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SP1 - Lesão tecidual Problemas: -Carmen, 47 anos. -Desconcentrada apoiou a mão esquerda na chapa quente. -Dor intensa, sem se dar conta jogou o ferro no chão. Caracterização: dor nociceptiva, aguda, que talvez pode ter liberado adrenalina para ativar reflexo de luta-fuga para tirar a mão. Via nociceptiva -> termorreceptores -> estímulo -> medula -> via eferente -> reflexo (tirada da mão). Substância P -> liberada quando? Nocicepção, propriocepção (tipos de receptores)... Dor visceral, dor referida, dor somática, dor nociceptiva, dor nervosa (nervos) ???? (localização)… Dor crônica x aguda (tempo)... Intermitente (intensidade)... Em pontada, latejante (caracterização)... Centro de dor =/= via reflexa. Diferenciação entre dor crônica e aguda: via simpática x parassimpática; quantidade de receptores interfere na intensidade da dor; fibras nervosas (tipo A/ tipo B - qual mais rápida?) relacionada com intensidade da dor??? Termorreceptores, quimiorreceptores, etc. São receptores só da nocicepção? Estresse (queimadura) + vias (aferente e eferente). -Bateu o ombro direito (OD) na janela aberta. Lesão da raiz nervosa. Lesão -> inflamação, liberação de mediadores inflamatórios. Ativação da cascata de inflamação -> COX 1, COX 2. Estímulo físico ou químico. -Contusão no OD. Trauma (qq coisa que leve à injúria tecidual; há varios tipos de traumas) em em partes moles? Dor não nociceptiva. -Queimadura de segundo grau na mão esquerda. Tecidos atingidos? Tipos (superficial e profunda)? Tipos de queimaduras. Queimadura de terminações nervosas livres -> ausência de dor -> quarto grau. -Mão queimada sob água fria. Conflito entre os receptores -> enganação do cérebro. -Paracetamol 500mg (2 comprimidos a cada 4 horas) + uso indiscriminado (automedicação) + altas doses. Antiinflamatório, analgésico. Dosagem permitida -> 4g/dia. Antídoto -> N-acetil-cisteína. -Ombro inchado e sensível. Sinais flogísticos (dor, calor, rubor, edema e perda de função). -Prescrição: anti inflamatório + orientações para cuidado das lesões por queimadura. Exame físico -> exclusão de lesões mais sérias como fratura? como saber se deveria ter pedido RX? Exames: considerar sempre menor custo e menor risco/ invasão. Antiinflamatórios: , bloqueio da cox, seletivos x não seletivo. -Cuidados com queimadura: Hidratação (água, soro). Segundo grau: higieniza, hidrata e deixa aberto? Necrose: grau 3 e 4. Sulfadiazina de prata. Altos graus: debridação, escarotomia, fasciotomia. Síndrome compartimental. Pele de peixe -> renovação da pele. ***Açucar na cicatrização, porém altas chances de inflamação. -Retorno após 1 semana com ótima evolução. Fluxograma: Questões: 1. Sobre dor: a. Entenda sobre os tipos de fibras, vias (aferente e eferente) e centro da dor. (Ver sobre anatomia). Dor rápida/aguda: Levada por fibras A gama. Ela é deflagrada durante a presença do estímulo nocivo. Sua velocidade de processamento também é decorrente do número reduzido de neurônios e de sinapses até o córtex sensorial. O modo como a via da dor rápida está organizado, seja seu campo receptivo, sua velocidade de condução, seus alvos medulas e supramedulares colaboram para preservar a sensibilidade discriminatória da dor. Via espinotalâmica lateral/ neoespinotalâmica Estímulo é transmitido por fibras mielinizadas e é via direta, não apresenta muitos locais de sinapse antes de chegar no córtex. Os receptores são do tipo específico - carregam informações térmicas e mecânicas. Tipo de dor percebido: aguda, em pontada, lacerante e bem localizada. Via de transmissão por 3 neurônios. 1 neurônio:comunicação entre periferia e medula. É do tipo pseudounipolar. 2 neurônio: comunicação entre medula e tálamo. Ocupa a lâmina I ou II de Rexed no corno dorsal. Ele cruza na comissura branca da medula. 3 neurônio: comunicação entre tálamo e córtex sensorial. Neurônio 1 ao capturar o estímulo nociceptivo da periferia, o axônio entra no sulco lateral posterior acabando no corno dorsal - região sensorial. Lâmina 1 ou 2 do corno dorsal, é o local onde o primeiro neurônio faz sinapse com o segundo. Nesse momento o principal neurotransmissor liberado é o GLUTAMATO (principal da dor rápida, mas ocorre em dor lenta também), ele rapidamente conduz um potencial, porém ele é removido rapidamente da fenda sináptica → Dor rápida, localizada, pontadas, lacerante. Trajeto do neurônio 2: ele atravessa a região mediada (ele cruza- sinal do lado direito passa para o lado esquerdo para ascender ao SNC) da medula indo para o funículo lateral ascendendo para o SNC (em direção ao tálamo), juntando várias outras fibras, formando o trato espinotalâmico lateral. Na região de ponte ela se junta com o trato espinotalâmico anterior (responsável por conduzir o estímulo de tato e pressão) formando o lemnisco espinhal ascendendo ao tálamo no núcleo ventral posterolateral do mesmo (VPL), lá ocorre a percepção inicial da informação dolorosa mas é vaga e imprecisa, onde faz sinapse com o neurônio 3 que se dirige para o córtex sensorial na região 1,2,3 das áreas de Brodman na região do sulco pós central (giro pós central). Somente no córtex cerebral que a informação pode ser interpretada e ocorre a discriminação da dor, sua localização, sua sensação (agulhada, queimação, pressão, etc) e sua intensidade. Trato espinotalâmico lateral + trato espinotalâmico anterior → formam o Lemnisco espinhal. Dor lenta: Levada por Fibras C A dor lenta contínua mesmo que o estímulo nocivo cesse. Seus componentes anatômicos constituem substrato para dimensão afetiva da dor. Via da dor crônica (lenta) Via espinorreticulotalâmica Antes de chegar no tálamo, tem sinapse no sistema reticular. Apresenta cerca de no mínimo 4 podendo chegar a 16 neurônios envolvidos. Neurônio I - é do tipo pseudounipolar Neurônio II - localizado na lâmina V de Rexed, podendo ou não cruzar pela comissura branca. Percepção do estímulo na periferia pelo neurônio 1, o qual vai para a medula e faz sinapse no corno dorsal na lâmina 5 com o neurônio 2. Na região 5, apresenta muitos neurônios sensoriais de várias outras regiões, o que acarreta a estimulação de mais de 1 neurônio nessa lâmina, o que acarreta em uma dor difusa pela estimulação de mais de 1 neurônio. O principal neurotransmissor liberado é a substância P, a qual fica por um tempo maior na fenda sináptica além de ser liberada aos poucos, caracterizando a dor com uma permanência maior. O neurônio 2 se projeta para o funículo lateral do mesmo lado que ocorreu a dor ou para o lado oposto. Ele ascende para o SNC formando o trato espinorreticular. Na formação reticular - tronco encefálico (corpos de neurônios e axônios- branca e cinzenta), esse trato parece influenciar o sistema de ativação reticular ascendente (SARA), com projeções difusas para diversas áreas cerebrais criando um estado fisiológico e psicológico de alerta no indivíduo; lá também ocorre a sinapse com o neurônio 3 e mais outros neurônios. O neurônio de terceira ordem vai emitir o impulso para o tálamo no núcleos intralaminares do tálamo (com grandes campos receptivos) onde fará a sinapse com o neurônio de quarta ordem, transmitindo esse sinal para outras áreas do sistema nervoso central como: sistema límbico (angústia, medo), núcleos da base (relacionada com a atenção principalmente- paciente não consegue dormir por causa da dor), córtex sensorial (reconhecimento que é dor e a área que ocorreu). A dor lenta/crônica tem carácter emocional pela estimulação dessas áreas cerebrais - é gravada no nosso sistema de memória - nos alerta para o que pode ou não fazer. Via espinoreticular: pode ativar o SARA (sistema de ativação ascendente) e deixar o indivíduo alerta tanto nos aspectos fisiológicos como psicológicos. Via espinomesencefalica: colículo superior, direciona os olhos e cabeça para o estímulodoloroso, PAG: analgesia da dor. Via espinoparabraqueal: ativação do núcleo parabraquial, que ira ativar as amígdalas e isso relaciona com a parte efetiva da dor. Via espino hipotalâmica: ativação do hipotálamo e com isso com as atividades vegetativas, como funções cardíacas e neuroendócrinas. Via cervicotalamica: Trato cérvico talâmico Tem origem de neurônios localizados no núcleo cervical lateral. Suas fibras cruzam a linha média, ascende pelo lemnisco medial e alcançam núcleos mesencefálicos e talâmicos (ventroposterior lateral e póstero medial). Os axônios que conduzem informação dolorosa originária das lâminas III e IV projetam-se através da coluna dorsal e terminam nos núcleos cuneiforme e grácil. b. Estude sobre os tipos de dor. Dor Nociceptiva É o resultado da ativação de nociceptores por meio de estímulos dolorosos como mecânicos, térmicos ou químicos. Os nociceptores podem ser sensibilizados por estímulos químicos endógenos (substâncias algogênicas), como a serotonina, a substância P, a bradicinina, as prostaglandinas, e a histamina. Dor Somática ou Estrutural: É um tipo de dor que é localizada mais facilmente pelo paciente e com frequência está associada a traumatismos ou atividade física. Sua origem pode ser de → músculos, articulações, ligamentos ósseos, tendões ou fáscia. Sua intensidade → pode ser de dor aguda e intensa até imprecisa e dolorida. Sua duração → constante ou intermitente. O paciente normalmente irá relacionar a dor com alguma atividade física ou à postura. As fibras nervosas aferentes podem ser estimuladas por meio de: lesões traumáticas (laceração ou esmagamento), pela pressão (tumor, edema, congestão venosa ou inflamação nas articulações). Dor Visceral: Tem origem a partir da estimulação de nociceptores mais profundos. Sua origem → das cavidades torácica, abdominal, pélvica ou craniana. Suas características→ normalmente apresenta-se como uma manifestação difusa, de localização imprecisa e frequentemente de difícil identificação. Pode apresentar em conjunto com palidez, sudorese, cólicas abdominais e diarreia; pode ocorrer aumento significativo da pressão arterial → indicam atividade do sistema nervoso autônomo. Sua descrição → dor profunda, dolorosa, em cólica ou de pressão intensa. Dor Neuropática: É resultado de dano ao SNC ou SNP. Não necessita a estimulação dos nervos para que o paciente informe que sente dor. Sua intensidade → de leve a muito intensa. Pode ser descrita como sensação de queimação ou cauterização. Sua localização → é pouco definida. Não responde a intervenções convencionais. Sua duração → normalmente é contínua e não intermitente. Ela pode ser acompanhada de parestesias, sensação de calor ou frio, formigamento, dormência ou paralisia. Por ela ser um resultado de lesão dos nervos, é comum se transformar em um sintoma crônico gravemente debilitante. Dor crônica normalmente. São exemplos a neuralgia do nervo trigêmeo, a neuralgia pós-herpética e a neuropatia periférica, dentre outras. Dor Psicogênica: Prevalência de fatores psicológicos na gênese da sensação dolorosa. Observada em distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade generalizada. O estresse, o medo, a ansiedade e a duração da dor interferem no mecanismo de ativação do sistema opióide envolvido na modulação da analgesia. As endorfinas e outros neuromodulares da nocicepção são liberados quando a dor é muito intensa e quando há estresse associado. A depressão e a ansiedade também interagem na percepção da dor via mecanismos inibitórios e facilitatórios ainda não adequadamente elucidados (controle da dor central). Talvez vias noradrenérgicas e serotoninérgicas estejam envolvidas no mecanismo da ansiedade e da depressão, condições habitualmente associadas à dor crônica. A interação entre as unidades excitatórias e inibitórias, a condição emocional, os traços constitucionais, as experiências pregressas e presentes, a ocorrência de anormalidades orgânicas ou funcionais e as condições ambientais podem interferir na transmissão da informação nociceptiva para centros nervosos, os quais participam da percepção ou das reações reflexas diante da dor. O estresse psicológico, por exemplo, torna a dor mais intensa ou menos tolerável. Dor aguda: Relacionada diretamente com um dano tecidual efetivo ou a um risco eminente de dano. Como resultado ocorre a síntese e liberação local de substâncias que estimulam terminações nervosas (nociceptores) de fibras mielinizadas finas ou amielínicas. Deve desaparecer durante o período esperado de recuperação do organismo ao evento que está causando a dor, sendo tratada com analgésicos e suporte terapêutico da causa desencadeante da dor. O limite para ser considerada aguda varia de acordo com as literaturas entre 3 a 6 meses (limite máximo), podendo ter duração extremamente curta, decorrente de causas inflamatórias, causas traumáticas, causas infecciosas, pós-operatórios e procedimentos médicos e terapêuticos em geral. Considere 3 meses. Dor crônica: Apresenta um dano tecidual contínuo, podendo ou não ser deflagrada por sensibilização de neurônios das vias nociceptivas, disfunção dos sistemas endógenos de controle da dor ou por fatores ambientais condicionamento operante. No SNC, a neuroplasticidade pode desencadear uma relação desproporcional entre a estimulação sensorial periférica nociceptiva ou não e a sensação dolorosa sensibilização central. Na amputação, por exemplo, obriga uma reorganização das estações de processamento sensorial, inclusive na representação cortical do membro. Assim, se um polegar for amputado, o crescimento da arborização dendrítica dos neurônios que carreiam informação proprioceptiva do indicador pode alcançar áreas de representação cortical nociceptiva desse membro, gerando dor constante no dedo fantasma. Essas alterações plásticas ocorrem não apenas no córtex cerebral, mas em todos os níveis de processamento sensorial. c. Quais são os tipos de neurotransmissores e receptores? Neurotransmissores Neurotransmissores excitatórios: Glutamato, Substância P, serotonina Neurotransmissores inibitórios: norepinefrina, Opióides, GABA, glicina e dopamina. Nociceptores São receptores neuronais que são capazes de reconhecer estímulos potencialmente nocivos. São células que respondem aos estímulos → químicos, mecânicos e térmicos. Localização: pele, músculos, vísceras e no tecido conjuntivo São terminações nervosas livres e são divididos em 2 tipos: Nociceptores específicos (seletivos): capaz de reconhecer estímulos térmicos (>45 ou <5) e estímulos mecânicos (pressão intensa). São fibras A delta que conduzem o sinal - fibra mais espessa quando se pensa em todas as vias da dor- fibra de pequeno calibre. São pouco mielinizadas, esse potencial de ação então é conduzido de forma pulsátil - rápida (5 a 30 m/s). Dor rápida ou dor aguda → dor em agulhada, se afasta mais rápido. Essas fibras têm um campo receptivo menor, o que confere melhor localização espacial do estímulo. Elas estão envolvidas com a informação inicial, breve e localizada. Nociceptores polimodais (não seletivos): são capazes de identificar estímulos térmicos, mecânicos, químicos (mediadores inflamatórios), não sendo assim seletivos a um único estímulo nocivo. São fibras C que conduzem esse estímulo, a qual não apresenta bainha de mielina e são de pequeno diâmetro - velocidade mais lenta (menor que 1m/s). Estímulo pulsátil, difuso, constante/prolongada, retardada - dor lenta ou crônica. São essas fibras que levam para o SNC no sistema límbico. Nociceptores Silentes: estão presentes em vísceras e geralmente são inativos. Porém, quando ocorre um processo de inflamação, a distensão da cápsula ou lesões químicas, o limiar de disparo desses receptores é reduzido, portanto, eles são ativados. d. O que é limiar da dor e oque influencia? Por definição, o limiar da dor é o ponto ao longo de uma curva de crescente percepção de um estímulo no qual a dor começa a ser sentida. Esse limiar da dor pode ser modulado Modulação por estímulos táteis: Na medula, os neurônios de segunda ordem além de recebem informações dolorosas dos nociceptores, eles recebem projeções de interneurônios inibitórios que são ativados por fibras aferentes A beta que conduzem estímulos táteis. Essa informação sensorial pode inibir uma informação nociceptiva (teoria do portal de controle da dor). Modulação por projeções descendentes supramedulares: Essa depende da origem dos neurônios. - As de origem no lócus ceruleus: neurônios desse local projetam axônios que alcançam o corno posterior e liberam norepinefrina (fecha os canais de cálcio), a qual vai inibir a liberação de substância P pelos neurônios aferentes primários antes deles fazerem sinapse com os neurônios de segunda ordem e fazem uma inibição pré- sináptica da dor crônica. -A de origem na substância cinzenta periaquedutal (PAG): ocorre uma estimulação elétrica na região, a qual produz uma inibição seletiva da dor, sem prejuízo das demais modalidades sensoriais. Poucos neurônios dessa região se projetam para a medula. Esses neurônios da PAG fazem conexões excitatórias com o núcleo magno da rafe, o qual partem projeções serotoninérgicas que inibem, diretamente ou por interneurônios, secretores de opioides, os neurônios de segunda ordem das lâminas I, II e V. A PAG apresenta bastante receptor para opioides como morfina e codeína, ativando sua via descendente inibitória da dor. Outros locais que também apresentam receptores para opioides são núcleo magno de rafe e corno dorsal da medula. - Opióides endógenos (que ativam vias descendentes inibitórias da dor): encefalinas (leucina e metionina-encefalina), dinorfinas são encontradas na PAG, na rafe e nas lâminas I e II do corno posterior. Betaendorfinas são liberadas na corrente sanguínea em situações de estresse. Receptores de opioides são encontrados nos terminais axonais nos neurônios I, onde, via proteína G, inativam canais de cálcio, diminuindo a liberação dos neurotransmissores (glutamato/substância P-inibição pré-sináptica). Nos dendritos dos neurônios de segunda ordem, receptores opióides, via proteína, abrem canais de potássio, com consequente hiperpolarização inibição pós-sináptico. Além disso, existe uma forma de modulação chamada de Fenômeno da hiperalgesia Pode ter origem periférica ou central Na hiperalgesia periférica, estímulos que antes não deflagravam informação dolorosa agora o fazem. O exemplo clássico desse fenômeno, chamado sensibilização periférica. Esse aumento na sensibilidade nociceptiva é decorrente de uma variedade de compostos químicos liberados no local da lesão, incluindo bradicinina, histamina, prostaglandinas, acetilcolina, leucotrienos, serotonina e substância P, que reduzem o limiar de despolarização dos nociceptores. A hiperalgesia central é decorrente da intensa estimulação das fibras C, liberando glutamato nas fendas sinápticas no corno posterior e ativando receptores glutamatérgicos do tipo N-metil-D-aspartato (NMDA). Receptores tipo NMDA são capazes de produzir alterações persistentes de potencial de membrana assim como o fazem na potencialização de longo prazo, mecanismo envolvido na memória. A hiperalgesia central, também chamada de sensibilização central, inclui mecanismos de indução genética com regulação positiva para a expressão de neuropeptídeos, neurotransmissores e receptores, alterando a excitabilidade de neurônios do corno dorsal, podendo causar dor espontânea (alodinia). Escalas de dor Os médicos devem avaliar a causa, a gravidade e a natureza da dor e seu efeito sobre atividades, humor, cognição e sono. A avaliação da causa da dor aguda (p. ex., dor lombar, dor torácica) difere da avaliação da dor crônica. A história deve incluir as seguintes informações sobre a dor: Qualidade (p. ex., em queimação, espasmódica, persistente, profunda, superficial, penetrante, lancinante) Gravidade Localização Padrões de dor referida Duração Ocasião (incluindo padrão, grau de flutuação e frequência de remissões) Fatores exacerbantes e atenuantes. Deve-se avaliar o nível funcional do paciente, concentrando-se nas atividades cotidianas (p. ex., vestir-se, tomar banho), trabalho, passatempos e relações interpessoais (incluindo as sexuais). A percepção da dor do paciente pode representar mais do que os processos fisiopatológicos intrínsecos da doença. Deve ser determinado o significado da dor para o paciente, com ênfase em aspectos psicológicos, depressão e ansiedade. O relato de dor é mais aceitável socialmente que o de ansiedade ou de depressão, e a terapia adequada geralmente depende de se distinguir essas percepções divergentes. Dor e sofrimento também devem ser diferenciados, sobretudo nos pacientes com câncer; o sofrimento pode ser também decorrente tanto da perda de função como do medo da morte iminente, além da dor. Deve-se avaliar se um ganho secundário (vantagens externas e incidentais por enfermidade — p. ex., afastamento do trabalho, auxílio invalidez) contribui para a dor ou para incapacidades relacionadas à dor. Deve-se perguntar ao paciente se há processo em andamento ou se será solicitada uma compensação financeira pela lesão. Uma história pessoal ou familiar de dor crônica pode esclarecer o problema. Deve-se considerar uma possível contribuição dos membros da família para a perpetuação da dor crônica (p. ex., por constantemente indagar sobre a saúde do paciente). Deve-se perguntar aos pacientes e, algumas vezes aos cuidadores, sobre o uso, eficácia e efeitos adversos dos fármacos vendidos com e sem receita médica e outros tratamentos e sobre consumo de álcool e uso de fármacos recreativas ou ilícitas. Intensidade da dor A intensidade da dor deve ser avaliada antes e após intervenções potencialmente dolorosas. Em pacientes capazes de verbalizar, o autorrelato é o padrão-ouro e os sinais externos de dor (p. ex., chorar, estremecer, balançar) são secundários. Para pacientes com dificuldades de comunicação e em crianças pequenas, os indicadores não verbais (comportamentais e algumas vezes psicológicos) podem ser a fonte primária de informação. Medidas formais são Escalas de categoria verbal (p. ex., leve, moderada e grave) Escalas numéricas A Escala Visual Analógica (EVA) Para a escala numérica, pede-se aos pacientes que classifiquem sua dor de 0 a 10 (0 = ausência de dor; 10 = “a pior dor imaginável”). Na EVA, os pacientes criam um sinal representando o grau da dor em uma linha de 10 cm sem identificação, com a extremidade esquerda com os dizeres “sem dor” e a direita com os dizeres “dor insuportável”. A pontuação da dor é a distância em mm desde a extremidade esquerda da linha. Crianças e pacientes com alfabetização deficiente ou problemas de desenvolvimento podem selecionar imagens de faces que vão do sorriso à expressão distorcida pela dor, ou frutas de vários tamanhos para transmitir sua percepção de intensidade da dor. Ao mensurar a dor, o examinador deve especificar um período de tempo (p. ex. “em média durante a última semana”). Algumas escalas de dor para qualificar a dor à medida que ocorre https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/hematologia-e-oncologia/princ%C3%ADpios-da-terapia-para-c%C3%A2ncer/tratamento-dos-efeitos-adversos-da-terapia-para-c%C3%A2ncer#v979994_pt Para a Escala de Dor Funcional, os examinadores devem explicar com clareza ao paciente que as limitações funcionais serão relevantes para a avaliação somente se decorrerem da dor que está sendo avaliada; o tratamento visa ao máximo alívio possível da dor, pelo menos até o nível tolerável (0–2). Pacientes com demência e afasia Avaliar a dor em pacientes com doenças que afetam a cognição, fala ou linguagem (p. ex.,demência e afasia) pode ser difícil. A dor é sugerida pelas contrações faciais, enrugar a testa ou piscar os olhos repetidamente. Algumas vezes, os cuidadores podem descrever comportamentos que sugerem dor (p. ex., exclusão social súbita, irritabilidade, caretas). A dor deve ser considerada em pacientes com dificuldade de comunicação e que apresentam alterações súbitas de comportamento. Muitos pacientes com dificuldade de comunicação podem comunicar significativamente quando é utilizada a escala de dor apropriada. Por exemplo, a Escala de Dor Funcional foi validada e pode ser utilizada em pacientes em casas de repouso que têm escore do Miniexame do Estado Mental≥ 17. Pacientes que recebem bloqueios neuromusculares Não há instrumentos validados para avaliar a dor quando é utilizado um bloqueio neuromuscular para facilitar a ventilação mecânica. Se o paciente receber um sedativo, a dose pode ser ajustada até que não haja evidência de consciência. Nestes casos, analgésicos específicos não são necessários. Se, entretanto, o paciente estiver sedado, mas ainda apresenta alguma evidência de consciência (p. ex., piscando, ou com resposta de movimentos oculares ao comando), deve ser considerado o tratamento da dor, com base no grau de dor habitualmente causado pela condição (p. ex., queimaduras, traumas). Se um procedimento potencialmente doloroso (p. ex., virar um paciente acamado) for necessário, o pré- tratamento com analgésico selecionado ou anestésico deve ser administrado. 2. Sobre queimaduras: (ver histologia). a. Quais os tipos? Primeiro Grau (espessura superficial) - eritema solar: - Afeta somente epiderme, sem formar bolhas; - Apresenta vermelhidão, dor, edema e descama em 4 a 6 dias. Segundo Grau (espessura parcial-superficial e profunda): - Afeta a epiderme e parte da derme, forma bolhas ou flictenas. - Superficial: a base da bolha é rósea, úmida e dolorosa. - Profunda: a base da bolha é branca, seca, indolor e menos dolorosa (profunda). - A restauração das lesões ocorre entre 7 e 21 dias. Terceiro Grau (espessura total): - Afeta epiderme, derme e estruturas profundas. - É indolor; - Existe a presença de placa esbranquiçada ou enegrecida; - Possui textura coreácea; - Não reepiteliza e necessita de enxertia de pele (indicada tbm para segundo grau profunda). b. Cuidados? Tratamento específico para queimadura de Primeiro grau: → Colocar em água corrente em temperatura ambiente - Se a queimadura for imersa em água fria nos primeiros um a dois minutos é possível que a área e a profundidade da lesão sejam reduzidas. Isto ocorre devido a mecanismos como redução da liberação de histamina e supressão da produção de tromboxano. O uso de água gelada ou gelo não é recomendado uma vez que podem causar vasoconstrição e contribuir para a evolução da queimadura. → Remédio para alívio da dor - utiliza-se analgésico como paracetamol, ibuprofeno e ácido acetilsalicílico e de hidratantes é suficiente. → Lidocaína ou gel com aloe vera para acalmar a pele/ oleo → Hidratação Tratamento específico para queimadura de Segundo grau: → Água corrente por 30 min → Parte queimada se possivel colocar pra cima → Polimixina, sulfadiazina de prata a 1% ou bacitracina associada a neomicina podem ser aplicadas no local da queimadura com uma camada de gaze vaselinada não aderente estéril. Acima é aplicada uma gaze absorvente que serve para reter o exsudato. → Evitar contato com o sol → As gazes geralmente são trocadas uma ou duas vezes ao dia e a ferida deve ser lavada suavemente com sabonete antibacteriano. → Analgesia para dor - ibuprofeno. ----- Tratamento específico para queimadura de Terceiro/Quarto grau: → Internação → adm de profilaxia de tétano, úlcera do estresse e de heparina → limpeza com água e sabão ou clorexidina → sulfadiazina de prata → desbridamento ★ Indicação UTI -> Queimaduras de 2º grau em áreas maiores que 20% SCQ em adultos Queimaduras de 2º grau maiores de 10% SCQ, em crianças ou maiores de 50 anos. ----- Extensão da Superfície Corpórea Queimada (SCQ): Regra dos 9 3. Tratamento para o caso da sp (paciente: dor de contusão -‘somatica’’ + dor de queimadura-nociceptiva)? (Uso de antiinflamatório? pq o paracetamol não resolveu? pq algumas dores são tratadas com codeína e outras com AINEs?) 4. Mecanismo de ação dos AINEs e do paracetamol. (seletivo x não seletivos?) Mecanismo AINES Os AINEs são capazes de inibirem as enzimas ciclo-oxigenases (COXs), responsáveis pela síntese das prostaglandinas e tromboxano. Os AINEs tradicionais inibem tanto a COX 1 (enzima dita constitutiva por ser encontrada em diversos tecidos do organismo) quanto a COX 2 (enzima dita induzida por mediadores inflamatórios). A COX 1 é ativada sob condições fisiológicas, por exemplo, nas plaquetas, no endotélio vascular, na mucosa do estômago ou nos rins, resultando na liberação de tromboxano A2 (TXA2), prostaciclina (PGI2) ou prostaglandinas, como a prostaglandina E2 (PGE2). A liberação desses eicosanóides é seletivamente inibida por drogas como a aspirina. Já a síntese da COX 2, em células como macrófagos, é induzida pela liberação de citocinas de um estímulo inflamatório, como exemplo a interleucina-1 (IL-1). A COX 2 converte o ácido aracdônico em prostaglandinas (PGs) envolvidas com o processo inflamatório. A liberação de PGs, juntamente com proteases e outros mediadores inflamatórios (como, por exemplo, radicais livres de oxigênio), resulta em inflamação. A inibição da síntese de prostaglandinas explica os efeitos terapêuticos e colaterais comuns ao grupo, como efeito antiagregante plaquetário, lesão renal e da mucosa gástrica. Existem os anti-inflamatórios não seletivos e os específicos para COX-2 (coxibe), uma vez que a inibição da COX-1 pode levar a úlceras gástricas, devido a participação da COX-1 na proteção da mucosa gástrica. Sendo assim, podem ser classificados em: • inibidores de COX-1 e 2: ibuprofeno, naproxeno, aspirina, cetorolaco; • inibidores preferenciais da COX-2: meloxicam, nimesulida; • inibidores seletivos da COX-2: coxibes; • inibidores da COX-3: dipirona e paracetamol. Anti-Inflamatório: bloqueio da produção de prostaglandinas (PGs) Ação Analgésica: bloqueio da produção PGs, principalmente PGE2, que é responsável pela diminuição do limiar de dor ao se ligar aos nociceptores Ação Antipirética: bloqueio da produção PGs, principalmente PGE2, que atua no centro termorregulador no hipotálamo Ação anti agregante plaquetária: devido a diminuição de tromboxano A2 (TXA2), sendo o AAS o único AINE com essa ação. Mecanismo do paracetamol Ação analgésica: O mecanismo de ação analgésica não está totalmente determinado. O paracetamol pode atuar predominantemente inibindo a síntese de prostaglandinas-2 ao nível do Sistema Nervoso Central e em menor grau bloqueando a geração do impulso doloroso ao nível periférico. A ação periférica pode ser decorrente também da inibição da síntese de prostaglandinas-2 ou da inibição da síntese ou da ação de outras substâncias que sensibilizam os nociceptores ante estímulos mecânicos ou químicos. A inibição da COX-3 (presente no córtex, medula e coração) promovem ação antipirética e analgésica, pois a COX-3 é derivada da COX-1, com função similar (produção de PG) Seu efeito tem início 15 a 30 minutos após a administração oral e permanece por um período de 4 a 6 horas. . Ação antipirética: O paracetamol provavelmente produz a antipirese atuando ao nível central sobre o centro hipotalâmico regulador da temperatura para produzir uma vasodilatação periférica que dá lugar a um aumento do fluxo de sangue na pele, de sudorese e da perda de calor. A ação ao nível central provavelmente está relacionada com a inibição da síntese de prostaglandinas-2 no hipotálamo. 5. Qual a consequência da automedicação(analgésicos em geral). No Brasil, 80 milhões de pessoas são adeptas da automedicação e pelo menos 35% dos medicamentos consumidos são obtidos para a automedicação; Os fármacos que aparecem com as maiores prevalências são analgésicos e antipiréticos totalizando 56,2%, e anti-inflamatórios com 23,3% do total de medicamentos; Conforme Anvisa: os medicamentos mais utilizados na automedicação são os analgésicos, antipiréticos (antitérmicos) e anti-inflamatórios, estes os maiores causadores de intoxicações. o Dentre os medicamentos mais utilizados sem a orientação e prescrição de profissionais aptos, destacam-se a dipirona, o paracetamol, e diclofenaco, ou seja, analgésicos; A causa principal da automedicação dos diversos tipos de dor, atingindo 50,8% dos entrevistados, 23,3% relacionados especificamente à dor de cabeça. CONSEQUÊNCIAS: Pode mascarar alguma doença, podendo causar um diagnóstico tardio e atrasar um tratamento adequado; Alguns medicamentos utilizados por crianças, idosos e gestantes não possuem estudos de toxicidade específicos para o grupo; Utilização incorreta: o Doses tóxicas; o Alergias; o Efeitos adversos desnecessários; Ex. resistência bacteriana - gripe; 6. MINTI: Exames complementares e avaliação do tipo de dor da sp. O objetivo da solicitação dos exames de imagem para pacientes com dor não se direciona à avaliação da intensidade da queixa, mas sim por auxiliar no estabelecimento diagnóstico. No caso de dor aguda, busca-se indicadores e marcadores topográficos de lesão tecidual. A solicitação do exame de imagem nestes casos deve ser baseado em: Necessidade do exame, conforme a relevância para a conduta terapêutica; Frequência de solicitação, considerando a evolução dos sintomas; Adequação do exame, com foco na causa anatômica ou fisiológica, baseado na influência quanto a conduta terapêutica; Deve-se descrever os motivos da requisição e baseá-lo nos dados clínicos. Quando o examinador sabe o que deve procurar, a precisão diagnóstica aumenta; Considerar a segurança do paciente, ponderando a exposição à radiação ionizante; Exames eletrofisiológicos: o São exames funcionais; o Avaliam os fenômenos bioelétricos da o Neurocondução sensorial e motora, além do estudo muscular; o Ex: eletroneuromiografia (ENMG), potenciais evocados somatossensoriais, exames visuais e auditivos, eletroencefalograma e polissonografia. Exames laboratoriais: o São importantes para confirmar ou excluir causas inflamatórias, metabólicas e degenerativas. o Ex. exame do líquido sinovial, LCR, biópsias e etc. Exames de imagem: o Radiografia convencional: É o mais solicitado; A região do corpo a ser analisada é exposta a raios X em uma sala preparada para isso, e um filme especial dentro de um chassi é sensibilizado por esses raios X; É muito solicitado em caso de dores agudas ou crônicas de origem osteomuscular; Pode dar diagnóstico, excluir diagnóstico e indicar o próximo exame a ser solicitado; Ex. lesão óssea → solicitar TC; Ex. Alteração de partes moles → ecografia ou RNM; o TC: Deve ser solicitada com cuidado, tendo em vista a grande exposição à radiação ionizante. o RM: Não utiliza radiação; É utilizada principalmente para avaliar a função cerebral, porém não é utilizada de rotina; o USG/ecografia: Não utiliza radiação ionizante; É barato; Operador dependente; Comumente é o exame de escolha;