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Inspeção= atestar qualidade e se o produto está apto a ser consumido Tecnologia= processamento/tecnologia de fabricação A área de inspeção é feita apenas pelo MV, já a área de tecnologia pode ser multidisciplinar INTRODUÇÃO →OVO é um corpo unicelular (única célula, mas não é microscópica)) formado no ovário das fêmeas, sendo composto por albúmen (clara), gema e envoltórios (casca e membrana testácea) →Ele existe, pois é a forma de reprodução das aves, répteis, peixes e anfíbios →São consumidos, majoritariamente pela população, os ovos de galinha PRODUÇÃO E CONSUMO →Em 2021, de acordo com a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o consumo da população girou em torno de 15kg per capita, o que significa 257 ovos por habitante e, com esses valores, o país assumiu a 64ª colocação no ranking mundial e 9ª posição na América Latina (esses valores são subestimados por conta dos comércios clandestinos) →Há um crescente aumento da produção e consumo de ovos no Brasil, motivado pela desmistificação de que o ovo é um alimento prejudicial à saúde, vida fitness e principalmente pelo cenário econômico atual, que faz o ovo uma proteína de alto valor biológico mais acessível →Geralmente, quando não se alcança o mercado externo para exportação é por conta da exigência de qualidade dos países, mas não é o caso dos ovos, sendo que mais de 99% deles ficam no mercado interno por conta da grande demanda e o restante é destinado à exportação in natura (Oriente Médio é o principal destino) Tem o ovo como balança comercial favorável →Ainda são necessárias políticas públicas que incentivem o consumo dele e enfatizem sua qualidade e importância para a dieta humana →Apesar de possuir números altos o país não vigora entre os maiores produtores e consumidores do mundo, sendo um reflexo do aspecto cultural, além de muitos enxergarem o ovo como uma comida pobre e vilão para a saúde, assim como associam sua ingestão como refeição do almoço A grande disponibilidade de outras proteínas de origem animal como carne bovina, suína e frango e a maior preferência da população também contribui para isso Há grande consumo de ovos clandestinos/informais, sem inspeção (para subsistência é permitido, mas para a venda é proibido) →Para ser consumido precisa ter ausência de impurezas, para que não cause nenhum risco ao consumidor FORMAÇÃOO DOS OVOS →Começa do componente mais interno do ovo para o mais externo Inicia-se pela gema, seguido pelo albúmen, membrana testácea e, por último, a casca calcária →A galinha já nasce com todos os óvulos (gemas) que serão utilizados em rua vida reprodutiva, sendo eles microscópicos Migram para o oviduto, onde ocorrerá a formação do albúmen e dos envoltórios, depois segue para a vagina e, posteriormente para a cloaca (órgão comum do sistema reprodutor, digestório e urinário) OBS: galinhas que são mortas e não possuem mais nenhuma gema, já estão mais velhas e não mais reproduzirão OVIDUTO: órgão tubular que liga o ovário a vagina, medindo cerca de 70cm e sendo constituído por 4 partes Infundíbulo: nele a gema permanece por 18min e dá início a formação do albúmen Magno: nele a gema permanece por 3h, há formação do albúmen (clara) ao redor da gema Istmo: nele a gema e o albúmen permanecem por 1h15min para a formação da membrana testácea, que fica entre a casca calcária e o albúmen para a deposição de sais de cálcio que darão origem a casca calcária Câmara calcífera (útero): nela há formação da casca calcaria, que leva cerca de 20h40min Esse processo ocorre progressivamente, levando cerca de 24h para a formação completa do ovo (algumas aves podem demorar de 23-26h), mas com melhoramentos genéticos já vem sendo possível a postura de 2 ovos por dia OBS: a galinha só começa a formação de um novo ovo quando o antigo é eliminado Quando o ovo está entre a câmara calcífera e a vagina, ocorre formação da cutícula (película protetora a base de glicoproteínas – mucina), que faz obliteração dos poros da casca, evitando migração de microorganismos para o interior do ovo Até essa etapa o ovo é estéril e, a partir da cloaca ocorre sua contaminação, acentuada no meio externo ESTRUTURA DO OVO →Um ovo de galinha tem, em média 50g, mas pode chegar até próximo de 70g CASCA CALCÁRIA →Corresponde a cerca de 10% do peso do ovo →Constituição: essencialmente matéria inorgânica (carbonato de cálcio – 94%, carbonato de magnésio 4%, fosfato de cálcio – 1% e queratina 1%) →Função: conferir forma solida ao ovo e garantir proteção mecânica →Há cerca de 6-8mil poros na casca, favorecendo a penetração de microorganismos CUTÍCULA →Produzida na etapa final de produção do ovo, ou seja, na vagina →Confere a ele aspecto úmido externamente e fechamento dos poros →Funciona como barreira protetora contra agentes externos durante o período de 15-21 dias e, após esse tempo ela sofrerá hidrolise e deixará os poros abertos novamente, favorecendo a contaminação microbiana a partir de então →Nas industrias a lavagem dos ovos ocorre por aspersão e água morna com uma substância química chamada ácido peracético, que faz a substituição da cutícula Isso aumenta o prazo de validade do ovo para cerca de 30 dias em Tº ambiente e para 120 dias sob refrigeração adequada Por isso a lavagem domestica não é recomendada, a não ser que o alimento seja consumido imediatamente, senão removerá a cutícula da superfície →A cor da casca do ovo é um atributo genético, dependendo única e exclusivamente da espécie e raça do animal – é um erro atribuir valor nutritivo ao ovo de acordo com sua coloração MEMBRANA TESTÁCEA →Base orgânica para deposição de cálcio e consequente formação da casca calcária O ovo pode ser posto sem a casca calcaria, caso o animal apresente deficiência de minerais, mas o ovo nunca será posto sem a membrana testácea Se a membrana testácea não existisse a casca calcária também não existiria, pois não haveria onde os sais de cálcio se depositarem →Constituição: mucopolissacarídeos e proteínas Formada por C, H e O, ou seja, é uma base de carboidratos com proteínas onde se depositam os cristais/sais de cálcio para formar a casca calcária CÂMARA DE AR →Localização: entre a casca calcária e a membrana testácea, no polo basal →Altura da câmara de ar: padrão de qualidade do ovo – com a hidrolise proteica, há formação de dióxido de carbono, aumentando o espaço da câmara de ar, significando que o ovo está velho e sofrendo alterações em sua composição e nas características sensoriais Quando o ovo boia em recipiente com água ou após o seu cozimento apresenta deformação do polo basal pela compressão da câmara, indica que não deve ser consumido pois há alteração de suas características O ovo boia por conta da desidratação que diminui seu peso e ocorre hidrolise que promove formação de gases ALBÚMEN (CLARA) →Corresponde a 60% do peso do ovo →Formado por proteína e água, sendo que sua composição proteica consta de ovoalbumina, conoalbumina, ovomucoide, lisozima, ovomucina, avidina e ovoglobulina, com ação emulsificante (por ser uma molécula bipolar, que tem afinidade por água e gordura) e incorporadora de ar em uma massa (é possível isolar a ovoalbumina e vende-la para a indústria de alimentos) →Albúmen denso: mais próximo da gema Albúmen liquido: mais próximo da casca Em ovo recém posto são facilmente visualizados, porém em ovo velo ele está completamente liquefeito em decorrência da hidrolise proteica provocada pela multiplicação dos microorganismos CHALAZA →Fio gelatinoso de coloração esbranquiçada presente no ovo →Função; posicionara gema no centro do ovo para garantir maior proteção mecânica e contra possíveis microorganismos invasores GEMA →Corresponde a cerca de 30% do peso do ovo →Constituição: fosfoproteínas, lipoproteínas, pigmentos carotenoides, lipídeos e lecitina →É a principal fonte energética do ovo por conta dos lipídeos presentes, sendo o colesterol o principal. →Colina é vital para a atividade cerebral, albumina é importante para os músculos e promove sensação de saciedade, lecitina dificulta a absorção de colesterol no intestino e luteína e zeaxantina fazem a prevenção da saúde ocular, incluindo cataratas →Portanto, é a parte mais nutritiva do ovo, não devendo sacudi-lo, pois a chalaza pode romper e a gema ficar passível de contaminação →Sua cor é determinada única e exclusivamente pela alimentação do animal, não devendo atribuir valor nutritivo a isso, apenas influencia na característica sensorial dela Galinhas caipiras são criadas com acesso a pastagem e ingerem alimentos que contem maior quantidade de pigmento carotenoide, intensificando sua coloração Esse betacaroteno presente, também é a provitamina A, que é convertido no fígado em ácido retinóico, tornando-se a vitA ativa A coloração da gema, portanto, depende da [ ] de pigmentos carotenoides →É o saco vitelínico, sendo que a galinha nasce com aproximadamente 12mil folículos microscópicos, sendo apenas 2500 visíveis VALOR NUTRITIVO →É considerado uma fonte de proteína de alto valor biológico, contendo elevado teor de aminoácidos essenciais (aqueles que o organismo não sintetiza e devem ser ingeridos nos alimentos) →É rico em proteínas, vitaminas hidrossolúveis (complexo B – no albúmen) e lipossolúveis (A = ácido retinóico, D = 1,25-hidroxicolicalciferol e E = tocoferol – na gema) →Pode ser aproveitado em sua totalidade, incluindo a casca, empregada na alimentação humana na forma de pó, misturada em farinhas para a fabricação de pães e bolos, sendo considerada uma excelente fonte de cálcio e empregada domesticamente para o enriquecimento do solo de plantas ornamentais e comestíveis →Digestibilidade/digestão: é muito alta, atingindo valores entre 95-98% →Biodisponibilidade/taxa de absorção: é muito alta, de forma que quase todos os nutrientes de sua constituição conseguem ser aproveitados →A gema contém 34% de gordura (5% delas são de colesterol), 16% de proteínas e 50% de água É incorreto associar o aumento da colesterolemia exclusivamente a ingestão de ovos, sendo essa taxa influenciada por aspectos genéticos e baixa taxa de atividade física →O albúmen contém 10% de proteína e 90% de água →Não se deve inferir que durante o cozimento do ovo haverá perda de nutrientes e, por isso, seria melhor consumi-lo cru A ingestão dele cru representa risco a saúde e, durante o cozimento não há degradação proteica, mas sim desnaturação proteica, com apenas mudança da organização espacial da proteína Proteínas têm estrutura primaria (sequencia de aminoácidos), secundária (ligação entre aminoácidos, formando uma cadeia, geralmente por ponte de Van der Waals), terciária (forma espacial) e, podem ter quaternária (apenas se 2 ou mais moléculas proteicas se unirem) e, quando o albúmen é cozido a estrutura terciária da proteína é modificada, ou seja, sua forma espacial, sendo que os aminoácidos continuam em sequência e ligados entre si, não havendo perda de valor nutritivo, que ocorre apenas quando a cadeia proteica é rompida pela degradação proteica, rompendo-se as estruturas primaria e secundaria por enzimas proteases →Não há variação representativa de valores nutricionais entre espécies, sendo um mito a afirmação de que o ovo de galinha caipira é mais nutritivo eu o ovo de galinha de granjas comerciais (mesmo assim, o ovo vermelho é mais caro que o branco pela diferença de peso e, principalmente pelo valor agregado dado a população por considera-lo melhor) FONTES DE CONTAMINAÇÃO →Os ovos são considerados bons meios de cultura devido a disponibilidade de nutrientes, além da passagem pela cloaca e o contato com o meio ambiente, que favorecem essa contaminação Ele é considerado estéril apenas no oviduto/vagina e, ao passar pela cloaca, já está contaminado →As alterações costumam ocorrer na casa do consumidor, já que o ciclo do ovo até sua chegada nas prateleiras dos mercados é relativamente curto O ovo chega em torno de 3-5 dias após a postura e, esse tempo geralmente não é suficiente para que ocorra proliferação microbiana e putrefações →Os principais contaminantes dos ovos são bactérias e fungos, sendo as primeiras as mais comuns, principalmente as do gênero Pseudomonas, pois o meio é mais propicio a elas e, dentre os organismos patogênicos a Salmonella é mais mais presente pois cresce bem em Tº ambiente, além de as aves serem autóctones para ela, se manifestando apenas se houver imunossupressão Considerando que a Salmonella spp. está presente no canal alimentar, durante a passagem do ovo pela cloaca, no momento da postura, o microorganismo se adere a casca calcária e, à medida que ocorre degradação da cutícula (15- 21 dias após a postura), os poros ficam abertos, o que possibilita o acesso do agente ao interior do ovo Quando ocorre a contaminação interna a produção de gases oriunda da proliferação de microorganismos aumenta a pressão interna, podendo ocorrer rompimento da casca →A Salmonella, apesar de contaminante, não gera putrefação, pois este microorganismo apresenta característica patogênica não deteriorante, não alterando as características sensoriais do ovo ALTERAÇÕES DEVIDO AO CRESCIMENTO DE MICROORGANISMOS →Algumas podem ser identificadas na ovoscopia, que detecta presença de gema dupla, embrião e mensura a altura da câmara de ar, bem como detecta putrefações Nela o ovo é colocado em ambiente escuro sobre uma esteira rolante, incidindo abaixo dele uma luz branca O esperado é visualizar opacidade da gema e transluscência do albúmen A putrefação é identificada pela modificação da coloração da gema, pela presença de pigmentos que os microorganismos produzem (verde, branco, negro e vermelho) mas não é possível determinar qual tipo de putrefação está ocorrendo PUTREFAÇÃO VERDE →Causada por Pseudomonas fluorescens, P. ovalis, P. aeruginosa e P. convexa, presentes no ambiente, água e alimento Com exceção da Pseudomonas aeruginosa, os demais não são patogênicos para o ser humano Produzem pioverdina, pigmento de cor esverdeada, que modifica a cor da gema, que pode ser detectada pela ovoscopia, cultura e identificação dos microorganismos →Tem como alvo a gema, devido a alta disponibilidade de nutrientes →Provoca deterioração do ovo e, consequentemente, altera suas características nutricionais e sensoriais →Não deve ser confundida com o halo esverdeado dos ovos, que ocorre pelo tempo de cozimento prolongado do ovo em altas Tº Isso ocorre pela decomposição da ovoalbumina quando o ovo é cozido em altas Tº por muito tempo, formando ácido sulfídrico, que se conjuga com o Fe presente naturalmente na gema, formando o sulfito ferroso e sulfito férrico, que não é um composto tóxico, apenas modifica a cor da gema Para evitar, deve-se cozinhar o ovo em Tº correta pelo tempo correto (após a água ferver por 8min) PUTREFAÇÃO BRANCA →É mais rara, causada por Pseudomonas spp. e Achromobacter sp. →Essa alteração não é acompanhada por mudança na cor da gema, apenas por leve alteração de odor →Sua detecção é então difícil no dia a dia da indústria, pois não ocorre alteração na opacidade da gema possível de ser identificada na ovoscopia (não gera alteração na opacidade da gema e albúmen) →Essa alteração nãopossui bactérias patogênicas, portanto, não há “problema” em consumi-lo PUTREFAÇÃO NEGRA →Junto com a verde, é a considerada mais comum →Causada por Proteus melanovogenes e Pseudomonas spp. →Provoca forte odor fecal, gema enegrecida, presença de gás sulfuroso (cheiro de ovo podre) e, o que pode ocorrer, é a rachadura da casca, por conta do gás →É facilmente identificada devido a essas alterações nas características sensoriais, sendo que na ovoscopia fica completamente opaco, de forma que a luz não passa de forma alguma por ele, além de cultura e identificação laboratorial do microorganismo PUTREFAÇÃO VERMELHA →Causada por Pseudomonas putrefasciens e P. geniculatum →Provoca alterações na gema que fica avermelhada, com aspecto sanguinolento, liquefação e coagulação e a textura do albúmen fica mais liquefeito, causando alteração das características sensoriais →É detectada por meio da ovoscopia e cultura e identificação do microorganismo PUTREFAÇÃO POR FUNGOS →É um pouco mais rara devido a necessidade de um ambiente aeróbico para a sua multiplicação →Causada por Penicillium sp., Mucor sp., Clostridium sp., e Sporotrichium sp., nos casos em que há quebra da barreira protetora do ovo →Promove alterações como odor, coloração da gema, liquefação, coagulação e “sabor de fungo” →Pode ser detectada pela ovoscopia, bem como a observação das alterações das características sensoriais e cultura e identificação do microorganismo OBS: a responsabilidade da indústria sob o produto, de acordo com o Código do Consumidor, se dá até a mesa do consumidor RESISTÊNCIA NATURAL DO OVO À CONTAMINAÇÃO MICROBIANA →A casca funciona como a primeira barreira mecânica do ovo, porém possui 110 poros/cm², possibilitando a penetração de microorganismos no interior do ovo →A cutícula de mucina produzida pela ave oblitera esses poros presentes na casca, evitando a penetração de agentes patogênicos e deteriorantes Essa cutícula sofre hidrolise cerca de 2-3 semanas após a postura, por isso o ovo comercializado pelas industrias é lavado com uma substância química (ácido peracético), que detém da mesma função dessa cutícula, conferindo ao ovo um prazo de validade estendido Quanto maiores as temperaturas, mais rápido essa cutícula se decompõe →A membrana testácea também funciona como uma barreira mecânica, mas de forma parcial, já que também possui muitos poros, com estrutura semelhante a uma malha →Os fatores do albúmen exercem uma série de funções que corroboram com a proteção contra microorganismos Lisozima: atua contra bactérias gram- positivas (Salmonella sp. E Pseudomonas spp, que são mais incidentes nos ovos e aves são gram-negativas) Avidina: sequestra a biotina, que é uma vitamina essencial para a proliferação bacteriana Albumina: sequestra a riboflavina e piridoxina, que também são vitaminas essenciais para a proliferação bacteriana Conoalbumina: mais eficaz inibidor de crescimento microbiano, pois sequestra o Fe que é extremamente importante para o crescimento de Pseudomonas spp. MEDIDAS DE QUALIDADE EM OVOS →Ovo bom/de boa qualidade, é sinônimo de um ovo novo/recém posto, já ovo ruim/de má qualidade, é sinônimo de ovo velho →Não são medidas feitas pela Inspeção, pois não está descrito na legislação, apenas a altura da câmara de ar e, quem pode lançar mão dela é o RT e o Controle de Qualidade nas indústrias ALTURA DA CÂMARA DE AR →Única medida de qualidade de ovos realizada pelo Serviço de Inspeção Oficial no Brasil →Faz a mensuração em milímetro através de um paquímetro, após o preparo e secagem da casca, ou durante a ovoscopia →É medido o espaço entre a camada interna da membrana testácea e a camada externa da casca, no polo basal do ovo →Quanto maior a altura da câmara de ar, mais velho o ovo e, tendo em vista que o acúmulo de CO2 na câmara de ar decorre da hidrolise proteica, sua qualidade nutricional torna-se inferior O ovo precisa ficar armazenado com o polo basal para cima, por conta da câmara de ar, pois, à medida que ele vai se decompondo o CO2 produzido pela hidrolise sobe e é melhor que vá para essa câmara do que se misturar no albúmen, caso contrario ele ficará alcalinizado →Para ser consumido, pode apresentar altura máxima de 6mm, sendo que acima dele o ovo não pode ser comercializado in natura Um ovo novo/recém posto possui altura da câmara de ar baixa, pois ainda não sofreu hidrolise e nem houve formação de CO2 UNIDADES HAUGH →Medida realizada por meio da formula UH=100log (A + 1,7W^0,37) A= altura do albúmen denso em mm W= peso do ovo em g →O ovo mais velho vai perdendo peso devido à degradação de proteínas e consequente produção de gases, de forma que um ovo fresco e de boa qualidade possui maior valor de Unidades Haugh À medida que o ovo está novo/recém posto, o albúmen denso está mais alto e o peso maior, assim como a altura, portanto o resultado dessa medida será alto (quanto maior as unidades Haugh, mais novo o ovo) À medida que o ovo está velho a altura do albúmen denso diminui, pois fica mais liquefeito e o peso também diminui, portanto o resultado dessa medida será baixo ÍNDICE DE ALBÚMEN →É a relação entre altura do albúmen denso e a média dos diâmetros longitudinal e transversal através da fórmula IAIb=A/dm em que dm=dl+dt/2 A= altura do albúmen denso em mm dl= diâmetro longitudinal em mm dt= diâmetro transversal em mm dm = diâmetro médio →É uma medida adimensional, sendo ele, portanto, um nº sem unidades →Em um ovo novo/recém posto o albúmen fica em volta da gema, todo compacto, ficando o índice maior →Em um ovo velho a altura do albúmen diminui, o que faz com que o índice também fique baixo ÍNDICE DE GEMA →Relação entre a altura e o diâmetro da gema separada do albúmen, através da formula IGema=A/dg A= altura da gema em mm dg= diâmetro da gema em mm →Em um ovo novo/recém posto a altura da gema está alta e o diâmetro baixo, pois estará mais compacta, portanto, o índice estará alto →Em um ovo velho a gema se espalha, portanto, sua altura estará menor e o diâmetro maior, portanto, o índice estará baixo OBS: nos EUA os padrões para índice de albúmen variam entre 0,09 e 0,12, já para o índice de gema variam entre 0,39 e 0,50 (a USTA considera que, para unidades Haugh, deseja-se sempre valores maiores que 80, sendo o ovo classificado como AA - de melhor qualidade; caso esteja entre 60 e 79 o ovo é classificado como A - qualidade intermediária; a partir de 59 para baixo é classificado como B - má qualidade) →Mesmo que o Brasil não os adote, estes métodos são empregados em pesquisas cientificas e podem ser adotados em programas de Autocontrole nas industrias →As características intrínsecas dos ovos sofrem alterações com o tempo, sendo assim, o ovo novo/recém posto apresenta gema centralizada, destacada, redonda, albúmen espesso e membranas aderidas à casca, que é áspera e fosca e afundam quando colocados na água. Já o ovo velho possui gema espalhada e albúmen liquefeito, casca lisa e com brilho e flutua na água INSPEÇÃO →A legislação é coerente e as exigências possíveis de serem cumpridas, porém só são validas para ovos de galinha, excluindo as demais espécies comercializadas no país →É baseada no RIISPOA 2017 (Regulamento De Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal), apoiando-se também na Resolução 005 de 05/06/1991, Portaria 612 de 06/07/2022, Portaria 634 de 04/08/2022 e Portaria 747 de 06/02/2023 →O RIISPOA classifica os estabelecimentos de ovos como granjas avícolas, onde ocorre o beneficiamento de ovos in natura de produção própria e em unidade de beneficiamento, onde ocorre o beneficiamentode ovos in natura e industrialização de ovos de diferentes granjas produtoras Diferenciação motivada devido ao melhor controle dos produtos e tendência de melhor qualidade de matéria prima, além da rapidez do processamento assim que há postura dos ovos nas granjas avícolas já que estas processam ovos de mesma origem, para que haja homogeneidade da matéria prima e rapidez na execução das atividades Nos locais em que há beneficiamento de ovos de diversas origens, os cuidados sanitários devem ser redobrados, garantindo que o ovo seja encaminhado para a indústria o mais rápido possível a partir da postura, boas condições higiênico-sanitárias do veículo de transporte e que esse transporte seja feito nas horas mais frescas do dia →A inspeção incide sobre 4 fatores principais: condições das embalagens, ovoscopia, classificação dos ovos e apreciação geral de limpeza e integridade da casca CONDIÇÕES DAS EMBALAGENS →Devem estar limpas e serem atóxicas →Devem evitar a quebra dos ovos, assim como a contaminação secundaria do produto, tanto durante o transporte como na distribuição e pontos de venda, conservando-o até a chegada na mesa do consumidor →A melhor embalagem para proteger os ovos antigamente era a de isopor/poliestileno, mas este é um material poluente e caiu em desuso →Quando primárias, as embalagens devem ser de primeiro uso, ou seja, não podem ser reaproveitadas, devendo também ser inertes, inodoras, impermeáveis e descartáveis →É proibido adicionar em um mesmo envase ovos oriundos de espécies diferentes, além de classes e tamanhos diferentes, ou ovos frescos e conservados →A rotulagem deve respeitar a classificação do produto de acordo com a coloração da casca, peso/tamanho e as classes de qualidade Não é obrigatório que nela esteja escrito “o consumo desse alimento cru ou mal cozido pode causar doenças”, mas algumas industrias aderem por conta da questão da Salmonella (nos EUA isso é obrigatório) →Não é a Inspeção quem determina o prazo de validade dos ovos, mas sim a indústria após serem feitos diversos testes e analises laboratoriais e sensoriais →Esta é uma característica que a Inspeção avalia de ovos em geral, não só os de galinha →A legislação não obriga a refrigeração dos ovos, mas é indicado que se faça para garantir uma melhor preservação do produto OVOSCOPIA →É o principal teste de ovos e quem o faz não é um M.V., mas sim um auxiliar ou agente de inspeção treinados e credenciados e, para os ovos que apresentarem alguma alteração que impeça sua comercialização, há uma estação de tratamento de efluentes da indústria para onde são destinados, ou podem ser direcionados para a produção de ração animal →É o método de inspeção unitário, ou seja, é feita a avaliação individual dos ovos, sendo que todos os ovos produzidos passam pela ovoscopia →Os ovos passam em uma câmara escura sob incidência inferior em uma luz branca, para analisar visualmente a ocorrência de casca trincada ou manchada, características da gema e albúmen, desenvolvimento embrionário e se faça mensuração d altura da câmara de ar, além de ser esperada certa opacidade e transluscência do ovo →Para o teste, os ovos precisam estar com o polo basal para cima para que a gema e a câmara de ar sejam analisadas CLASSIFICAÇÃO DOS OVOS →Quanto ao peso Jumbo: maior que 68g, sendo destinados à exportação e consumo interno direto Extra: de 58-67,99g, sendo destinados ao consumo interno direto Grande: de 48-57,99g, sendo destinados ao consumo interno direto Pequeno: menor que 47,99g, sendo destinados ao consumo interno indireto (pasta, pó e pasteurizado) Os mais comuns vistos no mercado in natura são extra e grande A legislação impede que ovos jumbo e pequenos sejam mandados para o consumo, mas geralmente já não vão O ovo extra é geralmente de casca vermelha e o grande é de casca branca →Quanto a classe A: casca lisa, limpa e intacta; câmara de ar fixa e com máxima de 6mm de altura; casca límpida com chalazas intactas; gema centralizada e visível à ovoscopia sob forma de sombra; cicatrícula com desenvolvimento imperceptível B: inócuos sem se enquadrarem como A; pequenas manchas de sangue; destinados exclusivamente à industrialização; denominados ovos tipo industrial o Não se enquadram como classe A, pois a câmara de ar esta maior que 6mm de altura, gema esta descentralizada e o albúmen está ligeiramente turvo APRECIAÇÃO GERAL DE LIMPEZA E INTEGRIDADE DA CASCA →Avaliação visual, observando a integridade da casca, limpeza e ausência de deformidades MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO E PROCESSAMENTO PROCESSAMENTO →Tem início ainda nas granjas avícolas, onde os ovos são coletados e destinados à indústria, onde, após o recebimento, ocorre uma seleção, segregando grosseiramente os que estão trincados e sujos →Após isso são lavados por aspersão com água de boa qualidade, em Tº entre 35-45ºC, facilitando a retirada da sujeira, além de serem aplicados sanitizantes como o ácido peracético ou cloro É proibido o uso de iodo em imersão, por gerara manchas neles A lavagem deve ser automatizada para que a cutícula não seja rompida →Em seguida ocorre a secagem imediata por jatos de ar quente →Durante a ovoscopia, os ovos impróprios para consumo (os que apresentam gema descentralizada ou rompida, manchas de sangue, presença de embrião e putrefações) são removidos Nesse mesmo momento ocorre a classificação dos ovos em A e B, sendo eles posteriormente destinados para o consumo direto ou industrialização Os ovos B que vão para industrialização são quebrados, tanto manualmente, como por equipamentos os quais as grandes empresas detêm, para separar a gema da clara e filtrar para retirar os pedações de casca, resfriar e pasteurizar →Após isso há pesagem e embalagem dos ovos em invólucros de papelão ou plástico para o posterior armazenamento OBS: processos de lavagem e ovoscopia são PCC (pontos críticos de controle), considerados como etapas determinantes para a manutenção da seguridade e, se não forem realizados corretamente, podem comprometer a qualidade e a segurança do alimento CONSERVAÇÃO → À medida em que o ovo vai envelhecendo ocorre uma serie de reações enzimáticas, como a proteólise, que é a degradação das proteínas presentes nesse alimento, formando compostos no interior do ovo (CO2) Por isso preconiza-se o armazenamento com a câmara de ar voltada para cima (ovo de cabeça para baixo), já que o gás naturalmente tende a subir e, com isso, não irá se misturar no albúmen Quando armazenado com a câmara de ar para baixo o CO2 formado da degradação proteica irá se misturar com o albúmen, contribuindo para a alcalinização do meio, o que pode favorecer a proliferação de microorganismos →Em relação à Tº de armazenamento, os ovos devem ser mantidos sob refrigeração, entre 4- 12ºC para maximizar seu prazo de validade (30 dias). Caso armazenados em 0ºC com umidade relativa da câmara de estocagem entre 70-80%, seu prazo de validade pode se estender por até 120 dias →A lavagem deve acontecer em temperatura adequada, podendo ser utilizado algum produto sanitizante (cloro até 50ppm, ácido peracético ou ácido lático), exceto iodo, devendo ocorrer por aspersão, sem que haja atrito e imersão do ovo em água, sendo que após a lavagem ele deve ser seco imediatamente com jatos de ar quente →A industrialização atua como conservação e processamento na qual os ovos classe A, sobretudo os classe B são submetidos a desidratação, pasteurização e/ou ultrapasteurização, convertendo o ovo em produtos para consumo Desidratação: o ovo pasteurizado é transformado em pó, aumentando seu prazode validade (até 1 ano), sendo ele muito utilizado como ingrediente na indústria de alimentos. Por conta da retirada de umidade há redução da proliferação de microorganismos, tendo como vantagem sua estocagem em temperatura ambiente (umidade máxima = 5%). Para esse processo é utilizado o spray-dryer/torre de secagem Pasteurização: é realizada na fabricação de produtos como ovo liquido e pasta de ovo, acondicionados sob refrigeração (em torno de 4ºC), ou congelamento (- 18ºC) e se, corretamente realizados respeitando o binômio tempo-Tº, garantem a segurança do produto, prolongando seu prazo de validade, pois ocorre a destruição de 100% dos microorganismos patogênicos e 99% dos deteriorantes, além de também preservar suas características bioquímicas Ultrapasteurização: ocorre destruição de 100% dos microorganismos patogênicos e 99,9% dos deteriorantes, dando origem ao produto “longa vida”, UAT/UHT, sendo ele acondicionado me embalagem estéril e hermeticamente selada, podendo ser armazenado em Tº ambiente – este processo não compromete as características sensoriais nem nutricionais do ovo Ovos em conserva: não apresenta RTIQ (Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade), portanto não há base legal que regulamente sua inspeção, por isso os cuidados devem ser redobrados, em relação a presença de resíduos de contaminantes químicos, binômio tempo- temperatura adequado durante a cocção, controle de pH ácido em virtude da possibilidade do crescimento de Clostridium botulinum e ausência de aditivos (conservantes), o que é proibido pela Anvisa →Para serem comercializados esses produtos devem cumprir uma série de requisitos físico- químicos e microbiológicos e, caso não estejam dentro do estabelecido pela legislação, são condenados e descartados – devem ser aprovados para todas as 5 análises Em relação aos critérios microbiológicos, não é possível pesquisar todos os tipos, portanto, é feito apenas dos mais propícios (Salmonella spp e Listeria monocytogenes) Antigamente os termotolerantes eram chamados de coliformes fecais, porem não são apenas isolados de fezes (também chamados de coliformes a 45ºC e coliformes totais chamados de coliformes a 30ºC) Para coletar a amostra para analise, o SI tem LFDA (Laboratório Federal de Defesa Agropecuária) e os fiscais do MAPA/SIF coletam e mandam amostras até eles O certo é que essas amostras sejam avaliadas antes de o produto ir ao comercio, pois se detectar depois que já estiverem, tem maneiras de recolher (recall), mas haverá um grande custo para as empresas, além da imagem dela →O SI deve coletar um mínimo de amostras de forma periódica para se ter resultado fidedigno – avalia-se 1% do lote (prova) informado pela indústria, sendo que nesse momento também é coletado outros 1% (contraprova da inspeção), caso ocorra alteração neste último é coletado outros 1% (contraprova da indústria) e se nessa ultima ocorrer incompatibilidade com uma das características o lote é condenado Esses testes são realizados e custeados pelo SI, mas quem custeia o transporte até o laboratório é a própria indústria →Quando uma indústria fabrica ela não comercializa 100% de seu produto, pois já perde essa porcentagem de amostras, mas isso não ocorre em todos os lotes →O lote condenado pode ser destinado a produtos que não são comestíveis pelo homem, como a ração animal ALTERAÇÕES EM OVOS →Por ser uma proteína de alto valor biológico e, consequentemente um excelente meio de cultura, após sua postura o ovo torna-se susceptível a contaminações que causam alteração sensoriais e nutricionais → Perda de umidade ocasionada pela desidratação, levando a uma consequente perda de peso →Alcalinização por conta da hidrolise de aminoácidos, favorecendo a proliferação microbiana →Redução da altura da gema à medida que o ovo fica mais velho, além de seu empalidecimento →O albúmen pode apresentar redução de altura, liquefação e hidrolise de proteínas, conferindo sabor de velho →Formato alterado por distúrbios no oviduto →Gemas duplas →Manchas de sangue (embrião) →Alteração da cor da gema (putrefação, pigmentos) →Consistência da casca (fina, mole, sem casca) devido a fatores nutricionais →Sabor alterado devido ao acondicionamento com outras substancias (sabão, agrotóxicos, cebola), considerando o caráter adsorvente do ovo OVOS IMPORÓPRIOS PARA CONSUMO →Aqueles que apresentam alterações na gema e no albúmen, contaminação microbiana, odores e coloração anormais, sujos e trincados e rompimento de casca e membrana testácea →Devem ser descartados e não podem ser destinados ao consumo humano, tendo como destino final o tratamento de efluentes ou a fabricação de ração animal
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