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Gustavo Moreno T19 AULA 16: Doenças Cardiovasculares: Gestação → mudanças cardiocirculatórias Possível deterioração clínica em cardiopatia prévia Desmascarar cardiopatia prévia silenciosa 0,5 - 1% das gestantes ⇒ importante causa de morbimortalidade Principais → cardiopatias congênitas, doenças valvares, miocardiopatias e doença de chagas** Febre reumática → países em desenvolvimento** Síndrome de Marfan e coronariopatias = incomuns / gravidade Fisiologia cardiovascular: Aumento do volume sanguíneo 50% – pico na 30 semana / gemelaridade aumenta e é mais expressivo Aumento do Débito cardíaco 50% – aumento do volume de ejeção + FC aumentado 10-20 bpm. Fração Ejeção (FE) não aumenta → bom preditor** (diminuição da resistência vascular do sistema pulmonar PA diminui no 1º TRI, nadir no 2º TRI, 3 TRIº retorno a pré-gravídicos Diminuição na RVS e pulmonar Aumento no fluxo sanguíneo cerebral Útero recebe 3 a 6% do DC no início da gestação e no termo 12% pressão venosa central não se altera Durante o trabalho de parto: Consumo de O2 aumenta em 3x DC aumenta progressivamente durante o TP para aumento do volume de ejeção Aumento da PA sistólica e diastólica → analgesia pode limitar Pós-parto: FC e débito cardíaco retornam aos valores normais 1hora após o parto PA média e volume de ejeção somente 24 horas pós parto Adaptação hemodinâmica 12 a 24 semanas pós parto Sintomas e sinais cardiorrespiratórios na gravidez normal: Dispneia Hiperventilação Fatigabilidade fácil Diminuição da tolerância ao exercício Tonturas Síncope Edema periférico Estertores da base nos pulmões – desaparecem após tosse ou respiração profunda Pequeno pulso em martelo d'água Ictus ventricular desviado para esquerda Aumento para primeira bulha Desdobramento constante da segunda bulha Terceira bulha presente Sopro mesossistólico pulmonar ou sistólico supraclavicular Sopro contínuo Mudanças eletrocardiográficas no ritmo, eixo e repolarização Radiografia com deslocamento do ápice, aumento da trama pulmonar, aumento da silhueta cardíaca Indicadores clínicos de doença cardíaca na gravidez Sintomas Sinais Piora da capacidade funcional Palpitações Hemoptise Dispneia paroxística noturna ou ortopneia Dor precordial ao esforço Síncope Tosse seca noturna Cianose Baqueteamento digital Distensão jugular persistente Sopro sistólico grau 3/6 ou mais Sopro diastólico Cardiomegalia Arritmia persistente Desdobramento fixo de B2 Critérios de hipertensão pulmonar Hipertensão pulmonar e cardiopatia cianótica → grave na gestante Gestação em mulheres com doença cardíaca congênita: Reserva cardíaca reduzida Alterações fisiológicas → efeitos deletérios sobre mãe e feto Sobrecarga de volume pouco tolerada Aneurisma ou dissecção de aorta se predisposição anatômica – aumenta o risco Tromboembolismo – válvulas cardíacas, FA, trombose Impacto na Sat de O2 → doença cardíaca congênita cianótica – somente 43% nascido vivos Avaliação do risco cardiovascular / acompanhamento: – não precisa decorar Classe I Sem aumento de mortalidade materna e nenhum aumento ou aumento leve na morbidade. Risco muito baixo, 1 a 2 consultas cardiológicas na gestação Classe II Sem aumento da mortalidade materna e nenhum aumento ou aumento leve na morbidade. Risco baixo ou moderado, 1 consulta por trimestre Classe III Associada com aumento significativo do risco mortalidade materna ou morbidade grave Alto risco de complicações, consulta cardiológica e obstétrica mensal ou bimestral Classe IV Associada com risco extremamente elevado mortalidade materna ou morbidade materna ou morbidade grave; a gravidez é contraindicada. As mulheres devem ser aconselhadas a não engravidar, se estiver grávida e não considerar interrupção da gestação, é necessária revisão mensal ou bimestral. Acompanhamento segundo classificação OMS – modificado: Classe OMS I: risco muito baixo, 1-2 consultas cardiológicas na gestação Classe OMS II: risco baixo ou moderado; 1 consulta por trimestre Classe OMS III: alto risco de complicações; consulta cardiológica e obstétrica mensal ou bimestral Classe OMS IV: as mulheres devem ser aconselhadas a não engravidar; se estiver grávida e não considerar interrupção da gestação, é necessária revisão mensal ou bimestral Malformação específica na doença cardíaca congênita: Defeito do septo atrial – DSA:*** Ostium secundum – 70% dos defeitos do septo atrial*** (mais comum) Jovens com DAS não complicada toleram bem a gestação – bem tolerados durante a gestação > 40 anos aumenta risco (por causa da idade mais avançada) de FA de flutter atrial Orientação quando a gestação deve ser individualizada Outros: Defeito do septo ventricular – boa tolerabilidade Ducto arterioso patente Estenose pulmonar Doença valvar aórtica congênita** - impacto mais expressivo na mortalidade Defeito do septo atrioventricular Anomalia de Ebstein – Possui evolução boa, principalmente se foi defeito reparado. O diagnóstico é feito geralmente na infância, por isso que geralmente a gestante já vem com o defeito reparado. Tetralogia de fallot** Síndrome de Eisenmenger – mortalidade materna em 40%** Coarctação da aorta** – mais preocupante Doença cardíaca congênita cianótica** – evolução ruim na gestação Parto na doença cardíaca congênita Parto vaginal – indicado para a maioria das gestantes *** Duida da classe funcional → ambiente controlado Sonda de foley – preferida Manter parturiente em DLE Fórcipe de alívio pode ser considerado Meias elásticas e deambulação precoce para todas Antibioticoprofilaxia não recomendada para a maioria se for parto vaginal** Doença cardíaca reumática: Brasil ⇒ é responsável por 50% das complicações cardíacas na gestação Estenose de valva mitral reumática** Presente 75% – lesão valvar reumática mais comum *** PA elevado no AE pode levar a flutter, FA e edema pulmonar Avaliar grupos de risco – monitorização Tratamento: diminuição da FC e volume sanguíneo Parto vaginal com analgesia deve ser preferido Estenose aortica reumatica → rara / geralmente em associação com doença valvar mitral** Outras doenças valvares: Regurgitação mitral Bem tolerada (classe I e II) devido queda da RVS (resistência vascular sistêmica) Se sintomática pode ser utilizado diurético Se prejuízo função sistólica do VE – digoxina Regurgitação mitral crônica no prolapso de valva mitral Bem tolerada se NYHA I ou II Diminuição da RVS e aumento do volume sanguíneo – favorece NYHA III ou IV ou FE < 40%, hipertensão pulmonar** Regurgitação aórtica Vide prognóstico regurgitação mitral Se o motivo dor SM – risco de dissecção aórtica Lesões valvares associadas a alto risco materno-fetal na gestação: Estenose aórtica grave com ou sem sintomas Regurgitação aórtica com sintomas NYHA classe III / IV Estenose mitral com sintomas NYHA classe II / IV Regurgitação mitral com sintomas NYHA classe III/IV Doença da valva aórtica e/ou mitral resultado em hipertensão pulmonar grave – hipertensão pulmonar > 75% da pressao sistemica Doença da valva aórtica e/ou mitral com disfunção grave do VE – FE < 0,40 Prótese valvar mecânica necessitando de anticoagulação Regurgitação aórtica na SM Gravidade da lesão = gravidade das manifestações clínicas associadas a alteração de ecocardio materno Lesões valvares cardíacas associadas a baixo risco materno fetal na gestação: Estenose aórtica assintomática com baixo gradiente (<50mmHg) na presença de função sistólica VE normal (FE > 0,50) Regurgitação aórtica NYHA l classe I e II com função sistólica VE normal Regurgitação mitral NYHA classe I e II com função sistólica VE normal Área valvar mitral sem evidência de/ou com regurgitação mitral leve a moderada e com função mitral leve a moderada e com função sistólica VE normal Estenose mitral leve a moderada (área valvar >1,5 cm², gradiente < 5 mmHg) sem hipertensão pulmonar grave Estenose valvar pulmonar leve a moderada Outras condições que afetam valvas, aorta e miocárdio: Síndrome de Marfan: 50% De transmissão para o feto Complicações mais comuns no 2º e 3º TRI → dilatação da aorta ascendente → regurgitação AO, IC, dissecção AOPode levar a IIC, placentação anormal e hemorragia puerperal Avaliação ecocardiográfica pré-concepcional da aorta Ecocardio na gestação a cada 4 a 8 semanas → Cx se AO > 50mm Tratamento na gestação → Beta bloqueadores – 110 bpm (quanto maior a FC, pior. Cuidar com a FC) Cardiopatia hipertrófica: Geralmente tem evolução favorável Mais comum em idades mais avançadas Pode ser consequência de HAS ou pode ser defeito congênito Início ou piora da ICC podem ocorrer em 20% dos casos TSV persistente e FA podem ocorrer Terapêutica depende de sintomas e obstrução de saída do VE Beta bloqueadores, diuréticos ou antagonistas de cálcio Miocardiopatia periparto: Miocardiopatia dilatada com disfunção do VE Pode acontecer em gestantes sem nenhuma alteração cardiológica prévia** Sinais e sintomatologia de IC congestiva – não sabe se é por questão hormonal Taquipneia, dor torácica, palpitação, ganho de peso, edema, cardiomegalia, 3 bulha Comum no 3 trimestre e puerpério Etiologia desconhecida Caso clínico variável (mortalidade de 10% em 2 anos) – 50 - 60% de recuperação em 6 meses pós-parto Tratamento: O2, diuréticos, digitálicos e vasodilatadores, anticoagulantes Risco de recorrência em futura gestação Infarto agudo do miocárdio (IAM) Raro Maior incidência no 3º trimestre, > 33 anos e multíparas Doença aterosclerótica, porém, angiogramas normais Diminuição da perfusão coronariana por espasmo ou trombose*** Espasmo é sugerido quando: administração derivados de Ergot, Bromocriptina, ocitocina, prostaglandinas e pacientes com feocromocitoma. Outras causas: doença vascular do colágeno, Kawasaki, anemia falciforme e anormalidades hemostáticas. Diagnóstico: Dor torácica, anormalidades no ECG e elevação de biomarcadores Tratamento: Morfina – atravessa barreira placentária Terapia trombolítica – lembrar de hemorragia puerperal B- bloqueadores fármacos de escolha**** AAS – baixas doses (75-162 mg dose única) Nitratos – cuidar hipotensão materna Angioplastia – evitar no 1º trimestre/ experiência limitada na gestação Fibrinólise – preferível. Parto: Primeiro estabiliza a mãe e ausculta o BCF. Interrupção da gestação se sinais de gravidade materna Parto vaginal trabalho de parto DLE, O2, fórcipe Cesariana se isquemia ativa ou instabilidade hemodinâmica Arritmias: Relativamente comum principalmente TSV Pensar primeiro nas causas tratáveis Manobra vagal** Tratamento medicamentoso se arritmia sintomática, sinais de repercussão hemodinâmica ou ameaça a vida. Definir qual arritmia que vai direcionar o tratamento e se ela tem de compensação Fármacos: TV: procainamida, amiodarona, lidocaína (EV) TSV: adenosina IV, propranolol ou metoprolol (EV) Cardioversão elétrica sincronizada se instabilidade ou falha no tratamento farmacológico! Maioria das vezes é feito manejo medicamentoso com antiarrítmico. Dissecção aórtica: Mais comum se ela tiver uma coarctação de aorta ou se ela tiver uma síndrome de Marfan Incidência maior em > 30 anos, com CoA ou SM, aumenta na gestação? Mais frequente 3º trimestre e periparto ou no pico da volemia (28-30 semanas). DX: Ecocardio transesofágico Parto – cessaria com epidural Tratamento: hidralazina ou nitroglicerina (nitroprussiato → toxidade fetal!!)** Arterite de Takayasu: Vasculopatia comum de mulheres jovens Frequência considerável de mulheres com essa condição Resultado materno-fetal favorável Podem ocorrer: aumento da PA, ICC materna, RCF e TPP Parto: vaginal com fórcipe ou cesariana com epidural Hipertensão pulmonar primária: Pode ser primária, origem pulmonar, ou secundária a um problema cardiológico. Alta morbidade materna 30-40% Morbimortaldiade não pode ser preditas no status pré-gestacional Gestação contraindicada Gestação mantida ⇒ esforço físico contraindicado Parto: maioria toleram parto vaginal vigilância pós parto Tratamento: Antagonista do canal de cálcio, análogos das prostaglandinas, sildenafila VO(?) Doença de chagas Importante causa de doença cardíaca na gravidez Pode transmissão materno-fetal Prognóstico grau de acometimento Gestação e valvas cardíacas: Se valva orgânica não há necessidade de anticoagulação Se valva mecânica → anticoagulação é mandatória Riscos relacionados à: sobrecarga hemodinâmica, aumento de eventos tromboembólicos efeitos fetais desfavoráveis Melhor esquema de anticoagulação profilático, preferimos Enoxaparina (HBPM), mas pode ser HAPM com TTPA semanal. Avaliar cada caso, discutir com a paciente Warfarina não pode!!!! Cruza a barreira placentária. *** A FEBRAGO pensa em reconsiderar usar a Varfarina no 2º trimestre (nas 13 semanas e suspender em torno das 30 semanas). Obs – todas as gestantes vão receber ecocardiograma de 24 a 28 semanas No caso de profilaxia antimicrobiana em casos de endocardite → No caso de valva cardíaca → antibiótico profilático anteparto Antibióticos recomendados: amoxicilina, ampicilina e vancomicina – durante TP. Condições cardíacas de alto risco de resultado adverso na endocardite infecciosa: Valvas cardíacas protéticas (antibiótico profilático intraparto) História prévia de endocardite Doença cardíaca congÊnita cianótica não reparada, incluindo shunts e condutos paliativos Defeitos cardíacos congênitos reparados com material protético, cirurgicamente ou por cateter, nos primeiros seis meses pós-procedimento Doença cardíaca congênita reparada com defeito residual no sítio ou adjacente ao sítio do dispositivo protético Valvulopatia cardíaca no coração transplantado *Gestante com sequela de febre reumática e portadora de valva = antibiótico intraparto *Antibióticos recomendados: amoxicilina, ampicilina e vancomicina (durante TP PCR nas gestantes: (Normal) 1) Segurança – observação do local 2) Diagnóstico - chamar paciente, checar pulso por 10 seg 3) Ajuda - equipe, prancha rígida e DEA 4) RCP imediata e de alta qualidade – 30/2 pensar em via aérea definitiva 5) Rápida desfibrilação – se ritmo chocável Obs – Pensar em intoxicação por sulfato de magnésio como causa da parada!! **
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