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Patologia - Inflamação Aguda

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Aula 4 – Inflamação Aguda 
Visão Geral da Inflamação 
A eliminação de invasores estranhos, como agentes infecciosos e tecidos lesados são essenciais para a sobre-
vivência dos seres e são mediadas por uma resposta complexa do hospedeiro chamada inflamação. Ela é uma 
resposta protetora que envolve células do hospedeiro, vasos sanguíneos, proteínas e outros mediadores, e é 
destinada a eliminar a causa inicial da lesão celular, bem como as células e tecidos necróticos que resultam 
da lesão original e iniciar o processo de reparo. A inflamação realiza sua função protetora diluindo, destruindo 
ou neutralizando os agentes nocivos, além de movimentar os eventos que curam e reparam os sítios de lesão. 
Embora todas essas funções, a inflamação também pode causar danos aos tecidos normais caso a reação for 
muito forte, prolongada ou inapropriada. 
A inflamação pode ser crônica ou aguda. A aguda tem início rápido e curta duração (poucos minutos a poucos 
dias) e caracteriza-se pela exsudação de líquidos proteínas plasmáticas, acúmulo de leucócitos, predominan-
temente neutrófilos. Enquanto a crônica pode ser mais insidiosa e duração mais longa (dias a anos), caracte-
rizada pelo influxo de linfócitos e macrófagos com proliferação vascular associada a fibrose (cicatrização). 
Quando um micróbio penetra no tecido ou o tecido é lesado, a presença de infecção ou lesão é percebida por 
células residentes, principalmente macrófagos, mas também por células dendríticas, mastócitos e outros tipos 
celulares. Essas células secretam moléculas (citocinas e outros mediadores) que induzem e regulam a resposta 
inflamatória. Os mediadores inflamatórios também são produzidos a partir das proteínas plasmáticas que rea-
gem com os micróbios ou com os tecidos lesados. As manifestações externas da inflamação, chamadas de 
sinais cardinais, são: calor, rubor (vermelhidão), tumor (inchaço), dor e perda de função. 
Dessa forma, a inflamação é, normalmente, controlada e autolimitada. As células e mediadores são ativados 
apenas em resposta à lesão e, como têm vida curta, são degradados ou se tornam inativos quando o agente 
agressor é eliminado. Caso o agente não seja removido, o resultante pode ser uma inflamação crônica. É 
possível sintetizar as etapas da resposta inflamatória em 5 R’s: Reconhecimento, Recrutamento, Remoção, 
Regulação e Reparo. 
Inflamação Aguda 
A inflamação aguda é uma resposta rápida que leva leucócitos e proteínas plasmáticas para os locais da lesão. 
Uma vez lá, os leucócitos removem os invasores e iniciam o processo de digerir e se livrar dos tecidos necró-
ticos. A inflamação aguda possui dois componentes principais: alterações vasculares e eventos celulares. 
Alterações vasculares: alterações do calibre vascular que resultam em aumento do fluxo sanguíneo (vasodi-
latação) e alterações nas paredes vasculares que permitem que as proteínas plasmáticas deixem a circulação 
(aumento da permeabilidade vascular). Além disso, as células endoteliais são ativadas, resultando no aumento 
de adesão dos leucócitos e sua migração através das paredes dos vasos. 
Eventos celulares: emigração dos leucócitos da microcirculação e seu acúmulo no foco da lesão (recruta-
mento e ativação celular), tornando-os aptos para eliminar o agente agressor. Os principais leucócitos na in-
flamação aguda são os neutrófilos (leucócitos polimorfonucleares). 
Os estímulos para a inflamação aguda podem ser as infecções, traumas, necrose tecidual, corpos estranhos 
e reações imunológicas. 
Reconhecimento 
Os fagócitos, células dendríticas e outras células, como células epiteliais, expressam receptores designados a 
sentir a presença de patógenos infecciosos e substâncias liberadas das células mortas. Esses receptores são 
chamados de “receptores-padrão de reconhecimento” por reconhecerem estruturas (isto é, padrões molecula-
res) que são comuns a muitos microrganismos ou células mortas. Os dois principais tipos de receptores são: 
Receptores do tipo Toll (TLRs): são sensores que reconhecem produtos bacterianos (endotoxina e DNA 
bacteriano) e outros patógenos. Ficam localizados nas membranas plasmáticas e nos endossomos, sendo ca-
pazes de reconhecer microrganismos intra e extracelulares. O reconhecimento por esses receptores ativa fato-
res de transcrição que estimulam a produção de uma série de proteínas de membrana e secretadas. Essas pro-
teínas incluem mediadores da inflamação, citocinas antivirais (interferons) e proteínas que promovem ativação 
dos linfócitos e respostas imunológicas mais potentes. 
Inflamossomo: é um complexo citoplasmático multiproteico que reconhece produtos das células mortas, 
como ácido úrico e ATP extracelular, bem como cristais e alguns produtos microbianos. Sua ativação resulta 
na ativação de uma enzima chamada caspase 1, que cliva as formas precursoras da citocina inflamatória in-
terleucina 1(IL-1) em sua forma biologicamente ativa. um importante mediador no recrutamento de leucó-
citos na resposta inflamatória aguda, onde os leucócitos fagocitam e destroem as células mortas. 
Alterações Vasculares 
As principais reações vasculares da inflamação aguda são o aumento do fluxo sanguíneo e o aumento da 
permeabilidade vascular, ambos destinados a trazer células sanguíneas e proteínas para os sítios de infecção 
ou lesão. Essas alterações iniciam-se rapidamente após lesão ou infecção, mas desenvolvem-se em velocida-
des variáveis, dependendo da natureza e gravidade do estímulo inflamatório original. 
Após vasoconstrição transitória (que dura apenas segundos), ocorre vasodilatação das arteríolas, resultando 
em aumento do fluxo sanguíneo e abertura dos leitos capilares. Essa expansão vascular é a causa da verme-
lhidão (eritema) e calor observados, caracteristicamente, na inflamação aguda e mencionados anteriormente 
como dois sinais cardinais da inflamação. Como a microcirculação torna-se mais permeável, o líquido rico 
em proteínas extravasa para dentro dos tecidos extravasculares. A perda de líquido faz com que as hemácias 
fiquem mais concentradas, aumentando, assim, a viscosidade do sangue e diminuindo a velocidade da circu-
lação. Essas alterações são refletidas, microscopicamente, pela presença de numerosos pequenos vasos dila-
tados, repletos de hemácias, um processo chamado estase. Quando a estase se desenvolve, os leucócitos (prin-
cipalmente os neutrófilos) começam a se acumular ao longo da superfície endotelial vascular, um processo 
chamado marginação. Essa é a primeira etapa da jornada dos leucócitos através da parede vascular para dentro 
do tecido intersticial. 
Enquanto isso, o aumento da permeabilidade vascular leva à saída de líquido rico em proteínas e células 
sanguíneas para os tecidos extravasculares, promovendo aumento da pressão osmótica do líquido intersticial 
e maior efluxo de água do sangue para os tecidos. O acúmulo de líquido rico em proteínas resultante é chamado 
de exsudato, sendo típico da inflamação. Enquanto o acúmulo de líquido intersticial é chamado de transudato 
e é causado pelo aumento da pressão hidrostática, geralmente como consequência da redução do retorno ve-
noso e contêm baixas concentrações de proteína e pouca ou nenhuma célula sanguínea, acumulando-se em 
várias condições não inflamatórias. Já o acúmulo de líquido nos espaços extravasculares é chamado de edema, 
podendo ser transudato ou exsudato. 
Alguns eventos contribuem para o aumento da permeabilidade vascular nas reações inflamatórias agudas, 
como a contração da célula endotelial, formando lacunas intercelulares nas vênulas pós-capilares, sendo esta 
a causa mais comum do aumento da permeabilidade vascular, ocorrendo rapidamente após a ligação com a 
histamina, bradicinina, leucotrienos e outros mediadores químicos, ocorrendo, geralmente, por pouco tempo. 
Outro evento que contribui é a lesão endotelial que resulta no extravasamento vascular, causando necrose e 
desprendimento da célula endotelial. Geralmenteesse caso corre em lesões graves e perdura por horas ou dias 
até que os vasos sejam trombosados ou reparados. É possível que ocorra também o extravasamento prolongado 
tardio, que ocorre com um retardo de 2 a 12 horas após à exposição ao evento estressor, como no caso de 
lesões térmicas leve a moderadas, toxinas bacterianas, radiação X ou ultravioleta (queimadura solar). As cé-
lulas endoteliais também podem ser lesadas como consequência do acúmulo de leucócitos ao longo da parede 
do vaso que, quando ativados, liberam muitos mediadores tóxicos, discutidos adiante, que podem causar lesão 
ou desprendimento endotelial. Outro fator é o aumento da transcitose de proteínas através de canais forma-
dos pela fusão de vesículas intracelulares aumenta a permeabilidade das vênulas, especialmente após a expo-
sição a certos mediadores, como o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) ou ainda o extravasa-
mento de novos vasos sanguíneos resultado do reparo de tecidos envolvendo a angiogênese, de forma que 
os novos brotos sanguíneos ficam permeáveis até que as células endoteliais em proliferação se diferenciem 
suficientemente para formar junções intercelulares. 
Além das células sanguíneas, os vasos linfáticos também podem participar do processo inflamatório. Na in-
flamação, o fluxo da linfa é aumentado e auxilia a drenagem do fluido do edema, dos leucócitos e restos 
celulares do espaço extravascular. Nas reações inflamatórias mais severas, especialmente aos micróbios, os 
linfáticos podem transportar o agente lesivo, contribuindo para sua disseminação. Os vasos linfáticos podem 
tornar-se inflamados secundariamente (linfangite), bem como os linfonodos de drenagem (linfadenite). Os 
linfonodos inflamados estão frequentemente aumentados devido à hiperplasia dos folículos linfoides e ao au-
mento do número de linfócitos e células fagocíticas que revestem os seios dos linfonodos. Essa constelação 
de alterações patológicas é chamada de linfadenite reativa ou inflamatória. 
Eventos Celulares: Recrutamento dos Leucócitos 
Uma importante função da inflamação é transportar os leucócitos ao local da lesão e ativá-los. Porém, uma 
vez ativados, podem induzir lesão tecidual e prolongar a inflamação, já que os produtos dos leucócitos que 
destroem micróbios podem também lesar os tecidos normais do hospedeiro. 
Normalmente, os leucócitos fluem rapidamente no sangue e, na inflamação, eles têm de ser parados e levados 
ao agente agressor ou ao local da lesão tecidual, sítios tipicamente extravasculares. Os leucócitos começam a 
ser recrutados pela marginação e rolagem ao longo da parede do vaso, seguida da aderência firme ao endotélio, 
transmigração entre as células endoteliais e migração para os tecidos intersticiais, em direção a um estímulo 
quimiotático. 
O sangue circula mais rápido no centro do que nas periferias, onde as células sanguíneas acompanham a 
mesma evolução, de modo que os eritrócitos tendem a ficar centralizados e os leucócitos, maiores, ficam na 
periferia, podendo interagir de melhor forma com o endotélio, processo conhecimento como marginação. 
Caso as células endoteliais sejam ativadas por citocinas ou outros mediadores, são expressas moléculas de 
adesão às quais os leucócitos aderem firmemente, de forma que estes se destacam e rolam na superfície endo-
telial em um processo chamado rolamento. As adesões rápidas e transitórias envolvidas na rolagem são me-
diadas pelas selectinas que são receptores expressos nos leucócitos e no endotélio, sendo reguladas após esti-
mulação por citocininas e outros mediadores, uma vez que não são encontradas em grande quantidade em 
células normais. Portanto, a ligação dos leucócitos fica mais restrita aos locais de lesão ou infecção. 
Outro processo é a adesão onde os leucócitos firmam a aderência às superfícies endoteliais mediada pelas 
integrinas que são expressas nas superfícies celulares dos leucócitos e que interagem com os seus ligantes 
nas células endoteliais. Normalmente, as integrinas são expressas em estado de baixa afinidade e só ficam 
aderidas a seus ligantes após os leucócitos serem ativados pelas quimiocinas que são quimioatraentes secreta-
dos por várias células nos locais de inflamação e estão expressas na superfície do endotélio. Dessa forma, as 
integrinas se agrupam e convertem-se em um estado de alta afinidade, ao mesmo tempo que as citocinas 
ativam as células endoteliais para aumentar sua expressão de ligantes para integrinas, resultando em alterações 
do citoesqueleto que regulam a firme adesão ao substrato e o resultado final é a adesão estável dos leucócitos 
às células endoteliais nos locais da inflamação. 
Após a aderência, os leucócitos migram pela parede do vaso através do movimento denominado diapedese, 
sendo orientada pelas quimiocinas dos tecidos extravasculares, muitas vezes com o auxilio da molécula PE-
CAM-1 (ou CD31) que medeia os eventos de ligação para a diapedese. Após a passagem, os leucócitos secre-
tam colagenases que degradam focalmente a membrana basal dos vasos, atravessando-as e completando o 
processo chamado de transmigração. 
Após o extravasamento, os leucócitos migram em direção ao local da lesão ou infecção ao longo de um gra-
diente químico mediado por um processo chamado quimiotaxia. Substâncias endógenas ou exógenas podem 
atuar como fatores quimiotáxicos para os leucócitos, como produtos bacterianos, citocinas, componentes do 
sistema complemento (C5) e produtos do metabolismo do ácido araquidônico (leucotrieno B4 [LTB4]). 
O tipo de leucócito migrante varia com o tempo da resposta inflamatória e com o tipo do estímulo. Na maioria 
das formas de inflamações agudas, os neutrófilos predominam no infiltrado inflamatório, durante as primeiras 
6-24 horas, sendo substituídos por monócitos em 24-48 horas. Essa abundância inicial dos neutrófilos acon-
tecido devido ao seu maior número no sangue, por responderem de forma mais rápida às quimiocinas e por e 
aderirem mais firmemente às moléculas de adesão que são rapidamente induzidas nas células endoteliais, 
como a P-selectina e a E-selectina. Posteriormente, por terem um tempo de vida curto (24 a 48 horas), os 
neutrófilos morrem por apoptose, dando lugar aos monócitos. Contudo, nesse sistema há exceções, como o 
caso de infecção por Pseudomonas onde o infiltrado celular é feito de forma contínua por neutrófilos por 
vários dias; ou então em infecções virais, onde os linfócitos são as primeiras células a chegarem, ou então em 
reações de hipersensibilidade onde os eosinófilos são o principal tipo celular. 
 
Eventos Celulares: Ativação dos Leucócitos 
Após recrutados, os leucócitos precisam ser ativados para exercer a função, onde os estímulos para a ativação 
são os microrganismos, produtos de células necróticas e outros mediadores. Dessa forma, a ativação resulta 
em fagocitose de partículas, destruição intracelular de micróbios e células mortas fagocitados, liberação de 
substâncias que destroem micróbios extracelulares e células mortas e produção de mediadores. 
A fagocitose consiste de três etapas distintas: (1) reconhecimento e fixação da partícula ao linfócito fagocítico; 
(2) engolfamento, com subsequente formação de um vacúolo fagocítico e (3) destruição e degradação do ma-
terial ingerido. Através de receptores celulares específicos é feito o reconhecimento dos componentes de 
micróbios e das células mortas ou das proteínas do hospedeiro chamadas opsoninas que revestem os micróbios 
e os tornam alvos para a fagocitose (processo chamado de opsonização). As principais opsoninas são os an-
ticorpos da classe imunoglobulina G (IgG) que se ligam às superfícies do antígeno microbiano; os produtos 
de degradação da proteína C3 do complemento; e as lectinas de ligação a carboidratos chamadas colectinas, 
que se ligam aos grupamentos de açúcares da parede celular dos microrganismos. Essas opsoninas ou estão 
presentes no sangue, prontas para revestir os micróbios,ou são produzidas em resposta aos micróbios. Os 
leucócitos expressam receptores para opsoninas que facilitam a rápida fagocitose dos micróbios revestidos. A 
ligação de partículas opsonizadas desencadeia o engolfamento e induz a ativação celular que aumenta a de-
gradação dos micróbios ingeridos. No engolfamento, os pseudópodes se estendem em torno do objeto, for-
mando um vacúolo fagocítico. Então, a membrana do vacúolo se funde com a membrana de um grânulo lisos-
sômico, resultando em liberação do conteúdo do grânulo dentro do fagolisossoma. A finalização da fagocitose 
de microrganismos é a destruição e a degradação das partículas ingeridas. As etapas-chave nessa reação são 
a produção de substâncias microbicidas dentro dos lisossomos e a fusão dos lisossomos com os fagossomos, 
expondo, seletivamente, as partículas ingeridas aos mecanismos destruidores dos leucócitos, onde as substân-
cias microbicidas mais importantes são as espécies reativas do oxigênio (ERO) e as enzimas lisossômicas. 
Os microrganismos mortos são então degradados pela ação de hidrolases ácidas lisossômicas sendo que a 
enzima lisossômica mais importante envolvida na destruição de bactérias é a elastase. 
É possível que ocorra lesão tecidual induzida por leucócitos, uma vez que estes secretam substâncias poten-
cialmente prejudiciais, como enzimas e ERO, e são causas importantes de lesão em células e tecidos normais, 
podendo ocorrer como parte da reação normal de defesa contra microrganismos, como tentativa de remoção 
de tecidos lesados ou mortos ou quando a resposta é impropriamente dirigida contra os tecidos do hospe-
deiro como no caso de doenças autoimunes. 
Também é possível que ocorra defeitos na função leucocitária onde as causas mais comuns de inflamações 
defeituosas são a supressão da medula óssea causada por tumores e quimioterapia ou radiação (que diminui o 
número de leucócitos) e doenças metabólicas como diabetes (que causa funções anormais nos leucócitos). 
Também pode ocorrer distúrbios genéticos que afetam a adesão dos leucócitos, a atividade microbicida, a 
formação do fagolisossoma e mutações nas vias de sinalização do receptor tipo Toll. Sendo assim, essas alte-
rações resultam em aumento da suscetibilidade às infecções. 
Resultados da Inflamação Aguda 
É possível que ocorra um dos três resultados da inflamação aguda: restauração, cicatrização ou inflamação 
crônica. Quando a lesão é limitada ou breve, onde há pouca ou nenhuma destruição tecidual e quando o tecido 
é capaz de se regenerar, o resultando na restauração a uma normalidade estrutural e funcional. Antes desse 
processo ocorrer, é necessário que os leucócitos começam a produzir mediadores que inibem a inflamação, 
limitando, assim, a reação. Finalmente, os esforços combinados de drenagem linfática e ingestão dos restos 
necróticos pelos macrófagos resultam em remoção do líquido de edema, das células inflamatórias e dos 
detritos do local. Os leucócitos secretam citocinas que iniciam o processo subsequente de reparo, no qual 
novos vasos sanguíneos crescem dentro do tecido lesado para fornecer nutrientes, os fatores de crescimento 
estimulam a proliferação dos fibroblastos que secretam colágeno para preencher os defeitos, e as células teci-
duais residentes proliferam para restaurar a integridade estrutural. Por outro lado, quando o agente nocivo não 
é removido, a inflamação crônica pode suceder a inflamação aguda. Dependendo da extensão da lesão inicial 
e da sua continuidade, bem como da capacidade de regeneração dos tecidos afetados, a inflamação crônica 
pode ser sucedida pela restauração da estrutura e função normal ou resultar em cicatrização. Por fim, a cica-
trização é o tipo de reparo que ocorre após destruição tecidual substancial (como na formação de abscesso) 
ou quando a inflamação atinge tecidos que não se regeneram e são substituídos por tecido conjuntivo. Em 
órgãos nos quais ocorrem depósitos extensos de tecido conjuntivo, na tentativa de curar a lesão ou como 
consequência de inflamação crônica, o resultado é a fibrose, que pode comprometer sua função. 
 
 
 
Padrões Morfológicos da Inflamação Aguda 
As reações vasculares e celulares que caracterizam a inflamação aguda são refletidas na aparência morfológica 
da reação. A gravidade da resposta inflamatória, sua causa específica e o tecido envolvido podem modificar a 
morfologia básica da inflamação aguda, produzindo aparências distintas. 
A inflamação serosa é caracterizada pelo extravasamento de um fluido aquoso, relativamente pobre em pro-
teína que, dependendo do local da lesão, se origina do soro sanguíneo ou das secreções de células mesoteliais 
que revestem as cavidades peritoneal, pleural e pericárdica. A bolha cutânea resultante de uma queimadura ou 
infecção viral é um bom exemplo do acúmulo de líquido seroso, dentro ou imediatamente embaixo da epi-
derme cutânea. O líquido em uma cavidade serosa é chamado de efusão. 
A inflamação fibrinosa ocorre como consequência de lesões mais graves, resultando em maior permeabili-
dade vascular que permite a moléculas grandes (como o fibrinogênio) atravessarem a barreira endotelial. Um 
exsudato fibrinoso é característico de inflamação no revestimento de cavidades corporais, como meninges, 
pericárdio e pleura. Esses exsudatos podem ser degradados por fibrinólise, e os restos acumulados podem ser 
removidos pelos macrófagos, restaurando a estrutura normal do tecido (resolução). Se, no entanto, a fibrina 
não for completamente removida, isso resultará no crescimento de fibroblastos e vasos sanguíneos (organi-
zação) que leva finalmente à cicatrização, podendo haver consequências clínicas significativas. Por exemplo, 
a organização de um exsudato fibrinoso pericárdico forma um denso tecido cicatricial fibroso que transpõe ou 
oblitera o espaço pericárdico e restringe a função do miocárdio. 
A inflamação supurativa (purulenta) e a formação de abscesso são caracterizadas pela presença de grande 
quantidade de exsudato purulento (ou pus) consistindo em neutrófilos, células necróticas e líquido de edema. 
Certos microrganismos (p. ex., estafilococos) induzem essa supuração localizada e, por isso, são chamados de 
piogênicos (formadores de pus). Os abscessos são coleções localizadas de pus que podem ser causadas por 
organismos piogênicos contidos dentro de um tecido ou por infecções secundárias de focos necróticos. Os 
abscessos possuem uma região central de células necróticas, tendo em volta uma camada de neutrófilos pre-
servados e circundada por vasos dilatados e fibroblastos em proliferação, indicando o início do reparo. Com 
o tempo, o abscesso pode tornar-se completamente encerrado e ser substituído por tecido conjuntivo. Devido 
à destruição do tecido subjacente, geralmente o resultado do abscesso é a formação de cicatriz. 
Uma úlcera é um defeito local ou escavação da superfície de um órgão ou tecido que é produzida por necrose 
das células e desprendimento (esfacelamento) do tecido inflamatório necrótico. A ulceração pode ocorrer ape-
nas quando existe tecido necrótico e inflamação na superfície ou próximo a ela. 
Mediadores Químicos e Reguladores da Inflamação 
Os mediadores podem ser produzidos localmente pelas células no local da inflamação ou circular no plasma 
(sintetizados pelo fígado), como precursores inativos que são ativados no local da inflamação. A maioria dos 
mediadores induz seus efeitos através da ligação a receptores específicos nas células-alvo e as ações da 
maioria dos mediadores são estreitamente reguladas e de curta duração. 
Os mediadores derivados de células são divididos em vários tipos: 
Aminas Vasoativas: são aminas vasoativas a histamina e a serotonina. Elas são armazenadas nos mastócitos 
e em outras células como moléculas pré-formadas e estão entre os primeiros mediadores a serem liberados nas 
reações inflamatórias agudas. A histamina pré-formada é liberada dos grânulos dos mastócitos, em resposta a 
estímuloslesivos ou suas consequências. Em seres humanos, a histamina causa dilatação das arteríolas e é o 
principal mediador da fase imediata de aumento da permeabilidade vascular, produzindo a contração do en-
dotélio venular e as lacunas interendoteliais. Logo após a sua liberação, a histamina é inativada pela histami-
nase. Já a serotonina é um mediador vasoativo pré-formado, encontrado primariamente nos grânulos das pla-
quetas e liberado durante a agregação plaquetária, induzindo a vasoconstrição durante a coagulação. 
Metabólitos do Ácido Araquidônico: são as prostaglandinas, leucotrienos e lipoxinas. Também chamados 
eicosanoides, sua síntese é aumentada nos locais da resposta inflamatória, e os agentes que inibem sua síntese 
diminuem também a inflamação. Esses mediadores derivados do ácido araquidônico atuam localmente onde 
são formados e depois são destruídos enzimaticamente ou decompõem-se espontaneamente. As prostaglan-
dinas e tromboxanos são produtos da via da cicloxigenase. As prostaglandinas PGI2, PGE1, PGE2, PGD2 são 
responsáveis pela vasodilatação, enquanto o tromboxano A2 é responsável por vasoconstrição. Os 
leucotrienos são produzidos por resposta ao metabolismo do ácido araquidônico, predominante nos neutrófi-
los, causam vasoconstrição, broncoespasmo e aumento da permeabilidade vascular. Por outro lado, 
quando os leucócitos entram nos tecidos, gradualmente mudam seus principais produtos do ácido araquidônico 
derivados da lipoxigenase de leucotrienos para mediadores anti-inflamatórios chamados lipoxinas, as quais 
inibem a quimiotaxia e a aderência dos neutrófilos ao endotélio, funcionando, portanto, como antagonistas 
endógenos dos leucotrienos. 
As citocinas são polipeptídios produzidos por muitos tipos celulares, que funcionam como mediadores da 
inflamação e das respostas imunes. Diferentes citocinas estão envolvidas nas reações inflamatórias imunes 
inatas a estímulos nocivos e nas respostas imunes adaptativas (específicas) aos micróbios. Molecularmente 
caracterizadas, as citocinas são chamadas de interleucinas (abreviadas IL e numeradas), referindo-se à sua 
habilidade em mediar as comunicações entre os leucócitos. As principais citocinas na inflamação aguda são o 
TNF e IL-1, IL-6, bem como um grupo de citocinas quimioatraentes chamadas quimiocinas. O TNF e a IL-
1 são produzidos por macrófagos ativados, mastócitos, células endoteliais e alguns outros tipos celulares. Sua 
secreção é estimulada por produtos microbianos, como endotoxinas bacterianas, imunocomplexos e produtos 
dos linfócitos T gerados durante respostas imunes. O principal papel dessas citocinas na inflamação é a ativa-
ção endotelial. O TNF e a IL-1 estimulam a expressão de moléculas de adesão nas células endoteliais, resul-
tando em aumento do recrutamento, aderência dos leucócitos e aumento da produção de citocinas adicionais 
(principalmente quimiocinas) e eicosanoides. Embora o TNF e a IL-1 sejam secretados no local da inflamação, 
pelos macrófagos e outras células, podem entrar na circulação e atuar em locais distantes, induzindo a reação 
de fase aguda sistêmica que é sempre associada a infecção e doenças inflamatórias. As quimiocinas são uma 
família de proteínas pequenas relacionadas estruturalmente, que atuam primariamente como quimioatraentes 
para diferentes grupos de linfócitos. As duas principais funções das quimiocinas são o recrutamento dos leu-
cócitos na inflamação e na organização anatômica normal das células nos tecidos linfoides e outros tecidos. 
As espécies reativas do oxigênio (ERO’s) são sintetizadas através da via NADPH-oxidase (oxidase dos fagó-
citos) e são liberadas dos neutrófilos e macrófagos ativados por bactérias, imunocomplexos, citocinas e uma 
variedade de estímulos inflamatórios. Quando as ERO são produzidas dentro dos lisossomos, funcionam des-
truindo os micróbios fagocitados e as células necróticas. Quando secretadas em níveis baixos, as ERO podem 
aumentar a expressão das moléculas de adesão, citocinas e quimiocinas, amplificando, assim, a cascata de 
mediadores inflamatórios. Em níveis mais altos, esses mediadores são responsáveis pela lesão tecidual através 
de vários mecanismos, incluindo (1) lesão endotelial, com trombose e aumento da permeabilidade vascular; 
(2) inativação das antiproteases e ativação das proteases, com aumento da degradação da MEC e (3) lesão 
direta de outros tipos celulares (p. ex., células tumorais, hemácias, células parenquimatosas). 
O óxido nítrico (NO) é um gás radical livre de curta duração. No sistema nervoso central, regula a liberação 
de neurotransmissores, bem como o fluxo sanguíneo. Os macrófagos utilizam o NO como um metabólito 
citotóxico para destruir micróbios e células tumorais. Quando produzido pelas células endoteliais, causa rela-
xamento do músculo liso e vasodilatação. Uma importante função do NO é atuar como agente microbicida 
(citotóxico), em macrófagos ativados. O NO desempenha outros papéis na inflamação, incluindo relaxamento 
do músculo liso vascular, antagonismo a todos os estágios da ativação plaquetária (adesão, agregação e des-
granulação) e redução do recrutamento de leucócitos para os locais inflamatórios. 
As enzimas lisossômicas dos leucócitos contêm muitas enzimas que destroem as substâncias fagocitadas e 
são capazes de causar lesão tecidual. Os efeitos potencialmente lesivos das enzimas lisossômicas são mantidos 
sob o controle das antiproteases, presentes no soro e líquidos teciduais. 
Os neuropeptídios, semelhantes às aminas vasoativas, podem iniciar as respostas inflamatórias; eles são pe-
quenas proteínas como a substância P, que transmite os sinais dolorosos, regula o tônus do vaso e modula a 
permeabilidade vascular. 
Mediadores Derivados de Proteínas Plasmáticas 
O sistema complemento consiste em proteínas plasmáticas que exercem um papel importante na defesa (imu-
nidade) do hospedeiro e na inflamação. Sob ativação, as diferentes proteínas do complemento revestem (op-
sonizam) as partículas, como os micróbios, para fagocitose e destruição, e contribuem para a resposta infla-
matória, aumentando a permeabilidade vascular e a quimiotaxia dos leucócitos. A ativação do complemento 
finalmente gera o complexo de ataque à membrana (MAC) que forma canais nas membranas dos micróbios 
invasores. Os componentes do complemento, numerados de C1 a C9, estão presentes no plasma em formas 
inativas e muitos deles são ativados por proteólise para que eles mesmos adquiram atividades proteolíticas, 
iniciando, assim, uma cascata enzimática. C3a e C5a aumentam a permeabilidade vascular e causam vasodi-
latação, induzindo os mastócitos a liberar histamina. O C5a também ativa, em neutrófilos e macrófagos, a via 
da lipoxigenase do metabolismo do AA, causando a liberação de mais mediadores inflamatórios. 
Além disso, o sistema de coagulação também possui função no processo inflamatório. Algumas das molécu-
las ativadas durante a coagulação sanguínea são capazes de disparar múltiplos aspectos da resposta inflama-
tória. O fator de Hageman é uma proteína sintetizada pelo fígado que circula em forma inativa até encontrar 
colágeno, membrana basal ou plaquetas ativadas. Quando ativado, inicia quatro sistemas envolvidos na res-
posta inflamatória: (1) o sistema de cininas, produzindo cininas vasoativas; (2) o sistema de coagulação, 
induzindo a ativação de trombina, fibrinopeptídeos e fator X, todos com propriedades inflamatórias; (3) o 
sistema fibrinolítico, produzindo plasmina e inativando a trombina, e (4) o sistema complemento, produ-
zindo as anafilatoxinas C3a e C5a.

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