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UROLOGIA – AULA 11 – DISFUNÇÃO SEXUAL MASCULINA

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Maria Beatriz Machado 
UROLOGIA – AULA 11 – DISFUNÇÃO SEXUAL MASCULINA 
1. DEFINIÇÃO 
 Incapacidade, consistente ou recorrente, de atingir ou manter uma ereção peniana suficiente para a atividade sexual, 
com duração mínima de 3 meses 
 OBS: Não é porque o paciente falhou uma vez que ele tem disfunção sexual. 
2. PREVALÊNCIA 
 1286 homens (40 a 70 anos): prevalência de 48,8% 
 26,6% - mínima 
 18,3% - moderada 
 3,9% - completa 
3. FATORES QUE INTERFEREM NA RELAÇÃO SEXUAL 
 Complexidade da sexualidade  Não é somente ir e ter a relação, principalmente depois da vida conjugal.. Muitos 
fatores interferem 
 Tabus 
 Restrições culturais  O conceito de relação sexual varia de acordo com a localização geográfica 
 Ignorância em relação aos tratamentos eficazes  Muitas vezes o paciente não trata porque não tem vergonha. 
 Aceitação como uma sequência normal do envelhecimento 
4. CAUSAS DA DISFUNÇÃO ERÉTIL 
4.1. DEFICIÊNCIA PSICOGÊNICA 
 O transtorno psicogênico é um transtorno de ansiedade. Nessa deficiência o paciente tem um problema psicológico e 
por isso não consegue ter ereção. Não tem uma doença física. 
 O paciente pode falhar e simplesmente aceitar e depois seguir em frente, ou ele pode ficar “marcado” devido a essa 
falha. 
 Esse paciente com deficiência psicogênica vai falhar e depois ficar muito nervoso. Quando ele for ter atividade sexual 
novamente, vai ficar nervoso pensando que pode falhar mais uma vez, e por isso acaba falhando, levando a um ciclo. 
 Uma coisa é disfunção erétil, e outra coisa é ausência de libido. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Porém, 
quando o paciente começa a ter um ciclo de falhas de ereção, ele deixa de ter vontade de ter relação sexual. 
 Se esse paciente voltar a ter algumas relações boas depois de tratar um pouco, muitas vezes ele melhora sozinho e a 
disfunção deixa de ocorrer. 
4.2. DEFICIÊNCIA ORGÂNICA 
 Na deficiência orgânica, o paciente tem uma doença que dificulta a ereção. 
 Os fatores para a deficiência orgânica são: 
 Obesidade 
 Cirurgia: Qualquer cirurgia pélvica (câncer de próstata, reto, tumor de cólon)  Pode causar lesão neurológica 
 Etilismo: Lesão neurológica periférica de corpo cavernoso 
 Diabetes mellitus descontrolado: Lesão neurológica periférica de corpo cavernoso 
 Tabagismo: Lesão neurológica periférica de corpo cavernoso 
 Dislipidemia 
 Depressão 
 Distúrbios cardiovasculares 
 Distúrbios hormonais: Apenas 3% das causas de disfunção erétil. 
 Medicações para tratar outras comorbidades  Medicamentos como os beta-bloqueadores (propranolol, 
atenolol) pioram a disfunção sexual; Medicamentos para tratar psicoses (cloridrato de sertralina). 
 OBS: Os piores são etilismo, tabagismo e diabetes mellitus descontrolado. 
 Não adianta instituir tratamento para o paciente com disfunção erétil se não tratar a causa base. 
Maria Beatriz Machado 
5. TRATAMENTO DA DISFUNÇÃO 
 O tratamento é escalonado: 
 1º Medicamentos orais (inibidores da 5 fosfodiesterase) 
 2º Injeção intracavernosa  Caso os medicamentos falhem 
 3º Prótese  É a última opção e só deve ser colocada caso a injeção intracavernosa falhe. 
5.1. TERAPIA ORAL – INIBIDORES DA 5 FOSFODIESTERASE 
 Os medicamentos mais utilizados são: 
 Sildenafila (Viagra)  Dose máxima é 100. 
 Tadalafila  Dose máxima é 20. 
 Vardenafila 
 Esses medicamentos são diferentes, e suas doses também, portanto não pode comparar um medicamento com o 
outro. 
 Esses medicamentos são feitos apenas para ter ereção. Eles não interferem na libido, no desempenho.. 
 A única coisa que muda é que o paciente utilizando esses medicamentos é que o paciente consegue ter uma ereção 
em menor tempo depois de ejacular (seu período de latência diminui). 
 Quando trata o paciente com esses medicamentos, o que ocorre é: 
 Os nervos são formados por várias fibras. 
 Quando começamos a dar medicamento para o paciente e a dose é acertada de acordo com a quantidade de 
fibras nervosas que ele possui, ele volta a ter ereção. 
 Porém, depois de um tempo ele vai parar de ter ereção novamente, porque mais fibras nervosas se 
arrebentaram, então é preciso aumentar a dose do medicamento para que as fibras restantes possam trabalhar e 
ele consiga ter a ereção. 
 Esse ciclo continua até que todas as fibras nervosas se esgotem, e nesse momento os medicamentos param de 
funcionar totalmente, e o paciente não terá mais ereção. 
 Por que esses medicamentos funcionam? 
 Quando a musculatura do corpo cavernoso está relaxada, entra sangue e o paciente tem ereção. Quando a 
musculatura do corpo cavernoso está contraída, não entra sangue, e o pênis fica flácido. 
 Portanto, para que entre sangue, é preciso relaxar a musculatura, e para isso é preciso ativar o sistema nervoso 
parassimpático  Quem estimula esse sistema nervoso são os cinco sentidos, e por isso nas relações sexuais o 
corpo cavernoso fica com a musculatura relaxada, o sangue entra e o paciente terá ereção. 
 Os inibidores da 5 fosfodiesterase atuam no mecanismo de entrada e saída de cálcio da fibra muscular lisa, 
impedindo que o cálcio entre nessas fibras, o que causa relaxamento delas. 
5.1.1. EFEITOS COLATERAIS 
 Cefaleia 
 Secreção nasal 
5.1.2. CONTRA-INDICAÇÃO 
 Paciente anginoso em uso de isossorbida  O paciente anginoso que tomar um inibidor de 5 fosfodiesterase e tiver 
ereção fará um esforço físico grande durante a relação sexual (como se estivesse correndo, ou subindo escadas) e por 
isso pode ter um infarto. 
5.1.3. OBSERVAÇÕES 
 Se o paciente tomar um desses medicamentos e não tiver um estímulo, ele não terá a ereção  EX: Tomar o 
medicamento e sentar para assistir um jogo de futebol não causará ereção. 
5.2. INJEÇÃO INTRACAVERNOSA 
 A injeção é aplicada no corpo cavernoso (região lateral)  Nunca em cima do pênis porque tem vasos, e nunca em 
baixo porque tem a uretra. 
 Essa injeção é mais potente que o comprimido, e tem ação mais rápida. 
 
Maria Beatriz Machado 
5.3. PRÓTESES 
5.3.1. PRÓTESE SEMI-RÍGIDA 
 Deve ser feita em último caso, porque não proporciona uma relação sexual “normal”. 
 Na cirurgia é feita a destruição dos corpos cavernosos do pênis, e em seus lugares são colocadas próteses de silicone 
com um aramado dentro. 
 O pênis não vai ficar totalmente “túrgido” e vai ficar “gelado” porque ele não se enche de sangue. 
 Quando o paciente já passou pelo medicamento oral e injetável e mesmo assim não teve relação sexual satisfatória, 
quando colocar a prótese ele ficará satisfeito. Porém, caso pule as etapas e vá direto para a prótese, o paciente ficará 
insatisfeito, porque ele nunca mais terá uma ereção sozinho (devido a destruição dos cavernosos). 
 O paciente terá prazer e ejaculação normais com a prótese, só não terá ereção própria. 
 A prótese em si custa 2 mil reais. 
5.3.2. PRÓTESE INFLÁVEL 
 Essa prótese inflável possui três compartimentos: 
 Pump no escroto 
 Dois cilindros no pênis 
 Reservatório no púbis  Fica cheio de soro fisiológico. 
 Quando o paciente quer ter ereção, ele aperta o pump do escroto, o soro sairá do reservatório e encherá os cilindros. 
 Quando o paciente não quer mais ter ereção, ele tem uma válvula que aperta, assim o soro sai do cilindro e volta para 
o reservatório. 
 Sua vantagem é de poder escolher quando ter ereção. 
 A desvantagem é que as vezes o sistema pode entupir, ou uma das partes pode falhar  Essa prótese tem garantia 
vitalícia. 
 Essa prótese custa cerca de 47.000 reais. 
6. EJACULAÇÃO PRECOCE/RÁPIDA 
 Pode ocorrer em qualquer idade. 
 É um transtorno psicogênico de ansiedade, e é tratado como tal. 
 É considerado ejaculação precoce quando o paciente ejacula em torno de 1minuto. 
 Quando o paciente tem pouca relação sexual, ele vai ejacular rápido  EX: Paciente que tem relação sexual uma vez a 
cada dois ou três meses. 
 O tratamento é feito com base em: 
 Exercício: 
 Na primeira semana o paciente vai se masturbar, e quando for ter orgasmo deve parar e não ejacular  Todos os 
dias durante a semana. 
 Na segunda semana o paciente vai fazer o mesmo processo duas vezes ao dia. 
 Na terceira semana o paciente vai fazer o mesmo processo três vezes ao dia 
 Camisinha: 
 A camisinha tira um pouco da sensibilidade e o paciente vai segurar mais 
 Algumas camisinhas possuem gel que retira um pouco da sensibilidade e assim também conseguem segurar mais 
 Medicação: 
 Paroxetina: É um ansiolítico  O paciente deve tomar todos os dias 20mg por pelo menos dois meses. 
 OBS: A fluxoetina também trata, porém os efeitos da paroxetina para ejaculação precoce são melhores.

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