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ORGANIZAÇÃO-DO-TRABALHO-PEDAGÓGICO

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 
2 NATUREZA DO TRABALHO PEDAGÓGICO ....................................................... 4 
2.1 Elemento norteadores do contexto educacional ................................................. 7 
3 INTENCIONALIDADE DA AÇÃO EDUCATIVA ..................................................... 9 
4 A CONSTRUÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO DA ESCOLA ......................... 13 
4.1 Diagnóstico da realidade escolar ...................................................................... 14 
4.2 Concepções em relação ao trabalho pedagógico: identidade .......................... 16 
4.3 Definição de estratégias ................................................................................... 17 
4.4 Cronogramas de trabalho e avaliação .............................................................. 17 
4.5 O projeto pedagógico e as suas diferentes instâncias ...................................... 18 
5 O TRABALHO PEDAGÓGICO NAS ORGANIZAÇÕES ...................................... 20 
5.1 Dificuldades para contratar um pedagogo para as organizações ..................... 23 
5.2 O perfil do pedagogo nas organizações ........................................................... 26 
6 ÉTICA DO PROFISSIONAL PEDAGOGO ........................................................... 30 
6.1 A ética profissional e o ambiente de trabalho do pedagogo ............................. 36 
7 REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA ............................................................................ 39 
 
 
 
 
3 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 NATUREZA DO TRABALHO PEDAGÓGICO 
 
Fonte: https://bityli.com/gefaX 
 
 Para tratarmos das diretrizes norteadoras do trabalho a ser desenvolvido pela 
escola, retomaremos algumas ideias do professor Saviani (2003) sobre a natureza e 
a especificidade da educação, conceitos fundamentais que devem estar presentes 
nas mentes e corações de todos os profissionais que atuam no ambiente escolar, para 
que a organização do trabalho pedagógico coletivo e coerente seja possível. 
Para tratarmos da natureza e da especificidade da educação, resgataremos as 
ideias de Saviani (2003), pois elas dizem muito sobre a forma como os profissionais 
da educação devem compreender as características intrínsecas ao trabalho 
pedagógico. Isso deve pautar a compreensão desses profissionais, pois, de outra 
forma, o trabalho pedagógico dentro e fora da escola estará comprometido. 
Segundo Saviani (2003, p. 11): 
 
Com efeito, sabe-se que, diferentemente dos outros animais, que se adaptam 
à realidade natural tendo a sua existência garantida naturalmente, o homem 
necessita produzir continuamente sua própria existência. Para tanto, em lugar 
de se adaptar à natureza, ele tem que adaptar a natureza a si, isto é, 
transformá-la. E isto é feito pelo trabalho. Portanto, o que diferencia o homem 
dos outros animais é o trabalho. E o trabalho instaura-se a partir do momento 
em que seu agente antecipa mentalmente a finalidade da ação. 
Consequentemente, o trabalho não é qualquer tipo de atividade, mas uma 
ação adequada a finalidades. É, pois, uma ação intencional. 
 
 
 
5 
 
Então, o homem transforma a natureza como forma de atender às suas 
necessidades de sobrevivência e o faz por meio do trabalho, entendido aqui como 
atividade intencional desenvolvida pelo ser humano, portanto, planejada do início ao 
fim. Se entendermos que, na escola, todas as ações dos profissionais devem ser 
pautadas pela clareza dos objetivos a que se propõem e encaminhadas de tal forma 
que seja possível atingir tal finalidade, diríamos então que ela desenvolve, sim, uma 
atividade intencional. Sendo assim, podemos afirmar que o princípio que deve nortear 
a organização de todo trabalho pedagógico desenvolvido pelas escolas é, de fato, o 
trabalho (SOARES, 2014). 
Segundo Saviani (2003, p. 13): 
o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada 
indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente 
pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um 
lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados 
pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de 
outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas 
para atingir esse objetivo. 
 
No entanto, para que a escola cumpra a sua função, não basta que a instituição 
realize suas atribuições tendo como pressuposto o princípio do trabalho; cabe à 
instituição escolar seu aprimoramento, pois Ihe é destinado o desenvolvimento do 
trabalho educativo, Isso significa que a escola, por meio de atividades intencionais, 
deve permitir o ser humano acesso à cultura acumulada historicamente, a fim de 
possibilitar o meio de produção de sua própria cultura (SOARES, 2014). 
Para tanto, cabe à escola, no momento de elaboração de seu PPP, a escolha 
dos elementos culturais que serão priorizados em cada uma das etapas do trabalho 
desenvolvido no ambiente escolar e, consequentemente, da melhor forma de fazélo, 
Conforme Saviani (2003, p. 13:14); 
 
Quanto ao primeiro aspecto (a identificação dos elementos culturais que 
precisam ser assimilados), trata-se de distinguir entre o essencial « o 
acidental, o principal e o secundário, o fundamental e o acessório. Aqui me 
parece de grande importância, em pedagogia, a noção de “clássico”. O 
clássico não se confunde com o tradicional e também não se opõe, 
necessariamente, a moderno muito menos ao atual. O clássico é aquilo que 
se firmou como fundamental, como essencial. Pode, pois, constituir-se num 
critério útil para a seleção dos conteúdos do trabalho pedagógico. Quanto o 
segundo aspecto (a descoberta das formas adequadas de desenvolvimento 
do trabalho pedagógico), trata-se da organização dos meios (conteúdos, 
 
6 
 
espaço, tempo e procedimentos) através dos quais, progressivamente, cada 
indivíduo singular realize, na forma de segunda natureza, a humanidade 
produzida historicamente. 
 
Ao realizar a elaboração do seu PPP, a escola deve ver com clareza o projeto 
de sociedade que pretende construir. Para isso, é fundamental que as pessoas e os 
profissionais que ali trabalham se disponham a refletir sobre todas as ações 
executadas e a entender que os passos trilhados possuem um objetivo explícito a ser 
alcançado. 
Definir o conteúdo a ser trabalhado requer desses profissionais uma atenção 
redobrada, pois o conjunto de conhecimentos escolhido exige dos alunos um 
repertório de habilidades a serem desenvolvidas. Elas irão formar um cidadão que se 
adapte à realidade existente ou, quem sabe, com base na compreensão desta 
realidade, traçar conscientemente um caminho diferenciado que possibilite a 
transformação social, mesmo que em pequenas doses (SOARES, 2014). 
Ao realizar suas escolhascoletivamente, é preciso que a escola organize 
metodologias que possibilitem a apreensão do conteúdo, característica fundamental 
da instituição de ensino. Como é de nosso conhecimento, os alunos não aprendem 
todos da mesma forma, e muito menos todos ao mesmo tempo. Isso demanda dos 
profissionais da educação uma constante readequação das formas de trabalhar o 
mesmo conteúdo com vistas a atingir o seu objetivo principal: conseguir que o aluno 
aprenda aquilo que está sendo ensinado. 
Desse modo, é fundamental que enfatizemos o compromisso da escola com a 
construção e a disseminação dos conhecimentos acumulados pela humanidade em 
cada momento histórico, papel principal destinado às instituições de ensino formais. 
Esses conhecimentos podem e devem ser complementados por outras instituições 
que se dedicam a trabalhar com a cultura acumulada pela sociedade em espaços não 
formais. 
É importante destacar aqui que os princípios definidos pela coletividade da 
escola devem demarcar aquilo que de fato seja o conjunto de crenças do grupo, pois 
suas ações diárias perante seus pares e alunos estarão comprovando-os. Não é 
possível ensinar algo em que você mesmo não acredite; suas palavras não irão 
 
7 
 
condizer com suas ações, e aqueles que estão ao seu redor saberão perfeitamente 
disso (SOARES, 2014). 
É importante frisarmos que nossas ações, evidentemente, não valem somente 
no espaço da escola, pois se você comunga de uma determinada concepção de vida, 
esta deve estar presente em todos os momentos dela, e não somente em alguns. 
 
2.1 Elemento norteadores do contexto educacional 
 
Destocaremos, neste ponto do texto, alguns aspectos fundamentais da 
legislação educacional brasileira que devem viabilizar aos profissionais do ensino o 
atendimento às condições necessárias para que estes possam alcançar seus 
objetivos, principalmente conforme destacado nos itens anteriores, conforme o art. 1º 
da Lei nº 9,394/1996: 
 
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na 
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino 
e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas 
manifestações culturais. 
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, 
predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. 
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática 
social (BRASIL, 1996). 
 
A educação, de acordo com o ponto de vista da legislação, deve ser 
reconhecida, em primeira instância, como processo de formação humana que se 
realiza em todos os momentos da vida do indivíduo, aspecto que deve ser destacado 
e compreendido pelos profissionais da educação (SOARES, 2014). 
O apoio dos demais espaços não formais de aprendizado organizados para a 
vida em sociedade contribui, e muito, para o fortalecimento do papel central das 
instituições formais de ensino. No entanto, cabe também a elas o fortalecimento das 
condições necessárias à vida em sociedade, ou seja, cabe à escola o compromisso 
de que o conhecimento ensinado à população permita a integração desta ao mundo 
do trabalho. Mais do que isso, permita que a pessoas reflitam sobre a realidade social 
em que vivem e tomem decisões que dirijam o rumo de suas próprias vidas. 
Conforme a Constituição Brasileira de 1988 (Brasil, 1988): 
 
8 
 
Art. 205 -A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento a pessoa, sem preparo para o exercício da cidadania e na 
qualificação para o trabalho. 
 
Essas palavras são quase que integralmente reproduzidas pelo art. 2º da Lei 
nº 9.394/1996, mas como uma diferença fundamental, como veremos a seguir: 
Art, 2º- A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de 
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno 
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e 
sua qualificação para o trabalho. 
 
Nesse quesito da legislação educacional, realizaremos na comparação entre o 
que está escrito na Constituição Brasileira e na LDBEN/1996. O detalhe que nos 
impele a realizar tal análise está na inversão do princípio constitucional realizado pelo 
art. 2º da LDBEN/1996 - pois a Constituição afirma que a educação é direito de todos 
e dever do Estado e da família, ou seja, resguarda o direito de todos à educação e a 
impõe como dever do Estado em primeiro momento e da família em um segundo 
momento. No entanto, a redação da legislação educacional na LDBEN/1996 inverte a 
situação. 
Ao longo dos últimos anos, a Constituição e a Lei nº 9.394/1996 sofreram várias 
modificações referentes aos preceitos legais que gerem a educação em nosso país. 
Essas alterações influenciam direta ou indiretamente o trabalho pedagógico realizado 
pela escola. No entanto, daremos destaque aos pontos que indicam a ampliação da 
obrigatoriedade do ensino à população brasileira. Em decorrência de modificação no 
texto constitucional especificamente no art. 208 (Brasil, 1988), realizado pela Emenda 
Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009 (Brasil, 2009), a educação básica 
dos 4 aos 17 anos passa a ser obrigatória para a população brasileira (SOUZA, 2014). 
Algumas modificações na LDBEN/1996 já apontavam para a ampliação no 
atendimento educacional brasileiro. A mais efetiva foi a Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro 
de 2006 (Brasil, 2006), que ampliou a oferta do ensino fundamental para 9 anos. 
Contudo, é somente com a aprovação da Lei nº 12796, de 4 de abril de 2013 (Brasil, 
2013) que ocorrem as modificações previstas pela Emenda Constitucional nº 59/2003. 
A tentativa de ofertar à população o acesso à escola veio se concentrando ao 
longo desse período (pós-LIDBEN) em boa parte do tempo no nível considerado 
 
9 
 
obrigatório, deixando de lado um efetivo investimento nos demais níveis de ensino, 
que também são responsabilidade do governo (Inep, 20136). 
O objetivo a ser alcançado por todos os entes da federação e de seus 
governantes deveria ser a ampliação do atendimento educacional sempre tendo como 
meta maior a universalização do ensino em todos os níveis, o que possibilitaria à 
população o acesso às condições necessárias o seu bom desenvolvimento intelectual 
e social e favoreceria o fortalecimento das qualidades indispensáveis ao ser humano 
para o desenvolvimento qualitativo da cidadania. 
Dessa forma, podemos afirmar que esses princípios devem organizar todo o 
trabalho pedagógico, seja ele desenvolvido em instituições públicas ou privadas. O 
conjunto de princípios elencados pela lei possibilita aos profissionais da educação a 
definição coletiva dos rumos da instituição de ensino, os quais devem estar descritos 
em seu PPP. Caso a compreensão de tais princípios esteja de fato fortalecida por 
todos aqueles que participam do dia a dia da escola, com certeza a educação ofertada 
caminha na direção de possibilitar o aluno a construção de sua cidadania, o que é 
tudo que se espera da instituição de ensino chamada escola (SOUZA, 2014). 
 
3 INTENCIONALIDADE DA AÇÃO EDUCATIVA 
 
Fonte: https://bityli.com/jzgJR 
 
Se fizermos uma rápida retomada histórica, será possível perceber que existem 
diferentes conceitos de “educação”, uma vez que cada sociedade, a cada etapa de 
 
10 
 
desenvolvimento, terá objetivos específicos a serem atingidos. Esses objetivos podem 
se manter ou se modificar ao longo do tempo, da mesma maneira que podem ser 
comuns ou diversos quando se trata de sociedades contemporâneas. Por isso, 
entende-se que uma mesma sociedade em diferentes momentos históricos poderá ter 
diferentes formas de educar (DI PALMA, 2012). 
No século XVI, por exemplo, no Brasil, não havia o entendimento de que a 
mulher precisava ter uma educação acadêmica muito sofisticada, já que o seu destino 
seria firmado no momentodo seu casamento e da constituição de uma família. Sua 
educação consistia de um conjunto de preceitos para que pudesse desempenhar o 
papel de boa mãe e esposa, segundo os princípios da fé católica, além de algumas 
noções de leitura, escrita e cálculo básico. Não havia a possibilidade de frequentar 
uma faculdade e exercer uma profissão ou fazer opções quanto a permanecer casada, 
ter — ou não — filhos. 
Depois de quatro séculos no próprio Brasil, há uma compreensão diferente em 
relação à educação feminina. As mulheres estão cada vez mais presentes e 
participantes na sociedade e no mercado de trabalho, sua formação acadêmica não é 
diferente daquela recebida pelo homem, podendo atingir os níveis mais altos de 
escolarização, escolher uma profissão para seguir sem qualquer tipo de restrição, seja 
de sua família ou da sociedade, já que a mulher independente econômica e 
profissionalmente é uma realidade desde a segunda metade do século XX. Além 
disso, a mulher já pode optar por casar ou não, ter ou não filhos, independentemente 
de seu estado civil (DI PALMA, 2012). 
Porém, se compararmos a realidade brasileira do século XXI com a realidade de 
alguns países do continente africano ou asiático, será possível perceber que as 
conquistas feitas pelas mulheres em nosso pais ainda não chegaram a outros lugares 
do mundo. A maioria das mulheres nesses Iugares continua vivendo em condições 
muito semelhantes àquelas vividas pelas nossas antepassadas há 400 anos. 
Como profissionais da educação, é importante que compreendamos essas 
diferenças e que nos dediquemos a estudar e a compreender o papel que essas 
mudanças exercem na vida das pessoas e das sociedades. Além disso, é 
imprescindível que estejamos atentos aos fatos do cotidiano para que tenhamos 
 
11 
 
elementos de análise que nos permitam optar pelo encaminhamento a ser dado às 
nossas ações pedagógicas no âmbito escolar (DI PALMA, 2012). 
Segundo Pimenta (1998), a pedagogia se constitui como uma ciência que 
entrelaça conhecimentos produzidos pelas diferentes ciências do homem - 
antropologia, história, psicologia, sociologia, entre outras – tendo como elemento 
integrador de análise a educação escolar, buscando estabelecer parâmetros para 
compreender as melhores condições para que o processo educativo de ensino 
aprendizagem se efetive. 
Segundo Libâneo (1994), muito embora a ação educativa ocorra em diferentes 
âmbitos e espaços, foi na escola, independentemente de suas nuances, que essa 
atividade assumiu uma especificidade cuja reflexão, estudo e intervenção permitem o 
desenvolvimento qualitativo do trabalho educativo. Enfim, objetiva-se que, através da 
ação pedagógica escolar, as competências dos indivíduos possam ser integralmente 
trabalhadas, propiciando uma compreensão mais ampla de sua inserção na 
sociedade. 
A concretização da educação acontece pela prática educativa, a qual Libâneo 
(1994, p. 16-17) define como “um conjunto de ações, processos, influências e 
estruturas que interferem no desenvolvimento humano, no meio natural e social, nas 
relações entre grupos e nas relações entre classes sociais”. 
Essas ações e processos intencionais podem acontecer em vários ambientes, 
como na família, na empresa, na igreja, nos sindicatos, entre outros. Porém, existe 
um objetivo claro a ser alcançado em cada um desses espaços, seja a maneira de se 
comportar à mesa, os procedimentos regulares que caracterizam cada função dentro 
de uma empresa, as práticas religiosas que identificam os membros de cada grupo 
religioso e assim por diante. Ou seja, muito embora ações intencionais não venham a 
passar por um processo avaliativo formal, instituído pelo governo, com documentos 
específicos para tal, a prática educativa acontece, e nesse caso, é denominada não 
formal (DI PALMA, 2012). 
Embora a educação não formal aconteça, a maior parte das vezes fora do 
ambiente escolar, também podemos identificar a existência dela nos contextos 
 
12 
 
escolares, quando ofertamos aos alunos palestras a respeito de determinada temática 
ou através de projetos extracurriculares de cunho social, por exemplo. 
Libâneo (1994) também destaca a ação das influências, «que nem sempre são 
transparentes ou fixas, como os meios de comunicação de massa, que apresentam e 
divulgam maneiras de pensar, agir, sentir, falar etc., e acabam sendo assumidas por 
uma grande parcela da população, principalmente pelos mais jovens. Designamos 
educação informal a ação educativa realizada de maneira pulverizada, sem um 
objetivo claro e manifesto, embora veiculada por vários canais diferentes. 
Esses aspectos interferem nos desenvolvimentos humano e social. Isso significa 
que, se não houvesse uma ação educativa modelada por outro ser humano, não 
teríamos condições de desenvolver a linguagem, as formas de comunicação, os meios 
de produção e, como consequência, não seria possível acumular conhecimentos. A 
partir do convívio social são incorporados comportamentos considerados adequados 
e que são valorizados e aceitos por cada grupo social, com isso, a ação educativa tem 
a função de estabelecer e/ ou reforçar as relações hierárquicas que existem 
socialmente (DI PALMA, 2012). 
Essas ações também interferem nas relações que estabelecemos no meio natural, 
ou seja, a partir das condições naturais encontradas em cada região, nação ou país 
haverá o desenvolvimento de uma prática educativa distinta. Embora o homem não 
seja o único ser vivo a educar seus pares, é entre nós que esse processo alcançou 
seu mais alto grau de relevância e complexidade, instituindo-se inclusive um espaço 
específico para que a ação educativa seja realizada na escola. 
A ação educativa realizada no ambiente escolar, nos seus diferentes níveis e 
modalidades, com objetivos, processos metodológicos e avaliativos definidos, 
qualificamos de educação formal. Na sociedade urbana contemporânea, esses três 
processos educativos convivem e interagem. 
Em alguns momentos, seus ensinamentos são complementares; em outros, são 
dissociativos, contribuindo para o aumento de confrontos entre gerações, gêneros, 
etnias, crenças políticas, religiosas e culturais. A escola, como instituição socialmente 
condicionada e condicionante, precisa estar sintonizada com as mudanças para que 
 
13 
 
possa adequar suas formas de trabalho às novas circunstâncias contemporâneas (DI 
PALMA, 2012). 
A organização do trabalho na escola foi construída de maneira mais significativa 
a partir do século XVI, principalmente pelas contribuições de Lutero, Ratke e 
Comenius, que influenciaram vários países no mundo, inclusive o Brasil. 
Posteriormente, a organização do Ratio Studiorum permitiu a padronização de 
procedimentos e métodos para instituições de ensino baseadas em um roteiro 
construído coletivamente pelos jesuítas. 
O direito de acesso e permanência irrestrito à escola está garantido na 
Constituição Federal de 1988 e na LDBEN nº 9,394/1996. O pedagogo é um 
profissional estratégico, porque seu lócus de trabalho essencial é a escola, e seu fazer 
está diretamente ligado à produção e à transmissão de conhecimentos, tendo por 
essência a docência ou a gestão educacional para que esta aconteça (DI PALMA, 
2012). 
 
4 A CONSTRUÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO DA ESCOLA 
 
Fonte: https://bityli.com/YxZa3 
 
Para a oferta de um ensino de qualidade e comprometido com a aprendizagem 
dos alunos, é fundamental que os diferentes movimentos para a construção do projeto 
pedagógico escolar sejam identificados. Além disso, nesse processo de construção, 
 
14 
 
faz-se necessária a constituição de órgãos colegiados para a participação de todos os 
envolvidos nos processos educativos, permitindo, assim, a efetivação de uma gestão 
democrática na escola. A construção da identidade e da autonomia escolar requer, 
também, a articulação do projeto pedagógico às diferentes instâncias que o compõem 
(MARÇAL; SOUZA; MACHADO,2001). 
Cada unidade escolar possui características e demandas específicas. Por isso, 
deve elaborar o seu próprio projeto pedagógico. Para essa elaboração, o 
conhecimento da realidade é fundamental, mas não é o sufi ciente. Também é 
necessário o embasamento teórico do projeto, essencial para que a escola avalie as 
dimensões e os princípios que nortearão a construção de seu projeto pedagógico. As 
teorias podem subsidiar a leitura crítica das práticas, oportunizando o planejamento 
de estratégias que promovam melhorias no ensino oferecido e na aprendizagem dos 
alunos. 
De acordo com as características e necessidades da unidade escolar, a 
construção do seu projeto pedagógico seguirá uma dinâmica própria. Apesar das 
diferenças, é possível discutir o processo de construção do projeto político-
pedagógico tendo por base três grandes movimentos bastante interligados. 
Segundo Marçal, Souza e Machado (2001), esses movimentos são 
relacionados e interdependentes entre si. Eles devem ser realizados simultaneamente 
e demandam uma avaliação constante. Assim, cada escola precisa se autoconhecer, 
refletir sobre as suas práticas e construir o seu projeto pedagógico de maneira 
autônoma e coletiva. 
 
4.1 Diagnóstico da realidade escolar 
 
O primeiro movimento diz respeito ao diagnóstico da realidade escolar. A ideia 
é analisar a realidade da escola em suas dimensões pedagógica, administrativa, 
financeira e jurídica. Para que esse movimento ocorra, todos os envolvidos na 
elaboração do projeto pedagógico devem buscar responder a esta questão: como é a 
nossa escola? Nesse movimento, a escola precisa coletar dados sobre a sua 
realidade e analisá-los criteriosamente no que diz respeito aos aspectos qualitativos 
 
15 
 
e quantitativos. As informações coletadas devem ser referentes a aspectos internos e 
externos da realidade escolar. Elas servem para a identificação das dificuldades a 
serem superadas e dos aspectos facilitadores do sucesso. 
Ainda segundo Marçal, Souza e Machado (2001), para que o diagnóstico seja 
bem detalhado, a escola precisa, por meio dos instrumentos adequados, levantar 
questionamentos em dois níveis: um mais amplo e outro mais específico. Os 
questionamentos em nível mais amplo devem possibilitar o estabelecimento de 
relações entre a realidade escolar e os aspectos sociais, políticos e econômicos da 
comunidade na qual ela está inserida e da sociedade brasileira como um todo. Os 
questionamentos mais específicos, por sua vez, devem estar voltados para a 
organização do trabalho pedagógico, considerando a atuação dos vários segmentos 
escolares. 
O diagnóstico é uma radiografia da escola. Por isso, para elaborá-lo, é preciso 
fazer um levantamento de dados sobre: 
 
 o local onde a escola está localizada (bairro); 
 a distância entre o bairro e o centro da cidade, a existência de transporte 
público e a facilidade de acesso; 
 a clientela atendida (profissão dos pais, estruturação das famílias, renda 
familiar, etc.); 
 os alunos da escola (quantidade total, quantidade por nível de ensino e 
por ano, dados comparativos de ingressantes e concluintes por ano, 
etc.);  as causas de evasão escolar; 
 o rendimento escolar dos alunos (aprovação, reprovação, distorção 
idade/série). 
 
Para que esses dados sejam coletados de maneira fidedigna, vários 
instrumentos podem ser utilizados, como pode ser a ficha para preenchimento pelos 
pais no momento da matrícula; análise dos resultados das avaliações externas, como: 
 
 
16 
 
 Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e Exame Nacional do 
Ensino Médio (Enem); 
 Avaliações dos professores; 
 Registros dos conselhos de classe; 
 Registros anuais do rendimento escolar; 
 Levantamento dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de 
Domicílio (Pnad); 
 Censo Escolar; 
 Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
Anísio Teixeira (Inep) e do Ministério da Educação (MEC). 
 
4.2 Concepções em relação ao trabalho pedagógico: identidade 
O segundo movimento refere-se ao levantamento das concepções do coletivo 
da escola. Ele tem como objetivo discutir as concepções do coletivo da escola em 
relação ao trabalho pedagógico como um todo. A pergunta “qual é a identidade da 
nossa escola?” deve ser respondida. Após a escola ter a sua situação diagnosticada, 
ela precisa buscar uma fundamentação teórica que oriente a ação de seus segmentos. 
A escolha de um referencial teórico é fundamental para o embasamento das 
práticas e para a compreensão das situações que emergem do cotidiano escolar. 
Nesse movimento, o principal objetivo deve ser o levantamento das concepções do 
coletivo da escola em relação ao trabalho pedagógico como um todo, visando à 
proposição de mudanças. 
A partir da discussão das concepções dos vários segmentos, deve-se definir 
uma linha de ação única, que traduza aquilo que é considerado prioritário pelo grupo 
para o trabalho da escola. Esse movimento exige da escola um posicionamento 
político- -pedagógico e a definição das concepções e ações que serão compartilhadas 
por seus atores. Para que ele ocorra, é fundamental que o gestor crie e oportunize a 
discussão e a troca de ideias (MARÇAL; SOUZA; MACHADO, 2001). 
 
 
 
 
17 
 
4.3 Definição de estratégias 
 
O terceiro movimento é a definição de estratégias, pessoas e/ou grupos, 
objetivando assegurar a realização das ações propostas pelo coletivo da escola. Esse 
movimento visa a definir as ações da escola, os responsáveis pela sua execução e os 
recursos necessários à implantação do projeto pedagógico. A sua realização 
demanda responder a esta questão: como executar as ações definidas pelo coletivo? 
Após a definição das concepções que nortearão o trabalho dos diferentes segmentos 
da escola, é necessário definir as estratégias que serão adotadas por todos. 
Para que isso ocorra, segundo Marçal, Souza e Machado (2001), a escola deve 
definir as suas prioridades, além de estabelecer as ações que serão desenvolvidas e 
as pessoas que irão realizá-las. Esse processo deve ser pautado pelas decisões 
tomadas de forma coletiva e visar à superação dos problemas diagnosticados 
inicialmente. 
Outro aspecto bastante relevante nesse momento, que não pode ser perdido 
de vista, é a necessidade de identificar os responsáveis por cada uma das ações 
assumidas no coletivo. A definição de um cronograma de trabalho é fundamental. 
Nele, devem ser definidas as ações que serão realizadas a curto, médio e longo 
prazos, para que possam ser acompanhadas e avaliadas (MARÇAL; SOUZA; 
MACHADO, 2001). 
 
4.4 Cronogramas de trabalho e avaliação 
 
O cronograma deve prever momentos dedicados ao planejamento pedagógico 
e às reuniões dos seus colegiados, como conselhos escolares, conselhos de classe, 
associações de pais e mestres (APMs), grêmios estudantis, entre outros. Nesse 
movimento, é preciso considerar também o tempo destinado à redação do documento 
que retratará todo o processo desenvolvido pela escola. Para isso, deve-se constituir 
um grupo de trabalho, com representantes dos vários segmentos envolvidos. 
Os colegiados, obedecendo ao cronograma das reuniões, devem sempre se 
debruçar sobre o projeto político-pedagógico para verificar se o que foi proposto está 
 
18 
 
sendo executado e se os resultados esperados estão sendo atingidos. Assim, a 
avaliação deve permear todo o processo de elaboração do PPP, possibilitando 
mudanças sempre que necessário. Mudanças na legislação, alterações na oferta de 
alguma das etapas do ensino (educação infantil, ensino fundamental ou ensino 
médio), bem como alterações em relação às modalidades de ensino, precisam ser 
sempre analisadas e discutidas, determinando adaptações no PPP, mas sem que a 
identidade da comunidade seja perdida. 
 
4.5 O projeto pedagógico e as suas diferentes instâncias 
 
O projeto político-pedagógico (PPP) se articula intimamentecom as diferentes 
instâncias que o compõem. Tais instâncias são: o planejamento, a organização do 
trabalho escolar, o regimento escolar, as práticas pedagógicas e as políticas 
educacionais. O projeto político-pedagógico de uma unidade escolar oferece diretrizes 
e estabelece prioridades para o trabalho coletivo. Contudo, para que ele cumpra o seu 
papel, é necessário que se articule com o planejamento e a prática pedagógica. 
Veja o que afirmam Marçal, Souza e Machado (2001, documento on-line): 
 
A escola pública necessita de uma gestão que, partindo da construção do 
projeto pedagógico, possibilite à escola alcançar sua finalidade, 
concretizando sua função social: a promoção da cidadania, o 
desenvolvimento pleno e o sucesso dos alunos. E para concretizar o que 
pretende, a escola necessita de um planejamento que organize o seu trabalho 
escolar e a sua prática pedagógica, de modo que as ações implementadas 
se articulem, promovendo uma educação de qualidade conforme o proposto 
no projeto pedagógico pelo coletivo da escola. 
 
A relação entre o projeto pedagógico e o planejamento é bastante próxima, 
embora ambos tenham diferentes significados. O projeto pedagógico visa à 
construção da identidade da escola, delineando os rumos a serem seguidos e 
explicitando o compromisso da instituição com a oferta de um ensino de qualidade e 
com a aprendizagem dos alunos. O projeto pedagógico não pode ser construído sem 
planejamento. 
O planejamento deve permear todas as atividades escolares, constituindo-se 
como um instrumento permanente para a elaboração e o desenvolvimento do projeto 
 
19 
 
pedagógico. Para a gestão escolar e a promoção de melhorias, é necessário um 
planejamento capaz de identificar as condições favoráveis, diagnosticar os problemas 
e apontar os caminhos para que os objetivos escolares sejam atingidos. 
O PPP relaciona-se também com a organização do trabalho escolar. O sucesso 
escolar depende de políticas e diretrizes externas, mas também das características 
organizacionais da escola. São consideradas características organizacionais: a 
autonomia escolar, a gestão democrática, a articulação curricular, a participação dos 
pais, a otimização do tempo, a estabilidade profissional, a capacitação dos 
profissionais, o reconhecimento público e o apoio das autoridades. 
A análise das características organizacionais de uma escola permite o 
conhecimento da cultura escolar e a identificação das áreas determinantes do sucesso 
ou do insucesso da instituição. O planejamento deve acompanhar a organização do 
trabalho da escola, uma vez que esse é o espaço no qual o PPP se realiza. 
O PPP apresenta diretrizes para a elaboração do regimento escolar, orientando 
a estruturação e o funcionamento da escola de acordo com os seus objetivos, visando 
também ao estabelecimento de um clima de convivência harmônico e democrático. O 
regimento escolar deve apresentar uma série de orientações que dizem respeito a 
diferentes áreas, garantindo o cumprimento das leis e das diretrizes e resguardando 
espaços de autonomia e responsabilidade, inerentes à instituição escolar. Sob 
nenhuma hipótese o regimento pode contrariar o que está posto no projeto 
pedagógico. 
 Ao traçar objetivos a serem atingidos em determinado tempo e delinear a 
missão da escola, o PPP aponta para as práticas pedagógicas que devem ser 
desenvolvidas para que o que está proposto no documento seja concretizado. As 
práticas pedagógicas devem ser pensadas a partir dos referenciais curriculares 
propostos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) — relacionados ao tipo de 
sujeito e de sociedade que se pretende construir — e da Constituição Federal de 1988. 
Ao mesmo tempo em que a escola tem uma identidade própria, ela está inserida em 
um contexto maior. 
 
 
20 
 
5 O TRABALHO PEDAGÓGICO NAS ORGANIZAÇÕES 
 
Fonte: https://bityli.com/OcYQA 
 
O mundo se modificou nas últimas décadas, exigindo que as organizações 
empresariais se adaptassem a um mercado mais dinâmico e extremamente 
competitivo. Nesse novo contexto, a concorrência fez com que todos se 
empenhassem em construir diferenciais e explorar novas competências como 
necessárias para o bom andamento da organização. 
Essas ações exigem investimento em práticas pedagógicas que levem as 
empresas a gerir e compartilhar os conhecimentos entre os seus membros, bem como 
mapear os cenários externos. Assim, elas podem desenvolver programas de 
aperfeiçoamento e capacitação das competências existentes entre os trabalhadores 
que compõem a organização e são responsáveis pelo alcance dos seus resultados. É 
nesse contexto que o pedagogo se insere, uma vez que é o profissional visto como 
apto para desenvolver práticas de ensino e aprendizagem nos espaços não escolares. 
Um dos primeiros aspectos que você deve conhecer antes de estudar a posição 
do profissional da pedagogia no ambiente organizacional são as mudanças no mundo 
do trabalho e nas relações de emprego que estão ocorrendo na contemporaneidade, 
pois estas afetam diretamente as suas possibilidades de atuação. As reconfigurações 
ocorridas no mercado de trabalho nas últimas décadas possibilitaram a emergência 
da atuação do pedagogo no ambiente organizacional — sobretudo no campo 
empresarial. Dessa forma, veja algumas mudanças que vão ajudá-lo a compreender 
 
21 
 
como o pedagogo se encaixa e quais atributos são exigidos dele para atuar nesses 
ambientes não escolares: 
 
 sociedade aprendente; 
 competências; 
 concorrência; 
 relações de emprego/trabalho; 
 empregabilidade; 
 gestão da diversidade. 
 
O primeiro ponto a reconhecer é o fato de que as tecnologias digitais de 
informação e comunicação, por meio do uso da internet, promoveram profundas 
modificações nas possibilidades de aprendizagem da sociedade. Assim, a 
denominada sociedade da informação, conforme foi chamada a partir da 
universalização da internet, no final da década de 1990, converteu-se em sociedade 
de aprendizagem. Isso influenciou tanto a vida das pessoas como o funcionamento 
das organizações que operam no mercado de trabalho. Estas, ao se tornarem mais 
dinâmicas e eficientes por meio do mapeamento dessas informações e da sua 
conversão em conhecimentos úteis e aplicáveis, conseguem atingir melhores 
resultados. A esse respeito, Assmann (2000, p. 9) comenta: 
 
A mera disponibilização crescente da informação não basta para caracterizar 
uma sociedade da informação. O mais importante é o desencadeamento de 
um vasto e continuado processo de aprendizagem. [...] sublinhamos que é 
fundamental considerar a sociedade da informação como uma sociedade da 
aprendizagem. [...] O processo de aprendizagem já não se limita ao período 
de escolaridade tradicional. Trata-se de um processo que dura toda a vida, 
com início antes da idade da escolaridade obrigatória, e que decorre no 
trabalho e em casa. 
 
Assim, partindo da afirmação do autor, podemos posicionar o pedagogo como 
aquele que vai colocar em prática esse processo de aprendizagem de que a 
organização necessita. Para isso, ele realizará a gestão dos conhecimentos de todos 
que ali se encontram e estabelecerá formas de ensino e aprendizagem de novas 
competências que se fizerem necessárias ao longo do tempo, de acordo com as 
 
22 
 
tendências e os cenários que o segmento de atuação da empresa exigir. O 
desenvolvimento de competências se faz necessário e importante para que as 
empresas possam competir com vantagem nesse novo mercado globalizado. 
A competência pode ser entendida como o resultado dos conhecimentos 
adquiridos, que se transformam em habilidades e que, assim, produzem as ações de 
forma mais eficiente e eficaz. Dessa forma, novas competências precisam ser 
ensinadas e aprendidas constantemente dentro de uma organização empresarial. Isso 
possibilita ao pedagogo agir também no diagnóstico, no planejamento e na 
implementação de programasde capacitação que articulem os conhecimentos que 
alguns colaboradores da organização já possuem e o seu compartilhamento com os 
demais. Ainda, esse profissional poderá apontar a necessidade de contratação de 
uma consultoria externa para apoiar essas novas aprendizagens. 
Ao mesmo tempo em que essas exigências sobre a produção ou os serviços 
prestados pelas organizações aumentam, ocorre uma redução — mundial e com 
grande impacto no Brasil atual — nos postos de emprego do mercado de trabalho. 
Isso faz com que muitas pessoas precisem buscar novos trabalhos informais para 
conseguirem sobreviver. Conforme observa Antunes (2009, p. 11): 
 
Mais do que nunca, bilhões de homens e mulheres dependem 
exclusivamente de seu trabalho para sobreviver e encontram cada vez mais 
situações instáveis, precárias, quando não inexistentes de trabalho. Ou seja, 
enquanto se amplia o contingente de trabalhadores e trabalhadoras no 
mundo, há uma constrição monumental dos empregos, corroídos em seus 
direitos e erodidos em suas conquistas. 
 
Isso significa que cabe ao pedagogo também, no interior das organizações, 
desenvolver nos trabalhadores essa compreensão de que a sua empregabilidade — 
ou seja, a capacidade de manter-se empregado na organização — depende 
diretamente do seu esforço em aperfeiçoar-se e aprimorar as suas competências. 
Outro ponto que merece destaque (e que está relacionado à importância de 
haver um pedagogo nas organizações) é que esse profissional seja formado com 
enfoque no lado humano e que compreenda como as pessoas se constituem ao longo 
das suas experiências sociais e culturais. Essa habilidade diz respeito à chamada 
gestão da diversidade. Ao analisar as práticas de gerenciamento da diversidade que 
 
23 
 
ocorrem nas empresas brasileiras, Fleury (2000, p. 21) comenta que “[...] o tema da 
desigualdade racial e sexual tem sido objeto de intensa discussão no Brasil, levada 
adiante por grupos defensores dos negros, mulheres e homossexuais [...]”. 
As organizações precisam estruturar os seus processos internos para não 
procederem de maneira preconceituosa ou discriminatória sob nenhum aspecto 
cultural ou identitário dos seus colaboradores. Isso muitas vezes exige que se 
coloquem em prática ações pedagógicas voltadas para as políticas de recursos 
humanos (RH), como o recrutamento e a seleção de pessoas, treinamentos e 
comunicação interna. Em todos esses campos, o pedagogo pode vir a atuar somando 
com a sua experiência e formação para que a diversidade presente na organização 
agregue valor ao que ela executa. Veja no exemplo a seguir a atuação de um 
pedagogo na gestão da diversidade de uma grande empresa. 
Como você pôde perceber, existem na atualidade muitas oportunidades de 
atuação no ambiente empresarial para o pedagogo. Porém, ele deve seguir as 
mesmas exigências de qualificação para todos os demais cargos, ou seja, precisa 
estar atualizado e ser competente, trazendo consigo o conjunto de conhecimentos e 
habilidades que farão com que os seus atos sejam eficientes e conduzam ao resultado 
final (sejam eficazes). 
 
5.1 Dificuldades para contratar um pedagogo para as organizações 
 
O universo empresarial contemporâneo precisou se adaptar às exigências 
impulsionadas com a globalização das economias, ocorrida na década de 1990. Esse 
período passou a pedir maior percepção das tendências do mercado e rapidez para 
se ajustar ao novo quadro de competências que passaram a ser exigidas a partir de 
então. Nesse novo cenário, para se manterem competitivas no mercado, as 
organizações precisam atualizar-se constantemente e procurar superar os seus 
concorrentes por meio do desenvolvimento de diferenciais. Isso demonstra que a 
necessidade de processos de aprendizagem nas empresas é urgente e constante, o 
que pode vir a ser realizado pelo profissional da pedagogia. 
 
24 
 
Apesar dessas novas demandas pela aprendizagem que possibilitam novos 
campos de atuação para o pedagogo, Claro e Torres (2012, p. 208) problematizam 
que: 
 
[...] além da literatura ainda escassa voltada especificamente para os 
pedagogos que atuam na área de treinamento e desenvolvimento de 
empresas, estes profissionais não são encontrados facilmente no mercado, 
já que sua formação ainda é voltada para a atuação em escolas [...] 
 
Dessa forma, os currículos das licenciaturas em pedagogia ainda hoje 
enfatizam uma preparação principal para a atuação com as crianças e na educação 
formal, o que dificulta a entrada do pedagogo no ambiente organizacional. Assim, para 
atuar nas empresas, os pedagogos acabam por conduzir as suas carreiras na pós-
graduação, em cursos que se aliam com as áreas da gestão de pessoas, pois 
conhecer como funciona o ambiente organizacional e apropriar-se do seu campo 
teórico e prático se faz imprescindível. Dessa forma, podemos considerar que a 
principal dificuldade na busca por um profissional da pedagogia para atuar dentro de 
uma empresa paira sobre a sua formação específica, que frequentemente exige que 
o pedagogo seja um gestor. 
Para fins didáticos, podemos citar algumas das dificuldades encontradas para 
a contratação do pedagogo organizacional face às necessidades mais pontuais da 
sua formação. Veja as exigências na formação do pedagogo empresarial: 
 
 qualificação para gestão; 
 visão estratégica; 
 capacidade de liderar; 
 habilidades para gerir conflitos. 
 
A formação realizada no curso de licenciatura em pedagogia habilita 
minimamente o pedagogo para atuar nos cargos de gestão da escola. Na atualidade, 
a grande maioria dos profissionais acabam por aperfeiçoar-se nas áreas da gestão 
escolar, supervisão ou orientação educacional para atuar mesmo nesses espaços 
formais da educação. 
 
25 
 
Para atuar nos espaços não escolares, como no ambiente empresarial, as 
exigências são ainda maiores: o gestor de uma organização deve reunir atributos 
técnicos, humanos e conceituais. Os atributos técnicos referem-se ao saber fazer, às 
atribuições do seu cargo e do que desenvolve o setor que dirige. Os aspectos 
humanos envolvem a habilidade de relacionamento interpessoal e a inteligência 
emocional necessária para coordenar grupos, bem como a visão sobre o trabalhador 
como ser humano. 
As habilidades conceituais envolvem a visão do todo da empresa e a 
importância da correlação entre os setores e a sua interdependência para que se 
alcancem os resultados projetados no planejamento de longo prazo da organização. 
Assim, a qualificação exigida para ser um gestor coloca o pedagogo também em 
condições de apoiar a empresa na efetivação das suas estratégias em curto, médio e 
longo prazo. Logo, cabe a esse profissional apropriar-se do planejamento estratégico 
da organização para desenvolver as suas atividades pedagógicas. 
Outro ponto importante que recai sobre o profissional da pedagogia e que 
necessita de uma formação específica diz respeito ao conhecimento das múltiplas 
teorias da liderança organizacional. Esse profissional da educação costuma ser visto 
como um líder dentro desses espaços e, eventualmente, cabe a ele a tarefa de criar 
programas de liderança ou que melhor capacitem os líderes/gestores para atuar. 
Cabe ressaltar que não é necessário escolher ou estabelecer um único estilo 
de liderança que vai pautar a atuação do pedagogo na empresa. Durante um dia de 
trabalho atuando como gestor, ele poderá se valer desses estilos de liderança para 
situações específicas da sua atividade. Dessa forma, haverá situações que exigirão 
desse profissional uma postura autocrática, liberal ou democrática. 
Robbins (2002, p. 286) reforça o conceito de liderança como “[...] a capacidade 
de influenciar um grupo em direção ao alcance dos objetivos organizacionais [...]”. 
Outra questão que exige formação específica do pedagogo para agir no ambiente 
empresarial diz respeito à gestão dos conflitos organizacionais. 
Um conflito pode serdefinido como um “[...] processo que se inicia quando um 
indivíduo ou grupo se sente negativamente afetado por outra pessoa ou grupo [...]” 
(DREU, 1997, p. 9). Assim, muito da origem dos conflitos remete à identidade e 
 
26 
 
formação cultural de cada pessoa que compõe os grupos de trabalho da organização. 
Por esse motivo, costumam ser recorrentes e exigem esforços cotidianos dos gestores 
em sua resolução. 
Se o pedagogo compreender que o conflito pode ser utilizado para melhorar os 
processos internos da empresa, poderá aplicar os seus programas de treinamento 
para trabalhar direcionando esses confrontos, hostilidades e choques de valores e 
princípios rumo a uma visão de conjunto e compartilhada por todos da empresa. Isso 
contribui definitivamente para a melhoria do ambiente de trabalho e a conquista dos 
resultados esperados. 
 
5.2 O perfil do pedagogo nas organizações 
 
Dadas as características da sua formação na graduação, aliadas à busca por 
especializações nas áreas específicas da aprendizagem organizacional, o pedagogo 
desponta como o profissional mais apto a ocupar essas funções. Um dos grandes 
desafios do pedagogo no ambiente empresarial consiste em promover, junto ao grupo 
de colaboradores da empresa, o alinhamento dos seus objetivos individuais aos 
objetivos organizacionais. 
Essa não é uma tarefa simples, uma vez que as pessoas são diferentes naquilo 
que buscam para si e, via de regra, as empresas operam tendo como objetivo principal 
a lucratividade. Para que possa ter condições de cumprir com suas atribuições nas 
organizações, o pedagogo precisa ter uma formação consolidada em algumas áreas, 
conforme descreve Ribeiro (2010, p. 10): 
 
O Pedagogo Empresarial precisa de uma formação filosófica, humanística e 
técnica sólida a fim de desenvolver a capacidade de atuação junto aos 
recursos humanos da empresa. Via de regra sua formação inclui disciplinas 
como: Didática Aplicada ao Treinamento, Jogos e Simulações Empresariais, 
Administração do Conhecimento, Ética nas Organizações, Comportamento 
Humano nas Organizações, Cultura e Mudança nas Organizações, Educação 
e Dinâmica de Grupos, Relações Interpessoais nas Organizações, 
Desenvolvimento Organizacional e Avaliação do Desempenho. 
 
Alguns desses requisitos profissionais serão adquiridos durante a graduação 
em pedagogia, mas grande parte deles precisa ser buscada em nível de pós-
 
27 
 
graduação nas áreas afins, como pedagogia empresarial, gestão de pessoas, 
administração de RH, gestão estratégica de pessoas e coaching, educação 
corporativa, entre outras. Veja a seguir algumas habilidades que são requeridas do 
pedagogo para que a sua atuação nas organizações seja bem-sucedida (PASCOAL, 
2007): 
 criatividade; 
 espírito de inovação; 
 compromisso com resultados; 
 pensamento estratégico; 
 trabalho em equipe; 
 capacidade de realização; 
 direção de grupos de trabalho; 
 condução de reuniões; 
 análise de conflitos; 
 sensibilidade. 
 
Os tempos atuais exigem dos trabalhadores das organizações requisitos 
imateriais para o desenvolvimento das suas funções, independentemente do cargo 
que ocupem. Isso significa que, além das atribuições técnicas relativas às tarefas, 
outros aspectos de caráter relacional e sensorial também são importantes e exigidos 
— o que constituirá o foco do trabalho do pedagogo. 
Para isso, o pedagogo precisa ser criativo, o que exige que ele possa propor 
novas maneiras de aprender e de encarar os problemas que a empresa apresente 
(como um todo, em algum setor específico ou um gestor em particular e sua equipe 
de trabalho), ou seja, a inovação é uma habilidade fundamental. 
O Manual de Oslo, produzido pela Organização para a Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma organização internacional que reúne hoje 
36 nações democráticas que se alinham com a economia de mercado (e da qual o 
Brasil almeja fazer parte), define que: 
 
[...] uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo 
ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo modelo de 
 
28 
 
marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na 
organização do local de trabalho ou nas relações externas [...] (OCDE, 2005, 
p. 55). 
 
Ser comprometido com os resultados da organização é um dos grandes 
desafios do pedagogo empresarial, pois deve pautar seus projetos e programas de 
aprendizagem, não perdendo de vista o fato de que estes deverão contribuir para a 
melhoria dos resultados que a organização propõe no seu planejamento estratégico 
de longo prazo. Assim, esse entendimento passa a ser decisivo para que os projetos 
e as ideias possam ser ou não aprovados e implementados. Essa constitui a base do 
pensamento estratégico que esse profissional deve possuir para atuar com sucesso. 
Ser capaz de trabalhar em equipe é fundamental para o pedagogo 
organizacional, pois, na grande maioria das vezes, ele vai atuar formando uma equipe 
de profissionais de outras áreas. Nesse sentido, a soma de seus saberes deve atuar 
de forma sinérgica e incrementar os processos de ensino e aprendizagem que 
ocorrem nesses espaços. É importante lembrar ainda que o pedagogo também estará 
capacitando os diversos grupos organizacionais para que se consolidem como 
equipes e, assim, tenham maior resultado e produtividade no que fazem. 
 O pedagogo nas empresas precisa ser um intraempreendedor, ou seja, precisa 
ser capaz de pôr em prática as suas ideias, buscando a inovação e realizando as 
mudanças que foram diagnosticadas como necessárias. Da mesma forma, deve ser 
apto a tornar-se um líder e um gestor de grupos e equipes de trabalho sempre que se 
fizer necessário, seja para atuar em tarefas pontuais, seja como gestor permanente 
de algum setor específico, como o de recursos humanos. Na atuação como gestor no 
ambiente organizacional, incumbe ao pedagogo a organização de reuniões de 
trabalho dos mais diversos tipos, bem como atuação na solução de conflitos internos, 
visando à sua solução e à minimização dos seus impactos para a empresa. 
Os conflitos dentro do ambiente organizacional são frequentes, e muitos deles 
decorrem de falhas nos processos de comunicação internos, bem como do 
desalinhamento de objetivos entre colaboradores e empresa, ou ainda, da 
incompatibilidade de funcionários em relação aos estilos de liderança adotados pelos 
seus gestores. Quando não resolvidos, causam grande desmotivação e queda na 
produtividade, o que é percebido pela falta de qualidade nas tarefas executadas e na 
 
29 
 
diminuição do clima organizacional. Ao analisar as exigências de habilidades que 
recaem sobre o pedagogo para atuar nas organizações empresariais, Ribeiro (2010, 
p. 24) acrescenta: 
 
O pedagogo que atua na empresa precisa ter sensibilidade suficiente para 
perceber quais estratégias podem ser usadas e em que circunstâncias, para 
que não se desperdice tempo demais aplicando numerosos métodos e, com 
isso, percam-se de vista os propósitos tanto da formação quanto da própria 
empresa, ao planejar um programa de formação ou treinamento a seleção de 
métodos obedece ao princípio do desenvolvimento concomitante de 
competências técnicas e de relacionamento social. 
 
Como você pode perceber, a sensibilidade também é exigida do pedagogo, de 
forma que tenha uma visão sistêmica e abrangente da empresa e dos seus processos 
internos, bem como do impacto do cenário externo nas suas atividades. Ao mesmo 
tempo, ainda que precise focar em treinamentos voltados para as tarefas técnicas e 
específicas de cada um, não pode esquecer os aspectos relacionais envolvidos, ou 
seja, deve propor um equilíbrio entre as ações técnicas e a humanização das relações 
de trabalho. Ao agir assim, o pedagogo pode promover o crescimento profissional dos 
colaboradores tanto nos aspectos internos da empresa quanto nos aspectos externos, 
preparando-os para viveremmais plenamente suas vidas também fora do contexto do 
trabalho. 
Estudando sobre a importância do pedagogo no ambiente empresarial, dentro 
dessa lógica de um mundo empresarial em transformação e no qual a educação 
corporativa se expande, Prado, Silva e Cardoso (2013, p. 68) destacam que: 
 
dentro das organizações, o pedagogo irá planejar, executar, coordenar e 
avaliar programas e projetos educacionais da empresa. Através de 
acompanhamento do desenvolvimento do pessoal sob o seu desempenho e 
direcionando-o como agente de mudanças de mentalidade e cultura. 
 
Assim, compete ainda ao pedagogo conhecer detalhadamente os aspectos 
psicológicos do ser humano, como se comporta em grupo e o que representa o 
trabalho para ele. Ademais, precisa conhecer a cultura organizacional, percebendo 
como as práticas profissionais realizadas se consolidaram e quais as crenças e os 
 
30 
 
valores que a empresa traz consigo, para que possa propor ações eficazes ao planejar 
e propor suas ações educacionais, considerando todos esses aspectos. 
 
6 ÉTICA DO PROFISSIONAL PEDAGOGO 
 
 
 
O Código de Ética é um instrumento que se apresenta na forma de um 
documento que pretende expor os princípios e a missão, bem como os valores de 
uma determinada profissão, constituindo, dessa maneira, uma ferramenta norteadora 
para a funcionalidade de todo e qualquer profissional. Como a profissão do pedagogo 
pode promover a sustentação para o caminho que os sujeitos percorrem na ampliação 
de seus saberes e o desenvolvimento de seu amadurecimento nas mais variadas 
instâncias, torna-se de extrema importância e necessidade a efetivação de um Código 
de Ética na vida funcional de um profissional de Pedagogia. 
O profissional pedagogo ainda não tem um Código de Ética organizado por 
conselhos federais ou regionais de Pedagogia. A profissão de pedagogo foi 
regulamentada no final do ano de 2017, com a aprovação do Projeto de Lei nº 
6.847/17, pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público. No 
entanto, existe um Código de Ética organizado por estudantes e pedagogos da 
Associação Universitária de Pedagogia do Brasil (AUNIPEDAG. BR), o qual propõe 
algumas diretrizes para a profissão do pedagogo e foi criado a partir de documentos 
 
31 
 
legais, como a Constituição Federal do Brasil (1988), a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 9.394 – LDB e Diretrizes Curriculares para o curso 
de Pedagogia (Resolução nº 1 do MEC/CNE, de 05 de maio de 2006), entre outras 
resoluções. 
A AUNIPEDAG.BR, situada no município de São Paulo/SP, organizou por 
iniciativa própria, em 2009, o Código de Ética do Profissional Pedagogo, no qual estão 
presentes as questões fundamentais para o exercício do profissional pedagogo, tais 
como: princípios, deveres fundamentais, impedimentos, direitos, sigilo profissional, 
trabalho científico, divulgação, relações profissionais, medidas disciplinares e 
disposições gerais (ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015). 
Composto por 22 artigos, o Código de Ética Profissional do pedagogo, da 
AUNIPEDAG.BR, reúne fundamentos que orientam as condutas do pedagogo, 
valorizando a Pedagogia enquanto campo científico profissional. Ancorado nas 
legislações que conduzem a Pedagogia, a educação, a formação do pedagogo e sua 
prática, tais como a Constituição Federal do Brasil de 1988, a LDBEN – Lei nº 9.394/96 
e as Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia, Resolução nº 1 do MEC/CNE 
de 2006, bem como as resoluções que complementam essas legislações 
(ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015). 
O Artigo 1º se refere aos requisitos para atuar como profissional pedagogo, 
conferindo ao profissional licenciado em Pedagogia a atuação junto à docência na 
Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino 
Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional, na área de 
serviços e apoio escolar, bem como nas demais áreas em que sejam solicitados 
conhecimentos pedagógicos. 
O profissional pedagogo pode atuar tanto em contextos escolares, ou não 
escolares, além de também estar capacitado para atuar como profissional da 
educação na administração, no planejamento, na inspeção, na supervisão e na 
orientação educacional, conforme referenciado no Artigo 64º da LDB, Lei nº 9.394/96 
(ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015). Dessa maneira, o Código de Ética, 
conforme organizado pela AUNIPEDAG. BR, indica que a prática profissional do 
pedagogo será conduzida: 
 
32 
 
 
a) No respeito, na dignidade e na integridade do ser humano, objetivando o 
desenvolvimento harmônico do Ser e dos seus valores, munindo-se de 
técnicas adequadas, assegurando os resultados propostos e a qualidade 
satisfatória da educação; b) Na defesa da democracia, respeitando as 
posições filosóficas, políticas, religiosas e culturais, analisando crítica e 
historicamente a realidade em que atua, buscando a socialização do saber; 
c) Na promoção do bem-estar dos sujeitos e da comunidade atuando a favor 
destes com aplicação de várias áreas do conhecimento humano, 
selecionando métodos, técnicas e práticas que possibilitem a consecução do 
ato de educar; d) Na responsabilidade profissional por meio de um constante 
desenvolvimento pessoal, científico, técnico e ético; e) Na definição de suas 
responsabilidades, direitos e deveres de acordo com os princípios 
estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Estatuto da 
Criança, Adolescente e no Estatuto do Idoso na legislação educacional em 
vigor (ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015, p. 11). 
 
Em uma atuação com coerência, dignidade, honestidade e respeito ao ser 
humano, ao sujeito que se dispõe como aprendiz e a sociedade como um todo, 
fazendo de sua prática um instrumento para a mudança e se disponibilizando como 
facilitador para as transformações que se apresentarem necessárias. Constituindo, 
assim, conforme consta no segundo capítulo, sobre os deveres fundamentais, em sua 
prática profissional, tais como: 
 
 respeitar a dignidade e os direitos fundamentais da pessoa humana; „ atuar 
com elevado padrão de competência, senso de responsabilidade, zelo, 
discrição e honestidade; 
 manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos, 
corroborando com pesquisas que tratem o fenômeno do desenvolvimento 
humano; 
 colocar-se a serviço do bem comum da sociedade, sem permitir que 
prevaleça qualquer interesse particular ou de classe; 
 ter uma filosofia de vida que permita o respeito à justiça, a transmissão de 
segurança e a firmeza para todos aqueles com quem se relaciona 
profissionalmente; 
 respeitar os códigos sociais e as expectativas morais das comunidades com 
as quais realize seu trabalho; 
 
33 
 
 assumir somente a responsabilidade de tarefas para as quais está 
capacitado, recorrendo a outros especialistas sempre que for necessário; 
 zelar para que o exercício profissional seja efetuado com a máxima 
dignidade, recusando e denunciando situações em que o indivíduo esteja 
correndo risco ou o exercício profissional esteja sendo aviltado; 
 prestar serviços profissionais, desinteressadamente, em campanhas 
educativas e situações de emergência dentro de suas possibilidades; 
 manter a atitude de colaboração e solidariedade com colegas; 
 denunciar ao Conselho Federal e/ou Regional de Pedagogia as instituições 
públicas ou privadas onde as condições de trabalho não sejam dignas ou 
depreciem, monetária e moralmente, nas diferentes mídias, a formação e a 
atuação do profissional pedagogo; 
 dar conhecimento ao Conselho Federal e/ou Regional de Pedagogia as 
instituições públicas e particulares que tenham atos que possam prejudicar 
alunos, suas famílias, membros da comunidade ou outros profissionais; 
 lutar pela expansão da Pedagogia e defender a qualidade na sua profissão; 
 denunciar falhas em regulamentos, normas e programas da instituição emque trabalha, quando estes estiverem ferindo os princípios e as diretrizes 
curriculares do Curso de Pedagogia, bem como o Código de Ética, mobilizando, 
inclusive, o Conselho Regional caso seja necessário; 
 denunciar ao Conselho Regional os profissionais Pedagogos e/ou as 
Instituições que não atendam aos preceitos científicos da profissão e que, 
notoriamente, ferem o Código e outros parâmetros legais; 
 empregar com transparência as verbas sob a sua responsabilidade, de 
acordo com os interesses e as necessidades coletivas dos usuários 
(ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015). 
 
O Artigo 3° se refere aos impedimentos do pedagogo, no que compreende o 
favorecimento de qualquer forma existente, e de pessoas que exerçam ilegalmente a 
profissão de pedagogo e em desacordo com o Código de Ética, bem como: 
 
 
34 
 
 usar títulos que não possua; 
 usar de privilégio profissional ou faculdade decorrente de função para fins 
discriminatórios ou para auferir vantagens pessoais; 
 desviar, para atendimento particular próprio, os casos da instituição onde 
trabalha; „ usar ou permitir tráfico de influência para obtenção de emprego, 
desrespeitando concursos ou processos seletivos; 
 induzir a convicções políticas, filosóficas, morais ou religiosas no exercício 
de suas funções profissionais; 
 adulterar, interferir em resultados e fazer declarações falsas; 
 apresentar publicamente os resultados de desempenho que depreciem 
indivíduos ou grupos; 
 exercer sua autoridade de maneira a limitar ou cercear o direito de 
participação do próximo; 
 decidir, livremente, sobre seus interesses, sem anuência destes. 
 
O pedagogo deve cumprir as normas técnicas e os princípios teóricos que 
embasam a ação do profissional pedagogo, não deixando de divulgar os 
conhecimentos científicos, artísticos e tecnológicos inerentes à profissão 
(ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015). 
Os direitos do pedagogo estão presentes no Artigo 4º e contemplam a 
disposição de condições de trabalho dignas, sejam em entidades públicas ou 
privadas, de forma a garantir a qualidade do exercício profissional, bem como a busca 
pela valorização profissional, como garantida pela Constituição Federal de 1988, com 
planos de carreira, ingresso exclusivamente por concursos públicos de provas e 
títulos, quando a atuação se der em redes públicas e o respeito e a valorização a suas 
atividades forem desenvolvidas no âmbito da educação escolar e não escolar. 
É, ainda, direito de o pedagogo fazer cumprir a aplicação do Inciso II do 
Parágrafo Único do Artigo 22º da Lei nº 11.494/2007 referente à destinação de, pelo 
menos, 60% dos recursos anuais totais aos fundos de pagamento da remuneração 
dos profissionais do magistério da Educação Básica em efetivo exercício na rede 
 
35 
 
pública, bem como a garantia do piso salarial da categoria, conforme legislação em 
vigor (ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015). 
No Código de Ética descrito pela AUNIPEDAG.BR consta, ainda, no Artigo 5º, 
o resguardo de sigilo de tudo que o pedagogo constituir de conhecimento decorrente 
de sua atividade profissional, salvo em casos que constitua perigo eminente. No artigo 
6º, há a divulgação do resultado de investigações e experiências, quando isso gerar 
benefício no desenvolvimento educacional e no artigo 7º a observação, nas 
divulgações dos trabalhos científicos, quanto às normas referentes à identificação e à 
autorização dos envolvidos e às normas científicas que regulamentam a publicação 
em questão (ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015). 
As medidas disciplinares sobre a categoria referentes à associação do 
profissional pedagogo em associações profissionais e cientificas, bem como a sua 
postura crítica e protetiva sobre a Pedagogia na promoção de sua qualidade 
profissional, estão presentes no Artigo 8º. Contudo, o Código também prevê medidas 
disciplinares, mas dessa vez sobre infrações e sanções disciplinares relacionadas à 
postura profissional do pedagogo em sua diversidade de contextos, como conta no 
Artigo 9º (ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015). 
Medidas referentes a transgressões, sanções, advertências, multas, 
suspensões, exclusões e outras penalidades a respeito do mau uso da titulação de 
pedagogo e da má conduta profissional estão presentes nos Artigos 10º ao 18º, nos 
quais estão referidas, também, quais medidas serão fiscalizadas e regulamentadas 
conforme inferência dos conselhos regionais, da mesma maneira que toda e qualquer 
alteração nesse Código pode ser realizada pelos Conselhos Regionais de Pedagogia, 
por iniciativa própria ou da categoria, como está presente no Artigo 19º. Do Artigo 20º 
ao 22º estão previstas as disposições gerais referentes à sua disponibilidade para 
entrar em vigor a partir de 28 de março do ano de 2009, bem como a sua divulgação 
e o cumprimento como obrigação das entidades de classe (ASSOCIAÇÃO 
UNIVERSITÁRIA..., 2015). 
A criação de um Código de Ética que proporciona o norteamento de direitos e 
deveres para os pedagogos vai além da criação de órgãos representativos, pois se 
busca permear a profissão de pedagogo, a fim de constituir limites nesse exercício 
 
36 
 
(ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA..., 2015), disponibilizando, dessa forma, um olhar 
para a expansão do campo de atuação do pedagogo. 
 
6.1 A ética profissional e o ambiente de trabalho do pedagogo 
 
Para compreendermos a dimensão da ética profissional no ambiente de 
trabalho do pedagogo, é necessário entendermos o conceito de ética relacionada ao 
âmbito profissional. A ética profissional diz respeito a um conjunto de normas morais 
utilizadas pelos sujeitos com objetivo de orientar suas condutas profissionais. Sendo 
a ética norteadora para todos os sujeitos em todas as instâncias, como individuais, 
sociais, profissionais, entre outros, a ética profissional medeia princípios e valores 
próprios do sujeito para a sua atuação em atividades relacionadas ao trabalho 
(CHAUÍ, 1995). 
Souza (2009) referencia sobre um ramo da ética chamado de Deontologia 
(Quadro 1), um termo criado em 1834, por Jeremy Bentham, o qual se propõe ao 
estudo dos fundamentos do dever e das normas morais. Sendo compreendida como 
a ciência dos deveres, em especial dos deveres profissionais, constituindo assim um 
conjunto de normativas para as condutas profissionais, categorizando um Código de 
Ética Profissional, no qual são explicitados os direitos, os deveres e as 
responsabilidades de membros de uma determinada categoria profissional. 
 
Quadro 1 – Conceitos de Ética, Deontologia e Códigos Deontológicos 
Do grego ethiké, ou do 
Latim ethica (ciência relativas 
aos costumes), a ética é o 
domínio da Filosofia que tem por 
objetivo o juízo de apreciação 
que distingue o bem e o mal e os 
comportamentos corretos e 
incorretos. Os princípios éticos 
se constituem enquanto 
diretrizes, pelas quais o homem 
rege o seu 
comportamento, tendo em vista 
uma Filosofia moral dignificante. 
O termo Deontologia surgiu 
das palavras gregas déon 
(déontos, que significa dever) 
e lógos, que se traduz por 
discurso ou tratado. Ou seja, 
a deontologia é um tratado do 
dever ou um conjunto de 
deveres, princípios e normas 
adotadas por um determinado 
grupo profissional. A 
deontologia é uma disciplina 
da ética 
adaptada ao exercício 
de uma profissão. 
Há inúmeros códigos. 
de deontologia, sendo essa 
codificação a da 
responsabilidade de 
associações ou ordens 
profissionais. Os códigos. 
deontológicos têm por base as 
grandes declarações 
universais e se esforçam por 
traduzir o sentimento ético 
expresso nestas, adaptando-
os, 
no entanto às particularidades 
de cada pais e de cada 
grupo profissional. 
Fonte: Chauí (1995) 
 
37 
 
 
A pedagogia como campo de conhecimento que investiga a natureza e as 
finalidades da educação na sociedade, resguardando suas especificidades e ainda 
refletindo sobre os meios apropriados de formação e desenvolvimento dos sujeitos,pode ser concebida como a ciência da prática que tende a clarificar objetivos e modos 
de intervir, metodológica e organizativamente, nos âmbitos da atividade educativa 
implicados na transição e na assimilação ativa de saberes e modos de ação, tendo, 
ainda, acentuada relevância nos processos de formação dos cidadãos, pois dispõe da 
educação como seu objeto de estudo (LIBÂNEO, 2001). 
Assim sendo, a educação, enquanto objeto de estudo da Pedagogia, articula a 
teoria com a prática no ambiente de trabalho do pedagogo, tanto em ambiente escolar 
ou não escolar, estabelecendo um processo por meio do qual exista o planejamento 
dado a partir de uma análise teórica, mas que produza o desenvolvimento de ações 
concretas e efetivas, sendo essas ações responsáveis tanto pela oferta de ampliação 
dos conhecimentos, quanto pela oferta de inserção dos sujeitos no contexto de sua 
realidade sociocultural (VEIGA et al., 1997). 
Compreendendo que a educação é o objeto de estudo do pedagogo, o qual tem 
como objeto de trabalho os processos de ensino-aprendizagem, podemos contemplar 
o ambiente de trabalho do pedagogo como multifacetado, podendo variar, dentro do 
ambiente escolar, como professor, gestor educacional, coordenador, supervisor, 
orientador, inspetor, entre outros, da mesma maneira que expandindo sua 
variabilidade de atuação em ambientes não escolares, como em empresas, hospitais 
ou na área social no atendimento às comunidades. 
 A complexidade e a variabilidade do ambiente de trabalho do pedagogo 
acompanham seu compromisso ético profissional, anexando composições flexíveis e 
adaptativas à atuação profissional do pedagogo, ou seja, as diretrizes éticas do 
pedagogo acompanham e se alinham à realidade do seu ambiente de trabalho 
(RAMAL, 2002). 
A atuação dos pedagogos possibilita uma vinculação mais iminente da Pedagogia 
com a ética, pois carrega consigo uma intencionalidade voltada para as finalidades 
condutivas, formativas, implicadas e com comprometimento. O ambiente de trabalho 
 
38 
 
do pedagogo, independente do contexto, se escolar ou não escolar, resguarda uma 
atuação como, primordialmente, educacional. Nesse sentido, a ética profissional do 
pedagogo prioriza a formação de sujeitos racionais mediante a valorização da razão 
crítica, o resgate do sentido da busca da autonomia e a afirmação de uma ciência 
pedagógica conectada ao contexto social, cultural, econômico e político (VEIGA; 
ARAUJO; KAPUZINIAK, 2005). 
Como podemos compreender, a ética profissional é de extrema importância em 
todas as áreas de atuação profissional, no entanto, especialmente na área da 
educação, a ética profissional tem uma potência com ímpetos ainda maiores. Nesse 
sentido, Ortega e Santiago (2009) referem que no ambiente profissional do pedagogo, 
ao atuar com pessoas, habilidades, competências, limitações, desafios, sentimentos 
e valores em uma dinâmica de constante transformação e ampliação da complexidade 
do campo prático, torna-se necessariamente urgente a reflexão e a discussão das 
melhores formas de agir diante das circunstâncias que se apresentam, muitas vezes 
caracterizando dilemas éticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
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