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Administração de Projetos Unidade I Prof. Sérgio Ricardo de Oliveira PROFESSOR-AUTOR Sérgio Ricardo de Oliveira, graduado em Administração de Empresas pela Universidade de São Caetano do Sul, pós-graduado em Administração Industrial pela Fundação Vanzolini e em Logística Empresarial pela Faculdade Getúlio Vargas. trabalhou em grandes empresas por mais de 20 anos na área de Suplly Chain e esteve à frente de projetos como implementação do Enterprise Resource Planning (ERP), definição de construção de Centro de Distribuição (CD) e projetos de redução de custo envolvendo equipes multifuncionais. SUMÁRIO 1. FATORES QUE IMPULSIONAM O SURGIMENTO DO PROJETO ................................................... 5 1.1 Movimento de globalização ................................................................................................................. 5 1.2 Desenvolvimento de parcerias ............................................................................................................. 5 1.3 Custo Brasil .......................................................................................................................................... 5 2. DEFINIÇÃO DE PROJETO ................................................................................................................. 7 3. GERENCIAMENTO DE PROJETOS ................................................................................................... 9 3.1 Definição .............................................................................................................................................. 9 3.2 Relacionamento entre gerenciamento de projetos, portfólios e programas ........................................ 9 3.3 Valor do negócio por meio de portfólio, programas e projetos ............................................................ 9 4. NECESSIDADE DE PROJETOS ....................................................................................................... 10 4.1 Características que diferenciam projetos de atividades rotineiras .................................................... 10 4.2 Comportamento do projeto e atividades rotineiras na execução ...................................................... 10 4.3 Influência organizacional no gerenciamento do projeto .................................................................... 11 4.3.1 Cultura organizacional ....................................................................................................................... 11 4.3.2 Estrutura organizacional .................................................................................................................... 11 4.3.3 Pirâmide organizacional ..................................................................................................................... 12 4.3.4 Influência das estruturas organizacionais nos projetos ..................................................................... 13 4.3.5 Ativos de processo organizacional .................................................................................................... 15 4.3.6 Fatores ambientais ............................................................................................................................ 15 4.3.7 Stakeholders (parte interessada) ....................................................................................................... 15 4.3.8 Relação de riscos e incertezas .......................................................................................................... 15 4.4 Incertezas do projeto ......................................................................................................................... 15 4.5 Ciclo de vida do projeto ..................................................................................................................... 16 5. NECESSIDADES PARA IDENTIFICAÇÃO DE UM PROJETO ........................................................ 19 6. CONCEPÇÃO DE UM PROJETO ..................................................................................................... 20 6.1 Fases do ciclo de vida de um projeto ................................................................................................ 20 7. TÉCNICAS PARA SELEÇÃO ENTRE ALTERNATIVAS .................................................................. 24 7.1 Metodologia ........................................................................................................................................ 24 7.2 Método paramétrico para tomada de decisão ................................................................................... 25 8. PAPÉIS DOS PRINCIPAIS AGENTES DO PROJETO ..................................................................... 28 9. PROCESSOS DO PROJETO ............................................................................................................ 29 9.1 Início do projeto.................................................................................................................................. 29 4 INTRODUÇÃO O mundo vem mudando, a velocidade que tudo acontece nos dias atuais, como a quantidade de anos que definem uma geração, as alterações dos modos de costumes que faz com a sociedade tenha novas expectativas, novas formas de consumir, faz com que as organizações mudem a todo momento, trazendo razões que incentivam e impulsionam o desenvolvimento de projetos, vamos iniciar esta disciplina ilustrando fatores que incentivam o surgimento de projetos. 5 1. FATORES QUE IMPULSIONAM O SURGIMENTO DO PROJETO 1.1 Movimento de globalização Esse é um movimento que iniciou no final do século XX e foi impulsionado no século XXI e trouxe pressões competitivas para as organizações, a concorrência passou a não ser mais local, mas sim de forma global, as nações possuem competências em determinados setores que são reforçados, seja pela cultura, geografia, poderio econômico. Essas competências tornam as empresas competitivas e a fim de ganhar escala, saem para competir perante ao mundo, portanto as organizações precisam proteger os seus mercados e, para isso, criam projetos para transferência de tecnologia, montagem e expansão industrial, entrada e posicionamento de empresas em mercados não explorados anteriormente. 1.2 Desenvolvimento de parcerias Ao falarmos de absorção de competências para competir com o mercado mundial, podemos classificá-la como orgânica, por esforço próprio por meio de pesquisas, estudos e tentativa e erro, isso leva algum tempo, ou por Joint Ventures (associações entre empresas, incorporações e fusões, estas alianças, permitem absorver conhecimentos, agregando competência e diferenciais a organização, este movimento precisa ser feito com muito cuidando, mas precisa ser rápido. As ações para implementação são conduzidas por meio de projetos como: fusões de operação, formação de consórcio para construção e gestão de um empreendimento. 1.3 Custo Brasil Projetos de engenharia financeira e tributária são necessários, pois a insegurança jurídica, a alta taxação das organizações, a deficiência do poder público em prover segurança, saúde e educação, faz com que as organizações tenham que agir sobre esses problemas e avançar em atividades que não estão no core da sua empresa. Portanto, ser eficiente na administração dos recursos, utilizando criatividade e competência dos seus gestores é vital para manter a saúde financeira. Projetos como estudo tributário, desenvolvimento de novos produtos e projetos ligados a sustentabilidade podem auxiliar nessa missão. Outros fatores também trazem a necessidade de abertura de projetos como: • Crescimento da desintermediação: as organizações estão avançando sobre a sua rede de distribuição, perceberam que manter contato direto com seus consumidores traz vantagem competitiva. •Desverticalização: os recursos são escassos, portanto as empresas estão a cada dia focando mais no seu core, pois assim, podem otimizar e obter de um parceiro uma atualização constante de produtos e serviços consumidos, mas é importante executar a terceirização das atividades que não são core com excelência, portanto há a necessidade de planejamento e estruturação. 6 • Sustentabilidade: a preocupação com o triple bottom line, ou seja, o social, ambiental e financeiro, faz com que as empresas tenham muitos projetos nessa frente. • Comoditização dos produtos e serviços: esse fenômeno tem trazido desafios para as organizações, a busca do diferencial competitivo precisa ser constante para que possa sair do comum e assim ganhar mercado e perenizar a organização. • Busca pela competitividade: é constante, fatores que diferenciam as organizações das outras e elevam o nível são objeto de estudo e pesquisa constante, portanto, projetos que alterem o patamar de recursos humanos, a estrutura organizacional, aspectos técnicos, permitem melhorias nos processos produtivos e decisórios, de modo a tê-los com maior produtividade e qualidade. 7 2. DEFINIÇÃO DE PROJETO Até o momento abordamos sobre vários temas e aspectos de um projeto, mas qual é a definição de projeto? Segundo Project Management Institute (PMI), projeto é: um empreendimento que deve apresentar um início e um fim claramente definidos e que, conduzido por pessoas possa atingir seus objetivos respeitando os parâmetros de prazo, custo e qualidade. Cada projeto cria um produto, serviço ou resultado único, um trabalho repetitivo que segue procedimentos não é caracterizado como projeto. Um projeto apesar de ter algumas atividades repetitivas na sua entrega, mesmo assim a entrega final é única, podemos exemplificar a construção de um prédio, podem ser fabricados com o mesmo material, podemos empregar a mesma equipe para construí-lo, mesmo assim teremos um projeto único. Na definição do PMI, primeiramente pode-se perceber que começam informando que é um empreendimento, então já denotamos um evento, algo com relevância e destaque, temos a questão temporal, esse aspecto é reforçado quando falamos de início meio e fim, em seguida envolvemos pessoas e objetivos, esse aspecto é importante, pois afim de entregarmos resultados por meio de pessoas, precisamos de articulação, organização, assim sendo, precisaremos de parâmetros que são listados, prazo, custo e qualidade. Em contrapartida, podemos relacionar o que um projeto pode criar ou influenciar, assim ficará mais fácil delinear o que é um projeto: • Uma melhoria na linha de um produto. • Um produto que pode ser um componente de outro item, que melhora a performance do produto principal. • Efetuar uma mudança na estrutura, processos, pessoal ou estilo da organização. • Implementar uma melhoria, ou aprimoramento dos processos e procedimentos dos negócios existentes. As organizações sempre estão em busca da competitividade e inovação, o objetivo final é a busca do lucro para remunerar os acionistas e a perenidade da empresa, para isso são desenvolvidas diversas atividades, algumas são rotineiras, possuem ciclo curtos e é desenvolvida individualmente, há outras atividades focadas na inovação, seja de produtos ou processos e são conduzidas por grupos multifuncionais e por meio de projeto, as empresas possuem características próprias, como cultura, mercado em que competem e como competem, devido a algumas caraterísticas e são direcionadas por drives de processos e projetos, pelas peculiaridades dessas organizações, podem ser direcionadas com maior intensidade por um dos drives, mas em algum momento terão os dois. São eles: 8 • Process Drive São processos estáveis, que são realizados no dia com objetivo de entregas pré- estabelecidas. • Project Drive São projetos que surgem devido a necessidade de inovação e revisão de processos. Como analisa Luiz César Menezes, em seu livro Gestão de Projetos, grande parte das organizações encontra-se num estágio intermediário: existem operações rotineiras para garantir o fluxo produtivo e existem também atividades inovadoras para garantir a melhoria dos processos e da organização 9 3. GERENCIAMENTO DE PROJETOS 3.1 Definição Segundo o Guia PMBOK, gerenciamento de projetos é a aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas nas atividades do projeto para atender aos seus requisitos. Podemos listar atividades importantes que são de responsabilidade do gerenciamento de um projeto: • Como sabemos os recursos são escassos, sendo assim, é uma responsabilidade a busca do equilíbrio dessas restrições de itens como escopo, qualidade, cronograma, orçamento, recursos e risco. • Gerenciamento dos stakeholders, (partes interessadas). • Comunicação do projeto, identificar as informações relevantes que precisam ser compartilhadas, o formato, o meio de compartilhamento e as pessoas que precisam recebê-las.Controle e acompanhamento dos indicadores que medem a performance dos projetos 3.2 Relacionamento entre gerenciamento de projetos, portfólios e programas Nas organizações temos normalmente mais de um projeto, eles fazem parte de um portfólio ou de um programa. A estratégia organizacional é a linha mestre para que surjam programas, portfólios e projetos. Programa e seu gerenciamento estão relacionados com um conjunto de projetos que possuem interdependência entre si, e tem como objetivo a mudança estrutural de um status quo, podemos exemplificar a construção de um centro industrial, no qual temos a construção dos galpões, a infraestrutura de telecomunicações, a malha viária e um projeto para angariar clientes. No portfólio e seu gerenciamento podemos relacionar um grupo de projetos para maximização de retorno sobre o capital, portanto o conjunto de projetos não terão interdependência, mas terão o mesmo objetivo. Quanto aos projetos, esses podem pertencer a um portfólio ou a um programa, mas sempre tendo como objetivo central alcançar metas e objetivos organizacionais, frequentemente no contexto de um plano estratégico. 3.3 Valor do negócio por meio de portfólio, programas e projetos O valor do negócio é a soma de todos os ativos tangíveis, como caixas imobilizado e os ativos intangíveis, reputação e marca. O valor é criado por meio da gestão da operações e processos diários, mas os projetos por meio de portfólio e programas fazem com que a organização se mantenha capacitada e atualizada frente aos desafios da competitividade citado nas páginas anteriores. Para que a criação de valor seja bem- sucedida precisamos começar com o planejamento estratégico e gerenciamento bem abrangente. A estratégia organizacional deve orientar e direcionar o gerenciamento de projeto, tomando como base essa premissa, a utilização das técnicas de gerenciamento de projeto, portfólio e programa, é fundamental para o preenchimento da lacuna para a execução. 10 4. NECESSIDADE DE PROJETOS 4.1 Características que diferenciam projetos de atividades rotineiras Às vezes temos dificuldades em determinar se as atividades ou mudanças que necessitamos analisar ou alterar necessitam de um projeto, ou simplesmente de uma reunião para traçarmos o que se fazer, esse é um ponto crítico, mas é possível determinar qual é o limiar que divide os dois processos, quando o que se pretende fazer é superficial, não havendo mudanças profundas, principalmente no status quo, ou mudanças bruscas, (breakthrough) como alteração de ferramentas, processos e cultura, é possível considerar que reuniões e discussões superficiais resolverão, mas se o que pretendemos fazer é a alteração de toda essa ordem, é importante trabalharmos com projetos. Temos alguns motivadores para o surgimento de projetos como: o Externas ▪ Mudanças organizacionais. ▪ Reestruturações. ▪ Fusões e Incorporações. o Internas▪ Implantação de Programas de Qualidade. ▪ Restruturação Organizacionais. ▪ Paradas para manutenção. Quando olhamos para as entregas das organizações, podemos identificar que projetos permeiam essas entregas. Mas o ponto é: como? A competição tem exigido cada vez mais elevada capacidade de processamento e organização das pessoas e informações nas empresas. Assim as organizações modernas, estão percebendo, cada vez mais, a importância de olharem para si como se fossem um grande portfólio de projetos. 4.2 Comportamento do projeto e atividades rotineiras na execução Objetivo: projeto é terminado quando seu objetivo é alcançado, a atividade rotineira, ao atingir o objetivo, se assume imediatamente outro objetivo. Horizonte temporal: as atividades rotineiras são cíclicas, ou seja, ao terminar a atividade, imediatamente retorna-se para o início da atividade, quanto ao projeto, possui início, meio e fim e, ao finalizar o projeto, conclui-se com processo finalizado. Recursos Humanos: quando trabalhamos com pessoas voltadas a projetos, já sabemos que desmobilizaremos o time ao final do projeto, os recursos voltam para a sua 11 área de origem ou serão desligados, por ser tratar de uma contratação especifica para o projeto quando falamos de processos, estamos falando de atividades rotineiras. Cronologia: processos com as atividades sempre fazem parte de um todo, possuem intervalos curto de tempo e sempre se repetirão, quanto a projetos, são atividades com datas de início, meio e fim, com precedências e não se repetirão. Abrangência: as atividades têm poucas variáveis e pequenas variações, em projetos há uma amplitude enorme, com diversas variáveis, também constata-se a multidisciplinaridade. Prazo: quando falamos de prazos, podemos diferenciar o seu emprego nos processos e em projetos determinado. A flexibilidade a qual nos permitirmos ter enquanto em atividades rotineiras, pois é possível interrompermos uma atividade em detrimento de outra atividade que se demonstrou ser mais premente, ou diminuir o ritmo com impactos nos prazos, devido a simultaneidade na execução de outras atividades. Em projetos, não temos essa flexibilidade, precisamos cumprir o cronograma, pois corremos risco altíssimo de atrasarmos atividades sucessoras ou atrasarmos o projeto como um todo. Orçamentos: atividades rotineiras possuem uniformidade nos gastos, quanto a projetos, tipos e ritmos de gastos são muito variáveis. Qualidade: o controle da qualidade pode ser estatístico, quanto a projetos, o controle é realizado de forma individualizada. 4.3 Influência organizacional no gerenciamento do projeto 4.3.1 Cultura organizacional A cultura, estilo e estrutura das organizações influenciam como o projeto são executados, esses fatores muitas vezes definem o nível de maturidade da organização para projeto. As organizações são células formadas por pessoas e ou departamentos pautados por normas culturais que desenvolveram ao logo do tempo. A cultura organizacional é definida pelas experiências vividas dentro da organização que se tornam comum. Essas experiências incluem a estrutura da hierarquia, visões compartilhadas, missão, valores, crenças, regulamentos, políticas, procedimentos, sistemas de motivação e recompensa, tolerância a riscos e código de conduta, ética de trabalho. A comunicação é também um ponto determinante dentro da organização para que possamos conduzir o projeto, influenciada pela cultura, a capacidade e forma de comunicação, quando eficaz, traz um maior comprometimento e menos resistência as mudanças. 4.3.2 Estrutura organizacional Quando falamos da estrutura funcional, sempre lembramos da estrutura piramidal, que já trazem alguns pontos desfavoráveis para estrutura de projeto, os problemas são maiores se falarmos de influência nos projetos, pois este formato facilita a representação do poder. 12 Figura 1 – Estrutura organizacional Fonte: Menezes, 2018. 4.3.3 Pirâmide organizacional A alta administração é responsável em definir a estratégia para a organização, assim alguns dos direcionamentos como: plano financeiro, atendimento ao mercado, mix de produtos, estrutural fabril entre outros, são definidos no momento da elaboração da estratégia. Esse diferencial que será utilizado para concorrer, são definidos por essa camada, a partir dessa estratégia são forjadas a visão de futuro, políticas, metas e as métricas. Quanto à Média Gerência, possui a responsabilidade de gerir todos os recursos e fazer com que performem, tem como a principal tarefa entender a estratégia e traçar com o seu time quais serão os caminhos que percorrerão para alcançar os objetivos. Supervisores: em relação aos supervisores, são os profissionais que estão mais próximos das tarefas do dia a dia, têm a gestão da rotina dos recursos, portanto é o catalizador tanto para identificar os desvios, como atuar no curto prazo, têm o papel de garantir que as atividades estão sendo executadas conforme o desmembramento da estratégia do projeto. A quantidade excessiva do nível de postos dentro da hierarquia pode trazer burocratização e uma certa miopia para a organização, para que isso não ocorra, devemos trabalhar com um achatamento na hierarquia ou temos outra solução, podemos aprimorar os canais de comunicação. Outro fator importante, é fazer com que a estratégia permeie toda a hierarquia. Hoje a hierarquia é espelhada em diversos pilares, ou como são chamados, setores, departamentos, esses possuem a responsabilidade em fazer com que as empresas produzam produtos e serviços, para tanto, precisam especializar a sua mão de obra em atividades que o apoiarão na execução das atividades para que possam efetuar as entregas. Algumas das funções são financeiras (contabilidade, contas a pagar, contas a receber, faturamento e tesouraria), técnicas (engenharia, desenho de processo, programação de operações e manutenção), administrativas (recrutamento, seleção, treinamento de pessoas, administração de pessoal e folha de pagamento) comercial (marketing, vendas e administração de vendas) e de geração de conhecimento (pesquisa e desenvolvimento). É importante possuirmos especialistas, pois assim possibilitamos oportunidades para os profissionais se especializarem no tema, trazendo resultado no desenvolvimento de processos aderentes a necessidade da organização, aumento na curva de aprendizado, foco nos problemas e soluções e desenvolvimento de alternativas para 13 prestar o melhor serviço, esse é o lado bom de possuirmos áreas especializados, mas há um fator que as organizações estão procurando solucionar, é a integração entre as áreas, pois com a especialização, surgem também os clusters, os silos, e com isso a atitude de alguns gestores como nós e eles, esse comportamento dificulta a troca de informações e assim prejudica o desenvolvimento de operações e dos projetos da organização. Portanto, vamos imaginar ambas as situações sobrepostas, com silos e dentro deles, áreas altamente hierarquizadas e, se adicionarmos um terceiro fenômeno que podemos chamar de ilhas nas operações, teremos um agravamento, pois além das áreas funcionais isoladas e cada uma definindo as suas prioridades e políticas sem efetivamente tentar entender as conexões e necessidades das demais áreas, temos ainda a segmentação, dessa vez hierárquica, dentro das áreas funcionais. Esse cenário traz dificuldades na gestão de projetos, problemas de alocação de recursos, priorização de investimentos, compartilhamento de informação entre outras. Listamos aqui alguns pontos importantes: • Perda de foco, a concorrência de recursos sem uma única priorização. • Tentativa de padronizar ações dentro dos projetos, como não é possível, às vezes são gerados conflitos entre as estruturas. • As áreas funcionais buscam desenvolver e conduzir seus próprios projetos, mas como não possuem pessoas suficientes e muitas vezes expertisepara gerir um projeto, algumas vezes não conseguem chegar ao resultado final. • Quando a condução do projeto é realizada dentro da área funcional, mesmo com profissionais gabaritados, identificamos dificuldades na condução, pois muitos dos projetos requerem multidisciplinaridade e o isolamento não permite. • Concorrência de recursos devido à quantidade de projetos sendo conduzidos de forma simultânea, e ao mesmo tempo com uma gestão isolada, sem que tenhamos uma coordenação única para priorização. Mediante as dificuldades na condução de projetos pelas áreas funcionais, muitas organizações têm apresentado soluções para minimizar esse impacto, a principal solução é a criação de uma área de Project Manager Office (PMO) ou podemos chamar escritórios de projetos, esta é uma forma de especializar recursos, permitir mais integração entre as áreas, padronizar modus operandi. O PMO pode ser interno ou externo. 4.3.4 Influência das estruturas organizacionais nos projetos A forma em que a estrutura organizacional está montada, e, portanto, a disposição dos recursos, tem altíssima influência na condução dos projetos, ela pode ser funcional, matricial e projetizada. A estrutura funcional é formada por departamentos, como marketing, compras, financeiro, quanto à estrutura matricial, podemos dizer que é híbrida, pois, apesar de ser funcional, a cultura de projeto faz com que tratemos de forma natural a locação de recursos saindo dos departamentos, por fim, as estruturas projetizadas, elas são organizadas por projetos ou produtos, colocando todas as competências/função dentro de uma mesma área. A estrutura funcional clássica é determinada por um gestor definido pela organização, os recursos são determinados pela especialidade, já a organização matricial, 14 a qual podemos classificar como fraca, balanceada e forte, tem como característica um balanceamento entre a estrutura funcional e a projetizada, na estrutura fraca, o papel do gerente do projeto é considerado como facilitador e se reporta à média gerência, quanto à matricial forte, o gerente de projeto possui autonomia, trabalha de forma dedicada a projetos e responde para a alta administração. Temos na outra extremidade a estrutura projetizada, na qual a maior parte do time da organização trabalha full time em projetos, apesar de as pessoas possuírem especialidades, não estão distribuídas dessa forma, mas sim estão focadas por objetivos definidos e direcionados por projetos. Figura 2 – Estrutura hierárquica Fonte: Menezes Luis, 2018. Figura 3 – Influência das estruturas organizacionais nos projetos Fonte: Guia PMPOK, 2013. 15 4.3.5 Ativos de processo organizacional Ativos de processo, são históricos e experiências acumulados pela organização de informações sobre planos, política, processos, procedimentos, KPI, utilizados pela empresa. Essa base de conhecimento pode ser recuperada para apoiar futuras decisões. 4.3.6 Fatores ambientais Fatores ambientais da organização é pautado pela cultura da empresa, na qual fatores comportamentais que influenciam os projetos, como elaboração de políticas, fatores técnicos e somente técnicos permeando as decisões, tolerância a risco, canais de comunicação, banco de dados e sistemas de informação fazem com que a empresa tenha crenças e comportamentos que irão influenciar os projetos. 4.3.7 Stakeholders (parte interessada) Podemos definir stakeholders como parte interessada, pode ser um indivíduo, grupo e organização, que podem ser afetadas pelo produto do projeto, muitas vezes há conflitos de interesses e posição antagônicas, com influências positivas ou negativas no projeto. 4.3.8 Relação de riscos e incertezas Ao iniciar o projeto, os níveis de custos e pessoal são baixos, mas o grau de incerteza é grande, as incertezas vão reduzindo ao longo do tempo, pois as decisões vão sendo tomadas e as entregas vão ocorrendo, a influência dos stakeholders é possível acontecer no início do projeto com baixo impacto financeiro, a partir que o projeto caminha, o custo de mudança aumenta. 4.4 Incertezas do projeto Como projeto é caracterizado pela eventualidade, ou seja, cada projeto é um evento, esse fato traz algumas incertezas que podem surgir no início do projeto, ou durante a sua execução. As dificuldades podem ser: de escopo, no entendimento do objetivo, para manter o foco, a concorrência de atividades rotineiras com as atividades do projeto. Mediante a essas incertezas, necessitamos desenvolver alguns mecanismos que podem ser empregados com o intuito de iniciar e dar continuidade ao projeto. Uma boa técnica para dirimir as incertezas é trabalhar com o desdobramento • Divisão por fases Devemos fasear o projeto, com esta ação, podemos controlar melhor as fases por métricas, e corrigir desvios que encontramos. • Entendimento das partes 16 Procuramos entender as principais premissas dos projetos que precisarão ser atendidas, também identificar os stakeholders dos projetos e as suas expectativas, assim será possível reduzir incertezas conciliando premissas, interessados e planejamento para o cumprimento do objetivo. • Medição dos riscos Todos os projetos precisam ter o seu risco mapeado, essa ação expõe os desafios que teremos pela frente e faz com que as incertezas sejam reduzidas. • Produtos distintos em cada fase Definir o produto que será entregue em cada fase. • Melhoria do controle das incertezas Toda medição de performance das fases e do projeto como um todo, precisam ser definidas, pois esse acompanhamento reduz as incertezas e permite rapidez na correção de rotas. 4.5 Ciclo de vida do projeto O projeto possui um ciclo de vida, há um momento que ele nasce, desenvolve-se durante um período de tempo determinado e é finalizado quando seus objetivos são alcançados. O ciclo de vida do projeto pode variar em relação a necessidade da organização e pode estar alinhado ao escopo do trabalho, resultados, entregas intermediárias, e marcos específicos no escopo geral do trabalho. Todos projetos terão a estrutura de vida contendo 4 fases, que são elas: o Início do projeto; o Organização e preparação; o Execução do trabalho do projeto; e o Encerramento do projeto. Não se deve confundir fases do projeto com grupos de gerenciamento de processos, que se repetirão em cada fase do processo. 17 Figura 4 – Ciclo de vida do projeto – Empenho de MO Fonte: Guia PMPOK, 2013. Segundo o guia PMBOK, a fase de um projeto é um conjunto de atividades relacionadas de maneira lógica que culmina na conclusão de uma ou mais entregas. As fases são estruturadas para facilitar a condução do projeto, ela possui um subconjunto lógico, e permitirá identificar as entregas e o controle da performance do projeto. Apesar de as fases serem interdependentes, cada uma possui a característica e foco próprio, necessita atingir o seu objetivo principal e entregar o produto para a próxima fase, que será considerado de insumo para início da próxima fase. A determinação de fases de um projeto é peculiar a cada organização, apesar de existir padrões de mercado, podemos ter variação de organização para organização ou até entre projetos dentro da mesma empresa, podemos exemplificar a análise de viabilidade, em algumas empresas podem definir que esse estudo é um projeto separado do projeto principal da elaboração do produto final, ou pode ser considerado como uma fase do projeto do produto final. As fases do projeto poderão ser sequenciais ou sobrepostas. Figura 5 – Projeto de uma fase Fonte: Guia PMPOK,2013 18 Figura 6 – Projeto de duas Fases – Relação sequencial Fonte: Guia PMPOK, 2013. 19 5. NECESSIDADES PARA IDENTIFICAÇÃO DE UM PROJETO Para que possamos identificar quais projetos podem nascer de uma necessidade, precisamos explorar junto ao usuário todos os fundamentos e entendimentoda necessidade do usuário, por meio de perguntas estruturadas por um profissional experiente. Os motivadores são ocasionados pelas pressões externas como: macroeconomia, microeconomia, concorrentes, sociedade, mudança de hábitos, societária, novas tecnologias, regulamentação do governo e pressões internas como alteração de diretoria e mudança no plano estratégico, esses aspectos são determinantes para que os projetos surjam. Figura 7 – Ciclo de correlação ente necessidade, soluções e requisitos do projeto O importante é entendermos quais soluções possíveis possuímos para atender as necessidades, e como a metodologia para gerir esses projetos poderão contribuir. Portanto, ao olharmos a figura, podemos apontar que as fases iniciais são importantíssimas para obter sucesso na apresentação da melhor solução. As fases “reconhecer a necessidade” e “articular a necessidade” são fundamentais e todo cuidado precisa ser tomado para não negligenciarmos essas etapas, pois muitas vezes pecamos nesse sentido, já que a pressão por tempo, ou oportunidade de utilizar recursos que muitas vezes são escassos, fazem ignorarmos a importância dessas fases. Por fim, a busca de resultados de curto prazo faz com que iniciemos projetos sem ter todo o entendimento da necessidade motivado por algum problema, isso provoca a ausência da análise com a devida profundidade, e assim não desenvolveremos todas alternativas possíveis. Chamamos essa etapa de articulação da necessidade, mas por não aplicá-la, teremos resultados pobres na montagem dos requisitos técnicos, e, portanto, mau estabelecidos e consequentemente inadequados para a solução final. Emergência da necessidade Reconhecer a necessidade Estabelecer Requisitos Funcionais Articular requisitos técnicos Articular a necessidade Fonte: Menezes, 2018. 20 6. CONCEPÇÃO DE UM PROJETO 6.1 Fases do ciclo de vida de um projeto Os projetos sempre apresentam um início e um fim determinado, entre esses dois momentos os projetos sofrem um desenvolvimento, uma estruturação, uma implantação e, finalmente, uma conclusão. Figura 8 – Representação para o ciclo de vida de um projeto Fonte: Menezes, 2018. Sabemos que um projeto é muito dinâmico, às vezes precisamos adiantar fases que iniciaríamos adiante ou postergar fases por diversos motivos, sendo assim podemos denominar o gráfico acima de ciclo de vida estática do projeto. Com ciclo de vida de um projeto, podemos observar ou simular com antecipação o que queremos que aconteça de um projeto, podemos prever consumo de recursos, elaborar um anteprojeto, um estudo de viabilidade sobre o que pretende desenvolver. Ele é considerado um instrumento valioso para aprofundar ideias e conceitos a serem implementados. O ciclo de vida de um projeto é dividido em 4 fases, de concepção, de planejamento, execução e fechamento. Fases: I. Conceitual II. Planejamento III Execução IV Conclusão 21 Fase I – Concepção Essa fase é o início da gestação do projeto, é uma fase conceitual e, portanto, complexa, pois a maioria das vezes a dificuldade das organizações e de seus colaboradores é entender a real necessidade, ir ao cerne da questão que precisamos tratar. Atividades: • Entendimento da necessidade. • Por meio do entendimento da necessidade isolar o problema. • Equacionar e definir o problema. • Início da busca das oportunidades que esse problema irá propiciar. • Análise das potencialidades ou recursos disponíveis. • Definição dos objetivos. • Análise da viabilidade do atingimento dos objetivos. • Elaboração da proposta. • Venda da ideia para o alto nível da corporação. • Decisão quanto a execução. Fase II – Planejamento Nessa etapa, na qual o projeto já está aprovado, começamos a trabalhar na estruturação para a execução do projeto, identificamos os recursos e definimos como e quando utilizaremos, alinhamos expectativas sempre com foco no objetivo. Atividades: • Detalhamento das metas e objetivos a serem alcançados, com base na proposta aprovada. • Definição do time, começando pelo Gerente do Projeto. • Detalhamento das atividades. • Detalhamento de riscos. • Programação das atividades. • Definição dos eventos ou podemos chamar de milestones, esses são marcos de entregas. • Planejamento dos recursos. • Definição dos processos por meio de procedimentos e dos controles para mensuração dos resultados. • Elaboração e definição do sistema de comunicação. • Treinamento dos envolvidos com o projeto. 22 Fase III – Execução A terceira fase do ciclo de vida do projeto é o desempenho das atividades planejadas até então, todas as fases de um projeto são importantes, portanto essa não seria diferente, a excelência na execução permite que não ocorra grandes desvios para atingir o objetivo, também contém os custos, pois além de evitar desperdícios, permite o cumprimento do cronograma mantendo os custos sob controle. Atividades: • Ordenar os trabalhos a serem executados. • Executar as atividades previstas no cronograma. • Promover a interação dos membros das equipes. • Distribuição das informações (implementação do plano de comunicação). • Garantir que as entregas estão com a qualidade esperada. • Acompanhar periodicamente os indicadores para identificar desvios e corrigi-los. Fase IV – Conclusão Por fim, chegamos na etapa da conclusão, o término do projeto, entramos na fase de desmobilização, é uma etapa que precisamos ficar atentos, pois é nessa etapa que fazemos as últimas checagens das entregas e dos registros. Atividades: • Obtenção do aceite por parte do nosso cliente. • Elaboração da documentação de memória técnica. • Elaboração de relatórios e transferência dos resultados finais do projeto. • Lições aprendidas. • Avaliação da equipe. • Desmobilização do time. A distribuição de atividades ao longo do ciclo de vida do projeto não é uniforme, o processo de execução acumula mais tarefas e leva menos tempo. Na figura a seguir podemos ter uma ideia da proporção de trabalho ao longo do tempo 23 Figura 9 – Conjuntos de processo do ciclo de vida de um projeto Fonte: Menezes, 2018. Podemos observar que além de existir sobreposição das fases do ciclo de vida de um projeto, encontramos interface entre aquelas fases que se sequenciam, o que pode representar maior ou menor certeza. A fase de planejamento, na qual podemos olhar para todo o fluxo de vida do projeto, nos permitirá prever possíveis conflitos e assim poderemos mitigá-los. Uma ação que é tomada com muita frequência, principalmente pelos profissionais experientes e que possuem conceitos sedimentados quanto à gestão de projeto, é a antecipação de atividades para evitar conflitos, para atividades que são possíveis sofrer essa intervenção. Assim, antecipamos no cronograma, mas antes de executar a antecipação, precisamos conferir se a atividade não possui uma interdependência de uma outra atividade que ainda não foi executada, essa ação permite reduzir a ociosidade dentro do projeto e diminuir seu prazo. Técnicas atuais, que influenciam ou referenciam essa ação, são chamadas de engenharia simultânea ou concorrente e fast tracking. 24 7. TÉCNICAS PARA SELEÇÃO ENTRE ALTERNATIVAS 7.1 Metodologia A busca pela melhor alternativa precisa ser apoiada por metodologia, pois se decidirmos de forma subjetiva, corremos o risco de fazer más escolhas, então ao construirmos alternativas devemos envolver o grupo envolvido no projeto, pois é muito importante a pluralidade de experiências e opinião como também o comprometimento de todos. Primeiramente precisamos saber os fatores que influenciam a seleção do projeto. • Fatores de produção. • Fatores Mercadológicos. • Fatores financeiros. • Fatores Humanos. • Fatores Administrativos. Estes fatores permeiam os mecanismospara tomada de decisão que são: • Fórmulas para a Seleção. Utilização da estatística como pesquisa operacional para tomada de decisão para escolha das melhores alternativas. • Análise de custos que compreendem: Retorno sobre o que será investido: Podemos ilustrar como um exemplo a utilização de técnicas como ROE para definição de que oportunidade de retorno de cada projeto poderá trazer. Custo de oportunidade: É ter em mente que cada escolha é uma renúncia. E essa é a base do conceito de custo de oportunidade, portanto, das alternativas apresentadas, ao escolhermos uma delas, teremos que renunciar as demais. O que está em jogo, qual é a perda que as demais alternativas trarão? Precisamos então balancear a decisão. Análise de Valor Presente: Qual será o desembolso se trazermos o valor de todo o investimento para o momento atual, utilizamos esse cálculo para apoiar também a perda do custo de oportunidade. • Tabela de pontuação amostral do projeto. Matriz que permite você incluir fatores técnicos, de mercado, financeiro, processo entre outros fatores que lhe permitirá o ranqueamento das alternativas. 25 7.2 Método paramétrico para tomada de decisão Esse método foi desenvolvido por dois consultores norte-americanos, um deles chamado Kepner e o outro Tregoe, daí seu nome: Método de Kepner e Tregoe. Figura 10 – Dinâmica do método de Kepner e Tregoe Fonte: Menezes, 2018. Esse método tem um ótimo resultado, pois propicia que ao utilizar brainstorming, sabemos que essa técnica traz visões que às vezes se opõem, mas ao final tem como principal objetivo procurar a convergência e trazer resultados ricos. Tendo-se um conjunto de soluções (projetos) que devem ser priorizados ou identificados e quais deles devem ser conduzidos. Existem dois critérios: • Must ou deveres: São limitações que identificamos na alternativa e que por isto não deveremos considerá-las. • Wishes ou desejos: É o item qualitativo, ou seja, permitirá sair dos critérios básicos para critérios diferenciadores que permitirá seguir pela alternativa que propicia mais ganhos de qualidade. 26 Figura 11 – Formulário para apoio a tomada de decisão pelo Método de Kepner e Tregoe Fonte: Menezes, 2018. Esse formulário o apoiará para tomada de decisão, a partir do momento que temos uma matriz que permite listarmos de forma objetiva e clara os critérios que entendemos que são importantes, pois ao longo do planejamento definimos com muito cuidado todas as premissas, essa ação retirará a subjetividade para tomada de decisão. Ao elegermos os deveres, estamos definindo os qualificadores que permitirão passarmos para a próxima fase, isso significa que são condições mínimas para que a alternativa possa ser considerada como viável. Critérios como engenharia econômica, valores quantitativos que devem ser respeitados como: taxa interna de retorno, valor presente, valor presente líquido, período de retorno. Entre os desejos, podemos listar projetos que permitam aumento de pontualidade, qualidade, visibilidade. Como já passamos pela fase dos deveres que excluirão os projetos que não cumprirem o mínimo exigido, começaremos a analisar os projetos pela ótica dos desejos, para essa análise utilizaremos notas, por exemplo 10 para os itens mais relevante, 7 para os itens relevantes e 2 para os itens menos relevantes. O peso é utilizado para ranquear os principais desejos e assim ao multiplicarmos as notas que cada projeto conseguiu por desejo, depois a multiplicar pelos pesos, chegaremos a somatório das notas e assim conseguiremos identificar qual foi a alternativa que mais recebeu pontuação e é a que será escolhida. Podemos trazer como exemplo de uma empresa que pretende contratar um profissional para gerenciar o seu escritório de projeto, um Chief Project Officer (CPO), para isso, coletou-se informações de 4 profissionais, a fonte são os currículos e entrevistas, trazemos abaixo a análise de 4 profissionais, sendo que dois profissionais ficarão no meio do caminho, pois não atenderam os requisitos dos deveres, passado essa etapa, pontuamos os desejos (diferenciais) e chegamos ao candidato ideal. 27 Figura 12 – Método de Kepner e Tregoe aplicado à escolha de um CPO Fonte: Menezes, 2018. Nos pontos que podemos destacar os profissionais Gabriel Thinker e Bernardo Táver ficaram na primeira fase, o valor máximo de honorário que a empresa estava pré- disposta a pagar era de R$ 10 mil, sendo que um deles, não aceitou, e outro ponto importante era a disposição para morar na cidade, o Bernardo infelizmente não tinha. Quando passamos para os desejos, os itens que tinham maior relevância eram o gerenciamento de projetos, com peso 10 e o conhecimento de metodologia com peso 9, esses fatores foram decisivos para a escolha do candidato Wilhelm Great. 28 8. PAPÉIS DOS PRINCIPAIS AGENTES DO PROJETO Figura 13 – Agentes em um projeto Patrocinador: • Apoio político. • Interesse no projeto. • Viabilização. • Recursos. Gestor do projeto: • Planejamento. • Responsabilização geral. • Integração de esforços. • Entrega. Patrocinador: É eleito para essa função pois tem influência dentro da empresa, principalmente na área que será beneficiada pelo projeto, geralmente pertence à alta direção. Seu papel é facilitar a alocação de recursos mais críticos, engajar pessoas que não fazem parte do grupo do projeto, mas que terá papel importante em determinada fase do projeto, outro papel é dirimir conflitos entre áreas, mas não dentro do projeto, este é um papel do gerente de projeto. Gerente do projeto: É um dos primeiros profissionais escolhidos para compor o projeto, a figura é de gestor, precisa fazer com que as engrenagens funcionem, os recursos precisam estar alocados e performando, os prazos sendo cumpridos, orçamento atendido e qualidade atendida dentro do especificado. Para que o equilíbrio ocorra, a figura do líder do projeto é vital, pois ele será o responsável pelas entregas do resultado, interagindo para cima, com o patrocinador e com a equipe. Equipe básica: Essa equipe é formada por técnicos que detêm informações sobre o problema mapeado e a necessidade pelo qual o projeto precisará atender, esses profissionais irão compor o time que irão desenvolver o projeto, todos se reportarão de forma matricial ao gerente de projeto, é importante manter o canal com os gestores das áreas que irão liberar estes profissionais para o projeto. Patrocinador Equipe Básica Gestor do projeto 29 9. PROCESSOS DO PROJETO 9.1 Início do projeto O nascimento geralmente traz dúvidas, incertezas, necessidades dentro de uma área e dentro de uma organização, podemos estar falando da alta gestão da empresa ou de uma área funcional que precisará melhorar a sua performance, sendo assim, uma das primeiras ações que nos preocupamos ao definirmos a necessidade de um projeto é a sua concepção e as justificativas que impulsionam o desenvolvimento do projeto. Temos um campo imenso para embasar a necessidade do projeto perante a alta direção ou aos acionistas, podem ser estratégicas, mercadológicas, de performance, mas, o importante, é termos muito claro o embasamento que justificou e impulsionou o início do projeto, precisamos durante todo o projeto não perder o foco para atender o propósito final. Ao definir o propósito do projeto, precisamos iniciar o esboço do escopo, o que será abrangido pelo projeto. O escopo é o conjunto de produtos e subprodutos a serem entregues ou mesmo o grupo de macro atividades a serem desenvolvidas para que atinjamos o objetivo do projeto. Ter a clareza nas especificações com olhar quantitativo e qualitativo do que se tem a fazer e do que se tem que entregar, traz robustez e um direcionamento do que precisará fazer para alcançarmos o objetivo, mas para a criação do escopo precisaremos analisar o contexto no qual esse projeto estásendo criado e quais são os itens que serão os influenciadores. Podemos relacionar os fatores que influenciam a criação do escopo, questões como ideias políticas, econômicas, organizacionais que permeiam os fatores, algumas delas são: • Ambiente e cultural Esse item diz diretamente às pessoas, questões como: fatores demográficos da região, grau de educação das pessoas, etnias, religiões e crenças e mesmo hábitos da comunidade. • Leis locais A própria legislação e as restrições que algumas vezes são impostas por ela, algumas ações, prazos não podem ser executadas, pois são influenciadas pela legislação local. • Sustentabilidade Aqui estamos falando de meio ambiente, ecologia, mas podemos nos aprofundar abordando o tripé da sustentabilidade, que é econômico, social e ambiental. O triple botton line, poderá influenciar o escopo, pois hoje os projetos têm um papel de olhar com mais parcimônia para essas questões e entregar além dos resultados para os acionistas, também precisará entregar resultado à sociedade. 30 • Stakeholders Os projetos trazem mudanças financeiras, de processo, cultural e, portanto, atingem diversas pessoas, esse grupo de interessados no desenvolvimento do projeto são chamados de stakeholders, são profissionais e ou organizações que se relacionarão com o desenvolvimento do projeto ou mesmo com os seus resultados. Precisamos identificar os stakeholders e classificá-los, pois teremos aqueles que são mais estratégicos, devido ao fato que influenciarão na elaboração do escopo do projeto e, portanto, precisaremos criar um canal de comunicações com eles, temos também stakeholders que não terão tanta influência no escopo, mas obter o seu apoio é importantíssimo por questões políticas. Ao identificá-los e classifica-los e entender o real interesse, podemos por meio de um plano de comunicação bem estruturado ter plena condição de associar os interesses para que o projeto seja bem-sucedido nessa fase inicial, a concepção, quando é o momento que mais precisamos de apoio. 31 REFERÊNCIAS PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE (PMI). Um Guia do conhecimento em gerenciamento de projetos (Guia PMBOK). Editora Saraiva, 2014. MENEZES, Luis C. M. Gestão de projetos. Editora Atlas, 2018.
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