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ERGONOMIA ERGONOMIA FÍSICA O escopo da ergonomia física está nos aspectos anatômicos, antropométricos, fisiológicos e biomecânicos relacionados às atividades físicas dos seres humanos. Entre os tópicos de interesse estão posturas funcionais, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, DORTs, layout funcional, segurança e saúde (IEA, 2017). ANATOMIA, FISIOLOGIA E BIOMECÂNICA A anatomia trata do estudo das estruturas do corpo, enquanto a fisiologia trata do funcionamento do organismo humano. Um estudo integrado de ambas fornece uma visão ampla das características e funções do corpo. Já a biomecânica utiliza a física e conhecimentos das engenharias para descrever os movimentos de diversos segmentos do corpo e as forças atuando sobre eles durante a execução de atividades. Nesse sentido, a biomecânica requer a combinação desses conhecimentos com os de ciências biológicas e comportamentais (CHAFFIN; ANDERSSON; MARTIN, 2006). A biomecânica trata das interações entre o homem e o seu ambiente de trabalho sob o ponto de vista dos sistemas musculoesqueléticos utilizados e as consequências dessas interações. É muito útil na definição de parâmetros ergonômicos (p.e. limites para manuseio de cargas), uma vez que estes são aplicados no projeto de vários sistemas homem-máquina para o controle de incidências de distúrbios musculoesqueléticos (IIDA, 2005; CACHA, 1999). A biomecânica ocupacional é a disciplina que lida com as discrepâncias entre as capacidades físicas humanas e os requisitos da tarefa produtiva. Assim, trata do estudo dos trabalhadores com suas ferramentas, máquinas e materiais para melhorar o seu desempenho e reduzir os riscos de DORTs (CHAFFIN; ANDERSSON; MARTIN, 2006). A Figura 1 apresenta os principais métodos da biomecânica na avaliação das atividades humanas. Posto de Trabalho I TEXTO DE APOIO Ergonomia FísicaGerações e Enfoques ErgonômicosErgonomia Física Gerações e Enfoques Ergonômicos Os seis métodos da biomecânica ocupacional e as principais áreas de aplicação Iida (2005) destaca que, para o escopo da ergonomia, algumas funções ou estruturas do corpo são relevantes: a função neuromuscular, a coluna vertebral, o metabolismo, a visão, a audição e outros sentidos. A é responsável pelo controle e execução de movimentos ou aplicação de forças musculares. Assim, abrange a estrutura e o funcionamento do sistema nervoso e dos músculos. Os músculos transformam energia química em contração, sendo responsáveis pelo movimento do corpo. Os músculos estriados (de interesse da ergonomia) são aqueles que realizam trabalho consciente. Em conjunto com ossos e juntas, trabalham no corpo como verdadeiras alavancas em um sistema antagônico (a contração de um reflete na distensão do outro). A fadiga muscular pode ser definida como a redução da capacidade muscular devido a esforços voluntários (CHAFFIN; ANDERSSON; MARTIN, 2006). É resultado da deficiência na irrigação sanguínea do músculo e pode ocorrer em maior ou menor tempo, de acordo com as características da atividade, em especial no que se refere a trabalho muscular estático ou dinâmico. O trabalho estático é aquele que exige contrações contínuas de grupos musculares para manter uma determinada postura. Ocorre, por exemplo, com a musculatura dorsal das pernas para se manter em pé. Esse tipo de atividade não promove a circulação sanguínea no músculo e é altamente fatigante. O trabalho dinâmico, por outro lado, é realizado com contrações e relaxamentos alternados da musculatura, promovendo a circulação sanguínea. É considerado o menos prejudicial ao homem durante suas atividades. A Figura 2 exibe o balanço entre consumo e gasto energético em diferentes tipos de trabalho muscular. Balanço energético em diferentes tipos de trabalho muscular Fonte: Iida (2005, p. 162) Em grande parte das atividades humanas. há uma combinação entre trabalho estático e dinâmico. O trabalho em posição sentada em um escritório, por exemplo, é estático para a musculatura das costas mas exige movimentação de braços, mãos e dedos (CORRÊA; BOLETTI, 2015). É possível identificar as cargas das diferentes posturas por meio de registros que compreendam aspectos físicos (descrição de força e movimento), fisiológicos (funções orgânicas) ou psicofísicos (esforço percebido). Quanto aos aspectos das posturas assumidas, o corpo assume três posturas básicas: deitada, na qual não há concentração de tensão em nenhuma parte do corpo e o consumo energético assume valor mínimo; sentada, a qual exige maior atividade muscular - especialmente na região lombar - e o consumo de energia é de 3% a 10% maior que na anterior; e ereta, a qual é a mais fatigante se mantida por longos períodos, principalmente em trabalhos estáticos. No entanto, para trabalhos que exigem movimentação, é a melhor postura. A é uma estrutura óssea com 33 vértebras dispostas umas sobre as outras. A coluna pode ser subdividida em , que contém as sete primeiras vértebras (pescoço e base do crânio); , composta pelas doze vértebras seguintes, na caixa torácica; , com cinco vértebras na altura do abdômen; e a , com nove vértebras fundidas no quadril. A Figura 3 exibe uma ilustração da estrutura da coluna vertebral. Estrutura da coluna vertebral Fonte: Hamill, Knutzen e Derrick (2016, p. 252) A coluna também está sujeita a deformações, quase sempre acompanhados de dor. A é um processo no qual se aumenta a concavidade posterior na região cervical ou lombar. Garçons e gestantes comumente aumentam temporariamente a lordose devido a mudanças no centro de massa do corpo. A é caracterizada por um aumento na convexidade, principalmente na região torácica, muito comum com o avanço da idade. Já a corresponde a desvios laterais, que fazem o portador “pender para o lado” (IIDA, 2005). Cada vértebra suporta toda a massa acima dela, então sua estrutura é resistente às forças axiais, mas frágil às forças de cisalhamento. Na região da cabeça, inclinações em relação à vertical em até 20º e por curtos intervalos são tolerados. A partir de 30º, dá-se início a processos dolorosos (Figura 4). Estrutura da coluna vertebral Fonte: Iida (2005, p.168). No levantamento manual de cargas, a depender da postura também há prejuízos à coluna vertebral, uma vez que as forças são transferidas a coluna, bacia, pernas e, por fim, ao solo. Nesse sentido, deve- se ter especial atenção à carga levantada e à postura assumida. De maneira geral, é recomendado: O trata dos aspectos energéticos do corpo humano. A alimentação fornece a energia para construção ou reparo das estruturas anatômicas, bem como seu funcionamento, e o excedente é utilizado nas atividades humanas. O consumo energético para a manutenção das funções vitais é o metabolismo basal, que está em torno de 1800 kcal/dia. Entretanto, para um homem adulto, menos de 2000 kcal/dia o tornam incapaz para o trabalho. Gasto energético em atividades de trabalho. Fonte: Iida (2005, p. 81). A é um dos sentidos mais importantes para as avaliações ergonômicas (IIDA, 2005; CORRÊA; BOLETTI, 2015). Os olhos humanos têm funcionamento análogo ao de uma câmera fotográfica, no qual uma pequena abertura possibilita a passagem de um feixe de luz que é focado na retina, localizada no Manter coluna reta e usar prioritariamente a musculatura das pernas;• Manter a carga o mais próximo do corpo;• Levantar cargas simétricas;• Levantar cargas a 40cm do piso;• Transportar cargas na vertical;• Utilizar equipamentos auxiliares (correias, dispositivos de pegas, outros).• “fundo do olho”. A abertura e o foco são controlados por músculos que aumentam ou diminuem a quantidade de luz que entra no olho, bem como flexionam o cristalino, que funciona como uma lente. A Figura 6 exibe a estrutura anatômica do olho humano. Estrutura do olho humano. Fonte: Corrêa e Boletti (2015, p. 32). Além do estudo anatômico e fisiológico do olho, a visão apresenta algumas características de interesse ergonômico. A primeira delas é a adaptação à iluminação do ambiente. Em geral, há um processo de adaptação a ambientes mais claros que leva em torno de dois minutos. Já para ambientes mais escuros, são necessários cerca de trinta minutos (IIDA, 2005). A acuidade visual está relacionada à capacidade para discriminar detalhes, variando de acordo com iluminação e tempo de exposição. Já a acomodação diz respeito ao foco em objetos a distâncias variadas. A convergência trata do movimento coordenado dos olhos que, em conjunto com a acomodação, mantém a imagem no foco. Por fim, há também a percepção de cores, ou capacidade de distinguir diferentes comprimentos de ondas na luz visível (IIDA, 2005). Outro sentido de suma importância para a ergonomia é a . Nesse caso, a orelha capta e converte as ondas de pressão (vibrações sonoras) em sinais elétricos que são processados no cérebro, produzindo a sensação de audição (IIDA, 2005; CORRÊA; BOLETTI, 2015). A Figura 7 exibe a estrutura da orelha. Estrutura da orelha humana. Autor: Corrêa e Boletti (2015, p. 33). O som é o elemento percebido, que é constituído de três variáveis: frequência (número de vibrações por segundo, expressa em hertz (Hz)); intensidade (energia das vibrações, expressas em decibéis (dB)); e duração (ou tempo). Além da audição, a orelha também tem papel primordial no senso de posição e de aceleração do corpo. Essa percepção se dá pelos receptores vestibulares (ouvido interno), constituído dos canais semicirculares, dispostos em planos tri-ortogonais, sensíveis a movimentos, aceleração e outros. A percepção de movimentos das partes do corpo, forças e tensões internas e externas dos músculos, sem que haja acompanhamento visual, é responsabilidade do senso cinestésico. REFERÊNCIAS CACHA, Charles A (ed.). . New York: CRC Press, 1999. CHAFFIN, Don B.; ANDERSSON, Gunnar B. J.; MARTIN, Bernard. . 4th ed. New Jersey: Wiley, 2006. CORRÊA,Vanderlei Moraes; BOTELLI, Rosane Rosner. : fundamentos e aplicações. Livro Eletrônico. Porto Alegre: Bookman, 2015. HAMILL, Joseph; KNUTZEN, Kathleen M.; DERRICK, Timothy R. . 4ª ed. Barueri: Manole, 2016. IEA. The International Ergonomics Association. . Disponível em: < >. Acesso em 10/07/2017. IIDA, I. : Projeto e Produção. 2ª ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. KROEMER, Karl E.; GRANDJEAN, Etienne. : Adaptando o Trabalho ao Homem. 5ª ed. Bookman, 2007. ROSSETE, Celso Augusto (org.). . Livro Eletrônico. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. WACHOWICZ, Marta Cristina. Segurança, Saúde e Ergonomia. Livro Eletrônico. Curitiba: Editora Intersaberes, 2012.
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