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Climatério: Definição, Fisiologia e Tratamentos

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John Santos 1 
CLIMATÉRIO 
DEFINIÇÃO 
➡ Climatério diz respeito ao período de transição do estado reprodutivo (menacme) 
para o não reprodutivo. 
➡ Menopausa marca o fim da vida reprodutiva e ocorre após 12 meses de 
amenorreia a qual não pode ser justificada por outras patologias ou causas 
estabelecidas. 
 
FISIOLOGIA 
Declínio importante no nº de folículos ovarinos (por atresia ou da ovulação). 
OBS: atresia trata-se de um processo de involução dos folículos, no qual o mesmo 
perde as células da granulosa. 
Os folículos atresiados continuam respondendo 
ao LH, pois a teca permanece. Contudo, o 
estado de “hipoestrogenismo”1 não permite o 
amadurecimento do folículo. 
Sem folículo maduro: ⇩ INIBINA A 
⇩ INIBINA A: ⇧ FSH2. 
A primeira fase (fase folicular) sofre 
encurtamento, resultando em períodos mais longos (1ª alteração clínica do climatério 
é a IRREGULARIDADE MENSTRUAL). 
⚠ PRODUÇÃO ESTROGÊNICA PÓS MENOPAUSA 
A maior parte dos androgênios são produzidos nas adrenais. E a aromatização ocorre 
nos tecidos periféricos, especialmente: tecido adiposo, tecido muscular, tecido 
hepático e tecido cerebral. 
 
1 A ESTRONA é o principal estrogênio da mulher pós-menopausica. Trata-se de um estrogênio de baixa 
potência. 
2 O FSH é o marcador diagnóstico da insuficiência ovariana, 
John Santos 2 
 
 
SÍNDROME CLIMATÉRICA 
ALTERAÇÕES VASOMOTORAS 
Fogachos ➞ sensação de calor súbito toracocefálico, associada a sudorese e rubor, 
que dura 1-5 minutos. Sintoma muito comum. 
Outras alterações: palpitações, parestesias, náuseas, cefaleias vasomotoras, 
vertigem. 
ALTERAÇÕES NEUROPSIQUICAS 
Labilidade emocional, nervosismo, 
irritabilidade, depressão, ↓ libido, falta de 
concentração, ↓ memória, insônia. 
ALTERAÇÕES TÓPICAS 
Atrofia urogenital3 ➝ ressecamento 
vaginal, dispareunia, risco aumentado de 
ITU, sintomas de perda urinária ou 
irritativos. 
Diminuição da massa óssea ➝ maior ação 
dos osteoclastos. ↑ risco de osteopenia, 
osteoporose, quedas (fraturas). 
Aumento do RCV ➝ a redução de 
estrogênio (efeito cardioprotetor) promove aumento nos níveis de colesterol total. 
 
3 Pode ocorrer perda geral do tônus muscular pélvico e do colágeno, às vezes manifestada como prolapso, além 
de perdas urinárias e infecções recorrentes 
John Santos 3 
OBS IMPORTANTE: O DIAGNÓSTICO É CLINICO! A realização de dosagens 
hormonais é mais necessária no caso de pacientes mais jovens, para definir a 
menopausa prematura antes de anos. 
⚠ EXAMES COMPLEMENTARES (para excluir outras causas de amenorreia; 
rastreamentos e avaliar consequências do hipoestrogenismo). 
FSH, TSH, PRL, BHCG, CCO, MMG, Colonoscopia/SO; Perfil Lipídico, Glicemia, 
Densitometria óssea. 
Deve-se sempre atentar para o custo-benefício dos exames solicitados. Alguns são 
imprescindíveis, como o perfil lipídico e a mamografia de screening das doenças da 
mama. 
TRATAMENTO 
TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL (TRH) 
No caso dos sintomas vasomotores e de atrofia urogenital, a estrogenoterapia (ET) é 
a forma mais usada de tratamento. 
⚠ CANDIDATAS IDEIAIS: sintomáticas; < 10 anos de menopausa ou < 60 anos. 
Mulheres com útero intacto ➝ Estrogênio + Progesterona4 
Mulheres histerectomizadas ➝ apenas Estrogênio 
VIAS 
ORAL: ↑ triglicérides (checar perfil lipídico); ↑ HDL; ↓ LDL; maior associação com TVP. 
TRANSDÉRMICA: não interfere nos triglicérides e estão associados ao menor risco 
de TVP. 
ESTROGÊNIO VAGINAL: amplamente indicado para as mulheres que referem 
APENAS sintomas urogenitais. 
 
 
4 A função da progesterona é PROTEÇÃO ENDOMETRIAL. 
John Santos 4 
⚠ RISCOS 
CA MAMA: tempo-dependente, ou seja, quanto maior duração de TRH, maior o risco 
para CA MAMA. 
TVP: risco aumentado nos casos de TRH por via oral 
RCV: há evidências de benefícios cardiovasculares quando a TRH é iniciada em fase 
precoce da transição menopausal, na janela de oportunidade. O RCV aumenta 
quando a TRH é iniciada em fase tardia. 
 
TIBOLONA 
Esteroide sintético com propriedades progestogênica, androgênica e estrogênica. 
A dose de 1 ,25mg se mostra efetiva para a saúde óssea. No entanto, a de 2,5mg ao 
dia, via oral, revela melhor controle dos sintomas climatéricos, em especial os 
fogachos. Portanto, é comercializada nas doses de 1,25mg e de 2,5mg. 
ANDROGÊNIOS 
A terapia androgênica pode ser útil para as mulheres que experimentaram a perda de 
desejo sexual e/ou excitação. 
TRATAMENTO NÃO HORMONAL 
FITOESTROGÊNIOS (ISOFLAVONA) ➝ Não há evidências de redução dos sintomas 
vasomotores. 
ISRS E IRSN ➝ aumentam os níveis de serotonina e NA, ambos associados na 
origem das ondas de calor (fogachos). 
Ex: Paroxetina, venlafaxina, desvenlafaxina, sertralina e citalopram. 
Se possível, devem ser utilizados os IRSN, como a desvenlafaxina, que não 
costumam alterar a libido. A dose de desvenlafaxina para tratamento de sintomas 
vasomotores é de 100 mg/dia. 
A avaliação holística das mulheres climatéricas, assim como a terapia dos sintomas 
climatéricos, em especial a hormonal, deve ser individualizada e amplamente 
abordada.

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