Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ITU E NEFROLITÍASE Nefrolitíase Possui uma prevalêcia de 3% na população Nos países pobres a nefrolitíase é mais comum em crianças e se apresenta, em geral, na forma de cálculos vesicais compostos de ácido úrico. Já nos países ricos a maior prevalência ocorre em adultos, sendo a localização predominante o trato urinário superior, com a maioria dos cálculos compostos por cálcio. Essa discrepância tem sido atribuída, entre outros fatores, às diferenças dietéticas. Fatores que podem estar contribuindo para o aumento na prevalência de nefrolitíase incluem o aumento da obesidade, aumento da temperatura e melhorias e maior utilização de técnicas de diagnóstico por imagem. Epidemiologia Idade – A prevalência de já ter tido um cálculo aumenta com a idade. Sexo – Embora a prevalência de história de nefrolitíase seja semelhante entre homens e mulheres com menos de 40 anos, a prevalência geral de doença calculosa é aproximadamente duas vezes maior em homens em comparação com mulheres. As taxas de incidência também são semelhantes em homens e mulheres com menos de 40 anos, mas acima dos 40 anos as taxas são mais altas em homens do que em mulheres. Raça/etnia – A litíase renal é mais comum em pacientes brancos que não são hispânicos, seguida por pacientes brancos que são hispânicos, e é menos comum em pacientes negros e asiáticos. Incapacidade – Nos Estados Unidos, a prevalência da doença calculosa é maior entre as pessoas com deficiência funcional do que entre aquelas sem deficiência (16% versus 9%, respectivamente). A razão para esta maior prevalência não é clara, mas pode estar relacionada a disparidades de cuidados de saúde nesta população de pacientes. Composição dos cálculos A frequência das diferentes composições dos cálculos em adultos é a seguinte: • Oxalato de cálcio – 70 a 80 % • Fosfato de cálcio – 15 % (apatita é o tipo mais comum de cristal de fosfato de cálcio; brushite é muito menos comum) • Ácido úrico – 8 % • Cistina – 1 a 2 % • Estruvita - 1 % • Diversos - <1% Fatores de risco Modificáveis Fatores urinários — Certas anormalidades bioquímicas da composição da urina têm sido associadas à formação de cálculos renais. • Hipercalciúria • Cálculos de cálcio hiperuricosúricos • Hipocitratúria • Hiperoxalúria • Baixo volume de urina (<1 L/dia) Ingestão de líquidos — Uma menor ingestão de líquidos levará a uma menor produção de urina, promovendo assim a formação de cálculos pelo aumento da concentração de substâncias litogênicas como cálcio e oxalato (mesmo que a quantidade total de excreção desses fatores litogênicos não seja afetada). Tipo de fluido — O tipo de fluido ingerido também pode ser importante, embora os dados às vezes sejam conflitantes em relação ao efeito na composição da urina e no risco de cálculo. • bebidas adoçadas com açúcar (incluindo bebidas à base de cola e não-cola) estão associadas a um risco aumentado de desenvolver cálculos renais. • Bebidas alcoólicas supostamente aumentavam o risco de pedras. No entanto, estudos prospectivos descobriram que a cerveja e o vinho estavam associados a um menor risco de formação de cálculos, possivelmente devido à inibição da liberação do hormônio antidiurético (ADH) Padrões dietéticos – A combinação de fatores dietéticos também pode ter um impacto significativo sobre o risco de cálculo. Como exemplo, a dieta DASH é rica em frutas e vegetais, moderada em laticínios com baixo teor de gordura e pobre em proteína animal. Com base em uma análise de três grandes coortes, a adesão a uma dieta estilo DASH foi associada a um risco 40 a 45% menor de cálculos renais incidentes entre homens, mulheres mais velhas, mulheres mais jovens, indivíduos com IMC alto e indivíduos com IMC baixo. Medicamentos — Vários medicamentos foram associados a um risco aumentado de formação de cálculos renais: Fatores de risco NÃO Modificáveis Histórico familiar Fatores genéticos - A maioria dos investigadores acredita que múltiplos loci genéticos estão envolvidos, talvez afetando a absorção, reabsorção e excreção de cálcio; absorção de oxalato; e absorção e excreção de citrato. Genes específicos que podem estar envolvidos incluem o receptor de detecção de cálcio, proteínas de junção estreita, canais de cálcio no intestino e rim, receptor de vitamina D, vitamina D 24-hidroxilase, transportadores de fosfato e trocadores de oxalato. Condições médicas: ●Hiperparatireoidismo primário –são mais propensos a ter cálculos de fosfato de cálcio. ●Hipertensão essencial – maior risco de cálcio e formação de cálculos de ácido úrico. ●Gota – risco aumentado de cálculos renais em homens. Esse risco maior pode ser devido a uma urina persistentemente ácida (pH urinário de 5 a 5,5) nesses pacientes, o que promove a formação de cálculos de ácido úrico. ●Diabetes mellitus – O risco está relacionado à maior excreção urinária de cálcio, bem como ao baixo pH urinário, predispondo à nefrolitíase por ácido úrico. ●Obesidade – O mecanismo está relacionado a maior excreção de ácido úrico e menor pH urinário. ●Rim esponjoso medular ●Acidose tubular renal distal (tipo 1) – O pH da urina é persistentemente alto e leva à acidose metabólica; há uma tendência a ter nefrocalcinose medular. Além do pH urinário mais alto, eles também tendem a ter níveis mais baixos de citrato na urina. ●Doença inflamatória do intestino, síndrome do intestino curto, ressecção intestinal ou cirurgia de bypass gastrointestinal – podem aumentar o oxalato urinário (devido ao aumento da absorção gastrointestinal), reduzindo o citrato urinário (devido à perda gastrointestinal de álcali) e volume de urina (devido ao aumento da perda gastrointestinal de líquido). ●Infecção do trato urinário – Pacientes com infecção crônica do trato urinário superior devido a um organismo produtor de urease, como Proteus ou Klebsiella, podem ter maior risco de cálculos de estruvita. ●Cistinúria – Pacientes com cistinúria (uma doença autossômica recessiva) correm o risco de desenvolver cálculos de cistina devido à baixa solubilidade da quantidade excessiva de cistina excretada na urina. Outros fatores — Certos fatores ambientais, como clima e geografia mais quentes e algumas ocupações (por exemplo, metalúrgicos, médicos que trabalham na sala de cirurgia) foram associados a um risco aumentado de cálculos renais. Etiologia 80% dos pacientes com nefrolitíase formam cálculos de cálcio, a maioria dos quais são compostos principalmente de oxalato de cálcio ou, menos frequentemente, de fosfato de cálcio. Os outros tipos principais incluem ácido úrico, estruvita (fosfato de amônio e magnésio) e cálculos de cistina. O mesmo paciente pode ter um cálculo que contém mais de um tipo de cristal (por exemplo, oxalato de cálcio e ácido úrico). Existem diferentes teorias sobre a formação de cálculos de cálcio, e os diferentes tipos de cálculos podem ter diferentes eventos iniciais. A formação de cálculos ocorre quando um material normalmente solúvel (por exemplo, cálcio, oxalato) supersatura a urina e inicia o processo de formação de cristais (por exemplo, cristal de oxalato de cálcio). Para alguns cálculos de cálcio, particularmente oxalato de cálcio, parece que um importante evento inicial ocorre no interstício medular do rim. Cristais de fosfato de cálcio podem se formar no interstício e eventualmente erodir através do epitélio papilar do rim, formando a clássica placa de Randall. Cristais de oxalato de cálcio ou fosfato de cálcio podem então se depositar no topo desse nidus, permanecendo presos à papila. Os cálculos de fosfato de cálcio também podem se formar inicialmente nos ductos dilatados de Bellini e depois crescer no espaço urinário. Patogênese 1. Urina supersaturada (formação de compostos insolúveis). 2. Nucleação homogênea – formação dos cristais puros. Para iniciar o processo, a concentraçãoiônica tem que estar acima do "produto de formação de cristais". 3. Nucleação heterogênea – formação de cristais sobre a superfície de outros cristais de composição diferente. A concentração iônica tem que estar acima do "produto de solubilidade" do cristal. Exemplos: cristais de oxalato de cálcio sobre um "nicho" de apatita ou ácido úrico. 4. Formação do cálculo – crescimento e agregação dos cristais. A adesão de cristais à superfície de células tubulares ou papilares é fundamental (a estase urinária favorece o processo). 5. Inibidores naturais da nucleação: diluição urinária, citrato, magnésio. 6. Inibidores naturais do crescimento e agregação de cristais: diluição urinária, proteínas. Depois que os cristais são formados eles podem ou não se transformar em cálculos macroscópicos. Nem todas as pessoas com cristais detectados no EAS apresentam nefrolitíase. O fluxo urinário pode eliminar os cristais antes que eles cresçam e se tornem cálculos renais verdadeiros Manifestações clínicas Cálculos assintomáticos — Os pacientes podem ocasionalmente ser diagnosticados com nefrolitíase assintomática quando um exame de imagem do abdome é realizado para outros fins ou quando a imagem de vigilância é realizada naqueles com história prévia de cálculos. A fase assintomática tem maior probabilidade de persistir naqueles que nunca tiveram um episódio clínico de cólica renal. Cálculos sintomáticos Dor (CÓLICA NEFRÉTICA) — Os sintomas podem se desenvolver quando os cálculos inicialmente passam da pelve renal para o ureter. A dor é o sintoma mais comum e varia de uma dor leve e quase imperceptível a um desconforto tão intenso que requer analgésicos parenterais. A dor geralmente aumenta e diminui em intensidade e se desenvolve em ondas ou paroxismos. Os paroxismos de dor intensa geralmente duram de 20 a 60 minutos. Acredita-se que a dor ocorra principalmente por obstrução urinária com distensão da cápsula renal. Consequentemente, a dor devido a uma pedra nos rins geralmente desaparece rapidamente após a passagem da pedra. O local da obstrução determina a localização da dor. A obstrução ureteral superior ou pélvica renal causa dor ou sensibilidade no flanco, enquanto a obstrução ureteral inferior causa dor que pode irradiar para o testículo ou lábio ipsilateral. A localização da dor pode mudar à medida que a pedra migra. Muitos pacientes familiarizados com os sintomas são capazes de prever se o cálculo passou pelo ureter. No entanto, as pedras que são impactadas ou não migram não podem ser localizadas com certeza com base apenas nos sintomas. Além disso, uma localização variável da dor pode ser enganosa e, ocasionalmente, simular um abdome agudo ou aneurisma dissecante. Em alguns pacientes com dor lombar crônica, o diagnóstico de cólica aguda pode ser difícil sem um exame de imagem. Os cálculos renais costumam obstruir o sistema coletor em três pontos principais, conhecidos como pontos de constrição fisiológica do ureter: (1) junção ureteropélvica – mais comum; (2) terço médio do ureter (cruzamento com os vasos ilíacos internos); (3) junção vesicoureteral. Felizmente, na maioria das vezes, os cálculos (por serem pequenos) impactam apenas de forma TRANSITÓRIA, migrando para a bexiga e sendo eliminados na urina. Um dado muito importante no exame físico é que, apesar de poder haver dor abdominal (eventualmente intensa), não se espera a presença de irritação peritoneal na cólica nefrética! Se houver sinais como descompressão dolorosa (sinal de Blumberg) será preciso investigar patologias intra-abdominais ou pélvicas Hematúria - Depois da infecção urinária, a nefrolitíase é a segunda causa de hematúria, que pode ser macro ou microscópica. A hematúria é detectada em 90% dos pacientes que apresentam cálculo renal. Algumas vezes, pode ser o único sinal da nefrolitíase. Por outro lado, a ausência de hematúria no quadro de dor aguda no flanco não exclui a presença de nefrolitíase Outros sintomas — Outros sintomas comumente observados incluem náuseas, vômitos, disúria e urgência urinária. As duas últimas queixas ocorrem tipicamente quando o cálculo está localizado no ureter distal. Complicações Infecção - A infecção renal (pielonefrite) é a complicação mais temível da litíase com cálculo impactado no ureter. Estes pacientes evoluem com febre alta, calafrios e leucocitose com desvio à esquerda – achados não esperados na ureterolitíase per se. Por ser uma pielonefrite complicada ("infecção fechada"), a sepse costuma ser intensa e de rápida instalação, cursando com bacteremia. Se o rim infectado não for logo desobstruído, existe grande chance daquele rim ser rapidamente destruído (em questão de dias) num processo conhecido como pionefrose. Obstrução - Quando o cálculo impacta no ureter, geralmente causa uma obstrução apenas parcial. Eventualmente, contudo, a obstrução pode ser total, acarretando hidronefrose progressiva e perda do parênquima renal (semanas a meses, se não houver infecção), caso a obstrução não seja desfeita. Cálculos Coraliformes - São cálculos geralmente assintomáticos que crescem de modo a ocupar quase toda a pelve e cálices renais. Eles são mais comumente formados por estruvita (fosfato de amônio magnesiano), porém, podem ser de cistina ou ácido úrico. Tais cálculos se associam a um mau prognóstico do rim acometido (degeneração parenquimatosa) e sempre indicam terapia intervencionista, mesmo quando não produzem sintomas. A mortalidade geral é comprovadamente maior em pacientes com cálculos coraliformes não tratados. Diagnóstico Existem três objetivos básicos na avaliação diagnóstica da nefrolitíase, que devem ser claramente separados de forma a não confundir o algoritmo de investigação. Na verdade, são três perguntas que devemos responder. A primeira pergunta é: existe mesmo nefrolitíase? Confirmado este diagnóstico, fazemos a segunda pergunta: qual é a composição do cálculo? Por fim, a última pergunta: que fator predispôs à formação daquele cálculo? Existe mesmo nefrolitíase? A suspeita de nefrolitíase, na prática, deve sempre ser formulada diante de três apresentações clínicas típicas: (a) síndrome de "cólica nefrética"; (b) hidronefrose; e (c) hematúria. Os diagnósticos diferenciais que mais se confundem com cólica nefrética são o aneurisma de aorta abdominal em expansão, a apendicite e a diverticulite aguda, a pielonefrite, a cistite bacteriana (cálculo passando pelo ureter distal) e o infarto renal (oclusão aguda de artéria renal). A urinocultura e a dosagem de LDH podem ajudar na diferenciação com ITU e oclusão arterial renal, respectivamente. Um adequado exame abdominal, acrescido dos métodos de imagem, poderá descartar o aneurisma, a apendicite e a diverticulite, entre outras causas de peritonite localizada. Vale ressaltar que o exame de urina pode eventualmente confundir o diagnóstico, pois alguns casos de aneurisma em expansão ou apendicite aguda PODEM cursar com hematúria, devido à irritação ureteral direta. A presença de cristais urinários (cristalúria) não garante o diagnóstico de litíase, uma vez que pode ocorrer em pessoas normais, não formadoras de cálculo. Diagnóstico diferencial da cólica nefrética. Renais Pielonefrite aguda. Necrose de papila. Trombose de artéria renal. Embolia de artéria renal. Retenção urinária. Cistite bacteriana. Ginecológicas Prenhez ectópica. Torção de ovário. Endometriose. Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis. Abdominais Apendicite aguda. Diverticulite. Isquemia mesentérica. Cólica biliar. Peritonite. Obstrução intestinal aguda. Abscesso/hematoma de psoas. Outras Infarto agudo do miocárdio. Dor musculoesquelética. Distúrbio conversivo. Exames de Imagem Para esclarecer se há ou não cálculo urinário, devemos realizar um exame de imagem. Na prática, dois exames são considerados de primeira linha: TC helicoidal não contrastada (preferencial) eUSG do trato urinário (segunda escolha). Outros métodos como radiografia simples de abdome e urografia excretora não são mais utilizados de rotina! A RM é inferior à TC helicoidal para visualização de cálculos no trato urinário, entretanto, pode ser considerada como opção em pacientes que precisam evitar exposição à radiação ionizante, como as grávidas. - TC helicoidal não contrastada: é considerada o melhor exame para o diagnóstico da nefrolitíase ("padrão-ouro"). Estudos recentes apontam uma sensibilidade = 98% e especificidade = 100%. Tem a vantagem de ser realizada sem contraste iodado e de forma mais rápida do que a urografia excretora, identificando diversos tipos de cálculo, inclusive os de ácido úrico (que são radiotransparentes no RX simples). Pode ainda diagnosticar outras causas de dor em flanco, como torção ou cisto de ovário, apendicite, etc. As grandes desvantagens do método são a incapacidade de medir a função renal e a exposição à radiação ionizante, o que se torna um problema em pacientes com história de nefrolitíase recorrente e, obviamente, nas gestantes. - Ultrassonografia renal: é menos sensível para a visualização de cálculos urinários do que a TC helicoidal sem contraste, porém, passa a ser o método de escolha na ausência desta última, bem como nas gestantes. Em mãos experientes, pode ter uma acurácia semelhante à da urografia excretora, identificando cálculos em 64% dos casos e hidronefrose em mais 21% (sensibilidade total = 85%). A sensibilidade é maior para cálculos da pelve ou cálices renais (que ainda não migraram para o ureter). Cálculos mais distais no trato urinário podem não ser identificados, ainda que se possa constatar a presença da hidronefrose (dilatação pieloureteral) em consequência à obstrução. A grande desvantagem é que o exame depende muito do examinador. Radiografia simples de abdome: não é feita de rotina, e diagnostica apenas cálculos radiopacos (ex.: NÃO detecta os cálculos de ácido úrico). Apesar de tradicionalmente ter sido considerada capaz de evidenciar até 90% dos cálculos renais, estudos mais recentes revelam uma sensibilidade = 62% e uma especificidade = 67%. Urografia excretora: também chamada de pielografia intravenosa, durante muito tempo foi considerada o padrão-ouro para o diagnóstico da litíase. Continua sendo um excelente exame, com sensibilidade em torno de 90%, porém, perde em acurácia para a TC helicoidal. A principal vantagem sobre a USG é a capacidade de avaliar indiretamente a função renal (atraso de enchimento, ausência de enchimento). Também pode detectar cálculos mais distais na via urinária que não foram visualizados pelo ultrassom. A desvantagem é o uso do contraste iodado. Para pacientes grávidas no terceiro trimestre que apresentam dor intratável ou febre e nas quais os resultados de uma ultrassonografia dos rins e da bexiga são inadequados, uma TC sem contraste de baixa dosagem sob a orientação de um obstetra também pode ser considerada para detectar suspeita de nefrolitíase . Em pacientes com obesidade (IMC >30 kg/m 2 ), a TC de dose padrão é preferida, pois a TC de baixa dose pode ser menos confiável para detectar cálculos pequenos (<2 mm) e cálculos ureterais. O ultrassom detecta hidronefrose de forma confiável, e a radiografia pode ser usada para medir o tamanho e a localização do cálculo. No entanto, em comparação com a TC, tanto a ultrassonografia quanto a radiografia são menos sensíveis para a detecção de cálculos. Qual é a composição do cálculo? Sempre que possível devemos esclarecer a composição química de um cálculo renal. Munidos dessa informação poderemos direcionar melhor a investigação diagnóstica do distúrbio metabólico subjacente, o que permitirá a elaboração de uma estratégia preventiva específica. A melhor forma de acessar a composição de um cálculo é através de sua análise direta. O portador de nefrolitíase deve ser orientado – durante o período de crise – a FILTRAR A URINA, por exemplo, urinando através de uma gaze, a fim de resgatar o cálculo após sua passagem pela uretra... Características macroscópicas até podem sugerir a natureza da concreção, porém, o melhor é enviá-la a um laboratório especializado para que se possam aplicar técnicas especiais como a espectroscopia por infravermelho ou a difração por raios-X. A urina também deve ser avaliada do ponto de vista microbiológico (urinocultura) e ter seu pH anotado. Os cálculos de estruvita só se desenvolvem na presença de infecção urinária por germes produtores de urease, como Proteus e Klebsiella. Existem cálculos que só se formam em pH urinário ácido (ácido úrico, cistina), enquanto outros necessitam de um pH alcalino (estruvita, fosfato de cálcio). Vale lembrar que os cálculos coraliformes em geral são compostos por estruvita, mas raramente são compostos por outros materiais, como ácido úrico e cistina. Possível composição dos cálculos coraliformes: • Estruvita (a maioria). • Ácido úrico. • Cistina. Qual é o fator predisponente à formação do cálculo? "Não forma cálculo quem quer, só quem pode..." Apenas uma pequena parcela da população é capaz de formar cálculos renais – os formadores de cálculo! Antes de surgir um cálculo renal é preciso que os cristais sejam formados (nucleação), e depois que esses cristais cresçam e sofram agregação. A nucleação só ocorre quando as concentrações dos íons componentes do cristal excedem um determinado limite na urina (o "produto de formação de cristais", para a nucleação homogênea; e o "produto de solubilidade", para a nucleação heterogênea) Testes para investigar as entidades formadoras de cálculo: EAS, urinocultura quantitativa. Dosagem na urina de 24h – colhida em pelo menos duas ocasiões – dos seguintes elementos: pH, ureia, creatinina, cálcio, ácido úrico, citrato, fosfato, magnésio, sódio, potássio e volume urinário, cloreto, amônia, sulfato. O oxalato deve ser enviado em uma amostra de urina de 24h separada, uma vez que ele deve ser conservado em ácido durante a coleta (para impedir a conversão não enzimática de ascorbato em citrato). Dosagens séricas de cálcio, fosfato, sódio, potássio, cloro, bicarbonato, ácido úrico, ureia, creatinina, albumina (para corrigir o cálcio) e paratormônio (PTH). Tratamento Agudo Cólica nefrética (ureterolitíase sintomática) A cólica nefrética é desencadeada pela impactação de um cálculo no ureter (em um de seus três pontos de estreitamento fisiológico). A consequência imediata é a contratura espasmódica da musculatura lisa ureteral, na tentativa de expulsar o cálculo... A pressão intrapélvica pode chegar a 50 mmHg (normal = 6,5 mmHg), o que justifica a intensa dor em flanco/abdome. Analgesia: Os Anti-Inflamatórios Não Esteroides (AINE) devem ser prescritos como primeira opção, de preferência pela via oral. Em casos de dor severa ou vômitos, a via parenteral deve ser recomendada. Em geral essas drogas têm efeito analgésico excelente, e previnem o espasmo da musculatura lisa do ureter. Os opioides são utilizados somente em pacientes que não respondem ou que não toleram os AINE (ex.: doença renal crônica prévia, pelo risco de IRA farmacoinduzida). Diferentemente dos AINE, os opioides não amenizam o espasmo ureteral, o que justifica o fato deles não serem considerados drogas de "primeira linha" para analgesia (já que não reduzem a recidiva da cólica). Além disso, opioides provocam mais efeitos adversos, como náuseas e vômitos. Geralmente administramos cetorolaco a pacientes que chegam ao pronto-socorro com cólica renal. O tratamento geralmente alivia os sintomas em 10 a 30 minutos. Os pacientes são então prescritos AINEs orais (por exemplo, ibuprofeno) para ataques subsequentes que podem ocorrer enquanto o paciente aguarda a passagem do cálculo ou a remoção cirúrgica do cálculo. Bloqueadores alfa-1 adrenérgicos Os bloqueadores alfa-1 adrenérgicosrelaxam diretamente a musculatura lisa ureteral. Tais drogas conseguem diminuir o espasmo do trato urinário, facilitando a movimentação do cálculo de modo a aumentar a chance de eliminação espontânea. Evidentemente, eles reduzem a intensidade e as recidivas da cólica nefrética... A combinação AINE + alfabloqueador compõe a chamada Terapia Médica Expulsiva (TME). Pacientes com cálculos ureterais pequenos (≤ 10 mm), cujos sintomas conseguem ser bem controlados e que não apresentam indicações formais para uma abordagem urológica imediata (ex.: sepse, IRA – ver adiante), podem tentar a TME por um período de até 4-6 semanas. A droga de escolha na atualidade é o tamsulosin (Secotex®) na dose de 0,4 mg/dia. Ressalte-se que para o tratamento da cólica nefrética esta medicação pode ser utilizada por mulheres (apesar de ser um fármaco comumente empregado no controle da hiperplasia prostática benigna). Bloqueadores de canais de cálcio (ex.: nifedipina) também podem ser usados com o mesmo intuito, porém, são menos eficazes do que os alfabloqueadores e apresentam maior incidência de efeitos colaterais (ex.: hipotensão arterial) Hidratação Classicamente, recomendava-se uma hidratação "forçada", "vigorosa", com o intuito de aumentar a produção de urina e, por conseguinte, a "coluna de pressão" acima do cálculo impactado, o que facilitaria sua eliminação espontânea... Todavia, até hoje nenhuma evidência científica comprovou este benefício, pelo contrário: os estudos sugerem que uma hidratação mínima é tão ou mais eficaz! A hidratação venosa deve ser instituída quando for necessário corrigir um quadro de franca desidratação (ex.: náuseas e vômitos importantes), bem como quando houver indicação de analgesia parenteral. Dissolução química do cálculo O único cálculo comprovadamente passível de ser "dissolvido" é o de ácido úrico. Vimos que este cálculo só se forma em urinas ácidas, logo, a alcalinização urinária (ex.: bicarbonato VO) é capaz de dissolvê-lo! Vale ressaltar que uma dissolução completa e em curto prazo é um desfecho incomum, e por isso as estratégias de dissolução química são pouco empregadas na atualidade... Para outros tipos de cálculo existem outros tipos de "solvente", muitos dos quais são controversos... O fato é que na prática esse tipo de abordagem vem caindo em desuso, em se tratando da crise de cólica nefrética Coar a urina — Os pacientes devem ser instruídos a coar a urina por vários dias e trazer qualquer cálculo que passe para análise. Isso permitirá ao clínico planejar melhor a terapia preventiva. Tratamento da infecção do trato urinário – Pacientes com evidência de infecção concomitante do trato urinário devem ser imediatamente tratados com antibióticos. Seguimento Ao contrário do que muita gente pensa, a maioria das ureterolitíases sintomáticas pode e deve ser manejada de forma conservadora, já que os cálculos com frequência são pequenos (< 5 mm), possuindo grande chance de eliminação espontânea! A probabilidade de expulsão de um cálculo é inversamente proporcional ao seu tamanho... Na ausência de complicações que indiquem uma abordagem intervencionista imediata, a literatura moderna aceita uma tentativa inicial de manejo conservador (com terapia médica expulsiva) para cálculos ureterais ≤ 10 mm. Não obstante, se paciente e médico estiverem de acordo, a abordagem intervencionista pode ser indicada independentemente do tamanho do cálculo ou da presença de complicações... Vale lembrar que durante a TME devemos reavaliar o paciente (ex.: USG após 7-14 dias), a fim de verificar se houve migração do cálculo. Quando o cálculo – mesmo pequeno – não for expelido no prazo de quatro a seis semanas, uma abordagem intervencionista deverá ser programada Consulta urológica — A consulta urológica urgente é necessária em pacientes com infecção do trato urinário, lesão renal aguda além do esperado devido à obstrução unilateral, anúria e/ou dor persistente, náusea ou vômito [3,91] (consulte 'Triagem de pacientes ' acima ). O encaminhamento ambulatorial para urologia é indicado em pacientes com cálculo > 10 mm de diâmetro e em pacientes que falham na passagem do cálculo após quatro semanas de tratamento conservador, incluindo TEM, particularmente se o cálculo tiver > 5 mm de diâmetro ou se houver é uma dor mal controlada Intervenção urológica A maioria dos cálculos ureterais com < 5 mm é eliminada espontaneamente, ainda que o paciente não receba qualquer tipo de tratamento. Contudo, a TME acelera a passagem do cálculo, devendo sempre ser oferecida. Acima de 5 mm a probabilidade de eliminação espontânea diminui de forma progressiva, sendo extremamente baixa com cálculos maiores do que 10 mm... Desse modo, no tocante às dimensões do cálculo, o "ponto de corte" atualmente aceito pela literatura para indicar uma abordagem intervencionista precoce é > 10mm. Cálculos impactados no ureter com > 10 mm de diâmetro devem ser removidos por alguma forma de intervenção urológica, pois sua chance de eliminação espontânea é remota. Acontece que não é somente o tamanho do cálculo que importa... Na realidade, uma intervenção urológica precoce deve ser indicada nas seguintes circunstâncias: 1. Cálculo > 10 mm. 2. Infecção urinária associada*. 3. Sintomas refratários ao tratamento clínico (ex.: dor, náuseas e vômitos). 4. Obstrução persistente e/ou progressiva. 5. Insuficiência renal aguda (obstrução bilateral completa ou unilateral em rim único). *No caso de infecção urinária, o tipo de intervenção urológica imediata deve ser apenas a desobstrução da via urinária (nefrostomia percutânea ou implante de cateter duplo-J). A retirada do cálculo só deve ser realizada num segundo momento, após resolução do processo infeccioso e estabilização clínica do paciente https://www.uptodate.com/contents/kidney-stones-in-adults-diagnosis-and-acute-management-of-suspected-nephrolithiasis/abstract/3,91 https://www.uptodate.com/contents/kidney-stones-in-adults-diagnosis-and-acute-management-of-suspected-nephrolithiasis?search=nefrolit%C3%ADase&topicRef=7375&source=see_link#H2706279847 Existem quatro modalidades de intervenção urológica para a retirada de cálculos urinários: 1. Litotripsia com Ondas de Choque Extracorpórea (LOCE); 2. Litotripsia por ureterorrenoscopia (endourológica); 3. Nefrolitotomia percutânea (cirurgia minimamente invasiva); 4. Nefrolitotomia aberta ("anatrófica"). Tratamento da litíase complicada Denominamos "litíase complicada" quando um cálculo obstrutivo se associa à infecção renal (pielonefrite) ou quando sobrevém insuficiência renal aguda pós-renal, por obstrução ureteral total bilateral ou em rim único. Em tais casos, a primeira preocupação não deve ser retirar o cálculo, mas sim desobstruir a via urinária, a fim de evitar a evolução para perda irreversível do parênquima. Além disso, uma pielonefrite obstruída leva facilmente à sepse urinária fulminante, bacterêmica, uma condição de enorme letalidade Para desobstruir o rim acometido, dois procedimentos emergenciais podem ser usados: 1. Nefrostomia percutânea (cateter "único-J"); 2. Stent ureteral (cateter "duplo-J"). Os cálculos ditos complicados são aqueles que se associam à infecção renal ou à obstrução ureteral total, gerando insuficiência renal aguda pós-renal. Nestes casos, a intervenção deve ser o mais precoce possível. Infecção do Trato Urinário Definição: Presença de um microrganismo patogênico na urina e, consequentemente, nas estruturas que compõem o aparelho urinário – uretra, bexiga, rim ou próstata. Epidemiologia ● É uma das infecções mais frequentes em adultos na atenção primária à saúde (APS) ● Na APS fica atrás apenas de infecções das vias aéreas superiores não especificadas e amigdalites como motivo de prescrição de antimicrobianos em unidades de saúde da família em um estudo brasileiro, em que foi responsável por 13,3% das prescriçõesde antimicrobianos. ● Mais comum em mulheres do que em homens ● Rara nos homens antes dos 50 anos ● Mulheres em idade fértil têm, em média, quase um episódio de cistite por ano. ● Pielonefrites ocorrem em uma proporção de 1:28 com cistites Etiologia As mais encontradas são ● Escherichia coli (gram-negativo) – 80% ● Staphylococcus saprophyticus (gram-positivo) ● Enterococcus (gram-positivo) ● Outros gram-negativos (Klebsiella e Proteus) ● Pseudomonas e ESBL – betalactamase de espectro estendido Classificações Quanto à Localização Trato inferior: • Uretra (uretrite); • Bexiga (cistite). Trato superior: • Rins (pielonefrite); • Ureteres (ureterite). Outros: • Próstata (prostatite)*; • Epidídimo (epididimite)*. Quanto à clínica ITU complicada (definição clássica) • Doença urológica de base • Condições que ↑o risco de infecção renal • Situações que agravam a infecção • Presença de abscessos, pielonefrite enfisematosa e necrose de papila • Homem, crianças, gestantes e hospitalização ITU complicada (definição atual) Qualquer uma dessas características: • Febre (37,8ºC) ou sinais sistêmicos • Dor lombar ou pélvica (homens) • Dor no flanco ○ Sensibilidade no ângulo costovertebral Fatores de Risco Sexo feminino; Atividade sexual; Infecção vaginal; Uso de fraldas; Obesidade; Susceptibilidade genética; Uso de catéter e sondas urinárias; Primeira ITU em idade precoce; Maus hábitos de higiene pessoal; Diafragma e uso de espermicidas. Patogênese Existem quatro possíveis vias para o agente infeccioso atingir o trato urinário: Via Ascendente; Via Hematogênica; Via Linfática; e Inoculação direta por fístula vesico enteral. Sintomas • Dor Lombar • Noctúria • Disúria e dor suprapúbica • Piúria/Hematúria • Urgência miccional • Febre/Calafrios Apresentação típica — O espectro clínico da infecção aguda complicada do trato urinário (ITU) abrange tanto a cistite com características complicadas quanto a pielonefrite: • Os sinais e sintomas de cistite incluem disúria, frequência e urgência urinária, dor suprapúbica e hematúria. Os pacientes com ITU complicada aguda também apresentam febre ou outras características de doença sistêmica (incluindo calafrios, calafrios ou fadiga acentuada ou mal- estar além da linha de base), o que sugere que a infecção se estendeu além da bexiga. • Os sinais e sintomas de pielonefrite classicamente incluem febre, calafrios, dor no flanco, sensibilidade no ângulo costovertebral e náuseas/vômitos [ 13 ]. Os sintomas da cistite são frequentes, mas não universalmente presentes. Sintomas atípicos também foram descritos, com alguns pacientes queixando-se de dor no epigástrio ou na parte inferior do abdome. Para os homens, o espectro clínico da ITU inclui a prostatite, que deve ser considerada em homens que apresentam sintomas de cistite recorrentes ou acompanhados de dor pélvica ou perineal. A piúria está presente em quase todos os pacientes com ITU. Bacteriúria Assintomática Definição Presença de bactérias na urina em paciente com ausência de sintomas característicos de infecção urinária. Necessita apresentar na coleta: ≥ 105 UFC / mL OU ≥ 102 UFC/mL (se coleta em cateter) - pois é uma coleta mais limpa *UFC: Unidades Formadoras de Colônia Tratamento Geralmente NÃO se realiza tratamento, com exceção de: • Gestantes - risco de infecção grave e complicações obstétricas • Pacientes que irão realizar procedimento urológico - risco de bacteremia Nesses casos: 1ª escolha: fosfomicina 3g em dose única ou nitrofurantoina 100 mg 6/6 h por 3-5 dias Outras opções são: bactrim (sulfametoxazol + trimetoprim), betalactâmico ou quinolonas (não é 1ª linha devido aos efeitos colaterais e risco de provocar resistência) Cistite Presença de piúria, mucosite e lesões locais que provocam o aparecimento sintomatológico. Recorrência: duas ou mais infecções em 6 meses ou três ou mais em um ano Sintomas clínicos: disúria e dor suprapúbica, polaciúria, urgência urinária e hematúria macroscópica. Apresenta nos exames de sedimento urinário: Piúria / Bacteriúria / Nitrito (+) Esterase leucocitária Diagnóstico: É essencialmente clínico, sendo realizado EAS ou urina 1 em casos de dúvida. Urocultura + Antibiograma: indicado para paciente com risco de resistência (histórico de infecção por bactéria resistente ou internado em hospital) Exame físico: Dor suprapúbica e periuretral Exame ginecológico: mulheres com queixa de corrimento Toque retal: avaliação da próstata Tratamento 1ª escolha: fosfomicina 3g em dose única ou nitrofurantoina 100 mg 6/6 h por 3-5 dias Outras opções são: bactrim (sulfametoxazol + trimetoprim), betalactâmico ou quinolonas Fenazopiridina por 2 dias (somente se disúria grave, para dor e sempre associado ao ATB) Para cistite recorrente: Profilaxia Contínua ATB profilático por 3 meses (nitrofurantoína) + Medidas comportamentais: Ingesta hídrica aumentada, Micção pós coito, Higiene adequada e Evitar uso de espermicida. Profilaxia Pós coito Tratamento no Homem: Risco de Prostatite: Faz-se o tratamento com quinolonas por 7-14 dias (melhor penetração no tecido prostático). Pielonefrite Bactérias lesionam e destroem o parênquima renal Presença de piúria, febre, toxemia e choque Dor lombar (sinal de Giordano positivo) e sintomas urinários irritativos Diagnóstico / Exames: Realização de EAS e urocultura (obrigatório) Hemograma, eletrólitos, função renal, hepatograma e PCR (se hospitalizado) Exame de imagem (TC ou US), se: - Dúvida no diagnóstico e/ou doença persistente - Anormalidades anatômicas - Suspeita de abscesso ou obstrução (cálculo) Tratamento 1ª Etapa: identificar a necessidade ou não de internação do paciente. Indicação de internação: Obstrução, abscesso, sepse, via aérea inviável e gestante (pelo risco maternofetal). Se paciente internado: • Obstrução e sepse: imipenem (ESBL e Pseudomonas) associado a vancomicina (para cobrir GRAM +) • Outros casos: Ceftriaxona, quinolonas, pipe-tazo • Intervenção cirúrgica: se nefrolitíase ou abcesso (> 5cm) Tratamento ambulatorial: Analisar risco de resistência - Se baixo risco: quinolonas, Ceftriaxone, amoxi- clavulanato - Se alto risco: ertapenem, SMX / TMP (no Brasil tem alta resistência) Complicações Pielonefrite xantogranulomatosa: Reação inflamatória que forma tecido de granulação e os macrófagos presentes nesse tecido carregam dentro deles um conteúdo lipídico muito grande. História • Mulher de meia idade com pielonefrite de repetição • Presença de cálculos coraliformes + Destruição maciça do rim • E. coli e Proteus Tratamento: ATB + retirada do rim afetado Pielonefrite enfisematosa: • Diabéticos hiperglicêmicos com pielonefrite grave • Presença de gás no parênquima renal (exame de imagem) • E. coli e Klebisiella Tratamento: ATB+ drenagem Terapia antimicrobiana dirigida Seleção do regime — Os resultados da urocultura e do teste de suscetibilidade devem ser usados para adequar o regime, se apropriado. Em muitos casos, regimes empíricos de amplo espectro podem ser substituídos por um agente de espectro mais estreito. Os pacientes que foram inicialmente tratados com um regime parenteral podem mudar para um agente oral assim que os sintomas melhorarem, desde que a cultura e os testes de suscetibilidade permitam. As opções dependem do patógeno identificado: ●Enterobacterales (por exemplo, E. coli , K. pneumoniae , P. mirabilis ) : •Isolados suscetíveis – Para Enterobacterales suscetíveis, os agentes orais apropriados para tratar ITU aguda complicada incluem levofloxacino (750 mg uma vez ao dia), ciprofloxacino (500 mg duas vezes ao dia ou 1.000 comprimidos de liberação prolongada uma vez ao dia) e trimetoprima-sulfametoxazol (uma dose dupla [160 mg /800mg] comprimido por via oral duas vezes ao dia). Beta-lactâmicos orais (por exemplo, amoxicilina-clavulanato 875 mg VO duas vezes ao dia, cefpodoxima 200 mg VO duas vezes ao dia, cefadroxil 1 g por via oral duas vezes ao dia) podem ser menos eficazes para ITU aguda complicada (com base em estudos de cistite), mas são alternativas apropriadas se a suscetibilidade for documentada e os outros agentes não forem viáveis. •Isolados resistentes – Alguns isolados que são resistentes a beta-lactâmicos (por exemplo, Enterobacterales produtoras de ESBL) ainda podem ser suscetíveis a fluoroquinolonas e trimetoprim- sulfametoxazol , caso em que esses agentes podem ser usados por via oral como acima. No entanto, para Enterobacterales que são resistentes a fluoroquinolonas, trimetoprim-sulfametoxazol e beta- lactâmicos orais, geralmente é necessário um agente parenteral para completar o curso do tratamento. Usamos o agente de espectro mais estreito que tem atividade esperada. Para bactérias produtoras de ESBL, geralmente é um carbapenem ( meropenem , imipenem ou ertapenem ). As desvantagens de usar piperacilina- tazobactam ou cefepimapara bactérias produtoras de ESBL são discutidas em outro lugar. O tratamento de bactérias gram-negativas resistentes a carbapenem também é discutido em outro lugar. As opções para administração ambulatorial de antimicrobianos parenterais incluem o uso de um cateter central de inserção periférica, um cateter central pré-existente ou injeção IM. Nitrofurantoína, fosfomicina oral e pivmecilinam geral mente devem ser evitados no cenário de ITU aguda complicada porque eles não atingem níveis teciduais adequados fora da bexiga. São necessárias novas opções para o tratamento ambulatorial de bactérias gram-negativas resistentes. Em um estudo randomizado que incluiu 868 adultos hospitalizados por ITU complicada, um carbapenem oral experimental, tebipenem, resultou em taxas de cura clínica semelhantes às do ertapenem intravenoso , cada um administrado por 7 a 10 dias (93 versus 94 por cento no dia 19). As taxas de cura microbiológica foram menores com tebipenem para organismos produtores de ESBL, mas a resposta clínica com esses patógenos permaneceu alta. Embora seja um agente promissor, o risco de seleção para resistência a carbapenem é uma preocupação e o uso criterioso, se disponível no futuro, será importante. ●Enterococcus – Se o Enterococcus for isolado, a amoxicilina (500 mg por via oral a cada oito horas ou 875 mg duas vezes ao dia) é o agente de escolha se o organismo for suscetível; outros colaboradores do UpToDate são a favor de uma dose mais alta de amoxicilina nesse cenário. ●Pseudomonas – Para pacientes com cistite simples aguda devido a P. aeruginosa , a fosfomicina pode ser uma opção ativa, dependendo da suscetibilidade regional. Uma fluoroquinolona oral, como a ciprofloxacina , pode ser usada para cistite simples aguda e para ITU aguda complicada por P. aeruginos ●Staphylococcus – As opções orais incluem sulfametoxazol-trimetoprima (um comprimido de dose dupla [160 mg/800 mg] por via oral duas vezes ao dia) ou, paraespécies de Staphylococcus sensíveis à meticilina, cefadroxil (500 mg duas vezes ao dia). S. aureus é um isolado urinário relativamente incomum. Quando o S. aureus é isolado da urina em um paciente com ITU complicada, hemoculturas são necessárias para descartar bacteremia. O trato urinário pode ser a fonte original de bacteremia por S. aureus ou um local secundário semeado de disseminação hematogênica. A taxa relatada de bacteremia concomitante ou subsequente em pacientes com S. aureusa bacteriúria varia entre aproximadamente 5 e 20 por cento Duração — A duração total da terapia antimicrobiana geralmente varia de 5 a 10 dias, dependendo da rapidez da resposta clínica e do antimicrobiano escolhido para completar o curso. Para indivíduos que apresentam resposta clínica adequada (melhora sintomática nas primeiras 48 a 72 horas de terapia), administramos fluoroquinolonas por 5 a 7 dias, sulfametoxazol-trimetoprima por 7 a 10 dias e beta- lactâmicos por 7 a 10 dias. Para aqueles que apresentam resposta lenta à antibioticoterapia apropriada (por exemplo, sem melhora sintomática nas primeiras 48 a 72 horas de terapia), a avaliação deve avaliar complicações infecciosas ou anormalidades anatômicas subjacentes que possam retardar a resposta (consulte 'Imagiologia 'acima). Durações mais longas do antibiótico podem ser justificadas em pacientes que têm um foco de infecção (como um cálculo não obstrutivo) que não pode ser removido. A duração da terapia antimicrobiana não precisa ser prolongada no cenário de bacteremia quando outros fatores complicadores estão ausentes; não há evidências de que a bacteremia seja um presságio de pior prognóstico. Avaliação da Urina A urina normal é clara e de cor amarelo claro. A turbidez e a cor da urina podem ser alteradas em várias situações. Cor da urina – A cor amarela típica da urina é mais clara quando a urina é diluída e mais escura quando concentrada, como após uma restrição hídrica durante a noite. A urina também pode ter uma variedade de outras cores. Urina vermelha a marrom – A excreção de urina vermelha a marrom é observada em uma variedade de configurações. A etapa inicial na avaliação dessa anormalidade é a centrifugação da urina para ver se a cor vermelha está no sedimento urinário ou no sobrenadante. Se a cor vermelha for observada apenas no sedimento (e o sobrenadante não for vermelho), o paciente provavelmente tem hematúria. Se, por outro lado, o sobrenadante for vermelho, então o sobrenadante deve ser testado para heme (frequentemente rotulado como "sangue") com uma vareta de urina: • Se uma vareta de urina do sobrenadante vermelho for positiva para heme, o paciente tem hemoglobinúria ou mioglobinúria. • Se uma vareta de urina do sobrenadante vermelho for negativa para heme, uma das seguintes condições deve ser considerada: https://www.uptodate.com/contents/acute-complicated-urinary-tract-infection-including-pyelonephritis-in-adults?search=nefrolit%C3%ADase&topicRef=7366&source=see_link#H3170583666 o Uso de certos medicamentos, como rifampicina, fenitoína ou hidroxicobalamina o Consumo de corantes alimentares o Ingestão de beterraba (beetúria), ruibarbo ou senna o Porfiria intermitente aguda Outras cores de urina – Raramente, a urina tem outras cores, incluindo: • Urina branca, que pode ser devida a cristais de fosfato, quilúria ou propofol. • Urina rosa, presumivelmente devido a cristais de ácido úrico, que podem ocorrer após a administração de propofol. • Urina esverdeada, que pode ser decorrente da administração de azul de metileno, propofol, amitriptilina ou, raramente, de infecção do trato urinário causada por Pseudomonas aeruginosa. • Urina preta, que pode ser devida a hemoglobinúria, mioglobulinúria, melanúria no contexto de melanoma metastático ou ocronose. A urina preta na ocronose, que geralmente resulta de alcaptonúria (também chamada de "doença da urina preta"), é causada pela excreção urinária de ácido homogentísico. A cor preta pode ser aparente somente após algum tempo de repouso da urina, permitindo a oxidação do ácido homogentísico. • Urina roxa, que pode ser decorrente de bacteriúria em pacientes com cateteres urinários, ou coadministração de azul de metileno e hidroxicobalamina. Turbidez – A urina normal geralmente é clara. Urina turva pode ser observada no contexto de infecção ou como resultado de cristais precipitados ou quilúria. A contaminação causada por secreções genitais também pode causar urina turva. Odor de urina – Um odor pungente anormal da urina é mais frequentemente causado pela produção de amônia por bactérias. A presença de cetonas na urina pode fazer com que a urina tenha um odor doce ou frutado. Referências CURHAN, Gary C. Kidney stones in adults: Epidemiologyand risk factors. UpToDate, 2023. GUPTA, Kalpana. Acute complicated urinary tract infection (including pyelonephritis) in adults. UpToDate, 2023. WALD, R. Urinalysis in the diagnosis of kidney disease. UpToDate, 2022.
Compartilhar