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1 FÍSICA PARA AS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS GASES IDEAIS E A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA Introdução Até este ponto de nosso curso temos considerado, essencialmente, as substâncias no estado líquido ou sólido. O estado gasoso merece uma atenção bastante particular. O estudo dos assim chamados gases perfeitos ou ideais é realizado na Termodinâmica. Temos de início um problema: dado uma massa gasosa encerrada em um recipiente de volume V, como descrever fisicamente este sistema? Poderíamos tentar elaborar um procedimento que permitisse observar o comportamento individual das suas moléculas, penetrando assim na estrutura interna do sistema. É claro que, devido ao grande número de moléculas e seus movimentos desordenados, teríamos que apelar para técnicas estatísticas em se buscando tal descrição. Essa visão microscópica é o fundamento de um ramo da Física chamado de Física Estatística. Alternativamente à descrição microscópica podemos optar por descrever o comportamento do sistema gasoso observando os efeitos macroscópicos do movimento interno de seus constituintes microscópicos. Isso é possível através do estudo de grandezas físicas associadas ao sistema, como sua temperatura ou a sua pressão. É essa abordagem macroscópica que constitui a abordagem da Termodinâmica. As grandezas que são utilizadas para caracterizar o estado físico do sistema gasoso são designadas de variáveis de estado do sistema. Como veremos, a pressão, o volume e a temperatura, são variáveis de estado de extrema importância nesse estudo. Gases perfeitos ou ideais Em nosso estudo para explicar o comportamento da matéria no relativo aos fenômenos térmicos, aprendemos que, no estado gasoso, as moléculas estão em movimento translacional, errático, que depende da temperatura do sistema. Esta é uma característica geral do estado gasoso. O comportamento de diferentes gases reais é, no entanto, distinto, pois suas moléculas são desiguais. Por simplicidade consideramos, em lugar dos gases reais, um modelo teórico em que os gases se comportam da mesma maneira, independentemente de sua natureza: são os gases perfeitos ou gases ideais. Os gases perfeitos são uma idealização dos gases reais: uma extrapolação do que seria o comportamento de um gás real quando submetido a baixa pressão e alta temperatura. Sob tais condições as moléculas de um gás se comportam como se estivessem praticamente livres. Elas apresentam movimento desordenado e assim todas as direções e sentidos são possíveis para seus deslocamentos. As moléculas de um gás chocam-se entre si e contra as paredes do recipiente que o contém, exercendo uma força média que se distribui sobre as áreas dessas paredes: é a pressão exercida pelo gás. É claro que o volume e a temperatura relacionam-se com a pressão exercida pelo gás. Por exemplo, se aumentarmos a temperatura, aquecendo o sistema a volume constante, a energia interna (a soma das energias de todas as moléculas componentes do sistema gasoso) aumentará e as moléculas exercerão uma maior pressão sobre o recipiente. De um modo geral a pressão (p), o volume (V) e a temperatura (T) associados a um gás perfeito relacionam-se pela Equação de Clapeyron (normalmente designada como a equação dos gases perfeitos): 2 nRTpV . Nesta equação, T é medido em kelvin, n é o número de mols do gás e R é a constante dos gases perfeitos, também chamada de constante de Clapeyron: .K/l.atm082,0R O mol O conceito de mol está intimamente ligado à constante de Avogadro, dada pelo número 6,02x1023. Um mol tem aproximadamente 6,02x1023 entidades - um mol de moléculas de um gás possui aproximadamente 6,02 × 1023 moléculas deste gás, um mol de átomos equivale a aproximadamente 6,02 × 1023 átomos Um mol é número extremamente grande. Para formar uma ideia acerca da grandeza desse número, imagine que você ganhasse um mol de reais para gastar 1.000 reais por segundo. Seriam necessários 190.892.947.262.810 anos, 295 dis,22 horas,13 min e 19 s para gastar toda essa quantia. Exercícios 1 - Determine o volume molar de um gás ideal, cujas condições estejam normais, ou seja, a temperatura à 273 K e a pressão a 1 atm. (Dado: R = 0,082 atm.L/mol.K) Resp.: 22,4 litros 2 - Determine o número de mols de um gás que ocupa volume de 90 litros. Este gás está a uma pressão de 2 atm e a uma temperatura de 100K. (Dado: R = 0,082 atm.L/mol.K) 3 - Um certo gás, cuja massa vale 140 g, ocupa um volume de 41 litros, sob pressão 2,9 atmosferas a temperatura de 17°C. O número de Avogadro vale 6,02.1023 e a constante universal dos gases perfeitos R= 0,082 atm.L/mol.K. Nessas condições, o número de moléculas continuadas no gás é aproximadamente de: a) 3,00.1024 b) 5,00.1023 c) 6,02.1023 d) 2,00.1024 e) 3,00.1029 Resp.: a 4 - A massa de um mol de moléculas de um determinado gás ideal é M. Sendo R a constante universal dos gases perfeitos, a densidade desse gás, mantido à pressão P e à temperatura absoluta T, é igual a: a) TRP/M b) MT/RP c) MTP/R d) MP/RT e) RM/TP Sugestão: Lembre-se que densidade = massa / volume. 3 5 - Dois mols de um gás ideal, contidos num recipiente de volume V = 8,2 litros, encontram-se a uma pressão de 10 atm. Sabendo-se que o valor da constante universal dos gases R = 0,082 atm.l/mol.K, determine a temperatura do gás em graus Celsius. Resp.: 500 litros Transformação Geral dos Gases Quando tratamos de transformações em que apenas a massa do gás permanece constante (n = constante) temos, .const T Vp T Vp .constnR T pV 2 22 1 11 Na última igualdade acima o terno )T,V,p( 111 representa os valores assumidos pelas variáveis de estado do sistema, em um estado físico inicial 1; de forma análoga, )T,V,p( 222 descreve o estado físico final, 2, do sistema. A mudança de estado, traduzida pela mudança nas variáveis de estado, corresponde a uma transformação física do sistema. Dentre as diversas possíveis transformações físicas, destacamos as que se seguem. Exercícios 6 - Mediu-se a temperatura de 20 L de gás hidrogênio (H2) e o valor encontrado foi de 27 ºC a 700 mmHg. O novo volume desse gás, a 87 ºC e 600 mmHg de pressão, será de: a) 75 L. b) 75,2 L. c) 28 L. d) 40 L. e) 8 L. 7 - Um volume de 10 L de um gás perfeito teve sua pressão aumentada de 1 para 2 atm e sua temperatura aumentada de -73 °C para +127 °C. O volume final, em litros, alcançado pelo gás foi de: a) 50 b) 40 c) 30 d) 10 e) 20 Resp.: d 8 - Em condições tais que um gás se comporta como ideal, as variáveis de estado assumem os valores 300 K, 2,0 m3 e 4,0 x 10 4 Pa, num estado A. Sofrendo certa transformação, o sistema chega ao estado B, em que os valores são 450 K, 3,0 m3 e p. O valor de p, em Pa, é: (a) 1,3 x 10 4 (b) 2,7 x 10 4 (c) 4,0 x 10 4 (d) 6,0 x 10 4 (e) 1,2 x 10 5 4 9 - Um volume de 10 litros de um gás perfeito teve sua pressão aumentada de 1 para 2 atm e sua temperatura aumentada de -73 °C para +127 °C. O volume final, em litros, alcançado pelo gás foi de: a) 50 b) 40 c) 30 d) 20 e) 10 Resp.: e 10 - Certa massa de gás estava contida em um recipiente de 20 L, à temperatura de 27ºC e pressão de 4 atm. Sabendo que essa massa foi transferida para um reservatório de 60 L, à pressão de 4 atm, podemos afirmar que no novo reservatório: a) A temperatura absoluta ficou reduzida a 1/3 da inicial. b) A temperatura absoluta ficou reduzida de 1/3 da inicial. c) A temperatura em ºC triplicou o seu valor inicial. d) A temperatura em ºC ficou reduzida a 1/3 de seu valor inicial. e) A temperatura absoluta triplicou seu valor inicial. Transformação isobárica (p = const.): a Lei de Gay-Lussac. Uma mudança de estado físico sofrida por um gás, em que a pressão p permanece constante é uma transformação isobárica. Pela lei geral dos gases perfeitose rotulando, como acima, o estado inicial por 1 e o estado final por 2, teremos: p nR .const T V T V ppp 2 2 1 1 21 . Assim, para uma dada massa de gás ideal mantido a pressão constante, o seu volume é diretamente proporcional à temperatura (Kelvin) do gás. A constante de proporcionalidade, como vemos na equação acima, depende da pressão e da massa do gás. Esse resultado foi observado experimentalmente por Gay-Lussac, daí ser referido como a lei de Gay-Lussac para os gases perfeitos. O gráfico ao lado representa uma transformação isobárica. Exercícios 11 - Em um recipiente fechado, certa massa de gás ideal ocupa um volume de 12 litros a 293 K. Se este gás for aquecido até 302 K, sob pressão constante, seu volume será: (a) 12,37 L (b) 13,37 L (c) 14,37 L (d) 12 L (e) 13 L Resp.: a 12 - Um gás no estado 1 apresenta volume de 14 L, pressão de 5 atm e temperatura de 300 K. Qual será o volume do gás em um estado 2 se a temperatura for dobrada à pressão constante? a) 0,14 L. b) 7 L. c) 28 L. d) 32 L. e) 2520000 L. V V2 V1 T1 T2 0 1 2 T (K) 5 13 - Um gás ideal exerce pressão de 2 atm a 27°C. O gás sofre uma transformação isobárica na qual seu volume sofre um aumento de 20%. Supondo não haver alteração na massa do gás, sua temperatura passou a ser, em °C: a) 32 d) 100 b) 54 e) 120 c) 87 Sugestão: Calcule inicialmente a temperatura do gás em kelvins e depois converta para Celsius. Resp.: c 14 - Durante o inverno do Alaska, quando a temperatura é de -23C, um esquimó enche um balão até que seu volume seja de 30 litros. Quando chega o verão a temperatura chega a 27C. Qual o inteiro mais próximo que representa o volume do balão, em litros, no verão supondo que o balão não perdeu gás, que a pressão dentro e fora não muda, e que o gás é ideal? a) 36 b) 40 c) 42 d) 44 e) 45 15 - Sob pressão constante, um gás é aquecido até que seu volume inicial de 150 L dobre. Se a temperatura inicial do gás era de 20ºC, qual deve ser a temperatura final na escala kelvin? a) 40. b) 586. c) 233. d) 313. e) 273,025. Resp.: b Transformação isotérmica (T = const.): a Lei de Boyle-Mariotte. Uma mudança de estado físico sofrida por um gás em que a temperatura é mantida constante, é uma transformação isotérmica. Usando a notação anterior, pela lei geral dos gases perfeitos deveremos ter: .nRT.constVpVpTTT 221121 Portanto, sob uma transformação isotérmica, o volume de uma dada massa gasosa é inversamente proporcional à pressão do gás. Esse resultado é conhecido como a lei de Boyle- Mariotte após comprovação experimental realizada por estes cientistas. As curvas correspondentes ao gráfico p x V representativo dessa lei são hipérboles eqüiláteras. Observe, na figura, o relacionamento das curvas no tocante aos valores das temperaturas. 6 Exercícios 16 - Certa quantidade de um gás ocupa um volume de 120 L em pressão de 700 mmHg e temperatura de 20 ºC. Qual será a pressão quando o volume for apenas de 30 L, mantendo-se a temperatura constante? 17 - Certa massa de gás hidrogênio (H2) ocupa um volume de 0,760 L, sob pressão de 0,164 atm, em uma dada temperatura. Qual o volume ocupado pela mesma massa de H2, na mesma temperatura, sob pressão de 0,100 atm? Resp.: 1,25 L 18 - Qual o volume ocupado, a 2 atm de pressão, por certa massa de gás ideal que sofre a transformação isotérmica mostrada no gráfico? a) 42 cm3 b) 14 cm3 c) 21 cm3 d) 126 cm3 19 - Certa massa de gás hidrogênio (H2) ocupa um volume de 0,760 L, sob pressão de 125 mm Hg, em uma dada temperatura. Qual o volume ocupado pela mesma massa de H2, na mesma temperatura, sob pressão de 0,100 atm? a) 1,25 L. b) 0,125 L. c) 125 L. d) 950 L. e) 95 L. Resp.: a 20 - Certa massa de gás ideal passa por uma transformação isotérmica. Os pares de pontos, pressão (P) e volume (V) que podem representar esta transformação são: p V T T1 T1 > T 7 a) P 4 8 V 2 1 b) P 3 4 V 9 16 c) P 2 6 V 2 6 d) P 3 6 V 1 2 e) P 1 2 V 2 5 Transformação isovolumétrica (ou isocórica, ou isométrica): a Lei de Charles. Uma transformação isocórica é aquela em que o volume ocupado pela massa gasosa permanece constante. Considerando dois estados físicos, 1 (inicial) e 2 (final), podemos escrever: . V nR .const T p T p VVV 2 2 1 1 21 Vemos que a pressão e a temperatura são diretamente proporcionais no caso de uma transformação isovolumétrica de uma dada massa de gás ideal. Esse resultado é conhecido como a lei de Charles para os gases perfeitos. Na figura indicamos, em um diagrama p x T, a representação gráfica da lei de Charles. Observe que a declividade do gráfico fornece a constante acima explicitada. Exercícios 21 - Um gás no estado 1 apresenta volume de 14 L, pressão de 5 atm e temperatura de 300 K. Qual será a pressão do gás em um estado II se o volume permanecer igual a 14 L, mas a temperatura passar para 273 K? a) 4,55 atm b) 5,49 atm c) 0,25 atm d) 6,75 atm e) 9,23 atm Resp.: a 22 - Em uma transformação isovolumétrica, sabendo-se que a pressão máxima interna permitida pelo balão é de 3,0 atm, se dobrarmos a temperatura absoluta inicial, a pressão final do gás e o efeito sobre o balão serão: a) 2,0 atm e o balão não estoura b) 2,0 atm e o balão estoura p T(K) p1 p2 T1 T2 1 2 8 c) 3,0 atm e o balão estoura d) 1,5 atm e o balão não estoura e) 1,0 atm e o balão não estoura 23 - Um recipiente indeformável, hermeticamente fechado, contém 10 litros de um gás perfeito a 30 ºC, suportando a pressão de 2 atmosferas. A temperatura do gás é aumentada até atingir 60º C. Calcule a pressão final do gás. Resp.: 2,2 atm 24 - Um frasco fechado detinha um gás a 30ºC e a uma pressão de 3,2 atm. Se provocarmos uma elevação na temperatura para 230ºC, qual será a nova pressão? a) 47,621.103 atm. b) 24,5 atm. c) 5,31 atm. d) 1,92 atm. e) 4,52 atm. Transformações quase-estáticas Consideremos, como indicado na figura, um gás ideal contido em um recipiente dotado de um êmbolo que se pode deslocar livremente, sem atrito. Esse sistema é uma idealização do sistema correspondente a uma bomba de pneu de bicicleta, no caso real. Supomos que inicialmente o sistema se encontra em um estado de equilíbrio: um estado em que sua pressão e sua temperatura estão uniformemente distribuídas, caracterizando o estado físico do gás. O deslocamento do êmbolo, comprimindo ou expandindo a massa gasosa, implicará, em geral, em variações na pressão, temperatura e volume do gás. É claro que variações bruscas do êmbolo produzirão mudanças súbitas nessas variáveis de estado: p, V e T variarão repentinamente e o sistema levará algum tempo até atingir novamente um outro estado de equilíbrio. Nós não analisaremos esse tipo de transformação. Consideraremos transformações do sistema que ocorrem muito lentamente – deslocamentos do êmbolo em baixíssimas velocidades – de modo que a expansão ou compressão do gás é realizada por meio de uma seqüência de estados de equilíbrio. Esse tipo de transformação, extremamente lento, é designado como sendo um processo quase-estático. Nas transformações quase-estáticas a pressão, o volume e a temperatura do gás caracterizam, em cada instante, o estado físico do sistema. Essas grandezas relacionam-se através da lei dos gases perfeitos. Assim, o conhecimento de quaisquer duas delas, (p,V), (p,T), (V,T), permite a determinação da terceira. É comum considerar-se o diagrama pressão x volume – o par (p,V) – no estudo das trocas de energias decorrentes da expansão ou compressão de um gás perfeito. Esta escolha tem uma razão básica, associada, como veremos, à propriedade da área(que você aprendeu no primeiro volume dessa série), inerente aos gráficos na física. Os diagramas p x V são genericamente designados por diagramas de Clapeyron. pinicial = Pressão atmosférica + pressão exercida pelo êmbolo = p1 V1 V2 d Pressão final = p2 > p1 9 Diagramas de Clapeyron: trabalho na transformação de um gás Como a transformação é isobárica, temos p = constante. Decorre que a força é constante e assim o trabalho pode ser determinado na forma seguinte (acompanhe pela figura ao lado e observe que 𝜃 = 0𝑜): W = F.d. cosθ = F.d = p.∆V Observe então que na expansão o trabalho é positivo (V2 > V1) enquanto que na compressão (V2 < V1) o trabalho é negativo. Reconsidere a figura anterior. O sistema gasoso está inicialmente em equilíbrio. Seu estado físico é caracterizado por valores específicos das variáveis de estado neste estado inicial: p1, V1, T1. Ao sofrer uma transformação, o gás passa para outro estado físico que se caracterizará por outros valores das variáveis de estado. É o tipo de transformação sofrida pelo gás que determinará os novos valores, p2, V2 e T2, das variáveis de estado. Examinemos o caso de uma expansão isobárica. Em um diagrama de Clapeyron temos o gráfico indicado ao lado. Ao se expandir, o gás realiza um trabalho sobre o êmbolo. No diagrama de Clapeyron esse trabalho é obtido pela propriedade da área: a área entre o gráfico e o eixo V é numericamente igual ao trabalho realizado. Trabalho realizado em uma transformação cíclica Nas figuras abaixo se indicam transformações sofridas por um sistema gasoso de tal modo que os estados inicial e final coincidem: o sistema retorna ao estado inicial. Dizemos que o sistema sofreu uma transformação cíclica. Pela propriedade do diagrama de Clapeyron é fácil concluir que o trabalho total (trabalho resultante) realizado, é obtido da área interna do ciclo (hachurada nas figuras). d F V2 A V1 p p p p V V V V W > 0 W > 0 W < 0 W < 0 V1 V2 p0 p W > 0 V 10 Exercícios 25 - Um gás perfeito desenvolve uma transformação cíclica ABCDA, como mostra a figura. Determine o trabalho, em joules, realizado pelo gás no ciclo ABCDA. Resp.: 8 J 26 - Um gás ideal sofre a expansão representada no diagrama. Qual o trabalho realizado pelo gás na expansão? 27 - Uma amostra de gás sofre um processo como indicado por B no diagrama anexo. Em seguida a amostra pode ser comprimida de volta ao seu estado inicial i ao longo do processo A ou ao longo do processo C indicados. Calcule o trabalho total realizado pelo gás para no ciclo completo. Resp.: -30 J A 1a Lei da Termodinâmica Temos considerado transformações de um sistema gasoso e aprendido calcular o trabalho realizado quando conhecemos o diagrama de Clapeyron. Vamos agora, sob a luz da lei geral da conservação da energia, considerar o balanço energético para qualquer transformação que ocorra em um sistema gasoso ideal. Quando um sistema gasoso realiza um trabalho W ele o faz à custa de sua energia interna; resultará U < 0. Quando um sistema gasoso sofre uma compressão (um trabalho mecânico é realizado sobre o sistema) a sua energia interna aumentará: U > 0. Em qualquer um dos casos se houver também fornecimento ou retirada de calor Q do sistema, a variação de sua energia interna dependerá do valor correspondente de Q. A relação entre estas diversas modalidades de energia, U, Q e W, é facilmente estabelecida sob a luz da lei geral de conservação da energia. Tal relação, devido a sua grande importância, é designada por 1a lei da Termodinâmica. 2 A D 0 1 3 6 B C p (N/m2) V (m3) p (105 Pa) V (10-1m3) 1 0 2 4 C B A 0 1 4 V(m3) p (N/m2) 30 10 11 Energia interna de um gás perfeito A energia interna (U) de um gás perfeito é correspondente à fração da energia total que é determinada apenas pelo seu estado e representa a soma das energias (cinética de translação e rotação e potencial) das partículas (átomos e moléculas) que constituem o sistema. É complicado estimar a energia interna de um sistema qualquer. Entretanto, para gases ideais isto é possível. Pode-se demonstrar que a energia interna de um gás ideal depende apenas de sua temperatura. 1a lei da Termodinâmica A variação U da energia interna de um sistema é igual à diferença entre as quantidades de calor Q e o trabalho W trocados pelo sistema com o meio exterior. U = Q - W. Observe que: Q > W então U > 0: a energia interna do sistema aumenta (sua temperatura aumenta). Q = W então U = 0: não ocorre variação da energia interna do sistema (sua temperatura fica constante: transformação isotérmica). Q < W então U < 0: a energia interna do sistema diminui (sua temperatura diminui). É muito importante observar que, diferentemente do trabalho W e do calor Q, a variação da energia interna do sistema não depende da seqüência de estados intermediários entre os estados inicial e final: a variação da energia interna de um sistema depende apenas dos estados inicial e final. Esse resultado decorre do fato de que para um dado sistema gasoso (logo, n = constante) a energia interna depende apenas da temperatura. Observemos também que o calor tanto pode ser cedido ao sistema como dele retirado; o trabalho tanto pode ser realizado pelo sistema como sobre o sistema. Para a aplicação da 1a lei da Termodinâmica as seguintes convenções são adotadas: Q > 0 se recebido pelo sistema; Q < 0 se cedido pelo sistema. W > 0 se realizado pelo sistema; W < 0 se realizado sobre o sistema. Algumas transformações são de particular interesse em nosso estudo. As consideramos a seguir, sob o enfoque da 1a lei da Termodinâmica. Transformação adiabática (Q = 0) Um processo ou transformação é dito ser adiabático quando não envolve trocas de calor: Q = 0. Em um processo adiabático o gás, que se expande ou se contrai, está contido em um recipiente que é isolado termicamente do meio envolvente. Pela 1a lei da Termodinâmica teremos: U = - W. Assim, se o sistema se expande (trabalho realizado pelo sistema) teremos U < 0: a energia interna (e, consequentemente, a temperatura) diminui; o trabalho é realizado às expensas da energia interna do sistema. Por outro lado, se o sistema é comprimido (um trabalho é realizado sobre o sistema) teremos U > 0: o trabalho é transformado em energia interna do sistema. A energia interna e a temperatura do sistema aumentam. 12 Transformação isotérmica (T = const) Nesse processo o gás se expande ou é comprimido em um reservatório que mantém a temperatura constante. Como a energia interna do gás ideal é função apenas da temperatura, teremos U constante implicando U = 0 . Logo, pela 1a Lei da Termodinâmica: Q = W. Assim, se o sistema se expande ele o faz à custa da quantidade de calor recebida; se o sistema é comprimido então ele cede quantidade de calor igual ao trabalho sobre ele realizado. Transformação isovolumétrica (V = cte) Nesse processo o volume da massa gasosa considerada permanece imutável. Decorre da 1a Lei da Termodinâmica que U = Q. Assim, se o sistema recebe calor sua energia interna (e a sua temperatura) aumenta e se o sistema fornece calor ao meio exterior, sua energia interna (e a sua temperatura) diminui. Exercícios 28 - A um gás, submetido a uma pressão constante de 1,0 x 106 N/m2, foi fornecida uma quantidade de calor de 42 J. Durante este processo, o volume do gás aumentou em 2 x 10-6 m3. Determinar,em J, a variação de energia interna do gás. 29 - Uma dada massa gasosa sofre uma transformação na qual estão envolvidas transferências de calor Q, realização de trabalho W e variação de energia interna U. Assinale a alternativa correta. a) Q = W, se a transformação for isotérmica. b) Q > W, se a transformação for uma expansão isobárica. c) U = W, se a transformação for isovolumétrica. d) U = 0, se a transformação for adiabática. e) Q = 0, se a transformação for isotérmica. Resp.: a 30 - Um sistema termodinâmico recebe uma quantidade de calor Q = 2500 J e a variação de sua energia é de 2000 J. Esse sistema realiza trabalho suficiente para levantar uma massa de 100 kg a uma altura, em metros, igual a (considere g = 10 m.s-2): a) 0,2; b) 0,5; c) 0,7; d) 1,0; e) 1,2. Sugestão: Calcule o trabalho realizado pelo gás e lembre-se que o trabalho para levantar a massa é 100.10.h. 31 - Numa transformação termodinâmica uma certa quantidade de gás ideal se contrai de um volume inicial Vi = 10 m3 até um volume final Vf = 4,0 m3 , de acordo com o diagrama abaixo. Sabe-se que nesta transformação o gás perdeu uma quantidade de calor Q = 1,0 x 105 cal. Determine a variação de sua energia interna, em unidades de 104 J. (Considere 1cal = 4J) 13 Resp.: -1,0.105 J 32 - Um sistema termodinâmico ao passar de um estado inicial para um estado final, tem 200J de trabalho realizado sobre ele, liberando 70cal. Usando a 1 lei da termodinâmica e considerando que 1cal equivale a 4,19J, indique o valor, com os respectivos sinais, das seguintes grandezas: 𝑊 = 𝑄 = ∆𝑈 = 33 - Um gás ideal sofre uma transformação cíclica ABCA representada no diagrama p x V ao lado. Sendo U a variação da energia interna do gás no ciclo, Q o calor fornecido ao gás no ciclo e W o trabalho realizado pelo gás no ciclo, pode-se afirmar que: a) U = 0, Q < 0, W < 0 c) U = 0, Q > 0, W > 0 e) U > 0, Q > 0, W > 0 b) U > 0, Q = 0, W < 0 d) U < 0, Q > 0, W < 0 Resp.: b A B C V p https://estudestaff.files.wordpress.com/2015/08/staff-24.jpg https://estudestaff.files.wordpress.com/2015/08/staff-24.jpg https://estudestaff.files.wordpress.com/2015/08/staff-26.jpg https://estudestaff.files.wordpress.com/2015/08/staff-26.jpg