Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Gestão Estratégica Planejamento Estratégico Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria DAYANNA DOS SANTOS COSTA MACIEL AUTORIA Dayanna dos Santos Costa Maciel Olá! Sou formada em Administração pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), com Mestrado na mesma área pela Universidade Federal da Paraíba – este, com ênfase em Estratégia e Inovação. Também sou mestra em Gestão de Recursos Naturais (UFCG, 2014) com ênfase em Estratégia Ambiental focada em modelos e ferramentas de gestão nas empresas. Tenho experiência técnico-profissional no ensino da Administração, ministrando disciplinas como Planejamento Estratégico, Cultura organizacional e liderança, Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais, entre outras em nível de graduação e pós-graduação. Sou apaixonada por gestão e planejamento, e lecionar esse conteúdo para mim consiste em emergir junto com os discentes em um universo de possibilidades de gestão, no qual a criatividade para traçar estratégias e analisar cenários torna-se o principal ingrediente presente no processo de ensino e aprendizagem, bem como da atuação dos futuros gestores em formação. Adoro transmitir meus conhecimentos e minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Controle Estratégico .................................................................................. 10 Implementação x Controle Estratégico: Aspectos Relacionados ............... 10 Controle dos Resultados da Estratégia .......................................................................... 16 Estratégia e Aprendizado Organizacional ........................................ 19 Escola do Aprendizado em Estratégia ............................................................................ 19 Relacionando Aprendizado e Estratégia ........................................................................25 Conhecimento e Estratégia ....................................................................30 Gestão do Conhecimento na Empresa: Introdução .............................................. 30 Como o Conhecimento é Criado nas Organizações? ......................34 A Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional ....................35 Relacionando Gestão do Conhecimento à Estratégia Organizacional ....37 Competências Essenciais nas Organizações ..................................40 O que são Competências Essenciais? Aspectos Introdutórios .................... 40 Modelos para Identificação e Gestão de Competências ...................................45 Modelo Proposto por Resende ..........................................................................45 Modelo Proposto por Barney ............................................................................. 46 Modelo Proposto por Hamel e Prahalad ................................................... 48 7 UNIDADE 04 Planejamento Estratégico 8 INTRODUÇÃO Você já parou para pensar como você gerenciou o resultado de uma estratégia que tenha aplicado em sua vida? Pois é! Muitas vezes, o resultado de uma ação estratégica pode ir aquém ou além do esperado, então o que fazer quando isso acontece? A solução é controlar a situação. Isso mesmo, assim como na sua vida, as empresas precisam controlar tanto a implementação da estratégia como os resultados advindos dela. Esse controle também está vinculado em como a organização lida com aprendizagem organizacional e a gestão do conhecimento, assim como as competências essenciais que essa organização possui. Pois bem, é isso que vamos aprender nessa unidade: como as organizações podem controlar os resultados da estratégia, fazendo uso do aprendizado, conhecimento e competências essenciais. Preparado (a) para embarcar nessa viagem de conhecimento? Vamos lá! Planejamento Estratégico 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4 – Gestão estratégica. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender os aspectos e identificar as etapas relacionadas ao controle dos resultados de uma estratégia competitiva organizacional. 2. Entender a relação entre aprendizado e estratégia organizacional, considerando as premissas da Escola do Aprendizado. 3. Aplicar as técnicas e fundamentos da gestão do conhecimento na estratégia organizacional. 4. Desenvolver modelos para identificar e gerenciar competências essenciais de uma organização. Então? Preparado para continuar a navegar no mar do conhecimento? Alçar velas e boa viagem! Planejamento Estratégico 10 Controle Estratégico OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de identificar aspectos e etapas relacionadas ao controle dos resultados de uma estratégia competitiva organizacional. Isso é de suma importância, uma vez que essa base teórica irá ajudar você a direcionar sua ação quando for necessário controlar resultados estratégicos que estejam aquém ou além dos esperados no planejamento organizacional. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então, vamos lá. Avante!. Implementação x Controle Estratégico: Aspectos Relacionados REVISANDO: A implementação é um dos passos do processo de (re)formulação da estratégia competitiva da organização. Esse passo consiste em colocar em ação estratégias operacionais de negócios, que, uma vez implementadas, dão vida a estratégia de negócios da empresa, sendo essa última uma ideia (ideia de negócio). Partimos da premissa que você já tem conhecimento sobre o processo de implementação de estratégias organizacionais, como também sabe diferenciar os variados tipos de estratégias (corporativa, de negócio e operacional). Sendo detentor desse conhecimento, você está apto agora a aprender quais aspectos do processo de implementação estão relacionados com os resultados da estratégia implementada. Então, vamos lá! Devemos ter em mente que alguns aspectos e recomendações devem ser seguidos no processo de implantação, uma vez que eles revelam possíveis resultados estratégicos. Vamos aqui aprender sobre cinco aspectos/recomendações e como eles podem direcionar os resultados estratégicos. Para melhor destaque, a Figura 1 lista esses aspectos/ recomendações. Planejamento Estratégico 11 Figura 1 – Aspectos e recomendações relacionados à implementação de estratégias competitivas Estratégia implementada Rever projeto de produto. Rever projeto de produto. Atentar para a seletividadepro- dutiva. Integrar as áreas tecnológi- cas e mercadoló- gica. Adotar mo- delo participativo para implementar medidas Fixar um objetivo de cada vez. Analisar processos de negócios da em- presa. Foco na competitividade empresarial. Abordar cada processo de negócio da empresa ao implementar a estratégia competitiva operacional. Manter forças concentradas Analisar consequências de três alternativas: manter a mesma linha, diversificá-la ou simplificá-la. Análise e engenharia de valor e engenharia concomitante. Fabricar internamente ou adquirir de um fornecedor? Fonte: Adaptada de Contador (2008). Planejamento Estratégico 12 VOCÊ SABIA? O resultado positivo da implementação das estratégias empresariais também depende de fatores como: uso de padrões e processos para mensuração; mecanismos de motivação e incentivo dos envolvidos, recrutamento e de desenvolvimento de gerentes e liderança pessoal advinda do topo da organização. A Figura 1 é uma representação visual de aspectos e recomendações relacionados à implementação de estratégias competitivas nas empresas. Focaremos nesses aspectos, embora saibamos que, de um modo geral, os resultados positivos das estratégias empresariais dependem de vários fatores atrelados ao processo de implantação. Vamos agora entender cada aspecto/recomendação elencada na Figura 1 e seus possíveis reflexos nos resultados estratégicos. Vejamos: Rever a linha de produtos: a recomendação é analisar e rever as linhas de produtos e/ou serviços da empresa com foco na estratégia competitiva a ser implementada. Nesse aspecto, deve-se definir sobre manter, diversificar ou reduzir produtos e/ou serviços. Essa recomendação, ao ser seguida, reflete no controle dos resultados da estratégia no que tange a facilitação de vendas (diversificação e atendimento a maior parcela do mercado) e redução de custos (simplificação). A respeito da diversificação e simplificação, Zaccarelli (apud Contador, 2008) explica: Existe um ponto ótimo entre diversificação e simplificação que leva a uma ótima integração entre produção e comercialização. A diversificação visa obter maior facilidade na venda de produtos por atender melhor às exigências do mercado, ou utilizando o mesmo canal de distribuição já existente para a venda de um novo produto, ou usar capacidade ociosa dos fatores de produção. A simplificação visa reduzir o número de tipos e variedades de produtos para diminuir: o capital empregado em estoques, o número e o tempo total de ajustamento das máquinas, o trabalho do PPC, o trabalho do controle de estoque e do controle de custos etc. (ZACCARELLI apud CONTADOR, 2008, p. 408). Planejamento Estratégico 13 Em suma, ao optar pela diversificação ou simplificação, a empresa deve estar preparada para obter controle estratégico dos resultados frutos da escolha. Por exemplo, a diversificação aumenta a demanda por produtos e/ou serviços da empresa, desse modo, ela deve ter controle estratégico para atender esse aumento de demanda como resultado da estratégia implementada. Rever o projeto do produto e/ou serviço: a recomendação é similar a anterior, só que a análise é focada na estrutura do produto serviço em vez do seu processo de produção e distribuição. Recomenda-se rever o produto ou seu projeto tendo como critério de análise a criação de valor para o consumidor e para o produtor, nesse sentido, pode-se fazer uso da análise e engenharia do valor. SAIBA MAIS: Gostaria de saber mais sobre a engenharia de valor e suas possíveis aplicações? Acesse mais informações clicando aqui. Além da engenharia de valor, a engenharia concomitante também é utilizada para fins de análise de projeto de produto e/ou serviço. Na engenharia concomitante, o foco é a verificação das seguintes características do produto ou serviço: desempenho, qualidade, produtividade, facilidade de teste, manutenção e custo. A revisão do projeto possui as mesmas implicações para o controle estratégico da revisão de linha. Atentar para a seletividade produtiva: ao implementar a estratégia, é importante atentar para seletividade produtiva e os reflexos de suas decisões no controle da estratégia e seus resultados. DEFINIÇÃO: “Seletividade produtiva é a opção entre fabricar internamente um produto ou um componente ou adquiri- lo de um fornecedor” (CONTADOR, 2008, p. 409). Planejamento Estratégico https://www.euax.com.br/2011/04/engenharia-de-valor-o-que-e-e-sua-aplicacao-na-gestao-de-projetos 14 Para a estratégia, a seletividade implica na escolha de abandonar certos produtos e concentrar-se em outros com base nos aspectos tecnológicos que os envolve. Falando com foco em estratégia competitiva, produtos que possuem uma tecnologia ou processo muito difundido podem ser fabricados com facilidade por concorrentes, gerando uma grande oferta e, consequentemente, uma pequena contribuição para o faturamento da empresa. Já nos produtos de alta tecnologia, a lógica mercadológica é inversa. A seletividade ainda possibilita à empresa reduzir custos de produção quando opta por adquirir de fornecedores componentes do produto ou terceirizar parte do processo cuja tecnologia é muito difundida. Portanto, a escolha entre fabricar e adquirir gera diferentes resultados estratégicos que a empresa precisará controlar, por isso a importância de buscar prever os resultados das possíveis escolhas e cursá-los com objetivos estratégicos da empresa e com sua capacidade de controlar as implicações. Adotar modelo participativo para implementar medidas: ao implementar a estratégia, recomenda-se envolver, ao máximo, os membros da organização, ou seja, adotar um modelo de administração participativa. Essa recomendação influencia no controle dos resultados estratégicos, uma vez que os membros da organização se sentem comprometidos com os resultados da estratégia implementada e as implicações para a empresa. Integrar as áreas tecnológica e mercadologia: aqui a recomendação é gerenciar conflitos de interesse. Entendamos a área de tecnologia como as diversas áreas da empresa destinadas à criação e à produção de produtos e serviços. Assim, disputas entre o que criamos e o que o mercado quer podem dificultar a implementação da estratégia e os resultados obtidos. Planejamento Estratégico 15 EXPLICANDO MELHOR: A competitividade empresarial tem como um dos elementos-chave a integração entre a estratégia tecnológica com a mercadológica. Nesse sentido, as mudanças de cunho tecnológico impactam no ciclo de vida dos produtos, redefinição dos segmentos de atuação da empresa, seguimento de novos concorrentes, mudança nas forças de trabalho. Um exemplo dessa relação consiste na obsolescência programada dos computadores da IBM, cuja estratégias mercadológicas da empresa estavam fincadas em estratégias tecnológicas. Analisar os processos de negócios da empresa: a recomendação aqui é vincular a estratégia a ser implementada a cada um dos processos de negócios da empresa. Isto é, considerar todas as atividades que fazem parte de um processo da empresa. Por exemplo, no processo produtivo tem-se as seguintes atividades: recebimento, armazenamento e distribuição de insumos, montagem e embalagem, armazenamento, venda e distribuição. Pois bem, deve-se considerar as implicações e reflexos das atividades estratégicas em cada uma delas, buscando então se obter resultados desejáveis. Desconsiderar uma dessas atividades, por exemplo, pode implicar resultados estratégicos não desejáveis, como ao negligenciar a distribuição, podemos ter uma falta de atendimento dos clientes, gerando prejuízos como resultado da implementação da estratégia. Fixar um objetivo de cada vez: aqui recomenda-se a fixação de objetivos e concentração de esforços ao longo da implementação da estratégia, isso facilita o controle estratégico ao permitir a medicação de cada objetivo e a cobrançade seus resultados. Agora que sabemos a necessidade de atentar para a implementação da estratégia para facilitar do controle dos resultados obtidos pela empresa a partir de sua adoção e prática, partimos para o entendimento efetivo de como podemos efetuar esse controle. Planejamento Estratégico 16 Controle dos Resultados da Estratégia Vamos pensar um pouco: o que é necessário fazer para controlar os resultados de uma estratégia competitiva? Ah, se falamos de competitividade, devemos visar a esse controle com base em clientes, concorrentes, entre outros elementos importantes para empresa quando a questão é se manter firme no mercado em que atua. Isso mesmo! Aqui, vamos ter em mente que o controle dos resultados de uma estratégia remete às seguintes atribuições destacadas conforme a Figura 2. Figura 2 – Etapas de controle da estratégia Avaliar o comportamento dos clientes à nova estratégia competitiva Papel das experiências Monitorar e avaliar as reações dos concorrentes Alterar a estratégia competitiva conforme comportamento dos clientes e rea- ções dos concorrentes. Retomar o processo de formulação da estratégia competitiva sempre que hou- ver um movimento competitivo de um concorrente ou de uma empresa da rede de negócio ou uma alteração no ambiente empresarial. Fonte: Adaptada de Contador (2008, p. 441). Essas etapas ou atribuições estão atreladas a dois tipos de controle da estratégia: interno e externo. NOTA: O controle externo dos resultados da estratégia competitiva remete basicamente à avaliação das respostas da reação dos clientes, enquanto o interno é associado às ações internas relativas à implementação das medidas de controle. No controle externo, o objetivo é gerar alterações ou adaptações e, até mesmo, correções na estratégia em questão mediante o Planejamento Estratégico 17 monitoramento continuado do ambiente externo à empresa. Então, quando há necessidade de intervir para fim de controle dos resultados da estratégia? Na perspectiva da análise externa, devemos ter em mente a máxima: sempre que houver um movimento competitivo de um concorrente, ou de uma empresa da rede de negócios ou uma alteração no ambiente externo, é hora de rever o processo de formulação da estratégia. E como avaliar para fins de controle estratégia? Existe um caminho metodológico? Bem, se pensarmos um pouco vamos recordar que, ao longo da elaboração e implementação, foram definidos indicadores de resultados, como rentabilidade, pois bem, esses indicadores servem como mecanismos para avaliar uma estratégia já implementada e em curso. Mas, em relação às estratégias não implantadas, existe alguma forma de prever controle? A esse respeito Contador (2008, p. 411) esclarece: “mas não há um método para avaliar a estratégia competitiva ainda não implementada, pois indicadores retratam apena a situação presente ou passada”. Desse modo, quando falamos de estratégia não implementada, o que temos são previsões e conjecturas dos resultados da estratégia, que levados em consideração, poderão gerar intervenções na estratégia para fins de controle. No que tange ao controle interno, o que move a avaliação é a seguinte premissa: quanto menor for o desperdício de recursos e esforços, mais eficiente é a empresa e a estratégia competitiva. Sendo assim, controlar a estratégia, dentro da perspectiva de controle interno, é gerenciar a implementação da estratégia e processos internos estratégicos. Assim, temos dois tipos de controle interno, segundo Contador (2008): o relativo à implementação e o referente à eficácia da estratégia. No que tange à implementação, esse controle pode ser obtido por aplicação de técnicas de gerenciamento de projetos que otimizem o uso de recursos e esforços da empresa. Quanto ao controle da eficácia da estratégia, deve-se definir indicadores específicos por alvo estratégico. Por exemplo, se a empresa tem por estratégia competir em prazo de entrega deve estabelecer indicadores de controle como velocidade dos processos internos de entrega. Planejamento Estratégico 18 RESUMINDO: E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Aqui, você basicamente aprendeu os aspectos e etapas relacionadas ao controle dos resultados de uma estratégia empresarial. Vimos que esse controle inicia com alguns cuidados, que denominamos de recomendações ao se implementar uma estratégia. Esses cuidados/recomendações são: revisão de linhas e projeto de produto, atenção para a seletividade produtiva, adoção de modelo participativo para implementação de medidas, integração de áreas, análise dos processos de negócios da empresa e fixação de um objetivo por vez. Compreendendo as recomendações, passamos a estudar os dois tipos de controle dos resultados de uma estratégia adotada pela empresa. Nesse sentido, destacamos quatro etapas que consiste em ações relacionadas à execução desse controle, bem como os aspectos que envolvem os dois tipos de controle, a saber: controle interno e controle externo. Planejamento Estratégico 19 Estratégia e Aprendizado Organizacional OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de estabelecer uma relação entre aprendizado e estratégia organizacional considerando as premissas da Escola do Aprendizado em estratégia. Aqui, você vai aprender sobre como a aprendizado organizacional contribui para a formulação de estratégias empresariais. Esse conhecimento irá norteá-lo em sua prática profissional quando for necessário gerar aprendizado organizacional e utilizá-lo para geração de estratégias que atendam às necessidades da empresa e fazer uso dos recursos e esforços que ela tem disponíveis para esse fim. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então, vamos lá. Avante!. Escola do Aprendizado em Estratégia Vamos lá! Para relacionarmos aprendizado à estratégia, vamos resgatar a base teórica que estabelece essa relação: a Escola do Aprendizado em estratégia. Você deve lembrar: as escolas que buscam explicar o processo de formulação de estratégia podem ser divididas em prescritivas e descritivas, bem como as estratégias podem ser definidas de forma emergente ou deliberada. Nesse sentido, a Escola do Aprendizado é uma escolha descritiva que trata o processo de formação da estratégia como emergente. A máxima dessa escola se baseia no fato de que o formador da estratégia tem uma postura de aprendizado ao longo do tempo. REVISANDO: Para a Escola do Aprendizado, a estratégia surge/emerge do aprendizado individual e coletivo, ou seja, quando as pessoas apreendem a respeito de uma situação ou com a capacidade de lidar com ela. De modo que, para essa escola, a estratégia é formada pelas pessoas por meio de aprendizados e, em seguida, são descritas para fins de formalização. Planejamento Estratégico 20 Mas antes de aprofundarmos nos temas centrais dessa escola, suas premissas e direcionamentos em relação à estratégia, devemos primeiro definir o que é aprendizagem. Para você o que é aprendizagem? O que ela envolve? Pare um pouco agora e responda a esses questionamentos, em seguida dê continuidade ao estudo desse material. Essa reflexão irá ajudar você a verificar se possui uma visão assertiva a esse respeito. DEFINIÇÃO: Aprendizagem é o processo de alteração de atitudes e comportamentos oriundos de experiências vividas pelos indivíduos que permite o contato com fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais. Nesse contexto, podemos definir aprendizado como o resultado da interação de estruturas mentais e o meio ambiente. Agora que concebemos uma perspectiva do que é aprendizado, retornemos ao estudo da Escola do Aprendizado em estratégia. Essa escola possui alguns temas centrais que a embasam, são eles: incrementalismo desarticulado, incrementalismo lógico, empreendimento lógico,estratégia emergente e compreensão retrospectiva. O Quadro 1 apresenta resumidamente a essência de cada uma dessas ideias. Planejamento Estratégico 21 Quadro 1 – Temas centrais que envolvem a Escola do Aprendizado em estratégia Temas Centrais Essência da ideia Posição da escola Incrementalismo desarticulado Decisões estratégicas são tomadas à margem, mais para resolver problemas do que para explorar oportunidades, com pouca consideração por metas definitivas ou mesmo por conexões entre decisões diferentes. Incrementalismo desarticulado é uma fonte de geração de estratégias. Incrementalismo lógico Organizações chegam às estratégias como concepções integradas. Incrementalismo lógico também é uma fonte de geração de estratégias. Empreendimento estratégico Descrever como surgem as ideias para mudanças estratégicas. Isso acontece nas propostas ou nos empreendimentos defendidos por agentes estratégicos, não necessariamente – ou talvez comumente – em posições de alta administração. Empreendimento estratégico não é um modelo pleno de aprendizado de formação de estratégia. O processo de empreendimento interno pode culminar em movimentação estratégica, mas não necessariamente em esforços coordenados ou em modelagem, isto é, estratégia. Estratégia emergente A estratégia deliberada focaliza o controle certificando-se de que as intenções gerenciais são realizadas em ação - ao passo que a estratégia emergente focaliza o aprendizado - entender por meio da execução de ações regidas pelas intenções. As estratégias emergem nas organizações como resultado do aprendizado. Compreensão retrospectiva Gerência está inextrincavelmente ligada ao processo de compreensão da experiência passada. Padrões de experiências passadas quando descritos podem se tornar estratégias para ações futuras. Fonte: Adaptado de Mintzberg et al. (2000, p. 136-149). Planejamento Estratégico 22 Ainda a Escola do Aprendizado estratégico apresenta algumas premissas que norteiam a formação de estratégias considerando o aprendizado. Conforme o Quadro 2. Quadro 2 – Premissas da escola do aprendizado em estratégia PREMISSAS DA ESCOLA DO APRENDIZADO 1 A natureza complexa e imprevisível do ambiente da organização, muitas vezes associada à difusão de bases de conhecimento necessárias à estratégia, impede o controle deliberado; a formação de estratégia precisa, acima de tudo, assumir a forma de um processo de aprendizado ao longo do tempo, no qual, no limite, formulação e implementação tornam-se indistinguíveis. 2. Embora o líder também deva aprender e, às vezes, poder ser o principal aprendiz, em geral é o sistema coletivo que aprende: na maior parte das organizações há muitos estrategistas em potencial. 3. Este aprendizado procede de forma emergente, por meio do comportamento que estimula o pensamento retrospectivo para que se possa compreender a ação. As iniciativas estratégicas são tomadas por quem quer e tenha capacidade e recursos para poder aprender. Isso significa que as estratégias podem surgir em todos os tipos de lugares estranhos e de maneira incomum. Algumas iniciativas são deixadas para que se desenvolvam ou não por si mesmas, ao passo que outras são escolhidas pelos defensores gerenciais que as promovem pela organização e/ou à alta administração, dando-lhes ímpeto. De qualquer maneira, as iniciativas bem-sucedidas criam correntes de experiências que podem convergir para padrões que se tornam estratégias emergentes. Uma vez reconhecidas, estas podem ser tornadas formalmente. 4. Assim, o papel da liderança passa a ser de não preconceber estratégias deliberadas, mas de gerenciar o processo de aprendizado estratégico, pelo qual novas estratégias podem emergir. Portanto, a administração estratégica envolve a elaboração das relações sutis entre pensamento e ação, controle e aprendizado, estabilidade e mudança. Planejamento Estratégico 23 5. Dessa forma, as estratégias aparecem primeiro como padrões do passado; mais tarde, talvez, como planos para o futuro, como perspectiva para guiar o comportamento geral. Fonte: Adaptado de Mintzberg et al. (2000, p. 156-149). Recordar as premissas, bem como as ideias que deram origem a essa escola permite que tenhamos uma visão teórica da relação entre aprendizado e estratégia no contexto em que tal escola teve sua origem. Contudo, temos que considerar que ao longo do tempo surgiram novas direções para os preceitos dessa escola, essas novas direções são destacadas na Figura 3. Figura 3 – Novas direções para ao aprendizado estratégico Aprendizado estratégico 1.Aprendizado como criação de conhecimento 2.A dinâmica das capacidades organizacionais e competências essenciais 3. Além do aprendizado até o caos Fonte: Elaborada pela autora (2021). Dentre as novas direções do aprendizado estratégico listadas na Figura 3, vamos aprofundar nossos estudos nas duas primeiras, por esse motivo elas serão tratadas nas competências seguintes desse material quando abordaremos a relação entre conhecimento e estratégia, na sequência falaremos sobre as competências essenciais da organização. Por esse motivo, nesse momento vamos nos ater a compreender o aprendizado sob a perspectiva do caos. Planejamento Estratégico 24 DEFINIÇÃO: A Teoria do Caos consiste em um princípio científico, descrevendo em sua essência a imprevisibilidade dos sistemas. Essa teoria tem por base a seguinte premissa: os sistemas podem se constituir no caos, gerando resultados imprevisíveis e sem direção. Na visão da Teoria do Caos, a desordem e o caos se constituem fonte de aprendizado. De um modo geral, as teorias organizacionais preconizam a ordem assumindo o caos como prejudicial à organização. Portanto, essa nova direção para o aprendizado estratégico traz como proposta a visão do caos ante suas perturbações como fonte de oportunidades criativas, as quais podem ser direcionadas à produção de aprendizado, transcendendo a visão de conservação da ordem estabelecida de pensamento estratégico. Em suma, a Teoria do Caos no contexto organizacional propõe que as organizações sejam vistas como sistemas dinâmicos que sofrem influências ambientais que, por sua vez, a deixa em estado permanente de desequilíbrio. Nesse contexto, a teoria pressupõe que os gestores e estrategistas devem assumir uma postura deliberada de injetar perturbações nas operações da organização visando que inconsistências gerem novos conhecimentos e aprendizados. Por fim, essas novas direções são algo mais recentes, o que permitiu que a Escola do Aprendizado, dentro de sua conjuntura original, fosse criticada em alguns aspectos. As principais críticas proferidas a esta escola foram: sem estratégia, estratégia perdida, estratégia errada e cuidados com a aprendizagem. Contudo, essa escola contribui para as teorias de formulação de estratégias ao mostrar que aprendizado parece ser particularmente necessário em organizações do tipo profissional, que operam em ambientes complexos, nos quais o conhecimento requerido para criar estratégias está amplamente disperso. Planejamento Estratégico 25 Relacionando Aprendizado e Estratégia Na Escola do Aprendizado em estratégia, vimos que a relação entre estratégia e aprendizado se dá por meio da formação de uma estratégia emergente. Nesse sentido, a relação acontece da seguinte forma: a aprendizagem é a base para a estratégia emergente; uma estratégia emergente favorece a aprendizagem. Contudo, sabemos que as estratégias podem ser formuladas também de forma deliberada, nesse sentido qual seria a relação entre estratégia e aprendizado? Se pensamos um pouco podemos concluir que como a estratégia deliberada é formulada e posta em prática, temos uma relação de subordinação da aprendizagem a estratégia. Nas estratégias deliberadas, a aprendizagem é reativa, sendo essa condicionada emaprender pelos esforços requeridos para cumprimento da prescrição estratégica. Então, temos que: na perspectiva emergente da estratégia, o aprendizado também emerge do comportamento que estimula o pensamento retrospectivo para que se possa compreender a ação e as iniciativas estratégicas são tomadas por quem quer e tenha capacidade e recursos para poder aprender. Na perspectiva deliberada acontece o inverso, entende-se que o processo de aprendizagem deve ser direcionado para que se obtenha uma contribuição efetiva, porque se for deixado em aberto, indivíduos e grupos tenderão a dispersar seus esforços de aprendizagem direcionando-os, em alguns casos, para interesses pessoais que não coincidem os interesses da estratégia organizacional. Ainda dentro da vertente da estratégia emergente, cabe destacar a definição da estratégia como prática e sua relação com o aprendizado organizacional. A estratégia como prática surge da interseção entre práticas, práxis, em que a estratégia passa a ser a representação da interconexão entre elas, práxis e profissionais da organização. Planejamento Estratégico 26 DEFINIÇÃO: As práticas são tradições, regras e rotinas direcionadores e legitimadoras da estratégia (JARZABKOWSKI et al., 2007). Já as práxis são episódios, técnicas e ferramentas específicas envolvidas na elaboração de estratégias, ou seja, são todas as atividades relacionadas à formulação e implantação da estratégia (WHITTINGTON, 2006). A respeito da visão da estratégia como prática e sua relação com o aprendizado organizacional – organization learning (OL) –, Versiani et al. (2017) asseveram: Práticas e práxis estão abertas à interpretação de acordo com a forma como os profissionais as usam (PAROUTIS; FRANCO; PAPADOUPOLOS, 2015). Os profissionais interpretam e compreendem suas ações com base nas experiências e informações disponíveis. Esse processo de construção designificado (sensemaking) e construção de sentido (sensegiving) (Gioia & Chittipeddi, 1991) mostra que os significados são criados no processo de sensemaking (Rouleau, 2005). Ao reconhecer os significados e as práticas em mudança e a práxis relacionada ao sensemaking e ao sensegiving, destacamos como a estratégia é construída (THOMAS; AMBROSINI, 2015). Essa dinâmica também é considerada pela OL. Na OL, a criação de estratégias é explicada por modelos relativos à relação entre organização e meio ambiente. Esses modelos mostram que a aprendizagem é diferente da adaptação (HEDBERG; WOLFF, 2001). Aprender é o desenvolvimento de um repertório de significados criados durante atividades e mudanças organizacionais, enquanto a adaptação envolve ajustes em procedimentos ou ações que não afetam necessariamente os significados (WEICK, 2012) (VERSIANI et al., 2017, p. 159). Considerado o exposto acima, na estratégia como prática, o aprendizado ou aprendizagem organizacional e sua relação com a formação de estratégias pode ser representado pela Figura 4. Planejamento Estratégico 27 Figura 4 – Ciclo de aprendizagem Fonte: Versiani et al. (2017, p. 160). Diante do que vimos até aqui, o que podemos concluir a respeito da relação entre estratégia e aprendizado organizacional? Bem, podemos concluir que a estratégia, embora possa ser coordenada por um órgão do topo da hierarquia organizacional, não é uma atribuição restrita a área de planejamento, haja vista os profissionais da organização também se constituem como formadores de estratégia conforme prevê a Escola do Aprendizado Estratégico. Outra conclusão que podemos tirar do que aprendemos até aqui é que pode ser uma tarefa relativamente simples envolver as pessoas no processo de formulação de estratégia deliberada, contudo a dificuldade consiste em desenvolver capacidades que permitam os profissionais da organização acionarem valor (deliberadamente) a uma orientação estratégica da empresa. Por fim, ainda podemos concluir em relação à vinculação entre aprendizado e estratégia, que não se manifesta em um aprendizado de circuito simples, mas sim além, constituindo-se em circuitos duplos. A respeito dessa relação, Neves e Formoso (2004, p. 4909) nos esclarece o que vem a ser circuito simples e duplo de aprendizagem: Planejamento Estratégico 28 Na aprendizagem de circuito simples, muda-se a estratégia de ação ou suposições estratégicas subjacentes de modo que os valores, crenças e pressupostos dos agentes organizacionais de uma teoria de ação sejam mantidos inalterados. Essa aprendizagem está voltada apenas para o aperfeiçoamento dos repertórios e estratégias de ação correntes dos membros da organização. No circuito duplo, a aprendizagem ocorre de maneira mais profunda, à medida que os membros da organização modificam os seus modelos mentais, valores, crenças e pressupostos fundamentais, e, por decorrência, suas estratégias de ação. Essa aprendizagem repercute nas relações grupais, inter e intragrupais, gerando, dessa forma, mudanças nas teorias instrumentais da organização e no seu sistema de aprendizagem (NEVES; FORMOSO, 2004, p. 4909). Prontinho, agora já sabemos conceber a relação entre aprendizado e estratégia, de modo que assumimos então que em nossa prática profissional, independentemente de estarmos formulando estratégias deliberadas ou formando estratégias emergentes, a aprendizagem é um elemento intrínseco desse processo. Planejamento Estratégico 29 RESUMINDO: E agora, você está pronto para, em sua prática profissional, fazer uso do aprendizado como elemento colaborativo na formulação ou formação de estratégias empresariais? Para garantirmos que você tenha desenvolvido essa competência, vamos rever o que aprendemos aqui. Para relacionarmos aprendizado à estratégia, resgatamos a base teórica que estabelece essa relação: a Escola do Aprendizado em estratégia, e em seguida estabelecemos essa relação considerando as estratégias de cunho deliberada e emergente. Nesse sentido, vemos que a Escola do Aprendizado Estratégico é descritiva e prevê a formação de estratégias empresariais por um processo emergente. Nesse sentido, aprendizado procede de forma emergente por meio do comportamento que estimula o pensamento retrospectivo para que se possa compreender a ação; e as iniciativas estratégicas são tomadas por quem quer e tenha capacidade e recursos para poder aprender. Contudo, vimos que quando as estratégias são formuladas de forma deliberada a relação entre aprendizado e estratégia foge dos preceitos dessa escola, isso porque em vez de uma relação de complementaridade tem-se uma relação de subordinação. Planejamento Estratégico 30 Conhecimento e Estratégia OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de entender a gestão do conhecimento como uma estratégia organizacional. Isso mesmo! Vamos aprender como o conhecimento é gerado e gerenciado nos contextos das organizações e de que forma pode ser usado como estratégia. Esses conhecimentos irão ajudar você, na prática de sua profissão, a estabelecer estratégias organizacionais com base de que a organização é detentora ou ainda promover conhecimento para fins estratégicos. E então? Pronto para desenvolver essa habilidade? Então, vamos lá. Avante!. Gestão do Conhecimento na Empresa: Introdução Olá! Já refletiu sobre como o conhecimento surge e é gerenciado nas organizações? Se não, vamos refletir sobre isso agora, pois esse entendimento é de suma importância para que possamos compreender a relação existente entre conhecimento e estratégia empresarial. Para tanto, vamos tratar nesse tópico sobre a criação do conhecimento organizacional. DEFINIÇÃO: “Criação do conhecimento organizacional é a capacidade de uma empresa de criar novo conhecimento, difundi-lo na organização como um todo e incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p.1). Ainda aqui, vamos conceber que a criação do conhecimento é um elemento da inovaçãoorganizacional contínua, podendo assim ante essa relação passar a ser uma vantagem competitiva. Mas de forma Planejamento Estratégico 31 objetiva, primeiramente o que é conhecimento? Podemos entender por conhecimento possuir entendimento e compreensão de algo por intermédio da experiência e raciocínio. Dentro dessa perspectiva, comumente o conhecimento se encontra classificado basicamente em explícito e tácito. IMPORTANTE: Segundo Nonoka e Takeuchi (1997), na perspectiva da criação do conhecimento organizacional, o conhecimento explícito é algo sistematizado e formal enquanto o tácito é algo dificilmente visível e exprimível. Como consequência, o conhecimento explícito é codificado em palavras, números, expressões lógicas e é facilmente transmitido e compartilhado; enquanto o tácito é altamente pessoal e de difícil formalização, sendo assim de difícil transmissão e compartilhamento. Além disso, o conhecimento tácito, diante de sua complexidade de expressão para melhor entendimento, pode ser desmembrado em duas dimensões: a dimensão técnica e dimensão cognitiva, como apresenta a Figura 5. Essa divisão é importante, haja vista o conhecimento tácito ser embasado nas experiências, emoções, ideias e valores do indivíduo que o detêm. Figura 5 – Dimensões do conhecimento tácito Abrange um tipo de capacidade informal e difícil de definir ou habilidades (know-how). Conhecimento tácito Esquemas, modelos mentais, crenças e percepções que refletem a nossa imagem da realidade e nossa visão do futuro. Técnica Cognição Fonte: Adaptada de Nonaka e Takeuchi (1997). Planejamento Estratégico 32 Agora que distinguimos os tipos de conhecimento e as dimensões do conhecimento tácito, uma questão interessante que devemos pensar é: o conhecimento explícito pode se tornar tácito e vice-versa? Precisamos entender aqui, o conhecimento explícito é o conhecimento tácito, codificado e disseminado. Nesse sentido, temos que o conhecimento tácito pode ser então transformado em explícito. EXPLICANDO MELHOR: São exemplos de conhecimento tácito insights e palpites dos indivíduos que fazem parte da organização. Esses exemplos de conhecimento têm pouco valor para a organização se o indivíduo não puder convertê-lo em conhecimento explícito, para que seja compartilhado com os demais membros da organização. Para que possamos visualizar na prática essa transformação (conhecimento tácito em explícito), vejamos o exemplo disposto no Quadro 3. Planejamento Estratégico 33 Quadro 3 – Transformando o conhecimento tácito em conhecimento explícito: o exemplo do Honda City Honda City Toda a inovação e criação do novo conhecimento nas empresas japonesas respaldam-se na conversão do conhecimento tácito em conhecimento explícito. Apresentar um insight ou palpite altamente pessoal tem pouco valor para a empresa, ao menos que o indivíduo possa convertê-lo em conhecimento explícito, permitindo assim que ele seja compartilhado com outros indivíduos. As empresas japonesas são particularmente boas em realizar essa troca entre conhecimento tácito e explícito durante a fase do desenvolvimento do produto. Nonaka e Takeuchi (1997) recorrem ao exemplo da Honda. Em 1978, a alta gerência da Honda inaugurou um conceito em automóveis com o slogan “let`s gamble” (vamos apostar). O slogan expressava a convicção dos executivos seniores de que os modelos Honda Civic e Honda Accord estavam muito familiares. Eles queriam inovar e estes gerentes observam que juntamente com uma nova geração de pós-guerra ingressava no mercado de automóveis uma nova geração de jovens projetistas que estavam atingindo a maioridade com ideias não convencionais a respeito de um bom carro. A decisão empresarial tomada após o lançamento do slogan “vamos apostar” foi formar uma equipe de desenvolvimento do novo produto com jovens engenheiros e projetistas, cuja média de idade era de 27 anos. A alta gerência deu apenas duas instruções: em primeiro lugar, criar um conceito de produto fundamentalmente diferente de tudo o que já estava presente no mercado, e em seguida, teriam que construir um carro barato, mas não de qualidade inferior. Assim, o líder da equipe do projeto criou outro slogan para expressar sua noção do ambicioso desafio da equipe: “evolução do automóvel”. E com base neste slogan, aparece uma resposta ainda sob a forma de outro slogan: “máximo para o homem, mínimo para a máquina” (1997, p. 12). Deste modo, a tendência evolutiva articulada pela equipe finalmente se materializou na imagem de um carro pequeno (em comprimento) e grande (na altura). Um carro assim, raciocinaram, seria mais leve e mais barato, mas também mais confortável e mais sólido do que o automóvel tradicional. Nasceu assim um conceito de produto que a equipe batizou de Tall Boy e que finalmente levou ao Honda City, o carro de passeio da empresa. Este carro inaugurou uma proposta de desenho inteiramente nova na indústria automobilística japonesa, baseada no conceito de máximo para o homem, mínimo para a máquina e que levou a uma nova geração de carros “compactos” hoje predominantes no Japão. Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997, p. 11-12). Lendo com atenção o exemplo do Quadro 3, você seria capaz de elencar três características ou passos que descrevem a transição do conhecimento tácito para o explícito? Pois bem, o exemplo aqui disposto Planejamento Estratégico 34 nos revela três características-chave segundo a visão de Nonaka e Takeuchi (1997) como precursores do estudo da gestão do conhecimento nas empresas japonesas, são elas: • É necessário depositar muita confiança na linguagem e simbolismo para explicar o conhecimento tácito.– A transmissão do conhecimento é condicionada ao compartilhamento do conhecimento individual com os outros. • A ambiguidade e redundância do conhecimento tácito pode dar origem a novos conhecimentos no processo de compartilhamento. Agora que entendemos bem o que é conhecimento, vamos entender como ele passa de indivíduo para a organização. Como o Conhecimento é Criado nas Organizações? A primeira coisa que devemos ter em mente, quando buscamos entender como o conhecimento é criado nas organizações, é quem cria esse conhecimento. No caso que analisamos no tópico anterior (disposto no Quadro 3), podemos perceber que o conhecimento foi criado por funcionários da empresa identificados como loucos por carros. Isso nos permite concluir que o conhecimento pode ser criado por qualquer um dentro da organização. Isso mesmo! O conhecimento na visão dos japoneses, assim como a aprendizagem e a estratégia dentro de uma perspectiva emergente, não é responsabilidade exclusiva de nenhum departamento ou grupo de especialistas. Guarde bem esse entendimento, pois ao relacionarmos o conhecimento à estratégia empresarial, vamos assumir essa visão. Mas se o conhecimento pode advir de qualquer lugar, como então direcioná-lo ou organizá-lo? Isso fica a cargo dos gerentes dos diferentes níveis da organização, eles devem proporcionar senso de direção e promovendo aos funcionários uma estrutura conceitual para entender suas experiências. Sabendo que o conhecimento é criado por qualquer Planejamento Estratégico 35 funcionário, como esse conhecimento passa a ser de propriedade da organização? Para elucidar essa questão temos o suporte da Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional desenvolvida por Nonaka e Takeuchi (1997). A Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional VOCÊ SABIA? A Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional foi criada por Nonaka e Takeuchi (1997) diante da necessidade de explicar como se dava a inovação nas empresas japonesas. Eles observaram que, para inovarem, as empresas criavam conhecimentos e informações tanto em seu ambiente interno como externo. Vamos então objetivamente descrever como o conhecimento é gerado a partir da Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional.Essa teoria assume que o conhecimento na organização surge na interação entre conhecimento tácito, explícito e entidades criadoras de conhecimento. Nesse sentido, a teoria se embasa em duas dimensões: a dimensão ontológica e a epistemológica, conforme podemos observar na Figura 6. Figura 6 – Duas dimensões da criação do conhecimento Indivíduo Grupo Organização interorganização Dimensão epistemológica Conhecimento explícito Conhecimento tácito Dimensão ontológica Nível do Conhecimento Fonte: Adaptada de Nonaka e Takeuchi (1997, p. 62). Planejamento Estratégico 36 DEFINIÇÃO: A dimensão epistemológica da criação do conhecimento trata da distinção entre conhecimento tácito e explícito, bem como a conversão do primeiro no segundo. Já a ontológica, foca nos níveis de entidades criadoras do conhecimento (individual, grupal, organizacional e interorganizacional). Segundo os criadores da teoria em questão, o núcleo da teoria é o entendimento de um espiral que surge na interação entre as dimensões em todos os seus níveis. Dessa interação, surge quatro modos de convenção do conhecimento tácito e explícito, bem como quatro tipos de conhecimento conforme representa a Figura 7 e define o Quadro 4. Figura 7 – Espiral do conhecimento e conteúdo do conhecimento criado pelos quatro modos Fonte: adaptado de Nonaka e Takeuchi (1997, p. 80-81). Planejamento Estratégico 37 Quadro 4 – Modos de convenção do conhecimento MODO OU TIPO DE CONHECIMENTO DEFINIÇÃO Socialização (de conhecimento tácito em conhecimento tácito) É um processo de compartilhamento de experiências dando origem a criação de conhecimento tácito, como modelos mentais ou habilidades técnicas compartilhadas. Externalização (de conhecimento tácito em conhecimento explícito) É um processo de articulação do conhecimento tácito em conceitos explícitos. É um processo de criação do conhecimento expresso na forma de metáforas, analogias, conceitos, hipóteses e modelos. Combinação (de conhecimento explícito em conhecimento explícito) É um processo de sistematização de conceitos em um sistema de conhecimento a partir do envolvimento e combinação de conjuntos diferentes de conhecimento explícito. Esse processo pode se dar por meio de documentos, reuniões, conversas etc. Internalização (de conhecimento explícito para tácito) É o processo de incorporação do conhecimento explícito no conhecimento tácito, o “aprender fazendo”. Fonte: Adaptado de Nonaka e Takeuchi (1997, p. 68-79). Agora, você possui entendimento de como o conhecimento é gerado na organização, nesse sentido está pronto para estabelecermos a seguir uma relação entre gestão desse conhecimento e a estratégia organizacional. Relacionando Gestão do Conhecimento à Estratégia Organizacional Se você chegou até aqui é capaz de lembrar que o aprendizado como conhecimento é uma das novas direções para o aprendizado estratégico. Nesse sentido, aqui vamos tratar de como o conhecimento por meio de sua gestão pode se tornar uma estratégia competitiva organizacional. DEFINIÇÃO: Gestão do Conhecimento (GC) é o processo de recuperação, compartilhamento, utilização e integração do conhecimento que circula na organização. Planejamento Estratégico 38 Como aprendemos anteriormente, o conhecimento é gerado nas organizações, colocando-o em prática no espiral do conhecimento prevista pela Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional. Mas como essa gestão pode estar vinculada à estratégia competitiva de uma empresa? Essa relação é simples: para a formação ou formulação de estratégias organizacionais, o conhecimento é fundamental por transgredir todas as ações dentro da organização. Se pressupormos que o ambiente organizacional, em constante mudança, requer das organizações estratégias que permitam sobreviver e crescer no mercado em que atuam, a gestão do conhecimento é fundamental para que possam obter vantagem competitiva. Se recordamos o que estudamos sobre estratégia competitiva, temos que ela resulta do modo como a empresa se destaca dos seus concorrentes no mercado em que atuam. Esse modo pode ser tanto fazendo o que o concorrente não faz, ou fazendo o que ele faz, mas de modo diferente. E aí? Onde entra o conhecimento nessa jogada? Objetivamente: novos conhecimentos propiciam a geração de novas formas de atender as demandas do mercado (produtos, serviços etc.), bem como permitem que a empresa faça o mesmo que seus concorrentes, de forma diferente, a partir de um conhecimento que só a sua organização possui. Nesse sentido, destacamos o conhecimento tácito, que por seu caráter pessoal, se torna único e difícil de ser imitado. Assim podemos concluir que gerenciar o conhecimento na empresa, ou seja, criar e fazer uso desse conhecimento para se destacar no mercado competitivo, torna-se uma estratégia adotada por várias empresas. Planejamento Estratégico 39 RESUMINDO: Gostou de entender como a gestão do conhecimento pode ser relacionada com a estratégia organizacional? Agora se sente apto para, na sua atuação profissional, identificar os conhecimentos que surgem no dia a dia de uma organização? Para garantir uma resposta positiva a estas questões, vamos reforçar o que aprendemos nessa competência. Aqui, você aprendeu que a criação do conhecimento organizacional é a capacidade de uma empresa de criar novo conhecimento, difundi-lo na organização como um todo e incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas. Nesse sentido, tal capacidade pode ser utilizada como estratégia empresarial para obtenção de vantagem competitiva pelas empresas no mercado em que atua. Para tanto, as empresas precisam gerenciar essa capacidade a partir do entendimento de como o conhecimento é gerado em seu dia a dia, esse entendimento é propiciado pela Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional que, por sua vez, estabelece o espiral do conhecimento. Por último, destacamos que o espiral do conhecimento representa a convenção de conhecimento a partir de quatro modos (socialização, externalização, combinação e internalização). Planejamento Estratégico 40 Competências Essenciais nas Organizações OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você terá os conhecimentos necessários para ser capaz de aplicar modelos teóricos para identificar e gerenciar competências essenciais de uma organização. Esse conhecimento permitirá você, em sua atuação profissional, direcionar estrategicamente as empresas para fazerem uso dessas competências para fins de obtenção de vantagem competitiva. E então? Pronto para desenvolver esta habilidade? Então, vamos lá. Avante!. O que são Competências Essenciais? Aspectos Introdutórios Aqui temos um termo que precisamos compreender antes de aprofundarmos a respeito de sua definição no campo da estratégia empresarial: competências essenciais. Se fizermos uma breve busca em um dicionário qualquer, podemos encontrar o significado geral de cada palavra em separado. Nesse sentido, podemos constatar que a palavra competência pode ser empregada com o significado de capacidade, aptidão. Ou seja, a competência pode ser entendida como a capacidade ou aptidão que decorre de profundo conhecimento de alguém sobre algo. Quanto ao significado de essencial, remete algo imprescindível, muito necessário, fundamental. Diante desses significados, o termo competência essencial pode ser compreendido como capacidade/aptidão fundamental para algo ou alguém. Esse termo foi aplicado no contexto das estratégias empresariais por Prahalad e Hamel (1990) com o sentido de que essas competências denominadas por de core competence remetem às necessidades básicas de negócio para garantia de resultados no mercado de atuação. Planejamento Estratégico 41 DEFINIÇÃO: Competências essenciais consistem em “um conjunto de habilidades e tecnologias que permite a uma empresa oferecer um determinado benefício a seus clientes” (PRAHALAD & HAMEL,1995, p. 229). As competências essenciais por definição constituem um elemento base para a competitividade e sobrevivência das empresas, de modo que as estratégias devem considerar tal competências. Mas como podemos identificar se uma competência qualquer da organização pode ser considerada como core competence? Bem, podemos analisar a partir das características que uma competência essencial deve ter, conforme destaca a Figura 8. Figura 8 – Características das competências essenciais de uma organização Competências essenciais Apontam uma contribuição importante ao valor percebido pelo cliente. Devem contribuir para uma diferenciação da empresa com seus concorrentes. São difíceis de serem copiadas. Contribuem para a expansão da empresa a médio e longo prazo. Fonte: Adaptada de Prahalad e Hamel (1990). Diante das características das competências essenciais, devemos ter sempre em mente que uma competência organizacional só se constitui uma competência essencial quando ela possui essas quatro características. Portanto, nem toda competência organizacional é uma competência essencial! Lembre-se disso! Assim, podemos ter uma distinção entre competência organizacional e competência essencial. Planejamento Estratégico 42 DEFINIÇÃO: Competência organizacional é a habilidade de combinar e integrar produtos, serviços, processos e recursos organizacionais. Então, sabendo dessa diferença entre competência essencial e organizacional, como podemos relacionar a competência essencial à estratégia organizacional? Simples, se essas competências, por definição, possuem as características dispostas na Figura 8, podem ser fonte de vantagem competitiva organizacional. Dessa forma, podemos subentender que as organizações, em especial as empresas, devem, ao definir sua estratégia, elencar as competências essenciais requeridas pelo seu negócio. As competências organizacionais requeridas para cada função organizacional irão fazer com que se obtenham resultados positivos com as estratégias a serem implementadas. Contudo, a organização pode fazer o processo inverso, primeiramente identificar suas competências essenciais e organizacionais e, em seguida, delinear e fazer escolhas estratégicas com base nessas competências já disponíveis. O que devemos destacar aqui é que, independentemente do ponto de partida da empresa, as competências essenciais devem ser consideradas no planejamento estratégico da empresa e na elaboração de estratégias competitivas de mercado. VOCÊ SABIA? As competências, tanto organizacionais como essenciais, são resultantes da combinação de vários recursos da organização, de habilidades, de conhecimento e de aprendizagem dos indivíduos que dela fazem parte. Desse modo, as competências possuem efeito sinérgico, ou seja, elas são um todo maior do que a soma das partes. Planejamento Estratégico 43 Você agora já é capaz de discernir o que é uma competência essencial de uma competência organizacional. Mas esse conhecimento, apesar de bem útil, por si só não vai permitir que na prática você possa identificar no dia a dia das organizações as competências essenciais. Para esse fim, podemos identificar na literatura pertinente vários modelos teóricos, que, uma vez aplicados, irão te permitir atender esse quesito. Nesse sentido, Pacheco et al. (2009) identificaram na literatura cinco modelos ligados à identificação e à gestão da competência nas empresas. Esses modelos e suas fases de aplicação podem ser observados objetivamente no Quadro 5. Quadro 5 – As fases de concepção de competências essenciais dos diversos autores Autores Fases definidas pelos autores Fases identificadas na padronização dos termos Resende (2000) Identificação de competências essenciais. Alavancagem Desenvolvimento de competências essenciais. Barney (2007) Identificação de recursos e capacidades. DesenvolvimentoDefinição de recursos e capacidades. Exploração de recursos e capacidades. Hamel e Prahalad (1995) Identificação de competências essenciais. Identificação e definiçãoAquisição de competências essenciais. Desenvolvimento de novas competências essenciais. Desenvolvimento Distribuição das competências essenciais. Alavancagem Proteção e defesa da liderança das competências essenciais. Planejamento Estratégico 44 Javidan (1998) Identificação do que a organização faz muito bem. Identificação Identificação se o que a organização faz muito bem está presente em parte da organização ou nela como um todo. Identificação se as capacidades e competências da organização são mais fortes que as outras organizações do setor. Identificação se a capacidade ou competência identificada poderá trazer alguma vantagem competitiva para a organização. Identificação de quão durável é a vantagem competitiva. Identificação de quais são as mudanças chaves que estão tomando lugar na indústria. Identificação das oportunidades que devem ser aproveitadas para um melhor posicionamento na indústria. Definição e alavancagem Identificação de para onde a organização irá deste ponto em diante. Alavancagem e desenvolvimento Fonte: Pacheco et al. (2009, p. 14). Se fizermos uma breve análise dos modelos elencados no Quadro 5, podemos verificar o detalhamento dos passos para a identificação das competências essenciais. Os modelos de Hamel e Prahalad (1995) e de Javidan (1998) incluem em suas etapas, não só a identificação das competências, mas também a alavancagem e o desenvolvimento, de modo a facilitar a sua gestão no âmbito das organizações. Para melhor visualizarmos cada modelo, iremos apresentar uma representação visual três modelos. Planejamento Estratégico 45 Modelos para Identificação e Gestão de Competências Nesse tópico, vamos aprender um pouco mais sobre os modelos de identificação e gestão de competências essenciais. Aqui, temos dispostos a representação visual dos modelos propostos por Resende (2000), Barney (2007) e Hamel e Prahalad (1995). Modelo Proposto por Resende Visualmente o modelo proposto por Resende (2000) é representado na Figura 9. Figura 9 – Modelo de alavancagem de competências essenciais Especificar o aperfeiçoamen- to das compe- tências com planos de T/D e desenvolvimen- to organizacio- nal. Elaborar e implementar os planos e progra- mas de desen- volvimento das competências essenciais. Avaliar resulta- dos do desen- volvimento e aplicação das competências essenciais. Relacionar os resultados com planos e siste- mas de recom- pensas. Identificação das competências essenciais Fonte: Pacheco et al. (2009, p. 3). Esse modelo é composto por quatro etapas que focam na alavancagem das competências essenciais. Consiste em um modelo simples de aplicação porque seu centro está no levantamento das competências essenciais existentes na organização. Planejamento Estratégico 46 Modelo Proposto por Barney O modelo proposto por Barney (2007) é representado na figura 10. Figura 10 – Modelo VRIO de competências essenciais Recursos e capacidades Valor Imutabilidade Organização Raridade Fonte: Adaptada de Barney (2007). Esse modelo é composto por três fases: identificação de recursos e capacidades; classificação dos recursos e capacidades; e exploração dos recursos e capacidades. Esse modelo também é conhecido como VRIO, que é a sigla dos elementos de classificação dos recursos e capacidades identificadas na fase 1. Essa classificação é feita na fase 2 de aplicação do modelo, considerando as questões de valor, raridade, imutabilidade e organização dispostas no Quadro 6. E, após passar pelas questões, esses recursos e capacidades podem ser avaliados como forças ou fraquezas da organização, conforme o Quadro 7. Planejamento Estratégico 47 Quadro 6 - Questões para a análise baseada em recursos das forças e fraquezas de uma organização Valor:os recursos e capacidades permitem à organização responder às ameaças e oportunidades do ambiente? Raridade: o recurso é atualmente controlado por apenas um pequeno número de competidores? Imutabilidade: as organizações sem o recurso encontram uma desvantagem de custo em obtê-la ou desenvolvê-la? Organização: as políticas e procedimentos da organização estão organizados para apoiar a utilização destes recursos que possuem valor, são raros e caros de se imitar? Fonte: Pacheco et al. (2009, p. 4-5). Quadro 7 – Relação ente o VRIO e as forças e fraquezas organizacionais Possui valor? É raro? É caro imitá-lo? É explorado pela organização? Força ou fraqueza Não - - Não Fraqueza Sim Não - - Força Sim Sim Não - Força e competência Distintiva Sim Sim Sim Sim Força e competência Distintiva sustentável Fonte: Pacheco et al. (2009, p. 5). Planejamento Estratégico 48 Modelo Proposto por Hamel e Prahalad Visualmente o modelo proposto por Hamel e Prahalad (1995) é representado na Figura 11. Figura 11 – Modelo proposto por Hamel e Prahalad (1995) de competências essenciais Subfases da Etapa 1 - Determinação da clareza na definição de suas competên- cias essenciais. - Determinação do grau de consenso atribuído às compe- tências definidas. - Teste das compe- tências candidatas. 2. Definição de uma agenda de aquisi- ção de competên- cias essenciais. Fase 1. Identificação das competências essenciais. 3. Desenvolvimento de competências essenciais. 4. Distribuição das competências es- senciais. 5. Proteção e defesa da liderança das competências es- senciais. 5. Proteção das competências es- senciais. Fonte: Adaptada de Hamel e Prahalad (1995). SAIBA MAIS: Você pode conhecer as especificidades do modelo proposto por Hamel e Prahalad (1995), bem como os demais modelos mencionados clicando aqui. Nesse link, você terá acesso ao artigo completo escrito por Pacheco et al. (2009), o qual detalha cada modelo de identificação e gestão de competências essenciais nas organizações. TESTANDO: Chegou o momento de testar sua compreensão a respeito de competências essenciais. Corre lá no banco de questões! Planejamento Estratégico http://www.anpad.org.br/admin/pdf/EOR2003.pdf 49 RESUMINDO: Chegamos ao final dessa unidade, e nesse finalzinho você aprendeu sobre alguns modelos teóricos utilizados para identificar e gerenciar competências essenciais. O conhecimento adquirido nessa unidade permite que você esteja apto a aplicar de forma preliminar esses modelos no âmbito das organizações. Para ratificarmos seu aprendizado, vamos recordar os principais pontos aqui estudados. Vimos que competências essenciais diferem de competências organizacionais. Competências essenciais consistem em conjunto de habilidades e tecnologias que permitem a uma empresa oferecer um determinado benefício a seus clientes, enquanto as competências organizacionais são a habilidade de combinar e integrar produtos, serviços, processos e recursos organizacionais. Então, de forma preliminar, podemos distinguir esses dois tipos de competências analisando se uma competência em questão possui as seguintes características: apontam uma contribuição importante ao valor percebido pelo cliente, contribui para a empresa se diferenciar de seus concorrentes, são difíceis de serem copiadas e contribuem para a expansão da empresa alongo prazo. Contudo, aprendemos que existem modelos teóricos específicos que, uma vez aplicados, permitem identificar e gerenciar competências essenciais no contexto das organizações. Planejamento Estratégico 50 REFERÊNCIAS BARNEY, J. B. Gaining and sustaining competitive advantage. 3. ed. New Jersey: Pearson Education, 2007. CONTADOR, J. C. Gestão de operações: a Engenharia de Produção a serviço da modernização da empresa. 2. ed. São Paulo: Bulcher, 2008. JARZABKOWSKI, P. et al. Strategizing: The challenges of a practice perspective. Human Relation, v. 60, n. 1, p. 5-27, 2007. JAVIDAN, M. Core Competence: What does it mean in practice? Long Range Planning, v. 31, n. 1, p. 60-71, fev., 1998. JUSTO, A. Engenharia de valor: o que é e qual a sua aplicação na gestão de projetos. Euax, 2011. Disponível em: https://www.euax.com. br/2011/04/engenharia-de-valor-o-que-e-e-sua-aplicacao-na-gestao- de-projetos. Acesso em: 2 abr. 2020. MINTZBERG, H. et al. Safari de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000. NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação do conhecimento na empresa. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997. PACHECO, A. P. R. et al. Competências essenciais: modelos de concepção. In: XXXIII Encontro Anual da ANPAD, São Paulo. Anais... São Paulo: Anpad, 2009. p. 1-15. PRAHALAD C. K.; HAMEL, G. Competindo pelo futuro: estratégias inovadoras para obter o controle do seu setor e criar os mercados de amanhã. Rio de Janeiro: Campus, 1995. PRAHALAD C. K.; HAMEL, G. The core competence of the corporation. Harvard Business Review. Boston, v. 68, n.3, p. 79-91, 1990. RESENDE, E. O livro das competências: desenvolvimento das competências: a melhor autoajuda para as pessoas, organizações e sociedade. Rio de janeiro: Qualitymark, 2000. Planejamento Estratégico 51 VERSIANI, Â. F. et al. A relação entre a elaboração de estratégias e a aprendizagem organizacional. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v. 20, n. 2, p. 157-177, 2017. WHITTINGTON, R. Completing the practice turn in strategy research. Organization Studies, v. 27, n. 5, p. 613-634, 2006. Planejamento Estratégico Controle Estratégico Implementação x Controle Estratégico: Aspectos Relacionados Controle dos Resultados da Estratégia Estratégia e Aprendizado Organizacional Escola do Aprendizado em Estratégia Relacionando Aprendizado e Estratégia Conhecimento e Estratégia Gestão do Conhecimento na Empresa: Introdução Como o Conhecimento é Criado nas Organizações? A Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional Relacionando Gestão do Conhecimento à Estratégia Organizacional Competências Essenciais nas Organizações O que são Competências Essenciais? Aspectos Introdutórios Modelos para Identificação e Gestão de Competências Modelo Proposto por Resende Modelo Proposto por Barney Modelo Proposto por Hamel e Prahalad
Compartilhar