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Inspeção e Tecnologia de Ovos Ovos são produtos das galinhas de postura (Gallus domesticus) e o consumo é baseado nos ovos de casca branca, oriundos das aves de penas brancas (70%) e 30% é oriundo das galinhas hibridas de penas vermelhas (de porte médio). Com relação a diferença entre os tipos de casca, é apenas a linhagem genética das aves. Com relação a produção/consumo brasileiro de ovos, segundo a ABPA, a produção anual é de 54,5 bilhões de unidades sendo que praticamente toda a produção é destinada para o mercado interno. O consumo médio BRASILEIRO no ano de 2021 foi de 255 ovos per capita. Isso aumentou muito durante a pandemia. Consumo médio mundial é de 230. Alimento completo e bastante acessível, com proteínas de alto valor nutricional e todos os aminoácidos essenciais. O brasil, a fim de aumentar o consumo e a produção de ovos, no ano de 207(?) fundou o instituto ovos Brasil. Objetivos: promover o produto ovo como fonte de proteína saudável, de alto valor nutricional e seguro para consumidores de todas as idades e classes sociais. Estrutura e formação do ovo Parte central tem a gema, circundada por uma membrana vitelina e no centro o disco germinativo. Tem o albúmen (clara do ovo), casca com cutícula (substância queratinizada) e tem membrana dupla (interna em contato com a clara do ovo) e a outra, que se comunica diretamente com a casca, tendo entre si a câmara de ar. As chalazas tem a função de manter a gema no centro do ovo enquanto ele é novo/fresco. Pós postura ovo tem prazo de validade de 14 a 15 dias. se for refrigerar (não é obrigatório), o prazo de validade é de 28 a 30 dias. Cutícula: fina camada glicoproteica, insolúvel em agua, que recobre a casca totalmente, após formação no oviduto. Não recobre todos os poros, 1% fica aberto. Barreira contra bactérias, virus e fungos. A casca é a proteção mecânica para o embrião, caso o ovo venha a ser galado, caso contrário serve como proteção mecânica para as estruturas internas. Permite a difusão de gases e conservação do teor de agua – já que a cutícula não recobre todos os poros. Serve como barreira contra microrganismos. Cor determinada geneticamente, ou seja, tem valor nutricional igual. Casca de ovo de galinha: cutícula, canal do poro, membrana da casca externa, câmara de ar e membrana da casca interna (do mais externo para o mais externo). Membranas: queratinosas entre albúmen e casca. Unidas intimamente por toda a extensão e separadas na câmara de ar, quanto mais fresco mais aderidos. Barreiras antimicrobianas – membrana externa é rica em lisozima (promove a lise da parede das bactérias, é um antibiótico natural). Câmara de ar: pequena em ovo recém posto (0,5 cm) e aumenta com resfriamento e tempo de estocagem. Gema: célula reprodutiva e fonte de alimento do embrião (chamado vitelo). A cor é dependente da deposição de xantofila (proveniente da alimentação das aves – carotenoides adicionados como suplemento na alimentação delas). Urucum, cantaxantina. Albúmen: 60% do peso total do ovo. Clara densa corresponde a maior parte do albúmen, e existe também a clara liquida. As chalazas são cordoes esbranquiçados torcidos em direções opostas. Manter a gema centralizada após a postura. Devem estar intactas, sendo indicativos de qualidade. Anormalidades dos ovos Ovos de duas gemas: 2 óvulos são liberados ao mesmo tempo. 1 ovulo fica solto dentro do infundíbulo ou retido no oviduto e ocorre liberação de outro. Ovos sem gema: formados por um pequeno fragmento de tecido do ovário ou do oviduto. Não tem ovocitação no momento da formação do ovo, formando o ovo sem gema. Manchas de sangue: causadas por ruptura de vasos sanguíneos de folículo no momento da ovulação. Chamadas também de manchas de carne, manchas marrons na gema, em função da degradação proteica do sangue. São observadas na ovoscopia. Incialmente são bem vermelhas, e depois com a refrigeração e armazenamento vao se tornar amarronzadas. Ovos sem casca: são eliminados prematuramente do oviduto e a permanência no útero é insuficiente para a formação da casca. Observa na bronquite infecciosa, Newcastle e síndrome da queda de postura. Ovos com casca fina: ocorrem devido a deficiência nutricional, problemas de hereditariedade ou doenças (bronquite infecciosa, doença de Newcastle e síndrome da queda de Inspeção e Tecnologia de Ovos postura), femeas com idade avançada e alterações bruscas de temperatura ambiental. Contaminação e alteração dos ovos 3 rotas de infecção/contaminação: transovariana (gema infectada no ovário), oviduto (membrana vitelina e/ou albúmen, são contaminados na passagem pela tuba uterina – quando a membrana vitelina que envolve diretamente a gema do ovo/clara são contaminadas ali no oviduto – ou gema no ovário) ou através da casca (bactérias externas para o interior da superfície da casca [local contaminado, casca quebrada/trincada/mal calcificada]). Fatores que afetam a penetração de microrganismos em ovos Defesa física, que seria a resistência na penetração, e é oferecida pela casca e suas membranas (cutícula [fecha os poros e reduz a permeabilidade da casca], casca [depende do nº de bactérias, período de contato e espessura da casca], membranas da casca [interna sobre o albúmen e externa aderida a casca]). Defesa química que seriam múltiplos fatores que fazem com que a clara do ovo seja um meio pobre para o crescimento de microrganismos. Defesa Química: fatores antimicrobianos na albumina do ovo: Componentes Atividade Lisozima (muramidase) Lise da membrana celular das bactérias gram +, floculação das células bacterianas, antibiótico natural pH 9,1 – 9,6 (clara) Favorece o poder quelante (poder de atrair íons metálicos) da conalbumina, cria no meio condições desfavoráveis para o crescimento de muitos microrganismos Conalbumina Captação de Fe, Cu e Zn, especialmente em pH elevado. Fontes de microrganismos Transmissão vertical/transovariana: folículos podem sofrer infecções crônicas por Salmonella sp., na qual a contaminação ocorre durante a formação do ovo – em especial da gema no ovário. Ela pode aparecer em microscopia na superfície interna da membrana da casca do ovo. Contaminação através da casca: é a mais frequente fonte de contaminação. Embora os ovos recém recolhidos sejam considerados não contaminados, a superfície pode conter inúmeros microrganismos. Postura em condições não higiênicas: contato do ovo com dejetos contaminados da ave portadora ou material do ninho contaminado (fungos). Umidade: nos ninhos ou esteiras coletoras de ovos, facilitam a penetração de microrganismos. Agua de lavagem dos ovos: cutícula desaparece, aumentando as chances de contaminação. Agua de lavagem dos ovos: cutícula desaparece, aumentando as chances de contaminação. Rotulagem em ovos RDC nº 35/2009: trata do risco de Salmonella sp., inserido no código de defesa do consumidor art. 6º, II. No consumo do produto cru/malcozido, destruída pelo calor. Existe a necessidade de colocar o aviso que diz que “O consumo deste alimento cru ou malcozido pode causar danos à saúde” e que se deve manter os ovos preferencialmente refrigerados. Qualidade interna Fatores associados a perda de qualidade: temperatura, tempo, umidade, manejo. Alterações de qualidade interna: alteração do albúmen (denso para líquido em 72h), aumento da câmara de ar e alterações da gema (mais liquefeita e mais mole). Resfriamento: em temperaturas inferiores a 10ºC, em todo o período de estocagem até o consumo, mas NÃO É OBRIGATÓRIO. Tempo de armazenamento: aumento da câmara de ar, liquefação do albúmen denso e liquefação do albúmen de forma geral. Inspeção e Tecnologia de Ovos Aplicação de óleo mineral: objetivo é manutenção da qualidade interna, para manter. Indicação em transporte/armazenamento longos – por spray em esteiras rotativas. Como reconhecera idade do ovo: ovo novo tem a casca porosa, áspera e fosca, clara espessa e firme, gema redonda, firma e centralizada, membranas internas e externas aderidas a casca. Ovo velho tem casca lisa e com certo brilho, clara quase liquida, gema dilatada e pouco firme, flutua quando imerso em água. Estabelecimento de ovos e derivados RIISPOA – Art. 20 – Os estabelecimentos de ovos e derivados são classificados em: I. Granja avícola: destinado a produção, ovoscopia, classificação, acondicionamento, a rotulagem, a armazenagem e a expedição de ovos oriundos, exclusivamente, de produção própria destinada a comercialização direta. II. Unidade de beneficiamento de ovos e derivados: destinado a produção, a recepção, a ovoscopia, a classificação, a industrialização, ao acondicionamento, a rotulagem a armazenagem e a expedição de ovos ou de seus derivados. Operações da colheita até estocagem Colheita -> transporte -> higienização (sanitização e secagem) -> ovoscopia -> classificação (aplicação de óleo na casca se necessário) -> embalagem. Colheita dos ovos: manual ou automatizada; separação dos ovos anormais; empilhamento de até 8 bandejas; rigor em controles quanto a horários, rapidez, frequência e eficiência. Limpeza das bandejas, aparadores e mãos. Dependências mínimas Área coberta de recebimento para triagem dos ovos (feita geralmente por um funcionário, que libera os ovos bons em uma espécie de esteira), ovoscopia, classificação comercial (peso, qualidade e cor), camaras frigorificas, industrialização (conforme o caso); Unidade de beneficiamento: recebimento, manipulação, elaboração, preparo e embalagem dos produtos. Condições para lavagem: Separar ovos muito sujos, pré- lavagem com spray (aspersão); agua clorada 50 ppm; proibido reciclagem de agua e tanque de imersão; equipamento com agua de 38 a 46ºC em spray e escovas rotativas; secagem completa; sanitizantes adequados -> quaternários de amônia, inorgânicos clorados, Glutaraldeído e ácido paracetico. Ovoscopia: ovos contra foco de luz em ambiente escuro. Consegue se visualizar: externamente ovos defeituosos, trincados, vazados, falhas de calcificação, casca fina. Interna manchas de sangue, câmara de ar (posição e dimensões), conformação da gema e desenvolvimento do embrião. Classificação: conforme resolução do CIPOA 005 de 19/11/1991 em grupo (cor) em branco ou de cor, em tipo (peso) – peso médio dos ovos embalados (pequeno, médio, grande, extragrande); classe (qualidade) da casca, câmara de ar, albúmen e gema. Tem que haver na embalagem a classe, o grupo, o tipo e a quantidade. Impróprios para o consumo: alterações de gema e clara, manchas escuras, sangue, presença de embrião, mumificação (ovo seco), podridão (verde, vermelha, escura), odor, sabor e cor anormais, fungos, rompimento da casca e membranas e ovos muito sujos externamente. Embalagem: plástica (melhor visualização, sem abrir a caixa, garante higiene e menos ovos quebrados); papel (bandejas com 30 ovos, estojos de 12 ovos, caixas papelão com 30 dúzias). Vantagens: biodegradável, não poluente, recicláveis, maior resistência, menor custo, cores e modelos, fácil manuseio. POLIESTIRENO EXPANDIDO: caro e pouco biodegradável. Inspeção e Tecnologia de Ovos Ovo produtos Produtos obtidos a partir do ovo, de seus diferentes componentes ou suas misturas, uma vez tiradas a casca, as membranas e que estão destinados ao consumo humano. São encontrados em estado líquido, concentrado, desidratado, cristalizado, congelado, ultracongelado ou coagulado. Conserva de ovos: produto resultante do tratamento de ovos sem casca/partes de ovos. Ovo integral pasteurizado, clara de ovo pasteurizada, gema de ovo pasteurizada, ovo integral desidratada, gema de ovo desidratada, pasta de ovo salgada, pasta de ovo doce. Vantagens da industrialização: qualidade higiênica, com segurança sanitária e inocuidade dos ovos, suprime operação de quebra, facilita armazenamento e transporte, praticidade em receitas industriais/uniformidade, diversificação de produtos – agrega valor, economia na cadeia produtiva (embalagem). Classificação: 1. Segundo componentes no produto final: primários (liquidos) como o ovo inteiro, gema, clara; primários (secos) concentrados (de 20 a 25% de umidade) e desidratados (3 a 5% de umidade, ovo em pó); compostos (mínimo 50% ovo) -> pasta de ovo. 2. Segundo forma física e tratamento: líquidos frescos/refrigerados, líquidos concentrados, congelados (ultracongelados), desidratados (calor ou liofilização). Obtenção de ovo produtos: recepção (triagem), lavagem (ovos muito sujos), ovoscopia, quebra (automatizada/manual se define o PF – ovo integral/clara e gema separadas), homogeneização, filtração (retirada das membranas da gema e do albúmen), pasteurização e embalagem. Resfriado a 4ºC e congelado -30ºC e armazenamento a -18ºC. Ovos rastreados tem a procedência, forma de produção, validade e data de produção. Pasteurização: tratamento térmico em temperaturas inferiores a 100ºC, que destrói formas vegetativas de microrganismos. Forma de conservação temporária, necessitando de método complementar (que seria a refrigeração [a 4 ou 5 graus]) e visa a destruição da Salmonella. Feita em placas, usa trocadores de calor de forma indireta (o líquido não entra em contato direto com a fonte de calor – ovo tem contato com as placas aquecidas) e então ocorre choque térmico com agua fria dentro do mesmo pasteurizador. Temperaturas e tempo: • Ovo integral e gema a 60ºC por 3 min • Clara a 57ºC por 2 minutos • Clara aditivada: se adiciona na clara dos ovos ácido lático e sulfato de Fe ou de Al (pois eles evitam a desnaturação das proteínas), evitando o cozimento das claras (pH 9,0) e a maioria das proteínas tem estabilidade em pH neutro (se adiciona para que elas consigam se manter estáveis e reduzir o pH da clara de 9 para 7). E a conalbumina mantem a sua estabilidade com sais de Fe ou de Al (mantendo sua estabilidade também). • O resfriamento é feito rapidamente a 5 graus. Sequência: Ocorre a quebra dos ovos de acordo com o ovo produto, seguido das placas da pasteurização e armazenamento do produto para seguir para o envase. Se for congelado é congelado a -30 e armazenado a -18 graus. Ovos desidratados Na indústria existe a recepção, triagem, quebra e seleção, seguida da homogeneização, filtração (para remover membrana de gema e do albúmen) e pasteurização. Depois segue para desidratação, embalagem e armazenamento. A desidratação ocorre pelo método de spray dryer ou atomização, que seria a pulverização dos ovos em minúsculas partículas de 10 a 200 microns, e permite maior superfície de exposição em altas temperaturas (200 graus celsius). O processo é rápido, dura de 3 a 12 segundos. Produto é pulverizado no equipamento – por passar por um atomizador, fica em partícula muito pequena, recebe fluxo de ar quente e como é muito pequena, a grande superfície de contato transforma ele em produto seco. Ovos enriquecidos PUFA (Poli Unsaturated Fatty Acid): rico em ácidos graxos polinsaturados (enriquecido com Ômega 3 na alimentação das aves), e previne aparecimento do LDL. Ricos em Vitamina E: antioxidante. Gema Natural: ovos de coloração mais acentuada da gema – também pela suplementação alimentar das aves, com xantofilas, sejam elas naturais (milho, urucum) ou sintéticas Ovos caipira Ofício circular do DIPOA: galinhas alimentadas com dieta exclusivamente de origem vegetal (proibido pigmento sintético na ração), criadas em sistemas extensivos, de livre pastoreio, com 3m2 de pasto/ave. Local de postura não Inspeção e Tecnologia de Ovos precisa ser pré-estabelecido, mas recomenda-se construção de locais cobertos. Mínimo de 5 coletas diárias, acondicionamento dos ovos em salas apropriadas e com controle sanitário. Proibida reutilização de embalagens (estojos,bandejas) e a granja produtora devera ser relacionada junto ao MAPA. Ovos em conserva Sequência: Recepção e seleção, segue para o cozimento, descasque e acondicionamento. É feita adição da salmoura, pasteurização já dentro da embalagem e posterior estocagem. Cozimento para ovos de codorna de 60 a 62 graus por 3,5 a 4 min. Ovos de galinha de 70 a 80 graus por 5 a 6 min. Na agua de cozimento pode adicionar oxido de cálcio para facilitar o descasque do ovo. Descasque pode ser automatizado ou manual. Acondicionamento: em vidros e podem receber condimentos/temperos. Adição de salmoura: agua mais cloreto de sódio, podendo adicionar acidulantes como ácido acético (melhora conservação e a textura) ou cítrico. Nos defumados, ocorre adição de fumaça liquida e de urucum (corante natural para melhorar o aspecto e a coloração dos ovos). Pasteurização e resfriamento: dentro do frasco, de 65 a 70 graus, sem choque térmico. Elimina microrganismos presentes na solução. Armazenamento em temperatura ambiente (frasco fechado). Aquece dentro da embalagem de vidro e resfria naturalmente, criando vácuo dentro do frasco.
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