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Trabalho_Final_de_Tpicos_em_Filosofia_-_2023 1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA
Instituto de Humanidades, Artes e Ciências - IHAC
Disciplina: Tópicos Especiais em Filosofia
Docente: Prof. Dr. Márcio José Silveira Lima
Discente: Cidiclei dos Santo Souza
Matrícula: 2021021964
TRABALHO FINAL DE TÓPICOS ESPECIAIS EM FILOSOFIA
A filosofia de Nietzsche
Friedrich Nietzsche, um filólogo que se interessava ativamente pela filosofia,
ganhou um grande e extenso destaque na contemporaneidade. Suas obras foram
usadas como estudos acadêmicos posteriormente a sua morte. Como pode a
pessoa fazer sucesso após a morte? Nietzsche não se admirava por sua própria
escrita, porém escrevia sem fundamento ou pretensão alguma. Em uma de suas
obras, ele até faz uma referência quanto ao seu reconhecimento pelas suas
escritas, mas nada que a incerteza pudesse fazer na vida desse filólogo.
Sua filosofia está centrada especificamente nas ideias de um filósofo alemão
professor de Filosofia chamado Schopenhauer. Schopenhauer inspirou Nietzsche
em muitos aspectos, principalmente em suas obras, possibilitando suas escritas
mas complementadas de questões e respostas filosóficas. Suas obras mais
famosas no mundo acadêmico são O nascimento da tragédia, Genealogia da Moral,
Assim falou o Zaratustra e o Ecce Homo.
VIDA E ARTE
A mitologia grega para Nietzsche sempre foi algo extraordinário, tendo em
vista que é na mitologia grega que ele discorre sobre a arte e a inserção da música
à tona. Neste caso, na concepção do filólogo, a música teria origem na mitologia
grega. Desse modo, Nietzsche afirma que
“A música é, portanto, se considerada como
expressão do mundo, uma linguagem universal
em sumo grau, que até mesmo para
universalidade dos conceitos está a mais ou
menos como está para as coisas singulares.”
(NIETZSCHE, 2014, pág 23)
Discorrendo da citação acima, podemos entender que Nietzsche enfatiza a
música como algo superior entre muitos sentidos. Como assim em muitos sentidos?
Podemos associar aos próprios sentidos da vida. A música, por exemplo, é cantada
em diversos momentos: tristes ou felizes, ela sempre vai estar num “ambiente que
ela se encaixe” para nos favorecer. Desse modo, a música torna-se uma linguagem
de expressão como afirma o autor, de uma forma mais humanizada.
Na perspectiva da música, podemos ainda enfatizar a tragédia que é
abordada por Nietzsche de uma maneira indispensável no campo da filosofia grega.
A tragédia para Nietzsche é concebida como algo sentimental e ao mesmo tempo
uma forma de nos expressar. Parece meio parecido com a concepção da música.
A música e a tragédia caminham juntas enfatizando expressão correlativas
aos meios artísticos, ou seja, Nietzsche associava diretamente ao campo das artes.
Desse modo, utiliza linguagens metafóricas e simbólicas que representam uma
dinamização no sentido da vida. Para o filólogo, a vida é repleta de dicotomias que
se tornam presentes desde a existência dela mesma, sendo considerada como
momentos altos e baixos. Fazendo uma análise desse entendimento de Nietzsche,
podemos referenciar a nossa própria vida, por exemplo, muitos de nossos
momentos são bons, estamos sorridentes, alegres e ao mesmo tempo estamos
felizes com a vida, do outro lado, às vezes ficamos tristes, cabisbaixos ou até
mesmo passando por uma situação difícil, definindo a vida como um sofrimento.
Para que essas vidas fossem feitas de altos e baixos, Nietzsche dizia que
havia duas forças (oriundas da mitologia grega) que guiavam os seres humanos.
Espíritos Apolíneos (Apolo) e Dionisíaco (Dionísio) eram considerados seres de
extrema importância no pensamento de Nietzsche, uma vez que suas ideias e seus
fundamentos teóricos se inspiram nesses dois personagens da mitologia grega. O
espírito apolíneo representa Luz, ordem, razão, equilíbrio e moderação. Era tido
como um lado racional e ao mesmo tempo “ correto” por alguns filósofos da época,
inclusive Sócrates. Para tais filósofos, as pessoas precisavam viver numa razão
absoluta, ou seja, um conhecimento que jamais poderá ser contestada,
independente de qualquer pensamento. Já o espírito dionisíaco, enfatizava os
sentidos, paixões, instintos, prazer e loucura.Este lado dionisíaco pode ser
entendido como “ uma breve curtição da vida”, ou seja, este lado estava associado a
cultuação da vida por meio de uma culturalização. O ser humano neste lado
dionisíaco deveria viver viver alguns momentos de sua vida extravasando seus
sentimentos e emoções, a fim de poder seguir sua vida normalmente após essa
“breve curtição”.
Para que a sociedade vivesse regularmente, era preciso que essas duas
forças estivessem reinando sobre as vidas das pessoas, mas reinando de uma
forma justa e equiparada. Desse modo, na concepção de Nietzsche, as pessoas
precisavam basear suas vidas na razão e equilíbrio complementado com alguns
adjetivos do lado oposto (dionisíaco: precisavam também de prazer, sentimentos,
instintos, etc. Fazendo uma análise desse pensamento de Nietzsche, podemos
refletir que precisamos em nossas vidas um certo “limite” para as coisas, não
extravagantes momentos e fazendo coisas que futuramente poderá nos trazer
prejuízos e tristezas. Neste entendimento, podemos discorrer que às vezes
podemos sim “sair um pouco de si” como fundamenta o lado dionisíaco, mas
precisamos dividir os momentos “sérios”, "corretos", "brincadeiras" etc.
Entretanto, essas duas forças (Apolínea e Dionisíaca) foram rompidas,
segundo Nietzsche, com o pensamento filosófico de Sócrates. Este, se baseava
num pensamento racional e científico, ou seja, ele se baseava num pensamento
objetivo e que ao mesmo tempo não aceitava outra forma de pensamento. Desse
modo, Nietzsche afirma que nesta perspectiva filosófica
“todo o nosso mundo moderno está preso na rede
da civilização alexandrina e conhece como ideal o
homem teórico, equipado com os máximos
poderes de conhecimento, trabalhando a serviço
da ciência, cujo protótipo e ancestral é Sócrates”
(NIETZSCHE, 2014, pág. 25)
Vejamos nesta citação que a interferência de Sócrates do lado apolíneo
pode ser concebida de uma forma bem direta e objetiva, descartando totalmente o
lado dionisíaco (lado que Sócrates jamais apoiaria filosoficamente).
MORALIDADE - MORAL
O que venha a ser moral ou moralidade na filosofia? Para entender de fato
esses dois termos, levamos em consideração duas dicotomias associadas entre o
bem e o mal; o certo e o errado. Numa perspectiva filosófica, a questão da moral na
concepção de Nietzsche está associada diretamente a aceitação de valores que
poderiam ser questionados ou até mesmo poderiam atribuí-los a valores adjetivados
de maus.
Neste sentido da moral, Nietzsche discorrer suas principais ideias e
fundamentos filosóficos enfatizando dois tipos de valoração existententes de acordo
com a moralidade, são eles: valoração nobre (são atribuídos valores próprios - bem
\mau \ feliz) são valores associados ao bem, com a exceção do mal. Valoração
escrava ou sacerdotal (são atribuídos adjetivos maléficos do outro ou próximo),
podemos dizer seria uma valoração submissa a algo levado.
Por que o bem vale mais do que o mal? Muitas das vezes chegamos a esse
tipo de pergunta que muitas das vezes não encontramos uma resposta concreta e
correta, porém na filosofia de Nietzsche o bem seria extra-julgado na valoração
nobre por se tratar de uma escolha própria de si mesma.
“Enunciemo-la, esta nova exigência:
necessitamos de uma crítica dos valores
morais, o próprio valor desses valores deverá
ser colocado em questão - para isto é
necessário um conhecimento das condições e
circunstâncias nas quais nasceram, sob as quais
se desenvolveram e se modificaram."
(NIETZSCHE, 1998, pag.12)
Nietzsche critica fortemente a moral em questão da igualdade sobre os dois
tipos de valoração, paralelo a isso, o filólogo concebia que essa inversão de valores
colocam as pessoas em um mesmo patamar, ou seja, um patamar destacando as
melhores pessoas em comparação com pessoas medíocres (atribuição do outro
como mau).Desse modo, Nietzsche afirma que “ Na história universal, os grandes
odiadores sempre foram sacerdotes, também os mais ricos em espíritos -
comparados ao espírito da vingança sacerdotal, todo espírito restante
empalidece”(NIETZSCHE,1887,p.27) . Tentando enfatizar e caracterizar o outro
como fracassado ou credor-devedor, Nietzsche afirma que estes (sacerdotes)
passariam a ser vistos como virtudes. Partindo para uma reflexão, podemos
discorrer que se tudo fosse ruim se tornasse bem seria uma mera salvação para a
humanidade. Defeitos como fracasso, se tornam-se vencedores ou se as pessoas
maldosas se tornam bondosas, definiria o mundo com uma boa qualidade.
Aceitar a moral dos fracos - devedores, seria uma forma de negação da
nossa própria essência e negando a própria existência (vida). Diante disso, ao negar
a própria existência e nos definir como uma pessoa fracassada, posteriormente
deveríamos conceber isso como uma coisa boa. Parece meio que uma Filosofia
engarrafada, mas não, é justamente uma filosofia nietzscheana.
É a partir da perspectiva filosófica do valor e da moral que Nietzsche nos
traz o conceito de transvaloração dos valores, que são impostos por nós mesmos.
Ele afirma que a sociedade deveria criar novos valores e deveria se basear na moral
dos “senhores” e nobres (em outras palavras, deveriam se basear suas vidas em
pessoas fortes) para isso era preciso que cada um deixasse de ser um mero
humano e se tornasse um além-homem ou super homem. Neste caso, o super-
homem é um dos grandes objetivos que os seres humanos devem alcançar, que
neste caso seria o encontro da sua própria vida aqui na terra. As pessoas deveriam
se livrar das ruindades que estão presentes na terra, ir em busca de um sentido
positivo da vida e entre isso, buscar sempre a verdade. Sendo assim, o
super-homem sempre faz questionamentos sobre os valores que lhe são impostos a
fim de poder entender a universalidade da vida.
Ainda discorrendo dos conceitos do super-homem, Nietzsche enfatiza que
todos os seres humanos são animados ou movidos por algum impulso, que
denominamos vontade de poder que podemos dizer que seria um desejo pela vida e
não negando a ela mesma. Analisando esse fundamento filosófico de Nietzsche,
nós humanos, precisamos viver a vida intensamente de uma maneira aprofundada,
esquecendo dos problemas que existem em nossas vidas.
VIDA E REFLEXÃO
Partindo para uma “lição de vida”, Nietzsche discorre que
Devemos falar apenas do que não podemos calar;
e falar somente daquilo que superamos — todo o
resto é tagarelice, “literatura”, falta de disciplina
(NIETZSCHE, 2000, pág. 01)
Neste sentido, ao falar do que devemos ou não falar, Nietzsche concebe a
superação como algo extraordinário em nossas vidas. Isso significa que os
seres humanos precisam abordar, falar, ou até mesmo lembrar daquilo que
realmente importa para nossa vida. Paralelo a isso, o ser humano precisa
pautar sua vida em coisas que lhe trará resultados bons e não ficar apegados
diretamente à falácias ou tagarelice, como ele mesmo menciona em sua obra
Humano Demasiado Humano.
Discorrendo sobre a reflexão da vida, podemos referenciar os “altos e baixos”
da vida que falamos anteriormente no texto, muitas das vezes adentramos numa
situação super difícil, malmente sabemos como resolvê, preocupados, sem saber,
buscamos saídas através de de palavras (falas) que para Nietzsche não é correto.
Deste modo, não devemos nos apegar ao sofrimento e nem as falas (tagarelice),
pois caso isso ocorra, ficamos ainda mais frustrados. Nietzsche então enfatiza que
devemos pautar nossas vidas de superação. A superação para ele seria o “
encontro do futuro” já que muitas coisas ele já deixou para trás.
Nietzsche traz em suas obras uma reflexão de seus ensinamentos da vida,
condizendo suas experiências vivenciadas ao longo de sua vida. Sendo assim
Nietzsche diz que
“Ali deve ser mantido o equilíbrio, a serenidade, até
mesmo a gratidão para com a vida, ali reina uma vontade
severa, orgulhosa, sempre vigilante e suscetível, que se
colocou a tarefa de defender a vida contra a dor e de
abater todas as conclusões que, na dor, na desilusão, no
fastio, na solidão e outros terrenos pantanosos,
costumam medrar como fungos venenosos”
(NIETZSCHE, 2000, pág. 04)
Neste sentido, a vida torna-se difícil, porém ao mesmo tempo temos que ir em
busca do deferimento do “ difícil sofrimento" e seguir com a vida. Nesta perspectiva,
Nietzche discorre que um sofredor não tem direito ao pessimismo, tendo um vista
que esse pessimismo impulsionaria no sofrimento da vida, contudo, Nietzsche
afirma que independente do pessimismo “ temos de assumir uma carga mais
pesada do que a que levávamos antes…(NIETZSCHE, 1886, p. 3), desse modo,
nós como seres humanos, devemos "aguentar" toda dor e sofrimento e seguir em
frente sem fazer qualquer questionamento sobre a vida.
Portanto, a filosofia de Nietzsche é pautada tanto na crítica quanto na
reflexão que pode ser associada a nossa própria vida. Uma filosofia engajada na
reflexão filosófica, é justamente um impulso para que a nossa sociedade possa se
aconselhar através de seus ensinamentos como: moral, valoração, vida etc.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NIETZSCHE, F.. Obras incompletas.. 1. EDITORA 34. 2014
NIETZSCHE, F.. Humano, demasiado humano. 1. Cia das Letras. 2000
NIETZSCHE, F. Genealogia da moral: uma polêmica. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998. p.12.

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