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Toxicologia Social e Medicamentosa Introdução → Toxicologia social: estuda os efeitos nocivos de fármacos ou drogas decorrentes do uso não médico, causando danos não somente ao indivíduo, mas também à sociedade. → Uso não médico: uso de maneira e período de tempo diferente da informada na prescrição ou para um pessoa cujo o fármaco não sido prescrito → Abuso: quando a pessoa usa uma substância não reconhecida de forma indiscriminada → Uso indevido: conhece a droga, a substância química e seus efeitos com uso de forma indiscriminada (dose alta ou sem prescrição) Maconha = uso terapêutico x abuso → fumar (abuso), mais gotas do que devia do óleo (uso indevido); utilizar gotas como prescrito (uso terapêutico) Nicotina = abuso x uso terapêutico → fumar x adesivo (pouca quantidade) Medicamentos → Principal agente que causa intoxicação → Sinitox – 1º lugar, principais medicamentos do ranking: Benzodiazepínicos Antigripais Antidepressivos Anti-inflamatórios → Adulto jovem do sexo feminino, 20 - 29 anos → 19% Taxa de Tentativa Suicídio: 44% → Crianças de 01-04 anos → 33% Acidentes: 40% → Conjunto de sintomas, envolvidos principalmente com a incapacidade de reduzir ou controlar o uso da droga. → Doença crônica, incurável e sujeita a recaída, até mesmo anos após a abstinência → desenvolve um sistema de recompensa. → Opiáceos: heroína, morfina, codeína; → Estimulantes: cocaína, anfetamina, cafeína; → Depressores do SNC: barbitúricos, benzodiazepínicos, etanol, inalantes; → Tabaco: nicotina; → Cannabis: ∆9-THC; → Psicodélicos: LSD, psilocibina, mescalina; Teorias da dependência a drogas → Atua no sistema mesolímbico → Em 1954, o psicólogo americano James Olds, ao realizar experiências em um rato, para estudar o "estado de alerta, colocou, por engano, os eletrodos em uma área profunda do cérebro, tida como responsável pelas reações emocionais → Os referidos eletrodos estavam conectados, através de arames, a uma alavanca que permitia, ao animal já devidamente treinado, acioná-la, sempre que desejasse. → E, então, Olds verificou que o roedor passou a acionar o dispositivo freneticamente, como se, da estimulação cerebral resultante, lhe adviesse uma imensa satisfação → Repetindo a experiência com outros ratos, idênticos resultados foram obtidos, sendo que alguns chegavam a acionar a alavanca 4 a 5 mil vezes em uma hora. → E o prazer que obtinham devia ser de uma tal intensidade, que nem a fome nem estímulos dolorosos conseguiam interromper o processo. → Eles somente paravam de se auto estimular quando vencidos pela exaustão. → Olds havia descoberto as áreas cerebrais responsáveis pela sensação de recompensa! → Sistema dominante de recompensa → assegurar a sobrevivência → Recompensas naturais: Memória de um acontecimento feliz → fonte de reforço para repetir determinada ação; Evita-se que atividades vitais torne-se aborrecidas Alimentos, Água, Sexo, Maternidade → Uso de fármacos/drogas → recompensa ao usuário Sensações de prazer Alívio de tensão Alteração agradável de humor e percepção → Propriedades gratificantes de fármacos/ drogas facilitam a instalação da dependência → não determinante → Recompensa obtida por fármacos/drogas: Auto-administração Exposição repetida Neuroadaptação → Fármacos/Drogas X Reforçadores Naturais → Liberação de dopamina (DA) significantemente maiores → Alimentos: aumento de 45% dos níveis de dopamina no sistema mesolímbico; Cocaína e anfetamina: aumento de 500% do nível de dopamina → Sistema mesolímbico dopaminérgico reforça comportamento e sinais associados com os estímulos cruciais para a sobrevivência → Consumo de drogas: registro no cérebro como de importância crucial Mecanismo de atuação de fármacos/drogas no sistema mesolímbico: → Cocaína: Inibe recaptação de DA Prolonga efeitos da DA liberada → Anfetamina Inibe recaptação de DA Prolonga efeitos da DA liberada Aumenta liberação de DA → Opiáceos Inibe os interneurônios GABAérgicos Desinibem os neurônios dopanérgicos Indiretamente, aumenta liberação de DA Recompensa independente da DA Potencial de Reforço de um Fármaco → Mais rápido o fármaco produzir os efeitos reforçadores → maiores chances de consumo repetido Cocaína e heroína causam mais dependência que o fenobarbital e metadona → Via de administração → velocidade de reforço Via intravenosa > via pulmonar > via intranasal > via oral PORTANTO: → Metanfetamina: Injetada ou fumada: efeito imediato, intenso e dura poucos minutos Aspirada: sensação 3 a 5 minutos Via oral: efeito em 15 a 20 minutos, efeitos menos intensos → A droga é consumida de maneira contínua, como um meio de evitar as consequências aversivas da abstinência (reforço negativo) → O comportamento compulsivo inclui uma mudança gradual de reforço positivo (impulsividade) para reforço negativo (compulsividade) → Manutenção do consumo → Adaptações fisiológicas neurais progressivas opostas aos efeitos causadas pelas drogas, de forma a contrabalançar o efeito. → Essas alterações tendem a compensar o efeito da droga e produzir um estado funcional aparentemente normal durante a presença dele (tolerância farmacodinâmica) → Quando a droga é retirada, as mesmas alterações dão origem a uma hiperexcitabilidade (de rebote) → Síndrome de abstinência Tolerância → Diminuição no efeito do fármaco/droga a despeito da dose ser mentida ou torna-se necessário um aumento de dose para alcançar o mesmo grau de efeito → Tolerância Inata ou Natural Sensibilidade determinada geneticamente Observada na primeira administração Polimorfismos que codificam enzimas envolvidas na biotransformação → Tolerância Farmacodinâmica É causada por alterações na interação droga receptor Essas alterações podem incluir a diminuição do número de receptores ou uma modificação na via de transdução do sinal → Tolerância Farmacodinâmica Aguda ou Taquifilaxia Tolerância farmacodinâmica que se desenvolve rapidamente com doses repetidas em uma única ocasião “Binge” → excessiva quantidade de fármaco em curto período de tempo Ex. Cocaína → Tolerância Metabólica, Farmacocinética ou Disposicional Alterações na farmacocinética do agente Necessidade de doses maiores Ex. Indução do sistema → Sensibilização ou Tolerância reversa Aumento da resposta ao efeito de um fármaco/droga após administração repetida Alterações neuroquímicas, inclusive na expressão gênica, têm sido implicadas nesse fenômeno. → Tolerância Cruzada Tolerância a um fármaco/droga → tolerância a outro fármaco/droga Tolerância farmacodinâmica: propriedades farmacológicas semelhantes. Ex. etanol, barbitúricos e benzodiazepínicos Tolerância metabólica: aumento da velocidade de biotransformação (CYP- 450). Ex. etanol, barbitúricos e benzodiazepínicos → Tolerância Condicionada (tolerância ambiente-específica) Fármaco/droga administrado sempre na presença do mesmo estímulo ambiental Odor da preparação da droga, visão da seringa Adaptações fisiológicas no organismo → Antes da substância atingir o sítio de ação Por exemplo, a visão dos acessórios associados ao uso de uma droga como a cocaína (que causa taquicardia) pode provocar uma bradicardia preventiva → Fármaco/princípio ativo: substância de estrutura química definida que, quando em contato ou introduzida em um sistema biológico, modifica uma ou mais de suas funções. Etanol, cocaína, anfetamina, morfina, etc.; → Droga: é a matéria-prima de origem mineral, vegetal ou animal quem contém um ou mais fármacos. Folha de coca e maconha Ação anestésica → Ação namembrana da célula neuronal: cocaína inibe a entrada de sódio pelo seu receptor na célula, não ocorre despolarização → efeito anestésico local → Cocaína tem afinidade com membrana, com receptor, podendo bloqueá-lo Sistema Nervoso Central → A estimulação do cérebro ocorre de maneira rostral a caudal. → O córtex é estimulado primeiro: excitação, inquietação e aumento da atividade motora → A estimulação subsequente dos centros motores inferiores: convulsões tônico-clônicas → A medula é inicialmente estimulada, resultando em um aumento da frequência respiratória inicial, seguido de depressão com insuficiência respiratória resultante Ação dopaminérgica → Bloqueia a recaptação de DA pois inibe o receptor causando a intensificação do efeito → Os agonistas do receptor de D2 acentuam o desejo de cocaína, enquanto os agonistas de D1 diminuem esse desejo → De modo geral, esses núcleos ajudam a iniciar e a controlar ações corticais: movimento voluntário; comportamento e certos aspectos rudimentares da cognição → A via mesolímbica está associada à recompensa e aos comportamentos aprendidos. A disfunção nesse caminho está associada a vícios, esquizofrenia e psicoses (incluindo depressão bipolar) e déficits de aprendizado. → As projeções mesocorticais são importantes para funções cognitivas de "ordem superior“: Incluindo motivação, recompensa, emoção e controle de impulsos; Também estão envolvidos em psicoses, incluindo esquizofrenia, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. → A cocaína também bloqueia a recaptação de NE e 5HT, e o uso crônico leva a alterações nesses sistemas de neurotransmissores: A cocaína produz um aumento dependente da dose na frequência cardíaca e pressão sanguínea; Aumento da excitação, desempenho aprimorado em tarefas de vigilância e alerta e uma sensação de autoconfiança e bem-estar. Doses mais altas produzem euforia, que tem uma duração curta e é frequentemente seguida por um desejo por mais drogas. Doses repetidas de cocaína podem levar a atividade motora involuntária, comportamento estereotipado e paranoia. Sistema cardiovalcular → DA é capaz de ativar os receptores adrenérgicos beta aumentando contratilidade cardíaca. → Em concentrações muito altas, o DA circulante ativa os receptores α adrenérgicos na vasculatura, causando vasoconstrição; assim, altas concentrações de DA aumentam a pressão sanguínea Sintomas clínicos → Hipertermia - Isso resulta de Aumento da produção de calor devido ao aumento da atividade psicomotora Diminuição da dissipação de calor devido a vasoconstrição Efeito pirogênico direto devido à ação nos centros termorregulatórios do hipotálamo. Estimulação da atividade calorigênica do fígado → Efeitos no SNC: Cefaleia; Ansiedade e agitação; Hiperatividade e inquietação Tremor e hiperreflexia Convulsão Acidente cerebrovascular não é comum → Efeito psiquiátrico: Estado paranoico com suspeita, hipervigilância, ansiedade. Estereotipia. Alucinações. Delírio tóxico Dose Fatal Usual → Cerca de 500 mg (oral). → Cerca de 100 mg (contato mucoso). → Nível sanguíneo letal: 0,2 mg / 100 ml Usuários crônicos de cocaína podem tolerar doses muito mais altas. Constituintes → Até hoje, foram identificados 489 compostos naturais da Cannabis sativa L., sendo que 70 são fitocanabinóides pertencentes a diferentes tipos ou subgrupos: Δ9-THC, Δ8-THC, canabinol (CBN), canabidiol (CBD), canabigerol (CBG), canabicromeno (CBC), canabiciclol (CBL), canabielsoin (CBE), canabinodiol (CBDL) e canabitriol (CBTL) → Tetraidrocanabinol – principal composto químico com efeito psicoativo. → Maiores concentrações nas inflorescências Sistema endocanabinoide → A maior densidade de receptores ocorre nos gânglios da base e na camada molecular do cerebelo Correlaciona-se com sua interferência na coordenação motora. → Níveis intermediários de ligação foram encontrados no hipocampo giro dentado e camadas I e IV do córtex: Consistentes com efeitos na memória e cognição de curto prazo. → Baixa densidade de receptores é observada nas áreas do tronco cerebral: Controlam as funções cardiovasculares e respiratórias, que se correlacionam com a conhecida falta de letalidade dos canabinoides Receptor CB1: • São os mais abundantes acoplados à proteínas G do SNC; • Expressos em terminais pré-sinápticos; • Abundantes em regiões: controle do movimento do corpo; coordenação motora; aprendizagem e memória; funções cognitivas; prazer Receptor CB2: • São expresso principalmente nas células imunes periféricas; maiores concentrações no baço, tonsilas e timo; • Envolvidos na modulação do sistema imune; • Não produzem efeitos psicoativos, e sim suprimem a função imune Mecanismo de ação → Ativação receptor acoplado à proteína G: canal de cálcio é bloqueado, com isso há menos cálcio em terminal pré-sináptico e não há liberação de neurotransmissor → sem função motora do neurônio pós-sináptico → diminui AMPc e abre os canais de potássio havendo mais potássio, há o decréscimo da transmissão do impulso nervoso Efeitos tóxicos → Curto prazo: Quando se fuma 1 cigarro (500 mg de erva - 1 a 2 % de Δ9-THC: Euforia seguida de relaxamento, sonolência ou depressão Perda da discriminação de tempo e de espaço Coordenação motora diminuída Prejuízo na memória recente Falha nas funções intelectuais e cognitivas Retardo na capacidade sensorial, intensificando as sensações, os sentidos e exagerando a sensibilidade Taquidardia Hiperemia das conjuntivas P.A. inalterada (em altas doses – hipotensão hortostática) Aumento de apetite com secura na boca e garganta → Longo prazo: Sistema pulmonar: maior risco de tosse crônica, bronquite, enfisema e câncer Sistema cardiovascular: HbCO2 4 vezes maior, aumento da frequência cardíaca. Risco de um ataque cardíaco quadruplica durante a 1ª hora após o fumo de 1 cigarro. Sistema imune: maior risco de infecções bacterianas e tumores Psicopatologias: depressão, ansiedade e alterações da personalidade; Precipitação de esquizofrenia Anormalidades comportamentais do recém-nascido → mãe dependente pode passar para os filhos (Papaver somniferum) Padrões de uso → Efeitos euforizontes e analgésicos → Goma ou solução (terapêutico) → Pode ser fumado em cachimbos especiais → China e Índia, América (AIDS) → EUA (Séc. XVIII) → Fármacos → diarreia, tosse, dores em geral, sedativos e calmantes para crianças continham ópio → Principal alcalóide isolado do ópio = morfina (hidrossolúvel) –atravessa lentamente a barreira hematoencefálico (efeito anestésico prolongado) → Semissintéticos obtidas por modificação parcial da substância original da papoula (Heroína - lipossolúvel: penetra a BHE) Mecanismo de ação → Receptores acoplados a Proteína G Agem inibindo a adenil ciclase Abertura reduzida de canais Ca2 + voltagem dependentes (reduz a liberação de neurotransmissores dos terminais pré-sinápticos) Estimulação da corrente K+ através de vários canais (hiperpolariza e inibe neurônios pós-sinápticos) → Dose fatal usual: 200mg; dose de uso terapêutico: 10 a 15 mg → Principal alcalóide isolado do ópio = morfina (hidrossolúvel - lentamente na BHE). → Semissintéticos obtidas por modificação parcial da substância original da papoula (Heroína - lipossolúvel: penetra facilmente a BHE)
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