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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIA DA NATUREZA – CCN DEPARTAMENTO DE QUÍMICA QUÍMICA ORGÂNICA I PROF. DR. SIDNEY GONÇALO HENRIQUE FERREIRA DA SILVA NETO SOLUBILIDADE E RECRISTALIZAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS TERESINA – PI, JANEIRO DE 2023 RESUMO O processo de cristalização tem uma ampla importância para indústria e pesquisa, ela se utiliza das propriedades de solubilidade de um soluto em solventes específicos, pode ser usado, por exemplo, para realizar a purificação de composto que possuem certos graus de impureza. Realizou-se a purificação de ácido benzoico presentes em uma mistura de razão 1:1 de ácido benzoico e enxofre. Usando a água quente como solvente, fez-se a separação e purificação. O rendimento da recristalização foi de 55%. 1 INTRODUÇÃO A solubilidade é uma das propriedades de estudo mais importante para a química. Ao se estudar soluções, é inevitável o que se observe as propriedades da solubilidade em solvente e temperaturas especificas. Segundo Maia (2007), A solubilidade é altamente dependente das forças intermoleculares do soluto e do solvente. Outros fatores também interferem nisso. Em uma solução, onde temos a presença de soluto e solvente, a interação entre essas duas espécies gera a solubilização, para que haja de forma significativa, é necessário que haja interação intermolecular entre as moléculas do soluto e da solução, sendo essas interações diretamente relacionadas com a polaridade das moléculas. Segundo Atkins, Jones e Leverman (2018), para que uma substância dissolva em um solvente líquido, as atrações soluto-soluto são substituídos por atrações soluto-solvente, e pode-se esperar dissolução se as novas interações forem semelhantes às interações originais. Daí vem a regra “semelhante dissolve semelhante”. Outro fator que também altera a solubilidade de um soluto é a temperatura, para maioria dos compostos, quanto maior a temperatura, maior a quantidade de soluto dissolvido. (fig. 1). A temperatura afeta a quantidade de solubilidade de um soluto, ao aumentarmos a temperatura, se a dissolução for endotérmica, o valor aumenta, se for exotérmica, o valor diminui. (SILVA, 2008) Fig. 1 Variação, com a temperatura, das solubilidades de seis substâncias em água. O gráfico à direita foi expandido verticalmente para mostrar mais claramente a solubilidade de quatro compostos iônicos FONTE: Atkins, Jones, Leverman (2018) 1.2 Purificação e cristalização Existem várias técnicas e métodos se separação de misturas, eles podem ser tanto físicos, como químicos, e cada processo é escolhido de acordo com a necessidade. Um dos métodos usados para purificar misturas sólidas orgânicas é a recristalização. Neste método, um composto impuro é separado da solução, dissolvendo-o em um solvente e permitindo que cristalize. A recristalização é uma operação física porque ao invés de uma reação, o que ocorre é a separação dos compostos. Segundo Mendes, Peruch e Fritzen (2012), A purificação de compostos cristalinos impuros é geralmente levada a efeito por cristalização a partir de um solvente apropriado ou de misturas de solventes. Água, etanol, e hexano são exemplos de solventes que pode ser usando para realizar o processo de purificação. A substância deve ser idealmente pouco solúvel à temperatura ambiente e muito solúvel no ponto de ebulição do solvente. Se a substância for muito solúvel à temperatura ambiente ou pouco solúvel em baixas e altas temperaturas, o solvente não será o ideal para a cristalização. (PEREIRA, 2013) A partir de um gráfico (fig.2), podemos identificar o solvente ideal para um tipo de soluto que se pretende fazer a purificação. O processo de purificação de uma mistura de compostos cristalinos, de acordo com Mendes, Peruch e Fritzen (2012), pode ser resumido da seguinte maneira: “Primeiro é feita a dissolução da substância impura em algum solvente apropriado no ponto ou próximo ao de ebulição, depois é ser feita sua filtração Fig. 2 Gráfico da solubilidade em função da temperatura de um mesmo soluto em três solventes diferentes. Fonte: Pereira apud Pavia (2013) para separar as partículas insolúveis da solúveis, ao deixar a solução esfriar é observada a formação de novos cristais, que são separadoras, depois de seco é possível testar a pureza a partir do ponto de fusão, se não estiver puro, pode-se realizar o mesmo processo com um novo solvente.” Cabe ao analista identificar qual o solvente deve ser usando, e em que condições realizar o processo. 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Realizar a purificação de uma mistura de compostos orgânicos usando a técnica de recristalização. 2.2 Objetivos específicos - Entender o comportamento de uma solução em função da variação de temperatura; - Verificar as etapas de um processo de cristalização; - Quantificar o rendimento de uma analito. 3 PARTE EXPERIMENTAL 3.1 Matérias e Reagentes Ácido benzoico Enxofre Mistura 1:1 de ácido benzoico e enxofre Bastão de vidro Base de ferro Tela de amianto Tripé de ferro Bico de Bunsen Balança analítica Béquer de 250 e 100 mL Proveta de 100 mL Placa de Petri Funil de vidro sem haste Papel de filtro Anel de ferro Funil de vidro com haste 3.2 Procedimentos Com todos os materiais já separados, o sistema de aquecimento e de filtração a vácuo já montando, se iniciou os procedimentos. Primeiro, em um béquer de 100 mL, pesou-se 0,501 g de ácido benzoico puro. Usando uma proveta, mediu-se 15 mL de água destilada, que posteriormente foi transferida para o béquer onde se encontrava o ácido benzoico inicialmente pesado. Após, com auxílio de um bastão de vidro, realizou- se a agitação, fazendo observações sobre a mistura. A mistura foi aquecida, usando um sistema de aquecimento simples, no qual se tinha um bico de Bunsen, um suporte e a tela de amianto. Colocou-se a mistura sobre a tela, mexendo vez ou outra até a mistura atingir o ponto de ebulição. Fez-se observações sobre a mistura. Posteriormente, pesou-se 0,495 g de enxofre puro, fez-se o mesmo procedimento anterior para o enxofre, observando o comportamento da mistura fria e quente. Para a segunda parte, pesou-se 0,2050 g de mistura sólido-sólido em proporção 1:1 de ácido benzoico e enxofre. Fez-se a pesagem em um béquer de 100 mL, que precisou ser transferida para um béquer de 250 mL. Usando a proveta, mediu-se 100 mL de água destilada, e foi incorporado ao béquer de 250 ml, produzindo uma mistura não homogênea. Essa mistura foi agitada com um bastão de vidro e logo depois levada para ser aquecida. Mexendo vez ou outra, até entrar em ebulição. Antes de realizar a filtração, colocou-se o funil sem haste em cima do béquer em aquecimento, para que não houvesse choque térmico. Com o papel filtro franzido, montou-se o sistema de filtração simples, a mistura foi adicionada, de modo que se teve a separação entre a parte liquida e sólida da mistura. Da parte liquida, realizou-se o resfriamento, usando uma bacia com gelo, por cerca de 15 min (fig. 3). Após esse período, notou-se a formação de cristais que não estavam mais dissolvidos na solução. Com um sistema de filtração a vácuo, efetuou-se a filtração, e consequentemente a separação dos cristais formados da parte liquida da mistura (fig. 4). após isso os cristais formados passaram por um processo de secagem na estufa e foram pesados. Fig. 3 Mistura, após passar por filtração, em processo de resfriamento. FONTE: Autoral Fig. 4 Cristais retidos no papel filtro após filtração a vácuo. FONTE: Autoral 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Para a primeira parte do experimento, ao tentar diluir o ácido benzoico na água destiladaem temperatura ambiente, percebeu-se que o soluto tinha baixíssima solubilidade. A mistura tornou-se turva, e praticamente todo o reagente pesado permaneceu em forma de cristais. Já quando submetida ao aquecimento, a mistura tornou-se uma solução aparentemente homogênea, quando a água entrou em ebulição, todos os cristais de ácido benzoico haviam se solubilizado na água destilada. Para o enxofre, percebeu-se um comportamento diferente do ácido benzoico. Ao tentar diluir o enxofre na água destilada em temperatura ambiente, notou-se que o soluto tinha uma solubilidade mais baixa ainda. A mistura ficou bifásica, no qual o enxofre ficava na superfície da água, ele parecia ter um comportamento hidrofóbico. Onde o reagente continuava seco, mesmo após agitação. Quando essa mistura foi aquecida, percebeu-se que nem mesmo na temperatura de ebulição do solvente (água destilada) houve solubilização do enxofre. De acordo com Congresso Brasileiro de Engenharia Química (2017), a baixa solubilidade do ácido benzoico pode estar ligada à polaridade. O ácido benzoico é formado da união de uma molécula de benzeno com um grupamento carboxila (fig. 5), e como somente a carboxila é polar, o ácido é praticamente todo apolar, logo com baixa solubilidade em água. Quando há um aumento na temperatura, energia é fornecida ao sistema, fazendo com que a ligação de hidrogênio se quebre, formando íons polares. Gráfico 1 Solubilidades do ácido benzoico em função da temperatura FONTE: Congresso Brasileiro de Engenharia Química (2017) FONTE: Oliveira, Reis (2016) Fig. 5 Fórmula estrutura do ácido benzoico O gráfico 1, gerado no estudo publicado no Congresso Brasileiro de Engenharia Química (2017), é possível verificar como varia a solubilização do ácido benzoico em função da temperatura. Já o enxofre puro, (S2), forma moléculas do tipo totalmente apolar. Por isso ela não é solúvel em água, mesmo em altas temperaturas. Diferente do ácido benzoico que possuem uma pequena parte polar em sua estrutura molecular. Na segunda parte do experimento, realizou-se a purificação de uma mistura de dois compostos, enxofre e ácido benzoico. A mistura estava em uma proporção 1:1, após feita pesagem e incorporação de 100 mL de água na mistura, notou-se a formação de uma mistura não homogênea, a água adquiriu uma baixa turbidez, e foi possível verificar a presença de cristais brancos incorporados na mistura (ácido benzoico), enquanto na superfície havia a presença de uma substância amarela (Enxofre). Ao ser aquecido, percebeu-se que a água, ao chegar próximo ao ponto de ebulição, deixou de ser turva, restando apenas o enxofre em sua superfície. Após o processo de filtração simples, a parte sólida foi separada da parte líquida. O béquer contendo somente a parte líquida da solução foi resfriado em uma bacia, a formação de cristais de se deu pela diminuição da temperatura da solução, que como já foi abordado, torna a solubilidade muito baixa em água. Após passar por um processo de secagem, pesou-se os cristais. A massa final de ácido benzoico purificado foi de 0,564 g, ou seja, obteve-se um rendimento de aproximadamente 55 %. O baixo rendimento pode ser explicado, por alguns fatores. Durante a transferência do reagente sólido do béquer de 100 mL para o de 255 mL, pode ter ocorrido perdas de material. Durante a filtração a vácuo, houve-se a necessidade de interromper o processo, pois a bomba estava soprando o ar, ao invés de puxar, nesse momento, alguns cristais podem ter passado pelo filtro. Outro ponto é que mesmo que a solubilidade do ácido benzoico seja baixa em água fria, ele é ainda pouco solúvel, e parte pode ter ficado junto da parte liquida. Essa parte é chamada de água-água, a partir dela pode-se obter mais cristais de ácido benzoico, e aumentar o rendimento do processo de purificação. 5 CONCLUSÃO Foi possível compreender alguns pontos de máxima importância para a formação de soluções, as propriedades de solubilização, elas puderam ser compreendidas de forma prática, com coesão e clareza, por exemplo, como a variação da temperatura influencia o quão uma substância se dissolve em um solvente. Apesar do baixo rendimento, o processo de recristalização se mostrou uma excelente técnica de purificação de substâncias orgânicas. Esse baixo rendimento, pode ser corrigido alterando os reagente e alguns procedimentos envolvidos na recristalização do ácido benzoico. 6 REFÊRENCIAS ATKINS, Peter; JONES, Loreta; LAVERMAN, Leroy. Princípios de Química: questionando a vida moderna e meio ambiente. 7º. ed. rev. e atual. Porto Alegre - RS: Bookman, 2018. 1084 p. CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA QUÍMICA, 55., 2016, Fortaleza - CE. ESTUDO DA SOLUBILIDADE DO ÁCIDO BENZÓICO EM MISTURAS AQUOSAS TERNÁRIAS E QUATERNÁRIAS EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA [...]. [S. l.: s. n.], 2017. Disponível em: http://www.abq.org.br/cbq/2015/trabalhos/3/7379-21282.html. Acesso em: 26 jan. 2023. MAIA, Gustavo dias. CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO TERMODINÂMICO DAS SOLUÇÕES DE ÁCIDO ACETILSALICÍLICO. 2007. 159 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos - SP, 2007. Disponível em: https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/3853/TeseGDM.pdf?sequen ce=1&isAllowed=y. Acesso em: 24 jan. 2023. MENDES, Aline Souza; PERUCH, Maria da Gloria Buglione; FRITZEN, Marcio Fritzan. SÍNTESE E PURIFICAÇÃO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO ATRAVÉS DA RECRISTALIZAÇÃO UTILIZANDO DIFERENTES TIPOS DE SOLVENTES. Educação e cultura contemporânea , [s. l.], v. 1, ed. 1, 2012. Disponível em: http://periodicos.estacio.br/index.php/saudesantacatarina/article/view/245. Acesso em: 24 jan. 2023. OLIVEIRA, P. H. R; REIS, R. R. Métodos de Preparação Industrial de Solventes e Reagentes Químicos: Ácido Benzoico. Revista Virtual de Química, Niterói - RJ, v. 9, ed. 6, p. 2673-2687, 18 dez. 2017. Disponível em: http://static.sites.sbq.org.br/rvq.sbq.org.br/pdf/v9n6a30.pdf. Acesso em: 26 jan. 2023. PEREIRA, Andrea Garcia. Solúvel no ponto de ebulição do solvente. Se a substância for muito solúvel à temperatura ambiente ou pouco solúvel em baixas e altas temperaturas, o solvente não será o ideal para a cristalização. 2013. 162 f. Dissertação (Mestre) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre - RS, 2013. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/233416. Acesso em: 26 jan. 2023. SILVA, Francisco Carlos Marques da. Modulo II - Equilíbrio Químico. Teresina - PI: UFPI/CEAD, 2008. 100 p. E-book. ANEXOS 1. Que se entende por recristalização? Recristalização é processo de tornar um cristal, uma vez diluído, em cristal novamente. Composto iônicos, por exemplo, quando em solução não estão na forma de cristais, se essa água presente na solução evaporar, os íons se organizam entres si, tornando-se cristais novamente. 2. Descrever todas as etapas de uma recristalização. Existem algumas formas de realizar o processo recristalização, para essa prática em especifica, usou-se o princípio de que em temperatura ambiente, o soluto tinha baixíssima solubilidade em água. Essa propriedade garantiu que a solução, ao se resfriar, formasse novamente cristais que então foram filtros e secados. 3. A recristalização é uma operação física ou química? Por que? É uma operação física, já que não há alteração na estrutura química das espécies envolvidos. Independentemente do soluto está em estado solido (cristal) ou dissolvido, ele permanece com a mesma identidade química. 4. Citar algumas características que um solvente deve apresentar para que seja empregado na recristalização. O solvente deve ter uma grande diferença entre o grau de solubilização do soluto em temperatura ambiente, com a temperatura de ebulição. Se forem muito próximos,ocorre o risco de o solvente evaporar antes que houvesse a total dissolução do soluto, ou um mínimo abaixamento de temperatura já poderia causar a formação de cristais, impossibilitando a filtração. 5. Por que é mais indicado que a solução seja esfriada espontaneamente, após aquecida? É necessário que os cristais de organizem de forma lenta e gradual. Se isso ocorrer de forma bruta, pode ser que ele acabe “capturando” algumas impurezas, quem ficam presas no cristal. 1 INTRODUÇÃO 1.2 Purificação e cristalização 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral 2.2 Objetivos específicos 3 PARTE EXPERIMENTAL 3.1 Matérias e Reagentes 3.2 Procedimentos 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
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