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Teoria Geral dos Recursos Formas de impugnação Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte. Trânsito em julgado e baixa dos autos Art. 1.006. Certificado o trânsito em julgado, com menção expressa da data de sua ocorrência, o escrivão ou o chefe de secretaria, independentemente de despacho, providenciará a baixa dos autos ao juízo de origem, no prazo de 5 dias. Princípios Recursais · Princípio da recorribilidade: tal princípio é lógico uma vez que a decisão pode ter um erro in procedendo (processo- normalmente pede-se a anulação) ou erro in judicando (mérito- normalmente pede-se a reforma). · Princípio do duplo grau de jurisdição: princípio implícito previsto na CRFB e determina que o juízo que analisa o recurso deve ser divergente do juiz que proferiu a decisão. · Princípio da taxatividade: Só haverá recurso se houver previsão nesse sentido. Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo de instrumento; III - agravo interno; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; VI - recurso especial; VII - recurso extraordinário; VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; IX - embargos de divergência. · Princípio da unirrecorribilidade ou singularidade recursal: Para cada caso há somente um recurso cabível, de forma que a interposição de recurso inadequado leva ao não conhecimento do recurso e preclusão consumativa. · Princípio da Fungibilidade recursal: possibilidade de o juiz conhecer o recurso errado como certo, mas somente em casos excepcionais, quando houver: · Previsão legal: Ex: 1032 e 1033 quando o relator no STJ recebe um recurso especial que seria, na verdade, recurso extraordinário. · Dúvida objetiva (controvérsia na doutrina e jurisprudência), inexistência de erro grosseiro e má-fé: nos casos de dúvida objetiva de qual seria o recurso cabível. · Princípio da proibição da reformatio in pejus: o julgamento do recurso não pode prejudicar o recorrente. · Princípio da dialeticidade: Não basta demonstrar o interesse de recorrer, deve-se demonstrar as razões específicas para que haja mudança. · Princípio da complementariedade: Possibilidade de complementar as razões ou contrarrazões recursais caso haja a modificação da decisão por embargos de declaração com efeitos modificativos. Ex: A entrou com apelação e B com embargos de declaração, mas no julgamento dos ED houve o efeito modificativo. Dessa forma, A poderá complementar as razões recursais no prazo de 15 dias, nos moldes da mudança recursal. Efeitos Recursais · Efeito devolutivo: a matéria objeto de recurso é devolvida para que haja nova apreciação. “Tantum devolutum quantum appellatum”, ou seja, é devolvido aquilo que foi objeto de apelo. · Exceção Efeito translativo: Refere-se à possibilidade de questões de ordem pública poderem ser conhecidas em qualquer grau e independentemente de manifestação (de ofício). · Efeito suspensivo: a interposição do recurso suspende a eficácia da decisão recorrida. Em regra, segundo o art. 945, os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. · Previsão legal. · Decisão judicial- pedido do recorrente: art. 945, § ú: A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. possibilidade mesmo quando não há previsão. · Efeito substitutivo: Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso. · Efeito Obstativo: A interposição impede a formação de coisa julgada. · Efeito expansivo: decisão no recurso é mais abrangente do que a impugnação. Pode ser de duas formas: · Expansão objetiva: · Interno: a expansão se dá dentro do processo e atinge vários atos. Ex: reconhecimento de litispendência. · Externo: a expansão se dá fora do processo. Ex: reconhecimento de ilegitimidade. · Expansão subjetiva: quando a decisão beneficia ou prejudica quem dela não fez parte. · Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita (litisconsórcio unitário), salvo se distintos ou opostos os seus interesses. · Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. · Efeito regressivo: possibilidade de o julgador exercer o juízo de retratabilidade. Requisitos de Admissibilidade O julgamento do recurso passa por dois juízos: · Admissibilidade: análise acerca do conhecido ou não. · Mérito: análise acerca do provimento ou não. · Requisitos intrínsecos: diz respeito ao direito de recorrer. · Cabimento e adequação: O recurso interposto tem de ser cabível a situação. · Legitimidade: Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. · Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. · Interesse: diz respeito à sucumbência, ou seja, só quem perdeu algo é que tem interesse em ver a decisão modificada. · Inexistência de fato impeditivo ou extintivo: referem-se a atitudes tomadas pelo recorrente que impossibilita de ter seu recurso admitido, e consequentemente o mérito julgado. · Impeditivos: reconhecimento jurídico do pedido, desistência da ação, renúncia ao direito, transação, renúncia ao recurso. · Extintivos: desistência do recurso. · Requisitos extrínsecos: diz respeito ao modo de recorrer. · Tempestividade: Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. · § 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for proferida a decisão. · § 2º Aplica-se o disposto no art. 231 , incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação. formas ordinárias de contagem do prazo. · § 3º No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial. · § 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem. · § 5º Excetuados os embargos de declaração (prazo de 5 dias), o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 dias. · § 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso. · Recurso antes do prazo: tempestivo. · Obs: prazo em dobro para MP, Adv. Pública, Defensoria Pública. E prazo em dobro para litisconsórcio com advogados distintos, salvo em autos eletrônicos. · Restituição dos prazos: Art. 1.004. Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de seu advogado ou ocorrer motivo de força maior que suspenda o curso do processo, será tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr novamente depois da intimação. · Regularidade formal: · Representado por advogado; · Razões recursais. · Outros requisitos específicos a depender do recurso. Ex: necessidade de comprovar a repercussão geral no RE. · Preparo: Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. · § 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. · §2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 dias. · § 3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos. · § 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. § 5º É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4º. · § 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 dias para efetuar o preparo. · § 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 dias. Desistência, Renúncia e Impossibilidade de Recorrer Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. · Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos. Renúncia ao direito de recorrer Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. Impossibilidade de recorrer · Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer. · Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso. Recurso Adesivo Recursos independentes Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. Recurso adesivo § 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. Trata da possibilidade de uma das partes que não recorreu tempestivamente aderir ao recurso da outra parte. · § 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: Se o principal não for admitido o adesivo também não será. · I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; · II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; · III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível. · O prazo para contrarrazões é o mesmo do recurso principal e a parte pode ou não apresentar.
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