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NEOPLASIAS MAMARIAS EM CADELAS

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NEOPLASIAS MAMARIAS EM CADELAS 
• Incidência e etiologia 
A etiologia das neoplasias mamárias em cães e gatos é controversa, mas sabe-se que tem origem 
multifatorial, estando envolvidos fatores de origem genética, ambiental e hormonal. 
Alterações genéticas são necessárias para que uma célula normal se converta em uma célula 
tumoral, isso ocorre devido a uma mutação ou ativação anormal dos genes responsáveis pelo 
crescimento celular, resultando em modificações progressivas da biologia celular caracterizadas por 
alterações na proliferação, diferenciação e na interação das células com o meio extracelular. 
A idade é um fator influente no surgimento das neoplasias mamárias caninas, devido ao maior 
tempo de exposição dos animais aos fatores considerados como de risco. Os tumores mamários são 
detectados principalmente em animais de meia idade a velhos, na faixa etária de sete a doze anos, 
sendo extremamente raros em animais menores de cinco anos. A incidência está relacionada 
também ao tempo de vida das diferentes raças, de forma geral animais de grande porte têm um 
tempo de vida naturalmente mais curto e, portanto, tendem a ser mais frequente o diagnóstico em 
animais mais jovens. 
O manejo nutricional também está associado ao desenvolvimento de neoplasias mamárias, 
assumindo papel promotor, e não iniciador da carcinogênese. A alimentação baseada em comida 
caseira, que em sua maioria apresenta teores de gordura insaturada maior quando comparada às 
rações industriais, foi associada com maior prevalência de displasias e neoplasias mamárias, assim 
como o consumo elevado de carne vermelha e a baixa ingestão de carne branca também é um fator 
a ser considerado no desenvolvimento desse tipo de neoplasia. A obesidade pode predispor a uma 
maior concentração de estrógeno circulante, entre outros hormônios, o que favoreceria a 
proliferação de células epiteliais com recept 
Em relação à etiologia hormonal, um forte indicativo da contribuição desse fator para o 
desenvolvimento de neoplasias mamárias é a diferente incidência que ela apresenta entre cadelas 
inteiras e castradas em diferentes tempos. Foram observadas diferenças significativas quanto ao 
risco em cadelas castradas e não castradas, dependendo ainda da fase em que a intervenção 
cirúrgica é efetuada. Nas cadelas, a ovariosalpingohisterectomia realizada antes do primeiro cio 
reduz o risco de desenvolvimento de tumores mamários para 0,5%; este risco aumenta 
significativamente nas fêmeas esterilizadas após o primeiro ciclo estral (8,0%) e o segundo (26%). A 
proteção conferida pela castração desaparece após os dois anos e meio de idade, quando nenhum 
efeito é obtido. 
Em se tratando da carcinogênese hormonal, a proliferação celular antecede ou sucede as mutações 
genéticas. Os hormônios induzem a proliferação celular com consequentes mutações genéticas que 
darão origem à transformação neoplásica. Os hormônios esteroides sexuais (estrógeno e 
progesterona), prolactina (PRL), hormônio de crescimento (GH), fatores de crescimento (fator de 
crescimento tumoral – TGF e fator de crescimento epidermal – EGF) bem como os hormônios 
tireoidianos estão envolvidos na carcinogênese mamária. 
Fatores relacionados a desordens reprodutivas como pseudociese, cistos foliculares e a utilização de 
anticoncepcionais desenvolvem papel importante na etiologia dos tumores mamários. A 
pseudogestação dos altos níveis de prolactina pode favorecer o desenvolvimento de tumores, este 
fator pode ser somado ao fato de que o leite retido cronicamente pode conter compostos químicos 
que possuam efeito carcinogênico sobre o epitélio mamário. 
As neoplasias de mama também podem ocorrer em machos, porém a incidência é inferior, cerca de 
1%. Está relacionada a distúrbios hormonais como o hiperestrogenismo decorrente do sertol 
• Comportamento natural 
Os tumores das glândulas mamárias podem ocorrer em qualquer um dos cinco pares, e a maioria 
dos cães desenvolve tumores em múltiplas glândulas. Cerca de 60% dos tumores estão localizados 
nas glândulas abdominais e inguinais, provavelmente devido a maior quantidade de parênqu 
As neoplasias mamárias geralmente apresentam-se como nódulos, quando benignos apresentam-se 
circunscritos, não aderidos e apresentam evolução lenta, quando malignos, geralmente, a evolução 
é rápida, irregulares, pétreas e indolores. As características de ulceração e aderência a tecidos 
vizinhos normalmente estão relacionadas às neoplasias malignas. 
Tumores malignos podem levar a quadro de metástases, sendo os principais órgãos os linfonodos 
regionais e pulmão, podendo ocorrer em outros órgã 
• Apresentação clínica 
Variável, desde a pequenos nódulos até mesmo desenvolvidos, com sinais evidentes de malignidade, 
tais como ulceração e inflamacão, aderência a planos profundos, metástases ganglionares e/ou a 
distância. A mobilidade tumoral é variável e a presença de ulceração pode favorecer contaminação 
bacteriana secundária que podem evoluir para areas de necrose 
• Diagnostico 
Dentre os exames complementares devem ser realizados avaliação hematológica e exames 
bioquímicos (função renal e hepática) para avaliação do estado de saúde do paciente, permitindo, 
assim, o planejamento terapêutico. Devido ao risco de metástases associado aos tumores mamários 
deve-se realizar o exame radiográfico do tórax, ultrassonografia abdominal e exame citológico dos 
linfonodos. 
O exame radiográfico é a técnica de imagem mais comum e amplamente utilizada para pesquisa de 
metastase. Devem ser realizadas três projeções (lateral direita, lateral esquerda e ventrodorsal), 
para verificar presença de metástases no parênquima pulmonar, mediastiniais e linfonodos 
esternais. 
A ultrassonografia abdominal deve ser realizada no estadiamento do câncer, a fim de determinar a 
presença de metástases, em órgãos abdominais ou envolvimento de linfonodos. 
O exame citológico dos linfonodos regionais deve ser realizado mesmo que estes não apresentem 
alterações palpáveis. A coleta do material pode ser realizada citologia aspirativa com agulha fina 
(CAAF) ou punção biopsia aspirativa (PBA). A citologia é um método seguro para inspeção dos 
linfonodos, apresentando sensibilidade de 100% e especificidade de 96% para identificação de 
metástase 
O diagnóstico histopatológico é a ferramenta que possibilita o diagnóstico definitivo das neoplasias 
mamárias, deve ser realizado em qualquer lesão suspeita, e em todos os nódulos. As amostras 
podem ser obtidas por meio de biopsia incisional ou excisional, deve-se atentar para se obter uma 
boa representatividade da amostra que sera enviada para avaliação. É necessário enviar amostra de 
todos os nódulos para a avaliação histopatológica, pois podem apresentar diferentes tipos 
histológicos, as margens cirúrgicas laterais e profundas também devem ser avaliadas, bem como os 
linfonodos sentinelas devem ser avaliados no intuito de identificar presença de células neoplásicas, o 
que sugere foco m 
• Estadiamento – TNM 
O estadiamento clínico é determinado pelo sistema TNM estabelecido pela Organização Mundial da 
Saúde (OMS) para tumores mamários caninos. Permitindo a definição da extensão do tumor, 
contribuindo para determinação do prognóstico do paciente e para o planejamento do tratamento. 
Com base no sistema TMN, o tamanho da lesão primária (T), onde: T0 (sem evidência de tumor), T1 
(menor que 3 cm de diâmetro), T2 (entre 3 e 5 cm), T3 (maior que 5 cm); e T4 (carcinoma 
inflamatório). A extensão de sua disseminação para os linfonodos regionais (N) em que N0 
representa características histológicas do linfonodo normais, N1 apresenta nódulo linfático positivo 
ipsilateral, e N2 apresenta nódulos linfáticos positivos bilaterais. A presença ou ausência de 
metástases a distância (M) devem ser avaliados, M0 indica que não há metástases e M1 indica a 
presença de metástases a distância 
Em cadelas, tumores menores que três centímetrosestão correlacionados com prognóstico melhor 
quando comparados a tumores de maiores dimensões. O comprometimento dos linfonodos 
regionais e metástases a distância são considerados fatores prognósticos desfavoráveis, pois possui 
grande impacto no tempo de sobrevida de cadelas com neoplasias mamárias. 
• Tratamento cirúrgico 
O principal tratamento para as neoplasias mamárias é a remoção cirúrgica, na ausência de afecção 
metastática ou do carcinoma inflamatório. Esta é a abordagem terapêutica mais adequada, uma vez 
que pode ser curativa, desde que os princípios de cirurgia oncológica sejam rigorosamente 
respeitados. Permite a avaliação histopatológica do tumor e linfonodos, o que é importante para o 
estadiamento do paciente, além de aumentar a sobrevida do paciente e proporcionar melhor 
qualidade de vida. 
Há uma variedade de estudos propondo diferentes técnicas de abordagem cirúrgica de tumores 
mamários, dentre elas: lumpectomia ou nodulectomia, mastectomia regional, mastectomia 
unilateral e mastectomia bilateral. Sabe-se que características tais como: número de tumores, 
localização na cadeia mamária, drenagem linfática da glândula mamária acometida, apresentação 
clínica da neoplasia, estadiamento tumoral, o estado clínico do paciente e o consentimento do tutor, 
devem ser consideradas na escolha da técnica cirúrgica a ser e 
O conhecimento da drenagem linfática das glândulas mamárias é de fundamental importância para 
a realização do procedimento cirúrgico Uma vez que o sistema linfático é considerado a principal via 
de metástase das neoplasias mamárias. 
A drenagem linfática de glândulas mamárias torácicas craniais e caudais drenam em direção aos 
linfonodos axilares ipsilaterais, as glândulas mamárias abdominais craniais drenam principalmente 
para o linfonodo axilar, mas podem drenar simultaneamente para o linfonodo inguinal superficial 
ipsilateral, as glândulas abdominais caudais e inguinais drenam para o linfonodo inguinal superficial 
ipsilateral. 
A exérese cirúrgica baseada na drenagem linfática recomenda que tumores envolvendo as mamas 
torácicas craniais, caudais e abdominais craniais devem ser removidos em bloco. Tumores 
envolvendo as mamas abdominais caudais e as inguinais também devem ser removidos em bloco, 
incluindo os linfonodos adjacentes. Recomenda-se o uso da técnica do linfonodo sentinela para que 
este seja removido. 
O Consenso de Mama recomenda a lumpectomia para a remoção de pequenos tumores superficiais 
sólidos não aderentes, de no máximo 0,5 cm. A mastectomia simples nos casos de lesões de ate três 
centímetros, afetando apenas uma glândula, enquanto a mastectomia regional ou em ressecção em 
bloco é indicada para a remoção de tumores maiores que três centímetros. A mastectomia radical 
consiste na retirada de uma cadeia mamária unilateral, quando lesões maiores que três centímetros 
acometem a glândula abdominal cranial. Mastectomias regionais e radicais também podem ser 
realizadas em pacientes com múltiplas lesões, para obter uma única ferida cirúrgica através de uma 
única incisão e ressecção do tecido mamári 
A remoção de toda a cadeia ou de ambas, quando for necessário, para alguns autores é o melhor 
procedimento remover todas as lesões (macro e microscópicas), além disso, esse tipo de conduta 
minimiza os riscos futuros em virtude da drástica redução do tecido 
Cirurgias paliativas podem ser consideradas em pacientes com lesões metastáticas, no intuito de 
melhorar a qualidade de vida, sabendo-se que este procedimento não visa proporcionar cura e pode 
influenciar no prognóstico do paciente. O procedimento oferece alívio dos efeitos diretos do tumor, 
como dor e sangramento em tumores que geralmente apresentam-se ulcerados. 
Tumores mamários benignos devem ser extirpados, uma vez que há a possibilidade de se 
transformarem em tumores malignos ao longo do tempo, embora alguns tumores possam não 
passar pela forma carcinomatosa e permanecer benignos. 
Diminuição da velocidade de reepitelização e atraso na cicatrização pode ocorrer em pacientes 
idosos, ou devido ao estado de caquexia, alterações metabólicas e redução na função das células 
inflamatórias, condições comumente encontradas em pacientes oncológicos. Outras complicações 
pós-operatórias incluem dor, infecção, inflamação, deiscência, formação de seromas, hematomas 
e/ou edema, além da possibilidade de recidiva da neoplasia. 
• Quimioterapia 
A quimioterapia adjuvante tem sido amplamente utilizada no tratamento de cães com neoplasias 
mamárias, porém ha pouca informação sobre o uso e a eficácia dessa modalidade terapêutica. Nesse 
sentido, não se tem uma recomendação padrão para o seu uso, sendo necessários mais estudos para 
determinar os benefícios provocados pela quimioterapia. 
Na prática alguns fatores são considerados na decisão de instituir o tratamento quimioterápico, são 
eles: tumores grandes, linfonodos positivos, metástases a distância, invasão linfática, invasão de 
vasos sanguíneos e tipos histológicos agressivos, como carcinomas sólidos, carcinomas 
micropapilares, carcinomas anaplásicos, carcinossarcomas e ostossarcomas. 
Trabalhos tem demostrado protocolos quimioterápicos que podem ser utilizados isoladamente ou 
em associação, sendo os fármacos mais empregados o 5-fluorouracil, ciclofosfamida, doxorrubicina, 
carboplatina, cisplatina e gencitabina. Nos casos de metástase pulmonar tem sido empregado o uso 
do paclitaxel, com um aumento da sobrevida em alguns casos. 
Em virtude dos agentes quimioterápicos não atuarem exclusivamente nas células neoplásicas, mas 
sim em todas as células do paciente com altos índices mitóticos, e por serem administradas nas suas 
doses máximas toleradas, promovem efeitos colaterais. Os efeitos mais comuns são 
mielossupressão, distúrbios gastrintestinais e alopecia, em algumas situações é necessária a 
suspensão do protocolo. Nesse sentido é importante esclarecer ao tutor a cerca dos possíveis efeitos 
colaterais que a quimioterapia pode trazer, além do agravamento de comorbidades. 
O uso de terapia hormonal em cadelas que expressam receptores de estrógeno teoricamente traria 
efeitos positivos prolongando a sobrevida dessas pacientes. Porém, estudos têm mostrado que alto 
índice de cadelas tratadas com o tamoxifeno apresentaram reações adversas, tias como aumento 
vulvar, secreção vaginal, incontinência urinária, infecção do trato urinário, piometra e sinais de 
estro, não sendo empregado no tratamento antineoplásico em cadelas. Uma alternativa para 
conseguir os efeitos semelhantes a terapia seria a ovariectomia (OH) ou ovariosalpingoh 
Pacientes que expressam COX-2 podem ser beneficiados com o uso adjuvante de inibidores seletivos 
de COX-2 associados ou não à quimioterapia. Estudos têm demonstrado que tumores mamários 
caninos mais agressivos e com piores prognósticos apresentam um aumento da expressão dessa 
enzima. As drogas comumente utilizadas são o piroxican (0,3 mg/kg, SID), carprofeno (4,4 mg/kg, 
SID) e o firoxibe (5 mg/kg SID). 
• Radioterapia 
A radioterapia é uma modalidade de tratamento local, não apresenta efeitos sistêmicos como a 
quimioterapia, e tem sido recomendada como tratamento paliativo quando a abordagem cirúrgica 
não é possível ou nos casos de sarcomas mamários com excisão incompleta.

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