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Neoclassicismo

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DEFINIÇÃO
Contextualização histórica e cultural da segunda metade do século XVIII. Características do estilo neoclássico.
Temáticas, estética e obras-primas do Neoclássico.
PROPÓSITO
Compreender o conceito de Neoclassicismo, gerando capacidade de reconhecer suas características e relacionar texto
e contexto.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar o contexto histórico que propiciou o surgimento do Neoclassicismo como estética ideal da cultura do
Iluminismo
MÓDULO 2
Descrever as características do estilo decorativo do Neoclássico
MÓDULO 3
Relacionar o Neoclassicismo ao contexto brasileiro
INTRODUÇÃO
O Iluminismo foi um movimento cultural que se desenvolveu principalmente na Inglaterra, França e Holanda, desde
meados do século XVII e durante todo o século XVIII. Alicerçada no humanismo, antropocentrismo e na defesa da
razão, indo ao encontro da comunidade científica que começava a se destacar nas fileiras das sociedades liberais
europeias, esta corrente se relacionava naturalmente com o legado do pensamento clássico, impondo um rompimento
na tradição e nos ideais românticos em ebulição naquele tempo.
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Os intelectuais franceses foram os primeiros a promover os valores iluministas, e os que mais se destacaram foram
Voltaire, Rousseau, Diderot e Montesquieu. A mesma geração colaborou decisivamente para a publicação da primeira
Enciclopédia – trabalho emblemático numa época de defesa e propagação da razão e do conhecimento.
Somado a isso, a Europa setecentista viu surgir o esforço de dois alemães arautos da cultura clássica – Johann
Joachim Winckelmann (1717-1768), considerado um dos pais da História da Arte, e o pintor Anton Raphael Mengs
(1728-1779), um dos precursores da pintura neoclássica. Ambos contribuíram para o conhecimento da cultura material
greco-romana, diagnosticando – de maneira inédita até aqueles tempos – o pioneirismo dos gregos e a influência que
eles exerciam sobre Roma.
O ESTILO NEOCLÁSSICO – PRECEDENTES
Após adquirir notoriedade como bibliotecário, pesquisador e filólogo na Prússia, Winckelmann chegou a Roma em
novembro de 1755. Com a ajuda de Mengs, dedicou-se ao estudo das antiguidades romanas e, gradualmente,
adquiriu um conhecimento incomparável da arte antiga. Seu método de observação cuidadosa lhe permitiu identificar
cópias romanas da arte grega, algo incomum na época – a cultura romana era considerada a conquista final da
Antiguidade.
Artistas neoclássicos tentaram reviver o espírito, bem como
as formas e os temas da Grécia e Roma antigas. A
contribuição de Mengs nisso foi considerável: Jacques-
Louis David (1748-1825) – principal pintor do
neoclassicismo francês – o conheceu em Roma e foi
apresentado por ele às teorias artísticas de Winckelmann.
Para este último, a observação continuada da natureza,
retirando o que havia de mais sublime em diversos
modelos diferentes, permitiu aos artistas gregos a criação
de conceitos universais – tanto a partir de partes isoladas
do corpo quanto das proporções dos conjuntos –, que se
erguiam acima da própria natureza. Winckelmann
considerava que o único caminho para se tornar inimitável
seria a imitação dos gregos. Com imitação, ele não se
referia à cópia servil, mas ao tratamento da forma com o
intelecto, a razão, transformando-a em algo singular,
assumindo uma natureza própria.
Fonte: Everett-Art/Shutterstock
A cultura iluminista e o rompimento com a tradição impõem uma relação dialética nas respostas dadas pelos
românticos e clássicos às demandas de uma sociedade moderna em plena ebulição. O movimento de características
intelectuais não pode ser entendido como uma tendência única, mas, sim, como um movimento intelectual. Isso
significa que autores diversos apresentaram proposições diversas, enfrentando suas visões que, muitas vezes,
manifestavam-se de forma antagônica.
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No entanto, o que os unia enquanto movimento era o seguinte:
a clareza de que a razão é definidora do sujeito
e que a capacidade de explicar o mundo a partir
da razão era o ícone do crescimento dos estados
e da superioridade europeia.
Ainda que o movimento seja europeu, em virtude da educação e da tradição de todo o mundo colonialista olhar para a
Europa como algo ideal, estes valores acabam sendo entendidos como universal.
A ESTÉTICA NEOCLÁSSICA: LEGITIMADORA DE
ESTADOS MODERNOS
O Neoclassicismo viabilizou os anseios de uma sociedade cada vez mais ligada ao progresso e à racionalidade, num
momento de consolidação da sociedade burguesa e quebra dos pactos coloniais, rompendo decisivamente com a
tradição aristocrática e clerical. Com isso, a estética neoclássica se prestou a fornecer as bases visuais do
universalismo iluminista, pois estava calcada em valores universais:
Fonte: Kiev Victor/Shutterstock Fonte: iCydonia/Shutterstock
Fonte: Kiev Victor/Shutterstock Fonte: iCydonia/Shutterstock
Fonte: xsaretta/Shutterstock
Fonte: xsaretta/Shutterstock
Fonte: tomcat1601/Shutterstock
Fonte: tomcat1601/Shutterstock
Transformando-se numa espécie de “estilo
oficial” para potências como França e
Inglaterra, o movimento artístico permitiu
ainda a disseminação das academias de
artes – instituições dedicadas ao método
de ensino artístico profissionalizante,
elevando o estatuto da arte e do artista a
uma nova condição social e intelectual,
desempenhando um papel fundamental
na construção das identidades nacionais.
Fonte: Dimashqi/Shutterstock
Ampliando o
horizonte de
análise, ao nos
permitirmos
considerar o
Neoclassicismo
Histórico uma
fase do
processo de
formação da
concepção
romântica, onde
a arte surge da
própria arte –
tese defendida
veementemente
por
Winckelmann –,
ela pode ser
vista como uma
ruptura com a
tradição formal e
a retomada de
exemplares
considerados
supremos de
civilização.
Assim, como um
marco do anti-
historicismo do
Iluminismo, a
estética
neoclássica
seria apenas um
período da
ventura
romântica, cuja
vocação maior
consistiria no
rompimento do
ciclo clássico e
início do ciclo
moderno.
 RESUMINDO
Vamos buscar uma simplificação: o Neoclássico representa as tensões do novo, de uma burguesia que, apesar de
ascendente no século XVIII, é urbana e tributária de reconhecimento de valores vinculados a tradições das cortes e do
pensamento ocidental. Resistente às grandes formas enevoadas de Barroco e Rococó, entendidas como imposição,
uma vez mais usa a velha fórmula, e o caminho correto estava no equilíbrio estético, na beleza, na razão que marcaria
os europeus: o mundo idealizado de Grécia e Roma.
ENTRE O PITORESCO E O SUBLIME
Fonte: Shutterstock
O Neoclassicismo é um retorno, como o próprio nome já
diz. De fato, podemos pensar que, intelectualmente, temos
um grande movimento em curso na Europa. Como um
movimento, ele não deve ser entendido sem um processo.
A retomada renascentista tem sentido diante do
crescimento urbano e da idealização do urbanismo, que
remete ao mundo grego e à idealização políade. A reação,
que não é sucessora, é concomitante, vem do movimento
como contradição – o valor das tradições anteriores e a
crítica ao novo. No entanto, o pensamento, uma vez em
processo, é estruturado em contínuo. Critica-se o modelo
social e a exaltação da razão como forma de solução e
explicitação do mundo.
Surge, assim, a grande questão que impacta a arte:
SE A RAZÃO ILUMINISTA É O FUNDAMENTO DE EXPLICAÇÃO DO
MUNDO, COMO É POSSÍVEL EXPRESSAR A RAZÃO NA ARTE?
Seria um exercício de Razão pura, de Immanuel Kant, em que todos, de alguma maneira, saberiam reconhecer o que é
belo, o que é sublime. Ou, então, a razão se materializa na técnica, no homem, dominando-a de forma precisa e
conseguindo produzir algo que é peculiar. O movimento iluminista não é uma linha reta, um conjunto de entendimentos
que apontam para a mesma direção, mas, sim, um exercício constante de reflexão e crítica, que tem como elemento
de proximidade central a razão – sendo umdos maiores nomes justamente Immanuel Kant
Identificando a distinção entre um belo pitoresco e um belo sublime, Kant aponta dois juízos que dependem de
posturas diferentes do homem frente à realidade. Sob este prisma, nada é belo em si, mas se torna belo a partir de um
julgamento que qualifica a obra como tal.
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Fonte: Nicku/Shutterstock
 Immanuel Kant - Imagem de Meyers Lexicon.
Fonte: Irina Borsunshenko/Shutterstock
 Monumento ao filósofo Immanuel Kant.
O NEOCLÁSSICO E SUAS CARACTERÍSTICAS
O vídeo apresenta as características do Neoclassicismo e os conceitos de belo sublime e belo pitoresco.
As duas categorias vistas nas sobreditas considerações – o belo pitoresco e o belo sublime – já possuíam, à época,
precedentes na História da Arte.
SOBRE O BELO PITORSECO
Podemos associar o belo pitoresco ao belo romântico:
subjetivo, flexível, assimétrico e periférico. Seus artistas
estão debruçados na concepção da relação humana com a
natureza procurando realçar suas particularidades viscerais
e individuais. Na representação pictórica, o “pitoresco” se
faz presente em tons quentes e luminosos, evidenciando
certas irregularidades ou o caráter intrínseco dos
elementos (Figura 1). Neste repertório, podemos imaginar
os troncos de árvores, a agitação do mar, a mancha da
grama, miniaturas, nuvens etc.
Figura 1: Parábola do tesouro escondido, Rembrandt,
1630. Exemplo de composição em tons quentes, típica da
escola holandesa. Fonte: Wikipédia.
 Figura 1
Nesta categoria, à época, o belo pitoresco é considerado precedente na História da Arte e se alicerça na escola
holandesa, repercutindo, no século XVIII, nos paisagistas ingleses, como Constable (Figura 2) e Turner (Figura 3). O
pitoresco é uma qualidade que repercute na natureza pelo gosto dos pintores.
Figura 2: Exemplo de paisagem pitoresca – Estudo das
nuvens. John Constable. Séc. XVIII. Fonte: Wikipédia
 Figura 2
Figura 3: Calais, Willian Turner, 1803. Fonte: Wikipédia
 Figura 3
SOBRE O BELO SUBLIME
Ao sublime, podemos associar o belo clássico: objetivo, simétrico, inflexível, universal. Seus artistas também estão
debruçados na concepção da relação humana com a natureza buscando organizar suas qualidades de maneira
totalizante e equilibrada.
Já nessa categoria, também à época, o belo sublime é considerado precedente na História da Arte e procede de Rafael
e Michelangelo, por exemplo. Em Michelangelo, admira-se o “gênio”, a inspiração que consegue captar e transmitir
mensagens ultraterrenas. Solitário, sublime, artífice e operário que viabiliza a comunicação entre o céu e a terra (Figura
4). Por sua vez, a obra de Rafael – notório pesquisador da Antiguidade Clássica e pintor mais celebrado do Alto
Renascimento – alcançou grande profundidade filosófica, rendendo-lhe enorme prestígio e reputação de eminente
humanista.
Figura 4: O sublime em Michelangelo - A criação de Adão - c. 1511. Capela Sistina. Fonte:Shutterstock
 Figura 4
Segundo Edmund Burke (1729-1797), filósofo irlandês, o belo e o sublime surgem como frutos do trabalho da
imaginação sobre os sentidos, composto de metáforas e universalmente compreensível, permitindo ao homem a
chance de comunicar sobre as paixões.
Ainda segundo o autor, o sublime se manifesta quando o homem se depara com sensações fortes, como a dor e o
perigo. Ele acredita que sentimos prazer no sofrimento do outro e que o sublime é despertado por situações reais ou
que sejam representadas com extrema realidade. O sentimento é forte demais, a ponto de nos impedir de raciocinar.
Tais colocações nos remetem de imediato aos temas cristãos, com diversas representações da morte, da piedade, da
dor e da abnegação.
Fonte: Shutterstock
 Figura 5
As poéticas – pitoresca e sublime – se completam, e seu antagonismo dialético reflete o grande dilema da época: a
relação turbulenta entre indivíduo e coletividade. Praticadas concomitantemente, essas poéticas servem de pilar para o
Neoclassicismo, instituído enquanto um universal abstrato, que busca no sublime da arte clássica a expressão
nevrálgica da existência. Não obstante, o fato de se recorrer a uma arte já perdida, pertencente aos antigos,
revivescida por um apelo humanístico de expediente efêmero, denota que a mesma só pode ser reevocada, ato este
eminentemente romântico.
Essa estética é poderosa; repare como ela é a iconografia de poder pelo mundo. Veja os prédios históricos das
grandes cidades do Brasil – São Paulo, Recife e Rio de Janeiro possuem ícones neoclássicos que foram reproduzidos
até o século XX - e do mundo, que transformam a sóbria estética do Neoclássico em um símbolo de algo belo, turístico
até os dias de hoje.
Fonte: Orhan Cam/Shutterstock
O Capitólio da Casa Branca em Whashington DC.
Fonte: Fabio Almeida/Wikimapia
Prédio do Ministério da Fazenda no Rio de Janeiro.
Fonte: Cavan Imagens/Shutterstock
Teatro Amazonas, em Manaus.
(Fonte: Koslik/Shutterstock
A razão passa a ser o processo central na modernidade. Trata-se de um valor que se manifesta na política, na religião
e, principalmente, nos intelectuais urbanos, que circulavam e influenciavam aqueles que produziam. A razão se
manifesta no pitoresco e no sublime, mas o modelo mais forte na tradição neoclássica é a construção do ideal, de uma
beleza que pode ser reconhecida – pela técnica ou pela “razão pura, imanente” –; como seria indiscutível a beleza do
que fora construído pelas sociedades gregas e romanas. A arte arquitetônica predominante passa a ser tratada como
uma arte não intelectualizada, grotesca, bárbara.
ARQUITETURA
NEOCLÁSSICA
A consolidação da arquitetura neoclássica, primeira
manifestação robusta do Neoclassicismo Histórico, é
convencionalmente situada em meados do século XVIII;
não obstante, as aspirações classicizantes já estavam em
voga desde o século XVII, numa tendência estilística que
ficou conhecida como Palladianismo.
Fonte: Shutterstock
Neste novo cenário, a razão deveria ser ordenadora da vida prática, demandando às cidades o papel de local e
instrumento da vida social. Novos tipos de edifícios foram inventados de acordo com suas funções: escolas, hospitais,
cemitérios, mercados, portos, quartéis, pontes, ruas, praças, asilos, hotéis etc.
Fonte: Wikipedia
 Église Saint-Vincent-de-Paul, Paris. Fonte: Wikipedia
A arquitetura neoclássica adquiria, desta maneira, um
carácter tipológico, cuja distribuição de volumes e espaços
era calculada de maneira racional. O papel do arquiteto
para o progresso das cidades passava a ser cada vez mais
decisivo, determinando o uso adequado do espaço público.
Na forma, a arquitetura neoclássica enfatizou a sobriedade
dos volumes planos, em vez do claro-escuro do Barroco e
do excesso de ornamentação do Rococó, mantendo
identidades separadas para cada uma das partes de seu
conjunto. Portanto, o estilo primava pela simetria,
geometria simples e funcionalidade, fruto das demandas
das sociedades liberais.
Com esses imperativos, formava-se, portanto, a nova
ciência da cidade: o urbanismo. Tal disciplina, não ligada
de maneira exclusiva à França revolucionária e/ou
napoleônica – ainda que as grandiosas transformações de
Paris sob o comando de Napoleão tenham sido objeto de
estudo para tantas outras civilizações –, redundou numa
verdadeira febre neoclássica que alcançou quase todas as
cidades europeias, manifestando uma adequação racional
ao expediente da sociedade em plena transformação.
QUAIS ELEMENTOS PODEMOS RECONHECER NOS ESPAÇOS
NEOCLÁSSICOS?
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Formas geométricas claras: na planta baixa, na disposição das janelas, no interior. Esses elementos são sempre
sóbrios, geométricos.
Há também a adoção de colunas – gregas e romanas –, dispostas de forma ordenada e sempre imponentes,
para dar uma visão de diferenciação.
Capitéis – as cabeças das colunas ornamentadas com
motivos gregos. Fonte: Kitty Vector/ Shutterstock
Frontões – estruturas triangulares centrais – muitas vezes,
contam uma história. Fonte:Mount Elbrus/ Shutterstock
Formas geométricas claras: na planta baixa, na disposição das janelas, no interior. Esses elementos são sempre
sóbrios, geométricos.
Uma das cidades em que podemos perceber essas tradições é Paris. Constituída no Antigo Regime, valeu-se da
família real para demonstrar toda a sua imponência.
Fonte: Wikipédia
Planta baixa do projeto de igreja metropolitana (Paris), Étienne-Louis Boullée (c. 1780).
Fonte: Wikipédia
Projeto de biblioteca pública (Paris), Étienne-Louis Boullée (c. 1785).
Fonte: Wikipédia
Projeto para disposição do Foro Bonaparte em Milão (1806), Giovanni Antonio Antolini.
Neste período, começa a se disseminar a compreensão de que a cidade não é mais patrimônio de famílias abastadas
e do clero, mas um verdadeiro instrumento de progresso para a sociedade. Por este motivo, o trabalho de engenheiros
e arquitetos deveria estar direcionado para a população, promovendo grandes obras de interesse público.
Com a estruturação do meio urbano, a criação da imagem de cidade é acompanhada dos processos de
profissionalização – a imagem dos trabalhadores em diversos segmentos. Assim, ocorre a disseminação de escolas,
das leituras, e há também o fortalecimento das posições sociais. Quer dizer, o meio urbano passa a ser o espaço dos
prédios neoclássicos, mas também dos homens do Antigo Regime, das academias de formação intelectual.
Institut de France. Fonte: designbydx/Shutterstock
A formação intelectual do artista é amplamente aprimorada com a abertura das academias, escolas públicas especiais
onde eles poderiam desenvolver técnicas e aprofundar seus estudos em diversas disciplinas pertinentes, passando a
não depender exclusivamente de um mestre. Elas nasceram para suplantar o sistema corporativo e artesanal das
guildas medievais, tendo como pressuposto básico a ideia de que a arte pode ser ensinada através da sua
sistematização em um corpo de teoria e prática integralmente comunicável, minimizando a importância da criatividade
como contribuição original e individual. Valorizavam, corroboradas pelos arautos dos antigos, como Winckelmann, a
emulação de mestres consagrados, venerando a tradição clássica, e adotavam conceitos estéticos e éticos formulados
coletivamente.
Canapé em madeira. Séc. XIX. Exemplo de mobiliário feito
em série a partir do século XIX. Fonte: Foto do autor
Neste mesmo contexto, marceneiros e entalhadores
artesãos perceberiam que a simplificação elegante e
equilibrada se prestava admiravelmente à produção em
série, catalisando a transformação do artesanato em
indústria.
A escultura concentrou-se em Roma. Quase todos os
principais escultores europeus do período trabalharam na
cidade, e os dois mais prestigiados – Antonio Canova e
Bertel Thorvaldsen – passaram boa parte da vida
produtiva lá.
Hércules e Licas, Antonio Canova em 1795. Fonte:
Wikipédia
ROMANTISMO
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O Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na
Europa. Concomitante, caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao Racionalismo e ao Iluminismo e
robusteceu um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa. Os autores românticos
voltaram-se para si mesmos, retratando o drama humano, os amores trágicos, ideais utópicos e desejos de
escapismo.
EBULIÇÃO
"A cesura na tradição se define com a cultura do Iluminismo. A natureza não é mais a ordem revelada e imutável
da criação, mas o ambiente da existência humana; não é mais o modelo universal, mas um estímulo a que cada
um reage de modo diferente; não é mais a fonte de todo saber, mas o objeto da pesquisa cognitiva. [...] O fato de
o móvel ideológico, que tantas vezes se transforma em explicitamente político, ocupar o lugar do princípio
metafísico da natureza-revelação, tanto na arte neoclássica como na romântica, mostra que ambas, apesar de
aparente divergência, pertencem ao mesmo ciclo de pensamento. A diferença consiste sobretudo no tipo de
postura (predominantemente racional ou passional) que o artista assume em relação à história e à realidade
natural e social".
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 12
KANT
Immanuel Kant (1724 - 1804) foi um filósofo prussiano. Seu tratado filosófico está sistematizado nas três críticas
publicadas em vida: Crítica da razão pura (1771), considerada uma das obras mais importantes de seu tempo; a
Crítica da razão prática (1788) e a Crítica da faculdade de juízo, de 1790. A filosofia crítica de Kant se tornou a
orientação de pensamento dominante na Alemanha. Nos anos subsequentes, sua influência se estendeu para a
França, Inglaterra e outros países. Na Crítica da faculdade de juízo, Kant investiga os limites daquilo que
podemos conhecer pela nossa faculdade de julgar, que leva em consideração não apenas a razão, mas também
a memória e os sentimentos. O autor analisa o juízo do belo através das categorias qualidade, quantidade,
finalismo e modo, do sublime, e introduz a noção de “gênio” à questão do labor artístico.
PALLADIANISMO
A arquitetura dita palladiana é um estilo arquitetônico europeu derivado e inspirado nos projetos do arquiteto
veneziano Andrea Palladio (1508-1580). O que hoje é reconhecido como arquitetura palladiana é uma evolução
de seus conceitos originais. O trabalho de Palladio foi mormente baseado na simetria, na perspectiva e nos
valores da arquitetura formal dos templos gregos e romanos. A partir do século XVII, a interpretação de Palladio
dessa arquitetura clássica foi adaptada como o estilo conhecido como "Palladianismo", que continuou a se
desenvolver até o final do século XVIII.
ANTONIO CANOVA E BERTEL THORVALDSEN
Esses dois dirigiram ateliês robustos, encarregando-se de grandes encomendas de toda a Europa. Trabalhando
preferencialmente no mármore, designaram parcela considerável dos seus trabalhos aos seus assistentes,
denotando uma nova relação do artista com seu objeto, alinhados às demandas de aumento da produção.
Retrato de Antonio Canova, Rudolph Suhrlandt, 1812,
Fonte: Wikipedia.
Bertel Thorvaldsen, Karl Begas,1820.
CONVENÇÃO NACIONAL
É a denominação dada ao regime político que vigorou na França entre 20 de setembro de 1792 e 26 de outubro
de 1795, no processo da Revolução Francesa. Sucedeu o regime da Assembleia Nacional Legislativa instituído
pela Constituição de 1791 e que fundou a Primeira República Francesa.
ACANTO
É o nome de uma planta espinhosa originária da Itália e da Grécia, cuja folha é muito usada como motivo
decorativo, tendo sido base para diversos ornatos desde o Renascimento. O exemplo mais difundido é o relevo
de acanto das colunas de capitel coríntio.
ESTOICISMO
O estoicismo é uma escola da filosofia grega fundada em Atenas por Zenão de Cítio (335-264 a.C.). Tendo
exercido grande influência nos valores cristãos, é uma doutrina desenvolvida por várias gerações de filósofos que
se caracteriza por uma ética que defende a felicidade através da extirpação das paixões e aceitação resiliente do
destino. Por extensão, o termo se aplica ao modo de vida em que se preza pela rigidez dos princípios morais.
ESTEREOTOMIA
A arquitetura dita palladiana é um estilo arquitetônico europeu derivado e inspirado nos projetos do arquiteto
veneziano Andrea Palladio (1508-1580). O que hoje é reconhecido como arquitetura palladiana é uma evolução
de seus conceitos originais. O trabalho de Palladio foi mormente baseado na simetria, na perspectiva e nos
valores da arquitetura formal dos templos gregos e romanos. A partir do século XVII, a interpretação de Palladio
dessa arquitetura clássica foi adaptada como o estilo conhecido como "Palladianismo", que continuou a se
desenvolver até o final do século XVIII.
ESTEREOTOMIA
Técnica científica para dividir os materiais de construção (pedras, madeiras, cantarias, argamassas etc.).
1820
Sua obra no Brasil revela duas vertentes distintas: a primeira como pintor viajante, registrando a fauna, a florae
os costumes de diversos pontos do país, com destaque para o Rio de Janeiro. Seu interesse pelo pitoresco e
exótico, presente nestas obras, já denotam uma motivação romântica, que se acentuará nas gerações
posteriores; suas pinceladas são breves e há pouca presença das linhas dos contornos, terminando por não
delinear completamente as figuras ou as fisionomias.
Este trabalho, não obstante, foi de suma importância para se revelar a realidade sociocultural brasileira da época,
o sistema patriarcal e os antagonismos e as contradições de uma sociedade escravista.
Fonte: Wikipédia.
 Capataz punindo escravo, Jean-Baptiste Debret,
1834.
Sua segunda vertente se refere à atuação como pintor de corte e professor, abordando temas históricos e
retratos oficiais. Nesta categoria, Debret apresenta suas qualidades de pintor neoclássico, seguindo os
parâmetros iconográficos e plásticos da pintura histórica acadêmica.
Fonte: Wikipédia.
 Sagração de Dom Pedro I. Jean-Baptiste Debret,
1828.
JOHANN JOACHIM WINCKELMANN
Considerado um dos pais da História da Arte, pela forma e pelo modelo de proposição de perceber o papel
intrínseco entre texto e contexto.
Figura 1: Retrato de Johann Joachim Winckelmann. Angelika Kauffmann, 1764. Fonte: Wikipédia
ANTON RAPHAEL MENGS
Estudioso de civilizações antigas que buscava, pela História, encontrar a verdadeira arte, a perfeita.
Figura 2: Autorretrato. Mengs 1771. Fonte: Wikipédia.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (UNESP SP/2017 – ADAPTADA) O ALVO DOS ATAQUES EXTREMISTAS É O ILUMINISMO, E
A MELHOR DEFESA É O PRÓPRIO ILUMINISMO. “POR MAIS QUE SEUS VALORES ESTEJAM
SENDO ATACADOS POR ELEMENTOS COMO OS FUNDAMENTALISTAS AMERICANOS E O
ISLAMISMO RADICAL, ISTO É, PELA RELIGIÃO ORGANIZADA, O ILUMINISMO CONTINUA
SENDO A FORÇA INTELECTUAL E CULTURAL DOMINANTE NO OCIDENTE. O ILUMINISMO
CONTINUA OFERECENDO UMA ARMA CONTRA O FANATISMO”. ESTAS PALAVRAS DO
HISTORIADOR BRITÂNICO ANTHONY PAGDEN CHEGAM EM UM MOMENTO NO QUAL
ALGUMAS FORÇAS INSISTEM EM DINAMITAR A HERANÇA DO SÉCULO DAS LUZES. “O
ILUMINISMO É UM PROJETO IMPORTANTE E EM INCESSANTE EVOLUÇÃO. PROPORCIONA
UMA IMAGEM DE UM MUNDO CAPAZ TANTO DE ALCANÇAR CERTO GRAU DE
UNIVERSALIDADE QUANTO DE LIBERTAR-SE DAS RESTRIÇÕES DO TIPO DE NORMAS
MORAIS OFERECIDAS PELAS COMUNIDADES RELIGIOSAS E SUAS ANÁLOGAS
IDEOLOGIAS LAICAS: O COMUNISMO, O FASCISMO E, AGORA, INCLUSIVE, O
COMUNITARISMO”, AFIRMA PAGDEN. (WINSTON MANRIQUE SABOGAL. “‘O ILUMINISMO
CONTINUA OFERECENDO UMA ARMA CONTRA O FANATISMO’”. ADAPTADO.) O
NEOCLÁSSICO SE ESTRUTURA EM UM CONTEXTO EM QUE É IMPOSSÍVEL NÃO
RELACIONÁ-LO AOS MOVIMENTOS ILUMINISTAS. SOBRE ESSE MOVIMENTO, PODEMOS
APRESENTÁ-LO COMO:
A) Uma tendência de pensamento legitimadora do domínio colonialista e imperialista exercido pelas nações europeias.
B) Um projeto intelectual eurocêntrico baseado em imagens de mundo dotadas de universalidade teológica.
C) Um impulso intelectual propagador de ideologias políticas e religiosas contrárias à hegemonia do Ocidente.
D) Uma experiência intelectual racional e emancipadora, de origem europeia, porém passível de universalização.
2. O NEOCLASSICISMO FOI UM MOVIMENTO ARTÍSTICO QUE SURGIU NA EUROPA, POR
VOLTA DE 1750, DURANDO ATÉ MEADOS DO SÉCULO XIX. ESTE MOVIMENTO TEVE COMO
OBJETIVO PRINCIPAL RESGATAR OS VALORES ESTÉTICOS E CULTURAIS DAS
CIVILIZAÇÕES DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA (GRÉCIA E ROMA). A ARTE NEOCLÁSSICA
ERA:
A) Intimamente associada aos valores cristãos difundidos pela Contrarreforma.
B) Voltada para a população pobre, excluída das manifestações artísticas elitistas em vigor durante o Rococó.
C) Um movimento estético que despontou como resposta às transformações sociais do século XVIII e à ascensão da
burguesia como classe social dominante.
D) Uma arte assistemática, isto é, que buscava o afrouxamento das regras dos tratadistas e das academias.
GABARITO
1. (UNESP SP/2017 – adaptada) O alvo dos ataques extremistas é o Iluminismo, e a melhor defesa é o próprio
Iluminismo. “Por mais que seus valores estejam sendo atacados por elementos como os fundamentalistas
americanos e o islamismo radical, isto é, pela religião organizada, o Iluminismo continua sendo a força
intelectual e cultural dominante no Ocidente. O Iluminismo continua oferecendo uma arma contra o fanatismo”.
Estas palavras do historiador britânico Anthony Pagden chegam em um momento no qual algumas forças
insistem em dinamitar a herança do Século das Luzes. “O Iluminismo é um projeto importante e em incessante
evolução. Proporciona uma imagem de um mundo capaz tanto de alcançar certo grau de universalidade quanto
de libertar-se das restrições do tipo de normas morais oferecidas pelas comunidades religiosas e suas
análogas ideologias laicas: o comunismo, o fascismo e, agora, inclusive, o comunitarismo”, afirma Pagden.
(Winston Manrique Sabogal. “‘O Iluminismo continua oferecendo uma arma contra o fanatismo’”. Adaptado.) O
Neoclássico se estrutura em um contexto em que é impossível não relacioná-lo aos movimentos iluministas.
Sobre esse movimento, podemos apresentá-lo como:
A alternativa "D " está correta.
Como vimos, uma das características mais importantes do Iluminismo é seu aspecto emancipador e racional,
estabelecendo uma conexão imediata com a ciência e rompendo com qualquer senso comum e com o
fundamentalismo. Tais características conferem ao Iluminismo o poder de universalização, pois seus princípios eram
perfeitamente replicáveis às sociedades industriais que se estabeleciam. Neste ensejo, o Neoclassicismo se prestou a
fornecer as bases visuais e estéticas a este anseio universalista, pois estava calcado em valores universais, como o
ideal de belo, o sublime, o equilíbrio, a proporção, a simetria etc.
2. O Neoclassicismo foi um movimento artístico que surgiu na Europa, por volta de 1750, durando até meados
do século XIX. Este movimento teve como objetivo principal resgatar os valores estéticos e culturais das
civilizações da Antiguidade Clássica (Grécia e Roma). A arte neoclássica era:
A alternativa "C " está correta.
O Neoclassicismo despontou como alternativa para aproximação do ideal estético moderno com o “antigo”, idealizado
como modelo universal para a construção iconológica das nações industriais. Sua função, portanto, era estar a serviço
da sociedade e de suas demandas. O papel do arquiteto para o progresso das cidades passava a ser cada vez mais
decisivo, determinando o uso adequado do espaço público.
O ESTILO DECORATIVO DO NEOCLÁSSICO
Como vimos no módulo anterior, o Neoclassicismo é o estilo artístico baseado nos modelos gregos e romanos da
antiguidade clássica. Surgido aproximadamente em 1750, como reação aos excessos do Barroco e Rococó, já estava
plenamente estabelecido na França e em outros pontos da Europa 20 anos depois. Uma das causas da sua rápida
disseminação foi a descoberta e as escavações arqueológicas das cidades romanas de Pompeia e Herculano,
sepultadas sob as cinzas da erupção do Vesúvio, em 79 d.C.
Fonte: S-F/Shutterstock
Vamos explicar melhor: o Renascimento já havia sido marcado no século XVI pelo retorno da iconografia greco-
romana; essa estética, que era pautada na busca de um retorno idealizado do clássico, era predominante em algumas
cidades italianas e francesas. No entanto, a contradição entre o belo pelo exagero e a iconografia sóbria da
antiguidade idealizada permaneceu viva.
O que temos no século XVIII é um retorno com toda a força da valorização neoclássica. Porém, não com a busca da
perfeição; era a liberdade associada à tradição, a ruptura com uma ordem diante das influências do que era entendido
como caos. É o pensamento sendo ordenado, racional, e, por isso, livre, mas fundamentado nos anos de aprendizado.
Porém, qual a razão para retornar ao neoclássico: a descoberta das obras de Pompeia gera uma admiração renovada,
recriada, reinventada; é o passado que volta para exaltar a capacidade e a tradição europeias.
Dessa forma, são recuperados as formas e o detalhamento humano. Os animais,reais ou mitológicos, voltam com
força. Um dos encantamentos importantes são os mobiliários de casa, em especial os vasos, que retratavam as cenas
do cotidiano. Um modismo associado a uma valorização que passa a marcar os espaços da decoração dos novos
centros urbanos.
Fonte: Louvre Tour
 "Vase Médicis", 1804, Paris
Fonte: Louvre Tour
 "Vase fuseau de Madame Mère", 1810, Sèvres
Fonte: Louvre Tour
 "Borghese Vase", 1807
SOBRE GRUTESCO
Depois do que foi encontrado em Pompeia, surge um novo movimento de busca de artefatos. Vale ressaltar que a
Arqueologia ganhou um novo impulso nos século XVIII e XIX. Tudo o que foi encontrado, de mosaicos a prédios, foi
explorado pelo público, que podia passear pelas grutas – chamamos isso de grutesco. Foi aberto um conjunto de
formas e modismos que se multiplicaram nas manifestações neoclássicas.
O grutesco também é conhecido como grotesco, a palavra indica elementos provenientes das grutas. O termo é
designado para indicar certos ornamentos derivados daqueles encontrados nos aposentos subterrâneos das ruínas
romanas. São compostos por figuras humanas, vasos, hastes vegetais espiraladas ou helicoidais, pássaros,
mascarões (máscaras humanas, muitas vezes deformadas e caricatas). Foram revivescidos pelo pintor Rafael (1483-
1520) e por seus discípulos para ornamentar as loggias (varandas abertas ao exterior por arcada) do Vaticano.
O Neoclassicismo se manifesta nas artes decorativas pelas soluções lineares e simétricas, recorrendo aos
consagrados elementos ornamentais clássicos, como o uso da folha de acanto para preenchimento de relevos e o
emprego de ornatos típicos da herança grutesca em substituição às rocalhas do Rococó.
Jacques-Louis David, Autorretrato, 1794.
 Tipos de folhas de acanto.
Jean-Auguste-Dominique Ingres, Autorretrato, 1807.
 Exemplar de grutesco.
Os principais exemplares da decoração neoclássica estão presentes no mobiliário , na talha e na pintura ornamental.
No mobiliário, o Neoclassicismo introduziu diversos móveis chamados “de coluna”, como cômodas, mesas, bancas,
espelhos, quadros e outros móveis de linhas retas e de estrutura mais delicada.
No Brasil, após a Revolução Industrial, há uma maciça chegada dos modelos franceses. A vinda da corte para o Brasil
intensificou o seu uso.
Na talha, há a valorização dos elementos constituintes das ordens arquitetônicas clássicas, como as colunas com fuste
reto, os capitéis compósitos, a presença do entablamento, com tímpano e frontão no coroamento.
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I - COLUNAS COM FUSTE RETO
É a parte principal de um elemento vertical (p. ex., uma coluna), situado entre a base e o capitel.
Fonte: CUNHA, Almir Paredes. Op. Cit. p. 51
II - FRONTÃO
Elemento construtivo em forma triangular, delineando o telhado de duas águas. A origem desse elemento remete aos
templos gregos, aparecendo posteriormente também como
III - TÍMPANO
Nas ordens arquitetônicas clássicas, é a parte situada acima das colunas ou fenestras (aberturas, i.e.: portas, janelas
etc.), e abaixo dos frontões.
IV - ENTABLAMENTO
Ordem arquitetônica romana, constituída pela justaposição entre as volutas (ornato em forma helicoidal, curva) jônicas
e as folhas de acanto da ordem coríntia. In: Id. Ibd. p. 44.
V - CAPITÉIS COMPÓSITOS
Parte superior de um suporte vertical (p. ex., uma coluna), decorativo e funcional, que trabalha como elemento terminal
entre o fuste e a arquitrave.
Fonte: Id. Ibd.. p. 40.
Partiremos para a análise de três exemplares de obras neoclássicas que apresentam as características sobreditas a
fim de identificarmos, na prática, a recorrência dos elementos decorativos supracitados.
CREDÊNCIA
Credência é uma mesinha colocada junto ao altar, com a função de servir de apoio para os objetos utilizados numa
missa.
Credência. Madeira policromada. Séc. XIX. Fonte: Foto do autor.
No exemplo em questão, podemos reparar o formato do fuste dos pés – estriados e canelados, com o terço superior
em forma de pétalas de flor estilizadas e a parte inferior semelhante a um coruchéu invertido. No friso, há uma sóbria
ornamentação tipicamente neoclássica, com estrias em baixo relevo, formando uma sequência geométrica de formas
lineares terminadas com florões em alto relevo.
O conjunto prima pelo equilíbrio e pela moderação da ornamentação, com contornos retos e/ou geometrizados,
preceitos típicos do Neoclassicismo.
ILUSTRAÇÃO DE RETÁBULO
Retábulos são os elementos escultóricos que ocupam a parede atrás das mesas de altar – retro tábula. Surgidos no
gótico medieval, eles adquirem aspecto monumental a partir dos séculos XVII e XVIII na Península Ibérica e em suas
colônias latino-americanas.
Podemos observar, na ilustração, algumas daquelas características principais já colocadas anteriormente: colunas e
pilastras com capitéis compósitos; fustes estriados, de contornos retos; coroamentos com cartelas (área lisa delimitada
por moldura, onde há uma inscrição (por exemplo, um monograma), folhas de acanto e outros elementos fitomorfos,
guirlandas e medalhões com florões em relevo preenchendo os espaços não estruturantes ou ainda rematando os
frisos dos entablamentos. A mesa do altar, por sua vez, vai ganhando formas mais geométricas, com contornos
trapezoides.
Ilustração de retábulo típico do período neoclássico. Fonte: Imagem do autor.
PINTURA ORNAMENTAL EM ORATÓRIO
Oratório consiste num nicho ou armário para colocação de imagens religiosas. Como não possui predicados
iconográficos específicos, a pintura ornamental costuma ser subsidiária de uma obra maior, preenchendo espaços e
lacunas.
É o caso do nosso exemplo: os elementos florais de inspiração grutesca servem de ornamentos para os vazios do
oratório.
Oratório do séc. XIX com pintura ornamental. Fonte: Foto do autor.
ANÁLISE DA ARQUITETURA NEOCLÁSSICA
Vídeo sobre análise de estruturas de colunatos e capiteis do Neoclassico.
A PINTURA NEOCLÁSSICA FRANCESA –
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DAS OBRAS DE
DAVID E INGRES
A predominância da estética neoclássica francesa, especialmente em sua influência no Brasil, é elemento central;
então, antes de analisar os detalhes da estética e das técnicas, precisamos pensar como essa base francesa
funcionava. O propósito é conhecer as características principais de:
Jacques-Louis David, Autorretrato, 1794.
 Jacques-Louis David
Jean-Auguste-Dominique Ingres, Autorretrato, 1807.
 Jean-Auguste-Dominique
As características plásticas, técnicas, iconográficas e, sobretudo, éticas, iconológicas e ideológicas dos dois principais
pintores do gênero na França revolucionária e pós-revolução – são a base para o entendimento da manifestação da
pintura neoclássica francesa. Através da analogia da obra de ambos e de suas contradições, lançaremos luz sobre
todo o período de permanência do estilo Neoclássico na pintura francesa e sua difusão na arte ocidental.
JACQUES-LOUIS DAVID
A obra de David estava engajada com o fervor republicano que dominava o país, alavancando seu prestígio nas fileiras
artísticas e intelectuais. Durante a revolução, aderiu à Convenção Nacional e atacou a Academia. Permaneceu preso
durante um curto período, após a queda da República e, logo após – quando Napoleão ascendeu ao poder –, trabalhou
a serviço do imperador.
David trata o ideal clássico como modelo ético.
Transcendendo as aspirações do sublime, ilustra a crua
realidade com firme e controlada paixão. Professando um
estoicismo moral, sua obra vai ao encontro dos arquitetos
neoclássicos, procurando adequá-la às exigências sociais,
por meio de uma abordagem sempre lúcida e adequada
aos fatos.
Diferentemente dos artistas barrocos, suas representações
não possuíam um gosto narrativo que as tornavam
semelhantes a uma cena de teatro ou um capítulo de
romance; apenas apresentavam o fato como testemunha
irrepreensível da verdade.
Fonte: Shutterstock
 A morte de Sócrates, Jacques Louis David, 1787.
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 O juramento dos horácios, de Jacques-Louis David.1784. Fonte: Wikipédia.
Em termos formais, a representação também se adequa ao que fora destacado anteriormente: ainda que o tema
representasse o prenúncio de uma tragédia, os irmãos só denotam sua convicção e concentração.
O pai, mirando as espadas e ao mesmo tempo o firmamento, apresenta uma contida aflição, resignada e carregada de
contentamento. No segundo plano, uma das jovens se apoia no ombro de outra familiar, manifestando um lamento
silencioso e contido.
Não obstante, essa rígida moderação das paixões, o elogio ao dever e o sacrifício para o bem – valores translúcidos na
obra – denotam um verdadeiro chamado para a revolução que viria poucos anos depois.
JEAN-AUGUSTE-DOMINIQUE INGRES
Fonte: Shutterstock
Ingres, foi aluno de David e passou boa parte de sua vida
em Roma, como pensionista (1806-1820) e, diretor da
academia francesa em Florença (1820-1824) e em Vila
Medici (1835-1841). Ao contrário de seu mestre, não
estava engajado no Neoclassicismo revolucionário, nem na
sua vertente mais moderada, protagonizada pelos
escultores italianos. Sem interesses políticos ou
ideológicos, notabilizou-se inicialmente pelos retratos,
demonstrando grande aptidão para a técnica do desenho.
Concebendo a arte como pura forma, não tentou imprimir
demasiados sentimentos ou dramas dos personagens
representados. Para ele, a pintura não tinha funções
cognitivas ou morais, não deveria servir nem ao Estado
nem à Igreja, nem à revolução nem à reação, trazendo em
 Papa Pio VII na Capela Sistina, Jean-Auguste-
Dominique Ingres, 1814.
si mesma sua razão intelectual e moral. Assim, para
Ingres, o belo era alcançado na relação entre os
componentes da forma – linha, claro-escuro, cor, luz etc. –,
que compõem um todo singular.
 A banhista de Valpinçon, Jean Auguste Dominique Ingres. 1808. Fonte: Wikipédia.
Uma de suas obras mais consagradas retrata significativamente seus esforços e suas convicções. Em A banhista de
Valpinçon, pintada em 1808, em Roma, a nudez pálida da pessoa representada se completa numa ambiência apática e
remota, restando ao espectador se apegar aos movimentos rítmicos dos drapeados e das pregas de lençóis e
cortinados, ratificando sua intenção de alcançar uma composição única e equilibrada na justaposição dos elementos da
forma.
 COMENTÁRIO
O que podemos traçar em paralelo entre a obra dos dois artistas abordados é que, para ambos, havia uma busca
moral a ser atingida através da arte. Se, para David, essa busca era imanente aos sentimentos revolucionários de seus
patrícios – dos quais ele partilhava e difundia –, para Ingres, o objeto de valor maior estava na própria arte, na
possibilidade de se atingir um ideal de beleza na reunião sóbria e tênue dos elementos que compõem a forma – legado
da arte clássica.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. UMA DAS PRINCIPAIS REFERÊNCIAS ANTIGAS QUE SERVIRAM DE MODELO PARA A
ORNAMENTAÇÃO NO RENASCIMENTO ITALIANO E, POSTERIORMENTE, NA DECORAÇÃO
PRESENTE NAS PINTURAS E TALHAS DO NEOCLASSICISMO FORAM AS
REPRESENTAÇÕES GRUTESCAS, ENCONTRADAS NOS APOSENTOS SUBTERRÂNEOS DE
ALGUMAS RUÍNAS ROMANAS. PODEMOS IDENTIFICÁ-LAS PELOS SEGUINTES
ELEMENTOS:.
A) Rocalhas, conchas, mascarões e hastes vegetais.
B) Figuras humanas, vasos, hastes vegetais espiraladas ou helicoidais, pássaros, mascarões.
C) Cariátides e atlantis, folhas de acanto, máscaras humanas deformadas etc.
D) Tarjas, cartelas, quartelões, frisos estriados e folhas de acanto.
2. A FOLHA DE ACANTO ESTILIZADA, MUITO PRESENTE NA REPRESENTAÇÃO
ORNAMENTAL DA ANTIGUIDADE, FOI REVIVESCIDA NA RENASCENÇA, APRESENTANDO,
AINDA, GRANDE DESTAQUE NA DECORAÇÃO NEOCLÁSSICA. SUA FORMA MAIS
DIFUNDIDA DESDE OS TEMPOS ANTIGOS FOI...
A) Nos capitéis da ordem clássica coríntia.
B) Nos relevos dos tímpanos dos frontões dos templos gregos.
C) Nos fustes das colunas da ordem clássica jônica.
D) Nos frisos dos entablamentos dos edifícios romanos. 
GABARITO
1. Uma das principais referências antigas que serviram de modelo para a ornamentação no Renascimento
italiano e, posteriormente, na decoração presente nas pinturas e talhas do Neoclassicismo foram as
representações grutescas, encontradas nos aposentos subterrâneos de algumas ruínas romanas. Podemos
identificá-las pelos seguintes elementos:.
A alternativa "B " está correta.
O grutesco – também enunciado como “grotesco” – é um padrão de representação ornamental herdado das grutas
(aposentos subterrâneos) das ruínas romanas. Suas características soturnas, quando não assustadoras, devido à
presença de mascarões (máscaras de figuras humanas distorcidas), além do preenchimento desordenado com outros
elementos desconexos, como pássaros, hastes vegetais, vasos etc., acabou conferindo uma mudança no sentido da
palavra “grotesca”, passando também a significar coisa estranha que suscita riso ou escárnio.
2. A folha de acanto estilizada, muito presente na representação ornamental da Antiguidade, foi revivescida na
Renascença, apresentando, ainda, grande destaque na decoração neoclássica. Sua forma mais difundida
desde os tempos antigos foi...
A alternativa "A " está correta.
Os capitéis da ordem arquitetônica coríntia foram o principal veículo de difusão da folha de acanto estilizada como
elemento ornamental, presente a partir de então em relevos e talhas para preenchimento de superfícies com motivos
decorativos.
POR QUE O BRASIL?
Será que nós fomos um país icônico para o Neoclassicismo
para termos um olhar preciso e específico de seu
desenvolvimento no Brasil? Não! Sua força reside na
França, Holanda, Bélgica e nos territórios que comporiam a
Alemanha no futuro. Se seus grandes teóricos foram os
alemães, seus grandes nomes eram franceses. Porém, o
contexto é tudo, afinal falamos de História da Arte, da
relação texto e contexto; em nosso caso, o texto é a arte.
Acontece que, no contexto napoleônico, pouco a pouco, as
tradições neoclássicas serão reconhecidas como herdeiras
do mundo que eles queriam vencer. Enquanto isso, os
países que buscavam se manter resistentes às novas
forças transformaram o Neoclassicismo em ícone. Naquele
momento, um território, que era uma colônia, assumiu a
condição de se tornar a sede de um reino importante. O
Brasil precisava de uma identidade que mostrasse o seu
poder e a sua ideia de continuidade do próprio reino
português.
Fonte: Shutterstock
O BRASIL E A MISSÃO FRANCESA
Embarque da família real portuguesa em 1807. Pintura de Nicolas Louis Albert Delerive. Fonte: Wikipeedia
Com a chegada da família real ao Rio de Janeiro, em 1808...
... houve uma grande mudança no ambiente artístico e cultural do Brasil.
Joachim Lebreton chegou no Rio de Janeiro em 1816, como encarregado de chefiar a Missão Artística Francesa.
Pintura de Adelaide Labille-Guiard, 1795. Fonte: Wikipeedia
Fonte: Wikipedia
A abertura dos portos praticamente encerrou o pacto colonial, deixando nossas fronteiras disponíveis às influências de
outros países, inserindo o Brasil na expansão do capitalismo ocidental.
Para adaptar a capital ao status de sede do Império Português, Dom João VI implementou uma série de medidas
visando a modernização do Rio de Janeiro, dentre elas a instituição de uma Academia Imperial de Belas Artes, que
pretendia dar ao Brasil um perfil atualizado, alçando os parâmetros culturais brasileiros ao modelo de pensamento
iluminista difundido na Europa.
Fonte: Wikipedia
Com essas demandas provocadas por um novo paradigma político e econômico, houve profunda modificação no
contexto artístico brasileiro da época. A prática artística do período colonial estava praticamente restrita às
encomendas religiosas, com poucas exceções protagonizadas pela engenharia militar nas fortificações e no
ordenamento de arruamentos e vilas.
O processo de mudança de gosto e propósitos do fazer artístico e arquitetônico seria radicalmente transformado com a
contratação da Missão Artística Francesa, em 1816, chefiada pelo Professor Joachim Lebreton. Além deste, o grupo
era constituído por AugusteHenri Victor Grandjean de Montigny, arquiteto – com os discípulos Charles de Lavasseur e
Louis Ueier:Auguste Marie Taunay, escultor, e seu filho, Félix Taunay, ainda jovem aprendiz; Charles-Simon Pradier,
gravador; François Ovide, mecânico; Jean Baptiste Leve, ferreiro; Nicolas Magliori Enout, serralheiro; Pelite e Fabre,
peleteiros; Louis Jean Roy e seu filho, Hypolite, carpinteiros; François Bonrepos, auxiliar de escultura; Zéphyrin Ferrez,
gravador de medalhas e os artistas abaixo apresentados.
Fonte: Wikipedia
No mesmo ano, Lebreton elaborou uma proposta de nova metodologia do ensino através da criação de uma escola
superior de Belas Artes, com disciplinas sistematizadas. O ensino seria oferecido em três etapas: desenho geral e
cópia de Modelos dos grandes mestres, para todos os alunos; desenho de corpos em vulto completo e das formas
naturais, além de elementos da modelagem tridimensional, para escultores; pintura e escultura seguindo os cânones
acadêmicos clássicos, utilizando modelo vivo, para pintores e escultores, respectivamente.
Para os arquitetos, havia também uma sistematização dividida em três módulos teóricos e outros três práticos. Na
teoria, eram: História da Arquitetura com estudo das obras dos antigos; Construção e Perspectiva; Estereotomia. Na
prática: Desenho; Cópia de Modelos e Estudo de Dimensões; Composição de Elementos.
Fonte: Historia das Artes
Pórtico da fachada principal da antiga Academia Imperial
de Belas Artes. Projeto de Grandjean de Montigny.
Fotografia de Marc Ferrez, 1891. Fonte: Wikipédia.
Um dos mais importantes membros da Missão foi o
arquiteto Grandjean de Montigny, que permaneceu no
Brasil até sua morte, em 1850. Profissional gabaritado, com
enorme bagagem profissional, ele realizou grandes
projetos de arquitetura e urbanismo, dos quais infelizmente
poucos foram postos em prática, muito em função das
condições econômicas e políticas do Brasil na primeira
metade do século XIX.
Quase 200 de seus projetos estão arquivados na Escola de
Belas Artes da UFRJ, no Museu Nacional de Belas Artes,
na Biblioteca Nacional e no Museu Dom João VI, atestando
sua ampla produção em diversas frentes de trabalho,
desde a ampliação de praças, construção de chafarizes,
projetos urbanísticos e construção de edifícios com funções
determinadas, como palácios, escolas, teatros, mercados,
alfândegas etc. Seu projeto para o prédio da Academia
Imperial de Belas Artes foi iniciado em 1816 e concluído em
1826, constituindo num dos principais exemplares do
Neoclássico no Rio de Janeiro. Demolido em 1937, o
pórtico principal hoje se encontra reerguido no Jardim
Botânico do Rio de Janeiro.
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Outro projeto ainda existente é o edifício da antiga Praça
do Comércio, atual Casa França-Brasil, que apresenta
planta em cruz grega, com duas naves cobertas por
abóbadas. Sua ornamentação é bastante discreta,
restringindo-se à observação dos parâmetros das ordens
arquitetônicas clássicas, com colunas monumentais, e a
sucessão dos componentes, como o entablamento típico
da ordem toscana e o frontão triangular.
Fonte: Wikipédia.
Fonte: Wikipédia.
 Princesa Leopoldina no Brasil, Jean-Baptiste Debret
,1817.
Outra figura proeminente da Missão Artística Francesa foi o
pintor Jean Baptiste Debret, ex-aluno da Academia de
Belas Artes de Paris e primo de Jacques-Louis David.
Permaneceu no Brasil desde a chegada da Missão até
1831, quando retornou a Paris. Sua atuação como
professor no Brasil foi muito importante, trabalhando com a
cadeira de Pintura Histórica desde 1820.
Algumas das obras mais consagradas nesta vertente são a
pintura da chegada da Imperatriz Leopoldina, em 1817, e a
ornamentação de grandes festas públicas, com a ajuda do
escultor Auguste-Marie Taunay, como Retrato de Dom João
VI, 1817.
Com maior ou menor participação na construção de um novo ambiente artístico no Brasil do século XIX, os artistas da
Missão Francesa ajudaram a elevar o estatuto da profissão a outro patamar, formando alguns dos principais
intelectuais do universo cultural brasileiro do século XIX, como Manuel de Araújo Porto-Alegre.
A GERAÇÃO DE ARTISTAS NEOCLÁSSICOS
BRASILEIROS
Proeminente artista da primeira geração de estudantes, Manuel de Araújo Porto-Alegre foi aluno de Debret e contou
com grande apreço de Dom Pedro I, que o admirava e prestigiava. Cerca de dois decênios mais tarde, Porto-Alegre se
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tornaria diretor da AIBA.
Fonte: Wikipédia.
 Manuel de Araújo Porto-Alegre., Ferdinand Frumholz,
1848.
Fonte: Wikipédia.
 Dom Pedro I. Manuel de Araújo Porto-Alegre, 1826.
Fonte: Wikipédia.
 Retrato de Dom João VI, Jean-Baptiste Debret, 1817.
A Academia foi responsável pela primeira exposição de arte
realizada no país: a exposição de pintura histórica, de
1829. Convocada pelo Imperador por meio de decreto, com
participação e mobilização efetiva de Araújo Porto-Alegre e
Debret, a mostra apresentou 47 trabalhos de pintura
histórica e 106 estudos de arquitetura, realizados por
Debret, Montigny e seus alunos, respectivamente. Além
disso, foram expostos quatro obras paisagísticas e quatro
bustos elaborados pelo escultor Marc Ferrez.
Considerada um sucesso, foi visitada por mais de duas mil
pessoas, sendo amplamente coberta pela imprensa da
época. Entre as obras de cunho histórico, destacaram-se
as pinturas de Debret: Desembarque da Imperatriz
Leopoldina e Retrato de Dom João VI.
A IMPORTÂNCIA DE DEBRET
A importância de Debret é muito grande para o ensino
artístico no Brasil. Compreendendo que o Neoclassicismo
não se encaixava totalmente na nossa realidade, o artista
não se restringiu ao rigor da regra e da norma, conferindo
um grau de liberdade que a Academia Francesa não
permitia aos seus alunos.
Durante os quinze anos em que esteve no Brasil, Debret
coletou farto material para sua emblemática obra Viagem
pitoresca e histórica ao Brasil, amplamente ilustrada, onde
o artista registrou, em aquarelas, hábitos e profissões,
costumes e detalhes do cotidiano do Rio de Janeiro de seu
tempo.
Arco de alongamento brasileiro nativo com pés, Debret,
1844. Fonte: Shutterstock.
 Arco de alongamento brasileiro nativo com pés, Debret,
1844.
O reinado de Dom Pedro II foi bastante importante para a constituição da identidade do Brasil enquanto nação. O
desenvolvimento da economia cafeeira ajudou a fortalecer uma elite enraizada na tradição aristocrática e patriarcal da
colônia, mas também identificada com os ideais, costumes liberais e os novos padrões de consumo procedentes do
Velho Continente. O gosto pelo colecionismo de eminentes personalidades da sociedade permitiu a entrada no país de
um repertório da arte europeia através de encomendas ou viagens ao exterior.
Em 1830, aconteceria a segunda exposição, novamente com a participação e o empenho de Araújo Porto-Alegre.
Contando com os mesmos artistas do ano anterior, a mostra reuniu 52 pinturas, 13 paisagens, 11 esculturas e 82
projetos arquitetônicos.
Ambas as exposições, de 1829 e 1830, eram exclusivas de alunos e professores da AIBA, não permitindo a inscrição
de artistas externos.
 SAIBA MAIS
Henrique José da Silva impunha sua autoridade em episódios de franco antagonismo, como quando recusara a
mudança do horário das aulas de Grandjean de Montigny, demanda solicitada por este último pelo fato de residir na
Gávea, tendo de viajar a cavalo para o Centro do Rio de Janeiro.
A mesma querela se comprovou pela falta de interesse do português com as exposições, que não atraíram seu
interesse apesar do sucesso de público e crítica. Em 1831, com o retorno de Debret e a ida de Araújo Porto-Alegre
para a França, as mostras deixaram de ser realizadas periodicamente, além de passarem a ser mais restritas.
ANO 1840
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Em 1840, no âmbito da Academia, uma das principais ações do seu diretor geral – Félix-Émile Taunay – foi solicitar ao
imperador D. Pedro II que as exposições fossem abertas aos artistas externos, tornando-se,a partir de então,
exposições gerais.
O diretor acreditava que a rivalidade entre artistas acadêmicos e não acadêmicos poderia estimular o desenvolvimento
das artes e o interesse da crítica e do público. D. Pedro II acatou o pedido, desde que as obras expostas fossem
consideradas merecedoras de estarem nas mostras. Assim, em dezembro de 1840, é realizada a primeira Exposição
Geral no Brasil, prestigiada pela presença do Imperador e da aristocracia brasileira, aclamada pela crítica e pela
imprensa nacional, transformando-se numa agenda oficial do Império nos meses de dezembro.
Apesar de não ter sido elaborado um catálogo oficial, a imprensa da época começava a exercer um trabalho de crítica,
alinhando-se ao que já vinha ocorrendo na cobertura dos salões europeus, atendo-se às questões plásticas, materiais
e técnicas das principais obras.
As premiações outorgadas eram indicadas pela Congregação, pelo colegiado designado para realizar tal avaliação.
Félix Émile Taunay encaminhava as decisões diretamente ao Imperador, que as concedia. A aquisição de obras para a
Pinacoteca também era sinalizada, contribuindo para o crescimento da coleção, atendendo a um dos maiores objetivos
de seu diretor.
Havia a premiação da medalha de ouro e de prata, além da condecoração de diversas ordens e menções honrosas.
Configurando uma nova motivação aos artistas, as mostras suscitavam diversas discussões durante todo o ano, até a
chegada de uma nova exposição.
Ainda em 1840, é inventada a fotografia, técnica que revolucionaria os padrões de representação da realidade. Isto
porque, por mais que os artistas buscassem a total isenção, era impossível não imprimir nas suas obras alguns traços
de suas ideologias e personalidades. D. Pedro II, grande incentivador e entusiasta das artes e ciências, teria sido um
dos primeiros proprietários de um daguerreótipo nas Américas, demonstrando uma rápida penetração das descobertas
científicas no território brasileiro, fato incomum na história do país até então.
As exposições gerais seguem ocorrendo ano a ano, quando, em 1845 Félix Émile Taunay recomenda à Congregação
que solicite a instituição dos Prêmios de Viagem ao Exterior.
O PRÊMIO
Os contemplados deveriam passar os dois primeiros anos na Academia da França em Roma, onde o aluno praticaria
seu aperfeiçoamento em contato com os grandes mestres europeus. O terceiro ano seria transcorrido nas principais
cidades históricas e artísticas na Itália e na França.
PRIMEIRO GANHADOR
Em outubro de 1845, com rápida aceitação do imperador, é concedido o primeiro Prêmio de Viagem ao Exterior a
Antonio Batista da Rocha, discípulo de Grandjean de Montigny.
PARTICIPANTES
Poderiam participar do concurso, ex-alunos graduados e estudantes já premiados em exposições anteriores. O prêmio
não seria, portanto, concedido aos ganhadores das Exposições Gerais, mas a alunos e egressos da AIBA.
OS GANHADORES E A ACADEMIA
Os ganhadores do Prêmio de Viagem tornavam-se pensionistas da Academia e deveriam frequentar os ateliês dos
grandes mestres europeus, além de seguir rigorosas orientações do seu programa de aperfeiçoamento, o que não
impediu o insucesso e/ou a desobediência de alguns artistas. Era muito comum que estes alunos tivessem de executar
cópias de obras consagradas, algumas na sua totalidade, outras para reforçar detalhes mais preciosos da sua
composição. Muitos destes trabalhos compõem hoje o acervo do Museu Nacional de Belas Artes e do Museu Dom
João VI.
HERANÇAS E INFLUÊNCIAS DE UM BRASIL
CONTRADITÓRIO
Trataremos, por fim, da manutenção das formas mais tradicionais de raízes coloniais em pleno período de difusão e
consolidação do Neoclassicismo enquanto principal estilo adotado na Academia e nas escolas auxiliares e regionais de
artes no Brasil.
Amparada pelo Estado, a arte neoclássica teve naturalmente maior destaque no contexto artístico brasileiro do século
XIX. Não obstante, tal constatação não significa que o modo de produção e o espectro formal da produção artística dos
tempos de colônia tenham desaparecido.
Na capital e nas províncias, igrejas e demais fundações clericais, com sua imaginária, suas talhas e pinturas,
prolongaram por um longo período as formas e a iconografia colonial, aclimatada ao seu tempo pela conotação
classicizante.
No Rio de Janeiro, por exemplo, muitos monumentos foram construídos no século XIX, em que os elementos do
Pombalino, Barroco tardio, presente nas fachadas, convivem com uma talha de fatura neoclássica, ainda que não
constituída sob os rígidos preceitos da ornamentação sóbria deste estilo, possibilitando certos exageros decorativos.
Fonte Wikipedia
Ainda há de se destacar a produção anônima de uma grande quantidade de mestres de obras e artífices, que dão
conta de projetos arquitetônicos e ornamentação de uma série de solares, capelas, sedes de fazenda e residências
pelos sertões do país, num momento de expansão da economia cafeeira e interiorização.
Essa arquitetura vernacular, espalhada por todo o Brasil, demonstra que o Neoclassicismo, ao contrário do que
afirmava a historiografia ligada ao Modernismo, não representou um corte violento na tradição arquitetônica do povo
brasileiro, graças à imposição alienada de padrões europeus.
Ao contrário, os valores de contenção e harmonia clássicas estavam em plena sintonia com a simplicidade da
arquitetura civil colonial de raiz portuguesa.
A importância de Debret é muito grande para o ensino
artístico no Brasil. Compreendendo que o Neoclassicismo
não se encaixava totalmente na nossa realidade, o artista
não se restringiu ao rigor da regra e da norma, conferindo
um grau de liberdade que a Academia Francesa não
permitia aos seus alunos.
Durante os quinze anos em que esteve no Brasil, Debret
coletou farto material para sua emblemática obra Viagem
pitoresca e histórica ao Brasil, amplamente ilustrada, onde
o artista registrou, em aquarelas, hábitos e profissões,
costumes e detalhes do cotidiano do Rio de Janeiro de seu
tempo.
O segundo exemplo é a obra do escultor e aluno da AIBA Antônio de Pádua e Castro. Como toreuta, integrou a
geração de 1840 a 1860. Seu nome se encontra ligado a vários contratos de obras para as principais igrejas do Rio de
Janeiro, na sua maioria pertencentes a Ordens Terceiras ou Irmandades.
No período em questão, vários desses monumentos foram construídos (Igreja do Santíssimo Sacramento), reformados
ou ampliados (Igreja da Ordem Terceira do Carmo, que teve a sua talha completada; Igreja São Francisco Xavier do
Engenho Velho; Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Paula etc.).
A produção de Pádua e Castro é vasta e se concentra, principalmente, nos decênios de 1860 a 1870, identificada em
registros que se referem ao artista como toreuta, administrador de obras, desenhista, arquiteto, matemático, além de
professor da disciplina de escultura de ornatos na Academia Imperial de Belas Artes. Especialista em torêutica, isto é,
arte de trabalhar o metal por moldagem, cinzeladura, tauxia e marchetaria.
Para a ilustração da justaposição do estilo neoclássico com as formas tradicionais oriundas do Barroco e Rococó
produzidos nos tempos coloniais, vamos nos ater a duas das suas principais obras:
TOREUTA
Quem faz trabalho artístico com metal.
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 Clique nas figuras abaixo para ver as inforções.
Interior da Igreja Ordem Terceira do Carmo do Rio de Janeiro e suas talhas. Fonte: Wikipédia.
Igreja Ordem Terceira do Carmo
No primeiro exemplo, podemos observar o esforço de Pádua e Castro em absorver e amalgamar as formas originais do
Rococó reproduzido na talha original da Igreja da Ordem Terceira do Carmo. Seu trabalho consistiu basicamente em
preencher as lacunas nas quais não havia preenchimento (o estilo Rococó pressupõe a existência de retábulos e
relevos intercalados por espaços vazios de parede nua (só no reboco caiado para respiração), conferindo um aspecto
mais pesado ao conjunto, semelhante à talha barroca. Neste sentido, poderíamosdizer que o escultor imitou as formas
rococós, já totalmente em desuso na ornamentação do século XIX, a fim de imprimir uma coesão estilística ao
conjunto.
Interior da Igreja Santíssimo Sacramento do Rio de Janeiro. Fonte: Wikipédia.
Igreja Santíssimo Sacramento
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No segundo caso, Pádua e Castro preencheu a Igreja do Santíssimo Sacramento com uma talha que reproduz as
formas e composições decorativas do Neoclassicismo (guirlandas, florões, folhas de acanto, baldaquino com colunas
compósitas etc.), ainda que a madeira dourada e o excesso de elementos nos remetam invariavelmente ao tipo de
ornamentação praticada nos tempos coloniais.
Para além do requinte e da qualidade da fatura da obra de Pádua e Castro, os dois exemplares escolhidos ratificam
nossa observação da coexistência de um Neoclassicismo adaptado à realidade e ao legado das artes visuais
produzidas no Brasil ao longo dos séculos anteriores, manifestando sua sobrevida no gosto de muitos dos
encomendantes de obras durante todo o século XIX – sobretudo no gênero da arte sacra – e pavimentando o caminho
para o desenvolvimento do Ecletismo nas últimas décadas do século XIX.
Vamos exercitar?
ANÁLISE DE PINTURA BRASILEIRA NEOCLÁSSICA
O Brasil do século XIX assumiu uma roupagem que nos impacta até hoje? Faça um teste: quantas capitais possuem
ícones neoclássicos e que parcela de nossa população vincula a ideia de um prédio bonito, ou fantástico, a
características neoclássicas? Fomos forjados enquanto nação com essa identificação icônica. Vamos conhecer essa
história e a sua intensa relação com a arte.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (MACKENZIE 2010)
NESTE ANO [DE 2010], EM QUE COMEMORAMOS AS RELAÇÕES BRASIL-FRANÇA,
VERIFICAMOS QUE AS INTERFACES QUE LIGAM AS DUAS NAÇÕES SÃO MARCANTES AO
LONGO DE TODA A NOSSA HISTÓRIA. A PRESENÇA DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA NO
BRASIL, EM 1808, MOTIVOU, ENTRE OUTROS EVENTOS, A VINDA DA MISSÃO ARTÍSTICA
FRANCESA, EM 1816, PORQUE...
A) O estilo neoclássico trazido pelos artistas franceses traduzia o modelo ideal de civilização, de acordo com os
padrões da classe dominante europeia, sendo essa a imagem que o governo português desejava transmitir, naquele
momento, do Brasil.
B) A arte acadêmica, afastando-se dos motivos religiosos e exaltando o poder civil, as datas e os personagens
históricos, agradava mais às classes populares nacionais, ansiosas por imitarem os padrões europeus.
C) Somente artistas franceses poderiam retratar, com exatidão e competência, a paisagem e os costumes brasileiros,
modificados com a vinda da família real para a colônia.
D) Era necessário criar, na colônia, uma Academia Real de Belas Artes, a fim de cultivar e estimular, nos trópicos, a
admiração pelos padrões intelectuais e estéticos portugueses, reconhecidamente superiores.
2. (UEL 2016)
A IMAGEM ACIMA FOI PRODUZIDA POR DEBRET. SOBRE A RELAÇÃO DO
NEOCLASSICISMO E A HISTÓRIA DO BRASIL, PODEMOS AFIRMAR QUE: I) DEBRET FAZIA
PARTE DA MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA QUE CHEGOU AO BRASIL EM 1816. II) A
IMAGEM FOI FEITA COM BASE NAS OBSERVAÇÕES DO ARTISTA DA VIDA COTIDIANA DO
RIO DE JANEIRO. NO ENTANTO, GRAÇAS À CARACTERÍSTICA MUITO INVENTIVA DE
DEBRET, NÃO É POSSÍVEL CONSIDERÁ-LA PARA ENTENDER A REALIDADE BRASILEIRA
DA ÉPOCA. III) PODEMOS OBSERVAR ELEMENTOS DE UMA SOCIEDADE HIERARQUIZADA,
PATRIARCAL E ESCRAVISTA NA IMAGEM. IV) A ESTÉTICA DA IMAGEM, O EQUILÍBRIO DA
GRAVURA, REMETE À TRADIÇÃO NEOCLÁSSICA NO BRASIL, EMBORA HAJA
ADAPTAÇÕES.
A) Somente a primeira afirmativa.
B) Somente a primeira e a terceira afirmativas.
C) Somente a segunda, terceira e quarta afirmativas.
D) Somente a primeira, terceira e a quarta afirmativas.
GABARITO
1. (MACKENZIE 2010)
Neste ano [de 2010], em que comemoramos as relações Brasil-França, verificamos que as interfaces que ligam
as duas nações são marcantes ao longo de toda a nossa história. A presença da família real portuguesa no
Brasil, em 1808, motivou, entre outros eventos, a vinda da Missão Artística Francesa, em 1816, porque...
A alternativa "A " está correta.
Como apresentado nos parágrafos quarto a sexto desta aula, para adaptar o Rio de Janeiro ao status de sede do
Império Português, Dom João VI implementa uma série de medidas visando a modernização da cidade e do país,
dentre elas a instituição de uma Academia Imperial de Belas Artes. Procurando dar ao Brasil um perfil atualizado,
alçando os parâmetros culturais brasileiros ao modelo de pensamento iluminista difundido na Europa, é realizada a
contratação da Missão Artística Francesa, em 1816, chefiada pelo Professor Joachim Lebreton.
2. (UEL 2016)
A imagem acima foi produzida por Debret. Sobre a relação do Neoclassicismo e a história do Brasil, podemos
afirmar que: I) Debret fazia parte da Missão Artística Francesa que chegou ao Brasil em 1816. II) A imagem foi
feita com base nas observações do artista da vida cotidiana do Rio de Janeiro. No entanto, graças à
característica muito inventiva de Debret, não é possível considerá-la para entender a realidade brasileira da
época. III) Podemos observar elementos de uma sociedade hierarquizada, patriarcal e escravista na imagem.
IV) A estética da imagem, o equilíbrio da gravura, remete à tradição neoclássica no Brasil, embora haja
adaptações.
A alternativa "C " está correta.
Quando falamos da obra de Debret, ressaltamos que ela revela duas vertentes distintas: a primeira como pintor
viajante, registrando a fauna, a flora e os costumes de diversos pontos do país, com destaque para o Rio de Janeiro. A
segunda como pintor histórico, a serviço da corte. A respeito da primeira vertente, seu interesse pelo pitoresco e
exótico, presente nestas obras, já denotam uma motivação romântica, que se acentuará nas gerações posteriores;
suas pinceladas são breves e há pouca presença das linhas dos contornos, terminando por não delinear
completamente as figuras ou as fisionomias. Esse trabalho foi de suma importância para se revelar a realidade
sociocultural brasileira da época, sem deixar de reproduzir elementos da estética adaptados à realidade brasileira, ao
sistema patriarcal e aos antagonismos e às contradições de uma sociedade escravista.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neoclassicismo é um movimento artístico herdeiro de uma longa tradição europeia que reconhece o valor de seu
passado na Antiguidade e no redimensionamento desta. No século XVIII, a burguesia já era uma força poderosa, mas
a tradição nobiliárquica era uma realidade, e isso era a base do Neoclassicismo. Some-se a esse contexto as
descobertas da Arqueologia, que fazem emergir das grutas e das cinzas mais resquícios vivos de Roma.
Ícone da urbanidade, o Neoclassicismo torna-se marca dos prédios públicos, das decorações e de poder a partir da
segunda metade do século XIX. É um sinal de bom gosto, equilíbrio, em uma sociedade que buscava se estruturar pelo
princípio da razão, no qual a busca do belo passava a ser significativo e se manifestou dessa forma desde a
Arquitetura até a pintura europeia.
Nos trópicos, uma nova corte emerge, e a capital transplantada do Império Português será reestruturada, remodelada,
revalorizada; para tal, artistas franceses serão contratados, prédios públicos e academias, construídos, consolidando,
assim, a primeira geração de artistas locais ícones da relação, algo até hoje vivo entre o Brasil e o Neoclássico.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
EXPLORE+
Assista aos vídeos:
Sobre Wilckelmann e sua contribuição para a História da Arte.
Sobre os 200 anos de chegada da Missão Artística ao Brasil, comemorados em 2016, recomendamos o vídeo da
TV PUC-Rio.
Leia as seguintes indicações:
Para conhecer um pouco mais sobre a obra de Grandjean de Montigny e Jean-Baptiste Debret, integrantes da
Missão Artística Francesa, recomendamos a visita ao portal Itaú Cultural com os projetos deixados pelo primeiro
e o acesso à íntegra da publicação “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, publicada pelo último em 1834.
Para conhecer com mais profundidadea história dos salões no Brasil, recomendamos a publicação da Profa. Dra.
Angela Ancora da Luz Uma Breve História dos Salões de Arte, e sua entrevista concedida pela autora sobre a
referida obra.
Para conhecer outras informações da biografia de Manuel de Araújo Porto-Alegre, recomendamos a leitura de
seu perfil no Portal do Instituto Histórico e Geográfico brasileiros;
REFERÊNCIAS
ARGAN, G. Co. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
BURKE, E. Indagación filosófica sobre el origen de nuestras ideas acerca de lo sublime y de ló bello. Espanha:
Editorial Tecnos S.A., 1987.
CUNHA, A. P. Dicionário de artes plásticas: guia para o estudo da História da Arte. Rio de Janeiro: Rio Books, 2019.
FERNANDES, C. V. N. A talha religiosa da segunda metade do século XIX no Rio de Janeiro através do seu
artista maior: Antônio de Pádua e Castro. Dissertação: Mestre em Artes Visuais (História e Crítica da Arte).
Universidade Federal do Rio de Janeiro – EBA, 1991.
FLEXOR, M. H. O. Mobiliário baiano. Brasília: Iphan/Monumenta, 2009.
KANT, I. Crítica da faculdade do juízo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1993.
KNAUSS, P. O cavalete e a paleta: arte e prática de colecionar no Brasil. In: ANAIS do Museu Histórico Nacional. Rio
de Janeiro: MHN, 2001.
LUZ, A. A.. Uma breve história dos salões de arte: da Europa ao Brasil. Rio de Janeiro: Caligrama, 2005.
OLIVEIRA, M. A. R.; PEREIRA, S. G.; LUZ, A. A. História da Arte no Brasil: textos em síntese. Rio de Janeiro: UFRJ,
2010.
PANOFSKY, E. Estudos de Iconologia: temas humanísticos na arte do Renascimento. Lisboa: Editorial Estampa,
1982.
WORRINGER, W. A arte gótica. São Paulo: Edições 70, 1992.
CONTEUDISTA
Rafael Azevedo Fontenelle Gomes
 CURRÍCULO LATTES
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