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Kamile Ferreira - M42 Tuberculose É uma doença infecto contagiosa, granulomatosa e crônica (por isso pode ser tão debilitante). É causada por um agente infeccioso. É transmissível, principalmente pela forma pulmonar. Pulmões são os mais frequentemente atingidos, mas pode ter formas extrapulmonares. Causada pela Mycobacterium tuberculosis. Agente etiológico: é um complexo de micobacterias. A mais comum é a Mycobacterium tuberculosis. São agentes aeróbios (preferem as áreas mais aeradas do pulmão, no lobo superior do pulmão). tem crescimento lento. Bacilos álcool acido resistentes (BAAR). Granuloma: é uma estrutura nodular, um agregado de macrófagos, linfócitos, fibroblastos. É uma área de tecido necrótico (caseoso). Transmissão: paciente tem que ter contato com outro paciente com a infecção ativa (bacilifero ou caso fonte), na forma pulmonar ou laríngea ativa (se for só pleural, não transmite). Transmitida por aerossol (tosse, espirro e fala) e tem o acometimento primário dos pulmões. Cada indivíduo infecta cerca de 10 a 15 pessoas por ano, mas essa transmissão é praticamente nula após 15 dias de tratamento. Patogênese: Fase 1 acontece no indivíduo sem imunidade celular para o bacilo, geralmente é em crianças e adolescentes, ocorre uma reação inflamatória local, tem disseminação linfática ou hematogênica e geralmente não causa doença. Fase 2 acontece em indivíduos com imunidade celular desenvolvida (3-8 semanas), tem granuloma caseoso, complexo de Ranke (linfonodo + nódulo pulmonar calcificado). Risco de adoecimento: depende do grau de exposição (proximidade com infectado, condições do ambiente, tempo de convivência), da infectividade do caso índice (quantidade de bacilos eliminado, presença de caverna no rx), imunidade do próprio indivíduo. Forma primária e pós primária são fases da doença, paciente já tá com a doença. A forma primária ocorre logo após a infecção, habitualmente é uma forma grave, porém com baixo poder de transmissibilidade, porque geralmente fica no sangue. Ocorre geralmente em crianças e imunodeprimidos. Forma pós primária: o paciente já entrou em contato, mas os bacilos permanecem como latentes por anos (infecção latente pela M. tuberculosis – ILTB). Pode ter uma reativação endógena, consequente de imunodepressão, ou reativação exógena, consequente de uma nova exposição com elevada carga bacilar exterior. Em 80% dos casos acomete o pulmão, é frequente a presença de cavidades. Diagnóstico: clínico, bacteriológico, molecular, radiológico, histopatológico e prova tuberculínica. Manifestações clinicas: paciente com febre, anorexia, sudorese noturna, adinamia, perda de peso. Forma pulmonar (tosse maior que três semanas, expectoração, hemoptoicos/hemoptise, dor torácica e dispneia) Sintomático respiratório: pessoa que, durante a estratégia programática de busca ativa, apresenta tosse por três semanas ou mais. Essa pessoa deve ser investigadas através de exames bacteriológicos. Diagnóstico bacteriológico: 1 - Baciloscopia direta: pesquisa do BAAR pelo método de Zihel-Nielsen. Indicada em sintomáticos respiratórios, suspeita clínica ou radiológica, acompanhamento e controle de cura. 2 amostras de escarro, se persiste a suspeita, mais amostras podem ser pedidas, o exame negativo não descarta o diagnóstico, você pode pedir mais amostras em CASO DE SUSPEITA CLÍNICA, pois esse exame é menos sensível em pacientes com lesões pequenas, sendo mais Kamile Ferreira - M42 sensível em pacientes com lesões cavitadas e extensas; pode realizar em outros matérias biológicos, como urina e líquor. Baciloscopia detecta o paciente com a doença ativa, que tá transmitindo. QUADRO CLINICO COMPATIVEL + BAAR POSITIVO = COMEÇA TRATAMENTO, não precisa de exame de imagem para iniciar. 2 - Teste rápido molecular para TB: disponível pela rede pública em alguns municípios. Detecta DNA dos bacilos do complexo M tuberculosis e mostra se é resistente ou não a rifampicina. O resultado sai rápido. É um exame mais sensível, mas o resultado negativo não exclui o diagnóstico. Pode ser utilizado para as formas extrapulmonares, mas a sensibilidade é diminuída. 3 - Cultura: elevada especificidade e sensibilidade; não espera cultura pra iniciar tratamento. Geralmente, realiza cultura quando o paciente não responde ao tratamento. Realiza cultura também em populações com maior vulnerabilidade. Teste de sensibilidade – estreptomicina, isoniazida, rifampicina, etambutol e pirazinamida. Diagnósticos por imagem: Radiografia e TC de tórax – imprescindíveis na abordagem de casos suspeitos, fornecem informações relevantes (forma de apresentação Kamile Ferreira - M42 da doença, extensão da doença, evolução do decorrer do tratamento). 1 - Radiografia é o método inicial de escolha (incidências PA e perfil, alterações sugestivas – cavidades, nódulos (granuloma ou brônquio cheio de secreção), consolidações, massas, derrame pleural, alargamento de mediastino), lobos superiores (segmentos apicais e posteriores), lobos inferiores (segmentos apicais). 2 - Tomografia de tórax tem mais especificidade e sensibilidade, pede quando o rx é indefinido, quando deixa dúvidas e o paciente tem a clínica e o exame de escarro negativo. Pede também para pacientes sintomáticos respiratórios com sequelas extensas e que podem precisar de cirurgia. Consegue sugerir doença ativa. Sinais sugestivos de doença ativa – presença de secreção catarral. Tuberculose miliar – presença de micronódulos. Tuberculose pleural - Estudo do líquido pleural: exsudativo, amarelo-turvo; pede ADA – adenosina deaminase (VR > 40U/L); biopsia pleural; 50% associado à TB pulmonar. Diagnóstico histopatológico: faz biopsia; formas pulmonares difusas – broncoscopia (endoscopia do pulmão, se for uma doença mais leve, a agulha não consegue chegar na lesão); formas extrapulmonares; granuloma com necrose caseosa, composto por histiócitos epitelióides em torno de um centro necrótico – não é patognomônico; sempre considerar achados clínicos e epidemiológicos (diagnósticos diferenciais: silicose, micoses, sarcoidose). Todo paciente com diagnóstico de TB deve ser testado para HIV. Tratamento: Tratamento diretamente observado – observar o paciente tomando a medicação e acompanhar. O paciente deixa de ser bacilífero após 15 dias de tratamento. O ideal é que o paciente se mantenha em local arejado, cubra boca e nariz ao espirrar e tossir. Pedir baciloscopia de controle. Esquema básico - dura 6 meses (2 meses RIPE + 4 meses RI). Recomendado para todas as apresentações clínicas, exceto a forma meningoencefálica e osteoarticular (para essas, fazer de 12 meses – 2 meses RIPE e 10 meses RI). Indicado para adultos e adolescentes (maiores de 10 anos). Obs.: 2 meses é a fase intensiva, os outros 4 meses é a fase de manutenção. RIPE = Rifampicina (inibe a síntese do RNA), isoniazida (inibe a síntese da parede celular), pirazinamina, etambutol (inibe a síntese da parede celular) – as 4 drogas estão em 1 comprimido só. A dose depende do peso. RI = Rifampicina e isoniazida. Seguimento – baciloscopia mensal se possível, obrigatório ao final do segundo, quarto e sexto mês de tratamento, se persistir positiva, deve investigar a resistência, através da cultura, para tratamento alternativo. Prova tuberculínica e IGRA: Kamile Ferreira - M42 Úteis na investigação de infecção latente pela Mycobacterium tuberculosis. Não da diagnóstico, mas mostra se o paciente já teve algum contato com a bactéria, a maioria não chega a desenvolver a doença. Essa investigação é indicada em pacientes que poderão se beneficiar com o tratamento, como pacientes com doenças ou em tratamentos imunossupressores, pacientes menores de 2 anos oumaiores de 60 anos, pacientes com diabetes mellitus ou desnutridos. • Prova tuberculínica – é realizada a inoculação intradérmica de um derivado proteico da M. tuberculosis e avalia se há resposta imune celular a esses antígenos. Não serve para diagnosticar a infecção ativa. É positiva se maior ou igual a 5mm. É influenciada pela vacinação, exceto se tiver sido realizada há mais de 10 anos. • IGRA – células que já foram sensibilizadas com os antígenos da TB produzem altos níveis de interferon gama. Serve para identificar casos de ILTB em crianças e adultos. Diferentemente da prova tuberculínica, não é influenciado pela vacinação. Tratamento da ILTB: Isoniazida por 6 meses ou por 9 meses, sendo preferível o tratamento por 9 meses devido maior eficácia. O de 6 meses é indicado em pacientes mais debilitados e que não aguentam a administração de mais medicamentos. Rifampicina por 4 meses. Rifapentina + isoniazida por 3 meses. Vacina: É a BCG, que previne apenas as formas mais graves da tuberculose (miliar e meníngea). Não protege contra a tuberculose pulmonar.
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