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Fundamentos da legislação trabalhista

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Autor
Vando Vieira Batista dos Santos
Mestrando em Ciências Contábeis (Programa Multi-institucional e Inter-regional de 
Pós-Graduação em Ciências Contábeis da UnB, UFPB e UFRN). Especialista em Auditoria 
e Perícia contábil (Universidade Católica Dom Bosco). Bacharel em Ciências Contábeis e 
Administração (Faculdade Michelangelo). Trabalha na área contábil há mais de sete anos, 
e possui experiência em rotinas contábeis, fiscais e auditoria independente.
Revisão
NT Editora e Figuramundo
Projeto Gráfico
NT Editora
Editoração Eletrônica
NT Editora e Figuramundo
Capa
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www.nteditora.com.br e www.grupont.com.br
Fundamentos da Legislação Trabalhista. / NT Editora.
 -- Brasília: 2013. 70p. : il. ; 21,0 X 29,7 cm.
ISBN - 978-85-68004-38-8
1. Legislação Trabalhista, Contrato de Trabalho, Relação de Emprego. 
Copyright © 2014 por NT Editora.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por 
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tudos. Leia com atenção e, tendo dúvida, pergunte ao seu tutor. 
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Exercícios 
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Exercícios 
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Bons estudos!
4 NT Editora
Sumário
1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO .................................................. 7
1.1 Conceito e natureza do direito trabalhista...................................................................... 7
1.2 Princípios do Direito do Trabalho ....................................................................................... 8
1.3 Fontes do Direito do Trabalho ...........................................................................................12
1.4 Para finalizar o módulo.........................................................................................................14
2. RELAÇÕES DE TRABALHO ............................................................................ 17
2.1 Relação de emprego x relação de trabalho ..................................................................17
2.2 Empregador .............................................................................................................................18
2.3 Empregado ...............................................................................................................................23
2.4 Trabalho autônomo, eventual e avulso ..........................................................................29
2.5 Terceirização do trabalho ....................................................................................................31
2.6 Trabalhador aprendiz e menor ..........................................................................................33
2.7 Para finalizar o módulo.........................................................................................................36
3. CONTRATOS DE TRABALHO ......................................................................... 39
3.1 Contrato individual de trabalho ........................................................................................39
3.2 Contrato coletivo de trabalho ............................................................................................44
3.3 Cláusulas especiais dos contratos de trabalho ............................................................46
3.4 Para finalizar o módulo.........................................................................................................53
4. RESOLUÇÕES DE CONFLITOS NA RELAÇÃO DE TRABALHO ..................... 57
4.1 A Justiça do Trabalho ............................................................................................................57
4.2 Métodos de resolução de conflitos coletivos ...............................................................59
4.3 Como evitar os conflitos? ....................................................................................................65
4.4 Para finalizar o módulo.........................................................................................................70
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 73
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Bem-vindo (a) ao Curso de Fundamentos Trabalhistas!
Muitos profissionais questionam-se sobre o que devem fazer para conhecer a Legislação Traba-
lhista. Essa preocupação é pertinente, uma vez que os trabalhadores e empregadores precisam saber 
quais são de fato os seus direitos e deveres.
Este curso visa fornecer conceitos introdutórios sobre a legislação trabalhista, apresentando a 
natureza, os princípios e as fontes formais do Direito do Trabalho. O curso abordará temas como a di-
ferença entre relação de trabalho e emprego, tipos de trabalhadores e formas de contratação, elemen-
tos de contratação de empregado, direitos devidos ao empregado e as clausulas a serem observadas 
no contrato de trabalho.
Será abordado sobre a resolução de conflitos no trabalho, assunto importante para o bom de-
sempenho profissional do funcionário e para a prevenção de futuras reclamações trabalhistas para a 
empresa. O curso apresentará as competências da Justiça do Trabalho, as formas de resolução de con-
flitos e algumas atitudes que a empresa pode tomar para evitar os conflitos no ambiente de trabalho.
Bom aprendizado!
APRESENTAÇÃO
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1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO
1.1 Conceito e natureza do direito trabalhista
Podemos conceituar o Direito do Trabalho como o ramo da ciência do direito que tem por ob-
jeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subor-
dinado, que determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em 
sua estrutura e atividade.
Instituições jurídicas: as relações da vida social no todo ou em parte reguladas pelo direito 
constituem as relações jurídicas. As diversas relações jurídicas agrupadas em torno de algumas 
grandes unidades sistemáticas constituem as instituições jurídicas. As instituições jurídicas são 
importantes componentes na formatação do sistema de contratação; a atuação dessas institui-
ções tende a restringir algumas formas de contratação e incentivar outras.
Princípios: a palavra princípio exprime a idéia de começo, onde tudo se inicia. Ao mesmo tem-
po, também remete à idéia de importante. Pode-se dizer que o princípio inspira a criação da 
norma, ou seja, tem a função de instruir o legislador ou outro agente sobre os seus motivos.
Organizações: uma organização é uma combinação intencional de pessoas e de tecnologia 
para atingir um determinado objetivo.
O Direito do Trabalho é o conjunto de normas que regem as relações de trabalho entre em-
pregados e empregadores e os direitos resultantes da condição jurídica dos trabalhadores.
Quanto à natureza do Direito doTrabalho, podemos considerar o direito privado e o direito 
público. As normas do Direito do Trabalho pertencem ao direito privado (as referentes ao contrato de 
trabalho) e ao direito público (as referentes ao processo trabalhista).
Bem-vindo ao curso de Fundamentos da Legisla-
ção Trabalhista. O direito trabalhista é uma área 
que traduz o interesse comum do empregado e 
empregador, sendo assim, para podermos atuar 
nesta área devemos primeiramente conhecê-la.
Veremos nesta lição os conceitos e a natureza 
do Direito do Trabalho e estudaremos ainda os 
princípios vinculados a ele.
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A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) corresponde ao principal estatuto do Direito do Tra-
balho e trata das normas tanto do direito privado como do direito público. A legislação (exemplo: 
CLT) é norma, enquanto o Direito do Trabalho é ciência ou disciplina acadêmica. Nem tudo que existe 
numa lei ou código especializado corresponde ao Direito do Trabalho.
O Direito do Trabalho, como o direito em geral, possui um caráter normativo (expresso na 
legislação trabalhista), mas também é uma ideologia e possui agentes especializados que lhe dão 
vida, entre outros aspectos. Assim, podemos dizer que a legislação trabalhista faz parte de um 
universo muito mais amplo, que é o Direito do Trabalho.
Atualmente, o Direito do Trabalho pode ser visto como “instrumento” para traduzir o in-
teresse comum do empregado e empregador.
1.2 Princípios do Direito do Trabalho
Princípio é onde começa algo. São os alicerces do Direito 
que não estão definidos em nenhuma norma legal.
Os princípios têm funções: informadoras, normativas e 
interpretativas.
A função informadora serve de inspiração ao legislador e de 
fundamento para normas jurídicas; a função normativa atua nas 
lacunas e omissões da lei e a função interpretativa serve de critério 
orientador para os intérpretes e aplicadores da lei.
Existem princípios que são considerados gerais no Direito. Exemplo: dignidade da pessoa hu-
mana, boa-fé, da honra, do uso não abusivo do direito, enriquecimento sem causa e o princípio que 
ninguém poderá alegar desconhecimento do direito, etc.
Há também princípios específicos do Direito do Traba-
lho. Estudaremos a seguir alguns desses princípios.
Princípio da proteção
Trata-se do princípio que visa diminuir a desigualdade 
entre as partes em Juízo (empregado e empregador), razão 
pela qual, engloba os demais princípios que favorecem o tra-
balhador. Na verdade, essa orientação revela-se de maneira 
inconfundível por meio da própria norma, demonstrando 
que a sociedade reconhece naquele que dispõe unicamente 
de sua força de trabalho, a parte mais fraca na relação.
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Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo 
consentimento e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao emprega-
do, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. (Artigo 468, “caput”, CLT).
Podemos desdobrar este princípio em outros três, como veremos a seguir.
Princípio da norma mais favorável – tal princípio informa ao operador do direito que se exis-
tirem duas ou mais normas aplicáveis ao caso concreto, dever-se-á aplicar aquela que melhor atenda 
aos interesses do trabalhador.
É tríplice a função desse princípio:
Princípio de elaboração de normas jurídicas – significa que, as leis devem dispor no sentido 
de aperfeiçoar o sistema, favorecendo o trabalhador.
Princípio de hierarquia entre as normas – significa que é necessário estabelecer uma ordem 
de hierarquia na aplicação destas. Ou seja, havendo duas ou mais normas, estatais ou não estatais, 
aplica-se a que mais beneficiar o empregado.
Função interpretativa – havendo obscuridade quanto ao significado das normas, prevalecerá 
a interpretação capaz de conduzir o resultado que melhor se identifique com o sentido social do Di-
reito do Trabalho.
Princípio da condição mais benéfica – esse princípio deve entender-se por direito adquirido, 
ou seja, vantagens já conquistadas não podem retroceder.
Esse princípio guarda as mesmas propriedades contidas no princípio da norma mais favorável, 
existindo a distinção no fato de que este princípio é aplicável no tocante às cláusulas do contrato, não 
englobando os dispositivos normativos de lei que regulam determinada situação relativa ao contrato 
de trabalho. Isso significa que, na mesma relação de emprego, uma vantagem já conquistada não 
deve ser reduzida.
Por exemplo: se um determinado trabalhador ingressa em uma empresa, onde há um instru-
mento normativo estipulando que o adicional a ser pago a título de horas extraordinárias é de 50% 
(cinquenta por cento), não será válida cláusula que estipule índice inferior, de modo que alcance, vali-
damente, aquele referido trabalhador.
Princípio da irrenunciabilidade dos Direitos Trabalhistas – esse princípio está inserido no 
Direito do Trabalho, em sua doutrina e em suas leis. O artigo 9º da CLT deixa implícito esse princípio ao 
dizer: “serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar 
a aplicação dos preceitos contidos na presente consolidação.” Só é permitida a alteração nas condi-
ções de trabalho com o consentimento do empregado e que não lhe acarretem prejuízos.
Esse princípio encontra-se bem delineado ainda no artigo 468, caput, da CLT, que assim dispõe: 
“Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo con-
sentimento, e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, 
sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.”
Perceba que a limitação imposta às partes tem o nítido propósito de oferecer proteção ao tra-
balhador, já que o conjunto de garantias mínimas e essenciais encontra-se assegurado pela lei; não 
será objeto de negociação para a concessão e, muito menos, com vistas à supressão ou redução.
Por exemplo: as anotações em CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social), referentes ao 
vínculo empregatício judicialmente reconhecido, não podem ser objeto de acordo, já que se trata de 
norma de ordem pública.
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De fato, se tal princípio não existisse, os direitos dos trabalhadores poderiam ser facilmente 
reduzidos, dada a sua situação econômica e social menos privilegiada, presente na grande maioria 
dos casos. Seria muito fácil para o empregador eximir-se de cumprir suas obrigações legais, pois, para 
tanto, bastaria obter um documento por meio do qual o trabalhador renunciasse a determinados 
direitos para não precisar satisfazê-los, fazendo com que o empregado, na grande maioria das vezes, 
pela necessidade do emprego, renunciasse aos seus direitos.
Princípio da imperatividade das normas trabalhistas
Informa esse princípio que deve haver prevalência das normas trabalhistas, 
não podendo as partes, em regra, as afastarem mediante declaração bilateral de 
vontades, caracterizando, assim, restrição à autonomia das partes no ajuste das condi-
ções contratuais trabalhistas.
Princípio da inalterabilidade contratual lesiva
Esse princípio é originário do Direito Civil, tendo sido inspirado 
no princípio geral desse ramo do direito denominado inalterabilida-
de dos contratos. Trata-se da expressão pacta sunt servanda (os pac-
tos devem ser cumpridos), de acordo com a qual os contratos devem 
ser rigorosamente observados e cumpridos, vez que fazem lei entre as partes.
O princípio da inalterabilidade contratual lesiva impede que ocorra qualquer tipo de mudança 
no contrato de trabalhoque possa resultar em lesão ou prejuízo para o trabalhador.
A tendência é que as condições de trabalho sejam cada vez mais objeto de livre negociação 
por parte de trabalhadores e empregadores, o que deverá 
ocorrer por meio do fortalecimento das entidades re-
presentativas dos trabalhadores (nesse sentido, a tão 
propalada reforma sindical) e da reforma na legisla-
ção trabalhista.
“As relações contratuais de trabalho po-
dem ser objeto de livre estipulação pelas partes 
interessadas em tudo quanto não contravenha às 
disposições de proteção ao trabalho, aos contratos 
coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autori-
dades competentes.” (Art. 444, da CLT).
Princípio da irredutibilidade salarial
Este princípio assegura a irredutibilidade salarial, revelando-se como espécie do gê-
nero da inalterabilidade contratual lesiva.
O conteúdo em si da proteção oferecida por tal princípio é garan-
tir ao trabalhador perceber a contraprestação a que faz jus por seu 
trabalho. De maneira estável, não sujeita às oscilações da econo-
mia e às instabilidades do mercado e, por extensão, assegurar 
a satisfação de um conjunto, ainda que eventualmente mínimo, 
de suas necessidades, entre as quais a alimentação.
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Exatamente por não ter qualquer possibilidade de auferir grandes vantagens de ordem econômi-
ca para si próprio, prerrogativa exclusiva do detentor dos meios de produção e/ou de capital, não pode o 
trabalhador participar dos riscos da atividade econômica, quer pela da redução direta do valor nominal 
de seu salário (e, ampliativamente, de sua remuneração); quer pela redução de jornada de trabalho, 
tarefa ou alteração de critério na apuração de valores de composição de sua remuneração.
Segundo o artigo 457 da CLT compreendem-se na remuneração do empregado para todos os efeitos 
legais, além do salário devido e pago pelo empregador, como contraprestação do serviço, tais como: 
as gorjetas, comissões, percentagens, gratificações ajustadas e abonos pagos pelo empregador.
Atente para o fato de que, como exceção à regra, há possibilidade de haver redução salarial: se 
decorrente de convenção ou acordo coletivo de trabalho.
Princípio da primazia da realidade
Na análise das questões relativas às relações de trabalho, deve-
se observar a realidade dos fatos em detrimento dos aspectos formais 
que eventualmente os atestem. Ou seja, o fato precede a forma.
No Direito do Trabalho, os fatos são mais importantes que os 
documentos, sendo assim, o que deve ser observado realmente são 
as condições que de fato demonstrem a existência do contrato de 
trabalho. São privilegiados, portanto, os fatos, a realidade, sobre 
a forma e a estrutura empregada.
Esse princípio é de grande relevância no Direito. Em vista 
de que a CLT admite a possibilidade de um contrato tácito, tendo 
esse o mesmo efeito dos demais nas relações de emprego.
Alguns aspectos que legitimam a imperatividade de tal princípio são: 
Durante a relação de trabalho, dada sua condição de subordinação e dependência, o trabalha-
dor não pode opor-se à formalização de alterações contratuais e práticas que, não raro, lhe são lesivas.
Exemplo é a proibição de anotação em cartão de ponto do horário efetivamente trabalhado.
É bastante comum verificar alterações nas condições de trabalho pactuadas (por meio de con-
trato escrito) ao longo do tempo, alterações estas que, salvo raras exceções, não são incorporadas 
formalmente ao contrato de trabalho.
Como iremos tratar mais à frente, os contratos de trabalho podem ser escritos ou verbais. Eviden-
temente que nos verbais o contrato só assume condição de efetiva existência com o decorrer do tempo, 
ditado pelas práticas estabelecidas entre os sujeitos da relação de trabalho.
Princípio da continuidade da relação de emprego
O objetivo do princípio da continuidade do vínculo emprega-
tício deve ser o de assegurar maior possibilidade de permanência do 
trabalhador em seu emprego. Entende-se que o contrato de trabalho 
terá validade por prazo indeterminado, ou seja, haverá continuidade na 
relação de emprego. Com exceção dos contratos por prazo determinado, 
Contrato Tácito: 
é quando não 
há documento 
que prove a 
vinculação 
entre as partes 
(empregado e 
empregador).
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inclusive o contrato de trabalho temporário. A proibição de sucessivas prorrogações dos contratos a 
prazo e a adoção do critério da despersonalização do empregador visam à manutenção do contrato 
nos casos de substituição do empregador.
O fundamento do princípio da continuidade da relação de emprego é a natureza alimentar 
do salário, já que o trabalhador é subordinado jurídica e economicamente ao empregador e, do seu 
trabalho, retira o seu sustento.
“o ônus de provar o término do contrato 
de trabalho, quando negados a prestação 
de serviço e o despedimento, é do empre-
gador, pois o princípio da continuidade da 
relação de emprego constitui presunção fa-
vorável ao empregado”.
1.3 Fontes do Direito do Trabalho
Em acepção geral o verbete “fonte”, entre outras defini-
ções, pode ser entendido como procedência, proveniência, 
origem, daí por que, ao tratar das fontes do Direito do Tra-
balho, estaremos falando da origem das normas trabalhistas.
As fontes do Direito do Trabalho podem ser divididas 
em fontes materiais e formais.
Fontes materiais
As fontes materiais não criam o direito subjetivo em si, mas dão origem às fontes formais. São os 
fatos sociais, os movimentos sindicais, as revoluções que acarretaram a criação de uma determinada 
norma, ou seja, a criação das fontes formais.
As fontes materiais são fatores reais que influenciam na criação das normas trabalhistas.
Podemos dizer que, entre outros, são os fatores econômicos, sociológicos, políticos e filosófi-
cos destacadamente que acabam por determinar o surgimento, o conteúdo, a orientação 
e o movimento das normas jurídicas. Para ilustrar o caso brasileiro, o colapso 
do sistema escravocrata determina o estabelecimento de outros critérios e 
condições nas relações de trabalho, definindo novos parâmetros e encon-
trando novas necessidades de regramento: surgem então as primeiras 
normas trabalhistas.
As leis, editadas sempre com vistas ao coletivo, são geradas pela ne-
cessidade social em um determinado momento histórico. As normas são 
sempre contemporâneas ao tempo de sua edição.
Outros exemplos de fontes materiais são: necessidade de proteção-
tutelar; fato social de organização das profissões e fato social da colaboração.
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Fontes formais
São as fontes derivadas da vontade do Estado (heterônomas) e as provenientes da vontade dos 
próprios agentes sociais (autônomas).
Heterônomas – não há participação direta dos destinatários da norma. São editadas por um 
terceiros. As principais fontes formais heterônomas são:
Constituição Federal – dita os princípios básicos e os direitos fundamentais do trabalho;
Leis – normas emanadas do Poder Legislativo para regular condutas e impor sanções;
Decretos Executivos – normas regulamentadoras de leis expedidas pelo presidente da República; 
Portarias – editadas pelo Ministério do Trabalho, expedindo instruções práticas sobre aplica-
ção de determinado direito (resoluções, instruções normativas e normas de serviço);
Sentenças normativas – são editadas pelo judiciário trabalhista ao julgar dissídio coletivo de 
determinada categoria econômica;
Tratados internacionais – são as convenções e recomendações da OIT (Organização Interna-
cional do Trabalho);
Doutrina – é o posicionamento dos juristas especializados emdeterminado ramo do direito. 
Cabe destacar que alguns doutrinadores entendem que ela não é fonte de direito;
Regulamento da empresa – fixa condições de trabalho;
Costume – aplicação reiterada de determinada regra social. O uso deve ser uniforme, contí-
nuo e geral; 
Contrato de trabalho – estipula direitos e deveres do empregado e do empregador.
Autônomas – são aquelas fontes criadas pelas próprias partes interessadas. Ou seja, são edita-
das pelos próprios destinatários da norma.
As fontes formais autônomas são:
Acordos coletivos do trabalho – são ajustes sobre condições de trabalho celebrados entre a 
empresa ou grupo de empresas e determinado sindicato de categoria profissional;
Convenções coletivas – acordo de caráter normativo sobre condições de trabalho celebrado 
entre sindicatos (obreiro e patronal), quer dizer, entre os sindicatos de empregados e empregadores.
Além das fontes do Direito do Trabalho propriamente ditas, há outros institutos que podem 
orientar a resolução de controvérsias trabalhistas.
As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contra-
tuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios 
e normas gerais de direito, principalmente de Direito do Trabalho e, ainda, de acordo com os usos e 
costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular 
prevaleça sobre o interesse público.
Parágrafo único: O direito comum será 
fonte subsidiária do Direito do Trabalho naquilo 
em que não for incompatível com os princípios 
fundamentais deste. (Art. 8º, § único, da CLT).
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Parabéns, 
você fina-
lizou esta 
lição!
Agora 
responda 
às questões 
ao lado.
1.4 Para finalizar o módulo
Chegamos ao final da nossa primeira lição, vimos aqui o conceito do Direito do Trabalho e 
sua natureza. Aprendemos que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é o principal estatuto do 
Direito do Trabalho.
Estudamos ainda os princípios gerais e específicos do Direito do Trabalho e as suas fontes, que 
podem ser materiais e formais.
Esses conceitos são importantes, pois a partir deles estudaremos as leis aplicadas nas relações 
de emprego e, consequentemente, constantes na CLT.
Exercícios
Questão 01 – Qual o conceito de Direito do Trabalho?
a) É um ramo do direito que lida com conflitos de consumo e com a defesa dos direitos 
dos consumidores. 
b) É um ramo do direito privado que pode ser entendido como o conjunto de normas 
disciplinadoras da atividade do negócio do empresário.
c) É o ramo do direito público dedicado às normas emanadas pelo Poder Legislativo 
para reprimir os delitos, cominando penas com a finalidade de preservar a sociedade.
d) É ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas, as instituições jurídicas e 
os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado.
Questão 02 – Qual a natureza do Direito do Trabalho?
a) Direito público e privado.
b) Direito comum e específico.
c) Direito social e econômico.
d) Direito unitário e coletivo.
Questão 03 – Referente ao princípio da proteção no Direito do Trabalho, NÃO é cor-
reto afirmar que:
a) só é lícita a alteração nos contratos individuais de trabalho com consentimentos 
mútuos, do empregado e empregador;
b) este princípio protege o empregado, por ser considerado mais fraco;
c) este princípio visa diminuir a igualdade entre empregado e empregador;
d) as alterações nos contratos individuais de trabalho não podem resultar em prejuí-
zos ao empregado.
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Questão 04 – Referente ao princípio da norma mais favorável no Direito do Trabalho, 
é correto afirmar que:
a) caso existam duas ou mais normas aplicáveis ao caso concreto, dever-se-á aplicar 
aquela que melhor atenda aos interesses do empregador;
b) diz respeito somente às cláusulas contidas no contrato de trabalho;
c) é necessário estabelecer uma ordem de hierarquia na aplicação das normas;
d) esse princípio tem função tríplice, entre elas a função de alterar a norma conforme a 
necessidade do empregado e empregador.
Questão 05 – Qual dos itens abaixo NÃO é considerado um princípio no direito do trabalho?
a) Princípio da imperatividade do contrato de trabalho. 
b) Princípio da continuidade da relação de emprego.
c) Princípio da irredutibilidade s alarial. 
d) Princípio da primazia da realidade.
Questão 06 – Qual dos itens abaixo NÃO é considerado um princípio no direito do trabalho?
a) Princípio da imperatividade do contrato de trabalho. 
b) Princípio da continuidade da relação de emprego.
c) Princípio da irredutibilidade salarial. 
d) Princípio da primazia da realidade.
Questão 07 – Qual dos itens abaixo NÃO é considerado um princípio geral do direito?
a) Princípio da boa-fé.
b) Princípio da autodefesa.
c) Princípio do enriquecimento sem causa.
d) Princípio da honra.
Questão 08 – Como podemos dividir as fontes do direito do trabalho?
a) Fontes lineares e não lineares. 
b) Fontes materiais e formais.
c) Fontes primárias e secundárias.
d) Fontes judiciais e extrajudiciais.
16 NT Editora SUMÁRIO
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Questão 09 – Qual dos itens abaixo NÃO é considerado uma fonte material do direito 
do trabalho?
a) Necessidade de proteção tutelar.
b) Publicação de novas leis trabalhistas.
c) Fato social de organização das profissões.
d) Fato social da colaboração.
Questão 10 – Qual dos itens abaixo é exemplo de fontes formais autônomas do di-
reito do trabalho?
a) Constituição Federal. 
b) Convenção Coletiva.
c) Tratados Internacionais.
d) Regulamento da Empresa.

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