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Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Diverticulose, doença diverticular e diverticulite aguda Cirurgia Diverticulose colônica Introdução o Divertículos podem ser adquiridos ou congênitos e podem afetar tanto intestino delgado quanto o cólon o Congênitos São herniações de toda a espessura da parede intestinal o Adquiridos (++ frequentes) Herniações da mucosa e da submucosa através da camada muscular, mais comumente em pontos de menor resistência (ex: pontos de entrada das artérias retas colônicas) Obs: divertículos adquiridos do cólon = pseudodivertículos Diverticulose do cólon o Prevalência Elevada em países industrializados 5% por volta de 40 anos 30% aos 60 anos Até 65% naqueles com 85+ Distribuição por sexo é igual o Geralmente os divertículos são múltiplos e predominam no sigmoide (60%) (região de menor calibre do cólon = maior pressão) Variando de 3mm a 3cm o 2 formas teóricas de diverticulose colônica Hipertônica (myochosis coli) Predominante em países ocidentais Patogênese é proveniente do fenômeno de pulsão Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB o Aumento da pressão intracolônica força as camadas mucosa e submucosa provocando sua herniações (entre as tênias anti-mesentérica e a tênia mesentérica) o Dieta pobre em fibras vegetais – principal fator de risco (aumenta a pressão intracolônica por reduzir o volume do bolo fecal) o Distúrbios de motilidade colônica – SII (por exemplo) – estejam associados à diverticulose Simples em massa Geralmente, nesses casos, os divertículos estão distribuídos por todo cólon Patogênese o Fraqueza da camada muscular por alteração na composição das fibras colágenas = pensar em doenças do colágeno como a síndrome de Ehlers-Danlos o 2 complicações clássicas Diverticulite (prevalência de 25%) Hemorragia digestiva baixa = enterorragia Fonte do sangramento = após o ângulo de Treitz (junção duodenojejunal) Obs: sangramento a partir de divertículos é a principal causa de HDB significativa em pcts > 50 anos Manifestação clássica o Hematoquezia – sangue vivo puro ou misturado às fezes (embora os sangramentos do delgado e do cólon direito, quando a motilidade colônica é lenta, possam aparecer como melena) o Até 50% dos pacientes cursam com anemia e/ou instabilidade hemodinâmica Sangramento de divertículo colônico o 15% dos pcts com diverticulose intestinal o Mais proveniente do colón direito em 50 – 70% dos pcts, mostrando maior propensão a sangrar dos divertículos à direita o Ocorre, na maioria das vezes, na ausência de inflamação aguda ou crônica o Fisiopatologia Formação do divertículo – aprisionamento de artérias penetrantes (retas) colônicas – vaso aprisionado + tracionado na cúpula da estrutura diverticular separado do lúmen intestinal por final camada mucosa Trauma mecânico (ex: fecalitos) = erosão da mucosa + fragilidade da parede arterial – rompimento da artéria Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB o Clínica Assintomática (maioria – 80%) Desconforto abdominal em baixo ventre + (ou não) associado a alterações do hábito intestinal, dor em FIE, flatulência, sintomas urinários = diverticulose não complicada Complicações Diverticulite Abscessos Fístulas, etc o Diagnóstico Colonoscopia Enema opaco o Tratamento Aumentar a ingesta de alimentos ricos em fibras – cereais, frutas e vegetais Suplementação dietética de fibras (pelo menos 30g/d) Aumentar a ingesta hídrica – 2 a 2,5L/d Antiespasmódicos/analgésicos – não usar opiáceos por aumentarem a pressão intracolônica – para a cólica da SII Diverticulose do delgado e divertículo de Meckel Os divertículos de delgado podem ocorrer em qualquer parte do seu trajeto, sendo duodeno (++) e jejuno os mais acometidos, com exceção do divertículo de Meckel Assintomáticos na maioria das vezes e descobertos acidentalmente por estudos radiológicos da porção superior do TGI o Alguns pacientes podem desenvolver divertículos duodenais justapapilares = icterícia colestática e pancreatite = obstrução da ampola de Vater pela parede diverticular Divertículo de Meckel Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB o Anomalia congênita mais frequente do aparelho digestivo o 2% da população o Anatomia “boca” larga Comprimento pode atingir 5cm Origem na borda antimesentérica do íleo a 40 – 60cm da valva ileocecal o Embriologia Resulta do fechamento incompleto do saco vitelino ou onfalomesentérico Seu saco diverticular pode ser recoberto por mucosa normal ou gástrica (pelo menos 50% dos casos) o Complicações Sangramento (+ anemia ferropriva ou HDB) – HCl secretado pela mucosa gástrica ectópica causa úlcera péptica do íleo Diverticulite de Meckel = quadro clínico da apendicite aguda Obstrução intestinal – intussuscepção do volvo ileal em volta do divertículo o Diagnóstico Cintilografia do divertículo de Meckel o Tratamento Indicado para os casos sintomáticos e quando o divertículo é achado ocasionalmente em laparotomia ou laparoscopia Ressecção do divertículo + do segmento do íleo adjacente Diverticulite aguda Diverticulite = distúrbio inflamatório causado por macro ou microperfuração de um divertículo, que tanto pode ter repercussões clinicas limitadas, quanto potencialmente levar a abscesso (complicação ++ comum), obstrução, formação de fístulas (+ comum é a colovesical) e peritonite Obs: diverticulite aguda é a principal causa de fístula colovesical Obs: diverticulite deve ser pensada em todo paciente com dor em QIE que piora com a defecação e que eventualmente está associada a sinais de irritação peritoneal e alterações do trânsito intestinal Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Fisiopatogenia do processo inflamatório o Causa mecânica = restos do conteúdo luminal se alojam em seu interior e endurecem = fecalitos Comprometimento do suprimento sanguíneo da parede do divertículo Perfurações o Processo inflamatório pericolônico (na maioria das vezes bloqueado por deflexões do peritônio – peridiverticulite) Possíveis desfechos do processo inflamatório o Extensão local do processo infeccioso e formação de abscessos mesentéricos e pericólicos o Adesão a órgãos adjacentes, gerando fístulas o Macroperfuração livre para a cavidade peritoneal, determinando peritonite fecal generalizada o Obstrução progressiva da parede intestinal por conta da inflamação repetitiva que gera processo cicatricial e aumento de espessura da parede Manifestações clínicas Febre Leucocitose Dor abdominal baixa/ FIE (sigmoide) que piora com defecação Sinais de irritação peritoneal Dor em cólica + distensão abdominal = obstrução por aderências Dor associada à micção + pneumatúria = fístula colovesical Exame físico o Pode ser palpada uma massa no quadrante inferior esquerdo o Se a diverticulite for próxima ao reto, o toque retal pode demonstrar uma massa dolorosa Diagnóstico o Dor e hipersensibilidade em baixo ventre + distúrbios da função intestinal = 3 HD = CA de cólon / DII / diverticulite – como fazer diagnóstico diferencial? Endoscopia baixa o Padrão-ouro para diverticulite Tomografia computadorizada de abdome e pelve com contraste IV Caracteriza – divertículos, espessamento da parede colônica, infiltração da gordura pericólica, eventual envolvimento de estruturas vizinhas Sigmode com paredes espessas (> 4cm) e revela presença de abscessos peridiverticulares, fístulas e coleções líquidas intra- abdominais Critérios tomográficos o Espessamento inflamatório da parede do cólon o Densificação o Líquido o Coleções o Sinais de perfuração o Divertículos o Radiografia de abdome Indicada na fase inicial da dor aguda para afastar outras patologias o USG Pedro Macedo– Turma IX – Medicina UFOB Na impossibilidade de realizar TC, pode ser útil para o diagnóstico Forma de avaliação não invasiva Operador dependente o Clister opaco Menor frequência de uso Elevada acuidade diagnóstica Pode demonstrar deformidades diverticulares, trajetos fistulosos Deficiente para mostrar processos inflamatórios extramurais Diagnósticos diferenciais o CA colorretal o Cólon irritável o Apendicite aguda o DII o Colite isquêmica o ITU o DIP Conduta (vai depender da severidade do processo inflamatório) o Diverticulite não complicada Sintomas mínimos + poucos sinais de inflamação Dieta líquida sem resíduos Antibioticoterapia oral o Amoxicilina + clavulanato, ciprofloxacino e metronidazol 7 – 10 Sinais de inflamação exuberante = febre, leucocitose com desvio, descompressão dolorosa em flanco, FIE e suprapúbica = internação Dieta zero com repouso intestinal Hidratação IV + reposição hidroeletrolítica Antiobioticoterapia IV o Cefotixina (mais graves) o Aminoglicosídeos + metronidazol o Monoterapia – piperaciclina ou tazobactam Melhora do quadro geral entre 48 – 72h o Alta e continuísmo dos antibióticos em casa o Tratamento clínico quando corretamente tratado clinicamente tem resolução dee 70% 4 – 6 semanas após o Avaliação do intestino grosso para excluir neoplasia colorretal (colonoscopia) Após a melhora geral desses pacientes em que não houve necessidade de cirurgia – dieta rica em fibras (pelo menos 30g/d) e suspensão do tabaco o Diverticulite complicada Escala de Hinchey – classificação tomográfica Estágio I: abscesso pericólico ou mesentérico – mortalidade < 5% Estágio II: abscesso à distância (pelve ou retroperitônio) – mortalidade < 5% Estágio III: perfuração com peritonite purulenta generalizada – mortalidade de 13% Estágio IV: perfuração livre com peritonite fecal generalizada – mortalidade de 43% Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Indicações de cirurgia de URGÊNCIA na diverticulite (Cirurgia de Hartmann) III e IV Tratamento cirúrgico – indicações Drenagem (abscessos pequenos < 2cm e/ou mesocólicos podem ser tratados clinicamente) o Percutânea permite que cirurgias de urgência sejam evitadas Ressecção Obstrução completa Má resposta ao tto clínico – após 48 a 72h Complicações o Fístulas o Estenoses o Perfurações o Hemorragia Imunodepressão >2 episódios agudos (acima de 50 anos) 1 episódio agudo (< 50 anos) Obs: tratamento cirúrgico eletivo = esperar dois meses após o tratamento clinico da crise aguda
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