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Por Ana Carolina Soares 2020 PRÉ-OPERATÓRIO Vale ressaltar a importância (se possível) da preparação pré-cirúrgica, sabendo que, sem ela, podemos ter implicações com os fármacos que serão utilizados. No preparo do procedimento é imprescindível realizar: tricotomia da região a ser incidida, uma nova avaliação física do animal, jejum de 12hrs (com exceção de emergências) e antissepsia. MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA (MPA) O emprego da medicação pré-anestésica é de suma importância, visto que, sua aplicação traz vantagens ao procedimento cirúrgico e/ou ambulatorial. São exemplos disso: promover analgesia, miorelaxamento, potencialização dos fármacos indutores anestésicos e minimizar a atividade do Sistema Nervoso Simpático e/ou Parassimpático. Nesse caso, o animal possui quadro de hidrocefalia e urólitos, então, o paciente escolhido foi a realização de cistotomia via laparotomia retroumbilical, realizando uma sondagem uretral (por ser macho). Para a MPA optou-se por utilizar drogas dos seguintes grupos: anticolinérgicos, alfa 2-agonistas, opióides e miorrelaxantes de ação central. 1.Anticolinérgicos Antagonistas competitivos da acetilcolina nos sítios inervados pelas fibras nervosas pré-ganglionares do Sistema Nervoso Parassimpático. ● Indicação: Diminuir motilidade visceral e bradicardias. Foi indicado o uso de “Cloridrato de Escopolamina” por possuir ação antiespasmódica e analgésica (secundariamente), diminuindo espasmos principalmente na musculatura visceral e uretral. 2. Tranquilizantes São divididos em dois grupos: Fenotiazínicos (Acepromazina, Clorpromazina e Levomepromazina) e em Butirofenonas (Azaperone). Por Ana Carolina Soares 2020 Não será indicado seu uso pois paciente apresenta hidrocefalia e este grupo de medicação oferece risco na cirurgia pois diminui o limiar de convulsão. ● Efeitos desejados: Tranquilização, antiemético e anti-histamínico. ● Efeitos indesejados: Diminui o limiar de convulsão, reduz hematócrito, hipotensão arterial, hipotermia. 3. Benzodiazepínicos Este grupo de fármacos é capaz de causar uma ação ansiolítica, anticonvulsivante, miorrelaxante, hipnótica e amnésia sem acentuada depressão do sistema nervoso. São agonistas de receptores gabaérgicos. Exemplos de fármacos deste grupo: Diazepam, Midazolam e Zolazepam. Neste caso, foi indicado o uso do Diazepam IV na dose de 0.4 mg/kg, pois ele pouco altera os parâmetros vitais do animal e é também indicado por possuir melhor efeito anticonvulsivante e proporcionar maior tempo de duração. 4.Alfa 2-agonista Atuam diretamente nos receptores alfa-adrenérgicos do SNC e SNP, reduzindo a liberação de noradrenalina e promovendo sedação, miorrelaxamento e leve analgesia. Exemplos de medicação: Xilazina, Detomidina e Dexmedetomidina. Foi indicado a medicação Dexmedetomidina por possuir maior seletividade de alfa 2 e pouco em alfa 1, com isso, não faz vasoconstrição e não tem uma queda importante da pressão arterial. Dose: 0,15 mL/IM 5. Opióides São fármacos frequentemente indicados, além de produzirem sedação e analgesia e não induzem efeitos significativos no sistema cardiovascular. Exemplos do grupo de opióides: Morfina, Codeínac Metadona, Tramadol, Butorfanol, Fentanil e Petidina. Por Ana Carolina Soares 2020 Neste caso será indicado o uso de Tramadol — opióide versátil que tem uma ação mista: bloqueia os impulsos da medula espinhal e tem um mecanismo de ação analgésica. ● Ele age como um fraco agonista muscarínico e também aumenta a liberação e diminui a recaptação de serotonina e noradrenalina, que nas vias periféricas estão relacionadas com as vias nociceptivas (dor). Vale ressaltar que ele possui menor depressão respiratória e causa discretas alterações cardiovasculares. Dose: 2 a 6mg/kg/IV 6. Miorrelaxantes de ação central Indicação: Relaxante muscular ● Mais empregado em equinos. ● Não indicado para uso de pequenos animais. INDUÇÃO ANESTÉSICA ⦁ Tiopental - Fármaco escolhido para fazer a indução, pois ele oferece neuroproteção para o paciente e também é anticonvulsivante. ⦁ Propofol - apesar de ser o principal anestésico de indução, não seria uma boa escolha para o paciente, pois ele não oferece neuroproteção para o mesmo. ⦁ Etomidato – Não é uma boa escolha por causar tremores musculares, movimentos involuntários dos membros e cabeça. Observação: Não foi utilizado nenhum fármaco anestésico dissociativo. A anestesia dissociativa pode ser empregada na contenção química, na indução da anestesia e na manutenção da anestesia, desde que devidamente associada a outros agentes que possam atenuar seus efeitos excitatórios, que podem comprometer o protocolo anestésico. Também podem aumentar a pressão intracraniana e pressão intraocular, não sendo elegível para este procedimento. Os representantes deste grupo são a Cetamina e Zolazepam. Por Ana Carolina Soares 2020 Técnica de anestesia locorregional EPIDURAL LOMBOSSACRA EM PEQUENOS ANIMAIS Vantagens: Produz analgesia profunda com pequena dose de medicação, pois a administração do medicamento é muito próxima do local de ação (nervos da medula espinhal). Poucos efeitos sistêmicos e período do ação longo. Indicações: Utilização em abordagens cirúrgicas localizadas retro umbilicais e caudais e em procedimentos intra-abdominais, como no caso abordado (cistotomia). Bastante utilizada em pacientes que não podem ser submetidos à anestesia geral, proporcionando controle de dor satisfatório em planos anestésicos mais superficiais e, portanto, não havendo efeitos negativos de anestesias profundas, como intensa depressão cardiorespiratória. Contraindicações: Não deve ser utilizada em pacientes que possuam coagulopatias pois através da punção do espaço epidural, pode ocorrer hemorragia neste espaço. O espaço epidural não deve ser puncionado se houver algum tipo de lesão local como dermatite ou mesmo septicemia, pois a contaminação pode ser levada através da agulha até a medula do animal. Além disso, em animais com lesões medulares, deformidades no canal espinhal, hipotensos ou com algum comprometimento hemodinâmico que dificultariam a eliminação do fármaco a anestesia epidural não é recomendada. Técnica: A anestesia epidural lombossacra é feita atráves da inserção de determinado fármaco entre a sétima vértebra lomar (L7) e a primeira vértebra sacral (S1), devendo esta região ser previamente tricotomizada e passar por devida antissepsia. A técnica é feita somente após o animal estar devidamente tranquilizado, posicionado em decúbito esternal. A localização do espaço lombossacro é feita através da palpação das tuberosidades ilíacas e em seguida palpação entre as tuberosidades até encontrar o espaço entre elas. Fármacos: Anestésicos locais: lidocaína e bupivacaína (bloqueio sensorial e motor) Opióides: morfinal e fentanil (bloqueio sensorial mas sem bloqueio motor) Agonistas α2 adrenérginos: xilazina e cetamina (bloqueio sensorial)
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