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TRILHA 2 - JECRIM - COM RESPOSTAS

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Centro Universitário Estácio de Sá - Santa Catarina – Núcleo de Prática Jurídica - NPJ 
Rua Leoberto Leal, 431, São José – SC 
Tel. (048) 3381-8079 
 
 
 
ESTÁGIO PRÁTICO III – 2ª ATIVIDADE – TRILHA DE 
APRENDIZAGEM 
 
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS: COMPOSIÇÃO DOS DANOS CIVIS – 
TRANSAÇÃO PENAL 
O que é e como funciona a "Transação Penal"? 
 
 
A transação penal é um instituto despenalizador pré-processual inserido pela 
Lei 9.099/95, em seu artigo 76, que se baseia no direito penal consensual, ou seja, 
uma mitigação da exigência de um devido processo legal, o qual exige que, para a 
imposição de pena, é necessário que o agente venha a ser processado e tenha, 
contra si, uma sentença condenatória transitada em julgado. 
Evidentemente, é cabível somente àqueles crimes de competência dos 
Juizados Especiais Criminais, os chamados “crimes de menor potencial ofensivo”, os 
quais possuem pena máxima em abstrato de 2 (dois) anos, ou contravenções penais 
(independentemente da pena máxima cominada). 
Para que o agente faça jus ao instituto, faz-se necessário o preenchimento 
dos requisitos estabelecidos pelo § 2º do artigo 76 da Lei n. 9.099/95 que, em seus 
incisos, arrola tal impossibilidade em caso de: 
 
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, 
à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; 
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de 
cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos 
termos deste artigo; 
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a 
personalidade do agente, bem como os motivos e as 
circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da 
medida.” 
 
Assim, antes do início da ação penal e após a tentativa de composição civil 
dos danos1 - que, para ações penais privadas e públicas condicionadas à 
 
 
1 Proposta feita pelo suposto autor do fato a vítima para reparar os prejuízos causados pela infração, 
tanto moral, quanto material ou estético. 
Centro Universitário Estácio de Sá - Santa Catarina – Núcleo de Prática Jurídica - NPJ 
Rua Leoberto Leal, 431, São José – SC 
Tel. (048) 3381-8079 
 
representação, acarreta a extinção da punibilidade, seja pela renúncia ao direito de 
queixa, seja pela renúncia ao direito de representação -, o Ministério Público (em 
caso de ação penal pública, condicionada ou incondicionada) ou o querelante (em 
ação penal privada, privada personalíssima ou subsidiária da pública) oferece ao 
investigado uma pena restritiva de liberdade ou multa. 
Tal acordo é homologado pelo juiz e a extinção da punibilidade fica 
condicionada ao cumprimento das medidas impostas. Caso não sejam cumpridas as 
“condições”, o procedimento retorna ao status anterior com o consequente 
oferecimento da denúncia ou queixa-crime (aponta-se que, para o oferecimento de 
transação penal, entende-se que devem estar presentes os requisitos para o 
oferecimento da peça acusatória). 
Uma vez cumpridas as medidas acordadas em sede de transação penal, 
extingue-se a punibilidade do agente, o que impossibilita o oferecimento da ação 
penal. 
A transação penal não pode ser novamente ofertada para o agente pelos 
próximos 5 (cinco) anos, todavia, a ocorrência não constará para efeitos de 
reincidência ou maus antecedentes. 
 
 
 
ATIVIDADES 
 
 
1º - Talita conduzia seu veículo automotor quando sofreu uma colisão na 
traseira de seu automóvel causada por Lauro, que conduzia seu automóvel a 120 
km/h, apesar de a velocidade máxima permitida na via pública em que estavam ser 
de 50km/h. 
A perícia realizada no local indicou que o acidente foi causado pela violação 
do dever de cuidado de Lauro, que, em razão da alta velocidade imprimida, não 
conseguiu frear a tempo de evitar a colisão. Talita realizou exame de corpo de delito 
que constatou a existência de lesão corporal de natureza leve. Lauro, por sua vez, 
fugiu do local do acidente sem prestar auxílio. 
O Ministério Público, ao tomar conhecimento dos fatos e não havendo 
composição dos danos civis, ofereceu proposta de transação penal em favor de 
Lauro, destacando que o crime de lesão corporal culposa, previsto no Art. 303, § 1º, 
da Lei nº 9.503/97, admitia o benefício e que a Folha de Antecedentes Criminais do 
autor do fato apenas indicava a existência de uma outra anotação referente à 
infração em que Lauro foi beneficiado também por transação penal, mas o benefício 
foi oferecido e extinto há mais de 06 anos. 
Centro Universitário Estácio de Sá - Santa Catarina – Núcleo de Prática Jurídica - NPJ 
Rua Leoberto Leal, 431, São José – SC 
Tel. (048) 3381-8079 
 
Talita ficou insatisfeita com a proposta do Ministério Público e procurou você, 
como advogado(a), para esclarecimentos. 
Considerando as informações expostas, responda, na condição de 
advogado(a) de Talita, aos itens a seguir. 
 
A) Existe previsão de recurso para questionar a decisão homologatória 
de transação penal? Justifique. 
B) Existe argumento para questionar o oferecimento de transação penal 
ao autor do fato? Justifique. 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera 
citação do dispositivo legal não confere pontuação. 
 
 
A) Sim, existe previsão de recurso para questionar a decisão homologatória 
de transação penal. O artigo 76 da Lei nº 9.099/95 estabelece que a decisão 
homologatória de transação penal pode ser objeto de recurso em sentido 
estrito, no prazo de 10 dias. Assim, caso a transação penal seja homologada 
em desfavor de Lauro, Talita poderá recorrer da decisão. 
 
B) Sim, existe argumento para questionar o oferecimento de transação 
penal ao autor do fato. A transação penal é um benefício concedido ao 
autor do fato que cometeu crime de menor potencial ofensivo, desde que 
preenchidos os requisitos legais. No entanto, o artigo 76 da Lei nº 9.099/95 
estabelece que não será admitida a transação penal se houver dúvida sobre 
a autoria ou a materialidade do fato. No caso em questão, a perícia 
realizada no local do acidente indicou que Lauro foi o responsável pela 
colisão, em razão da alta velocidade imprimida. Além disso, Lauro fugiu do 
local do acidente sem prestar socorro, o que configura o crime de omissão 
de socorro previsto no artigo 304 do Código de Trânsito Brasileiro. Dessa 
forma, existem dúvidas sobre a autoria do fato e a adequação da transação 
penal para o caso em questão, o que justifica um questionamento em 
relação ao oferecimento do benefício. 
 
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Rua Leoberto Leal, 431, São José – SC 
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2º - Roberto foi denunciado pelo crime de perseguição (Art. 147-A do CP). 
Segundo a denúncia, no dia 15 de janeiro de 2022, na filial da sociedade empresária 
Ruan S/A, situada no Rio de Janeiro/RJ, Roberto se aproveitou da proximidade física 
com Fábio (colega que trabalha na matriz da empresa em São Paulo/SP e estava 
visitando a filial carioca por um dia apenas) no ambiente de trabalho, para lançar-lhe 
olhares lascivos, o que teria “perturbado a esfera de liberdade ou privacidade” de 
Fábio. Este ofereceu representação contra Roberto. 
O Ministério Público se recusou a formular proposta de transação penal a 
Roberto, com fundamento em uma anotação existente na sua Folha de 
Antecedentes Criminais (FAC), relativa à condenação definitiva à pena corporal – 
extinta há mais de 5 (cinco) anos – pela prática de crime. 
Sobre a hipótese apresentada, responda aos itens a seguir. 
 
 
A) Quais teses de mérito podem ser invocadas pelo defensor técnico de 
Roberto? Justifique. 
B) Qual medida pode ser adotada pelo defensor técnico de Roberto para 
viabilizar a proposta de transação penal? Justifique. 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera 
citação do dispositivo legal não confere pontuação. 
 
A) O defensor técnico de Roberto pode invocar diversas teses de mérito para sua 
defesa, tais comoa atipicidade da conduta, a ausência de dolo ou a inexistência de 
elementos que caracterizem o crime de perseguição. É possível argumentar que os 
olhares lançados por Roberto não foram suficientes para configurar a perturbação 
da esfera de liberdade ou privacidade de Fábio, ou ainda que a conduta de Roberto 
não se enquadra no tipo penal previsto no artigo 147-A do Código Penal. Além 
disso, é possível questionar a própria existência de elementos que caracterizem a 
perseguição, como a reiteração ou a ameaça, que não teriam ocorrido no caso em 
questão. 
B) O defensor técnico de Roberto pode requerer a revisão da anotação existente em 
sua Folha de Antecedentes Criminais (FAC), que está impedindo a oferta de 
transação penal pelo Ministério Público. De acordo com o artigo 20 da Lei nº 
11.719/2008, é possível requerer a revisão criminal quando houver sentença 
condenatória transitada em julgado e surgirem novas provas de inocência do réu ou 
circunstâncias que evidenciem a injustiça da condenação. Assim, caso existam 
elementos que indiquem a possibilidade de revisão da condenação anterior de 
Roberto, o defensor técnico poderá requerer a revisão criminal para possibilitar a 
oferta de transação penal pelo Ministério Público.

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