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8-UROLITÍASE E ITU

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ANATOMIA E FISIOLOGIA
O trato urinário é formado pelo rins, ureter, bexiga e uretra. Os ureteres desembocam de forma oblíqua no trígono vesical da bexiga urinária formando a válvula vesicoureteral, que exerce proteção ao impedir que a urina volte para os ureteres e para a pelve renal.
A bexiga urinária é constituída de musculatura lisa, camada mucosa, submucosa e serosa. Também é protegida e recoberta por uma camada de glicosaminoglicanas, que quando ausente, aumenta a permeabilidade da parede da bexiga, tornando-a suscetível a infecções.
A composição da urina é regulada por uma série de fatores, entre os mais importantes: o transporte ativo de sódio da urina realizado pela aldosterona. Também são regulados por prostaglandinas, uroquinas e calicreína.
A urina foi projetada para ser concentrada e assim, eliminar resíduos do organismo de forma líquida. Alguns desses resíduos (principalmente minerais), podem precipitar e predispor a formação de cristais, estes que ficam retidos no sistema urinário e se combinam com a matriz orgânica e/ou outros minerais, crescer e formar cálculos.
UROLITÍASE
É a formação de cálculos urinários a partir de cristais menos solúveis de urina. Não é uma doença isolada, e geralmente possui causas multifatoriais (hereditário, congênitos, processos patológicos, ITU).
Fatores como dieta, pouca ingestão de água, pH urinário, falta de inibidores na urina ou a presença de promotores de cristalização são fatores predisponentes.
A ITU é diagnosticada com grande frequência em cães com urolitíase, e qualquer urólito pode contribuir para persistência e a disseminação da infecção urinária, já que o urólito pode traumatizar a mucosa vesical interna.
ETIOLOGIA E FISIOPATOGENIA
O início da formação de um urólito é denominado de nucleação, consiste na formação de um ninho de cristal que depende da supersaturação da urina. A supersaturação tende a formar sólidos (precipitados), por meio dos sais dissolvidos, quando os solutos estão presentes na urina em concentrações muito mais altas do que o normal causa cristalúria. Os urólitos se formam a partir da agregação desses cristais e por sua excreção inadequada. O grau de saturação está relacionado com a magnitude da excreção renal de cristalóides como também do pH urinário e de inibidores de cristalização presentes na urina. Para que haja a formação do urólito, é necessário a permanência do chamado “ninho de cristal”.
Teoria da precipitação-cristalização: enfatiza que a supersaturação da urina com cristalóides é o principal agente envolvido na litogênese. Afirma que a formação do núcleo pode ocorrer independentemente da matriz pré-formada. É a teoria mais aceita pois nem sempre é necessária a presença de matriz orgânica para a precipitação e o papel exercido pelos inibidores de cristalização é mais importante durante o crescimento do urólito.
Teoria da matriz nucleada: Nessa teoria, a matriz orgânica é considerada o determinante primário da litogênese. Acredita-se que a matriz é formada de mucoproteínas e que apresenta propriedades ligantes com os cristais. 
Teoria da cristalização-inibição: afirma que o principal determinante a formação de urólitos de fosfato de cálcio e oxalato de cálcio é quando se tem condições em que há menor quantidade ou ausência de inibidores orgânicos e inorgânicos da cristalização.
CLASSIFICAÇÃO
Urólitos simples: apresentam predomínio de um mesmo mineral >70% em um ou duas de suas camadas. 
Os urólitos compostos: apresentam 70% ou mais de dois ou mais minerais distintos em camadas diferentes. 
Os urólitos mistos: apresentam camadas com diversos tipos de minerais, sem que ocorra a predominância de um mesmo mineral.
TIPOS DE CÁLCULOS
Estruvita: o tipo de urólito mais encontrado em cães e gatos. Podem apresentar formato esférico, elipsóide ou tetraédrico. Quando solitários podem apresentar projeções (espículas) em sua superfície. E são compostos de 100% de magnésio, amônio e fosfato. 
A maioria desses cálculos são formados em cães induzidos por ITU, muitas vezes a infecção é causada por bactéria produtora de urease. A urease é capaz de clivar a ureia, presente na urina em amônia, a qual sofre hidrólise e possibilita combinação de amônio com magnésio e fosfato provenientes da dieta. 
O amônio pode lesar o epitélio da bexiga urinária agindo nas glicosaminoglicanas, prolongando a infecção urinária. 
Muitas raças têm predisposição, entre elas o cocker Spainel apresenta predisposição familiar em formar os cálculos. A faixa etária mais atingida é entre 6-10 anos. 
Os cálculos de estruvita que coexistem sem presença de infecção, são chamados de cálculos estéreis e sua patogenia é desconhecida.
Oxalato de cálcio: Pode ser encontrado na forma monohidratada e di-hidratada. A mono é mais frequente em cães. E a diferença é que a di-hidratada é mais facilmente fragmentada pelas ondas de choque, nos procedimentos de litotripsia. Esses cálculos normalmente são radiopacos, pequenos e múltiplos. Esse tipo de urólito é encontrado com maior frequência na pelve renal e nos ureteres de cães e gatos. Está relacionada a animais com altas concentrações de cálcio e oxalatos e baixas concentrações de potássio e fósforo na urina. Esses urólitos são mais observados nos cães machos, o estrógeno diminui a excreção de oxalato e aumenta a de citrato.
Esse tipo de cálculo raramente está relacionado com ITU, mas pode predispor a infecção por alterar defesa na bexiga urinária. Também pode se formar em qualquer pH. Na raça Schnauzer, observou-se a particularidade de alguns cães apresentarem maior absorção de cálcio intestinal e, portanto, maior excreção urinária de cálcio. 
Outros fatores predisponentes para esse cálculo são: dieta com alto teor de cálcio, vitamina D ou C, doenças que contribuam para hipercalcemia (hiperparatireoidismo primário, hiperadrenocorticismo), dietas com alto teor de oxalato.
Cálculos de Urato: Ocorre naturalmente em cães e são produtos do metabolismo de ribonucleotídeos de purina. São cálculos pequenos, arredondados ou ovóides de coloração verde-amarronzada. Enquanto que os cálculos de purina apresentam cor amarelo-amarronzada. Os cálculos de urato são observados com grande frequência na urina dos dálmatas (predisposição genética por deficiÊncia do transporte de urato e também diminuição da reabsorção de ácido úrico nos túbulos proximais, sendo excretado em maior quantidade) e também pode ser encontrado em doenças hepáticas ou desvio portossistêmico, pela presença de maiores concentrações de amônio e ácido úrico na urina, uma vez que a metabolização está prejudicada. 
Os cálculos de xantina ocorrem frequentemente em animais que foram tratados com alopurinol. A xantina é um metabólito intermediário da conversão de purina em ácido úrico. A enzima responsável por essa etapa é a xantina oxidase, a qual é inibida pelo uso de alopurinol.
A formação dos cálculos de urato pode ser favorecida por dietas com alto teor de purinas e seus precursores com pH mais ácido. Logo, a urina alcalina pode prevenir sua formação. As ITU por bactérias ureases-positivas também predispõem a formação do cálculo. Nos felinos, a frequência de urólito é menor.
Cálculo de sílica: Diagnosticado com baixa frequência. Os animais acometidos, apresentam apetite depravado, facilitando ingestão de terra ou são submetidos a dieta com altos teores de cereais como soja e arroz. Os machos são mais acometidos.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Dependerão da localização, do número e do tamanho dos cálculos e da existência concomitante de ITU. As manifestações clínicas apresentadas pelo animal costumam estar relacionadas com a cistite, em que é possível observar hematúria, polaciúria, disúria, estrangúria, incontinência urinária e micção em local inapropriado. Obstrução uretral parcial ou total, hiperplasia da mucosa vesical e posteriormente, formação de pólipos e desenvolvimento de infecções urinárias complicadas.Cálculos menores pode se deslocar para uretra e causar obstrução parcial/total, acarretando outras manifestações como distensão da bexiga urinária, disúria,estrangúria, depressão, anorexia e vômito decorrente de uremia pós-renal. O animal pode apresentar uroperitônio, aumento de volume na região do períneo por acúmulo de urina no subcutâneo.
Se o cálculo estiver na pelve renal, o animal pode ser assintomático ou apresentar hematúria microscópica ou ainda desenvolver pielonefrite crônica. Quando da presença de nefrolitíase bilateral, esta pode ser uma causa importante de lesão do parênquima renal e acarretar o desenvolvimento de doença renal crônica.
No exame laboratorial observa-se azotemia, hiperfosfatemia e hiperpotasemia. No exame de imagem pode observar hidronefrose, pionefrose, associadas ou não a uremia.
DIAGNÓSTICO
Na anamnese deve-se avaliar o volume, coloração e o odor da urina; a frequÊncia de micção, se o animal manifesta algum sinal de dor durante micção, quantidade de água ingerida durante o dia, se apresenta micção em local inapropriado, incontinência urinária ou presença de “areia” ou concreções na urina. 
Com relação aos exames laboratoriais o exame de urina e urocultura, perfil sérico renal e hepático, principalmente nos casos de suspeita de disfunção hepática e predisposição para formação de cálculos de urato de amônio. A avaliação do pH urinário deve ser realizada o mais rápido possível. 
Os cálculos de fosfato de cálcio, oxalato de cálcio, estruvita e sílica podem ser
facilmente visualizados pelo exame radiográfico por serem radiopacos. Por outro lado, os cálculos de urato de amônio costumam ser radiotransparentes, mas podem apresentar a camada mais externa radiopaca, o que facilita a sua visibilização em radiografia simples. 
O exame ultrassonográfico é considerado mais sensível e menos específico para a identificação de urólitos quando comparado ao exame radiográfico. A indicação da ultrassonografia seria para detectar possíveis obstruções ureterais pela visibilização de hidroureter, hidronefrose e dilatação de pelve. Ela também pode ser indicada para detectar pequenos cálculos que não são passíveis de identificação na imagem radiográfica.
A análise qualitativa do urólito não permite determinar a porcentagem ou a concentração dos diferentes minerais presentes nas diferentes camadas. A análise quantitativa, permitem identificar com maior precisão as substâncias e a disposição destas dentro dos urólitos (simples, mistos ou compostos), fornecendo melhores informações para diagnóstico, prognóstico e terapia
TRATAMENTO 
Existem duas possibilidades: tratamento clínico com o objetivo de promover a dissolução do cálculo ou impedir seu crescimento. E o tratamento cirúrgico quando o urólito não for passível de dissolução. Caso a opção seja pelo tratamento cirúrgico, há uma grande preocupação de que todos os urólitos e seus fragmentos sejam removidos para, assim, evitar a possibilidade de recidiva. Com o intuito de diminuir a possibilidade de permanência de algum urólito ou fragmento, recomenda-se a realização de exame radiográfico momentos antes e depois do ato cirúrgico.
O tratamento clínico consiste na tentativa de obter subsaturação ou diluição da urina com cristaloides calculogênicos, o que pode ser controlado mediante a alteração da composição da dieta e, principalmente, da ingestão de água. Pode-se também recomendar o uso de medicações que modifiquem o pH urinário e aumentem o volume urinário. A terapia de dissolução só é indicada para alguns tipos de urólitos, como estruvita, urato ou cistina. 
MÉTODOS NÃO CIRÚRGICOS
Obtenção do urólito via sonda uretral: Caso o animal não apresente repleção vesical, a bexiga deve ser preenchida e distendida com solução salina e, logo após, é necessário palpar e procurar movimentar o conteúdo vesical para que os cálculos que se encontram depositados fiquem em suspensão e possam, assim, ser drenados pela sonda uretral
Uro-hidropropulsão miccional: retirada de urólitos maiores que os da técnica anteriormente comentada. Nesta, o posicionamento do animal e a força da gravidade auxiliam na retirada do cálculo.O animal é posicionado com a coluna vertebral em um ângulo de 25 o com uma linha imaginária traçada perpendicularmente ao chão, de modo que, quando a bexiga urinária é palpada e pressionada, a micção é estimulada e ocorre a saída ou a remoção dos cálculos. A anestesia pode ser útil, pois promove relaxamento da uretra e facilita a progressão dos urólitos. Deve-se realizar exame de imagens antes para saber quantos urólitos estão presentes na bexiga. 
Uro-hidropulsão retrógrada: O animal deve ser submetido a anestesia geral, e também a cistocentese para diminuir repleção e pressão intravesical. Com uma sonda uretral de maior calibre possível, introduzida na uretra, sua extremidade fica posicionada após o osso peniano, enquanto a região da uretra perineal. Na sequência introduz pela sonda solução salina estéril e lubrificante a base de água estéril com rapidez para evitar seu retorno. 
TRATAMENTO DOS CÁLCULOS
Estruvita: o tratamento clínico deve ser direcionado para o controle adequado da infecção. Deve-se fornecer dieta calculolítica, com baixos teores de fosfato e magnésio, essa dieta também favorece um baixo teor de proteína, por isso deve ser utilizado por um período curto de até 1 mês após dissolução dos cálculos, e depois deve ser substituída por uma dieta de manutenção. A dieta terapêutica também pode diminuir o pH urinário e predispor a formação de outro tipo de cálculo, como oxalato de cálcio. 
 Deve-se realizar estímulo para maior ingestão de água. A escolha do antimicrobiano deve se basear na urocultura e no antibiograma. A terapia antimicrobiana deve ser mantida a dissolução ou eliminação completa do urólito, pois a bactéria pode estar presente nas camadas mais internas do cálculo. Recomenda-se a realização de urocultura 5-7 dias após início da terapia, com o intuito de verificar a eficácia do ATB, e avaliar pH urinário. A antibioticoterapia deve ser, então, mantida até a dissolução do cálculo e, pelo menos, até 1 mês (3 a 4 semanas) após a remoção ou dissolução do urólito.
O uso de acidificantes urinários como ácido fosfórico e cloreto de amônio tem objetivo de manter o pH próximo de 6, e são indicados nos cálculos de estruvita estéril. O uso crônico de acidificantes pode causar acidose metabólica crônica.
Cálculo de oxalato de cálcio: Não são passíveis de dissolução, e devem ser removidos cirurgicamente. Medidas preventivas envolvem o manejo animal, com alta ingestão hídrica, fornecimento de alimentos úmidos, adicionar água em rações secas, dietas que tendem a uma urina alcalina, conter vitamina B6 (sua deficiência causa produção endógena de oxalato). Não se deve restringir as dietas em cálcio e/ou oxalato, pois sua restrição incrementa a absorção intestinal de oxalato, o mesmo serve para o fósforo. Algumas medicações podem ser recomendadas com o intuito de prevenir recidivas, como hidroclorotiazida, na dose de 2 mg/kg por via oral (VO), a cada 12 h, para cães que apresentam cristais de oxalato de cálcio persistentes na urina ou nos casos de recorrência da urolitíase, mesmo utilizando dietas úmidas. O citrato de potássio, na dose de 50 a 75 mg/kg VO, a cada 12 h, visa diminuir a supersaturação do oxalato de cálcio na urina.
Cálculo de urato: são passíveis de dissolução, mas dependendo do estado animal, o mais indicado é a retirada. A dieta deverá ter baixos teores de purinas e seus precursores, além de evitar fonte de proteína de origem animal na formulação da ração (carne, peixe, vísceras). Para acidificar a urina desses cães, pode-se administrar citrato de potássio, em comprimidos revestidos, na dose de 50 a 150 mg/kg VO, a cada 12 h, ou bicarbonato de sódio, na dose de 25 a 50 mg/kg VO, a cada 12 h, 3 ou 10 a 90 mg/dia, dependendo do porte do animal. No entanto, deve-se evitar o pH urinário de 7,5, pois poderá ocorrer predisposição à formação do urólito de fosfato de cálcio. 
inibidores da xantina oxidase também podem ser indicados, mas com cautela para evitar a formação de cálculos de xantina. A dose de alopurinol a ser administrada é de 15 mg/kg VO, a cada 12 h, nãocoincidente com a alimentação. No caso de cães que apresentam, concomitantemente, doença renal crônica, a dose deve ser menor.
Cálculos de sílica: devem ser retirados.
Cálculo de cistina: Cuidados na redução de proteína na dieta para evitar deficiência de carnitina. Suplementação de carnitina são indicadas na dose de 50 a 100 mg/kg VO, 3 vezes/dia, e de taurina, na dose de 500 mg VO, 2 vezes/dia, podem ser recomendadas.
Cálculos mistos: a primeira opção seria o uso de dietas de dissolução, pois se a camada externa for passível de dissolução, ocorre diminuição de tamanho e posteriormente pode ser retirado por técnicas cirúrgicas. Após a remoção, deve ser feito análise quantitativa e qualitativa para saber a composição do núcleo e iniciar tratamento de prevenção.
ITU CÃES
Refere-se a colonização microbiana de qualquer segmento do trato urinário, que normalmente é estéril. As principais bactérias envolvidas nesse processo são oriundas da microbiota intestinal, pele, ou do sistema genital (escherichia coli, staphylococcus aureus…)
Etiologia: nos cães a infecção por apenas uma bactéria é mais frequente. A infecção ocorre durante o desequilíbrio entre o agente infeccioso e a resistência do hospedeiro. Fatores iatrogênicos ou metabólitos predispõem a ITU (quimioterapia, corticoterapia, diabetes, hiperadrenocorticismo, imunossupressão, DRC, hipertireoidismo).
Infecções simples são transitórias e autolimitantes, sem alteração estrutural ou anatômica. A terapia antimicrobiana é bem sucedida e a manifestação clínica pode desaparecer em 48 horas.
As infecções persistentes ocorrem quando a bactéria originalmente reconhecida ainda persiste, mesmo durante a terapia. Isso pode ocorrer por falha na escolha do antimicrobiano ou na sua administração. 
A infecção reincidente refere-se a constatação de crescimento bacteriano na urina após 1-2 semanas do término da terapia, sendo a mesma bactéria originalmente isolada. Geralmente isso ocorre quando não se tem eliminação completa da bactéria. 
A reinfecção refere-se a casos isolados de infecção, ou seja, novas infecções recidivante que se deve a causas predisponentes como diminuição dos mecanismos de defesa.
As superinfecções são variações de reinfecções em que diferentes organismos colonizam ao mesmo tempo o trato urinário.
Manifestações clínicas
Trato urinário inferior: polaciúria, estrangúria ou disúria com hematúria. Micções em locais inapropriados, urina com odor pútrido. 
Trato urinário superior: hipernatremia, dor na região renal, hematúria e poliúria, com polidipsia compensatória.
Diagnósticos
O método de coleta de urina é bastante importante para a interpretação dos exames. Prioriza-se a cistocentese para urocultura. No exame de urina, bacteriúria, hematúria e piúria são sugestivos de infecções (uma urina diluída pode mascarar esses sinais). A presença de proteinúria deve ser investigada quanto a sua origem. A urocultura é padrão ouro para diagnóstico.
Tratamento 
Infecção simples: a escolha do ATB pode ser realizada sem a urocultura. Deve se basear naquele que apresenta maior excreção renal e portanto, alta concentração urinária. Os mais recomendados são amoxicilina e sulfa com trimetoprima. O período de tratamento recomendado é de 2 semanas, podendo se estender 3-4 semanas com o intuito de evitar que a bactéria adentre a próstata e cause recidiva, o ideal é fazer urocultura após o término para confirmação da resolução. Cães com ITU simples foram tratados com altas doses de enrofloxacino (20 mg/kg/24 h) durante 3 dias, e foi observada a cura em 83% dos animais e a urocultura foi negativa após 7 dias do término da antibioticoterapia
Infecção persistente: a terapia deve ser direcionada ao uso adequado do ATB. Para verificar eficácia do fármaco, é recomendado urocultura 5 dias após o início da terapia, se o resultado der negativo indica sucesso da terapia e deve ser continuado por no mínimo 6-8 semanas. É recomendado de 5-7 dias antes do término realizar nova urocultura para avaliar resolução.
Infecções reincidentes: quando a mesma bactéria foi isolada após dias do término da terapia e se a urocultura e o antibiograma indicarem que o mesmo antimicrobiano utilizado antes é sensível, recomenda-se novamente sua administração. O tempo de administração é de 6-8 semanas, além de verificar causas predisponentes que possam levar a recidivar. Nos casos em que a recidiva ocorre após semanas mas no intervalo de menos de 1 mês após suspensão do ATB e a causa predisponente ainda não foi identificada, recomenda-se utilização de um novo ATB, por mais de 6 semanas, a escolha se baseia na urocultura e antibiograma. Não é recomendado que o fármaco seja feito somente a cada 24 h, o ideal é a cada 8-12 horas a fim de manter as concentrações constantes na urina. Se ocorrer reinfecção toda vez que o fármaco é cessado e ainda não se descobriu a causa predisponente, o ideal é a terapia de manutenção, consiste em administrar ATB como medida profilática a cada 24 horas e a dose refere-se a metade ou um terço da dose diária recomendada. O momento de administração deve coincidir com o período em que o animal apresente maior possibilidade de reter urina na bexiga, como no período noturno. 
Para o tratamento de reinfecção: a terapia deve ser baseada em urocultura e antibiograma de 6-8 semanas. Se houver impossibilidade de correção da causa predisponente, deve ser realizada a terapia de manutenção. A duração dessa terapia profilática é de 4-6 meses com monitoramento constante através de urocultura.
Tratamento de ITU superior: requer uso de ATB com alta concentração plasmática e menor excreção renal. Sua alta concentração plasmática possibilita que o fármaco alcance o parênquima renal. As quinolonas seriam as mais indicadas:
A maioria é tratada com uso de penicilinas associadas a clavulanato, cefalosporinas (cefalexina) e sulfa +trimetoprima (se atentar ao seu uso, pela possibilidade de ceratoconjuntivite seca, hepatopatias). A sulfa não é recomendada para cães em tratamento de dissolução de cálculo urinário, pois pode precipitar na superfície do cálculo comprometendo sua dissolução. As quinolonas são recomendadas para bactérias resistentes, a ciprofloxacina apresenta melhor ação contra pseudomonas. Não se deve administrar quinolonas para cães em crescimento. E deve-se ter cuidado com a enrofloxacina em felinos, pois tem-se observado o desenvolvimento de cegueira.
A alimentação com base em fonte de proteína animal poderá conferir urina mais ácida, como também dieta úmida evita formação de urina concentrada. Com um volume de urina maior poderá ocorrer aumento de micção, favorecendo um dos importantes mecanismos de defesa.
CISTITE INTERSTICIAL EM FELINOS
A doença do trato urinário inferior felino (DTUIF) pode ser classificada em obstrutiva ou não obstrutiva.
Possíveis causas não obstrutivas: cistite idiopática, anormalidades anatômicas/neoplásicas, alterações comportamentais, infecção bacteriana.
Possíveis causas obstrutivas: cistite idiopática obstrutiva, plugs uretrais, urólitos, e urólitos com infecções bacterianas. 
Sua fisiopatologia é multifatorial, complexa e, muitas vezes, indeterminada. Algumas hipóteses para explicar a inflamação vesical:
-Inflamação neurogênica: inflamação direta ou indireta mediada por neurotransmissores. Quando ocorre comprometimento da camada glicosaminoglicanas que protege a vesícula urinária, constituintes nocivos poderão entrar em contato com neurônios sensoriais, resultando em inflamação. O agravamento das manifestações clínicas estão ligados a situações de estresse, como qualquer alteração brusca no manejo ambiental, viagens, novo animal, etc. 
-Infecções virais: afirma que algumas infecções virais predispõem a obstrução uretral, causando DTUIF. 
OBSTRUÇÃO URETRAL
As causas mais comuns incluem plugs uretrais e cristais (geralmente estruvita) . A maioria dos plugs contém grandes quantidades de matriz (mucoproteínas, muco e debris inflamatórios) e minerais. O muco é secretado em excesso pela mucosa da bexiga e da uretra em respostaa um estímulo irritante ou inflamatório. A obstrução prolongada, resulta em azotemia pós-renal, alterações hídricas que prejudicam a perfusão tecidual, alterações eletrolíticas e ácido básico gravas. A hiperpotassemia é a alteração eletrolítica mais comum na obstrução uretral. 
Manifestações clínicas: As manifestações clínicas associadas à obstrução uretral incluem estrangúria/disúria ou incapacidade de urinar, vocalização, lambedura excessiva da região perineal, pênis congesto estendendo-se do prepúcio e manifestações de uremia pós-renal, como letargia, anorexia, êmese, fraqueza, diarreia, desidratação, hipotermia, acidose e hiperventilação, bradicardia e distúrbios eletrolíticos (hiperpotassemia)
Diagnóstico: O termo cistite idiopática é utilizado quando os métodos de diagnósticos falharem em determinar outras causas possíveis de DTUIF, entre eles temos, infecções do trato urinário, defeitos anatômicos, neoplasias, causas neurológicas, plugs, causas comportamentais.
-Exame de urina: Na forma idiopática, o exame de urina pode identificar hematúria e proteinúria, cuja gravidade pode variar substancialmente ao longo do dia ou do período de evolução da doença. A ausência de hematúria não exclui o diagnóstico de DTUIF. No sedimento urinário, é possível encontrar poucos leucócitos e a cristalúria é variável. Se esta última for observada na ausência de urólitos e de plugs uretrais, não haverá significado patológico,
-Radiografia: O espessamento difuso ou focal da parede vesical é observado em alguns casos, e o contraste pode ser visualizado entremeando-se à parede em alguns poucos animais. As radiografias contrastadas são indicadas nos gatos com manifestações recorrentes ou prolongadas e podem ser úteis para evidenciar cálculos radiotransparentes
TRATAMENTO DO NÃO OBSTRUÍDO
-Redução do estresse, alteração alimentar e aumento de ingestão hídrica. A alimentação com alto teor de NaCl (objetivo de uma urina mais diluída) deve ser considerada em gatos com cistite idiopática se as manifestações clínicas continuarem após a redução do estresse e da mudança para dieta úmida.
-Terapia medicamentosa: Amitriptilina, é eficaz no tratamento prolongado, inicia-se o tratamento com 2,5 mg VO, 1 vez/dia. A dosagem deve ser aumentada gradativamente. Se não observar resultados favoráveis em até 4 meses, deve parar gradativamente a medicação. Em virtude da potencial hepatotoxicidade da amitriptilina, o perfil bioquímico hepático deve ser realizado antes, 1, 2 e 6 meses após o início do tratamento. 
Suplementação com glicosaminoglicanas: não existe comprovação científica. O polissulfato de pentosana é um polímero semissintético administrado parenteralmente, na dose de 3 mg/kg, nos dias 1, 2, 5 e 10 e, depois, a cada 5 a 10 dias. Os possíveis efeitos colaterais incluem tempo de sangramento prolongado, inapetência e resistência à insulina
Analgésicos: podem ser usados para o manejo da dor inicial incluem butorfanol (0,2 a 0,4 mg/kg VO, 3 vezes/dia, durante 3 a 4 dias), tramal (2 a 4 mg/kg, 2 vezes/dia). Dipirona (25 mg/kg, 1 vez/dia, ou 12,5 mg/kg, 2 vezes/dia) e meloxicam (0,1 mg/kg VO, 1 vez/dia, por 3 a 4 dias, ou uma dose mais baixa de 0,025 mg/kg VO, 1 vez/dia, por 7 a 10 dias).
TRATAMENTO DO OBSTRUÍDO
-Fluidoterapia: A solução de Ringer com lactato é uma opção segura para os gatos com obstrução uretral. Atenção aos pacientes cardiopatas, em que o volume da fluidoterapia deverá ser mais baixo e o fluido de escolha deverá conter baixas concentrações de sódio. Se a diurese pós-obstrutiva for intensa, poderá ocorrer hipopotassemia e isso deverá ser corrigido. Se persistir uma intensa hematúria, o hematócrito do animal também deverá ser monitorado. 
-Corrigir hipocalcemia: A administração por via intravenosa de 5 a 15 mg/kg de gliconato de cálcio a 10%, em 5 a 15 min (0,5 a 1 mℓ/kg). Na maioria dos casos não necessita, pois restabelecendo a função renal, ocorre normalização espontânea. 
-Hiperpotassemia: recomenda fluidoterapia intensa (60 ml/kg/h). Administração de insulina regular faz translocação a glicose para o espaço extracelular e transporta potássio para meio intracelular. Sendo assim, é importante administrar glicose 50% logo após a insulina, para que não ocorra hipoglicemia, pois a ação da insulina IV pode durar 2 a 4 h. A glicose pode ser fornecida em bolus (2 a 4 mℓ/U de insulina diluída 1:1 em solução de NaCl a 0,9%), imediatamente após a administração de insulina (0,1 a 0,5 U/kg IV) e/ou ser suplementada como glicose a 2,5% no fluido (50 mℓ de glicose a 50%/ℓ de fluido).
A administração de bicarbonato de sódio (total de bicarbonato de sódio [mEq] necessário para corrigir o pH para 7,4 = 0,3 × déficit de base × peso corporal [kg]). É contraindicada em pacientes com pH ≥ 6,9, pois exacerba a hipopotasemia.
Por fim, a administração por via intravenosa de gliconato de cálcio a 10% (0,5 a 1 mℓ/kg em 5 a 15 min), deve ser monitorada com auxílio de ECG.
-Restabelecimento do fluxo urinário: massagem uretral distal, suave compressão vesical, colocação de cateter urinário e retrolavagem uretral. 
A simples massagem peniana pode restabelecer o fluxo, ao eliminar plugs. Caso não seja suficiente, pode tentar comprimir a bexiga. Se não for restabelecido, deve-se realizar hidropropulsão vesical, colocando solução salina estéril a 0,9% por cateter uretral. O animal deve estar sedado para o procedimento. 
A anestesia epidural é uma boa escolha, lidocaína (5 mg/kg), associada ou não à morfina (0,1 mg/kg), diluída até o volume de 0,26 mℓ/kg, pode ser utilizada para essa técnica. Se o paciente estiver agitado, pode-se realizar, antes da anestesia epidural, sedação com acepromazina (0,05 mg/kg) associada a diazepam (0,5 mg/kg) ou butorfanol (0,4 mg/kg). Caso o clínico opte pelo butorfanol, a anestesia epidural deverá ser realizada sem morfina. A utilização de propofol (5 mg/kg IV) e agentes inalatórios, em vez da anestesia epidural, também pode ser eficaz. A hidropulsão o pênis deve ser retraído caudalmente a fim de tornar linear a flexura normal presente na uretra felina.
Se a hidropropulsão não for possível, pode realizar cistocentese para diminuir pressão intravesical e permitir retro expulsão do tampão para bexiga. 
Se necessário a colocação de sondas de espera em felinos, a sonda deve ser preferencialmente de borracha ou de plástico como segunda opção. Elas são colocadas quando o fluxo urinário é insatisfatório, houver hematúria e/ou cristalúria intensas, suspeita de ruptura de uretra com risco de extravasamento para cavidade abdominal. 
A atonia do detrusor é comum em felinos obstruídos por mais de 24 h e está associada à distensão excessiva da bexiga urinária. Nesses casos, a bexiga deve ser comprimida manualmente 4 a 6 vezes/dia para a eliminação de urina. Caso a compressão não possa ser realizada pelo menos 4 vezes/dia, também há a necessidade da colocação de uma sonda de espera.
O cateter de escolha é o de borracha, de tamanho 3 a 5 French (Kendall e Co.). A colocação prévia desse cateter no congelador por 30 min facilita a sua progressão. 
A sonda deve permanecer pelo menor tempo possível (24-48 horas), nos casos de ruptura uretral, de 7-10 dias. A antibioticoterapia durante a permanência do cateter não é recomendada, devendo ser instituída após sua retirada. 
Insucesso da sondagem: nesses casos o manejo terapêutico é valioso. O paciente deve ser hospitalizado para a realização de cistocentese denominada como terapêutica 2 vezes/dia, por no máximo 3 dias, monitorando níveis eletrolíticos, eletrocardiograma e pressão arterial sistêmica. 
Deve-se associar o uso de analgésicos, como o butorfanol (0,2 a 0,4 mg/kg) ou o tramal (2 a 4 mg/kg, 2 vezes/dia) 39 e a dipirona (25 mg/kg, 1 vez/dia, ou 12,5 mg/kg, 2 vezes/dia), antibióticos e antiespasmódicos de musculatura lisa, como acepromazina (0,1 mg/kg, por via intramuscular [IM], 1 vez/dia), prazosina (0,25 a 1 mg/gato VO, a cada 8 a 12 h) e fenoxibenzamina (0,5 a 1 mg/kg VO, a cada 12 h) ou de musculatura esquelética, como dantroleno (0,5 a 2 mg/kg VO, a cada12 h ou 0,5 a 1 mg/kg IV). Todos os relaxantes musculares podem causar hipotensão e o dantroleno pode ser hepatotóxico. 
Após 3 dias de manejo intensivo, tenta novamente a sondagem. Caso a sondagem não seja possível, o animal deverá ser encaminhado para uretrostomia perineal. A penectomia deve ser evitada, pois pode acarretar estenose cicatricial.

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