais da rede, com destaque para discussões agressivas e
polarizadas.
“Precisamos de um novo contrato para a web”, declarou Berners-Lee em uma conferência sobre
tecnologia da internet. “Algumas questões de regulamentação têm que envolver governos. Outras
claramente incluem as empresas. Se você for provedor de acesso, precisa se comprometer a entregar
neutralidade de rede. Se for uma companhia de rede social, precisa garantir que as pessoas tenham
controle sobre seus dados.”
“Desde sua origem, a internet se propôs a ser plural e de acesso amplo”, ressalta a advogada Cíntia Rosa
Pereira de Lima, líder do grupo de pesquisa Observatório do Marco Civil da Internet no Brasil.
A pesquisadora assinala também alguns problemas decorrentes das mudanças geradas pela internet.
“Percebo que, com a proliferação das redes sociais, as pessoas passaram a se preocupar mais com a
quantidade de relacionamentos, desconsiderando a qualidade deles”.
Um dos pioneiros da internet no país, o engenheiro Demi Getschko admite que a rede enfrenta
problemas, mas defende que o que vemos nela, conforme já expresso pelo matemático Vint Cerf, um de
seus fundadores, é a representação daquilo que existe no mundo real. “A maioria das pessoas envolvidas
com ela é bem-intencionada, mas existe uma ânsia de participar, de falar sem pensar, que com o tempo,
esperamos, vai assentar. Tenho dúvidas sobre a eficiência de normatizações para corrigir os excessos na
rede. Como ela não tem fronteiras, qualquer legislação local tende a falhar.”
(Adaptado de: VASCONCELOS, Yuri. Disponível em: revistapesquisa.fapesp.br)
 
A pontuação se mantém correta no seguinte segmento adaptado do texto:
 a) Um dos pioneiros, da internet no país admite que, a rede mundial de computadores enfrenta
problemas.
 b) Naquela época, a internet já operava, havia duas décadas mas, de forma bem diferente.
 c) Existe uma ânsia, de participar do processo, de falar, sem pensar que, com o tempo esperamos:
vai assentar.
 d) Algumas questões de regulamentação, envolvem governos; outras claramente, incluem as
empresas.
 e) A rede trouxe muitas coisas boas, e já não conseguimos mais viver sem as comodidades que ela
proporciona.
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Questão 510: FCC - Proc (SANASA)/SANASA/Jurídico/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
[O tempo sem rumo]
 
As datas deveriam nos fixar no tempo como as coordenadas geográficas nos fixam no espaço, mas a
analogia não funciona. O tempo não tem pontos fixos, o tempo é uma sombra que dá a volta na Terra.
Ou a Terra é que dá voltas na sombra. Nossa única certeza é que será sempre a mesma sombra – o que
não é uma certeza, é um terror.
 
Na nossa fome de coordenadas no tempo nos convencemos até que dias da semana têm características.
Que uma terça-feira, por exemplo, não serve para nada. Que terça é o dia mais sem graça que existe,
sem a gravidade de uma segunda – dia de remorso e decisões – e o peso da quarta, que centraliza a
semana. Gostaríamos que passar pelos dias fosse como passar por meridianos e paralelos, a evidência de
estarmos indo numa direção, não entrando e saindo da mesma sombra. Não passando por cada domingo
com a nítida impressão de que já estivemos aqui antes.
 
Já que não há coordenadas e pontos fixos no tempo, contentemo-nos com as metáforas fáceis. Este
nosso milênio se estende como um imenso pergaminho à nossa frente, esperando para ser preenchido.
Podemos escolher nosso destino, desenhar nossos próprios meridianos e paralelos e prováveis novos
mundos. É verdade que a passagem do tempo não se mede apenas pelo retorno aos domingos, também
se mede pela degradação orgânica, e que a cada domingo estaremos mais perto daquela sombra que
nunca acaba... Nenhum de nós chegará muito longe neste milênio. Mas é bom saber que ele está, aqui,
quase inteiro, sempre à nossa espera.
 
(Adaptado de VERISSIMO, Luis Fernando. Em algum lugar do paraíso. 
São Paulo: Objetiva, 2011, p. 7)
 
Está plenamente adequada a pontuação da frase:
 a) O que se teme no tempo, é o fato de não podermos dimensioná-lo, segundo nossa necessidade.
 b) Não se planeja o tempo, conquanto nosso desejo, fosse determinar exatamente os passos que
temos a dar.
 c) Cada dia da semana segundo o autor, tem características tão próprias, que nos fazem senti-los de
modo distinto.
 d) O tempo, ainda que não possa ser controlado, dá-nos a sensação de que está aberto, sujeito a um
preenchimento nosso.
 e) Move-nos uma ilusão, de que possamos contar com o tempo como se ele estivesse disponível, para
dele nos valermos, segundo nosso interesse.
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Questão 511: FCC - PJ (MPE MT)/MPE MT/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
[Nossa quota de felicidade]
Os últimos 500 anos testemunharam uma série de revoluções de tirar o fôlego. A Terra foi unida em uma
única esfera histórica e ecológica. A economia cresceu exponencialmente, e hoje a humanidade desfruta
do tipo de riqueza que só existia nos contos de fadas. A ciência e a Revolução Industrial deram à
humanidade poderes sobre-humanos e energia praticamente sem limites. A ordem social foi totalmente
transformada, bem como a política, a vida cotidiana e a psicologia humana.
Mas somos mais felizes? A riqueza que a humanidade acumulou nos últimos cinco séculos se traduz em
contentamento? A descoberta de fontes de energia inesgotáveis abre diante de nós depósitos
inesgotáveis de felicidade? Voltando ainda mais tempo, os cerca de 70 milênios desde a Revolução
Cognitiva tornaram o mundo um lugar melhor para se viver? O falecido astronauta Neil Armstrong, cuja
pegada continua intacta na Lua sem vento, foi mais feliz que os caçadores-coletores anônimos que há 30
mil anos deixaram suas marcas de mão em uma parede na caverna? Se não, qual o sentido de
desenvolver agricultura, cidades, escrita, moeda, impérios, ciência e indústria?
Os historiadores raramente fazem essas perguntas. Mas essas são as perguntas mais importantes que
podemos fazer à história. A maioria dos programas ideológicos e políticos atuais se baseia em ideias um
tanto frágeis no que concerne à fonte real de felicidade humana. Em uma visão comum, as capacidades
humanas aumentaram ao longo da história. Considerando que os humanos geralmente usam suas
capacidades para aliviar sofrimento e satisfazer aspirações, decorre que devemos ser mais felizes que
nossos ancestrais medievais e que estes devem ter sido mais felizes que os caçadores-coletores da Idade
da Pedra. Mas esse relato progressista não convence.
(Adaptado de HARARI, Yuval Noah. Sapiens –
Uma breve história da humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio. Porto Alegre, RS: L&PM, 2018, p. 386-387)
 
A supressão da vírgula altera efetivamente o sentido da frase:
 a) A ideia mesma de felicidade parece ter bem pouca relevância, no curso da caminhada da
civilização.
 b) Ao longo dos últimos cinco séculos, ocorreram revoluções cruciais na história da humanidade.
 c) Para muitos homens, não faz sentido indagar sobre o teor de felicidade que deveria acompanhar o
progresso.
 d) A pouca gente ocorre indagar sobre o sentido do progresso, que atinge uns poucos privilegiados.
 e)Na argumentação do autor, o sentido de progresso civilizacional merece ser amplamente discutido.
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Questão 512: FCC - Ag TH (SANASA)/SANASA/Mecãnico/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade orgulhosa, que
tive morros e bondes no meu tempo de menino.
 
Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros pobres, como
o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando fazia muito frio, no
morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só. A semana tocada de tamancos
ou de pés no chão.
 
Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto de fel de chá
para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha bisavó Júlia. Havia pobreza,
marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela, como me é difícil esquecer o gosto bom
do leite quente na caneca esmaltada estirada, amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos
de minha avó Nair.
 
A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo de malha, a
gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a natureza criava rolinha,
corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no morro da Geada, sem água
encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de som e sem inflação.
 
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se até filhos
dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não desandávamos a
reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé pra baixo e pra cima e,
quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A gente se saudava, largo e profundo: −
Ô, batuta*!
 
*batuta: amigo, camarada.
 
(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). 
Boa companhia: crônicas. São Paulo, Companhia
das Letras, 2005, p. 141-143)
 
No segmento ... morros pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do
Jaguaré, quando fazia muito frio, no morro costumava gear, o sinal de dois-pontos introduz
 a) uma ressalva.
 b) uma citação.
 c) um esclarecimento.
 d) uma contradição.
 e) um resumo.
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Questão 513: FCC - Aud Fisc (SEFAZ BA)/SEFAZ BA/Administração, Finanças e Controle
Interno/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Considere o texto abaixo para responder a questão.
 
A ciência moderna e a economia de mercado figuram entre as mais notáveis realizações humanas. A
Revolução Científica do século XVII e a Revolução Industrial do século XVIII foram apenas o prelúdio do
que viria em seguida − a revolução permanente dos últimos três séculos. Ciência e mercado são apostas
na liberdade: liberdade balizada por padrões impessoais de argumentação e validação de teorias no
primeiro caso; e por regras que fixam os marcos dentro dos quais a busca do ganho econômico por parte
das pessoas é livre, no segundo. Por mais brilhantes, entretanto, que sejam suas inegáveis conquistas, é
preciso ter uma visão clara do que podemos esperar que façam por nós: a ciência jamais aplacará a
nossa fome de sentido, e o mercado nada nos diz sobre a ética − como usar a nossa liberdade e o que
fazer de nossas vidas.
 
O sistema de mercado − baseado na propriedade privada, nas trocas voluntárias e na formação de
preços por meio de um processo competitivo reconhecidamente imperfeito − define um conjunto de
regras de convivência na vida prática. A regra de ouro do mercado estabelece que a recompensa
material dos seus participantes corresponderá ao valor monetário que os demais estiverem dispostos a
atribuir ao resultado de suas atividades: a remuneração de cada um, portanto, não depende da
intensidade dos seus desejos de consumo, do civismo de suas ações, do seu mérito moral ou estético.
Dependerá tão somente da disposição dos consumidores em pagar, com parte do ganho do seu próprio
trabalho, para ter acesso aos bens e serviços que o outro oferece. Mas o mercado não decide, em nome
dos que nele atuam, os resultados finais da interação. Assim como a gramática não determina o teor das
mensagens, mas apenas as regras das trocas verbais, também o mercado não estabelece de antemão o
que será feito e escolhido pelos que dele participam.
 
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, edição digital)
 
Considere as afirmações abaixo a respeito da pontuação do texto:
 
I. Mantendo-se a correção e o sentido original, os travessões podem ser substituídos por vírgulas
em: O sistema de mercado − baseado na propriedade privada, nas trocas voluntárias e na formação
de preços por meio de um processo competitivo reconhecidamente imperfeito − define...
 
II. Sem prejuízo da correção, uma pontuação alternativa para um segmento do texto é: A regra de
ouro do mercado estabelece que, a recompensa material dos seus participantes, corresponderá ao
valor monetário que os demais estiverem dispostos a atribuir, ao resultado de suas atividades.
 
III. Sem prejuízo da correção e da lógica, o sinal de dois-pontos pode ser substituído por “pois”,
precedido de vírgula, no segmento é preciso ter uma visão clara do que podemos esperar que façam
por nós: a ciência jamais aplacará a nossa fome de sentido...
 
IV. Uma vírgula pode ser inserida imediatamente após Assim, sem prejuízo do sentido original, em
Assim como a gramática
não determina o teor das mensagens...
 
Está correto o que se afirma APENAS em
 a) I e IV.
 b) I e III.
 c) I e II.
 d) II, III e IV.
 e) III e IV.
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Questão 514: FCC - AJ (TJ MA)/TJ MA/Analista de Sistemas/Desenvolvimento/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
[A harmonia natural em Rousseau]
A civilização foi vista por Jean-Jacques Rousseau (1713-1784) como responsável pela degeneração das
exigências morais mais profundas da natureza humana e sua substituição pela cultura intelectual. A
uniformidade artificial de comportamento, imposta pela sociedade às pessoas, leva-as a ignorar os
deveres humanos e as necessidades naturais.
A vida do homem primitivo, ao contrário, seria feliz porque ele sabe viver de acordo com suas
necessidades inatas. Ele é amplamente autossuficiente porque constrói sua existência no isolamento das
florestas, satisfaz as necessidades de alimentação e sexo sem maiores dificuldades e não é atingido pela
angústia diante da doença e da morte. As necessidades impostas pelo sentimento de autopreservação –
presente em todos os momentos da vida primitiva e que impele o homem selvagem a ações agressivas –
são contrabalançadas pelo inato sentimento que o impede de fazer mal aos outros desnecessariamente.
Desde suas origens, o homem natural, segundo Rousseau, é dotado de livre arbítrio e sentido de
perfeição, mas o desenvolvimento pleno desses sentimentos só ocorre quando estabelecidas as primeiras
comunidades locais, baseadas sobretudo no grupo familiar. Nesse período da evolução, o homem vive a
idade do ouro, a meio caminho entre a brutalidade das etapas anteriores e a corrupção das sociedades
civilizadas.
(Encarte, sem indicação de autoria, a
Jean-Jacques Rousseau – Os Pensadores. Capítulo 34. São Paulo: Abril, 1973, p. 473)
 
A supressão da vírgula altera o sentido da frase:
 a) Desde as origens, o homem primitivo já era detentor da capacidade de livre arbítrio.
 b) Na teoria de Rousseau, o homem primitivo tem um bom padrão de vida comunitária.
 c) Rousseau considera mais felizes os antigos, capazes de fugir de todo artificialismo.
 d) Ao se considerara condição do homem civilizado, não há como negar que é menos feliz que o
primitivo.
 e) Ao longo da idade do ouro, o homem se pôs a meio caminho entre brutalidade e corrupção.
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Questão 515: FCC - AJ TRF4/TRF 4/Judiciária/"Sem Especialidade"/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
[Pai e filho]
No romance Paradiso o grande escritor cubano José Lezama Lima diz que um ser humano só começa a
envelhecer depois da morte do pai. Freud atribui a essa morte um dos grandes traumas de um filho.
A amizade e a cumplicidade quase sempre prevalecem sobre as discussões, discórdias e outras asperezas
de uma relação às vezes complicada, mas sempre profunda. Às vezes você lamenta não ter conversado
mais com o seu pai, não ter convivido mais tempo com ele. Mas há também pais terríveis, opressores e
tirânicos.
Exemplo desse caso está na literatura, na Carta ao pai, de Franz Kafka. É esse um dos exemplos
notáveis do pai castrador, que interfere nas relações amorosas e na profissão do filho. Um pai que não se
conforma com um grão de felicidade do jovem Franz. A Carta é o inventário de uma vida infernal. É difícil
saber até que ponto o pai de Kafka na Carta é totalmente verdadeiro. Pode se tratar de uma construção
ficcional ou um pai figurado, mais ou menos próximo do verdadeiro. Mas isso atenua o sofrimento do
narrador? O leitor acredita na figuração desse pai. Em cada página, o que prevalece é uma alternância
de sofrimento e humilhação, imposta por um homem prepotente e autoritário.
(Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 204-205)
 
Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
 a) O grande escritor cubano José Lezama Lima no romance Paradiso, tece uma consideração, a
respeito da morte do pai.
 b) Freud ao tratar da morte do pai, considera-a um dos grandes traumas, que podem acometer a um
filho.
 c) Embora haja asperezas, na relação de um pai e um filho, há também, por outro lado muita
amizade e cumplicidade.
 d) Ao escrever a Carta ao pai em que faz uma espécie de inventário infernal, Kafka não deixa de
mostrar-se alternadamente, sofrido e humilhado.
 e) Ainda que afastada da figura do pai real, sua construção ficcional, promovida por Kafka, expressa
em alto grau o sofrimento de um filho.
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Questão 516: FCC - AGP (SPPREV)/SPPREV/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Mais vale prevenir do que remediar
 
Os dicionários trazem lições fundamentais, quanto ao justo sentido das palavras: costumam revelar o seu
sentido de origem e o de seu emprego atual. Os provérbios também são esclarecedores: numa forma
sintética, formulam lições que nascem do que as criaturas aprendem de suas próprias experiências de
vida.
 
Veja-se, por exemplo, o que afirma o provérbio “Mais vale prevenir do que remediar”. Prevenir é “tomar
a dianteira”, “antecipar”, tal como dispõe o dicionário. Uma palavra que serve de prima-irmã desse
verbete é precaver: daí que previdentes e precavidos seriam aqueles que preferem tomar medidas para
não serem surpreendidos por fatos indesejáveis e incontornáveis.
 
Nesse campo conceitual, a ideia comum é a valorização de iniciativas que se devem assumir para
administrar o nosso destino até onde for possível. Sabemos todos, no entanto, que nem tudo se previne,
e nem tudo tem remédio: vem daí outro provérbio popular, “o que não tem remédio, remediado está”.
Como se vê, admite que nem tudo tem solução, ao passo que o provérbio que dá o título deste texto
insiste em valorizar toda ação pela qual se busca, justamente, evitar a etapa da falta de remédio:
prevenir.
 
Ainda caminhando pelos verbetes do dicionário e pelas falas dos provérbios, damos com a
palavra providência, que tem o sentido comum de “decisão”, “encaminhamento”. Ocorre que se vier
com a inicial maiúscula − Providência − estará fazendo subentender a ação divina, a expressão maior
de um poder que nos rege a todos. Há quem confie mais na Providência divina do que em qualquer outra
instância humana; mas é bom lembrar que há também o provérbio “Deus ajuda a quem cedo madruga”,
no qual se sugere que a vontade divina conta com a disposição do nosso trabalho, do nosso empenho,
da nossa iniciativa, para se dispor a nos ajudar. Não parece haver contradição alguma entre ter fé,
confiar na Providência, e ao mesmo tempo acautelar-se, sendo previdente.
 
A ordem providencial e a ordem previdenciária podem conviver pacificamente, num sistema de reforço
mútuo, por que não? A diferença entre ambas está em que a segunda conta com a qualidade da nossa
gestão, de vez que seremos responsáveis não apenas pelo espírito de cautela que nos anima, mas
sobretudo pelas medidas a tomar para que se administre no presente o que deve ser feito com vistas à
garantia de um bom futuro.
 
(Júlio Ribas de Almeida, inédito)
 
A supressão da vírgula altera o sentido da frase:
 a) Aprende-se muito, ao caminhar pelos verbetes de um bom dicionário.
 b) A cada vez que encontra uma palavra desconhecida, ele consulta um dicionário.
 c) Pode-se e deve-se confiar nos dicionários, cuja edição se faz com critério.
 d) Por pura preguiça, ele se esquiva sempre de pesquisar palavras no dicionário.
 e) Ainda quando confiantes no sentido de uma palavra, devemos conferi-lo no dicionário.
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Questão 517: FCC - Estag (SABESP)/SABESP/Ensino Superior/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Preparativos de Viagem
Vários dos seus amigos mortos dão hoje nome a
ruas e praças.
Ele próprio se sente um pouco póstumo quando
conversa com gente jovem.
Dos passeios, raros, a melhor parte é a volta para
casa.
As pessoas lhe parecem barulhentas e vulgares.
Ele sabe de antemão tudo quanto possam dizer.
Nos sonhos, os dias da infância são cada vez
mais nítidos e fatos aparentemente banais do
seu passado assumem uma significância que intriga.
O vivido e o sonhado se misturam agora sem lhe causar espécie.
É como se anunciassem um estado de coisas
cuja possível iminência não traz susto.
Só curiosidade. E um estranho sentimento de justeza.
(Adaptado de: PAES, José Paulo. Melhores poemas. São Paulo, Global Editora, 7ª edição, 2012, edição digital)
 
Ele próprio se sente um pouco póstumo quando // conversa com gente jovem.
Uma redação alternativa, em prosa, para os versos acima, que apresenta pontuação correta, está em:
 a) Ele próprio, se sente um pouco póstumo quando conversa, com gente jovem.
 b) Ele próprio se sente, um pouco póstumo, quando conversa com gente jovem.
 c) Ele próprio, quando conversa com gente jovem se sente um pouco póstumo.
 d) Quando conversa, com gente jovem ele próprio se sente, um pouco póstumo.
 e) Quando conversa com gente jovem, ele próprio se sente um pouco póstumo.
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Questão 518: FCC - Ag TH (SANASA)/SANASA/Mecãnico/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade orgulhosa, que
tive morros e bondes no meu tempo de menino.
 
Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros pobres, como
o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando fazia muito frio, no
morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só. A semana tocada de tamancos
ou de pés no chão.
 
Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto de fel de chá
para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha bisavó Júlia. Havia pobreza,
marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela, como me é difícil esquecero gosto bom
do leite quente na caneca esmaltada estirada, amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos
de minha avó Nair.
 
A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo de malha, a
gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a natureza criava rolinha,
corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no morro da Geada, sem água
encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de som e sem inflação.
 
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se até filhos
dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não desandávamos a
reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé pra baixo e pra cima e,
quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A gente se saudava, largo e profundo: −
Ô, batuta*!
 
*batuta: amigo, camarada.
 
(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). 
Boa companhia: crônicas. São Paulo, Companhia
das Letras, 2005, p. 141-143)
 
Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só. A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.
 
Está condizente com o que se lê no trecho acima, com a vírgula empregada corretamente, o que se
encontra em:
 a) Tínhamos um par de sapatos para o domingo, só. A semana tocada de tamancos ou de pés no
chão.
 b) Tínhamos um par, de sapatos, só para o domingo. A semana tocada de tamancos ou de pés no
chão.
 c) Só, tínhamos um par de sapatos para o domingo. A semana tocada de tamancos ou de pés no
chão.
 d) Tínhamos um par de sapatos para o domingo. A semana só, tocada de tamancos ou de pés no
chão.
 e) Tínhamos um par de sapatos para o domingo. A semana tocada de tamancos ou de pés, só no
chão.
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Questão 519: FCC - Rev (CM Fortal)/CM Fortaleza/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
− Quer esse menininho para o senhor? Pode levar.
Aconteceu no Rio, como acontecem tantas coisas. O rapaz entrou no café da rua Luís de Camões e
começou a oferecer o filho de seis meses. Em voz baixa, ao pé do ouvido, como esses vendedores
clandestinos que nos propõem um relógio submersível. Com esta diferença: era dado, de presente. Uns
não o levaram a sério, outros não acharam interessante a doação. Que iriam fazer com aquela coisinha
exigente, boca aberta para mamar e devorar a escassa comida, corpo a vestir, pés a calçar, e mais
dentista e médico e farmácia e colégio e tudo que custa um novo ser, em dinheiro e aflição?
− Fique com ele. É muito bonzinho, não chora nem reclama. Não lhe cobro nada…
Podia ser que fizesse aquilo para o bem do menino, um desses atos de renúncia que significam amor
absoluto. O tom era sério, e a cara, angustiada(I). O rapaz era pobre, visivelmente. Mas todos ali o eram
também, em graus diferentes. E a ninguém apetecia ganhar um bebê, ou, senão, quem nutria esse
desejo o sofreava(II). Mesmo sem jamais ter folheado o Código Penal, toda gente sabe que carregar com
filho dos outros dá cadeia, muita.
Mas o pai insistia, com bons modos e boas razões: desempregado, abandonado pela mulher. O bebê, de
olhinhos tranquilos, olhava sem reprovação para tudo. De fato, não era de reclamar, parecia que ele
próprio queria ser dado. Até que apareceu uma senhora gorda e topou o oferecimento:
− Já tenho seis lá em casa, que mal faz inteirar sete? Moço, eu fico com ele.
Disse mais que morava em Senador Camará, num sobradão assim assim, e lá se foi com o presente. O
pai se esquecera de perguntar-lhe o nome, ou preferia não saber. Nenhum papel escrito selara o ajuste;
nem havia ajuste. Havia um bebê que mudou de mãos e agora começa a fazer falta ao pai.
− Praquê fui dar esse menino? − interroga-se ele. Chega em casa e não sabe como explicar à mulher o
que fizera. Porque não fora abandonado por ela; os dois tinham apenas brigado, e o marido, no
vermelho da raiva, saíra com o filho para dá-lo a quem quisesse.(III)
A mulher nem teve tempo de brigar outra vez. Correram os dois em busca do menino dado, foram ao
vago endereço, perguntaram pela vaga senhora. Não há notícia. No estirão do subúrbio, no estirão maior
deste Rio, como pode um bebê fazer-se notar? E logo esse, manso de natureza, pronto a aceitar
quaisquer pais que lhe deem, talvez na pré- consciência mágica de que pais deixaram de ter importância.
E o pai volta ao café da rua Luís de Camões, interroga um e outro, nada: ninguém mais viu aquela
senhora. Disposto a procurá -la por toda parte, ele anuncia:
− Fico sem camisa, mas compro o menino pelo preço que ela quiser.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. “Caso de menino”. 70 historinhas. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p.
101-102)
 
Considere os trechos transcritos abaixo.
I. O tom era sério, e a cara, angustiada.
II. E a ninguém apetecia ganhar um bebê, ou, senão, quem nutria esse desejo o sofreava.
III. Porque não fora abandonado por ela; os dois tinham apenas brigado, e o marido, no vermelho
da raiva, saíra com o filho para dá-lo a quem quisesse.
Verifica-se o emprego de vírgula para indicar a elipse do verbo APENAS em
 a) I e II.
 b) II.
 c) III.
 d) I.
 e) II e III.
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Questão 520: FCC - AGA (Pref Recife)/Pref Recife/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Quem não gosta de samba
“Como se dá que ritmos e melodias, embora tão somente sons, se assemelhem a estados da alma?”,
pergunta Aristóteles. Há pessoas que não suportam a música; mas há também uma venerável linhagem
de moralistas que não suporta a ideia do que a música é capaz de suscitar nos ouvintes. Platão
condenou certas escalas e ritmos musicais e propôs que fossem banidos da cidade ideal. Santo Agostinho
confessou-se vulnerável aos “prazeres do ouvido” e se penitenciou por sua irrefreável propensão ao
“pecado da lascívia musical”. Calvino alerta os fiéis contra os perigos do caos, volúpia e emefinação que
ela provoca. Descartes temia que a música pudesse superexcitar a imaginação.
O que todo esse medo da música – ou de certos tipos de música – sugere? O vigor e o tom dos ataques
traem o melindre. Eles revelam não só aquilo que afirmam – a crença num suposto perigo moral da
música −, mas também o que deixam transparecer. O pavor pressupõe uma viva percepção da ameaça.
Será exagero, portanto, detectar nesses ataques um índice da especial força da sensualidade justamente
naqueles que tanto se empenharam em preveni-la e erradicá-la nos outros?
O que mais violentamente repudiamos está em nós mesmos. Por vias oblíquas ou com plena ciência do
fato, nossos respeitáveis moralistas sabiam muito bem do que estavam falando.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 23-24)
 
 
A exclusão da vírgula alterará o sentido da seguinte frase:
 a) Ao longo da História, muitos pensadores manifestaram seu temor pelos poderes da música.
 b) Obviamente, não é a todos que desconcerta surpreender-se com os poderes da música.
 c) A música afeta aos ouvintes atentos, que conhecem seus mágicos poderes.
 d) Nem todos temem a música, porque nem todos reconhecem seus mágicos poderes.
 e) Aos que gostam da música, garante-se uma inesgotável fonte de prazer e de sensualidade.
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Questão 521: FCC - Eng Civ (CM Fortal)/CM Fortaleza/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Em 1925, um estudante de farmácia e jovem poeta que assinava Carlos Drummond publicou um artigo
afirmando que, em relação a Machado de Assis, o melhor a fazer era repudiá-lo. Cheio de ímpeto juvenil,
considerava o criador de Brás Cubas um “entrave à obra de renovação da cultura geral”. Na
correspondência que manteve com Mário de Andrade nas décadasde 1920 e 1930, Machado também
teria papel crucial no embate acerca da tradição. Nas cartas, o escritor volta e meia surge como
encarnação de um passado a ser descartado.
Décadas mais tarde, em 1958, Drummond publicou o poema “A um bruxo, com amor”, uma das mais
belas homenagens de escritor para escritor na literatura brasileira. Um único verso dá a medida do
elogio: “Outros leram da vida um capítulo, tu leste o livro inteiro”. O poema compõe-se de frases do
escritor, cujo cinquentenário de morte então se comemorava. O poeta maduro, que agora assinava Carlos
Drummond de Andrade, emprestava palavras do próprio Machado para compor um epíteto que ganharia
ampla circulação, o “bruxo do Cosme Velho”(III). O que teria se passado com Drummond para mudar tão
radicalmente de posição?
Harold Bloom descreve as razões que marcam a relação entre escritores de diferentes gerações. O
processo passa pela ironia do mais jovem em relação ao seu precursor; pelo movimento que marca a
construção de um sublime que se contrapõe ao do precursor; e, finalmente, pela reapropriação do
legado.
A assimilação dificultosa do passado é também um processo vivido pela geração de Drummond. Os
antepassados foram vistos muitas vezes como obstáculos aos desejos de renovação que emergiram a
partir da década de 1910(II) em vários pontos do Brasil. E tanto no âmbito individual como no geracional,
Machado surge como emblema do antigo. Alguém que fora sepultado com os elogios fúnebres de Rui
Barbosa e Olavo Bilac não podia deixar de ser uma pedra no caminho para escritores investidos do
propósito de romper com as convenções. Até Drummond chegar à declaração de respeito, admiração e
amor, foi um longo percurso(IV). Pouco a pouco, Machado deixa de ser ameaça para se tornar uma
presença imensa que ocupa a imaginação do poeta.
(Adaptado de: GUIMARÃES, Hélio de Seixas. Amor nenhum dispensa uma gota de ácido. São Paulo: Três
Estrelas, 2019, p. 9-30.)
 
Atente para as afirmações abaixo.
I. No 2º parágrafo, o ponto de interrogação pode ser suprimido por se tratar de pergunta a ser
respondida a seguir.
II. Sem prejuízo do sentido, uma vírgula pode ser colocada imediatamente após “renovação” em
foram vistos muitas vezes como obstáculos aos desejos de renovação que emergiram a partir da
década de 1910.
III. Sem prejuízo do sentido, a vírgula pode ser substituída por dois-pontos em: emprestava
palavras do próprio Machado para compor um epíteto que ganharia ampla circulação, o “bruxo do
Cosme Velho”.
IV. As vírgulas isolam um segmento explicativo em Até Drummond chegar à declaração de respeito,
admiração e amor, foi um longo percurso.
Está correto o que se afirma APENAS em:
 a) III.
 b) I e III.
 c) II e IV.
 d) III e IV.
 e) I, II e III.
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Questão 522: FCC - AGC (Pref Recife)/Pref Recife/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
[Cartas sem resposta]
Deixamos na terra natal, além de recordações plantadas no ar, pessoas de saúde frágil e idade avançada,
às quais prometemos que nossa visita não vai demorar. Mesquinhas preocupações, cansaço, displicência,
tédio de viajar por lugares muito sabidos, cisma de avião, tudo isso e pequenos motivos nos afastam da
nossa promessa. Acabamos escrevendo apenas cartas. Cartas, cartas! Repetem mecanicamente um
carinho que devia ser cálido e físico, carregam abstrações, sombra de beijos, não beijos. E chega um dia
em que já não recebemos cartas em resposta às que continuamos a mandar.
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond. Fala, amendoeira. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.
167/168)
 
Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
 a) Cronista dos melhores o poeta Carlos Drummond de Andrade marcou com sua intensa poesia, a
prosa que frequentou, e publicou nos jornais.
 b) Depois de sair de sua pequena cidade, o poeta Drummond, já fixado no Rio de Janeiro, sentiu que
não correspondia aos afetos que deixou na terra natal.
 c) Não nos faltam desculpas, confessemos; para tentar justificar junto aos velhos amigos, a distância
que deixamos instalar-se, entre nós e eles.
 d) Ao final do texto o autor com a delicadeza que o caracteriza, sugere que a falta de resposta, às
cartas enviadas pode ser, em si mesma, uma notícia pesarosa.
 e) Muitas vezes acontece, de emprestarmos às cartas, mais que o cumprimento de um afeto o
protocolo frio de uma amizade que se conformou com a distância.
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Questão 523: FCC - Red (CM Fortal)/CM Fortaleza/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
[Nossa duplicidade]
Querem saber a história abreviada de quase todo o mal-estar na civilização? Ei-la: a evolução natural
produziu o animal homem. No âmago desse homem, entretanto, foi-se instalando um inquilino altivo,
exigente e dado à hipocrisia e ao autoengano: o homem civilizado. As rusgas foram crescendo, o conflito
escalou, mas nenhum dos dois é forte o bastante para aniquilar o outro. E assim brotou no interior da
caverna uma guerra civil que se prolonga por toda a vida.
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo.
Trópicos utópicos: uma perspectiva brasileira da crise civilizatória. São Paulo: Companhia das Letras, 2016)
 
Está plenamente correta a pontuação da seguinte frase:
 a) Uma história abreviada da humanidade, prometeu aos seus provocados leitores, o autor do texto.
 b) Na evolução natural nota-se que, há em seu processo, elementos contraditórios com a civilização.
 c) À medida que avança o homem, em sua caminhada civilizatória, conflitos ocorrem, entre a criatura
moderna, e a primitiva.
 d) Ao longo do tempo, instalou-se no animal homem um inquilino altivo, representado pela criatura
em processo de civilização.
 e) A hipocrisia e o autoengano, são, ambas, qualidades que vieram se agregar ao homem, na
trajetória da civilização.
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Questão 524: FCC - Red (CM Fortal)/CM Fortaleza/2019
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
Sobre a presença daquele que é possivelmente seu mais famoso e lido livro, Pedagogia do oprimido,
Paulo Freire critica aquilo que chama de uma visão “bancária” da educação, em que os educadores
mantêm com os alunos uma relação que detém informações que são “depositadas” numa sala de aula,
que está ali para memorizar, e não aprender. “Em lugar de comunicar-se, o educador faz ‘comunicados’ e
depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a
concepção ‘bancária’ da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a
de receberem os depósitos, guardá-los e arquivá-los.”
(ALMEIDA, Carol. Disponível em: Suplemento Pernambuco, p. 12, janeiro de 2019)
Sobre o uso de aspas no texto, é correto afirmar:
 a) Deriva do discurso direto, com o intuito de criar intertextualidade.
 b) Decorre de situações diferentes, entre elas a referência de título e a citação.
 c) Fere, em ‘comunicados’, o uso normativo desse sinal gráfico.
 d) É reservado à citação de outro autor, como argumento de autoridade.
 e) Tenciona, em “bancária”, realçar um termo deslocado de seu sentido denotativo.
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Questão 525: FCC - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Revisor de Texto/2018
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
O paulista Monteiro Lobato (1882-1948) não foi apenas um grande escritor, foi também um editor
pioneiro no Brasil com a Cia. Editora Nacional, portanto, uma autoridade em matéria de livros,
dominando desde a concepção do texto até o produto acabado na prateleira. Invoco sua figura para falar
da coisa mais banal e nem por isso menos dramática quando se trata de escrever e publicar:o erro de
revisão. Duas semanas atrás quase perdi o sono ao deixar sair aqui uma crônica com quatro sacis
gritantes − quatro erros de digitação que o paginador Fábio Oliveira, assim que solicitado, me fez o
imenso favor de eliminar. Falando certa vez a respeito dessa tragédia também conhecida como gralha ou
pastel e que, no seu tempo, ainda se chamava erro tipográfico, Lobato assim se manifestou: “A luta
contra o erro tipográfico tem algo de homérico. Durante a revisão os erros se escondem, fazem-se
positivamenteinvisíveis. Mas, assim que o livro sai, tornam-se visibilíssimos, verdadeiros sacis a nos botar
a língua em todas as páginas. Trata-se de um mistério que a ciência ainda não conseguiu decifrar”.
Se é assim com o livro, produto de elaboração demorada que comumente é lido e relido muitas vezes e
por muitos olhos antes de ser impresso, o que dizer do texto jornalístico, que hoje se escreve e se
publica quase simultaneamente no meio digital? Embora em geral curto, o texto de jornal nem por isso
está menos sujeito ao acúmulo de gralhas. Algum tempo atrás, ao falar da obrigação de rever a própria
escrita em sua coluna em O Globo, Elio Gaspari empregou o advérbio perfeito ao dizer que lera e relera
aquele trabalho “piedosamente” antes de autorizar sua publicação. O termo supõe a ideia de penitência,
daí sua exatidão, porque se o trabalho de escrever pode ser penoso ou gratificante, rever o próprio texto
é sempre uma penitência. E uma penitência cada vez mais inevitável, já que a figura do revisor parece
fadada a desaparecer das redações, se é que já não desapareceu.
E não é somente grande pena que esse animal indispensável esteja em risco de extinção, o seu fim seria
também a consumação de uma eterna injustiça, porque injustiçado ele tem sido desde sempre. Falo com
a autoridade de quem já reviu muito texto alheio durante muito tempo. O revisor é aquele profissional
que acerta milhões de vezes, sem merecer um único elogio, mas no dia em que deixa passar um só erro
ele é prontamente chamado de incompetente.
Deve ser por isso que José Saramago, certamente um bom conhecedor das agruras da profissão, criou a
figura impagável daquele revisor chamado Raimundo Silva no romance História do Cerco de Lisboa.
Tendo passado uma vida inteira num trabalho apagado e obscuro, um belo dia Raimundo Silva resolve
acrescentar uma simples palavra − “não” − ao texto que está a revisar, e com isso muda completamente
os rumos de toda uma história. Bem feito.
(MOREIRA, Eliezer. “Revisão de texto, uma penitência”, O Mirante, 13/06/2016)
 
As frases abaixo referem-se à pontuação do texto.
I. A vírgula imediatamente após “Editora Nacional”, em com a Cia. Editora Nacional, portanto, uma
autoridade, pode ser substituída por um travessão, sem prejuízo para a correção e o sentido.
II. O segmento sublinhado Em mas no dia em que deixa passar um só erro ele é prontamente
chamado de incompetente, pode ser isolado com vírgulas, sem prejuízo para a correção e o sentido.
III. Em quando se trata de escrever e publicar: o erro de revisão, os dois-pontos, embora possam
ser substituídos por vírgula, conferem maior ênfase ao segmento subsequente.
Está correto o que consta de
 a) I, apenas.
 b) I e II, apenas.
 c) III, apenas.
 d) II e III, apenas.
 e) I, II e III.
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Questão 526: FCC - AFRE (SEF SC)/SEF SC/Auditoria e Fiscalização/2018
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Existe uma estreita relação entre nutrição, saúde e educação, de um lado, e capacidade de trabalho e
iniciativa de outro. A incompetência econômica do indivíduo resulta em privação material: sua demanda
por bens não corresponde a uma demanda recíproca, no mercado, por aquilo que ele é capaz de
oferecer. Ao mesmo tempo, a pobreza de uma geração se torna o berço da incompetência da geração
seguinte: o ambiente de privação material e ignorância em que nasce (e se forma) o indivíduo impede
que ele desenvolva todas as qualidades físicas, morais e intelectuais das quais dependerá sua
competência na vida prática e sua sobrevivência no mercado. Fecha-se assim o elo entre pobreza e
improficiência.
Entre os economistas do século XIX, foi Marshall aquele que melhor compreendeu a importância da
formação de capital humano − do investimento na qualidade da força de trabalho − para um programa
de reforma social eficaz, voltado para a erradicação da pobreza e a promoção da riqueza e do
desenvolvimento sociais. Na Inglaterra oitocentista de Marshall, existia um vasto contingente de
indivíduos trabalhando com um nível baixíssimo de produtividade, semiocupados ou até incapacitados de
exercer qualquer tipo de atividade no mercado que lhes garantisse o mínimo necessário para um padrão
de vida tolerável.
A bandeira da educação compulsória e universal, financiada e pelo menos parcialmente provida pelo
Estado, é uma tônica constante da economia clássica desde Adam Smith. Malthus, para citar apenas um
exemplo, sugeria que o investimento público maciço em educação seria uma resposta mais eficaz do que
a Poor Law (sistema de assistência social aos pobres) no combate ao pauperismo.
O ponto crucial, contudo, é que os economistas clássicos ainda tendiam a abordar a questão da
educação mais sob o ângulo do bem-estar social, da mudança de atitudes e valores que acarretava, do
que sob o ângulo do capital humano, isto é, como parte do esforço de investimento e formação de
capital produtivo de uma nação.
Foi apenas com os “Princípios de economia” de Marshall que os economistas passaram a tratar a
educação, além da saúde, alimentação etc. − o investimento em seres humanos em suma −, não mais
como uma questão simplesmente humanitária (embora, é claro, também o seja), mas como parte do
esforço de acumulação de capital: como investimento na capacidade produtiva da população, entendida
como resultante de sua saúde e educação básica, bem como de seu grau de competência profissional.
O núcleo do argumento marshalliano é a noção de que o verdadeiro gargalo com que se defrontam as
economias menos desenvolvidas não é a escassez de capital financeiro, mas a escassez de capital
humano. É a falta de capacitação da comunidade para integrar-se de forma dinâmica à economia
mundial que compromete o esforço de crescimento numa economia atrasada.
Mas o que é, afinal, o capital humano? O capital humano representa a capacitação do indivíduo para o
trabalho qualificado. Ele é constituído não somente pelo resultado do investimento da família e da
sociedade na competência produtiva das pessoas, mas também por elementos de natureza ética como,
por exemplo, a capacidade dos indivíduos de agir com base nos interesses comuns. Com isso, aumenta o
poder de ganho dos indivíduos no mercado e eles aprendem que é do seu próprio interesse respeitar
regras gerais de conduta das quais todos os participantes da sociedade se beneficiam, embora para isso
precisem restringir alguns de seus interesses pessoais mais imediatos.
É importante frisar que Marshall sustentou um argumento de caráter econômico quando defendeu a
distribuição menos desigual da riqueza e da renda, de modo a promover a formação de capital humano.
Seu argumento chama a atenção para os ganhos obtidos a partir da melhora na educação da população:
“nenhuma mudança favoreceria tanto um crescimento mais rápido da riqueza material quanto uma
melhoria das nossas escolas [...], desde que possa ser combinada com um amplo sistema de bolsas de
estudo, o que permitirá ao filho do trabalhador mais simples a obtenção da melhor educação teórica e
prática que nossa época é capaz de oferecer a ele.”
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo.
O elogio do vira-lata e outros ensaios. Companhia das Letras, 2018, edição digital.)
 
Considere as afirmações abaixo a respeito da pontuação do texto.
I. Mantendo-se a correção e o sentido, o sinal de interrogação da frase Mas o que é, afinal, o capital
humano? pode ser suprimido, uma vez que se trata de perguntaretórica, cuja finalidade é estimular
a reflexão.
II. Sem prejuízo da correção e do sentido, o sinal de dois-pontos em A incompetência econômica do
indivíduo resulta em privação material: sua demanda por bens... pode ser substituído por “pois”
antecedido de vírgula.
III. Os travessões que isolam o segmento do investimento na qualidade da força de trabalho podem
ser substituídos por parênteses, sem prejuízo da correção.
Está correto o que se afirma APENAS em
 a) I e II.
 b) II.
 c) I e III.
 d) II e III.
 e) III.
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Questão 527: FCC - AFRE (SEF SC)/SEF SC/Auditoria e Fiscalização/2018
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Não temos ideia de como será o mercado de trabalho em 2050. Podemos afirmar que a robótica vai
mudar quase todas as modalidades de trabalho. Contudo, há visões inconciliáveis a respeito das
consequências dessa mudança e sua iminência. Alguns creem que dentro de uma ou duas décadas
bilhões de pessoas serão economicamente redundantes. Outros sustentam que mesmo no longo prazo a
automação continuará a gerar novos empregos e maior prosperidade.
Os temores de que a automação causará desemprego massivo remontam ao século XIX, e até agora
nunca se materializaram. Desde o início da Revolução Industrial, para cada emprego perdido para uma
máquina pelo menos um novo emprego foi criado, e o padrão de vida médio subiu consideravelmente.
Mas há boas razões para pensar que desta vez é diferente.
Seres humanos possuem dois tipos de habilidades − física e cognitiva. No passado, as máquinas
competiram com humanos principalmente em habilidades físicas, enquanto eles ficaram à frente das
máquinas em capacidade cognitiva. Por isso, quando trabalhos manuais na agricultura e na indústria
foram automatizados, surgiram novos trabalhos no setor de serviços que requeriam o tipo de habilidade
cognitiva que só humanos possuíam: aprender, analisar, comunicar e compreender emoções. No entanto,
acredita- se que a Inteligência Artificial será capaz de apreender um número cada vez maior dessas
habilidades.
(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. 21 lições para o século 21. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, edição digital.)
 
Considere as afirmações abaixo a respeito da pontuação do texto.
I. Em Seres humanos possuem dois tipos de habilidades − física e cognitiva, o travessão introduz
um esclarecimento e pode ser substituído por dois-pontos, sem prejuízo da correção.
II. Em para cada emprego perdido para uma máquina pelo menos um novo emprego foi criado, e o
padrão de vida médio subiu consideravelmente, o emprego da vírgula se justifica, uma vez que
separa duas orações com sujeitos diferentes.
III. O sentido não será alterado caso se acrescente uma vírgula imediatamente após “serviços” em
novos trabalhos no setor de serviços que requeriam o tipo de habilidade cognitiva que só humanos
possuíam [...]
Está correto o que se afirma APENAS em
 a) II.
 b) I e III.
 c) II e III.
 d) I e II.
 e) I.
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Questão 528: FCC - AT (SP Parcerias)/SP Parcerias/2018
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Uma compreensão da História
 
Eu entendo a História num sentido sincrônico, isto é, em que tudo acontece simultaneamente. Por
conseguinte, o que procura o romancista – ao menos é o que eu tento fazer – é esboçar um sentido para
todo esse caos de fatos gravados na tela do tempo. Sei que esses fatos se deram em tempos distintos,
mas procuro encontrar um fio comum entre eles. Não se trata de escapar do presente. Para mim, tudo o
que aconteceu está a acontecer. E isto não é novo, já o afirmava o pensador italiano Benedetto Croce, ao
escrever: “Toda a História é História contemporânea”. Se tivesse que escolher um sinal que marcasse
meu norte de vida, seria essa frase de Croce.
 
(SARAMAGO, José. As palavras de Saramago. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 256)
 
 
Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
 a) Na visão de Saramago o papel de um romancista, diferentemente do de um historiador é: tratar
ficcionalmente de fatos que podem ocorrer, em qualquer tempo da história uma vez que, ainda de acordo
com esse grande escritor português − a progressão dos fatos vividos, pode ser compreendida
sincronicamente.
 b) Na visão de Saramago, o papel de um romancista diferentemente do de um historiador, é tratar
ficcionalmente de fatos que podem ocorrer, em qualquer tempo da história; uma vez que ainda de
acordo com esse grande escritor português, a progressão dos fatos vividos pode ser compreendida
sincronicamente.
 c) Na visão de Saramago o papel de um romancista, diferentemente, do de um historiador, é tratar
ficcionalmente de fatos que podem ocorrer em qualquer tempo da história - uma vez que ainda de
acordo com esse grande escritor português, a progressão dos fatos vividos pode ser compreendida
sincronicamente.
 d) Na visão de Saramago, o papel de um romancista, diferentemente do de um historiador, é tratar
ficcionalmente de fatos que podem ocorrer em qualquer tempo da história, uma vez que, ainda de
acordo com esse grande escritor português, a progressão dos fatos vividos pode ser compreendida
sincronicamente.
 e) Na visão de Saramago, o papel de um romancista diferentemente do de um historiador é tratar,
ficcionalmente, de fatos que podem ocorrer, em qualquer tempo da história: uma vez que ainda de
acordo, com esse grande escritor português, a progressão dos fatos vividos pode ser compreendida,
sincronicamente.
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Questão 529: FCC - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Taquígrafo Especialista/2018
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
A crítica sistemática da ligação entre discurso e poder adquire plena evidência na Idade Moderna,
sobretudo a partir da luta que a cultura renascentista empreende contra a força da tradição eclesiástica e
contra os preconceitos da nobreza e da monarquia por direito divino.
O combate acendeu-se à medida que o conhecimento científico precisou enfrentar a ditadura do magister
dixit1 aristotélico relançada pela Contrarreforma. A ciência cumpria então o objetivo de instaurar os
métodos confiáveis da experiência e da indução e os procedimentos da dedução matemática. Para tanto,
era necessário dissipar a névoa cerrada dos falsos conceitos que impediam o exercício do olhar racional
da nova Astronomia e da nova Física.
Remover o princípio de autoridade foi a tarefa que se propuseram Erasmo e Rabelais, precedidos pela
perícia filológica dos humanistas italianos do século XV. Lorenzo Valla, entre outros tantos, examinou
documentos medievais e desmentiu a versão canônica da doação das terras vaticanas que o imperador
Constantino teria feito ao bispo de Roma. A sua análise linguística provou que o latim do diploma de
doação era “bárbaro”; um texto forjado, portanto, cuja língua não correspondia ao estilo oficial romano
do século IV.
A denúncia das correntes hegemônicas, expressa em geral em tom satírico, terá sido o primeiro passo
para constituir uma noção crítica de ideologia, antes mesmo do aparecimento do termo, que é do fim do
século XVIII. O Dictionnaire étymologique2 de Albert Dauzat dá como seu criador o filósofo Destutt de
Tracy, em 1796.
A ruptura de um grupo intelectual ou de um movimento político com o estilo de pensar dominante abre
neste a ferida do dissenso. Um pensamento de oposição traz consigo o momento da negatividade,
contesta a autoridade, tida por natural, do poder estabelecido, acusa as suas incoerências e, muitas
vezes, assume estrategicamente o olhar de um outro capaz de erodir a pseudovalidade do discurso
corrente. Os períodos de crise cultural engendraram a suspeita de que pode não ser verdadeiro ou justo
o sistema de valores que “toda gente” admite sem maiores dúvidas.
(Trecho citadode: BOSI, Alfredo. Ideologia e contraideologia: temas e variações. São Paulo, Companhia das Letras,
2010, p. 13-14.)
1 magister dixit: expressão latina que equivale a “o mestre disse”;
2 Dictionnaire étymologique: Dicionário etimológico.
 
Remover o princípio de autoridade foi a tarefa que se propuseram Erasmo e Rabelais, precedidos pela
perícia filológica dos humanistas italianos do século XV.
Este trecho está corretamente reescrito, no que se refere à norma-padrão da língua, em:
 a) A tarefa de que se dedicaram Erasmo e Rabelais foi a de remover o princípio de autoridade;
precedendo-lhes a perícia filológica dos humanistas italianos do século XV.
 b) A tarefa a que se lançaram Erasmo e Rabelais foi remover o princípio de autoridade; precedeu-os a
perícia filológica dos humanistas italianos do século XV.
 c) Erasmo e Rabelais deteram-se à tarefa de remover o princípio de autoridade, sendo que precedeu-
os a perícia filológica dos humanistas italianos do século XV.
 d) A perícia filológica dos humanistas italianos do século XV precedeu Erasmo e Rabelais, que
consagraram-se da tarefa de remover o princípio de autoridade.
 e) A perícia filológica dos humanistas italianos do século XV, precedeu Erasmo e Rabelais, os quais foi
atribuída a tarefa de remover o princípio de autoridade
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Questão 530: FCC - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Taquígrafo Especialista/2018
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Está redigido corretamente, no que se refere à pontuação, o que se encontra em:
 a) As despesas de pequeno vulto, previstas neste artigo, poderão ser instruídas na modalidade de
pregão ou convite, por determinação do Ordenador de Despesa.
 b) Os convites realizados em substituição aos pregões desertos ou declarados fracassados, deverão
ter seu edital resumido, publicado nos termos da referida Lei.
 c) O somatório das despesas de mesma natureza, por dispensa de valor, não poderá ultrapassar, o
limite de 10% (dez por cento) do valor previsto.
 d) A dispensa de licitação deverá ser empregada como exceção, à regra de licitar, quando as
despesas forem de difícil subordinação, ao processo normal de aplicação.
 e) O limite para realização das despesas por dispensa, de licitação, deve ser verificado
cumulativamente, com as despesas com suprimentos de fundos de mesma natureza.
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Questão 531: FCC - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Administrador/2018
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
 
Uma palavra sobre cultura e Constituição
 
Todas as Constituições brasileiras foram lacônicas e genéricas ao tratar das relações entre cultura e
Estado. Não creio que se deve propriamente lamentar esse vazio nos textos da Lei Maior. Ao Estado
cumpre realizar uma tarefa social de base cujo vetor é sempre a melhor distribuição da renda nacional.
Na esfera dos bens simbólicos, esse objetivo se alcança, em primeiro e principal lugar, construindo o
suporte de um sistema educacional sólido conjugado com um programa de apoio à pesquisa igualmente
coeso e contínuo.
 
A sociedade brasileira não tem uma “cultura” já determinada. O Brasil é, ao mesmo tempo, um povo
mestiço, com raízes indígenas, africanas, europeias e asiáticas, um país onde o ensino médio e
universitário tem alcançado, em alguns setores, níveis internacionais de qualidade e um vasto território
cruzado por uma rede de comunicações de massa portadora de uma indústria cultural cada vez mais
presente.
 
O que se chama, portanto, de “cultura brasileira” nada tem de homogêneo ou de uniforme. A sua forma
complexa e mutante resulta de interpenetrações da cultura erudita, da cultura popular e da cultura de
massas. Se algum valor deve presidir à ação do Poder Público no trato com a “cultura”, este não será
outro que o da liberdade e o do respeito pelas manifestações espirituais as mais diversas que se vêm
gestando no cotidiano do nosso povo. Em face dessa corrente de experiências e de significados tão
díspares, a nossa Lei Maior deveria abster-se de propor normas incisivas, que soariam estranhas, porque
exteriores à dialética das “culturas” brasileiras. Ao contrário, um certo grau de indeterminação no estilo
de seus artigos e parágrafos é, aqui, recomendável.
 
(Adaptado de: BOSI, Alfredo. Entre a Literatura e a História. São Paulo: Editora 34, 2013, p. 393-394)
 
Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
 a) Ao comentar, em termos incisivos a relação entre cultura e Constituição o autor do texto, faz ver a
partir de seguras ponderações, que o Estado tendo tarefas sociais de fundamental importância, não deve
ainda assim determinar quais sejam, as diversas manifestações culturais em nosso país.
 b) Ao comentar, em termos incisivos, a relação entre cultura e Constituição, o autor do texto faz ver,
a partir de seguras ponderações, que o Estado, tendo tarefas sociais de fundamental importância, não
deve, ainda assim, determinar quais sejam as diversas manifestações culturais em nosso país.
 c) Ao comentar em termos incisivos, a relação entre cultura e Constituição, o autor do texto faz ver a
partir de seguras ponderações, que o Estado tendo tarefas sociais de fundamental importância, não deve
ainda assim determinar quais sejam, as diversas manifestações culturais em nosso país.
 d) Ao comentar em termos incisivos a relação, entre cultura e Constituição, o autor do texto faz ver, a
partir de seguras ponderações que o Estado, tendo tarefas sociais, de fundamental importância, não
deve ainda assim, determinar quais sejam as diversas manifestações culturais em nosso país.
 e) Ao comentar em termos incisivos, a relação entre cultura e Constituição o autor do texto faz ver, a
partir de seguras ponderações que o Estado, tendo tarefas sociais de fundamental importância não deve,
ainda assim, determinar quais sejam, as diversas manifestações culturais em nosso país.
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Questão 532: FCC - Eng (EMAE)/EMAE/Civil/2018
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
A Idade da Comunicação
 
Foi-lhe posto o nome de Idade da Comunicação porque nela sucedeu a confusão da linguagem de toda a
Terra. Ainda ficaria mais certo dizer: “das linguagens”, incluindo na confusão as comunicações orais,
escritas, iconográficas, tácteis etc.
 
Considerável parte da humanidade fala ou arranha o inglês. Intérpretes bem treinados reproduzem com
fidelidade os pensamentos de antípodas. As notícias dão volta ao mundo antes que uma dona de casa
faça chegar a uma vizinha a cortesia de um pedaço de bolo. Uma pessoa pode ocupar todas as horas do
dia informando-se do que se passa no resto do mundo. As palavras básicas de todas as comunidades e
nações são as mesmas: paz, amor, liberdade, fraternidade, justiça, democracia...
 
Mas a comunicação não se estabelece. Dizemos paz e fazemos a guerra. Proclamamos o amor e
puxamos as armas. Os continentes brigam, as raças se hostilizam, e o próprio idioma utilizado dos
governos para com o povo sofre distorções. Apenas em um setor a eficiência da comunicação costuma
atingir o ótimo: os produtos de consumo, mesmo quando inoperantes, são regularmente vendidos.
Estamos por dentro, cada um de nós, cheios de ligações erradas, de informações falsas ou equívocas.
Nossas paixões famélicas não se comunicam com o nosso tíbio amor pelo conhecimento da verdade;
nosso egoísmo não nos transmite sinal algum do que se passa com o próximo em naufrágio. É a Idade
da Comunicação.
 
(Adaptado de CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 174-175)
 
Há observância das normas gramaticais, incluindo uma adequada pontuação, na seguinte frase:
 a) Não pareceu-lhe justo, considerar que haja Comunicação, em nosso tempo.b) À medida em que cresce nossa ânsia de informarmo-nos mais, isolamo-nos.
 c) À exceção dos produtos de consumo, têm-se perdido, nossos esforços de comunicação.
 d) Ao mesmo tempo, em que puxamos as armas, costumam haver palavras de paz.
 e) A despeito das nossas palavras de paz, armam-se em cada um de nós os gestos hostis.
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Questão 533: FCC - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Taquígrafo Especialista/2018
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
O nascimento da retórica é tradicionalmente atribuído ao siciliano Córax e remonta ao século V a.C., a
um período histórico caracterizado pela transição de um governo tirânico para um regime democrático.
Nesse período, inúmeros conflitos judiciários foram travados por cidadãos que, despojados de seus bens
pela tirania, recorriam à justiça na tentativa de reavê-los. Contudo, não se conhecia a figura do
profissional da advocacia como se conhece nos dias atuais, de forma que os cidadãos que buscassem a
solução de seus conflitos no judiciário deveriam providenciar por si mesmos a sustentação de suas teses.
Atentos a essa crescente necessidade prática de elaboração discursiva, Córax e seu discípulo Tísias, por
volta de 465 a.C., lançaram o primeiro tratado metódico sobre a arte da palavra – um manual que
apresentava, de forma didática, lições de como bem sustentar uma tese em juízo, com vistas a vencer
qualquer demanda. Nesse momento, a retórica, entendida como a arte de persuadir, adquiria cada vez
mais prestígio, pois existia a crença de que aquele que dominasse suas técnicas seria capaz de convencer
qualquer pessoa de qualquer coisa.
Da Sicília, então dominada pelos gregos, a retórica migrou para Atenas e lá encontrou terreno fértil para
o desenvolvimento de seus postulados, com o florescimento da polis grega, onde as decisões políticas
eram tomadas mediante ampla participação popular. Considerando esse contexto em que nasceu e se
desenvolveu a retórica, torna-se plenamente compreensível o realce que os pesquisadores dão a seu
caráter sociocultural de instrumento de exercício da cidadania.
(Adaptado de: PAULINELLI, Maysa de Pádua Teixeira. Retórica, argumentação e discurso em retrospectiva. Linguagem
em (Dis)curso – LemD. Tubarão, SC, v. 14, n. 2, p.
391-409, maio/ago. 2014, p. 394. Disponível em: www.scielo.br)
 
 
Acerca do emprego da vírgula, está correto o que se afirma em:
 a) No trecho Da Sicília, então dominada pelos gregos, a retórica migrou para Atenas, a supressão da
segunda vírgula compromete a correção da frase.
 b) No trecho lições de como bem sustentar uma tese em juízo, com vistas a vencer qualquer
demanda., a vírgula é obrigatória, para todas as possibilidades de interpretação do fragmento.
 c) No trecho Córax e seu discípulo Tísias, por volta de 465 a.C., lançaram o primeiro tratado metódico
sobre a arte da palavra, a retirada da primeira vírgula não compromete a correção da frase, embora
altere a mensagem.
 d) No trecho O nascimento da retórica é tradicionalmente atribuído ao siciliano Córax e remonta ao
século V a.C., a um período histórico caracterizado pela transição de um governo tirânico para um regime
democrático, a vírgula é facultativa.
 e) No trecho a retórica, entendida como a arte de persuadir, adquiria cada vez mais prestígio, a
supressão das vírgulas não compromete a correção, embora altere o sentido original.
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Questão 534: FCC - AFRE GO/SEFAZ GO/2018
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Os sinais de pontuação estão empregados corretamente em:
 a) Será descredenciada a empresa que após ter sido notificada, descumprir as exigências
estabelecidas na legislação tributária relativa à certificação requerida, para a industrialização ou
comercialização de produtos de origem animal.
 b) Para efetuar o cadastro de beneficiário, o cidadão deverá preencher o formulário disponível no site
da secretaria, por meio do qual também encaminhará cópia dos documentos solicitados para análise pelo
profissional responsável.
 c) O contribuinte que fabrica ou comercializa água mineral, natural ou artificial fica obrigado a utilizar
o selo fiscal de controle nos lacres de água envasada em vasilhame retornável – independentemente, da
unidade da federação de origem.
 d) Ao produtor contratado será exigido disponibilizar à secretaria, acesso a um sistema digital que
possibilite, a realização de pedidos, homologações, consultas ao status dos pedidos em análise – como
condição para a continuidade do contrato.
 e) O sistema de controle de informação conforme estabelecido em contrato, precisa assegurar: sigilo,
integridade, autenticidade e disponibilidade dos dados, para viabilizar a execução das ações de
fiscalização e monitoramento dos processos.
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Questão 535: FCC - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Inspetor de Polícia Legislativa/2018
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
A obra de arte genial dribla de algum modo o efeito debilitador da passagem do tempo e adquire o poder
de dizer coisas novas a sucessivas gerações de apreciadores. As grandes obras da ciência, como os
tratados hipocráticos, foram criações que marcaram época, mas que a passagem do tempo reduziu à
condição de peça de antiquário. Com a arte é diferente.
A obra de arte genial transcende sua época. Mas ela é fruto de uma época. O trabalho do artista
inevitavelmente reflete os valores de uma época - ou aquilo que os alemães denominam "zeitgeist", o
espírito definidor de um período histórico particular.
Duzentos e cinquenta anos nos separam do nascimento de Mozart. Os seus 36 anos de intensa atividade
musical transcorreram no século XVIII. Sua morte, em 1791, praticamente coincide com o desfecho
dramático do século das luzes que foi a Revolução Francesa.
De tempos em tempos, surgem artistas que não se contentam em fazer escolhas dentro dos marcos
definidos pelos adeptos de uma tradição estética − colegas, críticos e o público −, mas almejam ir além
e escolher por si mesmos as regras do fazer criativo.
Em sua formação musical Mozart assimilou desde cedo, sob a rigorosa tutela do pai, a tradição clássica
austríaca que tinha em Joseph Haydn a sua mais consumada expressão. Na juventude, Mozart se
empenhou com extraordinário afinco ao desafio de dominar essa tradição.
Seu reconhecimento definitivo veio do próprio Haydn que, em comentário feito ao pai de Mozart,
afirmou: "seu filho é o maior compositor de que tenho conhecimento". Seria difícil pedir mais.
Mozart não foi um revolucionário, como Beethoven. Ele jamais se propôs a subverter os marcos da
tradição na qual se fez músico. O que é assombroso constatar é que Mozart conquistou a expansão de
um potencial criativo sem que precisasse abdicar de uma estrita adesão ao rigor formal clássico.
Não seria descabido especular que o peso esmagador do seu gênio tenha contribuído para impelir
Beethoven a embarcar na aventura radical da ruptura romântica. Pois se é verdade, como dizia Marx, que
"a tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos", o que dizer de
uma tradição na qual floresce um Mozart?
Como entender a gênese de um gênio da estatura de Mozart? A imagem da criança prodígio, que aos
oito anos arrebatou ao piano as cortes de Londres e Versailles, pode sugerir pistas enganosas - a ideia de
dons sobrenaturais ou talentos geneticamente determinados.
Como pondera o biólogo Edward Wilson, "não existe um gene para tocar bem piano. O que há é uma
ampla conjunção de genes cujos efeitos favorecem destreza manual, criatividade, expressão emotiva,
foco, espectro de atenção e controle de tom, ritmo e timbre. Essa conjunção também torna a criança
bem-dotada propensa a tirar proveito da oportunidade certa na hora certa". Mozart foi umprodígio que
se fez gênio. O seu caminho de criança prodígio a gênio maduro revela o acerto do verso de Hesíodo:
"Ante os portais da excelência, os altos deuses puseram o suor".
O surgimento de um Mozart, em suma, pode ser entendido como o efeito da convergência,
estatisticamente improvável, de um grande número de circunstâncias felizes: excepcional dotação
genética; a fortuna de uma educação exigente numa esplêndida tradição musical; a convivência com
modelos inspiradores; um clima cultural propício e uma energia pessoal vulcânica ligada a um não menos
generoso impulso criador. Acidentes felizes acontecem.
Mozart certamente não tem a profundidade emotiva de Beethoven. Nem por isso, contudo, é menor que
ele. Na obra de Mozart sentimos pulsar a crença na possibilidade de existência de uma ordem cósmica
que nos transcende. Alguma coisa além da nossa capacidade de compreensão, mas que nos é facultado
entrever ou intuir no contato com a música. Que o ânimo luminoso dessa arte esteja conosco na difícil
jornada que o século 21 prenuncia.
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. O elogio do vira-lata. São Paulo: Cia. das Letras, 2018, edição digital.)
 
A imagem da criança prodígio, que aos oito anos arrebatou ao piano as cortes de Londres e Versailles,
pode sugerir pistas enganosas...
Na frase acima, a oração isolada por vírgulas assinala:
 a) conclusão.
 b) causa.
 c) consequência.
 d) finalidade.
 e) explicação.
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Questão 536: FCC - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Inspetor de Polícia Legislativa/2018
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
A obra de arte genial dribla de algum modo o efeito debilitador da passagem do tempo e adquire o poder
de dizer coisas novas a sucessivas gerações de apreciadores. As grandes obras da ciência, como os
tratados hipocráticos, foram criações que marcaram época, mas que a passagem do tempo reduziu à
condição de peça de antiquário. Com a arte é diferente.
A obra de arte genial transcende sua época. Mas ela é fruto de uma época. O trabalho do artista
inevitavelmente reflete os valores de uma época - ou aquilo que os alemães denominam "zeitgeist", o
espírito definidor de um período histórico particular.
Duzentos e cinquenta anos nos separam do nascimento de Mozart. Os seus 36 anos de intensa atividade
musical transcorreram no século XVIII. Sua morte, em 1791, praticamente coincide com o desfecho
dramático do século das luzes que foi a Revolução Francesa.
De tempos em tempos, surgem artistas que não se contentam em fazer escolhas dentro dos marcos
definidos pelos adeptos de uma tradição estética − colegas, críticos e o público −, mas almejam ir além
e escolher por si mesmos as regras do fazer criativo.
Em sua formação musical Mozart assimilou desde cedo, sob a rigorosa tutela do pai, a tradição clássica
austríaca que tinha em Joseph Haydn a sua mais consumada expressão. Na juventude, Mozart se
empenhou com extraordinário afinco ao desafio de dominar essa tradição.
Seu reconhecimento definitivo veio do próprio Haydn que, em comentário feito ao pai de Mozart,
afirmou: "seu filho é o maior compositor de que tenho conhecimento". Seria difícil pedir mais.
Mozart não foi um revolucionário, como Beethoven. Ele jamais se propôs a subverter os marcos da
tradição na qual se fez músico. O que é assombroso constatar é que Mozart conquistou a expansão de
um potencial criativo sem que precisasse abdicar de uma estrita adesão ao rigor formal clássico.
Não seria descabido especular que o peso esmagador do seu gênio tenha contribuído para impelir
Beethoven a embarcar na aventura radical da ruptura romântica. Pois se é verdade, como dizia Marx, que
"a tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos", o que dizer de
uma tradição na qual floresce um Mozart?
Como entender a gênese de um gênio da estatura de Mozart? A imagem da criança prodígio, que aos
oito anos arrebatou ao piano as cortes de Londres e Versailles, pode sugerir pistas enganosas - a ideia de
dons sobrenaturais ou talentos geneticamente determinados.
Como pondera o biólogo Edward Wilson, "não existe um gene para tocar bem piano. O que há é uma
ampla conjunção de genes cujos efeitos favorecem destreza manual, criatividade, expressão emotiva,
foco, espectro de atenção e controle de tom, ritmo e timbre. Essa conjunção também torna a criança
bem-dotada propensa a tirar proveito da oportunidade certa na hora certa". Mozart foi um prodígio que
se fez gênio. O seu caminho de criança prodígio a gênio maduro revela o acerto do verso de Hesíodo:
"Ante os portais da excelência, os altos deuses puseram o suor".
O surgimento de um Mozart, em suma, pode ser entendido como o efeito da convergência,
estatisticamente improvável, de um grande número de circunstâncias felizes: excepcional dotação
genética; a fortuna de uma educação exigente numa esplêndida tradição musical; a convivência com
modelos inspiradores; um clima cultural propício e uma energia pessoal vulcânica ligada a um não menos
generoso impulso criador. Acidentes felizes acontecem.
Mozart certamente não tem a profundidade emotiva de Beethoven. Nem por isso, contudo, é menor que
ele. Na obra de Mozart sentimos pulsar a crença na possibilidade de existência de uma ordem cósmica
que nos transcende. Alguma coisa além da nossa capacidade de compreensão, mas que nos é facultado
entrever ou intuir no contato com a música. Que o ânimo luminoso dessa arte esteja conosco na difícil
jornada que o século 21 prenuncia.
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. O elogio do vira-lata. São Paulo: Cia. das Letras, 2018, edição digital.)
 
Está correta a pontuação da frase adaptada do texto que se encontra em:
 a) Alguns artistas não se contentam em fazer escolhas dentro dos marcos definidos pelos adeptos de
uma tradição estética (colegas, críticos e o público), mas almejam ir além.
 b) As grandes obras, da ciência (como os tratados hipocráticos), foram criações que, marcaram
época.
 c) Essa conjunção, também torna a criança bem-dotada: propensa a tirar proveito da oportunidade
certa, na hora certa.
 d) Pode-se especular que, o peso esmagador do seu gênio tenha contribuído para impelir Beethoven
a uma aventura radical.
 e) Na obra de Mozart, sentimos pulsar, a crença na possibilidade de existência de uma ordem
cósmica.
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Questão 537: FCC - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Inspetor de Polícia Legislativa/2018
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
A obra de arte genial dribla de algum modo o efeito debilitador da passagem do tempo e adquire o poder
de dizer coisas novas a sucessivas gerações de apreciadores. As grandes obras da ciência, como os
tratados hipocráticos, foram criações que marcaram época, mas que a passagem do tempo reduziu à
condição de peça de antiquário. Com a arte é diferente.
A obra de arte genial transcende sua época. Mas ela é fruto de uma época. O trabalho do artista
inevitavelmente reflete os valores de uma época - ou aquilo que os alemães denominam "zeitgeist", o
espírito definidor de um período histórico particular.
Duzentos e cinquenta anos nos separam do nascimento de Mozart. Os seus 36 anos de intensa atividade
musical transcorreram no século XVIII. Sua morte, em 1791, praticamente coincide com o desfecho
dramático do século das luzes que foi a Revolução Francesa.
De tempos em tempos, surgem artistas que não se contentam em fazer escolhas dentro dos marcos
definidos pelos adeptos de uma tradição estética − colegas, críticos e o público −, mas almejam ir além
e escolher por si mesmos as regras do fazer criativo.
Em sua formação musical Mozart assimilou desde cedo, sob a rigorosa tutela do pai, a tradição clássica
austríaca que tinha em Joseph Haydn a sua mais consumada expressão. Na juventude, Mozart se
empenhou com extraordinário afinco ao desafio de dominar essa tradição.
Seu reconhecimento

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