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Avelino Alves Filho, prof. Dr. 1 Elementos Finitos A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear - Avelino Alves Filho - 1 ª Edição 2 Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear - Avelino Alves Filho - 1 ª Edição 3 Avelino Alves Filho Elementos Finitos A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear 1ª Edição [!Jér1ca Saraiva Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear - Avelino Alves Filho - 1 ª Edição 4 Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear Dados Internacionais de Catalogação na Publicação {CIP) {Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Alves Filho, Avelino Elementos finitos: a base da tecnologia CAE: análise não linear/ Avelino Alves Filho 1. ed. -- São Paulo: Érica, 2012. Bibliografia. ISBN 978-85-365-1972-2 1. Engenharia auxiliada por computador 2. Método dos elementos finitos I. Título. 12-03459 Editado também como livro impresso Índice para catálogo sistemático: 1. Elementos finitos : Método : Análise não linear : Engenharia 2. Método dos elementos finitos : Análise não linear : Engenharia Copyright© 2012 da Editora Érica Ltda. 620.00151535 620.00151535 CDD-620.00151535 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da Editora Érica. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei n!I 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal. Coordenação Editorial: Capa: Editoração e Finalização: Rosana Arruda da Silva Maurício S. de França Adriana Aguíar Santoro Carla de Olíveíra Moraís Grazíele Karina Líbomi Rosana Ap. A. dos Santos O Autor e a Editora acreditam que todas as informações aqui apresentadas estão corretas e podem ser utílízadas para qualquer fim legal. Entre- tanto, não exíste qualquer garantia, explícita ou implícita, de que o uso de taís informações conduzirá sempre ao resultado desejado. Os nomes de sítes e empresas, porventura mencionados, foram utilizados apenas para ilustrar os exemplos, não tendo vínculo nenhum com o livro, não garantindo a sua existência nem divulgação. Eventuais erratas estarão disponíveis para download no síte da Editora Érica. Conteúdo adaptado ao Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em execução desde 1Q de janeiro de 2009. A Ilustração de capa e algumas imagens de míolo foram retiradas de <www.shutterstock.com>, empresa com a qual se mantém contrato ativo na data de publicação do livro. Outras foram obtidas da Coleção MasterClips/MasterPhotos© da IMSI, 100 Rowland Way, 3rd floor Novato, CA 94945, USA, e do CorelDRAW X5 e X6, Corei Gallery e Corei Corporation Samples. Copyright© 2013 Editora Érica, Corei Corporation e seus lícenciadores. Todos os díreítos reservados. Todos os esforços foram feítos para creditar devidamente os detentores dos direitos das imagens utilizadas neste lívro. Eventuais omissões de crédito e copyright não são íntencíonaís e serão devidamente solucionadas nas próximas edições, bastando que seus proprietários contatem os editores. Seu cadastro é muito importante para nós Ao preencher e remeter a ficha de cadastro constante no site da Editora Érica, você passará a receber informações sobre nossos lançamentos em sua área de preferência. Conhecendo melhor os leitores e suas preferências, vamos produzir títulos que atendam suas necessidades. 1! Edição Editora Érica Ltda. 1 Uma Empresa do Grupo Saraiva Rua Henrique Schaumann, 270 Pinheiros - São Paulo - SP - CEP: 05413-01 O Fone: ( 11) 3613-3000 www.editoraerica.com.br Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Línear - Avelino Alves Fílho - 1 ª Edíção Dedicatória Aos meus filhos Gabriela e Pedro, e ao meu netinho Benício; ' A minha mulher Silvana; ' A memória do meu querido pai Avelino, fonte de exemplos; ' As minhas queridas mãe e irmã, Lídia e Carmen Lídia. 5 "Em tudo vos tenho mostrado que assim, trabalhando, convém acudir os fracos e lembrar-se das palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: , E maior felicidade dar que receber!" Atos dos Apóstolos 20, 35 Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição 6 Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear Agradecimentos Ao professor Nikolaj Lebedev, que desempenhou papel fundamental na minha formação profissional, esteja onde esti- ver. Mostrou-me os caminhos e não atalhos. Ao professor doutor Carlos Alberto Nunes Dias, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, pelo apoio amigo ' e orientação de sempre. A memória deste grande ser humano, esteja onde estiver. Pelo que fez e pelas suas atitudes só pode estar em um lugar bom. Aos colaboradores do NCE. Em particular ao Sr. Eduardo Camargo pelo apoio na condução das multitarefas do nosso dia a dia, na Engenharia e nos Treinamentos do NCE, e a Sra. Daniela de Sousa pelo apoio nos nossos Programas de Treinamento em CAE. , Aos profissionais da Editora Erica pela dedicação, compreensão, boa vontade e respeito ao autor, na realização dos trabalhos deste livro. O meu contato com os profissionais desta editora, desde o primeiro livro nesta área, só tem me trazido satisfação. Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição 7 Sumário Capítulo 1 - Introdução ao Estudo dos Fenômenos não Lineares em Análise Estrutural pelo Método dos Elementos Finitos .................................................................................................................................... 17 1.1 O M'lllldo é não Linear ..... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ........................................ ....... ....... ..... 17 1.2 Por que a Rigidez da Estrutura Varia? .. ....... ....... ....... ....... ....... ....... ......................................................................... 24 1.3 Não Linearidades Associadas ao Material ... .............. ..................... ......................................................................... 27 1.4 Não Linearidades Associadas a Alterações de Propriedades Físicas e Grandes Defonnações .................... ....... ..... 28 1.5 Não Linearidades Associadas a Alterações de Geometria - Grandes Deslocamentos ................................. ....... ..... 30 1.6 Não Linearidades Associadas à Mudança das Condições de Contorno: O Problema de Contato ............... ....... ..... 32 1. 7 Primeira Ideia de como Atualizar a Rigidez: Entenda o que Vem Adiante .................................................. ....... ..... 3 3 1.8 Já que o Mundo é não Linear, por que Muitas Vezes o Tratamos como Linear? ......................................... ............ 3 8 Capítulo 2 - Solução de Problemas Básicos não Lineares ........................................................................................ 43 2. 1 Introdução ................ .............. ....... ....... ....... ....... ....... ....... .............. ....... ....... ........................................................... 43 2.2 O Problema Básico da Plasticidade -Alteração da Matriz de Rigidez da Estrutura com o Carregamento ........ ..... 44 2.3 O Problema Básico da não Linearidade Geométrica: Quando as Grandes Deflexões Alteram a Equação de Equilíbrio ao longo do Carregamento e a Rigidez Varia ........................................................................ ....... ..... 5 5 2.4 Quando a não Linearidade Geométrica Vem Acompanhada de Instabilidade da Estrutura - Os Deslocamentos Aumentam sem o Aumento da Carga ... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ..................................................................57 2.5 Nos Problemas com Muitos Graus de Liberdade, em que não há Solução Analítica, como Detenninar a Evolução dos Deslocamentos em Função da Carga? Preparo da Abordagem dos Casos Gerais ............. ....... ..... 63 2.6 O Problema Básico do Contato: Quando as Condições de Contorno Definidas no Início da Análise se Alteram - Como o Software Entende Isso no Meio do Processo de Análise? ....................... ....... ..... 65 2. 7 Exercício -Aplicação Numérica de GAP /Contato ..... ....... ....... ....... .................................................................... ..... 68 Capítulo 3 - Não Linearidade Geométrica: Entendimento do Conceito a partir dos Elementos Unidimensionais - Generalizações ......................................................................................................... 85 3.1 Introdução ................. ....... ....... .............. ....... ....... ....... ....... ....... ....... .............. ........................................................... 85 3.2 Entenda o Acoplamento entre Cargas Axiais e Flexão a partir do Elemento de Viga: Matriz de Rigidez Geométrica - Generalizando ... .............. ....... ....... ....... ....... ....... ....... ............................................................. ....... ..... 90 3.3 Uma Aplicação Prática da Teoria Utilizando a Ferramenta Computacional: Grandes Deflexões em Viga ....... ..... 97 3.4 Mais uma Aplicação Prática da Teoria Utilizando a Ferramenta Computacional: Grandes Deflexões em Placa - Matriz de Rigidez Geométrica .. ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....................................................................... 108 3.5 Mais uma Aplicação Importante: A Instabilidade Estrutural ("Flambagem") - Método do Autovalor ........ ....... ... 118 3.6 Aplicação Prática do Método do Autovalor: Flambagem de Coluna Simples ............................................. .......... 121 Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição 8 Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear 3. 7 O Estudo das Grandes Deformações - Primeira Abordagem ... ....... ....... ................................................................ 126 3.8 Por que Utilizar Diferentes Tipos de Tensões? A Tensão de Cauchy e a 1 ª Tensão de Piola-Kirchhoff ............... 130 3.9 Uma Aplicação das Grandes Deformações - Materiais Hiperelásticos: A Elasticidade da Borracha .................... 138 3.1 O Observações Finais ao Estudo das Grandes Deformações: Sistema Corrotacional - Uma Ideia Inicial ............. 149 Capítulo 4 - Formulação Geral do Método dos Elementos Finitos para Análise não Linear: Introdução da Notação Tensorial ........................................................................................................ 151 4.1 Introdução ...................................... ....... .............. ...... ........ ....... ....... ....... ....... ....... ....... ...... ..................................... 151 4.2 A Caminho da Formulação Geral do Método - O Tensor Gradiente de Deformação e a Abordagem Lagrangiana ................ ....... ....... ....... ...... .. ...... ....... ....... ....... ................................................................ 205 4.2.1 Conceitos Iniciais .............................. ....... ...... .. ...... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ...... .. ................................ ... 205 4.2.2 Generalização do Tensor Gradiente de Deformação ..... ....... ....... ....... ....... ....... .............. ............................. 214 4.2.3 Teorema da Decomposição Polar de Cauchy ......... ....... ....... ....... ....... ....... ....... .............. ....... ....... ............... 218 4 .3 Formulação Geral do Método dos Elementos Finitos ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ...................... 220 Capítulo 5 - Complementos sobre Plasticidade e Contato ..................................................................................... 231 5. 1 Introdução ..................................................................................................... .............. ....... ....... ....... ....... ....... ....... . 231 5 .2 Introdução aos Tópicos de Plasticidade .......................................... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ............... 231 5.3 Critérios de Escoamento ........................................................................ ....... ....... ....... ...... .. ...... ............................. 233 5 .3 .1 Critério de Von Mises para Materiais Dúcteis ............................ ....... ....... ....... .............. ....... ....... ....... ........ 23 3 5 .3 .2 Critério de Tresca - Tensão de Cisalhamento Máxima ...................... ....... ....... .............. ....... ....... ....... ....... . 238 5 .3 .3 Representação Geométrica dos Critérios ................................................................ ....... ....... ....... ....... ....... . 238 5.3.4 Tensão Efetiva e Deformação Efetiva ................................................................................... ....... ....... ....... . 240 5 .4 Relações Plásticas de Tensão e Deformação .. .................................................................................. ....... ....... ....... . 240 5 .5 Lei da Decomposição ......... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ...... .. ............................................................ ....... ....... ....... . 241 5.6 Equações entre Deformações e Tensões na Plasticidade - Regra de Escoamento .................... ....... ....... ....... ....... . 243 5.6.1 Equações de Levy-Mises - Sólido Plástico Ideal ......................................................................... ....... ....... . 243 5.6.2 Equações de Prandtl-Reuss - Sólido Elastoplástico ........ ....... .................................................................... . 245 5.7 Lei de Encru.amento ........... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....................................................... 247 5.8 Uma Aplicação Prática Numérica Utilizando a Ferramenta Computacional - Não Linearidade Envolvendo Plasticidade .... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ............................................... ....... . 249 5 .9 Alguns Comentários Adicionais sobre Contato .... ....... ....... ....... ....... .................................................................... . 253 5.9. 1 Introdução ...................... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ................................. ....... . 253 5 .9 .2 Conceitos Associados ao Conta.to ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....... .................................. 254 5.9.3 Uma Aplicação Prática Numérica Utilizando a Ferramenta Computacional - Aplicação de Contato ........ 255 Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição 9 Capítulo 6 - Uma Introdução a Alguns Problemas não Lineares Dinâmicos ....................................................... 261 6. 1 Introdução ................. .............. .............. ....... ....... ....... ....... .............. .............. ......................................................... 261 6.2 Integração Direta - Métodos Explícitos - Diferença Central ... .................................................................... ....... ... 263 6.3 Integração Direta - Métodos Implícitos ....... ....... ....... ....... ....... ....... ....................................................................... 27 5 Capítulo 7 - Introdução aos Métodos Iterativos ......................................................................................................279 7. 1 Introdução ................. ....... ....... .............. ....... ....... ....... ....... ....... ....... .............. ......................................................... 279 7 .2 Um pouco dos Recursos Computacionais .... ....... ....... ....... ....... ....... ....................................................................... 281 7.3 O Método de Newton-Raphson ............ ....... ....... ....... ....... .............. ....................................................................... 282 7.4 Aplicação Numérica do Método de Newton-Raphson ...... ....... ....... .................................................................... ... 289 7 .5 Sugestões para Estudos de Outros Métodos ....... ....... ....... ....... ....... ....................................................................... 293 Apêndice A - Modelos em Cores - Revisão dos Conceitos Estudados no Livro .................................................... 297 Bibliografia ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 313 , lndice Remissivo ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 315 Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição 10 Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear - Avelino Alves Filho - 1ª Edição 11 Prefácio Este trabalho corresponde à continuidade natural dos conceitos estudados nos livros Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE e Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE/ Análise Dinâmica. A partir deles, entraremos no , fascinante e imprevisível mundo da análise não linear estática e dinâmica. E o mundo no qual as respostas são obtidas por tentativas e iterações e sujeitas à ocorrência de instabilidades. A estrutura conceitua! do presente texto aproveita, a partir de exemplos simples, o entendimento geral do problema não linear, para posteriormente, de forma segura, imergir nas generalizações do método. Um dos pontos mais importantes e que contribui comprovadamente para o sucesso e progresso no uso dos recursos de CAE, e que tive a oportunidade de verificar nestes anos trabalhando nessa área, está relacionado aos conceitos fundamen- tais obrigatórios na utilização da tecnologia CAE. A base conceitua! é fundamental para o aprendizado do método dos elementos finitos e consequentemente para o manuseio de programas. Justifica-se, portanto, a filosofia de abordagem: Se o engenheiro não sabe modelar o problema sem ter o computador, ele não deve fazê-lo tendo o computador. Se no estudo das análises lineares estática e dinâmica isso é verdade, com muito mais propriedade podemos aplicar essa filosofia no estudo da análise não linear. Vivemos hoje no mundo da terceirização. Sem exagero, muitos usuários ''ter- ceirizam'' com os softwares a execução dos seus modelos. Devemos ''terceirizar'' e deixar para os softwares as rotinas numéricas. O entendimento do problema fisico é responsabilidade do usuário. Sem ele, sem nenhum exagero, qualquer análise não linear toma-se uma temeridade. Este é então o foco deste trabalho. Oferecer esse conhecimento que sirva como alicerce para o uso da ferramenta computacional. Com vistas a superar essas dificuldades, ao longo do texto introduzimos não só as técnicas matriciais envolvidas na aná- lise não linear, como os processos incrementais e iterativos, mas também oferecemos uma revisão dos conceitos-chave dos fenômenos a serem tratados, sem os quais o entendimento do método dos elementos finitos em análise não linear ficaria comprometido. Espero que este trabalho possa contribuir para a formação daqueles que iniciam seus estudos nas aplicações do método dos elementos finitos não lineares e para aqueles que queiram fazer uma revisão dos seus conceitos. Avelino Alves Filho Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição 12 Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear - Avelino Alves Filho - 1ª Edição 13 Apresentação Este livro aborda o método dos elementos finitos em análise não linear com uma visão equilibrada entre os fenômenos fisicos e os recursos da matemática aplicada, aliando o rigor científico exigido a uma linguagem clara e precisa. Do ponto de vista didático podemos enxergar a divisão deste livro em duas partes: Primeira Parte: Capítulos 1 e 2 O estudo do método dos elementos finitos em análise não linear se inicia pela apresentação dos diversos tipos de não linearidades no capítulo 1. Aproveitando a apresentação do capítulo 1, o capítulo 2 introduz diversos exercícios de modo que o leitor possa manualmente entender e verificar como controlar os problemas das grandes deflexões, plasticidade e contato entre partes de uma estrutura. Segunda Parte: Capítulos 3 a 7 São estudados os diversos conceitos aplicados aos casos mais gerais de elementos finitos. A aplicação da não linearidade geométrica é feita a partir do elemento de viga para posteriores generalizações. São tratadas as questões referentes às instabilidades e aplicações de grandes deformações em materiais. A formulação geral do método é tratada com o apoio do estudo dos tensores. Esse estudo em particular é visto sempre pelos leitores como algo intratável pela linguagem compacta que é normalmente introduzida sem muita cerimônia. Para facilitar a vida do leitor, partimos do caso contro- lado da aplicação unidimensional na qual o conceito é bem visível, alçando voos maiores até o caso tridimensional. Aí surge o entendimento do porquê da utilização da notação tensorial ou indicia!. Desta forma, mostramos ao leitor que ela é incluída para facilitar a sua vida e não complicá-la. O problema é que muitas vezes este tema é introduzido pelo seu final, como se fosse uma coisa óbvia, e realmente não é. Exercícios ao Longo do Texto: Aplicações de Solução Manual e Computacional Este livro de análise não linear é sem dúvida um dos temas mais desafiadores de elementos finitos. Para facilitar, procu- ramos seguir exatamente a mesma linha ou a mesma ''lógica'' dos dois livros anteriores. Colocamos, ao longo do texto, exercícios cuja solução é manual ou uma aplicação numérica computacional, portanto exercícios para que o usuário de um software qualquer possa encaminhar a solução do mesmo problema à plataforma com que ele trabalha, qualquer que ela seja. Assim, vamos aos detalhes: Capítulo 1: é uma introdução e não tem exercícios, pois apresenta os fenômenos de não linearidades a serem estudados no livro todo. Capítulo 2: nele já começam os exercícios, a saber: • Exercício de plasticidade • Exercício de não linearidade geométrica • Exercício de não linearidade geométrica com instabilidade • Aplicação numérica de GAP - exercício computacional • Exercício de aplicação numérica de GAP - exercício numérico de solução completa manual • Exercício de aplicação numérica de contato com solução manual - Quadro III • Aplicação numérica de contato com solução computacional - Quadro IV Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição 14 Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear Capítulo 3: tem uma parte teórica mais geral, pois introduz conceitos mais pesados do método, após o capítulo 2 ter de- senvolvido a teoria básica praticamente somente com exercícios, para introduzir este tema tão complexo de modo mais agradável ao leitor. A rigor, tudo que foi feito no capítulo 2 agora é efetuado de maneira mais formal. )( Aplicação numérica de não linearidadegeométrica com ferramenta computacional - vigas )( Mais uma aplicação numérica de não linearidade geométrica com ferramenta computacional - placas )( Mais uma aplicação computacional - aplicação prática numérica de um vagão: caso real )( Exercício de não linearidade geométrica com solução manual Capítulo 4: aborda uma das partes mais complexas da não linearidade, pois envolve a linguagem tensorial. Os exercí- cios presentes neste capítulo são de verificação computacional. )( Aplicação numérica de estado uniaxial de tensões e de ferramenta computacional - Quadro X )( Aplicação numérica de estado biaxial de tensões e de ferramenta computacional - Quadro X )( Aplicação numérica de estado triaxial de tensões e de ferramenta computacional - Quadro X )( Exercício de tensor gradiente de deformação - solução completa manual )( Exercício de tensor gradiente de deformação - solução completa manual de interpretação do significado do tensor )( Exercício de tensor gradiente de deformação - solução completa manual de interpretação do significado do tensor bidimensional )( Exercício de tensor gradiente de deformação e teorema de decomposição de Cauchy Capítulo 5: aborda a plasticidade, que já foi estudada com exemplos simples no capítulo 2. )( Aplicação numérica de plasticidade com ferramenta computacional )( Aplicação numérica de contato com ferramenta computacional Capítulo 6: apresenta a dinâmica não linear. )( Exercício de análise dinâmica não linear com solução manual - método explícito )( Exercício de análise dinâmica não linear com solução computacional - método explícito )( Exercício de análise dinâmica não linear com solução computacional - método implícito e comparação com o mé- todo explícito Capítulo 7: descreve os métodos iterativos. )( Exercício numérico manual do método de Newton-Raphson Apêndice: Alguns exemplos práticos - modelos em cores - revisão dos conceitos estudados no livro. No apêndice, a título de ilustração, são mostrados alguns modelos em elementos finitos de casos práticos, com o objetivo de motivar o leitor a enxergar nas aplicações representadas o uso da teoria. Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição 15 Sobre o Autor Avelino Alves Filho, nascido em Santos, é engenheiro, mestre e doutor em Engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Foi professor dos cursos de pós-graduação do Programa de Educação Continuada em En- genharia (PECE) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, na área de Elementos Finitos durante 17 anos. Já publicou 12 livros na área de Ciências Físicas. , E diretor geral do Núcleo de Cálculos Especiais (NCE, www.nce.com.br), empresa de treinamento, implantação de tec- nologia CAE e fornecedora de serviços na área de CAE. Possui grande vivência em transferência de conceitos do método dos elementos finitos, em função de sua experiência prática durante 37 anos em projetos de engenharia utilizando o método, aliada a uma eficiente estrutura didática, unindo a visão conceitua! ao software aplicativo e aos projetos piloto para empresas. Utilizando esta filosofia de abordagem, implantou a tecnologia CAE e desenvolveu programas de treinamento nas se- guintes empresas: Petrobrás, Volkswagen Caminhões, Metrô de São Paulo, DaimlerChrysler (Mercedes-Benz), MWM Motores Diesel, Embraer, Tupy Fundições, Grupo Maxion, OPP Petroquímica, Ford Brasil, Pirelli Pneus, Samsung, Nokia, Indústrias Villares etc. Tem grande experiência em serviços de análise estrutural, aplicando os recursos do método dos elementos finitos na simulação do comportamento de navios, ônibus, caminhões, chassi de veículos, vagões, carros de metrô, estruturas metálicas e componentes mecânicos em geral. Tem prestado serviços nessa área, por intermédio do NCE, para as em- presas Volkswagen Caminhões, Metrô de São Paulo, Bombardier, DaimlerChrysler (Mercedes-Benz), MWM Motores Diesel, Grupo Maxion, OPP Petroquímica, Dana Industrial, Motores Cummins, Eaton do Brasil e Inglaterra, Ford Brasil, ZF do Brasil etc. Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição 16 Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear - Avelino Alves Filho - 1ª Edição -····· • • . • • • . • • • . • 1 Introdução ao Estudo dos Fenômenos não Lineares em Análise Estrutural pelo Método dos Elementos Finitos Estabelecer a base para a análise não linear a partir de exemplos simples. Construir os primeiros modelos para a discretização de problemas não lineares. 1.1 O Mundo é não Linear No estudo das análises estruturais estática e dinâmica, normalmente é focalizada a atenção na concepção dos modelos de cálculo lineares que permitem determinar os deslocamentos, as deformações e as tensões atuantes nos elementos de uma estrutura e nos componentes mecânicos em geral. O conhecimento dessas respostas é fundamental para a avaliação da resistência mecânica da estrutura. Na análise estática, a carga não variava com o tempo, ou variava tão lentamente, que estávamos apenas interessados no seu valor máximo, ou seja, o tempo de duração do fenômeno era irrelevante. Assim, as forças de inércia eram descon- sideradas. Do ponto de vista energético, sabemos que as forças atuantes na estrutura, ao deslocarem os seus pontos de aplicação, realizam trabalhos que contabilizam em última instância a energia transferida à estrutura por meio delas. Em uma análise estática toda essa energia é transferida à estrutura e armazenada como energia de deformação, ou seja, as forças externas F atuando na estrutura são equilibradas internamente pelas forças elásticas (k · u ), em que u representa o deslocamento. Por isso escrevemos que F = k · u. Este é o sentido fisico desta equação. Em um sistema de um simples grau de liberdade, a manipulação desta expressão é simples, é a fisica básica, matematicamente representada por uma simples equação algébrica. Para muitos graus de liberdade, necessitamos estabelecer uma administração mais eficiente. Surge então a necessidade de dispor da ferramenta matricial como apoio aos trabalhos no computador, e a expressão anterior é então apresentada matricialmente como {F} = [KJ · {U}, um sistema de equações algébricas lineares. Porém, em ambos os casos, o significado fisico é o mesmo. A Figura 1.1 sintetiza essa ideia. Na análise dinâmica, a carga variava rapidamente com o tempo. A rapidez com que a carga era aplicada, nesse caso, era muito importante. Ou seja, não bastava conhecer o valor máximo da carga atuante, mas a duração da aplicação dela. Mas sabemos que a questão da rapidez é relativa. A referência tomada para se estabelecer o quão rápido ou lento é o carregamento é a definição das características dinâmicas básicas da estrutura, contabilizadas por intermédio das suas frequências naturais ou, em termos de tempo, pelos seus períodos naturais. Assim, na análise dinâmica, as forças de inércia eram consideradas e definiam a principal característica do problema dinâmico. Do ponto de vista energético, sabemos que as forças atuantes, ao deslocarem os seus pontos de aplicação, realizam trabalhos que contabilizam em última análise a energia transferida à estrutura por meio delas. Em uma análise dinâmica, toda essa energia é transferida à estrutura, porém ela é armazenada não somente como energia de deformação. Entram em jogo a energia cinética, asso- ciada aos movimentos, e a parcela referente ao amortecimento. Ou seja, as forças externas F(t) atuando na estrutura são equilibradas internamente não somente pelas forças elásticas (k.u), mas entram em cena as parcelas das forças de inércia m · ü e de amortecimento c.u, sendo ü eu, respectivamente, as representações da aceleração e da velocidade. Por isso escrevemos que m · ü + c · u + k · u = F(t). Este é o sentido fisicodesta equação. Em um sistema de um simples grau de liberdade, a manipulação desta expressão é "simples" , é a fisica básica das vibrações que utiliza o recurso matemático das equações diferenciais lineares. A equação anterior é uma equação diferencial linear não homogênea de segunda ordem a coeficientes constantes. Lembre-se, é linear, e sabemos como resolvê-la. Ocupamo-nos da solução dela no Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição 18 Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear livro de dinâmica. Para muitos graus de liberdade, necessitamos estabelecer, de novo, uma administração mais eficiente. Então surge a necessidade de dispor da ferramenta matricial como apoio aos trabalhos no computador, e a expressão anterior é apresentada matricialmente como {M] · {Ü} + {C] · {Ú} + {KJ · {U} = { F(t) }, um sistema de equações dife- renciais lineares não homogêneas de segunda ordem. Porém, em ambos os casos, o significado físico é o mesmo. A Figura 1.2 sintetiza essa ideia da análise dinâmica linear. > ... ' ' , e , , _ .,L ,L. Modelo Montage1n de elementos Matriz de rigidez de cada elemento i [K]e i -----' ' ' Matriz de rigidez da estrutura a parti r dos seus elementos [KJ = L [K}e i Sistema de equações \ \ 1 I I 1 1 1 1 1 1 1 \ \ \ ' ' ' ---------------------~ {F} = {K} . {U} (Equilíbrio entre forças externas e internas) Condições de contorno Restrições e forças aplicadas Cálculo dos desloca1nentos {U} = [KJ- 1 · {F} e Reações de apoio Forças interna nos elementos Tensões Biblioteca de elementos z l: X z Força externa = Força interna "-.. / F=K·U 'J X /sixo de referência Força externa X Força interna Eixos de referência locais do elen1ento ~ / I \ \ / ', "Chapa" ' / / / ' ---- .... ' / ' ' / ' ,, .. ,,,,/ i ~\ [K]e i ~ ~&/ ,.,z_/ I / \ / / / / ' / / ' / / ....... __ .... Jf Elementos ,/_,---f ~'-: 1 -...e' ·,,' ---- - - - - - - - 1 Gr--. ---... \ ,,,,, -- ..... --- \ / / ' ,... ' / I \ Viga ,_ ,,,,-- 1 ' __ _ _ .,... I \ I \ - -- - ------- I \ -----· , \ - - _ 1 1 Elementos -Rigidez- - ..., .... 1 1 ......... ..._ 1 1 ........ . , , 1 1 \ I \ I \ I \ I ' / ' / -- / Mola / Figura 1. 1. Análise estática linear. E o mundo da proporcionalidade entre efeitos e causas e da adição dos efeitos e das causas. Nas análises lineares, após o cálculo da estrutura ter sido efetuado para diferentes carregamentos isolados, a resposta à ação conjunta deles, cada um afetado por um diferente fator de carga, é obtida pelo simples procedimento de combinação linear das respostas obtidas. Esta é a grande facilidade do mundo linear. Na análise não linear; como veremos, essa facilidade não existe. Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição Introdução ao Estudo dos Fenômenos não Lineares em Análise Estrutural pelo Método dos Elementos Finitos 19 Nos estudos anteriores, estáticos e dinâmicos, estavam presentes os conceitos-chave do método dos elementos finitos, aos quais destinamos a atenção para entendê-los e, com critério, aplicá-los na prática. Esses conceitos envolviam as téc- nicas de discretização de sistemas contínuos, interpolação de deslocamentos,formulação do elemento finito traduzida pela sua função de interpolação ou função de forma, que objetivava, em última análise, a partir do conceito fisico de rigidez do elemento, determinar a rigidez da estrutura. Este era o passaporte para compreender o comportamento do todo, a partir do entendimento do comportamento de cada uma de suas partes! Vimos que os softwares de elementos finitos oferecem uma biblioteca de elementos do programa com diversos elementos, cada qual tentando representar um diferente comportamento físico conhecido da mecânica estrutural (placas, cascas, membranas, sólidos, vigas etc.). Esse comportamento é descrito por intermédio de funções matemáticas que, em última instância, contabilizam a rigidez daquele elemento individual, por intermédio da sua matriz de rigidez [k]e. Ao montarmos o modelo da estrutura, subdi- vidindo a estrutura em elementos, determinamos a matriz de rigidez da estrutura [KJ a partir da matriz de rigidez de cada elemento. Na análise dinâmica, adicionalmente, entram em cena as matrizes de massa [M] e amortecimento [C]. As Figuras 1.1 e 1.2 resumem os passos principais da montagem dos problemas estáticos e dinâmicos até agora estudados. Em todas essas abordagens, uma hipótese foi tomada como o alicerce de todo o conhecimento desenvolvido até então. Consideramos que os fenômenos estudados são lineares, ou seja, para nós o mundo era linear. Veremos agora que nem sempre essa hipótese é realística. Falemos um pouco mais sobre os sistemas lineares e em que circunstâncias o mundo , que nos rodeia foge desse comportamento. E importante identificar isso nas aplicações da engenharia, pois assumir essa hipótese da linearidade, em alguns casos, pode ser um tanto caro para o desenvolvimento dos projetos, e em outros, muito inconveniente para o bolso e para a segurança. Os engenheiros têm uma visão bastante prática a respeito da linearidade em estruturas. O conceito mais imediato en- volve a relação entre forças atuantes na estrutura e os correspondentes deslocamentos observados devido à ação delas. Aliás, toda a "energia" gasta nos primeiros estudos de elementos finitos era para determinar o campo de deslocamentos na estrutura, a partir do conhecimento da sua rigidez. Em uma estrutura que apresente comportamento linear, ao dobrar a intensidade da carga atuante nela, os deslocamentos seguem a mesma proporção, ou seja, dobram. Se triplicarmos a car- ga, os deslocamentos triplicam e assim sucessivamente. Vale o mesmo raciocínio para os demais efeitos que avaliamos , como resposta da análise, tais como deformações, tensões etc. Este é o mundo linear. E o mundo da proporcionalidade entre efeitos e causas. Se a excitação é multiplicada por um certo fator numérico, a resposta também o será. E também é o mundo da adição dos efeitos e das causas. A resposta a duas excitações simultâneas presentes no sistema pode ser obtida pela soma das respostas a cada uma das excitações calculadas separadamente. Se não corresponde à realidade , com exatidão, em alguns casos, dentro da precisão aceitável na engenharia, pode ser considerada uma boa solução. E o caso prático, por exemplo, abordado no estudo da análise estática para pequenas deflexões em estruturas no regime elástico, sem a presença de instabilidades. Já falamos um pouco disso nos livros anteriores, mas vamos discutir com mais propriedade essas questões neste livro. Evidentemente, esses fenômenos, olhados em princípio pela relação mais , direta da relação causa-efeito, têm uma descrição formal matemática. E a linguagem da engenharia. Os engenheiros sempre procuram extrair dessa linguagem, expressa por intermédio de equações, o sentido fisico mais direto que elas representam. Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear -Avelino Alves Filho - 1ª Edição 20 Elementos Finitos -A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear Massa ----. m 1 grau de liberdade Mola ~ k c / A1nortecedor N graus de liberdade .... 35 ~~~~~~~~~~~~~~~~ 30 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ,--r-T--r-T-,-- r-, -r-,--r- , --r- , --r- 25 i - -:- -+--:--f - -:- - t --: -: - : --: - ! - -: - : - -:- - 20 . J __ L_J __ L _l , __ L_ J L-J--L-J __ L _J __ L _ 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 15 .l_ _.1 __ 1__ 1 I __ L _J L_.J __ L_ .J __ L_ .1 __ 1__ 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10 .l_ --' L '-- L - .L _.J ___ .J __ L_ .1 __ 1_ 1 1 1 1 1 1 1 1 1 5 __ I - 1 __ 1. - - -- _ J _ L_ J. _ 1 1 1 1 1 1 §' Ü - 1 - 1 - - - I - 1 - I - 1 1 1 1 ~ : S -5 - 1- - - - .&-- - -1 -- - I-- .._, 1 1 1 1 1 1 1 - -1 0 - - t- - - 1-- + -- --1---1 - - ~ --1-- u I l i 1 1111 I l i ~ -15 - -1-- -1--+-- -+-- -t-- ... - ~-- -.--1-- ........ 1 l i 1 1 111 1 1 1 1 -20 - -r- - 1--1"- - -~- -1-- 4 -- ;-- "1"--1-- 1 1 1 1 1 1111 1 1 1 1 -25 - - r- - -1-- T --1 - r -,--r -,--r -, --r-- , --1-- 1 1 1 1 1 1 111 1 1 1 1 -30 - -r - -r-T-, - r -,--r--i--r , --r-- , --r- 1 11 1 1 1 11 11 1 1 1 1 -35 - -r - --1--T--1 - r - , --r- ,--r-,--r-'T--1-- 1 1 1 1 1 1 1111 1 1 1 1 40 - --r- --r -r- , -r- , -- r-, --r-,--r -,--r - -4 1 1 1 1 1 1 1 111 1 1 1 1 5 - 1--. -1--1-- , --1-- 1 - 1--1 - 1--, - . --I - . --1-- --------------------- '---------------, ' F(t) \ / I 1 1 \ \ -/ \ \ \ \ 1 1 I F(t) .., Força externa \ 1 1 I I I I I I I I I Força externa 1 --------- I I I // I // 1 / K · u , / 1 I ,/ 1 / 1 1 o \ C·U F d 1 , Força elástica --_, • ._ orça e 1 \ amortecimento : \ 1 \ 1 \ 1 Diagrama de corpo livre \ 1 \ I 1 ' Resultante 1 1 1 ..---'\ / N graus de liberdade 1 ,/ 1 1 J 1 1 : F(t) - e · u - k · u = m · ü : 1 1 / 1 / ~ 1 / I I I / J I / :/ [ m · ü +e· U + k · u = F(t) 1 ,/ \ I \ I \ I ' ' I ,__ / ---- -------- / -------------------------~ .,,.--------------------------------------------- .... / ' / ' I \ \ I \ I \ 1 •• O 1 : [M]- {U}+[C]- {U}+[K]-{U} ={F(t)} : 1 / \ I \ I \ I \ I \ I \ I 1 1 \ Sistema de equações diferenciais lineares : 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 : A solução deste sistema linear \ J é efetuada em duas etapas \ 1 1 I \ / 1 I \ I \ -50 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ' 1 / 1 / 1 ,' 1 ª -Cálculo de modos e frequências naturais \ / 1 // det ([K] - Â-i [M]) = O e ([K] - Â.i [M] · {<!>}={O} , / 1 Tetnpo (seg.) 0,4s / / /" Determinação das características básicas de estrutura : --------- 1 --/- 1 // 1 / ; I / I I / I I / 2ª - Cálculo da resposta dinâmica por combinação linear dos modos - A superposição modal. / : Resposta dinâmica = ( 12 modo) · Y 1 + (22 modo) · Y 2 + (32 modo) · Y 3 + . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . / \ I \ I \ / \ / ' / .... -- - - -- - --- -- ,..,, .... __ -------- ------ .,..., ------------- ---- ---------------------- Figura 1.2. Análise dinâmica linear. A análise modal utilizada para determinar os modos e frequências naturais de vibração da estrutura reflete o comportamento dinâmico básico dela e constitui uma indicação de como a estrutura responderá ao carregamento dinâmico agente sobre ela. A chave para a determinação da resposta dinâmica está fundamentada na hipótese da superposição modal. Ela considera a combinação linear dos modos naturais de vibração da estrutura para obter a resposta dinâmica. Cada modo é multiplicado por um 11peso" ou fator de participação, e a partir do conhecimento dos modos, frequências e desses fatores, o problema dinâmico linear está resolvido. Então, a questão central da análise dinâmica linear é a determinação dos fatores de participação de cada modo na resposta para a execução da superposição linear dos modos. Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição Introdução ao Estudo dos Fenômenos não Lineares em Análise Estrutural pelo Método dos Elementos Finitos 21 Tudo aquilo que discutimos no parágrafo anterior, e que pudéssemos ser testemunhas oculares na prática do trabalho de uma estrutura, a qual seria passível de medições, instrumentações etc., seria descrito provavelmente de outra forma por um matemático, com a maior pureza e rigor da linguagem matemática, embora o fenômeno objeto de análise fosse o mesmo, e "sem que a estrutura soubesse" sequer que está sendo alvo dessa análise. Se perguntássemos a um matemático o que é um sistema linear, talvez ele nos respondesse muito à vontade que é aquele que pode ser matematicamente expresso por uma equação diferencial linear a coeficientes constantes. Um colega mais rigoroso ainda diria que os coeficientes da equação diferencial linear poderiam ser até variáveis, como, por exemplo, com o tempo, e a equação não deixaria de ser linear por isso. Voltemos ao exemplo simples da mola, que normalmente é o ponto de partida do estudo da análise linear, fundamental para o entendimento das estruturas lineares. A mola será fundamental também para darmos início ao entendimento das aplicações do mundo não linear. O ponto central era a relação entre forças nodais e deslocamentos nodais para cada elemento individual. Essa ideia fundamental está relacionada ao conceito de rigidez. A constante elástica da mola, que é a medida quantitativa da rigidez dela, é expressa por intermédio da relação entre a força aplicada e o deslocamento medido na extremidade da mola, como indica a Figura 1.3. A constante elástica da mola pode ser entendida como um coeficiente de rigidez, pois é o coeficiente que relaciona força e deslocamento na relação F = k · d. A situação mais simples e que foi de grande interesse prático correspondeu ao caso em que essa relação era linear. , E importante relembrarmos um aspecto conceitua! que estará sempre presente no cálculo dos deslocamentos da es- trutura, tanto para a análise linear que já estudamos, quanto para a análise não linear que estamos agora iniciando. A determinação de K, ou o conhecimento da rigidez da estrutura, constitui a tarefa fundamental da análise. Se consi- derarmos que no caso particular da mola a sua rigidez é expressa pela constante elástica k, essa ideia toma-se clara. Por exemplo, se a constante elástica da mola vale J 00 Kgflmm, o significado fisico dela é que é preciso aplicar uma força de 100 Kgfpara obter um deslocamento de 1mm. Ou seja, a rigidez da mola fornece a/orça para se obter um desloca- mento unitário e, como consequência, a possibilidade de calcular a sua deformação. Assim, ao conhecer a rigidez da estrutura, a relação força x deslocamento já está previamente definida. Se soubermos o valor de força para proporcionar um deslocamento unitário, saberemos para qualquer outro valor de deslocamento, dentro do âmbito linear. Assim, a partir do conhecimento de K, o deslocamento U decorre imediatamente. Na análise linear, isso é verdade, pois a rigidez da estrutura não se altera à medida que o carregamento se manifesta. Ou seja, K é constante. Ao pensarmos na montagem de um modelo discretizado em elementos finitos, o primeiro passo consiste em subdividir a estrutura em uma montagem de elementos, de sorte que a rigidez do conjunto possa ser adequadamente contabiliza- da. Terminada essa tarefa, podemos dizer que o ''problema já foi resolvido no âmbito dos deslocamentos unitários" à semelhança do raciocínio da mola. Se a rigidez foi bem representada, o cálculo dos deslocamentos, que decorre imedia- tamente, será representativo do problema fisico; caso contrário, não. Assim, no mundo linear, quando o analista acabou de ''fazer a malha e aplicou as condições de contorno", o problema já está resolvido, no âmbito dos deslocamentos unitários, e nesse mundo proporcional, para qualquer valor do campo de deslocamentos. O gráfico representativo da relação entre a intensidade da força F e do deslocamento U é uma reta e matematicamente representado por uma fun- ção linear. A inclinação da curva F x U sempre se mantém, e esta é a característica do mundo linear. Tudo é previsível a partir da determinação da rigidez da estrutura a partir da rigidez de cada um dos seus elementos. Um bom analista, sabendo dentro de que limites essa hipótese é aceitável, tira grande proveito da análise linear. Quem estabelece esses limites e até que ponto se deve acreditar nos números obtidos da análise é o analista, nunca o software. Na análise não linear isso é ainda mais pertinente. As Expressões 1.1 representam matematicamente o que acabamos de relembrar. Para um mesmo valor de K em (a), aumentos de F resultam aumentos proporcionais de U, pois K é constante. Em (b) a linearidade entre F e U é garantida porque K é constante.Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição 22 Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear Ou seja, o grande responsável pela hipótese do comportamento linear da estrutura é a garanâa de que a sua rigidez sempre se mantém inalterada durante todo o processo de carregamento dela, independente dos deslocamentos. Se isso não for verdade, a linearidade não pode ser garantida. E mais que isso, esse comportamento previsível, proporcio- nal, deixará de existir. Força Reta - - - _ _ Função linear ' ' --3 F. ---------------------. . 2-F F o 1 1 u 2-U 3-U 1 1 K: F = O U = O 1 F K u 1 1 1 2-F liJii K: 2-U 3-F 3-U F 2F 3F tg a = U = 2u = 3U = K = Constante K Comportamento linear~ K Constante! Deslocamento ~------------------------------------------1 Figura 1.3. Comportamento de uma mola linear. O conhecimento da rigidez da mola, por intermédio da sua constante k, permite determinar os deslocamentos para os diversos incrementas de carga. Em uma estrutura que apresente comportamento linear, ao dobrar a intensidade da carga atuante nela, os deslocamentos seguem a mesma proporção, ou seja, dobram. Se triplicarmos a carga, os deslocamentos triplicam e assim sucessivamente. Matematicamente, a representação entre F e U deixa de ser indicada graficamente por uma reta. Para o caso de uma simples mola não linear, o gráfico indicativo da relação F x U seria representado, por exemplo, pela curva da Figura 1.4, cuja inclinação varia ponto a ponto à medida que o carregamento é aplicado, e essa inclinação é uma quantificação da rigidez da mola. Uma ideia prática poderia ser visualizada em um conjunto de molas em que, à medida que a estru- tura se deforma, mais molas trabalham no conjunto, aumentando a rigidez da estrutura à medida que os incrementos de carga vão sendo aplicados, como indica a Figura 1.4. Poderíamos imaginar esse conjunto sendo representado por uma só mola, com a característica que nos diversos trechos de aplicação da carga a sua rigidez fosse diferente da rigidez do trecho anterior. Ou seja, na mecânica estrutural, um problema é não linear quando a rigidez da estrutura depende dos deslocamentos. Não há quem não tenha tomado em mãos um pequeno elástico e provocado a sua deformação. Nos ' primeiros aumentos de carga, o elástico deforma-se facilmente, ele se apresenta ''pouco rígido". A medida que aplica- mos incrementos de força, o elástico não se deforma na mesma proporção; sentimos claramente que ele se toma "mais rígido". Os deslocamentos observados em sua extremidade não crescem na mesma proporção dos aumentos de carga. Falando de outra forma, a rigidez da estrutura é dependente do estágio do carregamento em que ela se encontra. Este é apenas um caso das inúmeras manifestações do comportamento não linear das estruturas. Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição Introdução ao Estudo dos Fenômenos não Lineares em Análise Estrutural pelo Método dos Elementos Finitos 23 Como a rigidez depende dos deslocamentos, e esses deslocamentos não são conhecidos, pois são as incógnitas do pro- blema, como avaliar as mudanças de rigidez da estrutura? Esta é a questão central da análise não linear em estruturas. Vamos ter de desenvolver técnicas numéricas voltadas para esse fim. Olhando para o futuro, os conceitos de métodos incrementais e métodos iterativos estarão presentes como os maiores protagonistas desta nova caminhada. Força / / ,, / / / / / / / / / / a3 Móvel 1 K K 1 K Força K 1 1 , K: -------)-· ª1 --_':: _________ - Deslocamento tg ª 1 = K1 tg ª2 = K2 tg a3 = K3 Força ------, ___ _ -í r--------------------------------------------1 1 : Comportamento não linear~ K variável!!!! : 1 '--------------------------------------------~ --- Conjunto de 7 molas constituintes da estrutura. ' A medida que a força é aplicada e o carro se . move, mais molas trabalham e a rigidez do conjunto aumenta Deslocamento Representação do s istema de molas por intermédio de un1a mola equivalente de rigidez variável. A rigidez da estrutura aumenta à medida que o campo de deslocamento au111enta Deslocan1ento Figura 1.4. Comportamento não linear de um sistema de várias molas. O conhecimento da rigidez do conjunto, por intermédio da sua constante k, nesse caso variável, permite determinar os deslocamentos para os diversos incrementas de carga. Diferentemente do que ocorre em uma estrutura linear, em uma estrutura que apresente comportamento não linear, ao dobrar a intensidade da carga atuante nela, os deslocamentos não seguem na mesma proporção, ou seja, não dobram. Se triplicarmos a carga, os deslocamentos não triplicam e assim sucessivamente. Neste caso simples, podemos imaginar o conjunto representado por uma só mola, que apresenta rigidez variável à medida que a carga vai sendo aplicada na estrutura, ou seja, à medida que os deslocamentos vão se manifestando, a rigidez da estrutura se altera. Em outras palavras, a rigidez depende dos deslocamentos, o que não ocorre em um problema linear. K=f_ (b) u (1.1) Uma questão é clara. A não linearidade manifesta-se em decorrência da variação da rigidez da estrutura à medida que o carregamento atua. Surgem então as questões fundamentais da análise não linear. Primeiramente, por que a rigidez da estrutura varia? E, em segundo lugar, como quantificar a variação da rigidez dela? Ao observar o gráfico não linear da Figura 1.4, poderíamos argumentar de forma simples: este comportamento poderia ser representado por inúmeros trechos lineares, utilizando todo o conhecimento até agora desenvolvido da análise linear sequencialmente. Assim, o comportamento não linear manifestado ao longo do carregamento da estrutura poderia ser Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear- Avelino Alves Filho - 1ª Edição 24 Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear dividido em trechos lineares, e em cada trecho teríamos uma rigidez diferente. Essa ideia é conceitualmente correta, e é o grande motivador do que faremos adiante. Porém, as coisas não são tão imediatas assim. Estamos admitindo, ou "com- binando com a estrutura", que a curva não linear entre carga e deflexão é conhecida. Esta é a grande questão da análise não linear. Essa curva é a resposta do problema, não é conhecida a priori, estamos buscando por intermédio do processo de análise não linear, é a incógnita do problema, portanto é desconhecida. Só podemos determinar esses deslocamentos e, como consequência, essa curva carga x deflexão, se soubermos como a rigidez varia à medida que o carregamento se manifesta. Mas essa informação não é conhecida. Só conhecemos a rigidez da estrutura no estágio inicial da análise. Daí para frente, estamos diante de um fenômeno em que o comportamento linear, proporcional, não existe mais. Então, a análise não linear apresenta a característica da "imprevisibilidade". Assim, a determinação de K, ou o conhecimento da rigidez da estrutura durante uma análise não linear, constitui no- vamente a tare/ a fundamental da análise, porém essa rigidez varia com o carregamento. Vale ressaltar que na quase totalidade dos problemas a serem analisados pelo método dos elementos finitos, à seme- lhança do que ocorreu nas análises lineares estática e dinâmica, as soluções analíticas não são conhecidas, ou seja, não dispomos da solução exata dos problemas. O problema só pode ser resolvido por intermédio da discretização do sistema contínuo, objeto de análise. Para problemas discretos com milhares de graus de liberdade, ao contrário de uma sim- ples mola, a variação da rigidez do sistema estrutural não pode ser expressa analiticamente. Esta é a questão prática mais importante e constitui a maior dificuldade. Conhecemosa rigidez da estrutura, obtida a partir do conhecimento da rigidez de cada um dos seus elementos, válida somente para o estágio inicial das cargas aplicadas e dos consequentes deslocamentos. ' A medida que a carga aumenta, os deslocamentos não aumentam na mesma proporção das cargas, o que indica que a rigidez não se mantém constante. Ou seja, aquela rigidez da estrutura, obtida pelo processo de montagem, tal como estudado no livro sobre análise linear ao efetuar a "malha" de elementos finitos, só vale nos primeiros estágios em que a estrutura se deforma. Ela não pode ser utilizada para prever deslocamentos, deformações e tensões ao longo de toda a história do carregamento. Ela deve ser atualizada, ou melhor, corrigida. A questão central é como fazer essa atualização ou correção da rigidez a partir do conhecimento do valor inicial dela, obtido assim que acabamos de montar o modelo e aplicar as condições de contorno. Esse valor inicial da rigidez sofrerá contínua alteração. Este é o grande desafio agora. Resumindo as ideias anteriormente discutidas: Análise não Linear de Estruturas )( A rigidez varia ao longo do carregamento. , )( E necessário saber porque a rigidez varia, ou seja, quem são os parâmetros relacionados a essa variação. , E necessário saber quantificar essa variação de rigidez. 1.2 Por que a Rigidez da Estrutura Varia? Ao montarmos um modelo em elementos finitos, a tarefa fundamental da análise consiste em determinar a matriz de rigi- dez da estrutura a partir da matriz de rigidez de cada um dos seus elementos. Já sabemos que a escolha do tipo e tamanho de cada elemento constituinte do conjunto estrutural influi na definição da rigidez dos diversos trechos da estrutura e, como consequência, na rigidez da estrutura inteira. Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição Introdução ao Estudo dos Fenômenos não Lineares em Análise Estrutural pelo Método dos Elementos Finitos 25 Já sabemos também que, para a definição dos elementos finitos constituintes do modelo, devemos definir primeira- mente as características do material de cada elemento. Por exemplo, nas análises lineares mais simples, devemos fornecer o módulo de elasticidade E do material e o coeficiente de Poisson (v). Assim, dois elementos idênticos em termos de geometria, e que apresentem diferentes módulos de elasticidade, deformam-se diferentemente para as mes- mas intensidades de cargas aplicadas neles. Vigas idênticas de aço e alumínio deformam-se diferentemente para as mesmas cargas aplicadas. A viga de alumínio sofre maiores deflexões devido ao seu menor módulo de elasticidade (Eaço = 21000 Kgflmm2; Ealumínio = 7000 Kgflmm2). , Além do material, outra característica define a rigidez de um dado elemento. E a sua propriedade física. Esse importante parâmetro é definido ao acessarmos a biblioteca de elementos do software. Por exemplo, ao definirmos a propriedade fisica de um elemento de treliça, devemos fornecer a área da seção transversal da barra (A). Com o módulo de elas- ticidade do material (E), com a seção transversal da barra (A) e com o comprimento dela (L) definido ao posicionar o elemento no modelo entre dois nós, define-se a sua rigidez axial contabilizada na matriz de rigidez pelo parâmetro (E· A)/L. Da mesma forma ocorre com um elemento de viga. De posse do comprimento da viga, define-se a sua rigidez à flexão contabilizada na sua matriz de rigidez pelos parâmetros (E · I)/L3 nas duas direções principais, assim como a rigidez à torção pelo parâmetro (G · J)/L e a rigidez axial já conhecida por (E· A)/L. Esses parâmetros já são conhecidos do estudo da análise linear. Para definirmos a rigidez de um trecho de chapa por intermédio de um elemento, devemos fornecer a propriedade fisica associada ao elemento por intermédio da sua espessura, o material por intermédio do mó- dulo de elasticidade do material, bem como as dimensões do "elemento de chapa". A definição dos elementos sólidos já estudados segue a mesma lógica. Assim, a rigidez dos elementos e, consequentemente, da estrutura, depende das características do material, das pro- priedades físicas e de caracterísâcas geométricas. Em uma aplicação, quando as características do material se alteram à medida que o carregamento atua, as rigidezes expressas nas matrizes de rigidez dos elementos e da estrutura também se alteram. Isso então dá origem a um compor- tamento não linear da estrutura, ou do ponto de vista do modelo, do conjunto de elementos que representa a estrutura. Quando as propriedades fisicas se alteram, isso também é uma fonte de não linearidades. Da mesma forma, alterações na geometria podem ser outra fonte de geração de não linearidades. Veremos a seguir uma ideia inicial de como identificar essas alterações nos diversos problemas fisicos que fazem parte do dia a dia das análises estruturais, e que necessitam de uma abordagem não linear para descrevê-los adequadamente. Os capítulos seguintes tratam essas questões com ferramentas matemáticas adequadas. A Figura 1.5 resume as ideias anteriormente introduzidas. Assim, em uma primeira abordagem, temos as seguintes fontes de não linearidades, apro- fundadas nos capítulos seguintes, complementadas com alguns outros conceitos e aplicações de análise não linear: Análise não linear Alteração das características do material durante a evolução do carregamento Alteração de propriedades fisicas Alteração de geometria Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição 26 Define Material - JSOTROPJC ID 1 Title AÇO I 1 1 1 1 / I / 1 1 \ \ \ ,, / / \ \ \ \ ,, \ ,, ,,,' ,, Elementos Finitos -A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear ----- -- --,, -,, ' / Modelo em ' / ' I \ e lementos 1 \ I ' fi nitos / ' ,, ' ,, - ,, --- -----i-- ~--- ----- -y __________ , A rigidez do conjunto é determinada a partir do conhecimento da rig idez : de cada elemento 1 _____________________ ! \ \ ' ~~ ---------------------------------------, : A definição da rigidez de cada ele1nento exige : a definição de dois parâmetros fundan1entais 1 1 _ ___________________ ,,,,,-____________________ I / ' / ' / ' / ' / ' / '' / ' ,, " ' , Propriedade / ' Material ,, ,, " '' , / ' / ' / ' / ' / ' Element / Property Type / ' , / ' / ' / ' [] Parabolíc Elements / / Líne Elemen ts Plane Elements / / / / " Ü Rod é) Shear Panei ô Tube Q Membrane (1 Curved Tube ô Bendíng Only Colar 55 1 Palette ••• j Layer 1 1 Type ••• 1 -----------, O Bar IÔ I Plate (.1 Beam 0 Lamínate General Function References Nonlínear Creep Stiffness Electrícal/Optical Limit Stress Phase Escolha do tipo de elemento na biblioteca de elementos do software. Geon1etria e formulação do elemento 6 Línk O Plane Strain 0 Curved Beam O Axisymmetríc Shell Youngs Modulus, E Shear Modulus, G 21000 8076 Poísson's Ratio, nu o 3 , Thermal Expansion Coeff, a O, l Tensíon l Compressíon l Shear o, O, ô Spríng/Damper ô PlotOnly Ô DOF Spring Volume Elements Ü Gap o, 0 PlotOnly O Axisymmetric () Solid -------~ Mass Density Damping, 2.C/Co [±,97E-10I l Other Elements ':) Mass Conduc:tivity, k O, Speáfic Heat, Cp o, Heat Generation Factor o , o, Reference Temp O, () Mass Matrix Ô Rigid 0 Stiffness Matrix (l Slide Une () Weld/Fastener -------------------------------------------------------------------- , : Se as características do material de cada elemento se alteram durante a análise, ou : : as propriedades do elemento também se alteram, então a rigidez de cada elemento : : se altera, e a rigidez da estrutura não se mantém constante. Este é um dos motivos : : da existência da análise não linear. Veremos outros adiante. : l-------------------------------------------------------------------- Figura 1.5. Aorigem de alguns comportamentos não lineares em análise estrutural. Ao montarmos o modelo em elementos finitos de uma estrutura, necessitamos definir o material a ser utilizado em cada elemento. Do ponto de vista prático, ao utilizarmos o software de análise ,cada diferente tipo de elemento é especificado na biblioteca de elementos do software e as propriedades do elemento devem ser fornecidas. O comportamento não linear da estrutura decorre do fato de que a sua rigidez altera-se à medida que o carregamento vai sendo aplicado. Isso pode ser, por exemplo, decorrência das mudanças dos parâmetros de definição do material durante a análise, ou das alterações de propriedade física dos elementos. Além disso, outros fatos podem ser geradores de não linearidades, como veremos e equacionaremos adiante. Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição Introdução ao Estudo dos Fenômenos não Lineares em Análise Estrutural pelo Método dos Elementos Finitos 27 1.3 Não Linearidades Associadas ao Material Nos estudos de análise linear, normalmente são revisadas as equações que envolvem deformações e deslocamentos, que são relações essencialmente geométricas. Em seguida, revisamos as relações entre os efeitos observados - as deforma- ções - e suas causas - as tensões. Para isso, foi considerada a propriedade do material. Ela estava presente na equação constitutiva. Considerando somente materiais elásticos isotrópicos, que apresentam propriedades elásticas iguais nas diferentes direções, vimos que bastam apenas dois coeficientes para descrever as relações entre tensões e deformações: o módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson. Em particular, alguns materiais, como, por exemplo, o aço, para pequenas deformações, apresentam comportamento linear entre tensões e deformações. Essa relação pode ser observada no gráfico obtido a partir de um ensaio de tração de um corpo de prova de aço, representado na Figura 1.6(a). Ou seja, se o material trabalha na estrutura apenas até o limite de proporcionalidade, de O a P, o módulo de elasticidade se mantém constante. Durante todo o processo de análise, a matriz de rigidez não é afetada pela propriedade do material. Se as outras causas de não linearidades citadas anterior- mente também não estiverem presentes, a análise pode ser tratada como linear. Um pouco acima do limite de propor- cionalidade temos o limite de escoamento do material, representado pelo ponto E, em que o corpo de prova liberado da carga atuante apresenta uma deformação permanente de 0,2%, como convencionado. Para propósitos práticos consideram-se os pontos P e E coincidentes. Se a estrutura se deforma de sorte que algumas re- giões dela, ou a sua totalidade, passam a trabalhar acima do limite de escoamento do material, o módulo de elasticidade do material se modifica em função do estágio em que o carregamento se encontra. O gráfico da Figura 1.6(c) mostra que após o limite de escoamento ser ultrapassado, os valores do módulo de elasticidade vão se alterando, e são dados nume- ricamente pelas tangentes à curva. Em uma estrutura em que as tensões se distribuem de modo não uniforme, podemos ter regiões que estão no regime elástico e outras no regime plástico. Os elementos representativos dessas regiões devem ter seus módulos de elasticidade constantemente atualizados durante a análise. A rigidez de cada trecho da estrutura pode variar durante a análise e, como consequência, a rigidez da estrutura inteira. O procedimento de cálculo deve atualizar a matriz de rigidez da estrutura durante a análise, que é então não linear, pois a rigidez não se mantém constante. Isso indica em primeira instância que a atualização da rigidez precisa ser feita por etapas, já que para os diversos incrementos ou aumentos de carga a rigidez da estrutura varia. Por este motivo vamos estudar adiante um conceito-chave da análise por elementos finitos não linear: a análise incremental. A correção da rigidez da estrutura é feita nos diferentes "trechos" em que a carga vai sendo aplicada. Ou seja, ao aplicarmos, por exem- plo, uma carga de 5000 Kgf em uma estrutura, pensamos que ela pode ser aplicada em 20 intervalos de 250 Kgf, e em cada um desses intervalos efetua-se a correção da rigidez. A escolha do número de intervalos é uma questão conceituai importante em análise não linear e está vinculada ao conhecimento da natureza fisica do problema por parte do analista. E como fazer isso? Veremos adiante. Como dissemos antes, a rigidez da estrutura varia e não temos solução analítica conhecida nos modelos discretizados, então entra outra estratégia importantíssima utilizada na análise não linear: o problema não é resolvido dentro de um incremento de carga de uma só vez; são necessárias algumas repetições, ou ite- rações, até conseguir atingir o equilíbrio da estrutura naquele "trecho" de carga. São os métodos iterativos introduzidos para esse fim. Vamos estudar essa estratégia também adiante. crp p I I I I I o 1/ 1 I I I I / cr 1 - limite de escoamento I I <Jp tga = 8 = E = constante p /: crp - limite de proporcionalidade / 1 / 1 1 1 a 1 1 1 tp t (a) Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição 28 (J /1 1 ... /, E2 ~l // I / I / E / / I / I I / ~ I I ,... .,- 1 I ,... .t.: I I 1 I 1 I 1 I Elástico / 1 --- 1 1 ... 1 (b) -- E3 Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear a, 1 ª1 --ª2 1 / -I / ,... ,... ,... .-- ,... 1 / - .a.3 I / ,...,...,... ----- 0,4 / .,..----- ---- -------· I / ,... ,... - ,... -- - - - - - - .::..~~-;.,..::--=-.=..:::._----/ / - -- -r?:: 1 CJp - -/- 1 / 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 a, 1 1 1 1 1 1 1 1 1 €p 1 : 1 1 1--.-1 1 : .. / ... , .... ---•\-----•: Elástico Plástico (e) tga = E tga.1 = E1 tga.2 = E2 tga.3 = E3 tga.4 = E4 Figura 1.6. A origem de alguns comportamentos não lineares do material em análise estrutural. O comportamento não linear decorre do fato de que o módulo de elasticidade altera-se à medida que o material é submetido a tensões cada vez maiores. Isso pode acontecer; por exemplo, quando da ocorrência de plasticidade(c) ou material elástico não linear (b). Se o cálculo estrutural pretende oferecer subsídios quanto ao trabalho da estrutura até a ruptura, objetivando o enten- dimento do seu estado limite último, ou a deformação permanente até a carga final, devemos realizar uma análise não linear, em que o fornecimento apenas do módulo de elasticidade no regime elástico é insuficiente. Devemos fornecer também o limite de escoamento e a curva tensão-deformação após o regime elástico, e outras informações referentes ao modo como a deformação plástica se manifesta, como veremos adiante. Com essas informações é possível atualizar a matriz de rigidez da estrutura. Outra possibilidade é representada na Figura 1.6(b ). Embora o material se mantenha elástico, é possível que a sua curva tensão deformação do material apresente-se como não linear. Isso acarreta mudança de rigidez da estrutura durante o carregamento, portanto a análise será não linear. 1.4 Não Linearidades Associadas a Alterações de Propriedades Físicas e Grandes Deformações Embora adiante façamos a abordagem das não linearidades de forma mais rigorosa, é interessante observar por intermé- dio de uma aplicação prática simples o quanto é importante observar alguns parâmetros indicativos do comportamento não linear. Vimos no volume de análise estática linear que a tensão no caso uniaxial se relaciona com a deformação pela lei de Hooke. Na Figura 1.7, para deformações no eixo x da barra podemos escrever <Jx =FIA= E· ex. Uma barra tracionada deforma-se longitudinalmente, mas ao mesmo tempo apresenta uma contração lateral, que é uma fração da deformação longitudinal. Já sabemos que essa fração éo coeficiente de Poisson (v). Assim, (v) = (ey/ ex) ou ey = V. ex =V. (Jx/ E. Há casos em que as variações dimensionais são pequenas, como na deformação elástica. Por outro lado, há situações em que as variações dimensionais são grandes, como, por exemplo, em processos de conformação como a trefilação, e a peça pode apresentar variações sensíveis na área de seção transversal (A). Isso quer dizer que a seção transversal da barra, que é uma característica de propriedade fisica associada ao elemento, deve ser atualizada durante a análise. A forma simples de tratamento utilizada na análise linear já não se aplica. Como incorporar este fato à análise não linear é objeto do que faremos adiante. Por ora, é importante identificar a presença deste problema e onde cabe a sua aplicação. As deformações podem ser muito grandes, ocasionando inclusive variações consideráveis no comprimento do corpo e deformações plásticas. Esse tipo de fenômeno é estudado adiante com detalhes, e para isso vamos utilizar ferramentas matemáticas adequadas. A Figura 1. 7 ilustra a barra na configuração antes e depois de deformada. Os conceitos de ten- são e deformação, já estudados na análise linear, merecem um tratamento mais cuidadoso. Vimos que a tensão axial é Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição Introdução ao Estudo dos Fenômenos não Lineares em Análise Estrutural pelo Método dos Elementos Finitos 29 calculada por intennédio do cociente entre a intensidade da força atuante e a área da seção transversal da barra. A área original da barra era tomada como referência para efetuar esse cálculo. Não havia necessidade de se avaliar a redução de área devido à contração lateral, pois as defonnações eram pequenas nos fenômenos cobertos pela análise linear. A defor- mação era calculada por intennédio do cociente entre a variação total do comprimento da barra e o comprimento inicial. A análise linear presumia que a defonnação, que mede a taxa de variação do comprimento em relação ao comprimento inicial, tenha taxa de crescimento constante durante todo o processo de carregamento. Vimos no exemplo antes citado do "elástico", que à medida que a carga vai aumentando, para maiores valores de carga, o elástico toma-se mais "rígi,do ". Ou seja, a variação de comprimento da barra, para iguais incrementos de carga aplicados, é diferente em função do valor do comprimento em que a barra se encontra. Ou seja, o conceito de defonnação, que antes era aplicado em relação ao valor inicial do comprimento da barra, deve ser introduzido considerando o comprimento atual da barra. Ludwik, P. foi o primeiro a propor a definição de deformação verdadeira ou deformação natural, em que a variação do comprimento é relacionada ao comprimento instantâneo do corpo de prova em vez do comprimento original, como ilustra a Figura 1. 7. Da mesma fonna, a tensão que resulta da divisão do valor da força pela área original na análise linear é obtida pela divisão da força pela área atual . ..--r Antes Depois L0 - comprimento original Seção antes F ---------------------.-----,,__--F--------,,~ ,---tL~-~-=-=-~-~-=--~-=-~-~-=-=-~-~--~-~-=-~-~-~-=w-~_±::::::::::::::::::=::::::t::A:._~__, Ao L jM =L-L0 "" 1-- 1 Seção depois ,---- - - ---- - ---- - ---- - ---- - -, '------- Antes Def onnação linear média 6.L L-L -= o (Deformação de engenharia) - Lo Lo ~ ' cr-_ Tensão média 1 ª Tensão de Piola - Kirchoff Area original Quando a deformação é pequena, ao submetermos a barra a uma sucessão de "trechos" de deformação, a deformaçãototal acumulada é dada pela variação do comprimento total da barra dividida pelo comprimento inicial. Tensão de cauchy Verdadeira Força F cr = - - Área atual A L Depois Muito depois !!! dL -------------------------------- L Neste pequeno aumento de comprimento da barra ocorreu uma deformação (dL/L). Considerando todos os trechos dL do início ao fim da defonnação, a deformação total será o so1natório de todos os "pequenos" (dL/L), ou seja, urna integral dada por JL dL L0 L Defor1nação verdadeira total é a soma das deformações verdadeiras incrementais Tensão Ç, Curva tensão-defonnação verdadeira o ,... V • ~ / Curva tensão-defonnação de engenharia Deformação Figura 1. 7. A ocorrência de grandes deformações é uma das mais importantes fontes de não linearidades. Os conceitos de deformação e tensão, sempre referidos aos valores de comprimento inicial e seção inicial do corpo na análise linear, devem ser tratados com mais cuidado. Isso será abordado com detalhes nos próximos capítulos. Editora Érica - Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear-Avelino Alves Filho - 1ª Edição 30 Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE / Análise não Linear A Figura 1. 7 ilustra os conceitos de deformação anteriormente mencionados, bem como de tensão. Trataremos essas questões em profundidade adiante, quando focalizarmos o estudo das grandes deformações, uma importantíssima fonte de não linearidade. Embora seja o objetivo mais adiante, nesta primeira abordagem do presente capítulo é essencial ter uma visão geral das , fontes mais importantes de não linearidades, de sorte a estabelecer a necessidade futura desse tipo de análise. E bom sempre termos em mente que faz parte do processo de modelagem da estrutura a definição do tipo de análise que mais se adequa ao problema de engenharia que se quer resolver. Esta é uma tarefa que jamais será terceirizada com o software; é uma decisão de engenharia. A título de complemento nesta abordagem inicial, vale mencionar que, ao trabalharmos com pequenas deformações ( < 4 % ), as diferenças entre distintas medições delas, ou seja, deformações verdadeiras ou deformações de engenharia, são ignoradas, pois os seus valores são muito próximos. Faremos essas comparações adiante. A utilização do conceito de deformação verdadeira toma-se obrigatória ao trabalhar com materiais que exibem por excelência comportamento não linear. Um exemplo clássico é o caso de elastômeros, como a borracha, espumas etc. 1.5 Não Linearidades Associadas a Alterações de Geometria - Grandes Deslocamentos A Figura 1.8 representa um caso simples de uma viga engastada, sujeita à ação das forças F1 e F2 . Durante os cursos básicos de estática, estudamos o equilíbrio desse tipo de estrutura, considerando o conhecido diagrama de corpo livre. A consideração do diagrama de corpo livre de uma parte da estrutura e de cada elemento desempenhou papel fundamental nas montagens de elementos finitos estudadas no livro sobre análise linear. Foi um recurso importante para estabelecer o entendimento das equações de equilíbrio e compatibilidade das montagens de elementos. Uma questão muito importante, e que tem grande repercussão nos estudos das não linearidades, refere-se às hipóteses adotadas ao considerar o diagrama de corpo livre. Não nos ocorria fazer a pergunta: devemos montar o diagrama de corpo livre representando a estrutura indeformada ou deformada para a montagem das equações de equilíbrio? Normal- , mente, desconsideramos este fato. E o caso representado na Figura 1.8(a). No caso (a), as equações de equilíbrio da viga inteira e de uma parte dela foram montadas sem considerar a configuração deformada da estrutura. Os valores de reações de apoio ou de forças internas foram obtidos pelas equações de equilíbrio 1. Este é o procedimento comum que utilizamos nos cursos básicos de resistência dos materiais. A observação atenta e cuidadosa da Figura 1.8(b) pode revelar algumas surpresas. Tanto no caso do cálculo das reações de apoio como na determinação das forças internas, alguns termos adicionais surgem nas equações de equilíbrio, que não foram contabilizados na Figura 1.8(a). Por exemplo, na base da estrutura, além do momento fletor F1 • H, surge um termo adicional dado por F2 • ~- Ou seja, a força de compressão F2 também contribui
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