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Inviolabilidade do Domicílio A inviolabilidade do domicílio está inscrita entre os direitos fundamentais assegurados pela Constituição Federal (CF) e se alinha dentre os direitos da personalidade. Tem-se então que o lar é inviolável por lei. Porém em algumas situações elencadas, no artigo 5º, inciso XI da CF, é autorizada a violação de domicílio, sem mandado a qualquer hora do dia ou da noite. Mas é importante salientar que elas são emergenciais e não comportam de modo algum a espera por uma autorização judicial para entrada na moradia alheia: desastre, prestar socorro e flagrante delito. Todavia, existem situações de flagrante delito que permitem se aguarde por uma ordem judicial. Nessas situações, qual é o período permitido para entrada? -> (Art. 5º, XI, da CRFB) x Art. 22 da Lei 13.869/2019 Art. 5º, XI: a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; O art. 5, inciso XI, aponta ‘durante o dia’. A boa doutrina considera como dia para fins jurídicos o período compreendido entre as 06:00 às 18:00. Após esse período, não pode ocorrer o cumprimento de ordem judicial no domicílio de alguém sem o consentimento do morador. Porém, extrai-se no art. 22 da Lei 13.869/19 o seguinte: Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências; II - (VETADO); III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas). § 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre. Extrai-se então que a entrada é das 5h às 21h, alterando o entendimento da jurisprudência do art. 5º. O cenário atual se comporta respeitando os parâmetros da lei. Assim, eventuais provas colhidas durante essa entrada no domicílio, fora do horário permitido, serão consideradas ilícitas e não terão nenhum valor jurídico. Questões importantes: Pode adentrar domicílio por mera intuição?: Não, a mera intuição não é parâmetro suficiente para violar o domicílio, é preciso que se tenha fundadas evidências que configurem um flagrante delito. (RE 603.616/2015) Posso pegar outros objetos fora do mandado?: Pode sim. O morador, no momento da entrada da força policial, já tem seu domicílio violado. Então é liberado pegar objetos que não estejam previstos no mandado. (HC 39.412) Delegacia é casa(domicílio) para delegado?. Sim. A sala de um servidor público é um local de acesso restrito, onde a pessoa exerce seu trabalho. Por isso, a invasão do local é considerada violação de domicílio. (HC 298.763) Sobre busca e apreensão coletivas/genéricos: O mandado precisa ser específico. Em casos em que se trata de busca em áreas em que não haja identificação concreta, como em comunidades, tem que haver o mínimo de especificação para que seja suficiente a diferenciação e entendimento. Sobre mandado de busca e apreensão por denúncia anônima: É ilícito, denúncia anônima não pode, por si só, sacrificar o direito à inviolabilidade de domicílio. A polícia deve, antes de representar pela expedição de mandado de busca e apreensão, realizar diligências para reunir e documentar outras evidências que averiguem a denúncia. (HC 512.418) Quarto de motel é casa? Depende. Em situações que o sujeito a utiliza como domicílio, é sim, portanto é inviolável. Motorhome/escritório de advogado/consultório de dentista: também são considerados asilos invioláveis. Art. 150 do CP. Violação de domicílio Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. § 2º - (Revogado pela Lei nº 13.869, de 2019) § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência; II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. § 4º - A expressão "casa" compreende: I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação coletiva; III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. § 5º - Não se compreendem na expressão "casa": I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
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