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MARC 1 Nefrolitíase e ITU

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ITU E NEFROLITÍASE 
 
 
Nefrolitíase 
Possui uma prevalêcia de 3% na população 
Nos países pobres a nefrolitíase é mais comum em 
crianças e se apresenta, em geral, na forma de 
cálculos vesicais compostos de ácido úrico. 
Já nos países ricos a maior prevalência ocorre em 
adultos, sendo a localização predominante o trato 
urinário superior, com a maioria dos cálculos 
compostos por cálcio. 
Essa discrepância tem sido atribuída, entre outros 
fatores, às diferenças dietéticas. 
Fatores que podem estar contribuindo para o 
aumento na prevalência de nefrolitíase incluem o 
aumento da obesidade, aumento da temperatura e 
melhorias e maior utilização de técnicas de 
diagnóstico por imagem. 
Epidemiologia 
Idade – A prevalência de já ter tido um cálculo 
aumenta com a idade. 
Sexo – Embora a prevalência de história de nefrolitíase 
seja semelhante entre homens e mulheres com menos 
de 40 anos, a prevalência geral de doença calculosa é 
aproximadamente duas vezes maior em homens em 
comparação com mulheres. As taxas de incidência 
também são semelhantes em homens e mulheres 
com menos de 40 anos, mas acima dos 40 anos as 
taxas são mais altas em homens do que em mulheres. 
Raça/etnia – A litíase renal é mais comum em 
pacientes brancos que não são hispânicos, seguida 
por pacientes brancos que são hispânicos, e é menos 
comum em pacientes negros e asiáticos. 
Incapacidade – Nos Estados Unidos, a prevalência da 
doença calculosa é maior entre as pessoas com 
deficiência funcional do que entre aquelas sem 
deficiência (16% versus 9%, respectivamente). A razão 
para esta maior prevalência não é clara, mas pode 
estar relacionada a disparidades de cuidados de 
saúde nesta população de pacientes. 
Composição dos cálculos 
A frequência das diferentes composições dos cálculos 
em adultos é a seguinte: 
• Oxalato de cálcio – 70 a 80 % 
• Fosfato de cálcio – 15 % (apatita é o tipo mais 
comum de cristal de fosfato de cálcio; brushite é 
muito menos comum) 
• Ácido úrico – 8 % 
• Cistina – 1 a 2 % 
• Estruvita - 1 % 
• Diversos - <1% 
Fatores de risco Modificáveis 
Fatores urinários — Certas anormalidades 
bioquímicas da composição da urina têm sido 
associadas à formação de cálculos renais. 
• Hipercalciúria 
• Cálculos de cálcio hiperuricosúricos 
• Hipocitratúria 
• Hiperoxalúria 
• Baixo volume de urina (<1 L/dia) 
Ingestão de líquidos — Uma menor ingestão de 
líquidos levará a uma menor produção de urina, 
promovendo assim a formação de cálculos pelo 
aumento da concentração de substâncias litogênicas 
como cálcio e oxalato (mesmo que a quantidade total 
de excreção desses fatores litogênicos não seja 
afetada). 
Tipo de fluido — O tipo de fluido ingerido também 
pode ser importante, embora os dados às vezes sejam 
conflitantes em relação ao efeito na composição da 
urina e no risco de cálculo. 
• bebidas adoçadas com açúcar (incluindo bebidas 
à base de cola e não-cola) estão associadas a um 
risco aumentado de desenvolver cálculos renais. 
• Bebidas alcoólicas supostamente aumentavam o 
risco de pedras. No entanto, estudos prospectivos 
descobriram que a cerveja e o vinho estavam 
associados a um menor risco de formação de 
cálculos, possivelmente devido à inibição da 
liberação do hormônio antidiurético (ADH) 
Padrões dietéticos – A combinação de fatores 
dietéticos também pode ter um impacto significativo 
sobre o risco de cálculo. Como exemplo, a dieta DASH 
é rica em frutas e vegetais, moderada em laticínios 
com baixo teor de gordura e pobre em proteína 
animal. Com base em uma análise de três grandes 
coortes, a adesão a uma dieta estilo DASH foi 
associada a um risco 40 a 45% menor de cálculos 
renais incidentes entre homens, mulheres mais velhas, 
 
mulheres mais jovens, indivíduos com IMC alto e 
indivíduos com IMC baixo. 
Medicamentos — Vários medicamentos foram 
associados a um risco aumentado de formação de 
cálculos renais: 
 
Fatores de risco NÃO Modificáveis 
Histórico familiar 
Fatores genéticos - A maioria dos investigadores 
acredita que múltiplos loci genéticos estão envolvidos, 
talvez afetando a absorção, reabsorção e excreção de 
cálcio; absorção de oxalato; e absorção e excreção de 
citrato. Genes específicos que podem estar envolvidos 
incluem o receptor de detecção de cálcio, proteínas 
de junção estreita, canais de cálcio no intestino e rim, 
receptor de vitamina D, vitamina D 24-hidroxilase, 
transportadores de fosfato e trocadores de oxalato. 
Condições médicas: 
●Hiperparatireoidismo primário –são mais propensos 
a ter cálculos de fosfato de cálcio. 
●Hipertensão essencial – maior risco de cálcio e 
formação de cálculos de ácido úrico. 
●Gota – risco aumentado de cálculos renais em 
homens. Esse risco maior pode ser devido a uma urina 
persistentemente ácida (pH urinário de 5 a 5,5) nesses 
pacientes, o que promove a formação de cálculos de 
ácido úrico. 
●Diabetes mellitus – O risco está relacionado à maior 
excreção urinária de cálcio, bem como ao baixo pH 
urinário, predispondo à nefrolitíase por ácido úrico. 
●Obesidade – O mecanismo está relacionado a maior 
excreção de ácido úrico e menor pH urinário. 
●Rim esponjoso medular 
●Acidose tubular renal distal (tipo 1) – O pH da urina é 
persistentemente alto e leva à acidose metabólica; há 
uma tendência a ter nefrocalcinose medular. Além do 
pH urinário mais alto, eles também tendem a ter níveis 
mais baixos de citrato na urina. 
●Doença inflamatória do intestino, síndrome do 
intestino curto, ressecção intestinal ou cirurgia de 
bypass gastrointestinal – podem aumentar o oxalato 
urinário (devido ao aumento da absorção 
gastrointestinal), reduzindo o citrato urinário (devido à 
perda gastrointestinal de álcali) e volume de urina 
(devido ao aumento da perda gastrointestinal de 
líquido). 
●Infecção do trato urinário – Pacientes com infecção 
crônica do trato urinário superior devido a um 
organismo produtor de urease, como Proteus ou 
Klebsiella, podem ter maior risco de cálculos de 
estruvita. 
●Cistinúria – Pacientes com cistinúria (uma doença 
autossômica recessiva) correm o risco de desenvolver 
cálculos de cistina devido à baixa solubilidade da 
quantidade excessiva de cistina excretada na urina. 
Outros fatores — Certos fatores ambientais, como 
clima e geografia mais quentes e algumas ocupações 
(por exemplo, metalúrgicos, médicos que trabalham 
na sala de cirurgia) foram associados a um risco 
aumentado de cálculos renais. 
Etiologia 
80% dos pacientes com nefrolitíase formam cálculos 
de cálcio, a maioria dos quais são compostos 
principalmente de oxalato de cálcio ou, menos 
frequentemente, de fosfato de cálcio. Os outros tipos 
principais incluem ácido úrico, estruvita (fosfato de 
amônio e magnésio) e cálculos de cistina. O mesmo 
paciente pode ter um cálculo que contém mais de um 
tipo de cristal (por exemplo, oxalato de cálcio e ácido 
úrico). 
Existem diferentes teorias sobre a formação de 
cálculos de cálcio, e os diferentes tipos de cálculos 
podem ter diferentes eventos iniciais. A formação de 
cálculos ocorre quando um material normalmente 
solúvel (por exemplo, cálcio, oxalato) supersatura a 
urina e inicia o processo de formação de cristais (por 
 
exemplo, cristal de oxalato de cálcio). Para alguns 
cálculos de cálcio, particularmente oxalato de cálcio, 
parece que um importante evento inicial ocorre no 
interstício medular do rim. Cristais de fosfato de cálcio 
podem se formar no interstício e eventualmente erodir 
através do epitélio papilar do rim, formando a clássica 
placa de Randall. Cristais de oxalato de cálcio ou 
fosfato de cálcio podem então se depositar no topo 
desse nidus, permanecendo presos à papila. Os 
cálculos de fosfato de cálcio também podem se 
formar inicialmente nos ductos dilatados de Bellini e 
depois crescer no espaço urinário. 
Patogênese 
1. Urina supersaturada (formação de compostos 
insolúveis). 
2. Nucleação homogênea – formação dos cristais 
puros. Para iniciar o processo, a concentraçãoiônica 
tem que estar acima do "produto de formação de 
cristais". 
3. Nucleação heterogênea – formação de cristais 
sobre a superfície de outros cristais de composição 
diferente. A concentração iônica tem que estar acima 
do "produto de solubilidade" do cristal. Exemplos: 
cristais de oxalato de cálcio sobre um "nicho" de 
apatita ou ácido úrico. 
4. Formação do cálculo – crescimento e agregação 
dos cristais. A adesão de cristais à superfície de células 
tubulares ou papilares é fundamental (a estase 
urinária favorece o processo). 
5. Inibidores naturais da nucleação: diluição urinária, 
citrato, magnésio. 6. Inibidores naturais do crescimento 
e agregação de cristais: diluição urinária, proteínas. 
Depois que os cristais são formados eles podem ou 
não se transformar em cálculos macroscópicos. Nem 
todas as pessoas com cristais detectados no EAS 
apresentam nefrolitíase. O fluxo urinário pode eliminar 
os cristais antes que eles cresçam e se tornem 
cálculos renais verdadeiros 
Manifestações clínicas 
Cálculos assintomáticos — Os pacientes podem 
ocasionalmente ser diagnosticados com nefrolitíase 
assintomática quando um exame de imagem do 
abdome é realizado para outros fins ou quando a 
imagem de vigilância é realizada naqueles com 
história prévia de cálculos. 
A fase assintomática tem maior probabilidade de 
persistir naqueles que nunca tiveram um episódio 
clínico de cólica renal. 
Cálculos sintomáticos 
Dor (CÓLICA NEFRÉTICA) — Os sintomas podem se 
desenvolver quando os cálculos inicialmente passam 
da pelve renal para o ureter. A dor é o sintoma mais 
comum e varia de uma dor leve e quase imperceptível 
a um desconforto tão intenso que requer analgésicos 
parenterais. A dor geralmente aumenta e diminui em 
intensidade e se desenvolve em ondas ou 
paroxismos. Os paroxismos de dor intensa geralmente 
duram de 20 a 60 minutos. Acredita-se que a dor 
ocorra principalmente por obstrução urinária com 
distensão da cápsula renal. Consequentemente, a dor 
devido a uma pedra nos rins geralmente desaparece 
rapidamente após a passagem da pedra. 
O local da obstrução determina a localização da dor. A 
obstrução ureteral superior ou pélvica renal causa dor 
ou sensibilidade no flanco, enquanto a obstrução 
ureteral inferior causa dor que pode irradiar para o 
testículo ou lábio ipsilateral. A localização da dor pode 
mudar à medida que a pedra migra. Muitos pacientes 
familiarizados com os sintomas são capazes de prever 
se o cálculo passou pelo ureter. No entanto, as pedras 
que são impactadas ou não migram não podem ser 
localizadas com certeza com base apenas nos 
sintomas. Além disso, uma localização variável da dor 
pode ser enganosa e, ocasionalmente, simular um 
abdome agudo ou aneurisma dissecante. Em alguns 
pacientes com dor lombar crônica, o diagnóstico de 
cólica aguda pode ser difícil sem um exame de 
imagem. 
Os cálculos renais costumam obstruir o sistema 
coletor em três pontos principais, conhecidos como 
pontos de constrição fisiológica do ureter: (1) junção 
ureteropélvica – mais comum; (2) terço médio do 
ureter (cruzamento com os vasos ilíacos internos); (3) 
junção vesicoureteral. Felizmente, na maioria das 
vezes, os cálculos (por serem pequenos) impactam 
apenas de forma TRANSITÓRIA, migrando para a bexiga 
e sendo eliminados na urina. 
Um dado muito importante no exame físico é que, 
apesar de poder haver dor abdominal (eventualmente 
intensa), não se espera a presença de irritação 
peritoneal na cólica nefrética! Se houver sinais como 
descompressão dolorosa (sinal de Blumberg) será 
preciso investigar patologias intra-abdominais ou 
pélvicas 
 
Hematúria - Depois da infecção urinária, a nefrolitíase 
é a segunda causa de hematúria, que pode ser macro 
ou microscópica. A hematúria é detectada em 90% 
dos pacientes que apresentam cálculo renal. Algumas 
vezes, pode ser o único sinal da nefrolitíase. Por outro 
lado, a ausência de hematúria no quadro de dor 
aguda no flanco não exclui a presença de nefrolitíase 
Outros sintomas — Outros sintomas comumente 
observados incluem náuseas, vômitos, disúria e 
urgência urinária. As duas últimas queixas ocorrem 
tipicamente quando o cálculo está localizado no 
ureter distal. 
Complicações 
Infecção - A infecção renal (pielonefrite) é a 
complicação mais temível da litíase com cálculo 
impactado no ureter. Estes pacientes evoluem com 
febre alta, calafrios e leucocitose com desvio à 
esquerda – achados não esperados na ureterolitíase 
per se. Por ser uma pielonefrite complicada ("infecção 
fechada"), a sepse costuma ser intensa e de rápida 
instalação, cursando com bacteremia. Se o rim 
infectado não for logo desobstruído, existe grande 
chance daquele rim ser rapidamente destruído (em 
questão de dias) num processo conhecido como 
pionefrose. 
Obstrução - Quando o cálculo impacta no ureter, 
geralmente causa uma obstrução apenas parcial. 
Eventualmente, contudo, a obstrução pode ser total, 
acarretando hidronefrose progressiva e perda do 
parênquima renal (semanas a meses, se não houver 
infecção), caso a obstrução não seja desfeita. 
Cálculos Coraliformes - São cálculos geralmente 
assintomáticos que crescem de modo a ocupar quase 
toda a pelve e cálices renais. Eles são mais 
comumente formados por estruvita (fosfato de 
amônio magnesiano), porém, podem ser de cistina ou 
ácido úrico. Tais cálculos se associam a um mau 
prognóstico do rim acometido (degeneração 
parenquimatosa) e sempre indicam terapia 
intervencionista, mesmo quando não produzem 
sintomas. A mortalidade geral é comprovadamente 
maior em pacientes com cálculos coraliformes não 
tratados. 
Diagnóstico 
Existem três objetivos básicos na avaliação 
diagnóstica da nefrolitíase, que devem ser claramente 
separados de forma a não confundir o algoritmo de 
investigação. 
Na verdade, são três perguntas que devemos 
responder. A primeira pergunta é: existe mesmo 
nefrolitíase? Confirmado este diagnóstico, fazemos a 
segunda pergunta: qual é a composição do cálculo? 
Por fim, a última pergunta: que fator predispôs à 
formação daquele cálculo? 
 Existe mesmo nefrolitíase? 
A suspeita de nefrolitíase, na prática, deve sempre ser 
formulada diante de três apresentações clínicas 
típicas: (a) síndrome de "cólica nefrética"; (b) 
hidronefrose; e (c) hematúria. Os diagnósticos 
diferenciais que mais se confundem com cólica 
nefrética são o aneurisma de aorta abdominal em 
expansão, a apendicite e a diverticulite aguda, a 
pielonefrite, a cistite bacteriana (cálculo passando 
pelo ureter distal) e o infarto renal (oclusão aguda de 
artéria renal). A urinocultura e a dosagem de LDH 
podem ajudar na diferenciação com ITU e oclusão 
arterial renal, respectivamente. Um adequado exame 
abdominal, acrescido dos métodos de imagem, 
poderá descartar o aneurisma, a apendicite e a 
diverticulite, entre outras causas de peritonite 
localizada. 
Vale ressaltar que o exame de urina pode 
eventualmente confundir o diagnóstico, pois alguns 
casos de aneurisma em expansão ou apendicite 
aguda PODEM cursar com hematúria, devido à 
irritação ureteral direta. A presença de cristais urinários 
(cristalúria) não garante o diagnóstico de litíase, uma 
vez que pode ocorrer em pessoas normais, não 
formadoras de cálculo. 
Diagnóstico diferencial da cólica nefrética. 
Renais 
Pielonefrite aguda. 
Necrose de papila. 
Trombose de artéria renal. 
Embolia de artéria renal. 
Retenção urinária. 
Cistite bacteriana. 
Ginecológicas 
Prenhez ectópica. 
Torção de ovário. 
Endometriose. 
Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis. 
Abdominais 
Apendicite aguda. 
Diverticulite. 
Isquemia mesentérica. 
 
Cólica biliar. 
Peritonite. 
Obstrução intestinal aguda. 
Abscesso/hematoma de psoas. 
Outras 
Infarto agudo do miocárdio. 
Dor musculoesquelética. 
Distúrbio conversivo. 
Exames de Imagem 
Para esclarecer se há ou não cálculo urinário, devemos 
realizar um exame de imagem. Na prática, dois 
exames são considerados de primeira linha: TC 
helicoidal não contrastada (preferencial) eUSG do 
trato urinário (segunda escolha). Outros métodos 
como radiografia simples de abdome e urografia 
excretora não são mais utilizados de rotina! A RM é 
inferior à TC helicoidal para visualização de cálculos no 
trato urinário, entretanto, pode ser considerada como 
opção em pacientes que precisam evitar exposição à 
radiação ionizante, como as grávidas. 
- TC helicoidal não contrastada: é considerada o 
melhor exame para o diagnóstico da nefrolitíase 
("padrão-ouro"). Estudos recentes apontam uma 
sensibilidade = 98% e especificidade = 100%. Tem a 
vantagem de ser realizada sem contraste iodado e de 
forma mais rápida do que a urografia excretora, 
identificando diversos tipos de cálculo, inclusive os de 
ácido úrico (que são radiotransparentes no RX 
simples). Pode ainda diagnosticar outras causas de 
dor em flanco, como torção ou cisto de ovário, 
apendicite, etc. As grandes desvantagens do método 
são a incapacidade de medir a função renal e a 
exposição à radiação ionizante, o que se torna um 
problema em pacientes com história de nefrolitíase 
recorrente e, obviamente, nas gestantes. 
 
- Ultrassonografia renal: é menos sensível para a 
visualização de cálculos urinários do que a TC 
helicoidal sem contraste, porém, passa a ser o método 
de escolha na ausência desta última, bem como nas 
gestantes. Em mãos experientes, pode ter uma 
acurácia semelhante à da urografia excretora, 
identificando cálculos em 64% dos casos e 
hidronefrose em mais 21% (sensibilidade total = 85%). A 
sensibilidade é maior para cálculos da pelve ou cálices 
renais (que ainda não migraram para o ureter). 
Cálculos mais distais no trato urinário podem não ser 
identificados, ainda que se possa constatar a 
presença da hidronefrose (dilatação pieloureteral) em 
consequência à obstrução. A grande desvantagem é 
que o exame depende muito do examinador. 
 
Radiografia simples de abdome: não é feita de rotina, 
e diagnostica apenas cálculos radiopacos (ex.: NÃO 
detecta os cálculos de ácido úrico). Apesar de 
tradicionalmente ter sido considerada capaz de 
evidenciar até 90% dos cálculos renais, estudos mais 
recentes revelam uma sensibilidade = 62% e uma 
especificidade = 67%. 
 
Urografia excretora: também chamada de pielografia 
intravenosa, durante muito tempo foi considerada o 
padrão-ouro para o diagnóstico da litíase. Continua 
sendo um excelente exame, com sensibilidade em 
torno de 90%, porém, perde em acurácia para a TC 
helicoidal. A principal vantagem sobre a USG é a 
capacidade de avaliar indiretamente a função renal 
(atraso de enchimento, ausência de enchimento). 
Também pode detectar cálculos mais distais na via 
urinária que não foram visualizados pelo ultrassom. A 
desvantagem é o uso do contraste iodado. 
 
 
 
 
Para pacientes grávidas no terceiro trimestre que 
apresentam dor intratável ou febre e nas quais os 
resultados de uma ultrassonografia dos rins e da 
bexiga são inadequados, uma TC sem contraste de 
baixa dosagem sob a orientação de um obstetra 
também pode ser considerada para detectar suspeita 
de nefrolitíase . 
Em pacientes com obesidade (IMC >30 kg/m 2 ), a TC 
de dose padrão é preferida, pois a TC de baixa dose 
pode ser menos confiável para detectar cálculos 
pequenos (<2 mm) e cálculos ureterais. 
O ultrassom detecta hidronefrose de forma confiável, 
e a radiografia pode ser usada para medir o tamanho 
e a localização do cálculo. No entanto, em 
comparação com a TC, tanto a ultrassonografia 
quanto a radiografia são menos sensíveis para a 
detecção de cálculos. 
 Qual é a composição do cálculo? 
Sempre que possível devemos esclarecer a 
composição química de um cálculo renal. Munidos 
dessa informação poderemos direcionar melhor a 
investigação diagnóstica do distúrbio metabólico 
subjacente, o que permitirá a elaboração de uma 
estratégia preventiva específica. A melhor forma de 
acessar a composição de um cálculo é através de sua 
análise direta. O portador de nefrolitíase deve ser 
orientado – durante o período de crise – a FILTRAR A 
URINA, por exemplo, urinando através de uma gaze, a 
fim de resgatar o cálculo após sua passagem pela 
uretra... Características macroscópicas até podem 
sugerir a natureza da concreção, porém, o melhor é 
enviá-la a um laboratório especializado para que se 
possam aplicar técnicas especiais como a 
espectroscopia por infravermelho ou a difração por 
raios-X. 
A urina também deve ser avaliada do ponto de vista 
microbiológico (urinocultura) e ter seu pH anotado. Os 
cálculos de estruvita só se desenvolvem na presença 
de infecção urinária por germes produtores de urease, 
como Proteus e Klebsiella. Existem cálculos que só se 
formam em pH urinário ácido (ácido úrico, cistina), 
enquanto outros necessitam de um pH alcalino 
(estruvita, fosfato de cálcio). Vale lembrar que os 
cálculos coraliformes em geral são compostos por 
estruvita, mas raramente são compostos por outros 
materiais, como ácido úrico e cistina. 
Possível composição dos cálculos coraliformes: 
• Estruvita (a maioria). 
• Ácido úrico. 
• Cistina. 
 Qual é o fator predisponente à formação do cálculo? 
"Não forma cálculo quem quer, só quem pode..." 
Apenas uma pequena parcela da população é capaz 
de formar cálculos renais – os formadores de cálculo! 
Antes de surgir um cálculo renal é preciso que os 
cristais sejam formados (nucleação), e depois que 
esses cristais cresçam e sofram agregação. A 
nucleação só ocorre quando as concentrações dos 
íons componentes do cristal excedem um 
determinado limite na urina (o "produto de formação 
de cristais", para a nucleação homogênea; e o 
"produto de solubilidade", para a nucleação 
heterogênea) 
 
 
Testes para investigar as entidades formadoras de 
cálculo: 
EAS, urinocultura quantitativa. Dosagem na urina de 
24h – colhida em pelo menos duas ocasiões – dos 
seguintes elementos: pH, ureia, creatinina, cálcio, ácido 
úrico, citrato, fosfato, magnésio, sódio, potássio e 
volume urinário, cloreto, amônia, sulfato. 
O oxalato deve ser enviado em uma amostra de urina 
de 24h separada, uma vez que ele deve ser 
conservado em ácido durante a coleta (para impedir 
a conversão não enzimática de ascorbato em citrato). 
Dosagens séricas de cálcio, fosfato, sódio, potássio, 
cloro, bicarbonato, ácido úrico, ureia, creatinina, 
albumina (para corrigir o cálcio) e paratormônio (PTH). 
Tratamento Agudo 
Cólica nefrética (ureterolitíase sintomática) 
A cólica nefrética é desencadeada pela impactação 
de um cálculo no ureter (em um de seus três pontos 
de estreitamento fisiológico). A consequência 
imediata é a contratura espasmódica da musculatura 
lisa ureteral, na tentativa de expulsar o cálculo... A 
pressão intrapélvica pode chegar a 50 mmHg (normal 
= 6,5 mmHg), o que justifica a intensa dor em 
flanco/abdome. 
Analgesia: 
Os Anti-Inflamatórios Não Esteroides (AINE) devem ser 
prescritos como primeira opção, de preferência pela 
via oral. Em casos de dor severa ou vômitos, a via 
parenteral deve ser recomendada. Em geral essas 
drogas têm efeito analgésico excelente, e previnem o 
espasmo da musculatura lisa do ureter. 
Os opioides são utilizados somente em pacientes que 
não respondem ou que não toleram os AINE (ex.: 
doença renal crônica prévia, pelo risco de IRA 
farmacoinduzida). Diferentemente dos AINE, os 
opioides não amenizam o espasmo ureteral, o que 
justifica o fato deles não serem considerados drogas 
de "primeira linha" para analgesia (já que não reduzem 
a recidiva da cólica). Além disso, opioides provocam 
mais efeitos adversos, como náuseas e vômitos. 
Geralmente administramos cetorolaco a pacientes 
que chegam ao pronto-socorro com cólica renal. O 
tratamento geralmente alivia os sintomas em 10 a 30 
minutos. Os pacientes são então prescritos AINEs orais 
(por exemplo, ibuprofeno) para ataques subsequentes 
que podem ocorrer enquanto o paciente aguarda a 
passagem do cálculo ou a remoção cirúrgica do 
cálculo. 
Bloqueadores alfa-1 adrenérgicos 
Os bloqueadores alfa-1 adrenérgicosrelaxam 
diretamente a musculatura lisa ureteral. Tais drogas 
conseguem diminuir o espasmo do trato urinário, 
facilitando a movimentação do cálculo de modo a 
aumentar a chance de eliminação espontânea. 
Evidentemente, eles reduzem a intensidade e as 
recidivas da cólica nefrética... A combinação AINE + 
alfabloqueador compõe a chamada Terapia Médica 
Expulsiva (TME). Pacientes com cálculos ureterais 
pequenos (≤ 10 mm), cujos sintomas conseguem ser 
bem controlados e que não apresentam indicações 
formais para uma abordagem urológica imediata (ex.: 
sepse, IRA – ver adiante), podem tentar a TME por um 
período de até 4-6 semanas. A droga de escolha na 
atualidade é o tamsulosin (Secotex®) na dose de 0,4 
mg/dia. Ressalte-se que para o tratamento da cólica 
nefrética esta medicação pode ser utilizada por 
mulheres (apesar de ser um fármaco comumente 
empregado no controle da hiperplasia prostática 
benigna). Bloqueadores de canais de cálcio (ex.: 
nifedipina) também podem ser usados com o mesmo 
intuito, porém, são menos eficazes do que os 
alfabloqueadores e apresentam maior incidência de 
efeitos colaterais (ex.: hipotensão arterial) 
Hidratação 
Classicamente, recomendava-se uma hidratação 
"forçada", "vigorosa", com o intuito de aumentar a 
produção de urina e, por conseguinte, a "coluna de 
pressão" acima do cálculo impactado, o que facilitaria 
sua eliminação espontânea... Todavia, até hoje 
nenhuma evidência científica comprovou este 
 
benefício, pelo contrário: os estudos sugerem que uma 
hidratação mínima é tão ou mais eficaz! A hidratação 
venosa deve ser instituída quando for necessário 
corrigir um quadro de franca desidratação (ex.: 
náuseas e vômitos importantes), bem como quando 
houver indicação de analgesia parenteral. 
Dissolução química do cálculo 
O único cálculo comprovadamente passível de ser 
"dissolvido" é o de ácido úrico. Vimos que este cálculo 
só se forma em urinas ácidas, logo, a alcalinização 
urinária (ex.: bicarbonato VO) é capaz de dissolvê-lo! 
Vale ressaltar que uma dissolução completa e em 
curto prazo é um desfecho incomum, e por isso as 
estratégias de dissolução química são pouco 
empregadas na atualidade... Para outros tipos de 
cálculo existem outros tipos de "solvente", muitos dos 
quais são controversos... O fato é que na prática esse 
tipo de abordagem vem caindo em desuso, em se 
tratando da crise de cólica nefrética 
Coar a urina — Os pacientes devem ser instruídos a 
coar a urina por vários dias e trazer qualquer cálculo 
que passe para análise. Isso permitirá ao clínico 
planejar melhor a terapia preventiva. 
Tratamento da infecção do trato urinário – Pacientes 
com evidência de infecção concomitante do trato 
urinário devem ser imediatamente tratados com 
antibióticos. 
Seguimento 
Ao contrário do que muita gente pensa, a maioria das 
ureterolitíases sintomáticas pode e deve ser manejada 
de forma conservadora, já que os cálculos com 
frequência são pequenos (< 5 mm), possuindo grande 
chance de eliminação espontânea! A probabilidade 
de expulsão de um cálculo é inversamente 
proporcional ao seu tamanho... Na ausência de 
complicações que indiquem uma abordagem 
intervencionista imediata, a literatura moderna aceita 
uma tentativa inicial de manejo conservador (com 
terapia médica expulsiva) para cálculos ureterais ≤ 10 
mm. Não obstante, se paciente e médico estiverem de 
acordo, a abordagem intervencionista pode ser 
indicada independentemente do tamanho do cálculo 
ou da presença de complicações... Vale lembrar que 
durante a TME devemos reavaliar o paciente (ex.: USG 
após 7-14 dias), a fim de verificar se houve migração 
do cálculo. Quando o cálculo – mesmo pequeno – não 
for expelido no prazo de quatro a seis semanas, uma 
abordagem intervencionista deverá ser programada 
Consulta urológica — A consulta urológica urgente é 
necessária em pacientes com infecção do trato 
urinário, lesão renal aguda além do esperado devido à 
obstrução unilateral, anúria e/ou dor persistente, 
náusea ou vômito [3,91] (consulte 
'Triagem de pacientes ' acima ). O encaminhamento 
ambulatorial para urologia é indicado em pacientes 
com cálculo > 10 mm de diâmetro e em pacientes que 
falham na passagem do cálculo após quatro 
semanas de tratamento conservador, incluindo TEM, 
particularmente se o cálculo tiver > 5 mm de diâmetro 
ou se houver é uma dor mal controlada 
Intervenção urológica 
A maioria dos cálculos ureterais com < 5 mm é 
eliminada espontaneamente, ainda que o paciente 
não receba qualquer tipo de tratamento. Contudo, a 
TME acelera a passagem do cálculo, devendo sempre 
ser oferecida. Acima de 5 mm a probabilidade de 
eliminação espontânea diminui de forma progressiva, 
sendo extremamente baixa com cálculos maiores do 
que 10 mm... Desse modo, no tocante às dimensões do 
cálculo, o "ponto de corte" atualmente aceito pela 
literatura para indicar uma abordagem 
intervencionista precoce é > 10mm. 
Cálculos impactados no ureter com > 10 mm de 
diâmetro devem ser removidos por alguma forma de 
intervenção urológica, pois sua chance de eliminação 
espontânea é remota. 
Acontece que não é somente o tamanho do cálculo 
que importa... Na realidade, uma intervenção urológica 
precoce deve ser indicada nas seguintes 
circunstâncias: 
1. Cálculo > 10 mm. 
2. Infecção urinária associada*. 
3. Sintomas refratários ao tratamento clínico (ex.: dor, 
náuseas e vômitos). 
4. Obstrução persistente e/ou progressiva. 
5. Insuficiência renal aguda (obstrução bilateral 
completa ou unilateral em rim único). 
*No caso de infecção urinária, o tipo de intervenção 
urológica imediata deve ser apenas a desobstrução 
da via urinária (nefrostomia percutânea ou implante 
de cateter duplo-J). A retirada do cálculo só deve ser 
realizada num segundo momento, após resolução do 
processo infeccioso e estabilização clínica do paciente 
https://www.uptodate.com/contents/kidney-stones-in-adults-diagnosis-and-acute-management-of-suspected-nephrolithiasis/abstract/3,91
https://www.uptodate.com/contents/kidney-stones-in-adults-diagnosis-and-acute-management-of-suspected-nephrolithiasis?search=nefrolit%C3%ADase&topicRef=7375&source=see_link#H2706279847
 
Existem quatro modalidades de intervenção urológica 
para a retirada de cálculos urinários: 
1. Litotripsia com Ondas de Choque Extracorpórea 
(LOCE); 
2. Litotripsia por ureterorrenoscopia (endourológica); 
3. Nefrolitotomia percutânea (cirurgia minimamente 
invasiva); 
4. Nefrolitotomia aberta ("anatrófica"). 
Tratamento da litíase complicada 
Denominamos "litíase complicada" quando um cálculo 
obstrutivo se associa à infecção renal (pielonefrite) ou 
quando sobrevém insuficiência renal aguda pós-renal, 
por obstrução ureteral total bilateral ou em rim único. 
Em tais casos, a primeira preocupação não deve ser 
retirar o cálculo, mas sim desobstruir a via urinária, a 
fim de evitar a evolução para perda irreversível do 
parênquima. Além disso, uma pielonefrite obstruída 
leva facilmente à sepse urinária fulminante, 
bacterêmica, uma condição de enorme letalidade 
Para desobstruir o rim acometido, dois procedimentos 
emergenciais podem ser usados: 
1. Nefrostomia percutânea (cateter "único-J"); 
2. Stent ureteral (cateter "duplo-J"). 
Os cálculos ditos complicados são aqueles que se 
associam à infecção renal ou à obstrução ureteral 
total, gerando insuficiência renal aguda pós-renal. 
Nestes casos, a intervenção deve ser o mais precoce 
possível. 
Infecção do Trato Urinário 
Definição: Presença de um microrganismo patogênico 
na urina e, consequentemente, nas estruturas que 
compõem o aparelho urinário – uretra, bexiga, rim ou 
próstata. 
Epidemiologia 
● É uma das infecções mais frequentes em adultos na 
atenção primária à saúde (APS) 
● Na APS fica atrás apenas de infecções das vias 
aéreas superiores não especificadas e amigdalites 
como motivo de prescrição de antimicrobianos em 
unidades de saúde da família em um estudo brasileiro, 
em que foi responsável por 13,3% das prescriçõesde 
antimicrobianos. 
● Mais comum em mulheres do que em homens 
● Rara nos homens antes dos 50 anos 
● Mulheres em idade fértil têm, em média, quase um 
episódio de cistite por ano. 
● Pielonefrites ocorrem em uma proporção de 1:28 com 
cistites 
Etiologia 
As mais encontradas são 
● Escherichia coli (gram-negativo) – 80% 
● Staphylococcus saprophyticus (gram-positivo) 
● Enterococcus (gram-positivo) 
● Outros gram-negativos (Klebsiella e Proteus) 
● Pseudomonas e ESBL – betalactamase de espectro 
estendido 
Classificações 
Quanto à Localização 
Trato inferior: 
• Uretra (uretrite); 
• Bexiga (cistite). 
Trato superior: 
• Rins (pielonefrite); 
• Ureteres (ureterite). 
Outros: 
• Próstata (prostatite)*; 
• Epidídimo (epididimite)*. 
Quanto à clínica 
ITU complicada (definição clássica) 
• Doença urológica de base 
• Condições que ↑o risco de infecção renal 
• Situações que agravam a infecção 
• Presença de abscessos, pielonefrite enfisematosa 
e necrose de papila 
• Homem, crianças, gestantes e hospitalização 
ITU complicada (definição atual) 
Qualquer uma dessas características: 
• Febre (37,8ºC) ou sinais sistêmicos 
• Dor lombar ou pélvica (homens) 
• Dor no flanco ○ Sensibilidade no ângulo 
costovertebral 
 
 
Fatores de Risco 
Sexo feminino; Atividade sexual; Infecção vaginal; Uso 
de fraldas; Obesidade; Susceptibilidade genética; Uso 
de catéter e sondas urinárias; Primeira ITU em idade 
precoce; Maus hábitos de higiene pessoal; Diafragma 
e uso de espermicidas. 
Patogênese 
Existem quatro possíveis vias para o agente infeccioso 
atingir o trato urinário: Via Ascendente; Via 
Hematogênica; Via Linfática; e Inoculação direta por 
fístula vesico enteral. 
Sintomas 
• Dor Lombar 
• Noctúria 
• Disúria e dor suprapúbica 
• Piúria/Hematúria 
• Urgência miccional 
• Febre/Calafrios 
Apresentação típica — O espectro clínico da infecção 
aguda complicada do trato urinário (ITU) abrange 
tanto a cistite com características complicadas 
quanto a pielonefrite: 
• Os sinais e sintomas de cistite incluem disúria, 
frequência e urgência urinária, dor suprapúbica e 
hematúria. Os pacientes com ITU complicada 
aguda também apresentam febre ou outras 
características de doença sistêmica (incluindo 
calafrios, calafrios ou fadiga acentuada ou mal-
estar além da linha de base), o que sugere que a 
infecção se estendeu além da bexiga. 
• Os sinais e sintomas de pielonefrite classicamente 
incluem febre, calafrios, dor no flanco, 
sensibilidade no ângulo costovertebral e 
náuseas/vômitos [ 13 ]. Os sintomas da cistite são 
frequentes, mas não universalmente presentes. 
Sintomas atípicos também foram descritos, com 
alguns pacientes queixando-se de dor no 
epigástrio ou na parte inferior do abdome. 
Para os homens, o espectro clínico da ITU inclui a 
prostatite, que deve ser considerada em homens que 
apresentam sintomas de cistite recorrentes ou 
acompanhados de dor pélvica ou perineal. 
A piúria está presente em quase todos os pacientes 
com ITU. 
 
Bacteriúria Assintomática 
Definição 
Presença de bactérias na urina em paciente com 
ausência de sintomas característicos de infecção 
urinária. 
Necessita apresentar na coleta: ≥ 105 UFC / mL OU ≥ 102 
UFC/mL (se coleta em cateter) - pois é uma coleta 
mais limpa 
*UFC: Unidades Formadoras de Colônia 
Tratamento 
Geralmente NÃO se realiza tratamento, com exceção 
de: 
• Gestantes - risco de infecção grave e 
complicações obstétricas 
• Pacientes que irão realizar procedimento urológico 
- risco de bacteremia 
Nesses casos: 
1ª escolha: fosfomicina 3g em dose única ou 
nitrofurantoina 100 mg 6/6 h por 3-5 dias 
Outras opções são: bactrim (sulfametoxazol + 
trimetoprim), betalactâmico ou quinolonas (não é 1ª 
linha devido aos efeitos colaterais e risco de provocar 
resistência) 
Cistite 
Presença de piúria, mucosite e lesões locais que 
provocam o aparecimento sintomatológico. 
Recorrência: duas ou mais infecções em 6 meses ou 
três ou mais em um ano 
Sintomas clínicos: disúria e dor suprapúbica, polaciúria, 
urgência urinária e hematúria macroscópica. 
Apresenta nos exames de sedimento urinário: Piúria / 
Bacteriúria / Nitrito (+) Esterase leucocitária 
Diagnóstico: 
É essencialmente clínico, sendo realizado EAS ou urina 
1 em casos de dúvida. 
Urocultura + Antibiograma: indicado para paciente 
com risco de resistência (histórico de infecção por 
bactéria resistente ou internado em hospital) 
Exame físico: 
Dor suprapúbica e periuretral 
 
Exame ginecológico: mulheres com queixa de 
corrimento 
Toque retal: avaliação da próstata 
Tratamento 
1ª escolha: fosfomicina 3g em dose única ou 
nitrofurantoina 100 mg 6/6 h por 3-5 dias 
Outras opções são: bactrim (sulfametoxazol + 
trimetoprim), betalactâmico ou quinolonas 
Fenazopiridina por 2 dias (somente se disúria grave, 
para dor e sempre associado ao ATB) 
Para cistite recorrente: 
Profilaxia Contínua 
ATB profilático por 3 meses (nitrofurantoína) + 
Medidas comportamentais: Ingesta hídrica 
aumentada, Micção pós coito, Higiene adequada e 
Evitar uso de espermicida. 
Profilaxia Pós coito 
Tratamento no Homem: 
Risco de Prostatite: Faz-se o tratamento com 
quinolonas por 7-14 dias (melhor penetração no tecido 
prostático). 
 
Pielonefrite 
Bactérias lesionam e destroem o parênquima renal 
Presença de piúria, febre, toxemia e choque 
Dor lombar (sinal de Giordano positivo) e sintomas 
urinários irritativos 
Diagnóstico / Exames: 
Realização de EAS e urocultura (obrigatório) 
Hemograma, eletrólitos, função renal, hepatograma e 
PCR (se hospitalizado) 
Exame de imagem (TC ou US), se: 
- Dúvida no diagnóstico e/ou doença persistente 
- Anormalidades anatômicas 
- Suspeita de abscesso ou obstrução (cálculo) 
Tratamento 
1ª Etapa: identificar a necessidade ou não de 
internação do paciente. 
Indicação de internação: Obstrução, abscesso, sepse, 
via aérea inviável e gestante (pelo risco maternofetal). 
Se paciente internado: 
• Obstrução e sepse: imipenem (ESBL e 
Pseudomonas) associado a vancomicina (para 
cobrir GRAM +) 
• Outros casos: Ceftriaxona, quinolonas, pipe-tazo 
• Intervenção cirúrgica: se nefrolitíase ou abcesso (> 
5cm) 
Tratamento ambulatorial: 
Analisar risco de resistência 
- Se baixo risco: quinolonas, Ceftriaxone, amoxi-
clavulanato 
- Se alto risco: ertapenem, SMX / TMP (no Brasil tem alta 
resistência) 
Complicações 
Pielonefrite xantogranulomatosa: 
Reação inflamatória que forma tecido de granulação 
e os macrófagos presentes nesse tecido carregam 
dentro deles um conteúdo lipídico muito grande. 
História 
• Mulher de meia idade com pielonefrite de 
repetição 
• Presença de cálculos coraliformes + Destruição 
maciça do rim 
• E. coli e Proteus 
Tratamento: ATB + retirada do rim afetado 
Pielonefrite enfisematosa: 
• Diabéticos hiperglicêmicos com pielonefrite grave 
• Presença de gás no parênquima renal (exame de 
imagem) 
• E. coli e Klebisiella 
Tratamento: ATB+ drenagem 
 
Terapia antimicrobiana dirigida 
Seleção do regime — Os resultados da urocultura e 
do teste de suscetibilidade devem ser usados para 
adequar o regime, se apropriado. Em muitos casos, 
regimes empíricos de amplo espectro podem ser 
substituídos por um agente de espectro mais 
estreito. Os pacientes que foram inicialmente tratados 
com um regime parenteral podem mudar para um 
agente oral assim que os sintomas melhorarem, desde 
que a cultura e os testes de suscetibilidade 
permitam. As opções dependem do patógeno 
identificado: 
●Enterobacterales (por exemplo, E. coli , K. 
pneumoniae , P. mirabilis ) : 
•Isolados suscetíveis – Para Enterobacterales 
suscetíveis, os agentes orais apropriados para tratar 
ITU aguda complicada incluem levofloxacino (750 mg 
uma vez ao dia), ciprofloxacino (500 mg duas vezes ao 
dia ou 1.000 comprimidos de liberação prolongada 
uma vez ao dia) e trimetoprima-sulfametoxazol (uma 
dose dupla [160 mg /800mg] comprimido por via oral 
duas vezes ao dia). Beta-lactâmicos orais (por 
exemplo, amoxicilina-clavulanato 875 mg VO duas 
vezes ao dia, cefpodoxima 200 mg VO duas vezes ao 
dia, cefadroxil 1 g por via oral duas vezes ao dia) 
podem ser menos eficazes para ITU aguda 
complicada (com base em estudos de cistite), mas 
são alternativas apropriadas se a suscetibilidade for 
documentada e os outros agentes não forem viáveis. 
•Isolados resistentes – Alguns isolados que são 
resistentes a beta-lactâmicos (por exemplo, 
Enterobacterales produtoras de ESBL) ainda podem ser 
suscetíveis a fluoroquinolonas e trimetoprim-
sulfametoxazol , caso em que esses agentes podem 
ser usados por via oral como acima. No entanto, para 
Enterobacterales que são resistentes a 
fluoroquinolonas, trimetoprim-sulfametoxazol e beta-
lactâmicos orais, geralmente é necessário um agente 
parenteral para completar o curso do 
tratamento. Usamos o agente de espectro mais 
estreito que tem atividade esperada. Para bactérias 
produtoras de ESBL, geralmente é um carbapenem 
( meropenem , imipenem ou ertapenem ). As 
desvantagens de usar piperacilina-
tazobactam ou cefepimapara bactérias produtoras 
de ESBL são discutidas em outro lugar. O tratamento de 
bactérias gram-negativas resistentes a carbapenem 
também é discutido em outro lugar. 
As opções para administração ambulatorial de 
antimicrobianos parenterais incluem o uso de um 
cateter central de inserção periférica, um cateter 
central pré-existente ou injeção IM. 
Nitrofurantoína, fosfomicina oral e pivmecilinam geral
mente devem ser evitados no cenário de ITU aguda 
 
complicada porque eles não atingem níveis teciduais 
adequados fora da bexiga. 
São necessárias novas opções para o tratamento 
ambulatorial de bactérias gram-negativas 
resistentes. Em um estudo randomizado que incluiu 
868 adultos hospitalizados por ITU complicada, um 
carbapenem oral experimental, tebipenem, resultou 
em taxas de cura clínica semelhantes às 
do ertapenem intravenoso , cada um administrado 
por 7 a 10 dias (93 versus 94 por cento no dia 19). As 
taxas de cura microbiológica foram menores com 
tebipenem para organismos produtores de ESBL, mas 
a resposta clínica com esses patógenos permaneceu 
alta. Embora seja um agente promissor, o risco de 
seleção para resistência a carbapenem é uma 
preocupação e o uso criterioso, se disponível no futuro, 
será importante. 
●Enterococcus – Se o Enterococcus for isolado, a 
amoxicilina (500 mg por via oral a cada oito horas ou 
875 mg duas vezes ao dia) é o agente de escolha se o 
organismo for suscetível; outros colaboradores do 
UpToDate são a favor de uma dose mais alta de 
amoxicilina nesse cenário. 
●Pseudomonas – Para pacientes com cistite simples 
aguda devido a P. aeruginosa , a fosfomicina pode ser 
uma opção ativa, dependendo da suscetibilidade 
regional. Uma fluoroquinolona oral, como a 
ciprofloxacina , pode ser usada para cistite simples 
aguda e para ITU aguda complicada por P. aeruginos 
●Staphylococcus – As opções orais 
incluem sulfametoxazol-trimetoprima (um 
comprimido de dose dupla [160 mg/800 mg] por via 
oral duas vezes ao dia) ou, paraespécies de 
Staphylococcus sensíveis à meticilina, cefadroxil (500 
mg duas vezes ao dia). S. aureus é um isolado urinário 
relativamente incomum. Quando o S. aureus é isolado 
da urina em um paciente com ITU complicada, 
hemoculturas são necessárias para descartar 
bacteremia. O trato urinário pode ser a fonte original 
de bacteremia por S. aureus ou um local secundário 
semeado de disseminação hematogênica. A taxa 
relatada de bacteremia concomitante ou 
subsequente em pacientes com S. aureusa bacteriúria 
varia entre aproximadamente 5 e 20 por cento 
Duração — A duração total da terapia antimicrobiana 
geralmente varia de 5 a 10 dias, dependendo da 
rapidez da resposta clínica e do antimicrobiano 
escolhido para completar o curso. Para indivíduos que 
apresentam resposta clínica adequada (melhora 
sintomática nas primeiras 48 a 72 horas de terapia), 
administramos fluoroquinolonas por 5 a 7 dias, 
sulfametoxazol-trimetoprima por 7 a 10 dias e beta-
lactâmicos por 7 a 10 dias. Para aqueles que 
apresentam resposta lenta à antibioticoterapia 
apropriada (por exemplo, sem melhora sintomática 
nas primeiras 48 a 72 horas de terapia), a avaliação 
deve avaliar complicações infecciosas ou 
anormalidades anatômicas subjacentes que possam 
retardar a resposta (consulte 
'Imagiologia 'acima). Durações mais longas do 
antibiótico podem ser justificadas em pacientes que 
têm um foco de infecção (como um cálculo não 
obstrutivo) que não pode ser removido. A duração da 
terapia antimicrobiana não precisa ser prolongada no 
cenário de bacteremia quando outros fatores 
complicadores estão ausentes; não há evidências de 
que a bacteremia seja um presságio de pior 
prognóstico. 
Avaliação da Urina 
A urina normal é clara e de cor amarelo claro. A 
turbidez e a cor da urina podem ser alteradas em 
várias situações. 
Cor da urina – A cor amarela típica da urina é mais 
clara quando a urina é diluída e mais escura quando 
concentrada, como após uma restrição hídrica 
durante a noite. A urina também pode ter uma 
variedade de outras cores. 
Urina vermelha a marrom – A excreção de urina 
vermelha a marrom é observada em uma variedade 
de configurações. A etapa inicial na avaliação dessa 
anormalidade é a centrifugação da urina para ver se 
a cor vermelha está no sedimento urinário ou no 
sobrenadante. 
Se a cor vermelha for observada apenas no sedimento 
(e o sobrenadante não for vermelho), o paciente 
provavelmente tem hematúria. 
Se, por outro lado, o sobrenadante for vermelho, então 
o sobrenadante deve ser testado para heme 
(frequentemente rotulado como "sangue") com uma 
vareta de urina: 
• Se uma vareta de urina do sobrenadante 
vermelho for positiva para heme, o paciente tem 
hemoglobinúria ou mioglobinúria. 
• Se uma vareta de urina do sobrenadante 
vermelho for negativa para heme, uma das 
seguintes condições deve ser considerada: 
https://www.uptodate.com/contents/acute-complicated-urinary-tract-infection-including-pyelonephritis-in-adults?search=nefrolit%C3%ADase&topicRef=7366&source=see_link#H3170583666
 
o Uso de certos medicamentos, como 
rifampicina, fenitoína ou 
hidroxicobalamina 
o Consumo de corantes alimentares 
o Ingestão de beterraba (beetúria), ruibarbo 
ou senna 
o Porfiria intermitente aguda 
Outras cores de urina – Raramente, a urina tem outras 
cores, incluindo: 
• Urina branca, que pode ser devida a cristais de 
fosfato, quilúria ou propofol. 
• Urina rosa, presumivelmente devido a cristais de 
ácido úrico, que podem ocorrer após a 
administração de propofol. 
• Urina esverdeada, que pode ser decorrente da 
administração de azul de metileno, propofol, 
amitriptilina ou, raramente, de infecção do trato 
urinário causada por Pseudomonas aeruginosa. 
• Urina preta, que pode ser devida a hemoglobinúria, 
mioglobulinúria, melanúria no contexto de 
melanoma metastático ou ocronose. A urina preta 
na ocronose, que geralmente resulta de 
alcaptonúria (também chamada de "doença da 
urina preta"), é causada pela excreção urinária de 
ácido homogentísico. A cor preta pode ser 
aparente somente após algum tempo de repouso 
da urina, permitindo a oxidação do ácido 
homogentísico. 
• Urina roxa, que pode ser decorrente de bacteriúria 
em pacientes com cateteres urinários, ou 
coadministração de azul de metileno e 
hidroxicobalamina. 
Turbidez – A urina normal geralmente é clara. Urina 
turva pode ser observada no contexto de infecção ou 
como resultado de cristais precipitados ou quilúria. A 
contaminação causada por secreções genitais 
também pode causar urina turva. 
Odor de urina – Um odor pungente anormal da urina 
é mais frequentemente causado pela produção de 
amônia por bactérias. A presença de cetonas na urina 
pode fazer com que a urina tenha um odor doce ou 
frutado. 
 
 
Referências 
CURHAN, Gary C. Kidney stones in adults: Epidemiologyand risk factors. UpToDate, 2023. 
GUPTA, Kalpana. Acute complicated urinary tract 
infection (including pyelonephritis) in adults. UpToDate, 
2023. 
WALD, R. Urinalysis in the diagnosis of kidney 
disease. UpToDate, 2022.

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