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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS, SOCIAIS, SAÚDE E TECNOLOGIA - CCSST CURSO DE ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE FARMACOTERAPIA APLICADA À ENFERMAGEM CASO CLÍNICO 1 MC., um adolescente de 15 anos de idade, sofre graves queimaduras ao tentar escapar de um incêndio em um centro de treinamento. As queimaduras extensas são de primeiro e de segundo graus e atingiram grande parte do corpo, incluindo uma queimadura local de terceiro grau no antebraço direito. MC. chega ao setor de emergência com dor intensa e é tratado com morfina intravenosa em doses crescentes, até relatar o desaparecimento da dor. A dose de morfina é então mantida. No dia seguinte, o paciente é submetido a enxerto de pele na região da queimadura de terceiro grau. Durante a operação, o anestesista administra uma infusão intravenosa contínua de remifentanil, com uma dose de morfina por injeção intravenosa direta 15 minutos antes do término da cirurgia. No final da cirurgia e nos 4 dias seguintes, MC. recebe morfina intravenosa através de um dispositivo de analgesia controlado pelo paciente. À medida que as queimaduras vão cicatrizando, a dose de morfina é reduzida de modo gradativo e, por fim, substituída por um comprimido contendo a associação codeína/acetaminofen. 1 - A percepção de dor resulta do processamento neuronal e da transmissão de estimulação sensorial nociva, que ocorre na periferia, mas que é percebida no sistema nervoso central. Quando MC foi queimado, quais vias foram responsáveis pela transmissão sequencial e modulação dessa estimulação sensorial? Vias da Dor e nocicepção: Vias periférica, ascendente e descendente 2 – MC foi tratado com opióides, morfina e remifentanil por via intravenosa na sua apresentação inicial e no perioperatório. Qual é o mecanismo de ação através do qual esses medicamentos aliviam a dor? A morfina liga-se aos receptores do tipo Mu opióides no sistema nervoso central (SNC), causando inibição das vias ascendentes da dor, alterando a percepção e a resposta à dor; produz depressão generalizada do SNC. Os opióides atuam promovendo a abertura dos canais de potássio e a inibição da abertura de canais de cálcio controlados por voltagem. Causando assim, hiperpolarização e redução da excitabilidade neuronal. Além disso, ocorre redução da liberação de transmissores (pela inibição da entrada de Ca2+). Contudo, os opióides também aumentam a atividade em algumas vias neuronais. Esse efeito ocorre devido a um processo de desinibição, em que acontece excitação dos neurônios de projeção por supressão da atividade de interneurônios inibitórios. O remifentanil é o mais recente opióide proposto para uso em anestesia. A característica que o diferencia dos demais opióides é o seu metabolismo. O remifentanil é um éster que, degradado por esterases plasmáticas e teciduais, origina metabólitos praticamente inativos com relação aos receptores µ. Além disso, possui volumes de distribuição extremamente pequenos. Da combinação destes dois fatores, resulta o efeito ultracurto do remifentanil. Tanto a velocidade com que se obtém equilíbrio entre as concentrações plasmática e cerebral como a velocidade com que ambas as concentrações decaem, após dose única ou interrupção da infusão, são extremamente elevadas. Por outro lado, ao contrário do que ocorre com alfentanil e sulfentanil, o valor da meia- vida de eliminação plasmática é baixo, independentemente da duração da infusão. Isto indica que não há acúmulo da droga, mesmo após administração de altas doses por períodos de tempo prolongados. 3- À medida que as queimaduras foram cicatrizando, a dose de morfina de MC foi reduzida de modo gradativo, e foi administrado um comprimido contendo a associação codeína/acetaminofen para controle da dor. Qual é o fundamento lógico para o uso deste medicamento de combinação para o tratamento da dor? Essa associação combina os efeitos analgésicos de uma substância química com ação central, a codeína, com o paracetamol, analgésico não-opioide. O paracetamol + fosfato de codeína é indicado para o alívio de dores de grau moderado a intenso. Como nas decorrentes de traumatismo (entorses, luxações, contusões, distensões, fraturas), pós-operatório, pós-extração dentária, neuralgia, lombalgia, dores de origem articular e condições similares). 4 - Meses após ter sofrido a queimadura, MC tem uma sensação de formigamento persistente na área do enxerto cutâneo, com episódios ocasionais de dor aguda intensa. É tratado com amitriptilina. Que tipo de medicamento é a amitriptilina, e como ela controla a dor neuropática? O cloridrato de amitriptilina é um antidepressivo com propriedades analgésicas utilizado no tratamento da depressão e da dor neuropática, persistente. Ele é considerado o protótipo de todos os antidepressivos. A amitriptilina é um tipo de medicamento classificado como antidepressivo tricíclico, e só pode ser comercializado sob indicação médica, com retenção da receita. Os mecanismos de ação envolvem a ativação da via descendente inibitória da dor pelo aumento da concentração de serotonina e de noradrenalina na fenda sináptica em níveis espinhal e supraespinhal. 5 - Quais seriam os possíveis efeitos dos opióides no SNC deste paciente? Logo após a injeção de opióides, o usuário experimenta um "rush", uma "onda de prazer". Isso ocorre devido à rápida estimulação de centros cerebrais superiores, que pode ser seguido de uma inibição parcial do sistema nervoso central (ou depressão do SNC). A dose necessária para causar esses efeitos pode também causar agitação, náuseas e vômitos. Com o aumento da dose, há a sensação de calor no corpo, boca seca, mãos e pés pesados, e um estado em que o "mundo é esquecido". Esses efeitos ocorrem devido à ação de opióides "exógenos" como a morfina, e opióides "endógenos" como as beta-endorfinas em receptores opióides do tipo mu. Ao se ligarem a esse receptor, essas substâncias causam analgesia, somente com o uso sistemático é que pode ocorrer a depressão do sistema nervoso central. 6 - Quais as principais interações medicamentosas podem ocorrer com esta classe de medicamentos? A farmacocinética dos opióides pode ser alterada por interações medicamentosas. Entre as principais interações medicamentosas com opioides, destaca-se o grupo de sedativos hipnóticos, os antipsicóticos e os inibidores da MAO. O enfermeiro, ao aprazar os horários de administração dos opioides, deve ter conhecimento das características farmacodinâmicas do medicamento, garantindo a eficácia da analgesia e evitando possíveis interações medicamentosas. 7 - Quais os cuidados de enfermagem, nesse caso, são necessários? Os cuidados para oxigenação expostos são: monitorização com oxímetro de pulso e elevação da cabeceira em 30º e hiperextensão da região cervical; Destaca-se a necessidade da avaliação dos sinais de choque hipovolêmico, e intervir de forma imediata com reposição de líquidos e eletrólitos, conforme indicação terapêutica adotada pelo médico; Para os pacientes pequenos queimados, a oferta de alimentos deve ocorrer nas primeiras horas, para médios e grandes queimados a nutrição enteral deve ser iniciada nas primeiras 48 a 72 horas, em posicionamento gástrico/enteral, mediante a utilização de Bomba de Infusão Contínua. Ressalta-se que a infusão contínua de alimentos mantém a motilidade gastrointestinal e a integridade da mucosa, minimizando a estase e a translocação bacteriana. Oferta da dieta deve ser rigorosamente avaliada pelo enfermeiro; Registrar e comunicar o volume, frequência e características da micção espontânea, realizar o cateterismo vesical e controle do débito urinário a cada hora para avaliar resposta à hidratação venosa nas primeiras 24 horas, bem como para avaliação da função renal; Realizar a limpeza prévia das lesões antes do curativo sempre com água corrente clorada; em casos de lesão ocular, a lavagemcopiosa do olho afetado com solução fisiológica 0,9%, eversão das pálpebras superiores e remoção de resíduos com swab estéril, após anestesia; Outros cuidados são o rompimento das bolhas e remoção dos tecidos desvitalizados, aplicando uma cobertura antimicrobiana, tendo a atenção voltada ao tratamento tópico da ferida, limpeza, desbridamento e aplicação da cobertura, que deve oferecer, como componente primário, condições ideais para reepitelização; A reavaliação deve seguir cuidados criteriosos quanto ao estado neurológico, padrão respiratório, temperatura corporal, principalmente em pacientes médio e grande queimados, que podem evoluir para hipotermia, e vou presença acentuada de edema em região e membros afetados; A elevação da cabeceira do leito, bem como a elevação dos membros, são cuidados citados como primordiais para a prevenção e controle do edema. Alguns do cuidados importantes: - Alívio da dor imediata; - Administração de morfina; - Remoção de escaras e tecido necrótico; - Administração de soro fisiológico durante todo o período; - Cuidado com a perda de líquido excessiva; - Monitorar possíveis casos de embolia gordurosa;
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