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DOR AGUDA LETÍCIA FAGUNDES OBJETIVOS ▪ Conceituar dor, diferenciando seus tipos (neuropática, nociceptiva, psicogênica, somática, central e visceral); ▪ Entender a fisiopatologia da dor, enfatizando os neurotransmissores envolvidos; ▪ Definir o manejo farmacológico dos tipos de dor, relacionando à escala de dor da OMS e os mecanismos das medicações. DOR AGUDA Dor pode ser definida como “uma experiencia sensorial e emocional desagradável associada a dano real ou potencial ao tecido, ou descrita em termos de tal dano”. Essa definição reconhece que a dor pode ocorrer na ausência de dano tecidual contínuo, como fibromialgia ou dor fantasma em um membro. Uma implicação desse construto é a suposição de que a dor é sempre subjetiva; portanto, o relato de dor de um paciente sempre deve ser aceito, mesmo que haja evidências em contrário. EPIDEMIOLOGIA: a dor é onipresente na vida, servindo como um sinal de alerta de lesão iminente ou real ao organismo, sendo o sintoma mais comum para os pacientes procurarem atendimento médico. Dentre os diversos tipos de dor, a mais comum é a dorsalgia, sendo a principal causa de invalidez do mundo, seguida por cefaleia, artralgias e a cervicalgia. CLASSIFICAÇÃO Tem se utilizado diversos parâmetros para descrever os estados álgicos: duração, origem anatômica e nos mecanismos DURAÇÃO 1. Dor aguda Resulta de uma lesão ou inflamação, tem valor de sobrevida e pode desempenhar um papel na cura, promovendo comportamentos que minimizam uma nova lesão 2. Dor crônica Pode ser interpretada como uma doença sem proposito útil, que compromete a qualidade de vida do individuo Embora não haja um limiar claro de transição entre dor aguda e crônica, é geralmente aceito que a dor que persiste além do período de cura esperado é patológico → 3-6 meses (Depende da fonte) ORIGEM ANATOMICA DOR SOMÁTICA OU VISCERAL Somática: tipicamente bem localizada, resultando de lesões ou doenças da pele e estruturas musculoesqueléticas. Diferentes tipos de estimulação podem provocar dor ligando-se aos nociceptores que são categorizados em: i. Polimodais → respondem a estímulos dolorosos e não dolorosos ii. Nociceptivos específicos → respondem a estímulos mecânicos, de temperatura ou químicos Visceral: geralmente é uma dor difusa e mal localizada, resultado de disfunção de órgãos internos e pode resultar de inflamação, isquemia, oclusão de fluxo (cálculos renais ou obstrução intestinal) ou patologia funcional (síndrome do intestino irritável). Frequentemente a dor visceral é referida para regiões somáticas (exemplo: isquemia miocárdica irradiando para o braço) e tende a estar associada a reflexos autônomos exagerados e maiores características emocionais DOR NEUROPATICA, NOCICEPTICA, NOCIPLÁSTICA E MISTA Neuropática: dor causada por uma lesão/doença que afeta o sistema somatossensorial. Subtipos de neuropatia são: i. Central → Se manifesta como uma constelação de sintomas após uma lesão que afeta o sistema nervoso central. Dor central pós-AVC, esclerose múltipla, lesão da medula espinhal, doença de Parkinson ii. Periférica → dor fantasma no membro, neuropática diabética, dor radicular, neuralgia pós-herpética Nociceptiva: resulta de uma lesão ou doença que afeta as estruturas somáticas (pele, músculos, tendões, ossos e articulações). Exemplo: dor de queimadura, endometriose. Nociplástica: dor que surge da nocicepção alterada, apesar de não haver evidências claras de dano tecidual real ou ameaçado, causando a ativação de nociceptores periféricos ou evidências de doença ou lesão do sistema somatossensorial causando a dor → Fibromialgia, síndrome do intestino irritável (Engloba a dor visceral e somática) Mista: contém porções significativas tanto da dor neuropática quanto da nociceptiva. Ex: dor associada ao câncer pode resultar do próprio tumor ou como consequência da terapia DOR AGUDA LETÍCIA FAGUNDES Intensidade da dor pode ser: 1. Leve → 1-3 2. Moderada → 4-7 3. Intensa → maior ou igual a 7 em uma escala de 1-10 MECANISMOS DA DOR A dor compreende três mecanismos básicos: transdução, transmissão e modulação 1. Transdução Pode ser definida como fenômeno que se dá pela transformação do estímulo ambiental (mecânico, térmico e químico) em potencial de ação que, das fibras nervosas periféricas, são transferidas para o SNC → Sensibilização periferica ➔ Químicos: são estimulados por substancias como bradicina, serotonina, histamina, íons potássio, acetilcolina, interleucina, óxido nítrico e enzimas proteicas Os estímulos são captados pelos “receptores para dor” (nociceptores), que são terminações nervosas livres, presentes na pele e em outros tecidos internos (periósteo, parede dos vasos sanguíneos, superfícies articulares, foice e a dura-mater craniana) que se tornam ativados quando há lesões de tecido. Uma vez que um estímulo é detectado, ele é convertido em um sinal nervoso elétrico por meio da ativação de canais de transdução (p. ex., canais de potencial receptor transiente [TRP]) expressos na membrana axonal 2. Transmissão Esses potenciais de ação são transportados ao longo dos axônios das fibras nervosas não mielinizadas (C) ou finamente mielinizadas (A-delta) Fibras Aβ → são tipicamente mielinizadas e têm como função transmitir impulsos de terminações sensoriais encapsuladas para toque, pressão e vibração, responsáveis por sensações inócuas Fibras A-delta → são mielinizadas e acredita-se que sejam responsáveis pela “dor em pontada” que alguns chamam como primeira dor Fibras C → fibras desmielinizadas e acredita-se que seja responsável pela “segunda dor”, mal localizada, com um caráter de queimação e que começa em uma forma ligeiramente mais lenta após a lesão As fibras Aδ e C são classificadas em subtipos Aδ1, Aδ2, C1 e C2. O tipo de fibra nociceptiva parece estar envolvido com alterações periféricas distintas. Por exemplo, o nociceptor da fibra Aδ1 responde ao estímulo mecânico e químico, mas tem limite de calor relativamente alto (acima de 50 °C). O nociceptor da fibra Aδ2 tem um limiar para o calor muito menor, mas um patamar muito elevado para o limiar mecânico. A capacidade de detectar estímulos dolorosos é totalmente abolida quando a condução pelas fibras axônicas Aδ e C é bloqueada. Esse neurônio vai até a medula e de lá, leva para o encéfalo → Sensibilização central DOR AGUDA LETÍCIA FAGUNDES Os axônios dos nociceptores aferentes penetram na medula espinal via raiz posterior, terminando no corno posterior da substância cinzenta da medula, liberando neurotransmissores (principalmente, o glutamato) que excitam os neurônios da medula espinal. Por sua vez, os neurônios medulares transmitem o sinal às áreas do cérebro envolvidas com a percepção da dor. Cada neurônio medular recebe impulsos convergentes de inúmeros aferentes primários, o que é importante para a dor referida. Dor referida → Hipótese de projeção convergente Todos os neurônios medulares que recebem impulsos provenientes das vísceras e das estruturas musculoesqueléticas profundas também recebem impulsos da pele. De forma que, nociceptores aferentes viscerais convergem para os mesmos neurônios de projeção da dor que os aferentes advindos das estruturas somáticas nas quais a dor é percebida. Consequência: O cérebro não tem como saber qual é a verdadeira origem do impulso e equivocadamente “projeta” a sensação à estrutura somática. Exemplo: terceiro e quarto gânglios das raízes dorsais cervicais recebem aferentes que suprem a parte central do diafragma, pele do ombro e da parte inferior do pescoço → Logo, uma inflamação localizada na proximidade da região central do diafragma é frequentemente relatada como uma sensação de desconforto no ombro. Esse deslocamento espacialda sensação da dor em relação ao local da lesão que a produz é conhecido como dor referida. A maioria dos neurônios medulares com os quais os nociceptores aferentes primários fazem contato emite seus axônios para o tálamo contralateral, formando o trato espinotalâmico contralateral. Há uma enorme divergência do sinal de dor desses locais talâmicos para áreas distintas do córtex cerebral que participam em diferentes aspectos da experiência da dor. Essas projeções são para: Córtex somatossensitivo → Faz a mediação dos aspectos puramente sensitivos da dor, ou seja, sua localização, intensidade e caráter. Regiões corticais ligadas a respostas emocionais, como o giro do cíngulo e outras áreas dos lobos frontais, incluindo o córtex insular → atuam na dimensão: ▪ Afetiva → Provoca sofrimento e exerce um potente controle sobre o comportamento. Em razão dessa dimensão, a dor é constantemente acompanhada pelo medo. ▪ Emocional desagradável da dor 3. Modulação Se refere à atenuação dos sinais de dor por meio da atividade inibitória intrínseca nos sistemas nervosos periféricos e central antes de serem percebidos como desagradáveis (percepção), embora em alguns casos os sinais de dor possam ser amplificados durante este processo. A dor provocado por lesões de intensidades semelhantes varia notavelmente em diferentes situações e indivíduos → Por exemplo, soldados em batalha durante a segunda guerra mundial, não perceberam ferimentos que teriam provocado dor excruciante em civis. Por outro lado, muitos pacientes consideram lesões mínimas (como uma punção venosa) DOR AGUDA LETÍCIA FAGUNDES como apavorantes e insuportáveis, e a expectativa de dor é capaz de provocá-la mesmo na ausência de estímulo nocivo. Esses efeitos são explicados pela existência de circuitos cerebrais que modulam a atividade das vias de transmissão da dor → Um desses circuitos possui conexões no hipotálamo, mesencéfalo e bulbo, controlando seletivamente os neurônios medulares transmissores da dor por meio de uma via descendente. Estudos relacionaram esse circuito modulador com o efeito de alívio da dor produzido por atenção, sugestão e medicamentos analgésicos opioides Os circuitos de modulação da dor podem intensificar e também suprimir a dor. Tanto os neurônios inibidores quanto os facilitadores da dor localizados no bulbo projetam-se para os neurônios transmissores da dor medular e os controlam. Como os neurônios transmissores da dor podem ser ativados por neurônios moduladores, é teoricamente possível gerar um sinal de dor sem estímulo nocivo periférico. De fato, estudos com exames de imagem funcional realizados em humanos demonstraram aumento da atividade nesse circuito durante episódios de migrânea (enxaqueca). Dor patológica: É o resultado de lesões ou alterações induzidas por doenças nos sistemas nervosos periférico e/ou central, levando a um aumento da sinalização da dor. Um exemplo de dor patológica por lesão do sistema nervoso é a sensibilização periférica. Essa forma de dor é caracterizada pelo desenvolvimento de atividade ectópica espontânea em nervos lesados e células ganglionares da raiz dorsal, bem como maior sensibilidade a estímulos. Dor neuropática As lesões nas vias nociceptivas periféricas ou centrais caracteristicamente resultam em perda ou redução da sensação dolorosa. Paradoxalmente, a lesão ou a disfunção dessas vias também podem provocar dor. Por exemplo, a lesão de nervos periféricos, como a que ocorre na neuropatia diabética ou na herpes-zóster, pode resultar em dor referida para a região do corpo suprida pelos nervos afetados. A dor também pode ser produzida por lesão do sistema nervoso central (SNC), por exemplo, em alguns pacientes após traumatismo ou lesão vascular da medula espinal, tronco encefálico ou regiões talâmicas contendo as vias nociceptivas. EFEITOS DA DOR NOS ÓRGÃOS E SISTEMAS A dor, especialmente a aguda, pode gerar reflexos somáticos e autonômicos que podem influenciar, de forma adversa, o funcionamento de vários órgãos e contribuir para o aumento da morbidade DIAGNOSTICO ANAMNESE A avaliação da dor começa com uma anamnese completa, sendo que todas as queixas do paciente devem ser levadas a sério. Uma anamnese abrangente deve incluir: localização da dor, intensidade, suas características, evento desencadeador, fatores de exacerbação e alivio, sintomas e sinais associados, interferência nas atividades diárias (incluindo os padrões de sono e dieta do paciente) e resposta a tratamentos anteriores + Incluir a história psicossocial (pacientes com dor, principalmente a crônica são mais propensos a desenvolver psicopatologias como a depressão, ansiedade e abuso de substancias psicoativas) Para medir a intensidade, pode-se utilizar diversas escalas dependendo do estado e idade do paciente. Como existem diferenças sutis entre as escalas, as avaliações repetidas ou a resposta à terapia são idealmente avaliadas com o mesmo instrumento. DOR AGUDA LETÍCIA FAGUNDES Escala NIPS → Quanto maior o escore (igual ou maior a 4), maior é a dor sentida pelo paciente A partir das características descritas pelo paciente, deve-se procurar fazer a distinção entre dor neuropática e nociceptiva. Deve-se questionar ainda sobre: 1. Hiperestesia → resposta muito exagerada à dor produzida por estímulos inócuos ou nociceptivos leves 2. Alodínia → dor provocada por estímulos que não deveriam ser dolorosos 3. Parestesia → Sensação anormal de formigamento, ardência ou dormência que não é desagradável 4. Disestesia → Alteração da sensibilidade que é desagradável. Típica de pacientes com EM EXAME FÍSICO O exame do paciente com dor deve abranger todos os sistemas corporais, porque a dor é manifestação frequente de doença sistêmica. O achado do exame físico por si só quase nunca é patognomônico, mas pode ajudar a selecionar pacientes para exames complementares ou tratamento. Ao examinar a força muscular, deve-se fazer uma distinção entre a fraqueza induzida pela dor e a fraqueza neurológica, com a última frequentemente ocorrendo em conjunto com atrofia muscular ou assimetria nos reflexos. Às vezes, a avaliação dos reflexos é a única maneira de distinguir entre uma condição neurológica verdadeira e etiologias não orgânicas. MANEJO FARMACOLOGICO Caso o paciente esteja sentindo dor, ele deve ser medicado conforme prescrição médica que segue a escada da OMS abaixo: O tratamento será considerado ineficaz, ou seja, haverá passagem para o degrau seguinte, caso os analgésicos não atenuem os sintomas de forma esperada após uma semana com a associação utilizada na dose máxima preconizada 1. Ácido acetilsalicílico (AAS), paracetamol, dipirona e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) Todos esses compostos inibem a cicloxigenase (COX) e, à exceção do paracetamol e dipirona, exercem ação anti- inflamatória, sobretudo quando usados em doses mais altas. São particularmente efetivos para a cefaleia leve a moderada e para a dor de origem musculoesquelética. Há duas classes principais de COX: DOR AGUDA LETÍCIA FAGUNDES ▪ COX-1: expressa constitutivamente atuando na produção de prostaglandinas e em substancias pró- agregantes, controlando hemorragias o A COX 3 (ou COX 1b) é expressa principalmente no sistema nervoso central, e está presente em processos de febre e dor. ▪ COX-2: induzida nos estados inflamatórios, induzindo a febre, dor e inflamação Os fármacos seletivos para a COX-2 possuem ação analgésica semelhante e provocam menos irritação gástrica que os inibidores não seletivos da COX além de proporcionar benefícios no tratamento da dor pós-operatória aguda e não afetam a coagulação sanguínea. Porém, os inibidores da COX-2 estão associados ao aumento de risco cardiovascular, incluindomorte cardiovascular, infarto agudo do miocárdio, AVC, insuficiência cardíaca ou evento tromboembólico. O efeito parece ser uma propriedade da classe dos AINEs, exceto o AAS. Dipirona: inibidor não seletivo da COX, com pouca ação anti- inflamatória, suas ações principais são analgésicas e antipiréticos. Paracetamol: AINEs seletivos para COX 3 (COX 1b) Dipirona (Novalgina) Ampola 2 ml (500 mg/ml) Comprimido 500mg Gotas 500 mg/ml Xarope 500 mg/ml 500mg a 1 g a cada 4 ou 6 hs Criança: 10 a 30 mg/kg (1 gota/kg) Dose máxima diária: 4 gramas Paracetamol (Tylenol®) Comprimido 750 mg Gotas 200 mg/ml (1 ml = 15 gotas) / 13 mg/gota 500 mg a 1 g a cada 4 ou 6 hs Criança: 10-15 mg (1 gota) a cada 4 ou 6h. Dose máxima diária: 3 – 4 gramas Criança = 100 mg/kg; Dipirona + Prometazina + Adifenina (Lisador®) Comprimido 500 mg / 10 mg / 5 mg Gotas Ação analgésica, antiespasmódica, relaxante muscular e sedativa leve (não afeta tempo reação/performance). Adultos e crianças acima de 12 anos Irreversíveis: AAS/aspirina → não seletivo, bloqueando as duas COX, porém, atua principalmente na 1. Os inibidores não seletivos da COX geralmente são contraindicados no período pós-operatório, já que comprometem a coagulação sanguínea mediada por plaquetas e, portanto, estão associados a aumento do sangramento no sítio cirúrgico → 650 mg, VO a cada 4 horas. EFEITOS COLATERAIS: se usados ocasionalmente, os efeitos colaterais são mínimos. Porém, o uso crônico de AAS e AINE leva a irritação gástrica que é mais grave no AAS (pode causar erosão e ulceração da mucosa gástrica, levando ao sangramento ou à perfuração). Como o ácido acetilsalicílico acetila irreversivelmente a COX plaquetária, a hemorragia digestiva passa a ser um risco específico. Idade avançada e história de doença gastrintestinal são fatores que aumentam os riscos relacionados com o AAS e os AINEs. Os AINEs podem apresentar ainda nefrotoxicidade (portanto, devem ser evitados em pacientes com risco de insuficiência renal) e elevar a pressão arterial em alguns indivíduos. Já o paracetamol raramente causa irritação gástrica e não interfere na função plaquetária, porém, é hepatotóxico. DOR AGUDA LETÍCIA FAGUNDES 2. Analgésicos opioides São os mais potentes para alivio da dor atualmente disponíveis, com a maior abrangência de eficácia para o alivio rápido da dor, sendo que seus efeitos são dose- dependente e são a base do tratamento oncológico. MECANISMO DE AÇÃO: produzem analgesia atuando no SNC, ativando os neurônios inibidores da dor e inibem diretamente os neurônios que a transmitem, sendo que a maioria dos analgésicos opioides comercialmente disponíveis atua no mesmo receptor de opioides (receptor- μ) EFEITOS COLATERAIS: náusea, vômitos, prurido e constipação são os mais comuns, sendo rapidamente revertidos com o uso de naxolona, um antagonista de narcóticos. Raramente, os opioides causas depressão respiratória. Quando ocorrem, são acompanhadas por sedação e redução da frequência respiratória. Adição de opioides só ocorrem com o escalonamento da dose, sendo que o médico não deverá hesitar em prescreve-los para pacientes com dor aguda intensa TERAPIA ADJUVANTE É feita se necessária, com relaxantes musculares, antidepressivos e/ou anticonvulsivantes para o tratamento da dor neuropática. *Fármacos destinados ao tratamento das comorbidades (antidepressivos ou relaxantes musculares) → Relaxantes musculares: Cloridrato de ciclobenzaprina 10mg e 5mg comprimido. ▪ A ciclobenzaprina deve ser utilizada com cautela em pacientes com história de retenção urinária, glaucoma de ângulo fechado, pressão intraocular elevada ou naqueles em tratamento com medicação anticolinérgica e em pacientes com antecedentes de taquicardia devido a ação atropinica. ▪ A utilização de MIOSAN® por períodos superiores a duas ou três semanas deve ser feita com o devido acompanhamento médico. DOR AGUDA LETÍCIA FAGUNDES → Corticoides →Antidepressivos e antiepilépticos: base do tratamento das dores neuropáticas, sendo a ordem de escolha: 1. Antidepressivos tricíclicos a. Amitriptilina (Amytril®) → comprimido 25 mg 2. Antidepressivos tricíclicos + antiepilépticos tradicionais 3. Antidepressivos tricíclicos + gabapentina 4. Antidepressivos tricíclicos + gabapentina + morfina Anticonvulsionantes: Fenitoína 300 mg Diariamente ao deitar Carbamazepina 200-300 mg A cada 6h Oxcarbazepina 300 mg 2 vezes ao dia Clonazepam 1 mg A cada 6h Gabapentina 600-1200 mg A cada 8h Pregabalina 150-600 mg 2 vezes/dia MEDIDAS NÃO FARMACOLOGICAS Os métodos não farmacológicos de controle da dor poderão ser uma alternativa terapêutica equilibrada, segura, bem tolerada e custo-efetiva e, em associação a fármacos, potenciar o efeito terapêutico global, reduzindo as doses farmacológicas e minimizando os efeitos colaterais e adversos Existem alguns modelos de terapias não farmacológicas da dor: terapias psicológicas (ex. terapia cognitiva comportamental, meditação, biofeedback, grupo de apoio, musicoterapia, imaginação guiada), terapias físicas (ex. exercício, eletroterapia, balneoterapia, termoterapia), terapias psicofísicas (ex. acupuntura, massagem, tai-chi, ioga) e produtos e ervas naturais REAVALIAÇÃO Depois de instituída a analgesia com medicamentos ou aplicação de ações não farmacológicas para o tratamento e controle da dor a equipe de enfermagem é responsável por reavaliar a dor do paciente quanto à melhora ou piora utilizando a mesma escala selecionada inicialmente; Todo paciente com dor deverá ser medicado e reavaliado em até 60 minutos após administração da medicação, caso paciente esteja sem dor nesta primeira reavaliação as sequências serão feitas no horário padrão de dados vitais ou diante de nova demanda espontânea do paciente. Nos casos em que o paciente apresenta demanda espontânea antes do intervalo de reavaliação que é de 60min ou persiste com dor nesta primeira deverá ser administrada nova medicação conforme prescrição e comunicado ao médico assistente ou o médico do Time de Resposta Rápida. Em pacientes portadores de dores crônicas ou de difícil controle, a reavaliação deverá ocorrer a cada 60mim até se atingir escores equivalentes à dor leve.