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Texto-base 1 - Ergonomia Física - Prof Danilo Correa Silva

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ERGONOMIA
 
ERGONOMIA FÍSICA
O escopo da ergonomia física está nos aspectos anatômicos, antropométricos, fisiológicos e
biomecânicos relacionados às atividades físicas dos seres humanos. Entre os tópicos de interesse estão
posturas funcionais, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, DORTs, layout funcional, segurança
e saúde (IEA, 2017).
ANATOMIA, FISIOLOGIA E BIOMECÂNICA
A anatomia trata do estudo das estruturas do corpo, enquanto a fisiologia trata do funcionamento do
organismo humano. Um estudo integrado de ambas fornece uma visão ampla das características e
funções do corpo.
Já a biomecânica utiliza a física e conhecimentos das engenharias para descrever os movimentos de
diversos segmentos do corpo e as forças atuando sobre eles durante a execução de atividades. Nesse
sentido, a biomecânica requer a combinação desses conhecimentos com os de ciências biológicas e
comportamentais (CHAFFIN; ANDERSSON; MARTIN, 2006).
A biomecânica trata das interações entre o homem e o seu ambiente de trabalho sob o ponto de vista
dos sistemas musculoesqueléticos utilizados e as consequências dessas interações. É muito útil na
definição de parâmetros ergonômicos (p.e. limites para manuseio de cargas), uma vez que estes são
aplicados no projeto de vários sistemas homem-máquina para o controle de incidências de distúrbios
musculoesqueléticos (IIDA, 2005; CACHA, 1999).
A biomecânica ocupacional é a disciplina que lida com as discrepâncias entre as capacidades físicas
humanas e os requisitos da tarefa produtiva. Assim, trata do estudo dos trabalhadores com suas
ferramentas, máquinas e materiais para melhorar o seu desempenho e reduzir os riscos de DORTs
(CHAFFIN; ANDERSSON; MARTIN, 2006). A Figura 1 apresenta os principais métodos da biomecânica
na avaliação das atividades humanas.
Posto de Trabalho I
TEXTO DE APOIO
Ergonomia FísicaGerações e Enfoques ErgonômicosErgonomia Física
Gerações e Enfoques Ergonômicos
 Os seis métodos da biomecânica ocupacional e as principais áreas de aplicação
Iida (2005) destaca que, para o escopo da ergonomia, algumas funções ou estruturas do corpo são
relevantes: a função neuromuscular, a coluna vertebral, o metabolismo, a visão, a audição e outros
sentidos.
A é responsável pelo controle e execução de movimentos ou aplicação de
forças musculares. Assim, abrange a estrutura e o funcionamento do sistema nervoso e dos músculos.
Os músculos transformam energia química em contração, sendo responsáveis pelo movimento do corpo.
Os músculos estriados (de interesse da ergonomia) são aqueles que realizam trabalho consciente. Em
conjunto com ossos e juntas, trabalham no corpo como verdadeiras alavancas em um sistema
antagônico (a contração de um reflete na distensão do outro).
A fadiga muscular pode ser definida como a redução da capacidade muscular devido a esforços
voluntários (CHAFFIN; ANDERSSON; MARTIN, 2006). É resultado da deficiência na irrigação sanguínea
do músculo e pode ocorrer em maior ou menor tempo, de acordo com as características da atividade,
em especial no que se refere a trabalho muscular estático ou dinâmico.
O trabalho estático é aquele que exige contrações contínuas de grupos musculares para manter uma
determinada postura. Ocorre, por exemplo, com a musculatura dorsal das pernas para se manter em pé.
Esse tipo de atividade não promove a circulação sanguínea no músculo e é altamente fatigante.
O trabalho dinâmico, por outro lado, é realizado com contrações e relaxamentos alternados da
musculatura, promovendo a circulação sanguínea. É considerado o menos prejudicial ao homem durante
suas atividades. A Figura 2 exibe o balanço entre consumo e gasto energético em diferentes tipos de
trabalho muscular.
 Balanço energético em diferentes tipos de trabalho muscular Fonte: Iida (2005, p. 162)
Em grande parte das atividades humanas. há uma combinação entre trabalho estático e dinâmico. O
trabalho em posição sentada em um escritório, por exemplo, é estático para a musculatura das costas
mas exige movimentação de braços, mãos e dedos (CORRÊA; BOLETTI, 2015).
É possível identificar as cargas das diferentes posturas por meio de registros que compreendam
aspectos físicos (descrição de força e movimento), fisiológicos (funções orgânicas) ou psicofísicos
(esforço percebido).
Quanto aos aspectos das posturas assumidas, o corpo assume três posturas básicas: deitada, na qual
não há concentração de tensão em nenhuma parte do corpo e o consumo energético assume valor
mínimo; sentada, a qual exige maior atividade muscular - especialmente na região lombar - e o consumo
de energia é de 3% a 10% maior que na anterior; e ereta, a qual é a mais fatigante se mantida por
longos períodos, principalmente em trabalhos estáticos. No entanto, para trabalhos que exigem
movimentação, é a melhor postura.
A é uma estrutura óssea com 33 vértebras dispostas umas sobre as outras. A coluna
pode ser subdividida em , que contém as sete primeiras vértebras (pescoço e base do crânio);
, composta pelas doze vértebras seguintes, na caixa torácica; , com cinco vértebras na
altura do abdômen; e a , com nove vértebras fundidas no quadril. A Figura 3 exibe uma
ilustração da estrutura da coluna vertebral.
 Estrutura da coluna vertebral Fonte: Hamill, Knutzen e Derrick (2016, p. 252)
A coluna também está sujeita a deformações, quase sempre acompanhados de dor. A é um
processo no qual se aumenta a concavidade posterior na região cervical ou lombar. Garçons e gestantes
comumente aumentam temporariamente a lordose devido a mudanças no centro de massa do corpo. A
 é caracterizada por um aumento na convexidade, principalmente na região torácica, muito
comum com o avanço da idade. Já a corresponde a desvios laterais, que fazem o portador
“pender para o lado” (IIDA, 2005).
Cada vértebra suporta toda a massa acima dela, então sua estrutura é resistente às forças axiais, mas
frágil às forças de cisalhamento. Na região da cabeça, inclinações em relação à vertical em até 20º e por
curtos intervalos são tolerados. A partir de 30º, dá-se início a processos dolorosos (Figura 4).
 Estrutura da coluna vertebral Fonte: Iida (2005, p.168).
No levantamento manual de cargas, a depender da postura também há prejuízos à coluna vertebral,
uma vez que as forças são transferidas a coluna, bacia, pernas e, por fim, ao solo. Nesse sentido, deve-
se ter especial atenção à carga levantada e à postura assumida. De maneira geral, é recomendado:
O trata dos aspectos energéticos do corpo humano. A alimentação fornece a energia para
construção ou reparo das estruturas anatômicas, bem como seu funcionamento, e o excedente é
utilizado nas atividades humanas.
O consumo energético para a manutenção das funções vitais é o metabolismo basal, que está em torno
de 1800 kcal/dia. Entretanto, para um homem adulto, menos de 2000 kcal/dia o tornam incapaz para o
trabalho.
 Gasto energético em atividades de trabalho. Fonte: Iida (2005, p. 81).
A é um dos sentidos mais importantes para as avaliações ergonômicas (IIDA, 2005; CORRÊA;
BOLETTI, 2015). Os olhos humanos têm funcionamento análogo ao de uma câmera fotográfica, no qual
uma pequena abertura possibilita a passagem de um feixe de luz que é focado na retina, localizada no
 Manter coluna reta e usar prioritariamente a musculatura das pernas;•
 Manter a carga o mais próximo do corpo;•
 Levantar cargas simétricas;•
 Levantar cargas a 40cm do piso;•
 Transportar cargas na vertical;•
 Utilizar equipamentos auxiliares (correias, dispositivos de pegas, outros).•
“fundo do olho”. A abertura e o foco são controlados por músculos que aumentam ou diminuem a
quantidade de luz que entra no olho, bem como flexionam o cristalino, que funciona como uma lente. A
Figura 6 exibe a estrutura anatômica do olho humano.
 Estrutura do olho humano. Fonte: Corrêa e Boletti (2015, p. 32).
Além do estudo anatômico e fisiológico do olho, a visão apresenta algumas características de interesse
ergonômico. A primeira delas é a adaptação à iluminação do ambiente. Em geral, há um processo de
adaptação
a ambientes mais claros que leva em torno de dois minutos. Já para ambientes mais escuros,
são necessários cerca de trinta minutos (IIDA, 2005).
A acuidade visual está relacionada à capacidade para discriminar detalhes, variando de acordo com
iluminação e tempo de exposição. Já a acomodação diz respeito ao foco em objetos a distâncias
variadas. A convergência trata do movimento coordenado dos olhos que, em conjunto com a
acomodação, mantém a imagem no foco. Por fim, há também a percepção de cores, ou capacidade de
distinguir diferentes comprimentos de ondas na luz visível (IIDA, 2005).
Outro sentido de suma importância para a ergonomia é a . Nesse caso, a orelha capta e
converte as ondas de pressão (vibrações sonoras) em sinais elétricos que são processados no cérebro,
produzindo a sensação de audição (IIDA, 2005; CORRÊA; BOLETTI, 2015). A Figura 7 exibe a estrutura
da orelha.
Estrutura da orelha humana. Autor: Corrêa e Boletti (2015, p. 33).
O som é o elemento percebido, que é constituído de três variáveis: frequência (número de vibrações por
segundo, expressa em hertz (Hz)); intensidade (energia das vibrações, expressas em decibéis (dB)); e
duração (ou tempo).
Além da audição, a orelha também tem papel primordial no senso de posição e de aceleração do corpo.
Essa percepção se dá pelos receptores vestibulares (ouvido interno), constituído dos canais
semicirculares, dispostos em planos tri-ortogonais, sensíveis a movimentos, aceleração e outros. A
percepção de movimentos das partes do corpo, forças e tensões internas e externas dos músculos, sem
que haja acompanhamento visual, é responsabilidade do senso cinestésico.
REFERÊNCIAS
CACHA, Charles A (ed.). . New York: CRC Press, 1999.
CHAFFIN, Don B.; ANDERSSON, Gunnar B. J.; MARTIN, Bernard. . 4th
ed. New Jersey: Wiley, 2006.
CORRÊA,Vanderlei Moraes; BOTELLI, Rosane Rosner. : fundamentos e aplicações. Livro
Eletrônico. Porto Alegre: Bookman, 2015.
HAMILL, Joseph; KNUTZEN, Kathleen M.; DERRICK, Timothy R. 
. 4ª ed. Barueri: Manole, 2016.
IEA. The International Ergonomics Association. . Disponível em:
< >. Acesso em 10/07/2017.
IIDA, I. : Projeto e Produção. 2ª ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.
KROEMER, Karl E.; GRANDJEAN, Etienne. : Adaptando o Trabalho ao Homem.
5ª ed. Bookman, 2007.
ROSSETE, Celso Augusto (org.). . Livro Eletrônico. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2014. WACHOWICZ, Marta Cristina. Segurança, Saúde e Ergonomia. Livro
Eletrônico. Curitiba: Editora Intersaberes, 2012.

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