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Juiz Federal - Temas Especiais - Distinções Jurisprudenciais Na Incidência

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1Curso	Ênfase	©	2021
TEMAS	ESPECIAIS	PARA	JUIZ	FEDERAL
DIREITO	AMBIENTAL
Distinções	jurisprudenciais	na	incidência	das
responsabilidades	civil,	administrativa	e	penal	ambiental
e	repercussões	na	Justiça	Federal
1.	Introdução
O	Poder	 Judiciário	exerce	papel	essencial	na	 tutela	do	meio	ambiente	equilibrado,	na
medida	 em	 que	 a	 ele	 cabe	 a	 última	 palavra	 nos	 mais	 variados	 casos	 envolvendo
responsabilidade	 civil	 por	 danos	 ambientais,	 sanções	 administrativas,	 persecução
criminal,	 gestão	 de	 áreas	 especialmente	 protegidas,	 questões	 envolvendo
licenciamentos	ambientais	para	atividades	potencialmente	causadoras	de	significativos
desequilíbrios	ambientais	etc.
Casos	célebres	têm	um	desfecho	junto	ao	Supremo	Tribunal	Federal	(STF),	a	exemplo
da	proibição	de	produção	de	amianto	no	Brasil,	a	mitigação	do	princípio	da	precaução	e
os	 campos	 eletromagnéticos,	 evolução	 jurisprudencial	 afastando	 a	 necessidade	 de
dupla	imputação	em	crimes	ambientais,	dentre	outros.
Além	disso,	 hodiernamente	os	 juízes	de	primeiro	grau	e	 tribunais,	 tanto	 os	 estaduais
quanto	 os	 federais,	 se	 deparam	 com	 ações	 civis	 públicas,	 cujo	 objeto	 envolve,	 como
pano	de	fundo,	a	tutela	do	meio	ambiente	equilibrado.
2.	Atuação	do	Poder	Judiciário	na	tutela	do	meio	ambiente	–
linhas	gerais
2Curso	Ênfase	©	2021
O	processo	–	enquanto	instrumento,	meio	para	se	buscar	uma	finalidade	específica	–	é
uma	importante	ferramenta	na	tutela	do	meio	ambiente.
Nesse	passo,	o	Poder	Judiciário	atua	em	diversas	frentes,	tutelando	o	aspecto	civil	do
dano	 ambiental,	 o	 aspecto	 criminal	 de	 condutas	 a	 ele	 lesivas,	 além	 das	 ações	 cíveis
tendentes	à	reparação	dos	danos.
Além	 disso,	 há	 a	 intervenção	 judicial	 em	 políticas	 públicas,	 zoneamento	 urbano,	 a
exemplo	da	ADPF	(Ação	de	Descumprimento	de	Preceito	Fundamental)	nº	45,	na	qual	o
STF	 explicitou	 que	 razões	 de	 puro	 pragmatismo	 governamental	 não	 podem	 levar	 à
nulificação	de	direitos	fundamentais.
Em	linhas	gerais,	o	STF	entendeu	que	o	Poder	Judiciário	não	pode	governar,	não	pode
substituir	o	administrador.	Mas,	de	outra	banda,	cabe	a	ele	impedir	o	desgoverno,	fazer
com	que	 as	 normas	 constitucionais	 tenham	uma	 efetividade,	 especialmente	 porque	 o
art.	 225	da	Constituição	Federal	 de	 1988	 (CF/1988)	 veicula	 direitos	 fundamentais	 de
terceira	geração.
Em	sede	de	medida	cautelar,	o	Ministro	Celso	de	Mello	explicitou	o	espectro	de	atuação
do	Poder	Judiciário	em	relação	às	políticas	públicas.	Veja	a	ementa:
ARGÜIÇÃO	DE	DESCUMPRIMENTO	DE	PRECEITO	FUNDAMENTAL.	A	QUESTÃO	DA
LEGITIMIDADE	CONSTITUCIONAL	DO	CONTROLE	E	DA	INTERVENÇÃO	DO	PODER
JUDICIÁRIO	 EM	 TEMA	 DE	 IMPLEMENTAÇÃO	 DE	 POLÍTICAS	 PÚBLICAS,	 QUANDO
CONFIGURADA	 HIPÓTESE	 DE	 ABUSIVIDADE	 GOVERNAMENTAL.	 DIMENSÃO
POLÍTICA	DA	JURISDIÇÃO	CONSTITUCIONAL	ATRIBUÍDA	AO	SUPREMO	TRIBUNAL
FEDERAL.	INOPONIBILIDADE	DO	ARBÍTRIO	ESTATAL	À	EFETIVAÇÃO	DOS	DIREITOS
SOCIAIS,	 ECONÔMICOS	 E	 CULTURAIS.	 CARÁTER	 RELATIVO	 DA	 LIBERDADE	 DE
CONFORMAÇÃO	DO	LEGISLADOR.	CONSIDERAÇÕES	EM	TORNO	DA	CLÁUSULA	DA
“RESERVA	 DO	 POSSÍVEL”.	 NECESSIDADE	 DE	 PRESERVAÇÃO,	 EM	 FAVOR	 DOS
INDIVÍDUOS,	 DA	 INTEGRIDADE	 E	 DA	 INTANGIBILIDADE	 DO	 NÚCLEO
CONSUBSTANCIADOR	DO	 “MÍNIMO	EXISTENCIAL”.	 VIABILIDADE	 INSTRUMENTAL
DA	 ARGÜIÇÃO	 DE	 DESCUMPRIMENTO	 NO	 PROCESSO	 DE	 CONCRETIZAÇÃO	 DAS
LIBERDADES	 POSITIVAS	 (DIREITOS	 CONSTITUCIONAIS	 DE	 SEGUNDA	 GERAÇÃO)
(ADPF	nº	45	MC/DF,	rel.	Min.	CELSO	DE	MELLO).
Esse	raciocínio	de	que	o	Poder	Judiciário	não	pode	substituir	o	administrador	público,
mas,	lado	outro,	tem	o	dever	de	imprimir	efetividade	aos	direitos	fundamentais,	dentre
eles	 a	 higidez	 do	 meio	 ambiente,	 aplicar-se-á	 à	 inúmeras	 ações	 civis	 públicas
3Curso	Ênfase	©	2021
ambientais,	 devendo	 o	 julgador	 cuidar	 para	 que	 não	 tenha	 uma	 atitude	 demasiado
defensiva,	autocontida,	nem	demasiado	intervencionista,	buscando	o	equilíbrio.
3.	Competência	da	Justiça	Federal
Embora	a	Justiça	Federal	seja	considerada	um	ramo	comum	do	Poder	Judiciário,	ao	lado
das	 Justiças	 Estaduais,	 isso	 em	 contraponto	 às	 chamadas	 Justiças	 Especializadas
(Militar,	do	Trabalho,	Eleitoral,	e	há	quem	refira	à	Justiça	Desportiva),	sua	competência
está	inserida	de	forma	ampla	na	própria	Constituição	Federal	de	1988,	especialmente,
no	art.	109.
Em	 relação	 à	 responsabilidade	 ambiental,	 seja	 ela	 cível,	 administrativa	 ou	 penal,	 em
regra,	será	de	competência	da	Justiça	dos	Estados.
As	competências	cível	e	administrativa	federais	firmar-se-ão,	excepcionalmente,	quando
atingidos	 bens,	 serviços	 ou	 representar	 interesse	 da	 União,	 ou	 de	 suas	 entidades
autárquicas,	a	exemplo	do	IBAMA.
São	bens	da	União,	nos	termos	como	delineados	no	art.	20	da	CF/1988:
Art.	20.	São	bens	da	União:
I	–	os	que	atualmente	lhe	pertencem	e	os	que	lhe	vierem	a	ser	atribuídos;
II	 –	 as	 terras	 devolutas	 indispensáveis	 à	 defesa	 das	 fronteiras,	 das	 fortificações	 e
construções	 militares,	 das	 vias	 federais	 de	 comunicação	 e	 à	 preservação	 ambiental,
definidas	em	lei;
III	–	os	lagos,	rios	e	quaisquer	correntes	de	água	em	terrenos	de	seu	domínio,	ou	que
banhem	mais	 de	 um	Estado,	 sirvam	 de	 limites	 com	 outros	 países,	 ou	 se	 estendam	 a
território	estrangeiro	ou	dele	provenham,	bem	como	os	terrenos	marginais	e	as	praias
fluviais;
IV	 –	 as	 ilhas	 fluviais	 e	 lacustres	 nas	 zonas	 limítrofes	 com	 outros	 países;	 as	 praias
marítimas;	as	ilhas	oceânicas	e	as	costeiras,	excluídas,	destas,	as	que	contenham	a	sede
de	Municípios,	exceto	aquelas	áreas	afetadas	ao	serviço	público	e	a	unidade	ambiental
federal,	e	as	referidas	no	art.	26,	II;	(Redação	dada	pela	Emenda	Constitucional	nº	46,
4Curso	Ênfase	©	2021
de	2005.)
V	–	os	recursos	naturais	da	plataforma	continental	e	da	zona	econômica	exclusiva;
VI	–	o	mar	territorial;
VII	–	os	terrenos	de	marinha	e	seus	acrescidos;
VIII	–	os	potenciais	de	energia	hidráulica;
IX	–	os	recursos	minerais,	inclusive	os	do	subsolo;
X	–	as	cavidades	naturais	subterrâneas	e	os	sítios	arqueológicos	e	pré-históricos;
XI	–	as	terras	tradicionalmente	ocupadas	pelos	índios.
Por	 força	 do	 inciso	 IV	 do	 referido	 art.	 109,	 danos	 ambientais,	 envolvendo	 áreas
consideradas	 como	 bens	 da	 União,	 tramitarão	 perante	 o	 juízo	 federal	 competente,
manejadas	 pelo	Ministério	 Público	 Federal,	 em	 sua	maioria,	 a	 exemplo	 de	 uma	 ação
civil	 pública	 tendente	 à	 reparação,	 à	 indenização	 e	 ao	 pagamento	 de	 danos	 morais
coletivos	 por	 construção	 irregular	 em	 área	 de	 preservação	 permanente	 localizada	 às
margens	 de	 rio	 que	 represente	 limite	 divisório	 entre	 estados,	 como	 é	 o	 caso	 do	 Rio
Paranapanema	(limite	entre	os	estados	do	Paraná	e	São	Paulo).
Além	do	inciso	IV,	poderá	ser	embasada	a	ação	de	responsabilidade	ambiental	no	inciso
I,	 por	 representar	 interesse	 da	 União,	 como	 nos	 casos	 de	 multas	 impostas	 por
autarquias	 federais,	 a	 exemplo	 do	 IBAMA,	 ou	 mesmo	 o	 interesse	 na	 preservação
ambiental	de	áreas	pertencentes	à	União.
Para	 além	 disso,	 não	 raras	 vezes,	 disputas	 de	 direitos	 indígenas	 envolvem	 danos
ambientais,	atraindo	a	competência	federal,	por	força	do	inciso	XI	do	art.	109.
Art.	109	Aos	juízes	federais	compete	processar	e	julgar:
I	–	as	causas	em	que	a	União,	entidade	autárquica	ou	empresa	pública	federal
forem	 interessadas	 na	 condição	 de	 autoras,	 rés,	 assistentes	 ou	 oponentes,
exceto	 as	 de	 falência,	 as	 de	 acidentes	 de	 trabalho	 e	 as	 sujeitas	 à	 Justiça
Eleitoral	e	à	Justiça	do	Trabalho;
5Curso	Ênfase	©	2021
II	 –	 as	 causas	 entre	 Estado	 estrangeiro	 ou	 organismo	 internacional	 e	 Município	 ou
pessoa	domiciliada	ou	residente	no	País;
III	 –	as	causas	 fundadas	em	tratado	ou	contrato	da	União	com	Estado	estrangeiro	ou
organismo	internacional;
IV	 –	 os	 crimes	 políticos	 e	 as	 infrações	 penais	 praticadas	 em	 detrimento	 de
bens,	 serviços	 ou	 interesse	 da	 União	 ou	 de	 suas	 entidades	 autárquicas	 ou
empresas	públicas,	excluídasas	contravenções	e	ressalvada	a	competência	da
Justiça	Militar	e	da	Justiça	Eleitoral;
V	 –	 os	 crimes	 previstos	 em	 tratado	 ou	 convenção	 internacional,	 quando,	 iniciada	 a
execução	 no	 País,	 o	 resultado	 tenha	 ou	 devesse	 ter	 ocorrido	 no	 estrangeiro,	 ou
reciprocamente;
V-A	 –	 as	 causas	 relativas	 a	 direitos	 humanos	 a	 que	 se	 refere	 o	 §	 5º	 deste	 artigo;
(Incluído	pela	Emenda	Constitucional	nº	45,	de	2004.);
VI	 –	 os	 crimes	 contra	 a	 organização	 do	 trabalho	 e,	 nos	 casos	 determinados	 por	 lei,
contra	o	sistema	financeiro	e	a	ordem	econômico-financeira;
VII	 –	 os	 habeas	 corpus,	 em	 matéria	 criminal	 de	 sua	 competência	 ou	 quando	 o
constrangimento	provier	de	autoridade	cujos	atos	não	estejam	diretamente	 sujeitos	a
outra	jurisdição;
VIII	 –	 os	mandados	de	 segurança	e	os	habeas	data	 contra	 ato	 de	 autoridade	 federal,
excetuados	os	casos	de	competência	dos	tribunais	federais;
IX	–	os	crimes	cometidos	a	bordo	de	navios	ou	aeronaves,	ressalvada	a	competência	da
Justiça	Militar;
X	–	os	crimes	de	ingresso	ou	permanência	irregular	de	estrangeiro,	a	execução	de	carta
rogatória,	 após	 o	 “exequatur”,	 e	 de	 sentença	 estrangeira,	 após	 a	 homologação,	 as
causas	referentes	à	nacionalidade,	inclusive	a	respectiva	opção,	e	à	naturalização;
XI	–	a	disputa	sobre	direitos	indígenas.	(Grifos	nossos.)
No	 que	 toca	 à	 competência	 criminal,	 restou	 estabelecido	 pelo	 Supremo	 Tribunal
Federal	 a	 competência	 da	 Justiça	 Federal	 para	 o	 processamento	 e	 julgamento	 dos
6Curso	Ênfase	©	2021
crimes	contra	o	meio	ambiente,	após	a	Lei	nº	9.605/1998,	somente	em	havendo	lesão	a
bens,	serviços	ou	interesses	da	União,	a	exemplo	de	condutas	realizadas	no	interior	de
unidades	de	conservação	criadas	e	administradas	pela	União.
Foi	 o	 quanto	 decidido	 no	 Recurso	 Extraordinário	 nº	 354.863,	 decisão	 do	 Ministro
Sepúlveda	Pertence,	publicada	em	26.05.2003:
DESPACHO:	 Insurge-se	o	RE	do	Ministério	Público	Federal	contra	acórdão	do	TRF/1ª
Região,	que	concluiu	pela	incompetência	da	Justiça	Federal	para	o	julgamento	do	feito
envolvendo	 crime	 ambiental	 (L.	 9.605/88,	 art.	 39),	 assim	 ementado:	 PROCESSUAL
PENAL.	 CRIME	 AMBIENTAL	 (LEI	 Nº	 9.605/98).	 MADEIRA.	 CORTE,	 AUSÊNCIA	 DE
AUTORIZAÇÃO.	 UNIÃO	 FEDERAL.	 BENS,	 SERVIÇOS	 E	 INTERESSES.	 LESÃO.
AUSÊNCIA	 DE	 COMPROVAÇÃO.	 JUSTIÇA	 ESTADUAL.	 COMPETÊNCIA.	 1.	 É
competência	 comum	 da	 União,	 dos	 Estados,	 do	 Distrito	 Federal	 e	 dos	 Municípios,
proteger	o	meio	ambiente	e	combater	a	poluição	em	qualquer	de	 suas	 formas	e	bem
assim	 preservar	 as	 florestas,	 a	 fauna	 e	 a	 flora	 (art.	 23,	 IV	 e	 VII,	 CF/88).	 2.	 A
competência	para	o	processo	e	julgamento	dos	crimes	contra	o	meio	ambiente,	após	a
edição	 da	 Lei	 nº	 9.605/98,	 somente	 será	 da	 Justiça	 Federal	 se	 houver	 lesão	 a	 bens,
serviços	 ou	 interesses	 da	 União,	 ou	 seja,	 por	 exemplo,	 praticados	 no	 interior	 de
Unidades	 de	 Conservação	 criadas	 e	 administradas	 pelo	 Poder	 Público	 Federal
(Reservas	 Biológicas,	 Reservas	 Ecológicas,	 Estações	 Ecológicas,	 Parques	 Nacionais,
Florestas	 Nacionais,	 Áreas	 de	 Proteção	 Ambiental,	 Áreas	 de	 Relevante	 Interesse
Ecológico	e	Reservas	Extrativistas).	3.	É	competente	a	Justiça	Estadual	para	processar
e	 julgar	os	crimes	praticados	contra	a	 flora,	quando	não	demonstrada	a	 lesão	a	bens,
serviços	 ou	 interesses	 da	 União.	 4.	 Precedentes	 do	 STJ.	 Inaplicabilidade	 da	 Súmula
91/STJ.	5.	Recurso	improvido.	“Segundo	o	voto	condutor”	é	certo	que	a	Lei	nº	9.605/98
nada	dispôs	acerca	da	competência	para	processar	e	julgar	os	crimes	praticados	contra
o	meio	ambiente	e,	bem	assim,	também	é	certo	que	o	artigo	23	da	Constituição	Federal
estabelece	que	é	competência	comum	da	União,	dos	Estados,	do	Distrito	Federal	e	dos
Municípios:	 “proteger	 o	 meio	 ambiente	 e	 combater	 a	 poluição	 em	 qualquer	 de	 suas
formas”	 (inciso	VI),	e,	ainda,	“preservar	as	 florestas,	a	 fauna	e	a	 flora”	 (inciso	VII)	e,
“como	 a	 competência	 da	 Justiça	 Federal	 está	 expressamente	 prevista	 no	 art.	 109	 da
Constituição	 Federal,	 tanto	 a	 doutrina,	 como	 a	 jurisprudência	 firmada	 no	 âmbito	 do
colendo	 Superior	 Tribunal	 de	 Justiça	 sufragam	 o	 entendimento	 segundo	 o	 qual,
inexistindo	 qualquer	 lesão	 a	 bens,	 serviços	 ou	 interesses	 da	 União,	 em	 regra,
competente	é	a	justiça	Estadual	para	o	processo	e	julgamento	dos	delitos	contra	o	meio
ambiente,	 aí	 compreendidos	 os	 crimes	 contra	 a	 fauna	 e	 a	 flora.”	 No	 RE,	 alega	 o
recorrente,	em	suma,	que	a	decisão	recorrida	nega	vigência	aos	artigos	23,	VI	e	VII	e
109,	 da	 Constituição	 Federal,	 “porque	 o	 corte	 de	 árvores	 em	 área	 considerada	 de
7Curso	Ênfase	©	2021
preservação	ambiental	permanente	que	 resultou	na	atuação	de	 fiscalização	por	parte
do	IBAMA	–	autarquia	federal	responsável	por	intervir	na	exploração	florestal,	onde	se
insere	 a	 exploração	 de	 madeira	 realizada	 no	 caso	 (art.	 19	 do	 Código	 Florestal	 com
redação	 da	 Lei	 7.803/89)	 –	 é	 matéria	 de	 interesse	 da	 União	 e	 constitui,
necessariamente,	infração	praticada	em	detrimento	de	serviços	de	entidade	autárquica
federal.”	 Quanto	 ao	 art.	 109,	 IV,	 argumenta	 que	 o	 mesmo	 “não	 dispõe	 atrair	 a
competência	da	justiça	federal	apenas	a	lesão	exclusiva	a	bens,	serviços	ou	interesses
da	União	ou	de	suas	entidades	autárquicas.	O	que	é	fundamental	é	que	a	lesão	ocorra,
ainda	que,	concorrentemente,	outros	entes	ou	entidades	venham	a	ser	eventualmente
afetados	 em	 seus	 bens,	 serviços	 e	 interesses.”	 Aduz,	 ainda,	 que	 “o	 dispositivo	 não
restringe	 a	 competência	 da	 justiça	 federal	 à	 lesão	 que	 alcance,	 necessariamente,	 os
três	aspectos:	bem,	serviço,	interesse.	A	disjuntiva	ou	sinaliza	no	sentido	de	que	a	lesão
a	qualquer	desses	aspectos	atrai	a	competência	da	 justiça	 federal”.	Salienta,	por	 fim,
que	“a	hipótese	dos	autos	revela,	concretamente,	tratar-se	de	bem	cuja	tutela	também
compete	à	União,	sendo	inquestionável	o	seu	interesse	em	resguardá-lo	de	ações	que	o
comprometam,	 tanto	 que	 disponibilizado	 serviço	 para	 tal	 fim	 por	 meio	 do	 IBAMA,
entidade	 autárquica	 federal,	 a	 qual	 cabia	 a	 expedição	 da	 ATPF	 –	 Autorização	 de
Transporte	de	Produto	Florestal	(art.	1º,	§	1º,	da	Portaria	IBAMA	44/93),	sendo	que	a
ausência	da	mesma	ensejou,	por	parte	desta	autarquia,	a	lavratura	do	auto	de	infração
(fls.	 36),	 a	 apreensão	da	madeira	 (fls.	 37)	 e	 a	 investigação	 subsequente	 (fls.	 38/43).”
Não	 tem	razão	o	 recorrente.	Ao	afastar	a	 competência	da	 Justiça	Federal,	no	caso,	o
acórdão	recorrido	decidiu	em	consonância	com	a	orientação	que	vem	se	firmando	em
ambas	 as	 Turmas	 do	 Supremo	 Tribunal	 Federal,	 adotada	 entre	 outros,	 nos	 REs
166.943,	 1ª	 T,	 03.03.1995,	 Moreira,	 DJ	 04.08.1995;	 RE	 300.244,	 1ª	 T,	 20.11.2001,
Moreira,	DJ	19.12.2001,	aos	quais	se	reportou	a	decisão	recentemente	proferida	no	HC
nº	 81.916,	 2ª	 T,	 17.09.2002,	 Gilmar	Mendes,	 DJ	 11.10.2002,	 sintetizada	 na	 seguinte
ementa:	“EMENTA:	(1)	Habeas	Corpus.	Crime	previsto	no	art.	46,	parágrafo	único,	da
Lei	nº	9.605,	de	1998	(Lei	de	Crimes	Ambientais).	Competência	da	Justiça	Comum	(2)
Denúncia	oferecida	pelo	Ministério	Público	Federal	perante	a	Justiça	Federal	com	base
em	 auto	 de	 infração	 expedido	 pelo	 IBAMA.	 (3)	 A	 atividade	 de	 fiscalização	 ambiental
exercida	pelo	IBAMA,	ainda	que	relativa	ao	cumprimento	do	art.	46	da	Lei	de	Crimes
Ambientais,	configura	interesse	genérico,	mediato	ou	indireto	da	União,	para	os	fins	do
art.	109,	IV,	da	Constituição.	(4)	A	presença	de	interesse	direto	e	específico	da	União,
de	suas	entidades	autárquicas	e	empresas	públicas	–	o	que	não	se	verifica,	no	caso	–,
constitui	pressuposto	para	que	ocorra	a	competência	da	Justiça	Federal	prevista	no	art.
109,	 IV,	 da	 Constituição.	 (5)	 Habeas	 Corpus	 conhecido	 e	 provido.”	 Na	 linha	 dos
precedentes	e	com	fundamento	no	art.	557,	do	C.	Pr.	Civil,	nego	seguimento	ao	recurso
extraordinário.	Brasília,14	de	maio	de	2003.	Ministro	Sepúlveda	Pertence	–	Relator	(RE
nº	 354.863,	 rel.	 Min.	 Sepúlveda	 Pertence,	 julgado	 em	 14.05.2003,	 publicado	 em	 DJ
26.05.2003,	PP-00106).
8Curso	Ênfase	©	2021
Analisando	as	hipóteses	elencadas	no	art.	109,	podemos	estabelecer	os	casos
que	poderão	desafiar	a	competência	criminal	da	Justiça	Federal:
1)	crime	ambiental	que	atente	contra	bens,	interesses	ou	serviços	da	União	ou	de	suas
entidades	 autárquicas	 (autarquias,	 fundações	 públicas	 e	 empresas	 públicas),	 forte	 no
inciso	I;
2)	crime	ambiental	 transnacional	previsto	em	 tratado	ou	convenção	 internacionais	de
que	o	Brasil	faça	parte,	forte	no	inciso	V;
3)	crime	ambiental	que	viole	direitos	humanos,	forte	no	inciso	V-A;
4)	crime	ambiental	cometido	a	bordo	de	navios	ou	aeronaves,	forte	no	inciso	IX;
5)	 crime	ambiental	 contra	a	organização	do	 trabalho,	 forte	no	 inciso	VI,	porquanto	o
meio	ambiente	do	trabalho	faz	parte	do	meio	ambiente	como	um	todo	considerado;
6)	 crime	 ambiental	 conexo	 ou	 que	 tenha	 continência	 em	 relação	 a	 outro	 crime	 de
competência	federal,	 forte	no	Enunciado	Sumular	nº	122	do	STJ	–	“Compete	à	Justiça
Federal	o	processo	e	julgamento	unificado	dos	crimes	conexos	de	competência	federal	e
estadual,	não	se	aplicando	a	regra	do	art.	78,	II,	a,	do	Código	de	Processo	Penal”.
A	 Justiça	Federal	 não	 julgará	 contravenções	 penais,	 nos	 termos	 do	 art.
109,	IV,	parte	final	–	“os	crimes	políticos	e	as	infrações	penais	praticadas
em	 detrimento	 de	 bens,	 serviços	 ou	 interesse	 da	 União	 ou	 de	 suas
entidades	autárquicas	ou	empresas	públicas,	excluídas	as	contravenções
e	 ressalvada	 a	 competência	 da	 Justiça	 Militar	 e	 da	 Justiça	 Eleitoral;
(...)”–.	Mas,	de	todo	modo,	em	sendo	uma	contravenção	praticada	por	um
juiz	 federal,	 competirá	 o	 seu	 processo	 e	 julgamento	 pelo	 respectivo
Tribunal	Regional	Federal,	por	força	do	foro	por	prerrogativa	de	função
previsto	no	art.	108,	I,	“a”,	da	CF/1988.
Alguns	casos	especiais	merecem	expressa	menção,	vejamos:
Atenção!
9Curso	Ênfase	©	2021
3.1.	Crimes	contra	a	fauna
Os	 crimes	 contra	 a	 fauna	 nem	 sempre	 serão	 de	 competência	 federal,	 restando
cancelada	a	Súmula	nº	91	do	STJ	que	estabelecia	a	competência	federal	como	regra	em
relação	a	tais	crimes.
Mas	 se	 atente	 à	 recente	 decisão	 do	 STF	 no	 RE	 nº	 835.558/SP,	 rel.	 Min.	 Luiz	 Fux,
julgado	 em	 repercussão	 geral	 no	 ano	 de	 2017.	 Restou	 estabelecida	 a	 seguinte	 tese:
“Compete	 à	 Justiça	 Federal	 processar	 e	 julgar	 o	 crime	 ambiental	 de	 caráter
transnacional	 que	 envolva	 animais	 silvestres,	 ameaçados	 de	 extinção	 e	 espécimes
exóticas	ou	protegidas	por	compromissos	internacionais	assumidos	pelo	Brasil”.
3.2.	Crime	em	rio	interestadual
Será	de	competência	federal	somente	se	causar	reflexos	de	monta	regional	ou	nacional,
segundo	decidido	pelo	STJ	no	Conflito	de	Competência	nº	145.420/RJ,	 julgado	pela	3ª
Seção,	Ministro	Relator	Celso	Limongi,	julgamento	em	2010.
CONFLITO	POSITIVO	DE	COMPETÊNCIA.	JUSTIÇA	FEDERAL	X	JUSTIÇA	ESTADUAL.
INQUÉRITO	 POLICIAL	 E	 AÇÃO	 PENAL	 EM	 TRÂMITE,	 CONCOMITANTEMENTE.
DERRAMAMENTO	DE	30	MIL	LITROS	DE	ÓLEO	NO	RIO	NEGRO	 –	ART.	 54	DA	LEI
9.605/1998.	 PREJUÍZO	 CAPAZ	 DE	 AFETAR	 GRANDE	 EXTENSÃO	 DE	 RIO
INTERESTADUAL,	BEM	DA	UNIÃO	(ART.	20,	III,	CF/88).	COMPETÊNCIA	DA	JUSTIÇA
FEDERAL.	 1.	 A	 preservação	 do	meio	 ambiente	 é	matéria	 de	 competência	 comum	da
União,	dos	Estados,	do	Distrito	Federal	e	dos	Municípios,	nos	termos	do	art.	23,	incisos
VI	e	VII,	da	Constituição	Federal.	2.	A	competência	do	foro	criminal	federal	não	advém
apenas	do	 interesse	genérico	que	tenha	a	União	na	preservação	do	meio	ambiente.	É
necessário	que	a	ofensa	atinja	interesse	direto	e	específico	da	União,	de	suas	entidades
autárquicas	ou	de	empresas	públicas	federais.	3.	Evidencia-se	a	competência	da	Justiça
Federal	para	processar	e	 julgar	ação	penal	envolvendo	crime	ambiental	praticado	em
rio	 interestadual	 (bem	da	União,	nos	termos	do	art.	20,	 III,	CF),	 tanto	mais	quando	a
conduta	 investigada	 (derramamento	 de	 30	 mil	 litros	 de	 óleo	 no	 leito	 do	 rio)	 tem
potencial	para	afetar	a	saúde	de	grande	parte	do	trecho	do	rio.	Precedentes.	4.	Conflito
conhecido,	 para	 declarar	 a	 competência	 do	 Juízo	 Federal	 da	 7ª	 Vara	 Ambiental	 e
Agrária	 da	 Seção	 Judiciária	 do	 Estado	 do	 Amazonas,	 o	 suscitante	 (STJ,	 CC	 nº
145.420/AM,	 2016/0043197-3,	 S3	 –	 3ª	 Seção,	 rel.	Min.	 Reynaldo	 Soares	 da	 Fonseca,
data	de	julgamento	10.08.2016,	data	de	publicação	DJe	16.08.2016).
3.3.	Crime	em	mar	territorial	ou	terreno	da	marinha
10Curso	Ênfase	©	2021
De	 acordo	 com	 o	 decidido	 no	 Recurso	 em	Habeas	 Corpus	 nº	 50.692/SC,	 julgado	 em
2016,	relator	Ministro	Ribeiro	Dantas,	considerando	a	propriedade	da	União	em	relação
ao	mar	territorial	e	aos	terrenos	da	marinha,	será	de	competência	da	Justiça	Federal.
CONSTITUCIONAL	E	PENAL.	RECURSO	ORDINÁRIO	EM	HABEAS	CORPUS.	CRIME
AMBIENTAL.	TRANCAMENTO.	TERRENO	DE	MARINHA.	COMPETÊNCIA	DA	JUSTIÇA
FEDERAL.	RECURSO	DESPROVIDO.	1.	Nos	termos	do	entendimento	consolidado	desta
Corte,	o	trancamento	da	ação	penal	por	meio	do	habeas	corpus	é	medida	excepcional,
que	somente	deve	ser	adotada	quando	houver	 inequívoca	comprovação	da	atipicidade
da	 conduta,	 da	 incidência	 de	 causa	 de	 extinção	 da	 punibilidade	 ou	 da	 ausência	 de
indícios	de	autoria	ou	de	prova	sobre	a	materialidade	do	delito,	o	que	não	se	infere	na
hipótese	dos	autos.	2.	Nos	termos	da	jurisprudência	deste	Superior	Tribunal	de	Justiça,
a	 União	 tem	 interesse	 direto	 e	 específico	 na	 causa	 que	 envolva	 crime	 ambiental
praticado	 em	 terreno	 de	 marinha,	 atraindo	 a	 competência	 da	 Justiça	 Federal.
Precedentes.	 3.	 Narra	 a	 exordial	 acusatória	 que	 o	 recorrente	 teria	 construído	 uma
residência	 de	 alvenaria	 e	 diversas	 outras	 estruturas	 em	 terreno	 de	 marinha.	 Ainda,
mesmo	que	não	haja	demarcação	oficial,	havendo	elementos	probatórios	indicativos	da
prática	de	crime	ambiental	em	bem	da	União	(art.	20,	VI,	da	Constituição	Federal),	não
se	 pode	 afastar,	 ab	 initio,	 a	 competência	 da	 Justiça	 Federal	 para	 julgamento	 do
processo-crime	(art.	109,	IV,	da	Constituição	Federal).	4.	Recurso	desprovido	(STJ,	RHC
nº	 50.692/SC,	 2014/0206761-9,	 T5	 –	 5ª	 Turma,	 rel.	 Min.	 Ribeiro	 Dantas,	 data	 de
julgamento	05.04.2016,	data	de	publicação	DJe	15.04.2016).
3.4.	Extração	de	recursos	minerais	de	forma	ilegal
A	 lei	 dos	 crimes	 ambientais,	 Lei	 nº	 9.605/1998,	 tipifica,	 em	 seu	 art.	 55,	 a	 extração
irregular	ou	o	excesso	em	relação	à	autorização	de	recursos	minerais,	vejamos:
Art.	55.	Executar	pesquisa,	 lavra	ou	extração	de	recursos	minerais	sem	a	competente
autorização,	permissão,	concessão	ou	licença,	ou	em	desacordo	com	a	obtida:
Pena	–	detenção,	de	seis	meses	a	um	ano,	e	multa.
Parágrafo	 único.	 Nas	 mesmas	 penas	 incorre	 quem	 deixa	 de	 recuperar	 a	 área
pesquisada	ou	explorada,	nos	termos	da	autorização,	permissão,	licença,	concessão	ou
determinação	do	órgão	competente.
De	acordo	com	o	STJ,	ainda	que	os	recursos	tenham	sido	extraídos	de	uma	propriedade
não	 pertencente	 à	 União,	 a	 exemplo	 de	 uma	 propriedade	 particular,	 ainda	 assim,	 a
11Curso	Ênfase	©	2021
competência	 será	da	 Justiça	Federal,	dada	a	propriedade	da	União	 sobre	os	 recursos
minerais,	 conforme	 art.	 20,	 IX,	 da	 CF/1988:	 “os	 recursos	 minerais,	 inclusive	 os	 do
subsolo;	(...)”.
PENAL	E	PROCESSO	PENAL.	CONFLITO	NEGATIVO	DE	COMPETÊNCIA.	EXTRAÇÃO
DE	 CASCALHO	 SEM	 AUTORIZAÇÃO.	 ART.	 55	 DA	 LEI	 9.605/98.	 PROPRIEDADE
PRIVADA.	IRRELEVÂNCIA.	RECURSO	MINERAL.	BEM	DA	UNIÃO.	ART.	20,	IX,	DA	CF.
COMPETÊNCIA	DA	JUSTIÇA	FEDERAL.	ART.	109,	IV,	DA	CF.	1.	Cuidando-se	de	delito
contra	 bem	 da	 União,	 explicitamente	 trazido	 no	 artigo	 20	 da	 Constituição	 Federal,
mostra-se	 irrelevante	 o	 local	 de	 sua	 prática,	 pois	 onde	 o	 legislador	 constituinte	 não
excepcionou,	 não	 cabe	 ao	 intérprete	 fazê-lo.	 2.	 Conflito	 conhecido	 para	 julgar
competenteo	 JUÍZO	 FEDERAL	DE	RONDONÓPOLIS	 –	 SJ/MT,	 suscitante	 (STJ,	 CC	 nº
116.447/MT,	2011/0062400-4,	S3	–	3ª	Seção,	rel.	Min.	Maria	Thereza	de	Assis	Moura,
data	de	julgamento	25.05.2011,	data	de	publicação	DJe	02.06.2011).
3.5.	Assentamento	do	Instituto	Nacional	de	Colonização	e
Reforma	Agrária	(INCRA)
O	simples	fato	de	crime	ambiental	ser	praticado	em	assentamento	sob	responsabilidade
do	INCRA	(autarquia	federal)	não	atrai,	por	si	só,	a	competência	federal.
PROCESSUAL	 PENAL.	 CONFLITO	 DE	 COMPETÊNCIA.	 CRIME	 AMBIENTAL.
DEFENSIVOS	 AGRÍCOLAS.	 OCORRIDO	 EM	 ASSENTAMENTO.	 ÁREA	 DE
RESPONSABILIDADE	 DO	 INCRA.	 AUSÊNCIA	 DE	 INTERESSE	 DIRETO.	 VÍTIMAS
PARTICULARES.	COMPETÊNCIA	DO	JUÍZO	SUSCITADO.	1.	A	competência	da	Justiça
Federal	 para	 julgamento	 de	 infrações	 penais,	 nos	 termos	 do	 art.	 109,	 IV,	 da
Constituição	Federal,	está	configurada	quando	a	conduta	criminosa	afeta	bens,	serviços
ou	 interesses	 da	 União,	 de	 suas	 entidades	 autárquicas	 ou	 empresas	 públicas.	 2.	 Na
hipótese	 dos	 autos,	 embora	 a	 pulverização	 do	 agrotóxico	 tenha	 ocorrido	 em	 escola
localizada	em	área	de	assentamento	de	responsabilidade	do	INCRA,	autarquia	federal,
não	há	diretamente	qualquer	interesse,	direito	ou	bem	da	União,	de	suas	autarquias	ou
empresas	 públicas	 envolvidos,	 sendo,	 se	 existente,	meramente	 reflexo	 o	 interesse	 do
INCRA.	 2.	 Declarada	 a	 competência	 do	 juízo	 suscitado	 (STJ,	 CC	 nº	 139.810/GO,
2015/0091160-1,	S3	–	3ª	Seção,	rel.	Min.	Nefi	Cordeiro,	data	de	julgamento	26.08.2015,
data	de	publicação	DJe	08.09.2015).
4.	Princípios	basilares	da	atuação	do	Poder	Judiciário
12Curso	Ênfase	©	2021
Inicialmente,	 para	 que	 entendamos	 a	 atuação	 do	 Poder	 Judiciário	 na	 tutela	 do	meio
ambiente,	 é	 necessário	 rememorarmos	 os	 principais	 princípios	 que	 norteiam	 essa
atuação.
4.1.	Prevenção
Em	 se	 tratando	 de	 atividades	 cujos	 impactos	 ambientais	 sejam	 cientificamente
conhecidos,	 inclusive	 em	 relação	 à	maneira	 de	 evitá-los	 ou	 ao	menos	minimizá-los,	 a
atividade	somente	será	permitida,	se	adotadas	essas	contramedidas	protetivas	do	meio
ambiente.	 Assim,	 uma	 indústria	 emissora	 de	 gases	 prejudiciais	 à	 atmosfera	 deverá,
obrigatoriamente,	instalar	filtros	em	suas	chaminés,	deverá	gerir	seus	resíduos	sólidos
de	maneira	adequada,	segundo	a	legislação	etc.
Este	 princípio	 não	 implica	 a	 necessidade	 de	 eliminação	 total	 de	 danos
ambientais,	 mas,	 sim,	 uma	 avaliação	 dos	 riscos	 e	 benefícios	 como	 um
todo.
Veja-se	 o	 famoso	 julgado	pelo	STF	 a	 respeito	 da	 constitucionalidade	de	 lei	municipal
que	proibia	a	queima	da	cana	de	açúcar	no	município	de	Paulínia,	Estado	de	São	Paulo.
Apesar	 de	 o	 Supremo	 dizer	 que	 os	 danos	 causados	 pelas	 queimadas	 nos	 campos	 de
cana	 de	 açúcar	 são	 cientificamente	 conhecidos,	 sendo	 a	 atividade	 comprovadamente
prejudicial	ao	meio	ambiente,	em	ponderação	de	valores,	levando-se	em	consideração	a
preservação	dos	empregos	dos	trabalhadores	que	atuam	no	setor	canavieiro,	entendeu
pela	 inconstitucionalidade	 da	 referida	 lei,	 porquanto	 esses	 trabalhadores	 merecem
proteção	diante	do	chamado	progresso	tecnológico	e	da	respectiva	mecanização,	ambos
trazidos	 pela	 pretensão	 de	 proibição	 imediata	 da	 colheita	 da	 cana	 mediante	 uso	 de
fogo.
Esclareceu,	por	fim,	a	necessidade	de	normas	federais	traçarem	um	planejamento	com
a	 intenção	 de	 extinguir	 gradativamente	 o	 uso	 de	 fogo	 como	 método	 despalhador	 e
facilitador	do	corte	da	cana.
Portanto,	 esse	 julgado	 demonstra	 que	 o	 princípio	 da	 precaução	 não	 se	 reveste	 de
caráter	 absoluto,	 em	 que	 pese	 seja	 ele	 um	 importante	 referencial	 que	 deverá	 ser
Atenção!
13Curso	Ênfase	©	2021
observado	pelo	Poder	Judiciário	em	sua	atuação.
RECURSO	 EXTRAORDINÁRIO	 EM	 AÇÃO	 DIRETA	 DE	 INCONSTITUCIONALIDADE
ESTADUAL.	LIMITES	DA	COMPETÊNCIA	MUNICIPAL.	LEI	MUNICIPAL	QUE	PROÍBE
A	QUEIMA	DE	 PALHA	DE	 CANA-DE-AÇÚCAR	 E	O	USO	DO	 FOGO	EM	ATIVIDADES
AGRÍCOLAS.	 LEI	 MUNICIPAL	 Nº	 1.952,	 DE	 20	 DE	 DEZEMBRO	 DE	 1995,	 DO
MUNICÍPIO	 DE	 PAULÍNIA.	 RECONHECIDA	 REPERCUSSÃO	 GERAL.	 ALEGAÇÃO	 DE
VIOLAÇÃO	AOS	ARTIGOS	23,	CAPUT	E	PARÁGRAFO	ÚNICO,	Nº	14,	192,	§	1º	E	193,
XX	E	XXI,	DA	CONSTITUIÇÃO	DO	ESTADO	DE	SÃO	PAULO	E	ARTIGOS	23,	VI	E	VII,
24,	 VI	 E	 30,	 I	 E	 II	 DA	CRFB.	 1.	O	Município	 é	 competente	 para	 legislar	 sobre	meio
ambiente	 com	 União	 e	 Estado,	 no	 limite	 de	 seu	 interesse	 local	 e	 desde	 que	 tal
regramento	 seja	 e	 harmônico	 com	 a	 disciplina	 estabelecida	 pelos	 demais	 entes
federados	(art.	24,	VI	c/c	30,	I	e	II	da	CRFB).	2.	O	Judiciário	está	inserido	na	sociedade
e,	por	este	motivo,	deve	estar	atento	 também	aos	seus	anseios,	no	sentido	de	 ter	em
mente	o	objetivo	de	saciar	as	necessidades,	visto	que	também	é	um	serviço	público.	3.
In	casu,	porquanto	inegável	conteúdo	multidisciplinar	da	matéria	de	fundo,	envolvendo
questões	sociais,	econômicas	e	políticas,	não	é	permitido	a	esta	Corte	se	furtar	de	sua
análise	 para	 o	 estabelecimento	 do	 alcance	 de	 sua	 decisão.	 São	 elas:	 (i)	 a	 relevante
diminuição	–	progressiva	e	planejada	–	da	utilização	da	queima	de	cana-de-açúcar;	(ii)	a
impossibilidade	 do	 manejo	 de	 máquinas	 diante	 da	 existência	 de	 áreas	 cultiváveis
acidentadas;	 (iii)	 cultivo	 de	 cana	 em	 minifúndios;	 (iv)	 trabalhadores	 com	 baixa
escolaridade;	(v)	e	a	poluição	existente	independentemente	da	opção	escolhida.	4.	Em
que	pese	a	inevitável	mecanização	total	no	cultivo	da	cana,	é	preciso	reduzir	ao	máximo
o	seu	aspecto	negativo.	Assim,	diante	dos	valores	sopesados,	editou-se	uma	lei	estadual
que	 cuida	 da	 forma	 que	 entende	 ser	 devida	 a	 execução	 da	 necessidade	 de	 sua
respectiva	 população.	 Tal	 diploma	 reflete,	 sem	 dúvida	 alguma,	 uma	 forma	 de
compatibilização	 desejável	 pela	 sociedade,	 que,	 acrescida	 ao	 poder	 concedido
diretamente	 pela	 Constituição,	 consolida	 de	 sobremaneira	 seu	 posicionamento	 no
mundo	jurídico	estadual	como	um	standard	a	ser	observado	e	respeitado	pelas	demais
unidades	 da	 federação	 adstritas	 ao	 Estado	 de	 São	 Paulo.	 (...).	 8.	 Distinção	 entre	 a
proibição	 contida	 na	 norma	 questionada	 e	 a	 eliminação	 progressiva	 disciplina	 na
legislação	 estadual,	 que	 gera	 efeitos	 totalmente	 diversos	 e,	 caso	 se	 opte	 pela	 sua
constitucionalidade,	 acarretará	 esvaziamento	 do	 comando	 normativo	 de	 quem	 é
competente	 para	 regular	 o	 assunto,	 levando	 ao	 completo	 descumprimento	 do	 dever
deste	 Supremo	 Tribunal	 Federal	 de	 guardar	 a	 imperatividade	 da	 Constituição.	 9.
Recurso	 extraordinário	 conhecido	 e	 provido	 para	 declarar	 a	 inconstitucionalidade	 da
Lei	Municipal	nº	1.952,	de	20	de	dezembro	de	1995,	do	Município	de	Paulínia	(RE	nº
586.224,	 Tribunal	 Pleno,	 rel.	 Min.	 Luiz	 Fux,	 julgado	 em	 05.03.2015,	 Acórdão
Eletrônico,	Repercussão	Geral	 –	Mérito	DJe-085,	 divulgado	 em	07.05.2015,	 publicado
14Curso	Ênfase	©	2021
em	08.05.2015).
Note-se	que	o	papel	do	Poder	Judiciário	foi	explicitamente	referido	no	presente	julgado:
“O	Judiciário	está	inserido	na	sociedade	e,	por	este	motivo,	deve	estar	atento	também
aos	seus	anseios,	no	sentido	de	ter	em	mente	o	objetivo	de	saciar	as	necessidades,	visto
que	também	é	um	serviço	público”.
4.2.	Precaução
Em	 se	 tratando	 de	 atividades	 cujos	 impactos	 ambientais	 sejam	 cientificamente	 não
conhecidos,	 inclusive	em	relação	à	maneira	de	evitá-los	ou	ao	menos	minimizá-los,	na
dúvida,	a	atividade	não	será	autorizada,	não	será	dado	o	licenciamento	ambiental.
Além	disso,	a	verificação	dos	riscos	e	das	mitigações	existentes	será	aferida	mediante
estudo	 prévio	 de	 impacto	 ambiental	 (EIA),	 lembrando	 que	 este	 somente	 será	 exigido
para	 instalação	 de	 obra	 ou	 atividade	 potencialmente	 causadora	 de	 significativa
degradação	do	meio	ambiente,	nos	termos	do	inciso	IV	do	§	1º	do	art.	225	da	CF/1988.
Art.	225.	Todos	têm	direito	ao	meio	ambiente	ecologicamente	equilibrado,	bem	de	uso
comum	do	povo	e	essencial	à	sadiaqualidade	de	vida,	impondo-se	ao	Poder	Público	e	à
coletividade	o	dever	de	defendê-lo	e	preservá-lo	para	as	presentes	e	futuras	gerações.
§	1º	Para	assegurar	a	efetividade	desse	direito,	incumbe	ao	Poder	Público:	
(...)
IV	 –	 exigir,	 na	 forma	 da	 lei,	 para	 instalação	 de	 obra	 ou	 atividade	 potencialmente
causadora	 de	 significativa	 degradação	 do	 meio	 ambiente,	 estudo	 prévio	 de	 impacto
ambiental,	a	que	se	dará	publicidade;	(...)
Desse	 princípio,	 decorre	 importante	 efeito	 processual:	 a	 inversão	 do	 ônus	 da	 prova,
cabendo,	 nestes	 casos,	 de	 incerteza	 científica,	 devendo	 o	 interessado,	 no
desenvolvimento	 da	 atividade,	 provar	 que	 ela	 não	 é	 prejudicial	 ao	meio	 ambiente	 ou
que	há	mitigações	capazes	de	minimizar	de	forma	satisfatória	esses	efeitos.
Nesse	 sentido,	 o	Enunciado	 nº	 618	 da	Súmula	 do	STJ:	 “A	 inversão	 do	 ônus	 da	 prova
aplica-se	às	ações	de	degradação	ambiental”.
Um	 importante	 julgado	envolvendo	o	princípio	da	precaução	diz	 respeito	aos	campos
15Curso	Ênfase	©	2021
eletromagnéticos,	 no	 qual	 o	 STF	 entendeu	 pela	 ausência	 de	 fundamentos	 fáticos	 ou
jurídicos	 a	 obrigar	 as	 concessionárias	 de	 energia	 elétrica	 a	 reduzir	 o	 campo
eletromagnético	das	linhas	de	transmissão	de	energia	elétrica	abaixo	do	patamar	legal,
não	sendo	obrigados	a	adotar	os	padrões	suíços	relacionados	a	tal	atividade.
Recurso	 extraordinário.	 Repercussão	 geral	 reconhecida.	 Direito	 Constitucional	 e
Ambiental.	 Acórdão	 do	 tribunal	 de	 origem	 que,	 além	 de	 impor	 normativa	 alienígena,
desprezou	 norma	 técnica	 mundialmente	 aceita.	 Conteúdo	 jurídico	 do	 princípio	 da
precaução.	 Ausência,	 por	 ora,	 de	 fundamentos	 fáticos	 ou	 jurídicos	 a	 obrigar	 as
concessionárias	 de	 energia	 elétrica	 a	 reduzir	 o	 campo	 eletromagnético	 das	 linhas	 de
transmissão	 de	 energia	 elétrica	 abaixo	 do	 patamar	 legal.	 Presunção	 de
constitucionalidade	 não	 elidida.	 Recurso	 provido.	 Ações	 civis	 públicas	 julgadas
improcedentes.	 1.	 O	 assunto	 corresponde	 ao	 Tema	 nº	 479	 da	 Gestão	 por	 Temas	 da
Repercussão	 Geral	 do	 portal	 do	 STF	 na	 internet	 e	 trata,	 à	 luz	 dos	 arts.	 5º,	 caput	 e
inciso	 II,	 e	 225,	 da	 Constituição	 Federal,	 da	 possibilidade,	 ou	 não,	 de	 se	 impor	 a
concessionária	de	serviço	público	de	distribuição	de	energia	elétrica,	por	observância
ao	 princípio	 da	 precaução,	 a	 obrigação	 de	 reduzir	 o	 campo	 eletromagnético	 de	 suas
linhas	de	transmissão,	de	acordo	com	padrões	internacionais	de	segurança,	em	face	de
eventuais	 efeitos	 nocivos	 à	 saúde	 da	 população.	 2.	 O	 princípio	 da	 precaução	 é	 um
critério	de	gestão	de	 risco	a	 ser	aplicado	 sempre	que	existirem	 incertezas	científicas
sobre	a	possibilidade	de	um	produto,	evento	ou	serviço	desequilibrar	o	meio	ambiente
ou	atingir	a	saúde	dos	cidadãos,	o	que	exige	que	o	estado	analise	os	riscos,	avalie	os
custos	 das	medidas	 de	 prevenção	 e,	 ao	 final,	 execute	 as	 ações	 necessárias,	 as	 quais
serão	decorrentes	de	decisões	universais,	não	discriminatórias,	motivadas,	coerentes	e
proporcionais.	 3.	Não	 há	 vedação	 para	 o	 controle	 jurisdicional	 das	 políticas	 públicas
sobre	a	aplicação	do	princípio	da	precaução,	desde	que	a	decisão	judicial	não	se	afaste
da	análise	formal	dos	 limites	desses	parâmetros	e	que	privilegie	a	opção	democrática
das	escolhas	discricionárias	feitas	pelo	legislador	e	pela	Administração	Pública.	4.	Por
ora,	 não	 existem	 fundamentos	 fáticos	 ou	 jurídicos	 a	 obrigar	 as	 concessionárias	 de
energia	 elétrica	 a	 reduzir	 o	 campo	 eletromagnético	 das	 linhas	 de	 transmissão	 de
energia	 elétrica	 abaixo	 do	 patamar	 legal	 fixado.	 5.	 Por	 força	 da	 repercussão	 geral,	 é
fixada	 a	 seguinte	 tese:	 no	 atual	 estágio	 do	 conhecimento	 científico,	 que	 indica	 ser
incerta	 a	 existência	 de	 efeitos	 nocivos	 da	 exposição	 ocupacional	 e	 da	 população	 em
geral	 a	 campos	 elétricos,	 magnéticos	 e	 eletromagnéticos	 gerados	 por	 sistemas	 de
energia	 elétrica,	 não	 existem	 impedimentos,	 por	 ora,	 a	 que	 sejam	 adotados	 os
parâmetros	propostos	pela	Organização	Mundial	de	Saúde,	conforme	estabelece	a	Lei
nº	11.934/2009.	6.	Recurso	extraordinário	provido	para	o	fim	de	julgar	improcedentes
ambas	as	ações	civis	públicas,	sem	a	fixação	de	verbas	de	sucumbência	(RE	nº	627.189,
Tribunal	Pleno,	rel.	Min.	Dias	Toffoli,	julgado	em	08.06.2016,	Acórdão	Eletrônico,	DJe-
16Curso	Ênfase	©	2021
066,	divulgado	em	31.03.2017,	publicado	em	03.04.2017).
4.3.	Poluidor	pagador
De	acordo	com	a	Lei	nº	6.938/1981	(Política	Nacional	do	Meio	Ambiente),	em	seu	art.
3º,	IV,	poluidor	é	a	pessoa	física	ou	jurídica,	de	direito	público	ou	privado,	responsável,
direta	ou	indiretamente,	por	atividade	causadora	de	degradação	ambiental.
Ainda,	 conceitua	 o	 que	 vem	 a	 ser	 degradação	 ambiental,	 dentre	 outros	 conceitos
interessantes.
Vejamos:
Art.	3º	Para	os	fins	previstos	nesta	Lei,	entende-se	por:
I	 –	 meio	 ambiente,	 o	 conjunto	 de	 condições,	 leis,	 influências	 e	 interações	 de	 ordem
física,	química	e	biológica,	que	permite,	abriga	e	rege	a	vida	em	todas	as	suas	formas;
II	 –	 degradação	 da	 qualidade	 ambiental,	 a	 alteração	 adversa	 das	 características	 do
meio	ambiente;
III	–	poluição,	a	degradação	da	qualidade	ambiental	resultante	de	atividades	que	direta
ou	indiretamente:
a)	prejudiquem	a	saúde,	a	segurança	e	o	bem-estar	da	população;
b)	criem	condições	adversas	às	atividades	sociais	e	econômicas;
c)	afetem	desfavoravelmente	a	biota;
d)	afetem	as	condições	estéticas	ou	sanitárias	do	meio	ambiente;
e)	lancem	matérias	ou	energia	em	desacordo	com	os	padrões	ambientais	estabelecidos;
IV	 –	 poluidor,	 a	 pessoa	 física	 ou	 jurídica,	 de	 direito	 público	 ou	 privado,	 responsável,
direta	ou	indiretamente,	por	atividade	causadora	de	degradação	ambiental;
V	–	recursos	ambientais:	a	atmosfera,	as	águas	interiores,	superficiais	e	subterrâneas,
os	estuários,	o	mar	territorial,	o	solo,	o	subsolo,	os	elementos	da	biosfera,	a	fauna	e	a
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flora.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.804,	de	1989.)
Nos	 termos	 do	 §	 1º	 do	 art.	 14	 da	 Lei	 nº	 6.938/1981,	 “(...)	 é	 o	 poluidor	 obrigado,
independentemente	da	existência	de	culpa,	a	 indenizar	ou	reparar	os	danos	causados
ao	meio	ambiente	e	a	terceiros,	afetados	por	sua	atividade.	(...).”
Assim,	 a	 própria	 lei	 já	 deixa	 entrever	 a	 adoção	 da	 teoria	 do	 risco	 integral,	 em	 se
tratando	 de	 responsabilidade	 civil	 por	 danos	 ambientais,	 devendo	 o	 Poder	 Judiciário
ater-se	a	essa	situação,	implicando	apenas	a	verificação	apenas	do	nexo	causal	entre	a
conduta	realizada	e	o	dano	ambiental,	emergindo	a	responsabilidade	pela	recomposição
do	 meio	 ambiente	 e	 eventual	 indenização,	 quando	 não	 possível	 essa	 restituição	 ao
status	quo	ante,	sem	prejuízo	de	cumular-se	a	obrigação	de	fazer	com	a	de	pagar.
Nesse	 sentido	 da	 verificação	 do	 nexo	 de	 causalidade,	 o	 STJ	 enfrentou	 um	 caso
envolvendo	a	explosão	de	um	navio	cargueiro	e	a	responsabilidade	dos	adquirentes	das
mercadorias	por	ele	transportadas,	entendendo	pela	quebra	do	referido	nexo,	afastando
a	responsabilidade	pelos	danos	ambientais.
Trata-se	do	Recurso	Especial	nº	1.602.106/PR:
RECURSOS	 ESPECIAIS	 REPETITIVOS.	 NEGATIVA	 DE	 PRESTAÇÃO	 JURISDICIONAL.
NÃO	 OCORRÊNCIA.	 RESPONSABILIDADE	 CIVIL	 AMBIENTAL.	 AÇÃO
INDENIZATÓRIA.	DANOS	EXTRAPATRIMONIAIS.	ACIDENTE	AMBIENTAL.	EXPLOSÃO
DO	 NAVIO	 VICUÑA.	 PORTO	 DE	 PARANAGUÁ.	 PESCADORES	 PROFISSIONAIS.
PROIBIÇÃO	 TEMPORÁRIA	 DE	 PESCA.	 EMPRESAS	 ADQUIRENTES	 DA	 CARGA
TRANSPORTADA.	 AUSÊNCIA	 DE	 RESPONSABILIDADE.	 NEXO	 DE	 CAUSALIDADE
NÃO	 CONFIGURADO.	 1.	 Ação	 indenizatória	 ajuizada	 por	 pescadora	 em	 desfavor
apenas	 das	 empresas	 adquirentes	 (destinatárias)	 da	 carga	 que	 era	 transportada	 pelo
navio	 tanque	 Vicuña	 no	 momento	 de	 sua	 explosão,	 em	 15/11/2004,	 no	 Porto	 de
Paranaguá.	Pretensão	da	autora	de	se	ver	compensada	por	danos	morais	decorrentes
daproibição	temporária	da	pesca	(2	meses)	determinada	em	virtude	da	contaminação
ambiental	provocada	pelo	acidente.	2.	Acórdão	recorrido	que	concluiu	pela	procedência
do	pedido	 ao	 fundamento	de	 se	 tratar	 de	hipótese	 de	 responsabilidade	 objetiva,	 com
aplicação	da	teoria	do	risco	integral,	na	qual	o	simples	risco	da	atividade	desenvolvida
pelas	demandadas	configuraria	o	nexo	de	causalidade	ensejador	do	dever	de	indenizar.
Indenização	 fixada	 no	 valor	 de	 R$	 5.000,00	 (cinco	 mil	 reais).	 3.	 Consoante	 a
jurisprudência	pacífica	desta	Corte,	 sedimentada	 inclusive	no	 julgamento	de	recursos
submetidos	à	sistemática	dos	processos	representativos	de	controvérsia	(arts.	543-C	do
CPC/1973	 e	 1.036	 e	 1.037	 do	 CPC/2015),	 “a	 responsabilidade	 por	 dano	 ambiental	 é
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objetiva,	 informada	pela	 teoria	do	risco	 integral,	 sendo	o	nexo	de	causalidade	o	 fator
aglutinante	 que	 permite	 que	 o	 risco	 se	 integre	 na	 unidade	 do	 ato”	 (REsp	 nº
1.374.284/MG).	4.	Em	que	pese	a	responsabilidade	por	dano	ambiental	seja	objetiva	(e
lastreada	pela	 teoria	do	 risco	 integral),	 faz-se	 imprescindível,	 para	a	 configuração	do
dever	 de	 indenizar,	 a	 demonstração	 da	 existência	 de	 nexo	 de	 causalidade	 apto	 a
vincular	 o	 resultado	 lesivo	 efetivamente	 verificado	 ao	 comportamento	 (comissivo	 ou
omissivo)	daquele	a	quem	se	repute	a	condição	de	agente	causador.	5.	No	caso,	inexiste
nexo	de	causalidade	entre	os	danos	ambientais	(e	morais	a	eles	correlatos)	resultantes
da	 explosão	 do	 navio	 Vicuña	 e	 a	 conduta	 das	 empresas	 adquirentes	 da	 carga
transportada	 pela	 referida	 embarcação.	 6.	 Não	 sendo	 as	 adquirentes	 da	 carga
responsáveis	diretas	pelo	acidente	ocorrido,	só	haveria	falar	em	sua	responsabilização	–
na	 condição	 de	 poluidora	 indireta	 –	 acaso	 fosse	 demonstrado:	 (i)	 o	 comportamento
omissivo	de	sua	parte;	(ii)	que	o	risco	de	explosão	na	realização	do	transporte	marítimo
de	produtos	químicos	adquiridos	fosse	ínsito	às	atividades	por	elas	desempenhadas	ou
(iii)	 que	 estava	 ao	 encargo	 delas,	 e	 não	 da	 empresa	 vendedora,	 a	 contratação	 do
transporte	da	carga	que	lhes	seria	destinada.	7.	Para	os	fins	do	art.	1.040	do	CPC/2015,
fixa-se	 a	 seguinte	 TESE:	 As	 empresas	 adquirentes	 da	 carga	 transportada	 pelo	 navio
Vicunã	no	momento	de	 sua	explosão,	no	Porto	de	Paranaguá/PR,	em	15/11/2004,	não
respondem	 pela	 reparação	 dos	 danos	 alegadamente	 suportados	 por	 pescadores	 da
região	atingida,	haja	vista	a	ausência	de	nexo	causal	a	ligar	tais	prejuízos	(decorrentes
da	 proibição	 temporária	 da	 pesca)	 à	 conduta	 por	 elas	 perpetrada	 (mera	 aquisição
pretérita	 do	 metanol	 transportado).	 8.	 Recursos	 especiais	 providos	 (REsp.	 nº
1.602.106/PR,	 2ª	Seção,	 rel.	Min.	Ricardo	Villas	Bôas	Cueva,	 julgado	 em	25.10.2017,
DJe	22.11.2017).
Além	disso,	o	magistrado	deve	ter	em	mente	situações	em	que	o	dano	é	propter	rem,
vale	 dizer,	 segue	 a	 coisa,	 como	 nos	 casos	 de	 propriedades	 localizadas	 em	 locais
especialmente	 protegidos,	 onde	 a	 obrigação	 alcançará	 o	 futuro	 proprietário	 ou
possuidor,	ainda	que	não	haja	conduta	sua,	mas	apenas	continuação	de	uma	situação
irregular.
Nesse	 passo,	 o	 Poder	 Judiciário	 poderá	 responsabilizar	 quaisquer	 proprietários	 ou
possuidores,	 passados	 ou	 futuros,	 bem	 como	 estabelecer	 litisconsórcio	 entre	 eles,
sempre	tencionando	a	maior	proteção	possível	ao	meio	ambiente.
Por	 isso,	não	se	admite	em	tais	casos	a	chamada	 teoria	do	 fato	consumado,	 invocada
por	proprietários	de	 imóveis	 irregulares,	sob	o	argumento	de	que	não	foram	eles	que
construíram,	já	compraram	assim,	portanto,	o	fato	já	está	consumado.
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Confira	o	Enunciado	nº	613	da	Súmula	do	STJ:	“Não	se	admite	a	aplicação	da	teoria	do
fato	consumado	em	tema	de	Direito	Ambiental”.
Apenas	 a	 responsabilidade	 civil	 por	 danos	 ambientais	 é	 objetiva,
informada	pela	teoria	do	risco	integral,	ao	passo	que	a	responsabilidade
administrativa	e	penal,	é	subjetiva,	leia-se,	dependentes	da	comprovação
de	dolo	ou,	ao	menos,	culpa.
4.4.	Princípio	do	meio	ambiente	ecologicamente	equilibrado
Trata-se	de	princípio	 constitucional	 expresso	no	art.	 225,	 caput,	estando	diretamente
interligado	 ao	 direito	 à	 vida,	 à	 proteção	 da	 dignidade	 humana,	 ostentando,	 portanto,
status	de	direito	 fundamental,	 portanto,	 cláusula	pétrea,	 nos	 termos	do	 art.	 60,	 §	 4º,
ambos	da	CF/1988.
Art.	225.	Todos	têm	direito	ao	meio	ambiente	ecologicamente	equilibrado,	bem	de	uso
comum	do	povo	e	essencial	à	sadia	qualidade	de	vida,	impondo-se	ao	Poder	Público	e	à
coletividade	o	dever	de	defendê-lo	e	preservá-lo	para	as	presentes	e	futuras	gerações.
Art.	60.	A	Constituição	poderá	ser	emendada	mediante	proposta:
(...)
§	4º	Não	será	objeto	de	deliberação	a	proposta	de	emenda	tendente	a	abolir:
I	–	a	forma	federativa	de	Estado;
II	–	o	voto	direto,	secreto,	universal	e	periódico;
III	–	a	separação	dos	Poderes;
IV	–	os	direitos	e	garantias	individuais.
O	meio	ambiente	ecologicamente	equilibrado	possui	natureza	 jurídica	de	bem	difuso,
Atenção!
20Curso	Ênfase	©	2021
de	 uso	 comum	 do	 povo,	 com	 natureza	 jurídica	 própria,	 diversa	 dos	 bens	 que	 o
integram,	 sendo	 considerado	 um	 direito	 fundamental,	 como	 já	 referido,	 embora	 não
previsto	 no	 rol	 do	 art.	 5º	 da	CF/1988,	 portanto,	 dispensável	 de	 regulamentação	para
que	seja	efetivado,	isto	é,	possui	aplicabilidade	imediata.
Em	decorrência	dessa	natureza	própria,	o	STJ,	por	ocasião	do	julgamento	do	REsp.	nº
1.410.698/MG,	compreendeu	que	o	dano	moral	coletivo	surge	diretamente	da	ofensa	ao
direito	 ao	 meio	 ambiente	 ecologicamente	 equilibrado,	 sendo	 que,	 em	 determinadas
hipóteses,	basta	a	mera	violação	do	bem	jurídico	tutelado,	pela	ofensa	aos	valores	da
pessoa	humana,	sendo	dispensável	a	dor	ou	o	padecimento	por	serem	consequências	ou
resultados	oriundos	da	violação.
PROCESSO	 CIVIL	 E	 AMBIENTAL.	 AÇÃO	 CIVIL	 PÚBLICA.	 ORDEM	 URBANÍSTICA.
LOTEAMENTO	 RURAL	 CLANDESTINO.	 ILEGALIDADES	 E	 IRREGULARIDADES
DEMONSTRADAS.	 OMISSÃO	 DO	 PODER	 PÚBLICO	 MUNICIPAL.	 DANO	 AO	 MEIO
AMBIENTE	 CONFIGURADO.	 DANO	MORAL	 COLETIVO.	 1.	 Recurso	 especial	 em
que	 se	 discute	 a	 ocorrência	 de	 dano	 moral	 coletivo	 em	 razão	 de	 dano	 ambiental
decorrente	de	parcelamento	irregular	do	solo	urbanístico,	que,	além	de	invadir	Área	de
Preservação	 Ambiental	 Permanente,	 submeteu	 os	 moradores	 da	 região	 a	 condições
precárias	 de	 sobrevivência.	 2.	Hipótese	 em	 que	 o	 Tribunal	 de	 origem	 determinou	 as
medidas	 específicas	 para	 reparar	 e	 prevenir	 os	 danos	 ambientais,	 mediante	 a
regularização	 do	 loteamento,	 mas	 negou	 provimento	 ao	 pedido	 de	 ressarcimento	 de
dano	 moral	 coletivo.	 3.	 A	 reparação	 ambiental	 deve	 ser	 plena.	 A	 condenação	 a
recuperar	a	área	danificada	não	afasta	o	dever	de	indenizar,	alcançando	o	dano	moral
coletivo	e	o	dano	residual.	Nesse	sentido:	REsp.	nº	1.180.078/MG,	2ª	Turma,	rel.	Min.
Herman	Benjamin,	DJe	28.02.2012.	4.	“O	dano	moral	coletivo,	assim	entendido	o	que	é
transindividual	 e	 atinge	 uma	 classe	 específica	 ou	 não	 de	 pessoas,	 é	 passível	 de
comprovação	 pela	 presença	 de	 prejuízo	 à	 imagem	 e	 à	 moral	 coletiva	 dos	 indivíduos
enquanto	 síntese	 das	 individualidades	 percebidas	 como	 segmento,	 derivado	 de	 uma
mesma	 relação	 jurídica-base.	 (...)	 O	 dano	 extrapatrimonial	 coletivo	 prescinde	 da
comprovação	de	dor,	de	sofrimento	e	de	abalo	psicológico,	suscetíveis	de	apreciação	na
esfera	 do	 indivíduo,	 mas	 inaplicável	 aos	 interesses	 difusos	 e	 coletivos”	 (REsp.	 nº
1.057.274/RS,	 2ª	 Turma,	 rel.	 Min.	 Eliana	 Calmon,	 julgado	 em	 01.12.2009,	 DJe
26.02.2010).	5.	No	caso,	o	dano	moral	coletivo	surge	diretamente	da	ofensa	ao	direito
ao	meio	 ambiente	 equilibrado.	 Em	 determinadas	 hipóteses,	 reconhece-se	 que	 o	 dano
moral	 decorre	 da	 simples	 violação	 do	 bem	 jurídico	 tutelado,	 sendo	 configurado	 pela
ofensa	 aos	 valoresda	 pessoa	humana.	 Prescinde-se,	 no	 caso,	 da	 dor	 ou	padecimento
(que	 são	 consequência	 ou	 resultado	 da	 violação).	 Nesse	 sentido:	 REsp.	 nº
1.245.550/MG,	 4ª	 Turma,	 rel.	 Min.	 Luis	 Felipe	 Salomão,	 DJe	 16.04.2015.	 Recurso
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especial	 provido	 (STJ,	 EREsp.	 nº	 1.410.698/MG,	 2013/0346260-3,	 S1	 –	 1ª	 Seção,	 rel.
Min.	Napoleão	Nunes	Maia	Filho,	data	de	 julgamento	14.11.2018,	data	de	publicação
DJe	03.12.2018	‒	grifos	nossos).
No	 mais,	 o	 STJ	 entende	 que,	 apesar	 de	 não	 ser	 possível	 atribuir	 ao	 meio	 ambiente
ecologicamente	 equilibrado	uma	 característica	 de	 direito	 absoluto,	 este	 será	 inserido
dentre	os	direitos	 indisponíveis,	característica	que	pressupõe	a	 imprescritibilidade	de
sua	reparação	(REsp.	nº	1.394.025/MS).
AMBIENTAL	 E	 PROCESSUAL	 CIVIL.	 AÇÃO	 CIVIL	 PÚBLICA.	 OCUPAÇÃO	 E
EDIFICAÇÃO	 EM	 ÁREA	 DE	 PRESERVAÇÃO	 PERMANENTE-APP.	 CASAS	 DE
VERANEIO.	 MARGENS	 DO	 RIO	 IVINHEMA/MS.	 SUPRESSÃO	 DE	 MATA	 CILIAR.
DESCABIMENTO.	 ART.	 8º	 DA	 LEI	 12.651/2012.	 NÃO	 ENQUADRAMENTO.	 DIREITO
ADQUIRIDO	 AO	 POLUIDOR.	 FATO	 CONSUMADO.	 DESCABIMENTO.
DESAPROPRIAÇÃO	 NÃO	 CONFIGURADA.	 LIMITAÇÃO	 ADMINISTRATIVA.	 DANO
AMBIENTAL	 E	 NEXO	 DE	 CAUSALIDADE	 CONFIGURADOS.	 AUSÊNCIA	 DE
PREQUESTIONAMENTO.	SÚMULA	211/STJ.	1.	Descabida	a	supressão	de	vegetação	em
Área	de	Preservação	Permanente	–	APP	que	não	se	enquadra	nas	hipóteses	previstas	no
art.	 8º	 do	 Código	 Florestal	 (utilidade	 pública,	 interesse	 social	 e	 baixo	 impacto
ambiental).	 2.	 Conquanto	 não	 se	 possa	 conferir	 ao	 direito	 fundamental	 do	 meio
ambiente	 equilibrado	 a	 característica	 de	 direito	 absoluto,	 certo	 é	 que	 ele	 se	 insere
entre	 os	 direitos	 indisponíveis,	 devendo-se	 acentuar	 a	 imprescritibilidade	 de	 sua
reparação,	e	a	sua	inalienabilidade,	já	que	se	trata	de	bem	de	uso	comum	do	povo	(art.
225,	 caput,	 da	 CF/1988).	 3.	 Em	 tema	 de	 direito	 ambiental,	 não	 se	 cogita	 em	 direito
adquirido	 à	 devastação,	 nem	 se	 admite	 a	 incidência	 da	 teoria	 do	 fato	 consumado.
Precedentes	do	STJ	e	STF.	4.	A	proteção	legal	às	áreas	de	preservação	permanente	não
importa	 em	 vedação	 absoluta	 ao	 direito	 de	 propriedade	 e,	 por	 consequência,	 não
resulta	 em	hipótese	de	desapropriação,	mas	 configura	mera	 limitação	administrativa.
Precedente	 do	 STJ.	 5.	 Violado	 o	 art.	 14,	 §	 1º,	 da	 Lei	 6.938/1981,	 pois	 o	 Tribunal	 de
origem	reconheceu	a	ocorrência	do	dano	ambiental	e	o	nexo	causal	(ligação	entre	a	sua
ocorrência	 e	 a	 fonte	 poluidora),	mas	 afastou	 o	 dever	 de	 promover	 a	 recuperação	 da
área	afetada	e	indenizar	eventuais	danos	remanescentes.	6.	Em	que	pese	ao	loteamento
em	questão	haver	sido	concedido	licenciamento	ambiental,	tal	fato,	por	si	só,	não	elide
a	 responsabilidade	 pela	 reparação	 do	 dano	 causado	 ao	 meio	 ambiente,	 uma	 vez
afastada	 a	 legalidade	 da	 autorização	 administrativa.	 7.	 É	 inadmissível	 o	 recurso
especial	 quanto	 a	 questão	 não	 decidida	 pelo	 Tribunal	 de	 origem,	 por	 falta	 de
prequestionamento	 (Súmula	 211/STJ).	 8.	 Recurso	 especial	 parcialmente	 conhecido	 e
provido	(Recurso	Especial	nº	1.394.025/MS,	2013/0227164-1).
22Curso	Ênfase	©	2021
Em	recentíssima	decisão,	o	STF	confirmou	esse	entendimento	em	sede	de	repercussão
geral	no	RE	nº	654.833/AC,	julgado	em	20.04.2020,	DJe	24.06.2020,	rel.	Min.	Alexandre
de	Moraes.
RECURSO	 EXTRAORDINÁRIO.	 REPERCUSSÃO	 GERAL.	 TEMA	 999.
CONSTITUCIONAL.	 DANO	 AMBIENTAL.	 REPARAÇÃO.	 IMPRESCRITIBILIDADE.	 1.
Debate-se	 nestes	 autos	 se	 deve	 prevalecer	 o	 princípio	 da	 segurança	 jurídica,	 que
beneficia	o	autor	do	dano	ambiental	diante	da	 inércia	do	Poder	Público;	ou	se	devem
prevalecer	os	princípios	constitucionais	de	proteção,	preservação	e	reparação	do	meio
ambiente,	 que	 beneficiam	 toda	 a	 coletividade.	 2.	 Em	 nosso	 ordenamento	 jurídico,	 a
regra	 é	 a	 prescrição	 da	 pretensão	 reparatória.	 A	 imprescritibilidade,	 por	 sua	 vez,	 é
exceção.	 Depende,	 portanto,	 de	 fatores	 externos,	 que	 o	 ordenamento	 jurídico	 reputa
inderrogáveis	pelo	tempo.	3.	Embora	a	Constituição	e	as	leis	ordinárias	não	disponham
acerca	do	prazo	prescricional	para	a	reparação	de	danos	civis	ambientais,	sendo	regra
a	 estipulação	 de	 prazo	 para	 pretensão	 ressarcitória,	 a	 tutela	 constitucional	 a
determinados	valores	impõe	o	reconhecimento	de	pretensões	imprescritíveis.	4.	O	meio
ambiente	deve	ser	considerado	patrimônio	comum	de	toda	humanidade,	para	a	garantia
de	 sua	 integral	 proteção,	 especialmente	 em	 relação	 às	 gerações	 futuras.	 Todas	 as
condutas	 do	 Poder	 Público	 estatal	 devem	 ser	 direcionadas	 no	 sentido	 de	 integral
proteção	legislativa	interna	e	de	adesão	aos	pactos	e	tratados	internacionais	protetivos
desse	direito	humano	fundamental	de	3ª	geração,	para	evitar	prejuízo	da	coletividade
em	face	de	uma	afetação	de	certo	bem	(recurso	natural)	a	uma	finalidade	individual.	5.
A	 reparação	 do	 dano	 ao	 meio	 ambiente	 é	 direito	 fundamental	 indisponível,	 sendo
imperativo	 o	 reconhecimento	 da	 imprescritibilidade	 no	 que	 toca	 à	 recomposição	 dos
danos	ambientais.	6.	Extinção	do	processo,	com	 julgamento	de	mérito,	em	relação	ao
Espólio	de	Orleir	Messias	Cameli	e	a	Marmud	Cameli	Ltda,	com	base	no	art.	487,	III,	b
do	 Código	 de	 Processo	 Civil	 de	 2015,	 ficando	 prejudicado	 o	 Recurso	 Extraordinário.
Afirmação	de	 tese	segundo	a	qual.	É	 imprescritível	a	pretensão	de	reparação	civil	de
dano	ambiental.
Valério	 de	 Oliveira	 Mazzuoli	 (2018)	 traz	 a	 correlação	 entre	 o	 meio	 ambiente
ecologicamente	equilibrado	e	os	direitos	humanos,	ao	detalhar	a	Opinião	Consultiva	nº
23,	 de	 15	 de	 novembro	 de	 2017,	 pela	 Corte	 Interamericana	 de	Direitos	Humanos,	 a
qual	conclui	pelo	dever	dos	Estados-Partes	na	Convenção	Americana	de	prevenir	danos
ambientais	 significativos,	 dentro	 e	 fora	 de	 seus	 respectivos	 territórios,	 devendo
fiscalizar	as	atividades	capazes	de	provocarem	danos	ambientais	significativos.
Conforme	 leciona	Romeu	Thomé	(2016),	o	meio	ambiente	equilibrado	 foi	 reconhecido
como	 direito	 humano	 pela	 Declaração	 de	 Estocolmo	 das	 Nações	 Unidas	 sobre	 o
23Curso	Ênfase	©	2021
Ambiente	 Humano	 de	 1972,	 segundo	 o	 qual	 “o	 homem	 tem	 o	 direito	 fundamental	 à
liberdade,	 à	 igualdade	 e	 ao	 desfrute	 de	 condições	 de	 vida	 adequadas	 em	 um	 meio
ambiente	de	qualidade	tal	que	lhe	permita	levar	uma	vida	digna	e	gozar	de	bem-estar,
tendo	 a	 solene	 obrigação	 de	 proteger	 e	melhorar	 o	meio	 ambiente	 para	 as	 gerações
presentes	e	futuras.”
Nessa	linha	de	intelecção,	o	STF	tem	afirmado,	reiteradamente,	que	o	direito	ao	meio
ambiente	 ecologicamente	 equilibrado	 é	 uma	 prerrogativa	 jurídica	 de	 titularidade	 da
coletividade,	conforme	Mandado	de	Segurança	(MS)	nº	22.164,	de	relatoria	do	Ministro
Celso	de	Mello.
O	direito	à	integridade	do	meio	ambiente	–	típico	direito	de	terceira	geração	–	constitui
prerrogativa	 jurídica	 de	 titularidade	 coletiva,	 refletindo,	 dentro	 do	 processo	 de
afirmação	dos	direitos	humanos,	a	expressão	significativa	de	um	poder	atribuído,	não
ao	 indivíduo	 identificado	 em	 sua	 singularidade,	 mas,	 num	 sentido	 verdadeiramente
mais	 abrangente,	 à	 própria	 coletividade	 social.	 Enquanto	 os	 direitos	 de	 primeira
geração	 (direitos	 civis	 e	 políticos)	 –	 que	 compreendem	 as	 liberdades	 clássicas,
negativas	 ou	 formais	 –	 realçam	 o	 princípio	 da	 liberdade	 e	 os	 direitos	 de	 segunda
geração	 (direitos	 econômicos,	 sociais	 e	 culturais)	 –	 que	 se	 identificam	 com	 as
liberdades	positivas,	reais	ou	concretas	–	acentuam	o	princípio	da	igualdade,	os	direitos
de	 terceira	 geração,	 que	 materializam	 poderes	 de	 titularidade	 coletiva	 atribuídos
genericamente	a	todas	as	formações	sociais,	consagram	o	princípio	da	solidariedade	e
constituem	 um	 momento	 importante	 no	 processo	 de	 desenvolvimento,	 expansão	 e
reconhecimento	dos	direitos	humanos,	caracterizados,	enquanto	valores	 fundamentaisindisponíveis,	 pela	 nota	 de	 uma	 essencial	 inexauribilidade	 (STF	 ‒	MS	nº	 22.164,	 rel.
Min.	Celso	de	Mello,	j.	30.10.1995,	DJ	17.11.1995).
Assim,	por	se	tratar	de	um	direito	fundamental,	intrínseco	à	própria	existência	da	vida
humana,	 o	 Superior	 Tribunal	 de	 Justiça	 (STJ)	 tem-se	 posicionado	 no	 sentido	 da
imprescritibilidade	da	ação	de	reparação	de	danos	ambientais	(recurso	especial,	no	que
veio	acompanhado	pelo	STF,	conforme	já	explicitado	anteriormente,	RE	nº	654.833/AC,
julgado	em	2020).
ADMINISTRATIVO	 E	 PROCESSO	 CIVIL	 –	 DIREITO	 AMBIENTAL	 –	 AÇÃO	 CIVIL
PÚBLICA	 –	 COMPETÊNCIA	 DA	 JUSTIÇA	 FEDERAL	 –	 IMPRESCRITIBILIDADE	 DA
REPARAÇÃO	 DO	 DANO	 AMBIENTAL	 –	 PEDIDO	 GENÉRICO	 –	 ARBITRAMENTO	 DO
QUANTUM	 DEBEATUR	 NA	 SENTENÇA:	 REVISÃO,	 POSSIBILIDADE	 –	 SÚMULAS
284/STF	E	7/STJ.	(...)	4.	O	dano	ambiental	além	de	atingir	de	imediato	o	bem	jurídico
que	lhe	está	próximo,	a	comunidade	indígena,	também	atinge	a	todos	os	integrantes	do
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Estado,	 espraiando-se	 para	 toda	 a	 comunidade	 local,	 não	 indígena	 e	 para	 futuras
gerações	pela	 irreversibilidade	do	mal	ocasionado.	5.	Tratando-se	de	direito	difuso,	a
reparação	 civil	 assume	 grande	 amplitude,	 com	 profundas	 implicações	 na	 espécie	 de
responsabilidade	do	degradador	que	é	objetiva,	fundada	no	simples	risco	ou	no	simples
fato	da	atividade	danosa,	independentemente	da	culpa	do	agente	causador	do	dano.	6.
O	 direito	 ao	 pedido	 de	 reparação	 de	 danos	 ambientais,	 dentro	 da	 logicidade
hermenêutica,	está	protegido	pelo	manto	da	imprescritibilidade,	por	se	tratar	de	direito
inerente	à	vida,	fundamental	e	essencial	à	afirmação	dos	povos,	independentemente	de
não	estar	expresso	em	texto	legal.	7.	Em	matéria	de	prescrição	cumpre	distinguir	qual
o	bem	 jurídico	 tutelado:	 se	 eminentemente	privado	 seguem-se	os	prazos	normais	das
ações	 indenizatórias;	 se	 o	 bem	 jurídico	 é	 indisponível,	 fundamental,	 antecedendo	 a
todos	os	demais	direitos,	pois	sem	ele	não	há	vida,	nem	saúde,	nem	trabalho,	nem	lazer,
considera-se	imprescritível	o	direito	à	reparação.	8.	O	dano	ambiental	inclui-se	dentre
os	direitos	 indisponíveis	e	como	tal	está	dentre	os	poucos	acobertados	pelo	manto	da
imprescritibilidade	a	ação	que	visa	reparar	o	dano	ambiental	 (REsp.	nº	1.120.117/AC,
rel.	Min.	Eliane	Calmon,	julgado	em	10.11.2009	–	Informativo	nº	415).
4.5.	Princípio	da	equidade	intergeracional
Diretamente	 interligado	ao	princípio	do	meio	ambiente	ecologicamente	equilibrado,	o
princípio	 da	 equidade	 intergeracional	 pressupõe	 que	 tanto	 a	 coletividade	 quanto	 o
Poder	 Público	 deverão	 preservar	 os	 recursos	 naturais	 em	 benefício	 das	 presentes
gerações	e	das	futuras.	Ou	seja,	as	presentes	gerações	possuem	o	direito	de	usufruírem
de	 recursos	 naturais,	 mas	 de	 maneira	 consciente,	 para	 que	 as	 próximas	 gerações
possuam	igual	direito,	nos	termos	do	caput	do	art.	225	da	CF/1988.
Não	 apenas	 condutas	 negativas	 são	 deduzidas	 do	 princípio	 da	 equidade
intergeracional,	 mas	 também	 as	 condutas	 positivas,	 como	 a	 recuperação	 de	 áreas
degradadas	e	as	demais	previstas	no	§	1º	do	art.	225	da	CF/1988.
Art.	225.	Todos	têm	direito	ao	meio	ambiente	ecologicamente	equilibrado,	bem	de	uso
comum	do	povo	e	essencial	à	sadia	qualidade	de	vida,	impondo-se	ao	Poder	Público	e	à
coletividade	o	dever	de	defendê-lo	e	preservá-lo	para	as	presentes	e	futuras	gerações.
§	1º	Para	assegurar	a	efetividade	desse	direito,	incumbe	ao	Poder	Público:
I	 –	 preservar	 e	 restaurar	 os	 processos	 ecológicos	 essenciais	 e	 prover	 o	 manejo
ecológico	das	espécies	e	ecossistemas;
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II	–	preservar	a	diversidade	e	a	integridade	do	patrimônio	genético	do	País	e	fiscalizar
as	entidades	dedicadas	à	pesquisa	e	manipulação	de	material	genético;
III	 –	 definir,	 em	 todas	 as	 unidades	 da	 Federação,	 espaços	 territoriais	 e	 seus
componentes	 a	 serem	 especialmente	 protegidos,	 sendo	 a	 alteração	 e	 a	 supressão
permitidas	 somente	 através	 de	 lei,	 vedada	 qualquer	 utilização	 que	 comprometa	 a
integridade	dos	atributos	que	justifiquem	sua	proteção;
IV	 –	 exigir,	 na	 forma	 da	 lei,	 para	 instalação	 de	 obra	 ou	 atividade	 potencialmente
causadora	 de	 significativa	 degradação	 do	 meio	 ambiente,	 estudo	 prévio	 de	 impacto
ambiental,	a	que	se	dará	publicidade;
V	 –	 controlar	 a	 produção,	 a	 comercialização	 e	 o	 emprego	 de	 técnicas,	 métodos	 e
substâncias	que	comportem	risco	para	a	vida,	a	qualidade	de	vida	e	o	meio	ambiente;
VI	–	promover	a	educação	ambiental	em	todos	os	níveis	de	ensino	e	a	conscientização
pública	para	a	preservação	do	meio	ambiente;
VII	–	proteger	a	fauna	e	a	flora,	vedadas,	na	forma	da	lei,	as	práticas	que	coloquem	em
risco	sua	função	ecológica,	provoquem	a	extinção	de	espécies	ou	submetam	os	animais
a	crueldade.
5.	Enunciados	do	STJ	em	destaque	na	atuação	do	Poder
Judiciário
Vejamos	alguns	enunciados	do	Jurisprudência	em	Teses,	publicação	temática	do	STJ	em
forma	de	teses	sobre	determinadas	matérias,	refletindo	o	entendimento	do	tribunal.
5.1.	Edição	nº	30
1)	 Admite-se	 a	 condenação	 simultânea	 e	 cumulativa	 das	 obrigações	 de	 fazer,	 de	 não
fazer	e	de	indenizar	na	reparação	integral	do	meio	ambiente.
(...)
3)	 Não	 há	 direito	 adquirido	 a	 poluir	 ou	 degradar	 o	 meio	 ambiente,	 não	 existindo
permissão	 ao	 proprietário	 ou	 posseiro	 para	 a	 continuidade	 de	 práticas	 vedadas	 pelo
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legislador.
4)	 O	 princípio	 da	 precaução	 pressupõe	 a	 inversão	 do	 ônus	 probatório,	 competindo	 a
quem	supostamente	promoveu	o	dano	ambiental	comprovar	que	não	o	causou	ou	que	a
substância	lançada	ao	meio	ambiente	não	lhe	é	potencialmente	lesiva.
(...)
7)	Os	responsáveis	pela	degradação	ambiental	são	coobrigados	solidários,	formando-se,
em	regra,	nas	ações	civis	públicas	ou	coletivas	litisconsórcio	facultativo.
8)	 Em	matéria	 de	 proteção	 ambiental,	 há	 responsabilidade	 civil	 do	 Estado	 quando	 a
omissão	de	cumprimento	adequado	do	seu	dever	de	fiscalizar	for	determinante	para	a
concretização	ou	o	agravamento	do	dano	causado.
9)	 A	 obrigação	 de	 recuperar	 a	 degradação	 ambiental	 é	 do	 titular	 da	 propriedade	 do
imóvel,	mesmo	que	não	tenha	contribuído	para	a	deflagração	do	dano,	tendo	em	conta
sua	natureza	propter	rem.
10)	A	 responsabilidade	por	dano	ambiental	 é	objetiva,	 informada	pela	 teoria	do	 risco
integral,	 sendo	o	nexo	de	 causalidade	o	 fator	 aglutinante	que	permite	que	o	 risco	 se
integre	na	unidade	do	ato,	sendo	descabida	a	invocação,	pela	empresa	responsável	pelo
dano	ambiental,	de	excludentes	de	responsabilidade	civil	para	afastar	sua	obrigação	de
indenizar	(tese	julgada	sob	o	rito	do	art.	543-C	do	CPC/1973).
5.2.	Edição	nº	119
Recente	 edição	 focou	no	 tema	 responsabilidade	por	dano	ambiental,	 especialmente	 a
civil.	
1)	 A	 responsabilidade	 por	 dano	 ambiental	 é	 objetiva,	 informada	 pela	 teoria	 do	 risco
integral,	 sendo	o	nexo	de	 causalidade	o	 fator	 aglutinante	que	permite	que	o	 risco	 se
integre	na	unidade	do	ato,	sendo	descabida	a	invocação,	pela	empresa	responsável	pelo
dano	ambiental,	de	excludentes	de	responsabilidade	civil	para	afastar	sua	obrigação	de
indenizar	 (tese	 julgada	sob	o	 rito	do	art.	543-C	do	CPC/1973	–	Temas	nºs	681	e	707,
letra	a).
2)	 Causa	 inequívoco	 dano	 ecológico	 quem	 desmata,	 ocupa,	 explora	 ou	 impede	 a
regeneração	de	Área	de	Preservação	Permanente	–	APP,	 fazendo	emergir	a	obrigação
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propter	 rem	 de	 restaurar	 plenamente	 e	 de	 indenizar	 o	 meio	 ambiente	 degradado	 e
terceiros	afetados,	sob	o	regime	de	responsabilidade	civil	objetiva.
3)	O	reconhecimento	da	responsabilidade	objetiva	por	dano	ambiental	não	dispensa	a
demonstração	do	nexo	de	causalidade	entre	a	conduta	e	o	resultado.
4)	A	alegação	de	culpa	exclusiva	de	terceiro	pelo	acidente	em	causa,	como	excludente
de	responsabilidade,	deve	ser	afastada,	ante	a	incidência	da	teoria	do	risco	integral	e
da	 responsabilidadeobjetiva	 ínsita	ao	dano	ambiental	 (art.	225,	 §	3º,	da	Constituição
Federal	de	1988	–	CF/1988	e	do	art.	14,	§	1º,	da	Lei	nº	6.938/1981),	responsabilizando	o
degradador	em	decorrência	do	princípio	do	poluidor-pagador	(tese	julgada	sob	o	rito	do
art.	543-C	do	CPC/1973	–	Tema	nº	438).
5)	É	imprescritível	a	pretensão	reparatória	de	danos	ao	meio	ambiente.
6)	O	 termo	 inicial	 da	 incidência	 dos	 juros	moratórios	 é	 a	 data	 do	 evento	 danoso	 nas
hipóteses	de	reparação	de	danos	morais	e	materiais	decorrentes	de	acidente	ambiental.
7)	A	inversão	do	ônus	da	prova	aplica-se	às	ações	de	degradação	ambiental	(Súmula	nº
618/STJ).
8)	Não	se	admite	a	aplicação	da	teoria	do	fato	consumado	em	tema	de	direito	ambiental
(Súmula	nº	613/STJ).
9)	 Não	 há	 direito	 adquirido	 à	 manutenção	 de	 situação	 que	 gere	 prejuízo	 ao	 meio
ambiente.
10)	 O	 pescador	 profissional	 é	 parte	 legítima	 para	 postular	 indenização	 por	 dano
ambiental	que	acarretou	a	 redução	da	pesca	na	área	atingida,	podendo	utilizar-se	do
registro	profissional,	ainda	que	concedido	posteriormente	ao	sinistro,	e	de	outros	meios
de	 prova	 que	 sejam	 suficientes	 ao	 convencimento	 do	 juiz	 acerca	 do	 exercício	 dessa
atividade.
11)	É	devida	a	 indenização	por	dano	moral	patente	o	sofrimento	 intenso	do	pescador
profissional	 artesanal,	 causado	 pela	 privação	 das	 condições	 de	 trabalho,	 em
consequência	do	dano	ambiental	(tese	julgada	sob	o	rito	do	art.	543-C	do	CPC/1973	–
Tema	nº	439).
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dos	temas	em	provas	de	concursos	públicos.	
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