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Disfunção Sexual Masculina

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Aula 3 – Disfunção Sexual Masculina 
A disfunção erétil é caracterizada pela 
incapacidade, recorrente ou permanente, de 
obter e/ou manter uma ereção peniana 
adequada para o intercurso sexual satisfatório. 
A incidência aumenta com a idade, atingindo cerca 
de 1 a cada 50 homens abaixo dos 40 anos, e 1 a 
cada 4 homens acima dos 65 anos. 
O estágio de flacidez é mantido pela contratura 
das artérias (artéria pudenda interna) e arteríolas. 
Do contrário, na ereção, há relaxamento da 
musculatura lisa, promovendo o aumento do fluxo 
sanguíneo, processo mediado por 
neurotransmissores. Simultaneamente, ocorre a 
compressão dos plexos venosos, acarretando na 
redução do fluxo sanguíneo de saída e, por 
consequência, aprisionado o sangue. 
O controle nervoso é feito de forma autônoma pelo 
sistema nervoso simpático (plexo T12 – L2, 
contração) e parassimpático (plexo S2 – S4, 
relaxamento), e de forma somática (nervo 
pudendo, responsável pela sensibilidade) pela 
via sensorial e motora. 
A noradrenalina, liberada pelos nervos 
adrenérgicos, se liga aos receptores adrenérgicos e 
produz a contração da musculatura lisa, 
causando a flacidez. Do contrário, no estado de 
relaxamento, há liberação de acetilcolina e, 
simultaneamente, de óxido nítrico, responsáveis 
pela vasodilatação e consequente ereção. Em 
geral, os receptores dopaminérgicos e 
adrenérgicos promovem a estimulação sexual, 
enquanto os receptores 5-HT a inibem. 
Etiologia 
A disfunção erétil pode ter causas arteriais, 
neurológicas, medicamentosas, hormonais e 
psicológicas. 
Nas causas arteriais, cita-se os processos 
ateroscleróticos, hipertensão arterial sistêmica, 
doença arterial coronariana, cardiopatia 
isquêmica, entre outras. Ou seja, a dificuldade de 
circulação adequada ou a promoção da contração (e 
flacidez consequente), como na hipertensão. 
Nas causas neurológicas, citam-se as doenças 
cerebrais, neuropatias periféricas (como a 
diabetes), lesões de medula, lesão do nervo 
pudendo, alcoolismo, entre outros. 
Já nas causas medicamentosas, cita-se o uso de 
anti-hipertensivos (betabloqueadores e 
tiazídicos), antidepressivos e antiandrogênicos. 
Nos antidepressivos, a disfunção ocorre com maior 
frequência nos inibidores da monoaminoxidase 
(IMAOs), inibidores seletivos da recaptação da 
serotonina, venlafaxina e agentes tricíclicos. Já a 
bupropiona, mirtazapina, moclobemida e 
tianeptina possuem menor incidência de tal efeito 
em razão da baixa atividade serotoninérgica¹. 
Nas causas hormonais, cita-se a ocorrência de 
hipogonadismo, hiperprolactinemia, distúrbios 
da tireoide, Cushing, Addison, etc. 
Por fim, temos as causas psicológicas, como a 
ansiedade e depressão. Normalmente, seu início é 
súbito, ocorrendo em situações específicas e há 
presença de ereções matinais e/ou noturnas, as 
quais indicam que o mecanismo de ereção está 
preservado. 
Manejo Clínico 
Na anamnese, é importante diferenciar a 
disfunção erétil de outras disfunções sexuais, 
como a ejaculação precoce, diminuição da libido, 
disfunção orgasmica, etc. Também se deve pedir o 
início, duração e intensidade dos sintomas e 
presença de ereções matutinas/noturnas. Não se 
deve esquecer de verificar as comorbidades atuais, 
uso de medicações e cirurgias prévias. 
Ao exame físico, deve-se aferir a pressão 
arterial, coletar dados antropométricos, realizar 
a palpação testicular (verificando volume e 
hipogonadismo), realizar o exame digital da 
próstata, inspecionar o pênis e verificar a 
presença de ginecomastia. 
Por fim, na avaliação laboratorial, pode-se pedir 
a glicemia de jejum, perfil lipídico (Colesterol 
total, frações e triglicerídeos), testosterona total e, 
para maiores de 50 anos, a verificação do PSA 
total. 
 
Simpático: Contração (flacidez) 
Parassimpático: Relaxamento (ereção) 
 
Tratamento 
O tratamento deve ser escalonado. Dessa forma, 
inicia-se procurando por possíveis comorbidades 
orgânicas e disfunções psicossociais e as tratando. 
Caso não corra melhora ou não haja tais disfunções, 
o tratamento medicamentoso deve ser iniciado. 
O tratamento medicamentoso tem como 
fármacos de primeira linha os inibidores da 
fosfodiesterase 5 (iPDE-5), como o sildenafil 
(Viagra®), tadalafil (Cialis®), e o vardenafil 
(Levitra®). Porém, vale ressaltar que a ereção só 
vai ocorrer com a ocorrência de estímulo sexual. 
Como contraindicação do seu uso, é o uso de 
nitratos. Em caso de má resposta, deve-se verificar 
se a utilização do medicamento está correta. 
Após, é possível trocar por outro medicamento 
da mesma classe ou aumentar a dosagem da 
medicação atual. 
Em caso de persistência de falha, pode-se partir 
para a terapia intracavernosa com aplicação de 
prostaglandinas E1, como o Alprostadil 
(Caverject ) ou pela terapia combinada, como 
Trimix (papaverina + fentolamina + 
prostaglandina E1). Nesse tratamento há risco de 
priapismo (e a ereção não necessita de estímulo). 
Por fim, se nenhuma alternativa anterior deu certo, 
parte-se para a última tentativa: tratamento 
cirúrgico. Nesse caso, é feito um implante de 
prótese peniana, que pode ser semirrígida ou 
inflável. Entretanto, essa opção é irreversível. 
Aula 3 – Deficiência Androgênica do 
Envelhecimento Masculino 
A deficiência androgênica do envelhecimento 
masculino (DAEM) é o declínio importante da 
testosterona na fase de envelhecimento 
masculino, manifestando-se por sintomas 
semelhantes ao hipogonadismo, mas sem uma 
causa específica para tais sintomas. 
Manifestações Clínicas 
Nesse distúrbio, há três manifestações essenciais: 
diminuição da frequência de ereções matinais, 
diminuição da frequência de pensamentos de 
sexo e disfunção erétil. Além disso, é possível que 
ocorra sintomas não sexuais, como fadiga, 
depressão, diminuição da massa magra e força, 
diminuição dos pelos corporais, diminuição da 
densidade mineral óssea e alterações cognitivas, 
como alteração de humor, menor atividade 
intelectual e irritabilidade. 
Diagnóstico 
O diagnóstico é feito quando se há uma clínica 
compatível com a DAEM associada à alteração 
laboratorial de testosterona, ou seja, quando a 
testosterona total está abaixo de 300 ng/dl. 
Tratamento 
O tratamento é feito pela terapia de reposição 
hormonal. Para tal, faz-se a reposição de 
testosterona por via oral, transdérmica ou 
intramuscular. As duas primeiras apresentam 
custo elevado, uso diário e alta hepatotoxicidade, 
ao contrário da intramuscular. Esta, por sua vez, é 
feita com a administração de Enantato de 
Testosterona 250 mg de 15 em 15 dias, ou 
Undecilato de Testosterona 1000 mg de forma 
trimestral. Como contraindicação absoluta 
dessa terapia, cita-se o câncer de próstata ou 
mama, poliglobulia e sintomas graves do trato 
urinário inferior. 
Aula 3 – Ejaculação Precoce 
A ejaculação precoce consiste na ejaculação com 
menos de 1 minuto após a penetração ou a 
inabilidade de retardar a ejaculação, resultando 
em frustração, incomodo e insatisfação sexual. Sua 
etiologia é indeterminada, podendo ser 
multifatorial, mas possui forte ligação com o 
transtorno de ansiedade. 
Dessa forma, seu diagnóstico é clínico e o 
tratamento se baseia em três pilares. O primeiro 
pilar é o suporte psicológico, seguido de métodos 
comportamentais (treinamento de interrupção) e, 
por fim, de tratamento farmacológico. Este, por 
sua vez, pode ser feito com o uso de inibidores 
seletivos da recaptação de serotonina, como a 
paroxetina de modo contínuo ou a dapoxetina 
sob demanda. Também é possível aplicar 
anestésicos tópicos, como a lidocaína, bem como, 
a utilização off-label de tramadol sob demanda, 
uma hora antes da relação sexual. 
Nitratos e Inibidores da Fosfodiesterase 5 
A utilização concomitante de nitratos e 
inibidores da fosfodiesterase 5 é contraindicada, 
uma vez que pode ocorrer a potencialização do 
efeito vasodilatador, ocorrendohipotensão². 
Referências Bibliográficas 
1. DE SOUZA, Carlos Alberto Crespo. 
Antidepressivos e disfunções sexuais. Psychiatry 
On-Line Brazil, v. 11, 2012. 
2. DA SILVA, André Oliveira; MONTEIRO, Álefe 
Brito. INIBIDORES DA FOSFODIESTERASE 5, 
BENEFÍCIOS E RISCOS: UMA REVISÃO. 
Journal of Biology & Pharmacy and 
Agricultural Management, v. 15, n. 2, 2019.

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