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ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Luis Paulo Soares Munhoz 2ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS SUMÁRIO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (NEAD) Lígia Futterleib Desenvolvido pelo Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Darlan Scheid, Igor Zattera Revisora Ana Clara Garcia INTRODUÇÃO 3 ABORDAGEM GERAL SOBRE ESTRATÉGIAS 6 FORMAÇÃO DA ESTRATÉGIA 9 TIPOLOGIA DA ESTRATÉGIA 12 PRINCIPAIS MODELOS ESTRATÉGICOS 14 REVISANDO 21 REFLETINDO 22 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 23 OBJETIVOS E BENEFÍCIOS DO PLANEJAMENTO 25 PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PLANEJAMENTO 26 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO 28 REVISANDO 30 REFLETINDO 31 ANÁLISE ESTRATÉGICA 32 ANÁLISE EXTERNA 32 ANÁLISE INTERNA 33 ANÁLISE PEST 34 ANÁLISE BCG 35 ANÁLISE GE 36 MATRIZ PRODUTO/MERCADO 37 ANÁLISE SWOT 38 REVISANDO 40 REFLETINDO 41 FORMULAÇÃO ESTRATÉGICA 42 ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS 42 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS 45 ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIOS OU COMPETITIVA 35 ESTRATÉGIAS FUNCIONAIS 38 REVISANDO 49 REFLETINDO 51 ELABORAÇÃO DO PLANO ESTRATÉGICO 52 AÇÕES ESTRATÉGIAS E CRONOGRAMAS 53 OBJETIVOS 53 METAS 54 INDICADORES 55 CONTROLES ESTRATÉGICOS 56 O MAPA ESTRATÉGICO 58 REVISANDO 61 REFLETINDO 62 REFERÊNCIAS 63 3ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS INTRODUÇÃO Vamos fazer uma jornada pelo estudo da estratégia e do planejamento e você, aluno, é nosso convidado especial. Iniciaremos nossa viagem buscando entender o conceito de estratégia, sua evolução histórica e os marcos importantes na construção das estratégias empresariais, conforme conhecemos atualmente. Passaremos pelo estudo da formação da estratégia, bus- cando entender como acontece esse processo, o qual todas as empresas, em um dado momento de sua existência, acabam realizando. Conheceremos também os tipos de estratégias mais conhecidas, definidas em cada nível da empresa, ainda vamos analisar os principais modelos estratégicos e suas impli- cações na estratégia das empresas. Vamos estudar os modelos estratégicos de Porter, Mintzberg e Ansoff. Entretanto, este é apenas o começo, seguiremos falando do planejamento estratégico, estudando o conceito, os obje- tivos e benefícios da utilização do planejamento, bem como seus princípios norteadores, os quais envolvem a definição do negócio, a declaração de missão, a visão, os valores e a identificação dos fatores críticos de sucesso. Esses princípios 4ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS ajudam a definir o processo estratégico da empresa, por isso são norteadores do planejamento, facilitando o alinhamento estratégico. Seguindo nossa jornada, vamos fa- zer uma próxima parada no tema análise estratégica, a fim de descobrirmos que as empresas, ao realizarem o desenvolvimento de suas estratégias, necessitam estudar o ambiente onde atuam. Esse ambien- te pode ser dividido interno e externo e, consequentemente, teremos uma análise interna e uma análise externa. Conhece- remos também algumas ferramentas que utilizaremos para nos ajudar a definir mais claramente o que o ambiente nos mostra hoje e no futuro. Utilizaremos as ferramentas: análise PEST, análise BCG, análise GE, matriz produto/mercado e análise SWOT. To- das ferramentas que podem nos ajudar a analisar o ambiente interno e externo da empresa. Assim, permitindo que criemos um cenário, o qual servirá de apoio para a definição das estratégias a serem adotadas por nossas empresas. O próximo passo de nossa jornada é estudarmos a formulação da estratégia após conseguirmos analisar o ambiente (interno e externo) e termos uma visão das variáveis que o inf luenciam hoje e no futuro. Além disso, buscamos formular estratégias que permitam o enfrentamento das situações previstas e, principalmente, que nos conduzam a um posicionamento frente aos clientes, que nos coloque em vantagem em relação aos concorrentes, dessa forma, conduzindo-nos a resultados esperados. As estratégias, assim como as de- cisões empresariais, seguem uma hierar- quia de níveis dentro das organizações. No caso das estratégias teremos as estratégias corporativas que são definidas pela alta gestão da empresa, bem como definem os mercados de atuação da empresa, podendo variar entre crescimento, estabilização e desinvestimento. No nível seguinte, encontramos as estratégias de negócios ou competitivas, que são definidas pela gestão intermediária da empresa. Nesse caso, definimos como a empresa pretende competir em cada um dos mercados selecionados na estratégia corporativa. O objetivo aqui é conquistar vantagem competitiva. As estratégias funcionais também são estudadas e apresentam as defini- ções estratégicas que todos os setores da empresa devem desenvolver, sempre ali- nhadas com as estratégias corporativas e competitivas. No nível funcional temos os processos que realmente fazem as estra- tégias acontecerem, definindo claramente as posturas necessárias durante a execução do que foi planejado. Por fim, encerramos nossa viagem ao abordarmos a elaboração do plano es- tratégico, onde reunimos todas as informa- ções que foram obtidas nas fases anteriores do processo estratégico, e transformamos em ações estratégicas e cronogramas, cuja finalidade é organizar o acompanhamento da execução estratégica. Para que esse acompanhamento seja efetivo, é necessário comunicar a estratégia por toda a empresa e seus objetivos. Ade- 5ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS mais, as metas e os indicadores são impor- tantíssimos na construção de um sistema de monitoramento controle estratégico, o qual no caso de nosso estudo, pode ser muito bem realizado com a utilização do balanced scorecard (BSC). O BSC é uma ferramenta que au- xilia na implementação e no monitora- mento da estratégia, utilizando quatro perspectivas (financeira, de mercado ou clientes, de processos e de aprendizagem e crescimento), permite a distribuição dos objetivos da empresa de forma a serem identificadas relações de causa e efeito entre esses objetivos. Ainda falando do BSC, temos o mapa estratégico como uma ferramenta visual que estabelece as relações que citamos anteriormente. Ainda com a utilização do painel estratégico podemos unir objetivos, indicadores e metas com as iniciativas necessárias a sua execução. As iniciativas constituem o ponto de partida dos planos de ação, onde consegui- mos distribuir responsabilidades, estabele- cer prazos, definir a importância de cada iniciativa de forma a poder comunicar aos públicos interessados e ainda estabelecer o que deve ser feito, como deve ser feito e quanto custará a execução. Então, vamos partir em nossa via- gem pelo mundo das estratégias empresa- riais, boa leitura e, principalmente, boas ref lexões e aprendizagens! 6ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS 6ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS ABORDAGEM GERAL SOBRE ESTRATÉGIAS O que é estratégia e onde utilizamos? Para iniciarmos nossa jordana pelo mundo da estratégia, precisamos iniciar pensando sobre o conceito de estratégia. Então nossa primeira questão é... O que é estratégia? Existem várias respostas possíveis, mas neste Ebook va- mos trabalhar com foco nas estratégias do mundo corporativo, as estratégias empresariais. Seguindo nesse ponto, podemos verificar em muitas publicações existentes, que o conceito de estratégia passa por um grande número de possibilidades, conforme o viés de estudo que cada autor deu ao seu trabalho. Estratégia é criar uma posição exclusiva e valiosa, envolvendo um diferente conjunto de atividades da empresa, compatíveisentre si. (Porter, 1989). 7ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS O uso militar da estratégia sempre é lembrado, principalmente quando ana- lisamos a origem do termo, que para os gregos antigos designava a liderança do exército ou a arte do general. O grande general chinês Sun Tzu, e sua obra “A Arte da Guerra”, também faz parte do grupo de autores que ligam a estratégia ao meio militar. No entanto, sabemos que estratégia não é um termo utilizado apenas pelos militares. Venham comigo e vamos pular uma parte da história até o século passado, onde podemos identificar que as escolas de ne- gócios criadas por universidades, como Wharton e Harvard, no início do século, criaram as condições para o surgimento do pensamento estratégico. Alfred Sloan (principal executivo da GM entre 1923 e 1946) e Chester Bernard, executivo da ITT (International Telephone & Tele- graph), nos anos 30, são os precursores da estratégia como conhecemos hoje. No pós-guerra, início da década de 50, as empresas percebem mudanças em seu ambiente, fruto dos esforços de guerra. Não cabe mais ficar olhando apenas para o interior da empresa, a complexidade do mercado necessita de novas posturas gerenciais. A Ad- ministração Estratégica toma forma nos anos 60 e 70. Nessa época, Albert Humphrey lidera um projeto de pesquisa da Universidade de Stanford, utilizando dados da revista Fortune, uma das 500 maiores corporações da época. Para a re- alização do trabalho, Humphrey cria uma técnica que dá origem à Matriz SWOT. A introdução da Matriz SWOT trouxe uma nova visão sobre o ambiente em que as organizações atuam. Esse novo elemento foi fundamental para o desenvol- vimento de novos conceitos de estratégia. Peter Drucker, em seu livro “A prá- tica da Gestão”, de 1954, considera que a estratégia empresarial buscava definir qual o negócio da organização ou qual poderia ser o seu negócio. Com isso, a questão do futuro da organização e de seu propósito passa a ter grande importância na estra- tégia que será adotada. Zaccarelli, em seu livro Estratégia e Sucesso nas Empresas (2004), cita que várias afirmações foram tomando forma de verdades em relação à estratégia, tais como: “Estratégia é para grandes homens; Estratégia exige sabedoria e muita lógica; Estratégia é um dom inato; Estratégia é uma arte dos vencedores”. No entanto, isso era o que se pensava até 1965, quan- do Igor Ansoff lançou o livro “Estratégia Corporativa”, considerado o primeiro livro sobre estratégia nas empresas. A partir daí, o conceito foi mudando e hoje ninguém mais acredita nessas afirmações. 8ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Em 1971, Kenneth Andrews publi- cou o clássico “The Concept of Corporate Strategy”, no qual definiu estratégia como sendo o planejamento que uma empresa poderia fazer para ampliar as possibilida- des de sucesso. Então, passamos por um período em que estratégia e planejamento estratégico confundem-se, bem como a planificação da estratégia passa a ser mo- delo durante algum tempo. No entanto, em 1973, Henry Mintz- berg questionava o modelo de planificação estratégica, interrogando-se sobre o seu caráter deliberado e introduzindo uma noção de dinâmica. Mintzber conside- ra que a estratégia não pode ser definida em termos estáticos, pois o tempo torna os conceitos de forças, fraquezas, opor- tunidades e ameaças muito relativos. A mudança estratégica é possível e deve ser considerada ao longo do tempo. O termo estratégia competitiva sur- giu quando as empresas perceberam que a elaboração de um plano estratégico já não era suficiente para garantir o sucesso, mas que seria necessário elaborar e adotar es- tratégias que superassem àquelas adotadas pelos concorrentes. O ambiente e as suas mudanças exigiram um comportamento orientado para objetivos estratégicos da or- ganização em relação a tudo o que a cerca. Em 1980, Michael Porter lançou o livro “Estratégia Competitiva”, no qual são de- senvolvidos vários conceitos de estratégia e apresentada uma análise de estratégias competitivas, adotada por empresas em busca do que ele chama vantagem com- petitiva. Já em 1985, Porter escreveu “A Vantagem Competitiva”, ampliando os conceitos e aplicações. Como podemos observar, a evolução do pensamento estratégico é constante e possui alguns marcos históricos impor- tantes, que são destacados no infográfico a seguir: ESTRATÉGIA NAS EMPRESAS Acompanhe aqui os principais mar- cos históricos da estratégia nas empresas. Chester Bernard Em seu livro “The Functions of the Executive”, argumenta sobre a natureza cooperativa das organizações, na qual são fundamentais a autorida e liderança” 1938 1962 1965 1965 1973 Alfred Chandler Em seu livro “Strategy and Structure”, faz um estudo multi-caso de quatro grandes empresas americanas da época: Du Pont, GM, Nerseu Standard e Sears. Universidade Vanderbilt Realiza o Primeiro Seminário Internacional de Administração Estratégica Igor Ansoff Edita o primeiro livro sobre estratégia empresarial e apresenta uma ferramenta que classifica as estratégias em 4 categorias. Kenneth Andrews Apresenta um framework onde a estratégia surge do alinhamento de oportunidades e ameaças externas com o recursos organizacionais. Fonte: adaptado de BULGACOV (2009), MCAFEE (2006), PRAHALAD & RAMASWAMY (2004) E ZACCARELLI (2012). 9ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Para Dess (2016), “três estilos es- tratégicos preponderaram nas últimas dé- cadas: o estilo de planejamento, próprio dos anos 70, em que um futuro previsível constitui-se na análise do provável; o estilo de visão, típico dos anos 80, em que um futuro imprevisível institui-se na imagina- ção do possível; e o estilo de aprendizagem, característico dos anos 90, em que um futuro desconhecido se desdobra e é en- frentado pela compreensão da atualidade”. Oferecer um valor único para o cliente, ocupando uma posição não ex- plorada pela concorrência são os pontos principais do posicionamento estratégico defendidos por Porter. Todos estão atrás dos mesmos clientes, o que se pode fazer para que a nossa organização seja a esco- lhida? Por que os clientes comprarão de nossa empresa e não das outras? Ser di- ferente, focalizar uma escolha e demarcar uma posição única no mercado faz parte da excelência estratégica empresarial. FORMAÇÃO DA ESTRATÉGIA Ao estudarmos como as estratégias se formam, verificamos que as mesmas surgem em função de uma conjunção de fatores que criam a necessidade de ado- tarmos uma estratégia (isso vale para as organizações e também para as pessoas - quantas vezes a vida nos leva a um ponto em que temos de escolher uma estratégia para seguirmos buscando nossos objetivos). Os fatores que influenciam a formação da estratégia estão classificados em fatores ex- ternos (meio envolvente) e fatores internos (estrutura da organização e seus recursos). Atualmente, a característica mutável do ambiente competitivo permite definir a estratégia como uma abordagem que integra as vantagens da empresa e os desafios do ambiente onde está inserida, visando a alcançar os objetivos determinados. Michael E. Porter Publicação do primeiro livro com desenvolvimento de conceitos próprios de estratégias (Estratégia Competitiva) Henry Mintzberg Publica o livro “Ascensão e Queda do Planejamento Estratégico” Michael Porter e Mark Kramer Publicam artigo na Harvard Business Review e apresentam o princípio do valor compartilhado. Robert Kaplan e David Norton Lançam o livro “The Balanced Scorecard: Translating Strategy into Action”, onde apresentam uma forma de traduzir a visão da empresa em medidas de performace W. Chan Kim e Renée Mauborgne Publicam o livro “A Estratégia do Oceano Azul”, onde apresentam estratégias para investir e desenvolver mercados enexplorados. 1980 1994 1997 2005 2011 Fonte: adaptado de BULGACOV (2009), MCAFEE (2006), PRAHALAD & RAMASWAMY (2004) E ZACCARELLI (2012). 10ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS São consideradas três possibilidadesbásicas de formação da estratégia de uma organização: • Formação da estratégia como um processo racional e formal • Formação da estratégia como um processo negociado • Formação da estratégia como um processo em construção Assim, vamos estudar os três pro- cessos citados, iniciando pela formação da estratégica como um processo racional e formal. Essa possibilidade considera que a estratégia se forma, seguindo etapas racio- nais e analíticas, com critérios focados na razão econômica. A formação da estratégia é acompanhada pelo plano, considerado o instrumento que torna a estratégia ex- plícita e formalizada. Esse plano estratégico, segundo Flack e Ferreira (2006), orienta os ges- tores a avaliarem as forças que devem ser potencializadas e as fraquezas que devem ser corrigidas, assim como a identificação das oportunidades e ameaças provenien- tes do ambiente externo. Os objetivos da organização são definidos e comunicados aos colaboradores, o que auxilia o enga- jamento dos mesmos na busca do sucesso da organização. O meio envolvente apresenta opor- tunidades e ameaças à organização, que deve administrar seus recursos e capacida- des internas, buscando superar ou eliminar as ameaças e aproveitar as oportunidades. Desse confronto objetivo, surgem as es- tratégias possíveis, que serão analisadas buscando escolher as que apresentam maiores chances de sucesso. A escolha da estratégia é apoiada pelo sistema de valores da empresa. Uma organização é um sistema so- cial formado por grupos e interesses di- versos. Sendo assim, devemos considerar Ambiente Externo: Oportunidade e Ameaças Ambiente Interno: Recursos e Capacidades Valores Externos Valores Internos Processo Racional e Formal Estratégias Economicamente Viáveis Processo de Tomada de Decisão Estratégia Escolhida Fonte: Adaptado de Flack e Ferreira (2006). 11ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS que as pessoas têm seus objetivos de vida (todos têm algum objetivo, você já parou para pensar nisso? Quais os seus objeti- vos de vida?). Vamos então fazer algumas pequenas ref lexões: Ainda, podemos dizer que se não existissem conflitos entre os objetivos das pessoas e das organizações, significa que ambos possuiriam os mesmos objetivos? Então, ao considerar a formação da estra- tégia um processo negociado, verificamos que a mesma surge exatamente da nego- ciação desses objetivos da organização e dos grupos sociais internos. Por isso, para Fleck e Ferreira (2006), a estratégia, nessa situação, é formada como um processo ne- gociado. Assim, o plano é considerado um instrumento auxiliar. Os valores internos e externos determinam a escolha da estra- tégia mais adequada às condições do meio envolvente, aos recursos e às capacidades internas, que auxiliam na escolha final. Por fim, vamos falar da formação da estratégia como um processo em constru- ção permanente, uma vez que esse processo acontece devido ao fato de vivermos em um ambiente de alterações constantes e profundas. Dessa forma, a estratégia não consegue se desenvolver através de proces- sos claros e explícitos. Nesse contexto, ela vai se formando ao longo do tempo por meio da aprendizagem sobre o ambiente (entorno), pelas capacidades internas da organização e pela forma de articulá-las de modo adequado. As ações que vão sendo realizadas convergem de modo a configurar uma estratégia. Essa perspectiva se desenvolveu com a noção do “incrementalismo lógico” que, segundo Mintzberg e Quinn (2006), devemos proceder com flexibilidade e ex- perimentalismo, partindo de conceitos vastos para ações específicas. Essa devem ser realizadas o mais tarde possível para reduzir a incerteza e beneficiar-se da me- lhor informação possível. Veja, na figura a seguir, o esquema representativo dessa perspectiva. Se as pessoas têm objetivos, e as organizações também. Então podemos ter uma área de conflitos? Processo Negociado Ambiente Externo: Oportunidade e Ameaças Ambiente Interno: Recursos e Capacidades Valores Externos Valores Internos Estratégias Desejadas Processo de Tomada de Decisão Estratégia Escolhida Fonte: Adaptado de Flack e Ferreira (2006). 12ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS TIPOLOGIA DA ESTRATÉGIA Igor Ansoff é um grande estrategis- ta, autor e consultor que escreveu a célebre obra “Estratégia Corporativa”, em 1972. Com base no trabalho de Alfred Chan- dler, desenvolveu o conceito de gestão es- tratégica. Ansoff segmentou as funções administrativas das organizações em três níveis distintos (ANSOFF, 1988): Assim, observando os níveis esta- belecidos por Ansoff , na figura seguinte, podemos verificar que o nível estratégico está no topo da pirâmide da organização. Por isso, a segmentação proposta originou a denominação de estratégias; também passaram a ser chamadas de táticas, as ações geradas no nível tático; e operações, as ações do nível operacional. Como podemos verificar, existem níveis diferentes no que diz respeito às decisões que uma empresa deve tomar, assim também encontramos um processo semelhante para as decisões estratégicas, visto que a estratégia também possui ní- veis de envolvimento do quadro direti- vo da organização. Seguindo a pirâmide apresentada na figura anterior, podemos criar relações com o nível das decisões estratégicas da seguinte forma: Ambiente Externo: Oportunidade e Ameaças Ambiente Interno: Recursos e Capacidades Processo Permanente Estratégia Escolhida Aprendizagem Articulação Flexibilidade Experimentação • O nível estratégico - que diz o rumo a ser seguido pela organização; • O nível tático - que liga o nível superior (estratégico) ao nível da realização das atividades; • O nível operacional - no qual as atividades da organização são executas. Fonte: Adaptado de ANSOFF (1988) Fonte: Adaptado de Flack e Ferreira (2006). Níveis estratégicos 13ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS Este tipo de estratégia inicia com a definição do mercado ou mercados de atuação da empresa, tendo por base o tipo de negócio ou negócios que a empresa desenvolve ou pretende desenvolver. Essas decisões estratégias acontecem no nível estratégico das organizações, ou seja, são definidas pela alta direção. Essencialmente identificamos três grupos de estratégias corporativas: Estratégias de crescimento Crescimento interno Integração horizontal Diversificação horizontal relacionada Diversificação horizontal não- relacionada ou por conglomerados Integração vertical de empresas relacionadas Integração vertical de empresas não- relacionadas Fusões Alianças estratégicas Estratégia de estabilização Estratégias de decrescimento Reviravolta ou turnaround Desinvestimento Liquidação Fonte: adaptado de DESS et al. (2016) ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIOS OU COMPETITIVAS Esse tipo de estratégia diz respeito a forma como a empresa pretende competir no mercado ou mercados escolhidos. Po- demos dizer que também é chamada de estratégia competitiva, justamente, por estabelecer a forma de competição que a empresa adotará em cada mercado. Tais decisões devem estar alinhadas com a es- tratégia corporativa. Ademais, cabe aqui, destacarmos que uma empresa que atua em mais de um negócio ou mercado, pode adotar estratégias competitivas diferentes. Também encontramos três tipos de estratégias competitivas com maior des- taque, conforme apresentamos a seguir: Estratégia de liderança em custos Estratégia de diferenciação Estratégia de foco ou enfoque Fonte: adaptado de DESS et al. (2016) Estratégias corporativas Estratégias de negócios ou competitivas 14ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS ESTRATÉGIAS FUNCIONAIS Esse tipo de estratégia define a for- ma como os setores da empresa devem contribuir para as estratégias corporativa e competitiva estabelecidas. Logo, encon- tramos o conjunto de ações e metas para cada uma das áreas da organização, de forma a criar o resultado planejado nos ní- veis estratégicos anteriores. Essas decisões ocorrem no nível operacional,geralmente pelo do planejamento estratégico. Podemos destacar as seguintes estratégias no grupo de estratégias funcionais: Estratégias financeiras Estratégias de pesquisa e desenvolvimento Estratégias de marketing Estratégias de recursos humanos Estratégias de administração de produção e operações E outras estratégias conforme o número de setores da empresa. Fonte: adaptado de DESS et al. (2016) Estratégias corporativas Estratégias de Negócio Estratégias funcionais PRINCIPAIS MODELOS ESTRATÉGICOS Vários modelos estratégicos já foram elaborados, assim como muitas ferramen- tas para auxiliar a escolha, a formulação e a implementação das estratégias. Nesta seção vamos estudar alguns modelos con- sagrados. MODELO ESTRATÉGICO DE ANSOFF O modelo estratégico de Ansoff é bem exemplificado pela matriz Produto x Mercado. Para Ansoff as estratégias da organização devem ser definidas a par- tir da definição de mercados e produtos que a empresa pode explorar. Conforme a combinação possível e viável as estratégias são elaboradas. De forma geral, existem quatro possíveis estratégias gerais e seus desdobramentos. Estratégias funcionais 15ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Desse modo, a estratégia de penetra- ção de mercado é realizada através de um direcionamento da empresa para o cresci- mento por meio do aumento da participa- ção da empresa, buscando ocupar posições que eram ocupadas pela concorrência. Já, no desenvolvimento de mercados, a em- presa busca desenvolver novas missões para seus produtos atuais (ANSOFF, 1988). Quando a empresa decide pela es- tratégia de desenvolvimento de produtos, a ênfase fica na criação de novos produtos alinhados com a missão atual da empre- sa, mas que devem substituir os produtos existentes. Por outro lado, na estratégia de diversificação, a empresa desenvolve novos produtos e novas missões (ANSO- FF, 1988). É interessante observar que as estratégias propostas por Anso- ff visam à obtenção da vantagem competitiva por parte da empre- sa. Essa vantagem está baseada nas definições do produto e das ações corporativas envolvendo o mercado. Desse modo, a trajetória de uma empresa é definida pela combinação de seus produtos e mercados de atuação, pela busca do crescimento desejado e pela vantagem competitiva almejada (ANSOFF, 1988). MODELO ESTRATÉGICO DE MINTZBERG Para Mintzberg (2006), as estraté- gias estão organizadas em famílias que, em geral, dividem-se em cinco opções. Assim, primeiramente, deve-se identificar o negócio principal, essencial da empresa dentro da indústria; depois, é necessário caracterizar o que possibilita a empresa alcançar vantagens competitivas. Logo a seguir, é preciso identificar quais es- tratégias genéricas são possíveis para a elaboração do negócio central. A ampliação dos negócios acontece- rá ao longo da sua expansão, a partir disso, teremos a extensão do negócio central, ou seja, da expansão vertical e/ou horizontal, pela qual a empresa cresce, expande-se. A última etapa está relacionada à consolidação e redefinição do negócio central, pois após a extensão do negócio é necessário recombinar os negócios novos que foram agregados. O quadro a seguir traz um resumo das famílias de estratégias propostas por Mintzberg (2006). 16ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Localizando o negócio local Estratégias de Negócio: “Rio acima” - Funcionam perto da matéria-prima; o produto tende a ser divergente; material básico para variedade de usos; vantagem através de custos baixos. “Rio Médio” - uma série de entradas, dentro de um simples processo de produção; o produto flui para uma variedade de usuários. “Rio abaixo” - muitas entradas convergem dentro de um funil estreito, como os muitos produtos vendidos por uma loja de distribuição. Distinguindo o negócio local As áreas funcionais: Fontes: aquisições, pessoas, finanças; Processamento: desenvolvimento de processos, operações, inclusive de produtividade; Saídas: preços, promoções, vendas, distribuições; Suporte: legais, controle, treinamento. Elaborando o negócio central Estratégias de Penetração; Estratégias de Desenvolvimento de Mercado; Estratégias de Expansão Geográfica; Estratégias de Desenvolvimento de Produtos. Estendendo o negócio local Estratégia de Integração de Cadeia; Estratégias de Diversificação; Estratégias de Entrada e Controle: entrar em negócio novo por desenvolvimento próprio ou por aquisição; Estratégias combinadas de Diversificação e Integração; Estratégias de Retirada. Reconcebendo o negócio central Estratégia de redefinição de negócios; Estratégias de recombinação de negócios; Estratégias de mudança de essência. Fonte: Adaptado de Mintzberg (2006) MODELO ESTRATÉGICO DE PORTER Michael Porter desenvolveu dois modelos importantes e que não podem faltar ao elaborarmos a estratégia de uma empresa, o primeiro modelo é a Análise da estrutura da Indústria, também conhecido como as Cinco Forças Competitivas, já o segundo é a Análise da Cadeia de Valor. Para estudarmos um pouco do mo- delo estratégico de Michael Porter, va- mos iniciar pelo seu modelo de análise estratégica. Porter desenvolveu, em 1970, o modelo de análise estrutural da indús- tria, mais conhecido como as cinco forças competitivas, um modelo de análise do ambiente externo. As cinco forças iden- tificadas pelo autor moldam ou inf luen- ciam a competitividade de uma indústria, assim, a mesma deve ser analisada por sua estrutura, a qual inf luencia a determina- ção das regras competitivas. Então, para Porter, a rentabilidade de uma indústria depende dessa estrutura, que estabelece, por meio das cinco forças, as regras para a concorrência e competitividade. As forças competitivas são as seguintes: Para Porter (2004), a entrada de novos concorrentes na indústria depende da existência de barreiras que dificultam a entrada de novos concorrentes. Essas bar- reiras são apresentadas no quadro a seguir: Ameaças de Novos Entrantes (Entrantes Potenciais) Os novos entrantes em uma indústria trazem sempre novas capacidades e desejo de ganhar participação nesse mercado. A entrada de novos concorrentes pode causar queda de preços, aumento de custos e, consequentemente, queda da rentabilidade da indústria. Famílias de estratégia de Mintzberg 17ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Barreira Descrição Economias de Escala Dificultam a entrada de novos concorrentes. pois as empresas estabelecidas e que produzem grandes quantidades podem reduzir custos, o que as novas não conseguem. Também, existe a questão do retorno do investimento, que para empresas novas é normalmente maior, e a logística que fica um pouco mais complicado para os novatos, pois as empresas estabelecidas já estão com seus canais de distribuição organizados. Diferenciação do Produto Os concorrentes estabelecidos conseguem diferenciar seu produto através dos serviços agregados, das marcas já constituidas, do sistema de propaganda e da economia da experiência. Necessidade de Capital Também, são consideradas barreiras para entrada de novos concorrentes a necessidade de capital para investi em Pesquisa e Desenvolvimento, campanhas publicitárias e financiar o consumo. Desvantagem de Custo Os novos entrantes também encontram barreiras nas desvantagens de custo, oriundas da curva de aprendizagem, o acesso às melhores fontes de suprimentos (que já estão nas mãos das empresas estabelecidas) e a proximidade com o mercado, que foi estabelecida pelas empresas que já estão no mercado e que exige gastos maiores das entrantes. Acesso a Canais de Distribuição Para assegurar a distribuição de seu produto, um novo entrante pode encontrar barreiras relativas ao fato de que os canais de distribuição estão ocupados pelas empresas já estabelecidas. Com isso, o entrante necessita investir para que os canais aceitem seu produto, também necessita trabalhar a conquista da força de vendas, reduzir preço e desenvolver promoções diferenciadas para conquistas seu espaço.Política Governamental As políticas governamentais oriundas de regulamentações, fatores ambientais e pressões de grupos estabelecidos também podem se tornar barreiras para a entrada de novos competidores. Fonte: Adaptado de PORTER (2004) Intensidade na Rivalidade entre os Concorrentes Existentes Para Porter (2004), o grau de agressividade dos concorrentes de um setor é uma força competitiva importante a ser analisada. A competição entre o preço do produto, a inovação e as estratégias de marketing utilizadas determinam o nível de rivalidade. Fatores como a existência de numerosos concorrentes e todos bem equi- librados, o crescimento lento da indústria, custos fixos altos, custos de armazenagem altos, a ausência de diferenciação, baixos custos de mudança e barreiras de saída elevadas tornam a rivalidade maior. Pressão por Produtos Substitutos Em toda indústria, a concorrência acontece com o que chamamos produtos substitutos, ou seja, produtos que podem substituir ou serem utilizados na mesma função em determinada indústria. Barreiras a entrada de novos concorrentes 18ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Quando os produtos são analisados e percebidos como substitutos, geram uma alteração no poder de barganha. Es- ses substitutos podem reduzir ou limitar os lucros da indústria (PORTER, 2004). Fatores como o alto grau de concen- tração de clientes em relação à empresa vendedora e custos dos clientes são signi- ficativamente inf luenciados pela parcela de produtos adquirida; os produtos dis- poníveis são pouco diferenciados, o lucro dos clientes é baixo, o que os torna mais sensíveis aos produtos adquiridos e o custo de mudança de fornecedores é baixo, tor- nando maior o poder de negociação dos clientes com a indústria. Já, fatores como o alto grau de con- centração de fornecedores, a inexistência de substitutos para o seu produto, a impor- tância da indústria para esse fornecedor, a importância dos insumos para as empresas clientes, a diferenciação dos produtos e os custos de troca de fornecedor, são fatores que tornam maior o poder de negociação dos fornecedores na indústria (PORTER, 2004). Cada força competitiva, em um de- terminado momento, assume maior ou menor importância para uma indústria, inf luenciando a lucratividade de toda a indústria. Assim, para elaborarmos uma boa estratégia, é necessário conhecermos o nosso setor de atuação (indústria) e a maneira como suas forças competitivas atuam. A figura, a seguir, exemplifica as cinco forças competitivas. Continuando nosso estudo, vamos agora falar da Cadeia de valor. Para Porter (1989), “toda a empresa é uma reunião de atividades que são executadas para pro- jetar, produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto. [...] A cadeia de valores de uma empresa e o modo como ela executa atividades individuais são um ref lexo de sua história, de sua estratégia, de seu método de implementação de sua Poder de Negociação dos Clientes Segundo Porter (2004), os clientes de uma indústria buscam os melhores preços e melhor qualidade, isso joga os preços para baixo e incentiva a concorrência entre as empresas estabelecidas. Poder de Negociação dos Fornecedores Fornecedores com relativo poder econômico podem exercer pressão sobre a indústria, buscando aproveitar ao máximo o seu poder de barganha. Fonte: Adaptado de PORTER (1989) Forças competitivas 19ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS estratégia e da economia básica das pró- prias atividades”. A cadeia de valor divide as ativida- des da empresa em primárias e de apoio. Conforme a figura seguinte, as atividades primárias são: Ainda observando a figura, pode- mos verificar que as atividades de Apoio são: Em uma visão mais ampla, a cadeia de valor envolve um conjunto de ativi- dades criadoras de valor, desde as fontes de matérias-primas básicas, passando por fornecedores de componentes e indo até o produto final, entregue nas mãos do con- sumidor. Através da cadeia de valor, con- seguimos identificar os principais f luxos de processos dentro de uma organização (PORTER, 1989). Como afirma Porter (1989), as ati- vidades de valor estão relacionadas por meio de elos dentro da cadeia de valores, ou seja, são relações entre o modo como uma atividade de valor é executada e o Logística Interna – recebimento, armazenamento e distribuição de insumos no produto; Operações – atividades relacionadas à transformação dos insumos em produto final; Logística Externa – coleta, armazenamento e distribuição física do produto para os clientes; Marketing e Vendas – visam a oferecer um meio pelo qual os clientes possam comprar os produtos e também induzi-los a fazer isso; Serviço – atividades relacionadas ao fornecimento de serviços para intensificar ou manter o valor do produto. Infraestrutura da Empresa – inclui a gerência geral, planejamento, finanças, contabilidade, setor jurídico, qualidade, questões governamentais. Geralmente, apoia a cadeia inteira. Gerência de Recursos Humanos – atividades desenvolvidas no recrutamento, seleção, contratação, treinamento, desenvolvimento e remuneração de todos os tipos de pessoal de toda a cadeia. Desenvolvimento de Tecnologia – são as atividades que podem ser agrupadas em esforços para aperfeiçoar o produto e o processo. Aquisição – refere-se à função de compra de insumos empregados na cadeia de valor da empresa (preste bem atenção na cadeia de valor, ou seja, insumos para todas as atividades da empresa). 20ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS custo ou o desempenho de uma outra. Existem muitos elos que ligam as ativi- dades de apoio às atividades primárias, que se identificados e bem gerenciados, podem se tornar um diferencial com- petitivo, colaborando para a melhoria da rentabilidade do empreendimento, por meio da identificação e eliminação de atividades que não adicionam valor ao produto (Veja figura a seguir). Fonte: Adaptado de Porter (1989) Sistema de Valor 21ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Iniciamos falando que a estratégia é uma abordagem que integra as vantagens da empresa e os desafios do am- biente onde está inserida, visando a alcançar os objetivos determinados. Tal estratégia se forma como um processo racional e formal ou como um processo negociado ou, ainda, como um processo em construção permanente. Nas organizações existem três níveis de decisão: nível estratégico, nível tático e nível operacional, esses níveis es- tão alinhados com os níveis da estratégia empresarial, que compreende as estratégias corporativas (definidas no nível estratégico), as estratégias de negócios ou competitivas (de- finidas no nível tático) e as estratégias funcionais (definidas no nível operacional). Estudamos também os principais modelos estratégicos, iniciando com o modelo de Ansoff, passando pelo modelo de Mintzberg e finalizando com o modelo de Porter, no qual destacamos a análise da estrutura da indústria e a cadeia de valor. REVISANDO 22ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS REFLETINDO Caros alunos, ao final desse primeiro capítulo gostaria de convidá-los a algu- mas ref lexões que visam auxiliar nossa aprendizagem sobre os temas propostos até o momento. Então, solicito que ref litam sobre as seguintes questões: Existem empresas que não possuem estratégia? Considerando que estratégia se forma como um processo racional e formal ou como um processo negociado ou, ainda, como um processo em construção permanente, qual processo você entende ser o mais usual? Qual a diferença entre as estratégias corporativas e as estratégias de negócio? Quais são as cinco forças destacadas por Michael Porter na análise da estrutura da indústria? 23ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS 23ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO O planejamento como ferramenta de gestão. Nesta seção, iremos abordar o planejamento. No en- tanto, o importante agora é percebermos que o planejamento é a maneira pela qual a estratégia é preparada e articulada. Planejamento e estratégiaandam juntos, tanto que o termo planejamento estratégico foi criado, sendo uma ferramenta de gestão importante, embora tenha sofrido alterações ao longo do tempo e sido relegado ao segundo plano pela área acadêmica. Nas empresas, o planejamento é ainda uma ferramenta muito utilizada, pois existem vários estudos que comprovam ser a ferramenta gerencial mais utilizada nas empresas. A empresa de consultoria Bain & Company realiza, desde 1993, pesquisas sobre as ferramentas de gestão mais utilizadas pe- las empresas. Observe o quadro ao lado e veja o resultado da última pesquisa realizada em 2011. 24ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS O futuro e as decisões que podem auxiliar na criação ou modelagem do am- biente competitivo estão muito presentes na noção de planejamento. Ao criarmos um processo formalizado que busca gerar resultados desejados, a partir de uma se- quência integrada de decisões, estaremos fazendo um planejamento. De forma mais simples, toda vez que buscarmos traçar objetivos e trabalharmos da maneira como pretendemos alcançá-los, estaremos pla- nejando. Portanto, planejar é o oposto de improvisar, pois ao planejarmos, estaremos estabelecendo esquemas para a ação e não agindo por impulso ao acaso. Sete ferramentas mais indicadas por empresas brasileiras na pesquisa Management Tools % Trends 2011 da empresa Bain & Company. Assim, planejamento é a formula- ção de estratégias e ações estratégicas, de forma sistemática, objetivando a escolha da melhor ação no momento certo para a organização. Dessa forma, podemos perceber que o planejamento apresenta algumas características muito específicas que o relacionam às decisões presentes com suas implicações futuras, o que leva a uma avaliação de alternativas e à escolha de ações estratégicas relacionadas ao futuro da organização. A determinação dos objetivos da organização gera um processo de ações inter-relacionadas e interdependentes que visam a alcançá-los. Isso nos permite ver o caráter abrangente do planejamento, pois necessita envolver todos os aspectos da organização em sua análise. Também, temos um caráter temporal, demonstrado pelo horizonte estratégico, que é estabele- cido pela visão. A visão nos dá a noção de um espaço de tempo definido para a ação estratégica, o que motiva e controla o an- damento das atividades do planejamento. 25ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Para Decourt, Neves e Baldner (2012), o planejamento estratégico deve ser eficaz e gerar harmonia de ideias e ações para as organizações. Você lembra os níveis de decisão das organizações? Vamos relembrar rapidamente! São os seguintes: nível estratégico, tático e operacional. O Planejamento Estratégico está ligado ao nível de decisão mais alto da organização, o nível estratégico. O nível tático é um nível médio, no qual ocorrem os planejamentos táticos, que envolvem os vários setores da empresa. No nível operacional, são apresentados os planos operacionais que definem o que será rea- lizado pelos setores da organização. Podemos verificar que o planeja- mento estratégico é uma ferramenta de gestão que auxilia na implementação e também na escolha das estratégias. As estratégias são necessárias e fundamen- tais à sobrevivência das organizações, até mesmo quem diz não ter uma estratégia está adotando uma. Ainda, o planejamento é a ferramenta que nos auxilia nessa ca- minhada, não sendo a única ferramenta, pois outras são necessárias para que con- sigamos uma boa análise. Nessa discipli- na, vamos estudar diversas ferramentas e sua utilização estratégica, todas aliadas ao planejamento estratégico. OBJETIVOS E BENEFÍCIOS DO PLANEJAMENTO Claramente, podemos observar que os objetivos do planejamento estão relacionados a criação de uma capacidade de adaptação da empresa diante das mu- danças no cenário interno e externo. Nesse sentido, propiciando uma orientação aos negócios da empresa de forma estratégica, bem como alinhar os recursos disponí- veis visando a obtenção dos resultados desejados, utilizando para isso planos de ação e planos emergenciais quando forem necessários. Planejamento Estratégico É o processo que consiste na observação e análise do ambiente interno e externo da organização, buscando identificar os pontos fortes e fracos da organização e as oportunidades e ameaças do ambiente externo, com o objetivo de estabelecer estratégias e ações estratégicas que possibilitem o aumento da competitividade da organização (Adaptado de Oliveira, 2015). É um procedimento formal para produzir um resultado articulado, na forma de um sistema integrado de decisões (Mintzberg 2006). Nível de decisão Tipo de decisão Tipo de Planejamento Estratégico Decisões Estratégicas Planejamento Estratégico Tático Decisões Táticas Planejamentos Táticos Operacional Decisões Operacionais Planos Operacionais Fonte: Adaptado de Oliveira 2015. Níveis de decisão e tipos de planejamento 26ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Logicamente, as organizações são diferentes e podem buscar no planejamen- to outros objetivos, o que é plenamente viável, visto tratar-se de uma ferramenta de gestão, e como tal, necessitar sempre de adaptações a realidade de cada orga- nização. Quanto aos benefícios do planeja- mento podemos citar alguns interessan- tes, tais como uma melhor comunicação na empresa, uma vez que todos passam a conhecer a missão, a visão e os valores da empresa, assim como os rumos da mesma. Outro ponto de destaque é o conhecimento dos concorrentes, visto que ao analisarmos o ambiente, precisamos conhecer o mais detalhadamente possível nossos concor- rentes. Também é importante o estabe- lecimento de objetivos e metas viáveis e de conhecimento de todos, permitindo o alinhamento estratégico. Certamente, existem outros benefí- cios, mas procuramos, aqui, apenas des- tacar alguns que julgamos merecedores de destaque e, com essas considerações, encerramos esse capítulo de nosso estudo. Vamos agora, aprofundar um pouco mais nosso estudo acerca do planejamento, si- gamos em frente! PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PLANEJAMENTO Caros alunos, vamos agora analisar os princípios norteadores do planejamento estratégico. Compreendendo que esse passa por uma primeira etapa, denominada mais filosófica, que tem início no processo de definição do negócio da empresa e depois continua com a elaboração da declaração de missão e seleção dos valores, os quais a organização deseja manter ou desenvolver. Ainda, finaliza com a definição da visão, que orientará o rumo a ser seguido em determinado período ou até que sejam alcançados os resultados propostos. Tais princípios devem orientar a elaboração do planejamento estratégico das empresas. Vamos conhecê-los melhor! NEGÓCIO A definição do negócio é uma eta- pa de suma importância, sendo capaz de afetar todo o desenvolvimento das demais decisões estratégicas do plano estratégico. Negócio é definição clara e explícita do âmbito da atuação. da organização 27ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Negócio da Organização, refere-se aos limites físicos e psicológicos na sua atuação, no sentido de influenciar e ser in- fluenciada pelo ambiente. Três perguntas são fundamentais para a definição de Ne- gócio da Organização: Qual é o negócio? Qual será o negócio (se nenhum esforço de mudança for feito)? Qual deveria ser o negócio? As respostas vão depender de respostas a outras perguntas: Quem é seu cliente? Quem será o seu cliente? Quem deveria ser o seu cliente? Que abrangência precisa ter o seu negócio? Onde está seu cliente? Onde estará seu cliente? Ao responder essas questões, o es- trategista consegue entender o ponto prin- cipal de atuação da empresa e definir de forma clara seu negócio, ou seja, definir os produtos e serviços que serão oferecidos, em quais mercados e para quais clientes. MISSÃO A missão de uma empresa é a decla- ração de sua razão de existência. É o que dá direção e significado a essaexistência. A missão da organização está ligada dire- tamente aos seus objetivos institucionais, ambos motivos pelos quais foi criada, à medida que representa a sua razão se ser. Para Matias-Pereira (2011) a mis- são é a razão de ser de uma empresa, essa missão orienta objetivos e estratégias em- presariais, devendo ser posta em termos claros, objetivos e entendida por todos da organização, afirmando que a missão não deve ref letir afirmações quantitativas. Por outro lado, as declarações de missão deveriam ter objetivos mensuráveis, que diferenciacem a empresa das demais, identificando as suas aspirações, ao invés apenas de seu negócio, de modo a servir de inspiração para as pessoas envolvidas com a organização. Já, para Oliveira, a missão organi- zacional deve esclarecer o compromisso e o dever da empresa para com a sociedade. Ainda, segundo o autor, deve apresen- tar uma certa f lexibilidade, adaptar-se às mudanças ambientais, levando em consi- deração o seu segmento-alvo, tecnologia, benefícios demandados e oferecidos, além das crenças e valores dos dirigentes. Veja a figura a seguir, a qual apresenta um mo- delo para desenvolvimento da declaração da missão. VALORES Os valores representam os princí- pios éticos que norteiam todas as ações da organização e, normalmente, os va- lores compõem-se de regras morais que simbolizam os atos de seus fundadores, administradores e colaboradores em geral. Representam o que a empresa pretende transmitir ao mercado e como irá satis- fazer as necessidades de seus clientes em cumprimento da Missão e na busca da Visão de Futuro. Fonte: Adaptado de Oliveira 2015. Modelo de desenvolvimento da declaração da missão 28ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS VISÃO A visão estabelece uma meta de lon- go prazo para a organização, criando um compromisso consigo, no intento de atin- gir o propósito declarado. Reflete a posição que a empresa pretende ocupar no futuro em seu mercado de atuação, com relação ao portfólio ou à participação, sendo uma premissa básica no desenvolvimento do plano estratégico. Oliveira (2015) orienta que, para o delineamento da visão, devem-se seguir os seguintes pontos: Assim, a visão é o sonho da orga- nização, aquilo que se espera ser num de- terminado tempo e espaço, normalmente, é um prazo longo. FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO Um fator crítico é algo que não pode ser deixado de lado. Assim, os Fatores Críticos de Sucesso são definidos com base em questionamentos que apontam o que o mercado exige das empresas. Conforme o setor, esses fatores mu- dam. Devemos lembrar que esses são chave para o sucesso ou mesmo para o fracasso da organização. São as atividades impor- tantes para a sobrevivência da organização (OLIVEIRA, 2015). Os valores são uma profunda e duradoura definição do que a empresa acredita e valoriza, ainda, apontam o que é esperado dos funcionários em dadas situações (CATELLI, 2013) • Estabeleça uma visão tão clara quanto o objetivo de lucro e participação no mercado. • Defina e respeite o direito das pessoas. • Certifique-se de que a visão e os valores se direcionam aos focos básicos, ou seja, aos consumidores, funcionários e fornecedores. • Incremente sua participação de mercado e lucratividade pelo aumento da percepção dos consumidores de seus produtos e serviços em relação à concorrência. • Desenvolva uma cultura de atuação para os resultados da empresa. A visão é um plano, uma ideia mental que descreve o que a organização quer realizar objetivamente nos próximos anos de sua existência (CORAIN, 2015). 29ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Assim, caro aluno, para identificar os fatores críticos de sucesso de sua em- presa, busque levantar todos os fatores que impactam na satisfação do seu cliente, bem como os que impactam no crescimento de sua organização. Podemos relacionar alguns exemplos de FCS: Controle de custos; controle da produção; equipamen- tos e tecnologia; fornecedores adequados; capital de giro; qualidade; conhecimento da concorrência; gestão de pessoas; distri- buição; comunicação; imagem; inovação; etc. É importante lembrar que os fa- tores identificados como críticos devem ser monitorados constantemente, assim como teremos claro que podem sofrer al- terações ao longo do tempo, pois alguns fatores podem deixar de existir ou mesmo perderem a importância, enquanto outros podem surgir. No entanto, lembrem-se de que não adianta apenas monitorar, é preciso criar planos contingenciais para evitar os danos que podem ser causados quando os fatores críticos atuam de forma negativa ou positiva. Vocês devem estar se perguntando qual o motivo de termos planos quando os fatores críticos atuam de forma positiva. Pois bem, precisamos estar preparados também para o sucesso, principalmente, quando ele é maior do que esperávamos, ou seja, quando supera nossas expectativas e pode tornar-se negativo, quando não con- seguimos manter o nível de atendimento. 30ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS REVISANDO Analisamos a ferramenta planejamento es- tratégico, seu uso, objetivos e benefícios. Destaca- mos alguns objetivos do planejamento, entre eles a capacidade de adaptação da empresa, a orien- tação dos negócios, o alinhamento de recursos e o uso de planos de ação. Quanto aos benefícios, destacamos a comunicação, o estabelecimento de rumos claros, o conhecimento dos concorrentes e o estabelecimento de objetivos e metas. Fizemos também um breve estudo dos prin- cípios norteadores do planejamento estratégico, que visam dar sustentação ao processo de planeja- mento e manter o alinhamento com a estratégia. Os princípios norteadores são a definição do negócio da empresa, a declaração de missão e de visão, os valores e o levantamento dos fatores críticos de sucesso. A definição do negócio visa deixar claro para todos na empresa o âmbito de atuação da mesma, estabelecendo os produtos e serviços que serão ofertados, delimitação dos mercados onde a empresa irá ofertar esses produtos e serviços, assim com, quais são os clientes que objetivamos conquistar. A missão é uma declaração que estabelece a razão de existência da empresa, seu significado. Os valores representam os princípios éticos que são esperados de todos os colaboradores em todas as situações que estiverem representando a empresa. A visão nos leva a olhar para o futuro, no longo prazo e a nos questionarmos sobre onde desejamos estar. Por fim, os fatores críticos de sucesso são as atividades que garantem ou ao menos facilitam o sucesso da empresa na busca por seus resultados. Mas também podemos dizer que estes mesmos fatores podem ser os que devem ser monitorados constantemente, pois podem causar o fracasso ao serem negligenciados. Assim, quando identifica- mos esses fatores devemos monitorá-los sempre. 31ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS REFLETINDO Caros alunos, ao finalizarmos esse capítulo, gostaria de novamente convidá-los a algumas ref lexões que visam auxiliar nossa aprendizagem sobre os temas propostos até o momento. Então, solicito que ref litam sobre as seguintes questões: Em sua opinião, que outros benefícios o planejamento pode trazer para uma organização, além daqueles que foram citados aqui? Qual a importância da definição do negócio para o planejamento es- tratégico? Analisando a missão de empresas que você conhece ou que tenha pesquisado na internet, você considera que as declarações das missões que analisou deixam claro o motivo de existência da empresa? (Pense a respeito e busque identificar o que o(a) levou a responder sim ou não). Que tipos de valores você considera essenciais para a sobrevivência de uma empresa na atualidade? Em sua opinião, qual a importância da declaração de visão para o sucesso de uma empresa? Por que devemos identificar e monitorar constantemente os fatores críticos de sucesso? 32ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS 32ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS ANÁLISE ESTRATÉGICA O caminho a ser percorrido para a obtençãodos resultados planejados Caros alunos, a análise estratégica compreende uma análise do ambiente onde a organização está inserida (ambiente externo), onde encontramos os fatores do macroambiente (fa- tores que afetam todas as empresas) e os fatores do ambiente competitivo (fatores relacionados ao mercado de atuação da empresa). Também temos o ambiente interno da empresa, que deve adequar-se a esses ambientes. Vamos então conhecer um pouco mais acerca dessa análise. ANÁLISE EXTERNA Toda a organização existe em um determinado am- biente. Esse ambiente tanto pode ser interno como externo. Considera-se ambiente interno o ambiente da organização ou ambiente da empresa. No ambiente externo, encontramos todos 33ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS os fatores que inf luenciam nossa organi- zação, envolvendo a concorrência, clientes, fornecedores, política, enfim, tudo que integra o mercado onde a organização está inserida. Para localizarmos a organização nesse contexto, realizamos uma análise desse ambiente, conduzindo um estudo do ambiente externo (PORTER, 1989). Para realizarmos a análise externa, utilizamos ferramentas de análise e neste capítulo vamos estudar algumas dessas ferramentas, iniciando pela análise PEST e também pela matriz SWOT, passando pela análise das forças competitivas da indústria (Cinco Forças de Porter). No ambiente externo encontramos as ameaças e as oportunidades para o cres- cimento da organização. Estas ameaças e oportunidades podem surgir do macro- ambiente, onde encontramos as variáveis políticas, econômicas, sociais/culturais e tecnológicas, que influenciam todo o am- biente e por isso mesmo afetam todas as empresas, quer sejam nossos concorrentes, nossos fornecedores ou nossos clientes. Outra parte desse ambiente exter- no diz respeito as variáveis que atuam no mercado direto, o qual nossa empresa está presente. Essas variáveis afetam nossos concorrentes e a nós também. Por sua vez, nesse ambiente mais próximo, chamado de entorno, encontramos outras ameaças e oportunidades mais específicas. É importante destacar que o am- biente externo, bem como as ameaças e oportunidades não são controláveis, ou seja, não podemos definir quando quere- mos que surjam ou quando devem parar. Assim, devemos nos preparar para apro- veitar as oportunidades quando surgirem, e se for possível, antever tal situação com o máximo de antecedência, buscando re- duzir ou eliminar o impacto das ameaças. ANÁLISE INTERNA Ao realizarmos a análise interna, vamos olhar para o interior de nossa or- ganização e realizar uma análise com o objetivo de colocarmos em evidência as deficiências e qualidades da empresa que estamos analisando, ou seja, seus pontos fortes e pontos fracos. Os pontos fortes caracterizam situações internas, sobre as quais temos controle que podem produzir vantagens sobre os concorrentes, quando bem utilizadas. Já os pontos fracos carac- terizam situações internas, que também podem ser controladas, mas que se expos- tas aos concorrentes podem se transformar em desvantagens (OLIVEIRA, 2015). Vamos então verificar o que devemos analisar internamente? Conforme falamos anteriormente, é necessário olhar para a empresa e analisar seu funcionamento, seus processos, seu histórico, focando nos seguintes pontos: os aspectos internos que geram diferenciais mercadológicos, o sis- tema produtivo e de operações da empresa, o sistema de informações que suportam as decisões gerenciais, o modelo de gestão adotado, a saúde financeira e o modelo de gestão de pessoas adotado. Na análise desses pontos, somos ca- pazes de verificar os pontos fortes e fracos da organização e que demonstram sua capacidade adaptativa. Considerando que 34ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS o mercado é volátil, conseguir adaptar-se rapidamente é uma grande competên- cia e vantagem (DECOURT; NEVES; BALDNER., 2012). A ideia da realização da análise in- terna é principalmente buscar identificar os recursos (tangíveis e intangíveis) que a empresa possui, as capacitações que esses recursos permitem criar, bem como as competências essenciais que geram vanta- gem competitiva para atender as deman- das, criando valor para os clientes. Nos próximos itens passaremos a abordar algumas ferramentas que podem ser utilizadas na análise do ambiente exter- no e que ajudam a elaborar uma boa análise estratégica, que consequentemente geram uma definição de estratégias mais adequa- das ao ambiente. É importante ressaltar que a análise de estrutura da indústria e das forças competitivas que atuam no setor (forças de Porter), fazem parte da análise externa, do ambiente competitivo ou entorno. Tal ferramenta já foi explica- da quando estudamos sobre os principais modelos estratégicos. ANÁLISE PEST A análise PEST busca identificar as variáveis do macroambiente que estão atu- ando ou que podem atuar sobre o ambiente da empresa, de forma a gerar ameaças ou oportunidades. Nessa análise, estudamos as variáveis políticas que podem afetar o resultado de nossa empresa no médio e longo prazo. Também estudamos as va- riáveis econômicas que estão presentes no ambiente ou que podem surgir, oferecendo ameaças ou oportunidades. As variáveis socioculturais também são analisadas e lo- gicamente não podemos deixar de observar as variáveis tecnológicas. Alguns autores também falam em variáveis ambientais (referindo-se ao meio ambiente) e legais. Assim, chamam esta análise de PESTEL (sendo o segundo “E” de enviroment). Variáveis Econômicas: Ex.: inflação, câmbio, PIB. Variáveis Socioculturais: Ex.: mudanças na preferência de determinado grupo de pessoas. Variáveis Tecnológicas: Ex.: novas tecnologias que impactam o setor de atividade. Variáveis Políticas: Ex.: aumento de impostos, eleições, novas legislações sendo votadas ou aguardando votação, que podem influenciar na forma de negociação no setor. Fonte: Adaptado de OLIVEIRA (2015) Variáveis do macroambiente Variáveis do macroambiente 35ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS ANÁLISE BCG A análise BCG foi desenvolvida pelo Boston Consulting Group (BCG), em 1967, e tem o objetivo de relacionar o crescimento do mercado e a participação da empresa no mercado. Ainda, visa a determinar a construção do portfólio da empresa e o f luxo de caixa proveniente das unidades da empresa que se encon- tram em quadrantes diferentes e, por isso mesmo, necessitam ser administradas de forma diferente (RIBEIRO, 2012). Veja a figura a seguir: Desse modo, para Ribeiro (2012), a Vaca Leiteira representa negócios da em- presa que estão localizados em mercados com baixo crescimento, mas para os quais a empresa possui uma alta participação de mercado. Esses negócios normalmente geram um bom fluxo de caixa, que pode ser investido inclusive em negócios do tipo estrela. Os negócios com pequena partici- pação de mercado por parte da empre- sa, mas que estão situados em mercados com alto crescimento, são denominados negócios Em questionamento (interro- gação ou crianças-problema). Esses tipos de negócios geram pouco f luxo de caixa, e necessitam de constante investimento. Se conseguirem crescer, poderão se tornar estrelas e, posteriormente, vacas leiteiras, se não conseguirem crescer, poderão se tornar abacaxis (RIBEIRO, 2012). Negócios situados em mercados com baixo crescimento e, nos quais a empresa possui baixa participação de mercado, são denominados Abacaxi (ou Vira-lata). Esse tipo de negócio normalmente não necessita de muito investimento, mas também não gera um bom fluxo de caixa, o que cons- tantemente gera perdas. Temos de anali- sar se vale a pena continuar (KOTLER, 2012). Quando o mercado onde o negócio está localizado possui alto crescimento, e a empresa tem uma alta participação de mercado, denominamos Estrela. Esses negócios apresentam um alto f luxo de caixa, mas também necessitam de altos investimentos, o ideal é que com o tempo se transformem em negócios vaca leiteira (KOTLER, 2012).Resumindo, a empresa deve sele- cionar estratégias que transformem os produtos interrogação em vacas leiteiras e elimine os produtos abacaxi. 36ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS ANÁLISE GE A análise GE utiliza uma matriz com o mesmo nome, a fim de auxiliar a organização nas decisões sobre onde in- vestir e selecionar produtos ou marcas que deveriam ser adicionadas ao portfólio atu- al. Essa matriz foi desenvolvida pelo grupo McKinsey e também é conhecida como matriz Mckinsey (DECOURT; NEVES; BALDNER., 2012). A Matriz GE utiliza nove quadran- tes que orientam a análise e estudam a relação entre a atratividade de um mercado que está sendo analisado, bem como a força competitiva de um produto, serviço, marca, unidade de negócios ou mesmo empresa nesse mercado. A estrutura dessa matriz apresenta um eixo X, crescendo da direita para a esquerda, a qual apresen- ta a força competitiva (de baixa a alta) e um eixo Y, crescendo de baixo para cima, apresentando a atratividade de mercado (de baixa para alta), visualize a figura 15, a seguir. Isso faz com que o quadrante superior esquerdo seja o que apresenta, por exemplo, um produto posicionado com uma grande força competitiva em um mercado de grande atratividade. Na figura do modelo da Matriz GE, apresentamos círculos como se fossem um gráfico no formato pizza, ou seja, apre- sentando fatias diferentes e também setas. Pois bem, os círculos representam as uni- dades estratégicas de negócios (UENs) que estamos analisando, sendo que o tamanho do círculo (observem que um é maior que o outro) representa o tamanho do mercado, já a fatia destacada em cor mais escura, representa a participação de mercado da UEN que estamos analisando. E as setas? Essas indicam a direção e o movimento da UEN no futuro. Considerando os dois eixos apre- sentados, podemos observar que existem fatores que inf luenciam as duas variáveis analisadas, veja no seguinte quadro quais são os fatores que inf luenciam a atrativi- dade de mercado e a força competitiva. Para finalizar o estudo da matriz GE, podemos dizer que, ao realizarmos uma análise utilizando essa matriz, a orga- Fonte: Adaptado de KOTLER (2012) Fatores que influenciam a atratividade do mercado Fatores que influenciam a força competitiva - Tamanho do mercado - Segmentação do mercado - Preços e suas tendências - O crescimento do mercado - Rentabilidade do Mercado - Oportunidade de diferenciar produtos e serviços - Estrutura e distribuição logística - A força da marca - A força da empresa - A participação de mercado - A fidelidade do cliente - A força da logística - A inovação Fonte: Adaptado de KOTLER (2012) Matriz GE Fatores que influenciam atratividade e força competitiva. 37ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS nização pode chegar às seguintes conclu- sões: investir (caso tenha alocado o objeto de estudo no campo superior esquerdo da matriz); avaliar ou abandonar (se alocou o objeto de estudo no campo inferior direi- to). Logicamente, existem outras opções, que serão apresentadas na figura a seguir. MATRIZ PRODUTO/MERCADO Seguindo nosso estudo vamos conhecer a matriz de análise Produto/ Mercado ou Matriz de Ansoff, a qual é utilizada para analisar as oportunidades de crescimento de um ne- gócio. O autor estudou as estratégias de cresci- mento que as empresas poderiam utilizar e cons- truiu a matriz que analisa as oportunidades através das dimensões produto e mercados. A matriz trabalha sobre dois eixos: em um deles estão os produtos e, em outro, os merca- dos. Cada eixo traz duas dimensões, no caso dos produtos, temos produ- tos existentes e novos. Em relação a mercados, temos os existentes e os novos. Nesse sentido, para trabalhar os produtos e mercados existentes, a em- presa adota a estratégia de Penetração de Mercado, ou seja, foca sua estratégia em tornar os clientes ocasionais em clientes regulares e esses em clientes intensivos dos produtos da empresa. Assim, busca-se o aumento da participação de mercado, atra- vés do aumento da frequência de uso ou da quantidade consumida (DECOURT; NEVES; BALDNER., 2012). Quando o objetivo é trabalhar os produtos existentes em novos mercados, a estratégia é o Desenvolvimento de Mer- cado, ou seja, a empresa passa a buscar novos mercados para os produtos atuais. Isso pode ocorrer através da segmentação Atratividade de mercado - classificação e estratégias 38ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS do mercado, achando um novo segmento alvo ou através da expansão geográfica, ampliando a área de atuação (até mes- mo através da internacionalização) (DE- COURT; NEVES; BALDNER., 2012). Para trabalhar com novos produtos em mercados existentes, a estratégia é o Desenvolvimento de Produtos, ou seja, a empresa passa a gerar aperfeiçoamento em seus produtos atuais, para que alterem a percepção do cliente ou lancem novos produtos. Dessa forma, o lançamento de novas linhas ou a adição de qualidades aos produtos existentes é utilizado intensa- mente. Nesse tipo de estratégia, os canais de comunicação com os clientes são mui- to importantes. (DECOURT; NEVES; BALDNER., 2012). Por último, para trabalhar novos produtos em mercados novos, Ansoff aponta a estratégia da Diversificação, ou seja, a empresa cria novos produtos para novos mercados, sempre aproveitando sinergias tecnológicas ou comerciais. A diversificação pode ser classificada, con- forme apresentado no quadro a seguir: ANÁLISE SWOT A Matriz SWOT ou análise SWOT foi criada na década de 60 nos EUA. Essa matriz tem por objetivo identificar as in- terações entre a empresa e seu ambiente (interno e externo), visando a destacar as oportunidades, ameaças e os pontos fortes e fracos. SWOT é uma sigla que significa: Strenghts - Forças, Weaknesses - Fraque- zas, Opportunities – Oportunidades e Threats – Ameaças. Hoje, alguns autores falam da análise ou matriz FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças), abrasileirando essa matriz. Mas indepen- dente do nome, a função é a mesma, que é fazer uma análise do ambiente interno e externo (OLIVEIRA, 2015). Então, na Matriz SWOT, realiza- mos avaliação da posição competitiva da empresa no mercado, utilizando uma ma- triz de dois eixos, com duas variações cada eixo: pontos fortes (Strenghts) e pontos fracos (Weaknesses), que são oriundos de nossa análise interna; oportunidades (Opportunities) e ameaças (Threats), que são oriundos de nossa análise externa. Tipo Diversificação Horizontal A empresa diversificada, move-se no negócio de seus fornecedores ou de seus clientes atendidos são o mesmo tipo de clientes atuais da empresa. Vertical A empresa diversifica, move-se em direção ao tipo de negócios de seus fornecedores ou de seus clientes. Concêntrica A empresa diversifica aproveitando um elo comum através do marketing, da tecnologia ou de ambos. Assim, a área de negócios incorporada é altamente relacionada com a área atual da empresa. Conglomerada A empresa diversifica em áreas bem diferentes das atuais, não aproveitando as sinergias existentes do negócio local. Fonte: Adaptado de DECOURT; NEVES; BALDNER. (2012) Tipos de diversificação estratégica 39ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Ao construir a matriz, as variáveis são sobrepostas, facilitando a análise e a procura de sugestões para a tomada de decisões, sendo uma ferramenta impres- cindível na formação de Planos e na de- finição de Estratégias de negócio. É interes- sante destacar que, se duas em- presas fazem a análise SWOT, as forças de uma podem ser amea- ças para a outra, e as fraquezas de uma podem se converter em oportunidades para a outra. Logicamente, esse tipo de análise não se resume apenas a isso. Segundo Oliveira (2015), diante da predominância de pontos fortes ou fracos e de oportunidades ou ameaças, a empresa poderá adotar estratégias que busquem garantir sua sobrevivência, manutenção, crescimento ou desenvolvimento, confor- me podemos observar na figura a seguinte.PONTO FORTE – Toda a empresa possui pontos fortes em seu ambiente interno, esses pontos devem ser identificados e se possível ampliados. Pontos fortes podem gerar oportunidades de mercado quando bem explorados. PONTO FRACO – Os pontos fracos também estão presentes em todas as empresas, é impossível ser totalmente forte. Sempre existem falhas. Esses pontos devem ser identificados e convertidos em forças. OPORTUNIDADE – O mercado sempre está oferecendo ameaças e oportunidades. As oportunidades são importantes, pois permitem o crescimento da empresa quando forem aproveitadas. AMEAÇA – É um fator externo que pode afetar ou vir a afetar o funcionamento da empresa. Fonte: Adaptado de OLIVEIRA (2015). Fonte: OLIVEIRA (2015). Variáveis da matriz SWOT Matriz SWOT 40ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS REVISANDO Nesse capítulo estudamos a impor- tância da análise estratégica para a elabo- ração do planejamento e para a formulação da estratégia da empresa. Vimos que essa análise envolve o ambiente externo e o ambiente interno, no ambiente exter- no temos o macroambiente e o ambiente competitivo ou entorno. Também descobrimos que no am- biente externo encontramos ameaças e oportunidades que devem ser consideradas na elaboração de nossa estratégia, e no ambiente interno encontramos forças e fraquezas para o enfrentamento do que encontramos no ambiente externo. Além dessas informações, foi pos- sível conhecermos ferramentas utilizadas na análise do ambiente. Iniciamos com a análise PEST, que é aplicada ao macro- ambiente, depois analisamos a matriz swot que permite elaborarmos um cenário bási- co do que encontramos e continuamos com o estudo da análise BCG que relaciona o crescimento de mercado e a participação da empresa no mesmo. Estudamos também a análise GE, que nos auxilia a definir aonde investir, por fim terminamos analisando a matriz produto/mercado de Ansoff, que trabalha com os produtos existentes e novos produ- tos em um eixo, ainda, mercados existentes e novos mercados em outro eixo, possibi- litando a definição de caminhos a serem seguidos pela empresa na formulação de sua estratégia. 41ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS REFLETINDO Novamente venho propor que façamos uma pequena ref lexão a respeito das seguintes questões: Forças e fraquezas são identificadas em qual ambiente, externo ou interno? Que tipo de informações a análise do macroambiente nos apresenta? A análise SWOT pode ser utilizada para análise do ambiente in- terno e externo, o que justificaria tal uso? Ao realizarmos a análise BCG, o que significa classificarmos um produto de nossa empresa como vaca leiteira? 42ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS 42ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS FORMULAÇÃO ESTRATÉGICA Selecionando a estratégia para a empresa. Neste capítulo vamos estudar as estratégias em todos os níveis da empresa. Iniciaremos com as estratégias no nível cor- porativo e vamos, logo a seguir, para as estratégias de negócios ou competitivas, finalizando com as estratégias funcionais. ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS Após realizarmos a análise estratégica estamos em con- dições de definir as estratégias que a organização irá adotar. Iniciamos pelas estratégias no nível corporativo, onde a empresa deve definir se deseja crescer, estabilizar ou decrescer. Tudo isso parte das condições que a empresa evidenciou no ambiente interno e externo e de sua capacidade. Assim, podemos definir que é necessário crescer buscando uma maior fatia do mercado existente, ou buscando mudar de mercado. Vamos analisar os 43ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS tipos de estratégias corporativas, iniciando pelas estratégias de crescimento. As estratégias de crescimento po- dem envolver o crescimento interno ou intensivo e o crescimento externo ou in- tegrativo. Ou seja, crescimento interno refere-se a possibilidade de crescimento, usando os recursos internos da empresa e crescimento externo, que se refere a aqui- sição ou associação com outras empresas. O crescimento interno ou intensivo pode ser analisado pelo matriz produto/ mercado de Ansoff. Lembram-se dessa matriz? Pois bem, este tipo de estratégia pode adotar quatro ações distintas, a saber: Penetração de mercado - busca aumentar as vendas para os clientes já existentes por meio de campanhas de marketing agressivas. Ex.: Campanha agressiva de um produto. Desenvolvimento de mercado – busca vender os produtos atuais da empresa em outros mercados, através da expansão geográfica ou também desenvolvendo nova aplicações para os produtos. Ex.: passar a exportar. Desenvolvimento de produto – criando novos produtos a serem vendidos nos mercados já explorados pela empresa e que aproveitam a tecnologia e/ou a força de vendas existentes. Ex.: Empresa de refrigerantes que passa a oferecer versões diet. Diversificação – pode ser desenvolvida através da ampliação da linha de produtos já existentes (Diversificação Concêntrica), ou a empresa investe em produtos diferentes dos que oferece atualmente, inclusive utilizando outras tec- nologias não correlacionadas e a força de vendas diferentes (Diversificação por Conglomerados). Ex.: Empresa de refrigerantes passa a oferecer sucos (concên- trica) e barras de cereais (por conglomerados). Fonte: Adaptado de EVANS (2013). Estratégias de crescimento intensivo 44ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS As estratégias de crescimento externo ou integrativo, podem ocorrem das se- guintes formas: Integração horizontal – quando a empresa cresce através da aquisição de outras empresas na mesma linha de negócios. Ex.: Banco compra outro banco. Diversificação horizontal relacionada – quando a empresa cresce através da aquisição de outras empresas que não atuam na mesma linha de negócios, mas que pode agregar as suas competências essenciais. Ex.: Banco compra operadora de cartões de crédito. Diversificação horizontal não-relacionada – quando a empresa cresce através da aquisição de outras empresas que não atuam na mesma linha de negó- cios, mas que pode agregar às suas competências essenciais. Ex.: Banco compra indústria de pneus. Integração vertical – quando a empresa cresce através da aquisição de empresas em sua cadeia de produção aproximando-se do cliente final (integração para frente) ou quando a empresa cresce através da aquisição de empresas em sua cadeia de produção aproximando-se dos fornecedores (integração para trás). Ex.: Indústria de laticínios compra empresa de distribuição (para frente) ou indústria de laticínios compra fazenda produtora (para trás). Ainda falando sobre as estratégias de crescimento, temos duas outras opções, que são: (1) as fusões e aquisições, onde duas empresas integram suas operações de forma equilibrada (fusão) ou quando uma empresa adquire o controle acionário de outra empresa (aquisição). E também temos as (2) alianças estratégicas que são parcerias que duas ou mais empresas po- dem configurar para a realização de um projeto, conjunto ou atuação em deter- minado negócio por um tempo definido. Continuando nosso estudo das es- tratégias do nível corporativo, podemos trabalhar também a estratégia de estabi- lização, a qual visa manter o número de atividades da empresa quando a mesma atua em um único setor ou manter o nú- mero atual de Unidades Estratégicas de Negócio (UENs) para uma empresa que atua em diversos setores. Já as estratégias de decrescimento podem ser classificadas como mostra na próxima página: Fonte: Adaptado de EVANS (2013). Estratégias de crescimento integrativo 45ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Reviravolta ou turnaround – adoção de medidas drásticas quando a empresa se encontra em dificuldades ou iminência de falência. Ex.: mu- danças de direção e gerências. Desinvestimento – quando a empresa vende unidades de negócio que estão apresentando baixo desem- penho. Ex.: Banco vende operadora de cartões de crédito que não apresentou rendimento satisfatório. Liquidação – venda de todos os ativos da empresa e encerramento do negócio. OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
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