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Indaial – 2019 ElEmEntos do dirEito ComErCial E dirEito PEnal Prof. Renildo Dorow Prof.a Ivone Fernandes Morcilo Lixa 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof. Renildo Dorow Prof.a Ivone Fernandes Morcilo Lixa Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: D715e Dorow, Renildo Elementos do direito comercial e direito penal. / Renildo Dorow; Ivone Fernandes Morcilo Lixa. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 294 p.; il. ISBN 978-85-515-0413-0 1. Direito comercial. - Brasil. 2. Direito penal. – Brasil. I. Lixa, Ivone Fernandes Morcilo. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 340 III aPrEsEntação Prezado acadêmico! Iniciamos os estudos de Elementos do Direito Comercial e Direito Penal. Além de ser uma disciplina fascinante, ela é fundamental para quem pretende entender a dinâmica do funcionamento jurídico das empresas, assim como das relações consumeristas no Brasil, como também as questões pertinentes ao Direito Penal. Desta forma, como o tema em questão é de suma importância para a nossa vida, o abordaremos em três unidades. A primeira unidade permeia um estudo do DIREITO EMPRESARIAL, com enfoque nas formas de como se estabelecem as obrigações comerciais, utilizando-se da visão sistêmica do Direito Empresarial, assim como identificar as relações comerciais e empresariais com suas respectivas obrigações, a ponto de facilitar no seu dia a dia profissional. Já a segunda unidade, iniciará os estudos inerentes ao DIREITO DO CONSUMIDOR, com enfoque nos aspectos históricos, conceitos básicos inerentes às relações consumeristas e à proteção destas relações no Brasil. A Unidade três tem como objeto principal a análise e discussão acerca dos FUNDAMENTOS DE DIREITO PENAL E TEORIA DO CRIME , cujos objetivos são os de compreender e identificar os conceitos de Direito Penal relacionando-o com os demais campos do saber jurídico, além de realizar um estudo da Teoria do Crime, objetivando-se compreender o crime como fato jurídico e teorias penais da ação criminosa; identificar, conceituar e classificar os diferentes tipos de crime e sujeitos envolvidos (autor e vítima), bem como os aspectos subjetivos do crime, quais sejam, dolo e culpa. Bons estudos e sucesso na sua vida acadêmica! Prof. Renildo Dorow Prof.ᵃ Ivone Fernandes Morcilo Lixa IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. 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Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer teu conhecimento, construímos, além do livro que está em tuas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela terás contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar teu crescimento. Acesse o QR Code, que te levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nessa caminhada! LEMBRETE VII UNIDADE 1 – DIREITO EMPRESARIAL ............................................................................................1 TÓPICO 1 – DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL ............................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 SURGIMENTO DO COMÉRCIO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA ...................................................3 2.1 A CODIFICAÇÃO NAPOLEÔNICA E A TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO ....................7 2.2 O CÓDIGO CIVIL ITALIANO DE 1942 E A TEORIA DA EMPRESA ......................................9 2.3 O DIREITO COMERCIAL NO BRASIL ..........................................................................................9 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................11 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................13 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................14 TÓPICO 2 – CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO ................................15 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................15 2 CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL ....................................................................................15 3 O EMPRESÁRIO ...................................................................................................................................16 3.1 CONCEITO DE EMPRESÁRIO .....................................................................................................16 3.2 REQUISITOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO ...........................................18 3.3 TIPOS DE EMPRESÁRIO ...............................................................................................................19 3.4 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL ........................................................................................................20 3.4.1 Composição de firma individual ..........................................................................................21 3.4.2 Da capacidade para a atividade de empresário individual ..............................................21 3.4.3 Requisitos para o exercício da atividade de empresário individual ...............................22 3.4.3.1 Absolutamente incapazes ...................................................................................................22 3.4.3.2 Relativamente incapazes .....................................................................................................23 3.4.3.3 Emancipação .........................................................................................................................23 3.4.3.4 Dos impedimentos ao exercício da atividade empresarial ............................................24 3.4.3.5 Responsabilidade do empresário individual ...................................................................25 3.4.3.6 Perda da qualidade de empresário individual ................................................................26 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................27AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................28 TÓPICO 3 – DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA ..................................................................................29 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................29 2 CONCEITO ............................................................................................................................................29 3 CONSTITUIÇÃO DE UMA SOCIEDADE ......................................................................................30 4 DISTINÇÃO ENTRE SOCIEDADE E ASSOCIAÇÃO .................................................................30 5 SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS ......................................................................................31 5.1 ESPÉCIES DE SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS ..........................................................32 6 SOCIEDADES PERSONIFICADAS .................................................................................................33 6.1 SOCIEDADE SIMPLES ...................................................................................................................33 6.2 SOCIEDADE EMPRESÁRIA ..........................................................................................................34 6.3 CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES QUANTO À RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS ... 35 6.4 SOCIEDADE EM NOME COLETIVO ..........................................................................................36 sumário VIII 6.5 SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES .................................................................................36 6.6 SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES ...........................................................................37 6.7 DA SOCIEDADE COOPERATIVA ................................................................................................37 6.8 DA SOCIEDADE LIMITADA ........................................................................................................39 6.8.1 Constituição da sociedade .....................................................................................................39 6.8.2 Formação do seu nome social ...............................................................................................40 6.8.3 Da administração ....................................................................................................................40 6.8.4 Das quotas e sua transferência ..............................................................................................41 6.8.5 Conselho fiscal.........................................................................................................................41 6.9 DA SOCIEDADE ANÔNIMA ........................................................................................................41 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................42 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................43 TÓPICO 4 – DA SOCIEDADE ANÔNIMA .......................................................................................45 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................45 2 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS .................................................................................................45 2.1 DO CAPITAL SOCIAL ....................................................................................................................45 2.2 RESPONSABILIDADE DOS ACIONISTAS .................................................................................46 3 OBJETO SOCIAL ..................................................................................................................................46 4 NOME EMPRESARIAL .......................................................................................................................46 5 ESPÉCIES DE SOCIEDADE ANÔNIMA ........................................................................................47 6 OS VALORES MOBILIÁRIOS ...........................................................................................................48 7 AÇÕES ....................................................................................................................................................48 8 ESPÉCIES DE AÇÕES ..........................................................................................................................49 8.1 QUANTO ÀS VANTAGENS QUE AS AÇÕES CONFEREM AOS SEUS TITULARES.........49 8.1.1 Ações ordinárias......................................................................................................................49 8.1.2 Ações preferenciais .................................................................................................................49 8.1.3 Ações de fruição ......................................................................................................................50 8.2 QUANTO À FORMA DE SUA CIRCULAÇÃO ..........................................................................50 8.3 DEBÊNTURES ..................................................................................................................................51 9 CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS ..................................................................51 9.1 CONSTITUIÇÃO POR SUBSCRIÇÃO PARTICULAR OU SIMULTÂNEA ...........................51 9.2 CONSTITUIÇÃO SUCESSIVA OU POR SUBSCRIÇÃO PÚBLICA .........................................52 10 ACIONISTAS.......................................................................................................................................52 10.1 DIREITOS DOS ACIONISTAS .....................................................................................................52 10.2 O ACIONISTA CONTROLADOR ...............................................................................................53 10.3 DEVERES E RESPONSABILIDADES DO ACIONISTA CONTROLADOR..........................53 11 ÓRGÃOS SOCIAIS ............................................................................................................................54 12 ASSEMBLEIA GERAL .......................................................................................................................54 12.1 Espécies de assembleias ................................................................................................................55 12.1.1 Assembleia geral ordinária ..................................................................................................55 12.1.2 Assembleia geral extraordinária .........................................................................................55 12.2 PROCEDIMENTO .........................................................................................................................55 12.3 QUORUM DE INSTALAÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL .....................................................57 13 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ............................................................................................57 13.1 COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO .....................................................57 13.2 COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ..................................................57 14 DIRETORIA .........................................................................................................................................58 15 CONSELHO FISCAL .........................................................................................................................58 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................60 AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................61 IX TÓPICO 5 – TÍTULOS DE CRÉDITO .................................................................................................63 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................63 2 DO SURGIMENTO DO CRÉDITO ..................................................................................................63 3 TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO ...........................................................................65 3.1 CONCEITO E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO TÍTULO DE CRÉDITO .....................65 3.1.1 Conceito....................................................................................................................................65 3.1.2 Principais características (ou princípios) dos títulos de crédito ......................................65 3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO .......................................................................67 3.3. CONCEITOS IMPORTANTES ......................................................................................................68 3.3.1 Endosso ....................................................................................................................................68 3.3.2 Aval ...........................................................................................................................................70 3.3.3 Protesto .....................................................................................................................................70 3.3.4 Prescrição .................................................................................................................................71 4 TÍTULOS DE CRÉDITO EM ESPÉCIE.............................................................................................71 4.1 LETRA DE CÂMBIO .......................................................................................................................73 4.2 NOTA PROMISSÓRIA ....................................................................................................................75 4.3 CHEQUE ...........................................................................................................................................76 4.4 DUPLICATA .....................................................................................................................................80 RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................82 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................83 TÓPICO 6 – RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALÊNCIA .......................................................85 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................85 2 DA RECUPERAÇÃO DA EMPRESA................................................................................................85 2.1 DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL .....................................................................................85 2.2 DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ...................................................................................................86 3 FALÊNCIA ..............................................................................................................................................87 3.1 CONCEITO .......................................................................................................................................87 3.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO DE FALÊNCIA ..................................................................87 4 DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS.........................................................................................90 RESUMO DO TÓPICO 6........................................................................................................................93 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................94 UNIDADE 2 – DIREITO DO CONSUMIDOR ..................................................................................95 TÓPICO 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR .............................97 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................97 2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA ..................................................................................................................97 2.1 O SURGIMENTO DO DIREITO DO CONSUMIDOR COMO PARTE DA EVOLUÇÃO DO ESTADO LIBERAL .................................................................................................................100 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................104 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................106 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................107 TÓPICO 2 – O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL ........................................................109 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................109 2 A LEGISLAÇÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ANTES E DEPOIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ............................................................................................109 2.1 O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ..........................................................................114 2.2 ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS DO CÓDIGO E DEFESA DO CONSUMIDOR .................115 3 DA POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE CONSUMO .................................................116 X 3.1 VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR ..............................................................................118 3.2 DEVER DO ESTADO .....................................................................................................................118 3.3 HARMONIZAÇÃO DE INTERESSES ........................................................................................119 3.4 INFORMAÇÃO ..............................................................................................................................120 3.5 QUALIDADE..................................................................................................................................120 3.6 COIBIÇÃO DE ABUSOS ...............................................................................................................120 3.7 SERVIÇO PÚBLICO ......................................................................................................................122 3.8 MERCADO .....................................................................................................................................122 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................124 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................125 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................126 TÓPICO 3 – CONCEITOS DE DIREITO DO CONSUMIDOR ...................................................127 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................127 2 CONCEITO DE CONSUMIDOR ....................................................................................................1272.1 DA COLETIVIDADE DE PESSOAS ............................................................................................129 2.2 DAS VÍTIMAS DO ACIDENTE DE CONSUMO ......................................................................129 2.3 DAS PESSOAS EXPOSTAS ÀS PRÁTICAS ABUSIVAS ...........................................................130 3 CONCEITO DE FORNECEDOR, PRODUTOR E PRESTADOR DE SERVIÇOS .................131 3.1 BANCO COMO FORNECEDOR DOS SERVIÇOS BANCÁRIOS DE CONSUMO .............133 4 CONCEITOS DE PRODUTOS E SERVIÇOS ...............................................................................134 4.1 PRODUTO ......................................................................................................................................134 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................135 4.2 SERVIÇO .........................................................................................................................................137 4.2.1 Serviço bancário, financeiro, de crédito e securitário ......................................................137 4.2.2 Serviço sem remuneração ....................................................................................................137 4.2.3 Serviço Público ......................................................................................................................138 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................140 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................141 TÓPICO 4 – DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR ..............................................................143 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................143 2 DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR ..................................................................................143 3 DIREITOS BÁSICOS DOS CONSUMIDORES ...........................................................................145 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................149 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................152 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................153 UNIDADE 3 – FUNDAMENTOS DE DIREITO PENAL E TEORIA DO CRIME ..................155 TÓPICO 1 – CONCEITO, OBJETO, CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL .................157 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................157 2 DELIMITAÇÃO CONCEITUAL ......................................................................................................158 2.1 DIREITO PENAL OBJETIVO E DIREITO PENAL SUBJETIVO .............................................160 2.2 DIREITO PENAL SUBSTANTIVO E DIREITO PENAL ADJETIVO ......................................160 2.3 DIREITO PENAL COMUM E DIREITO PENAL ESPECIAL ..................................................161 3 RELAÇÃO DO DIREITO PENAL COM OUTROS RAMOS JURÍDICOS ............................162 3.1 DIREITO PENAL E DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................163 3.2 DIREITO PROCESSUAL PENAL E DIREITO PENAL ............................................................165 3.3 DIREITO PRIVADO E DIREITO PENAL ...................................................................................166 3.4 DIREITO PENAL E DIREITO ADMINISTRATIVO .................................................................167 XI 4 CRIMINOLOGIA E A FUNÇÃO ÉTICA DO DIREITO PENAL ..............................................168 4.1 CRIMINOLOGIA E DIREITO PENAL ......................................................................................169 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................173 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................174 TÓPICO 2 – OS PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL ....................................................................177 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................177 2 COMPREENDENDO PRINCÍPIOS E REGRAS ..........................................................................177 3 AS DIFERENÇAS ENTRE REGRAS E PRINCÍPIOS ..................................................................179 3.1 DIFERENÇAS QUANTO À HIERARQUIA ..............................................................................180 3.2 DIFERENÇAS QUANTO AO CONTEÚDO ..............................................................................180 3.3 DIFERENÇA QUANTO À ESTRUTURA FORMAL ................................................................181 3.4 DIFERENÇA QUANTO À APLICAÇÃO ..................................................................................181 3.5 DIFERENÇAS QUANTO AO IMPEDIMENTO DO RETROCESSO ......................................181 4 PRINCÍPIOS BASILARES DO DIREITO PENAL .......................................................................183 4.1 O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA .............................................................................184 4.2 O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ...............................................................................................185 4.3 O PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE ........................................................................................187 5 PRINCÍPIOS DECORRENTES ........................................................................................................189 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................196 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................197 TÓPICO 3 – NORMA PENAL NO TEMPO E ESPAÇO .................................................................201 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................201 2 AS NORMAS PENAIS .......................................................................................................................201 3 CARACTERÍSTICAS DA NORMA PENAL .................................................................................205 3.1 LEI PENAL NO TEMPO ...............................................................................................................205 3.1.1 Conflitos de Leis Penais no Tempo (Conflito Intertemporal) .........................................207 3.1.2 Eficácia das Leis Penais Temporárias e Excepcionais ......................................................208 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................213 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................215 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................216 TÓPICO 4 – CONCEITO: CRIME, TEORIAS E ELEMENTOS ....................................................219 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................219 2 CONCEITO ..........................................................................................................................................2193 CONDUTA ...........................................................................................................................................222 4 TEORIAS DA AÇÃO .........................................................................................................................225 4.1 TEORIA FINALISTA DA AÇÃO .................................................................................................227 4.2 TEORIA SOCIAL DA AÇÃO .......................................................................................................228 5 AÇÃO E ILICITUDE ..........................................................................................................................229 5.1 CONSCIÊNCIA E ILICITUDE .....................................................................................................230 5.2 EMBRIAGUEZ ..............................................................................................................................232 5.3 CULPABILIDADE DIMINUÍDA .................................................................................................233 5.4 INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA .........................................................................233 5.5 ERRO DE PROIBIÇÃO .................................................................................................................235 5.6 CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR ........................................................................................236 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................237 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................238 XII TÓPICO 5 – SUJEITO, OBJETO E TIPOS DE CRIME ...................................................................239 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................239 2 SUJEITOS DA CONDUTA TÍPICA ................................................................................................239 2.1 OBJETO DO CRIME ......................................................................................................................241 2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES ................................................................................................242 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................252 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................253 TÓPICO 6 – ASPECTOS SUBJETIVOS DO CRIME – DOLO E CULPA....................................255 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................255 2 DO CRIME DOLOSO ........................................................................................................................256 2.1 AS TEORIAS SOBRE O DOLO ....................................................................................................258 2.2 ESPÉCIES DE DOLO .....................................................................................................................258 2.3 DO CRIME CULPOSO ..................................................................................................................260 2.4 A PREVISIBILIDADE ....................................................................................................................263 2.5 FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA CULPA: IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA E IMPERÍCIA .....................................................................................................................................264 2.6 ESPÉCIES DE CULPA ...................................................................................................................265 3 CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO ..............................................................................267 3.1 CRIME PRETERDOLOSO ............................................................................................................268 3.2 DOLO EVENTUAL E CULPA CONSCIENTE ..........................................................................269 RESUMO DO TÓPICO 6......................................................................................................................271 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................272 TÓPICO 7 – DESCRIMINANTES PUTATIVAS: ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO ..............................................................................................................273 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................273 2 DISTINÇÃO ENTRE ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO ...........................................274 3 FORMAS DE ERRO DE TIPO ..........................................................................................................275 3.1 ERRO DE TIPO ESSENCIAL .......................................................................................................276 3.2 ERRO DE TIPO ACIDENTAL .....................................................................................................277 3.3 ERRO DE PROIBIÇÃO .................................................................................................................279 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................281 RESUMO DO TÓPICO 7......................................................................................................................284 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................285 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................287 1 UNIDADE 1 DIREITO EMPRESARIAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender as formas de como se estabelecem as obrigações comerciais utilizando-se da visão sistêmica do Direito Empresarial; • identificar as relações comerciais e empresariais, com suas respectivas obrigações, a ponto de facilitar no seu dia a dia profissional. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL TÓPICO 2 – CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL TÓPICO 3 – DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA TÓPICO 4 – DA SOCIEDADE ANÔNIMA TÓPICO 5 – TÍTULOS DE CRÉDITO TÓPICO 6 – RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALÊNCIA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL 1 INTRODUÇÃO O comércio nasceu da própria necessidade dos seres humanos conviverem harmoniosamente na sociedade. O seu desenvolvimento deveuse, inequivocamente, ao surgimento da moeda, pois, com seu uso, as riquezas começaram a circular muito mais rapidamente, pois o seu transporte tornou-se muito mais simples e prático do que transportar mercadorias para troca. Nasceu, assim, a economia de mercado e, com ela, a figura do comerciante, que se coloca entre o produtor e o consumidor, ou seja, torna-se aquele que compra e vende mercadorias, cujas diferenças de valores atingem seu objetivo: o lucro. A evolução dos conceitos levou à remodelação do Direito Comercial. Ou seja, no auge da Segunda Guerra Mundial, com o adventodo Código Civil Italiano, unificou-se o direito privado, juntando em uma única codificação o Direito Civil e o Direito Comercial, dando origem ao que chamamos, atualmente, de Direito Empresarial. 2 SURGIMENTO DO COMÉRCIO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA Se nós fizermos uma breve pesquisa aos achados pré-históricos, veremos que os homens viviam em completa bruteza, aproximando-se do estado irracional, vagando em famílias ou em bandos, comandados por um chefe, em constante combate pela sobrevivência. Nessa forma primitiva de sociedade, devido à agressividade então reinante, não havia ambiente propício para que se desenvolvesse o fenômeno que, hoje, chamamos de comércio. Após muitos séculos, a humanidade chegou ao entendimento de que cada ser humano necessitou do seu semelhante para pôr em execução grandes expedições de caça e para defender-se de animais, conforme nos dá notícias a Paleontologia. UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL 4 Os estudos históricos demonstram que os grupos menos agressivos foram se aproximando cada vez mais, e passaram a se juntar em torno de templos e outros lugares considerados sagrados, para a celebração de eventos festivos e religiosos. Em decorrência desses encontros, começou a ganhar espaço a concepção de trocarem, uns com os outros aqueles bens que lhes eram desnecessários ou excedentes. E foi assim que surgiu o que podemos considerar a forma embrionária do comércio: a troca direta. Mas as negociações realizadas pela simples troca eram muito limitadas. O possuidor de determinado produto tinha de encontrar alguém que detinha aquele outro bem de que ele precisava, na qualidade e na quantidade desejada. Porém, havia o problema em determinar o valor dos bens a serem trocados. Era preciso, portanto, achar um meio que permitisse uma facilitação nas trocas e simplificasse o cálculo das mercadorias a serem trocadas, ou seja, algo que fosse tanto um instrumento de troca e medida comum de valor, além de ser facilmente transportável. Não demorou muito para que tal elemento, chamado moeda, surgisse. Desde que surgiu a moeda, mesmo em sua forma rudimentar e primitiva, medindo e determinando valores, sobrepondo a troca direta, iniciou-se uma nova atividade: a dos intermediários entre o produtor e o consumidor, ou seja, a atividade do comerciante, cujo trabalho passou a ser exercido habitualmente, com intuito de lucro. Na Idade Antiga, povos primitivos, como os fenícios, destacaram-se pelo exercício da atividade comercial, porém sem poder ainda falar-se na existência de um direito comercial, com regras e princípios próprios. Caro acadêmico! Rodrigues (2004, p. 15) explica sobre o assunto: O comércio desenvolveu-se em larga escala entre as civilizações primitivas, mas, a despeito disso, não se pode afirmar, pela escassez de elementos históricos, haver nas remotas sociedades um direito autônomo, com princípios, normas e institutos sistematizados, voltado à regulamentação da atividade mercantil. IMPORTANT E TÓPICO 1 | DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL 5 Foi durante a Idade Média, contudo, que o comércio já atingira um nível mais avançado, e já era uma característica de praticamente todos os povos. É neste período da história que se costuma apontar o surgimento do Direito Comercial, juntamente com o renascimento das cidades (burgos) e, principalmente, do comércio marítimo. Surgem as chamadas Corporações de Ofício, que logo assumiram relevante papel na sociedade da época, conseguindo obter, inclusive, uma certa autonomia em relação à nobreza feudal. Esta primeira fase do Direito Comercial compreende os usos e costumes mercantis, observados na disciplina das relações jurídico-comerciais. E na elaboração deste direito não havia ainda nenhuma participação do Estado. Cada corporação tinha seus próprios usos e costumes, e os aplicava através de cônsules, que eram os magistrados escolhidos/eleitos pelos próprios associados para reger as relações entre os seus membros. Daí por que alguns autores usam a expressão “codificação privada” do Direito Comercial. FONTE: Adaptado de: <http://conhecendodireitos.blogspot.com.br/2011/11/direito- comercial--ou-direito.html>. Acesso em: 18 fev. 2013. Ainda sobre a primeira fase do Direito Comercial, Requião (2003, p. 10-11) esclarece: É nessa fase histórica que começa a se cristalizar o Direito Comercial, deduzido das regras corporativas e, sobretudo, dos assentos jurisprudenciais das decisões dos cônsules, juízes designados pela corporação para, em seu âmbito, dirimirem as disputas entre comerciantes. Diante da precariedade do direito comum para assegurar e garantir as relações comerciais, fora do formalismo que o direito romano remanescente impunha, foi necessário, de fato, que os comerciantes organizados criassem entre si um direito costumeiro, aplicado internamente na corporação por juízes eleitos pelas suas assembleias: era o juízo consular, ao qual tanto deve a sistematização das regras do mercado. IMPORTANT E Outra característica marcante desta fase inicial do Direito Comercial é o seu caráter subjetivista, ou seja, era o direito dos membros das corporações. Comentando o assunto, Coelho (2003, p.13) assim se manifesta: “Resultante da autonomia corporativa, o Direito Comercial de então se caracteriza pelo acento subjetivo e somente se aplica aos comerciantes associados à corporação. [...] Adota-se, assim, um critério subjetivo para definir seu âmbito de incidência”. UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL 6 Desse modo, era necessário que uma das partes de determinada relação fosse comerciante para que fosse a mesma disciplinada pelo Direito Comercial -ius mercatorum -, em detrimento dos demais direitos. As fontes do ius mercatorum eram os estatutos das corporações mercantis, o costume mercantil e a jurisprudência da cúria dos mercadores. [...] O costume nascia da constante prática contratual dos comerciantes: as modalidades consideradas vantajosas convertiamse em direito; as cláusulas contratuais transformavam-se, uma vez generalizadas, no conteúdo legal dos contratos. Por último, os comerciantes designados pela corporação compunham os tribunais que decidiam as controvérsias comerciais. (GALGANO, 1990, p. 40). Sobre o ius mercatorum, Galgano (1990, p. 39) muito bem destaca: O ius mercatorum nasce, portanto, como um direito diretamente criado pela classe mercantil, sem a mediação da sociedade política; nasce como um direito imposto em nome de uma classe, e não em nome da comunidade no seu conjunto. É imposto aos eclesiásticos, aos nobres, aos militares, aos estrangeiros. Pressuposto da sua aplicação é o mero fato de se haverem estabelecido relações com um comerciante. Por fim, é interessante notar a revolução que o Direito Comercial, nesta fase, provocou na doutrina contratualista, rompendo com a teoria contratual, até o momento disciplinada pelo direito romano. Isto ocorreu em Roma, com os ideais de segurança e estabilidade da classe dominante, atrelando o contrato ao instituto da propriedade. O contrato era apenas um instrumento através do qual se adquiria ou se transferia a propriedade de uma coisa. FONTE: Adaptado de: <pt.scribd.com/.../Andre-Luiz-Santa-Cruz-Ramos-Direito-Empresarial- -...>.Acesso em: 18 fev. 2013. Esta concepção de estabilidade das relações jurídicas pelo contrato, inerente ao direito romano, obviamente, entrava em choque com os ideais da classe mercantil em ascensão, que tinha preferência oposta, ou seja, pela mudança, pela instabilidade, ganhando espaço o princípio da liberdade na forma de celebração dos contratos. Estimado acadêmico! Após tanta informação, para descansarmos um pouco, convido-o(a) para assistir a um filme chamado “O Mercador de Veneza”, lançado no ano de 2004 e estrelado pelo ator Al Pacino. Este está baseado numa peça de William Shakespeare que foi escrita entre os anos de 1594 e 1597 e retrata muito bem a primeira fase do Direito Comercial. Vale a pena ver! DICAS TÓPICO 1 | DADOS HISTÓRICOS DO DIREITOEMPRESARIAL 7 2.1 A CODIFICAÇÃO NAPOLEÔNICA E A TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO Com o fim do período medieval, surgem no cenário geopolítico mundial os grandes Estados Nacionais Monárquicos que, representados na figura do monarca absoluto, vão submeter os seus súditos, incluindo a classe dos comerciantes, a um direito posto através do controle estatal das relações comerciais, que outrora eram reguladas por parte dos próprios mercadores, através das corporações de ofício e seus juízos consulares. Tal assim foi que, em 1804 e 1808, respectivamente, foram editados na França o Código Civil e o Código Comercial, inaugurando assim a segunda fase do Direito Comercial, marcado por um sistema jurídico estatal destinado a disciplinar as relações jurídico-comerciais. Prezado acadêmico! Sobre este período da história do comércio, Galgano (1990, p. 43) relata que: “A classe mercantil deixa de ser artífice do seu próprio direito. O Direito Comercial experimenta uma dupla transformação: o que foi direito de classe transforma-se em direito do Estado; o que foi direito universal converte-se em direito nacional”. IMPORTANT E A codificação napoleônica divide claramente o direito privado: de um lado, o Direito Civil, regido pelo Código Civil, um corpo de leis que atendia aos interesses da burguesia fundiária, pois estava centrado no direito de propriedade; e de outro, o Direito Comercial, regulado pelo Código Comercial, que seguia o espírito da burguesia comercial e industrial, valorizando a riqueza mobiliária. A divisão do direito privado em duas grandes partes cria a necessidade de estabelecimento de um critério que delimitasse a incidência de cada uma destas legislações nas diversas relações ocorridas no dia a dia dos cidadãos. Para tanto, criou-se a Teoria dos Atos de Comércio, que tinha como atribuição principal aplicar as normas do Código Comercial a quem praticasse os denominados “atos de comércio”. Por outro lado, não envolvendo a relação jurídica à prática destes atos, seria ela regida então pelas normas do Código Civil. UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL 8 Caro acadêmico ! Como sugestão de leitura, para maior aprofundamento do tema convido à leitura da obra: COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. A partir da página 7, o autor retrata de modo claro e sucinto essas mudanças ocorridas no Direito Comercial, no início do século XIX, na França, o que acabou originando a divisão do direito privado em dois códigos: o Código Civil e o Código Comercial (Code de Commerce). DICAS Contudo, o sistema francês passou a apresentar deficiências, uma vez que trazia dificuldades ao intérprete da lei, ao avaliar a aplicabilidade do Direito Comercial ou do Direito Civil no caso concreto, até pela própria ausência de uma definição satisfatória do que são atos de comércio. A demais, outras atividades econômicas, tão importantes quanto o comércio, não se encontravam na enumeração legal dos atos de comércio. Algumas delas desenvolveram-se posteriormente, como, por exemplo, a prestação de serviços. Há ainda outras delas, como bem atesta Coelho (2003, p. 15-16): A exclusão da negociação de imóveis do âmbito de incidência do Direito Comercial pelo Code de Commerce - que não se reproduz em outras legislações adeptas da Teoria dos Atos de Comércio, a exemplo do código italiano de 1882, é, por vezes, relacionada a um caráter sacro de que se revestiria a propriedade imobiliária ou pela tardia distinção entre circulação física e econômica dos bens. Porém, esta exclusão só pode ser satisfatoriamente explicada à luz de considerações políticas e históricas, ou seja, a partir da necessidade de a burguesia francesa preservar a sua identidade na luta contra o feudalismo. Outro problema detectado na época, em virtude da aplicação da Teoria dos Atos de Comércio, referia-se aos chamados atos mistos, ou seja, aqueles que eram comerciais para apenas uma das partes (na venda de produtos aos consumidores, por exemplo, o ato era comercial para o comerciante vendedor e civil para o consumidor adquirente). Nestes casos, aplicavam-se as normas do Código Comercial para a solução de eventual litígio. Por esta razão, alguns estudiosos denunciaram o retorno ao corporativismo do direito mercantil, como na época de vigência das chamadas corporações de ofício, fazendo o cidadão se submeter às normas distintas em razão, simplesmente, da qualidade da pessoa com quem contratava. TÓPICO 1 | DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL 9 Apesar da existência de tais críticas, a teoria francesa dos atos de comércio foi adotada por quase todas as codificações mercantis modernas, inclusive a do Brasil, através do Código Comercial de 1850. Contudo, em virtude do modelo francês não abranger atividades econômicas tão ou mais importantes que o comércio de bens, tais como: a prestação de serviços, a agricultura, a pecuária e a negociação imobiliária. Tal fato fez surgir um novo critério, mais de cem anos após a edição dos códigos napoleônicos e em plena Segunda Guerra Mundial. 2.2 O CÓDIGO CIVIL ITALIANO DE 1942 E A TEORIA DA EMPRESA Em 1942, a Itália editou um novo Código Civil, trazendo um novo sistema delimitador da incidência do regime jurídico comercial: a teoria da empresa. Além disso, o Código Civil Italiano promoveu uma unificação formal do direito privado, disciplinando, em uma única lei, as relações civis e comerciais. O Direito Comercial entrou, assim, na sua terceira fase, passando a adotar o conceito da empresarialidade. Na teoria da empresa, o Direito Comercial não se limita a regular apenas as relações jurídicas em que ocorra a prática de um determinado ato definido em lei como ato de comércio, ou com alguns atos, mas com uma forma específica de exercer uma atividade econômica: a forma empresarial. Vejamos ainda o ensinamento de Bulgarelli (2000, p. 19): “Nos dias que correm, transmudou-se (o Direito Comercial) de mero regulador dos comerciantes e dos atos de comércio, passando a atender à atividade sob a forma de empresa, que é o atual fulcro do Direito Comercial”. Assim, restou superada a dificuldade existente na teoria francesa, passando a teoria da empresa a enquadrar qualquer atividade econômica, desde que exercida profissionalmente e destinada a produzir ou fazer circular bens ou serviços. 2.3 O DIREITO COMERCIAL NO BRASIL No Brasil Colônia, o Direito Comercial Brasileiro estava intrinsecamente ligado ao Direito Português. Foi somente em 18 de agosto de 1769, através da edição da Lei da Boa Razão, que foi permitida a aplicação de leis e normas de nações cristãs para resolver litígios de natureza mercantil. UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL 10 Assim, ao longo da história brasileira, o ramo do Direito Empresarial já recebeu três diferentes denominações: 1- Direito Mercantil: sendo o primeiro nome usado a partir de 1553, quando surgiu a primeira obra sobre o assunto, através dos jesuítas. 2 - Direito Comercial: foi o segundo, adotado a partir da publicação da Lei nº 556, de 25 de junho de 1850, qual seja, o Código Comercial Brasileiro. 3 - Direito Empresarial: seu nome atual, que passou a ser empregado mediante a publicação da Lei nº 10.406, em 10 de janeiro de 2002, o atual Código Civil, que revogou a Primeira Parte (Arts. 1º a 456) do Código Comercial. Assim, o Código Civil de 2002 unifica parcialmente o Direito Comum e o Direito Comercial, da mesma forma que o Código Civil Italiano, trazendo em seu âmago o denominado “Direito de Empresa”. Quanto à denominação no Brasil, de uma forma bem resumida podemos afirmar que, ao longo da história, o Direito Empresarial já recebeu três diferentes denominações: FIGURA 1 - DENOMINAÇÕES DO DIREITO COMERCIAL 1ª - Direito Mercantil (1553 – primeira obra sobre a matéria – Padres Jesuítas). 2ª - Direito Comercial (1850 – com a entrada em vigor do Código Comercial). 3ª - Direito Empresarial Nomenclatura atual, desde 2002, com a publicação do Código Civil, querevogou o Livro I do Código Comercial. FONTE: O autor TÓPICO 1 | DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL 11 DIREITO EMPRESARIAL Luiz Braz Mazzafera Pela primeira vez, de certa feita, dois seres humanos trocaram bens entre si. Nessa primeira troca, observam-se claramente dois aspectos: um social e outro econômico. O aspecto social decorre da utilização mútua dos objetos permutados, e o econômico, o primeiro passo dado no sentido de fazer circular riquezas. Da generalização desse hábito de permutar bens nasceu a economia de troca ou escambo. Nos primórdios da fundação de Roma, cidade que virá a tornar-se um dos grandes centros do poder e da cultura da humanidade, o comércio era proibido aos cidadãos. Já ao tempo de Numa, os comerciantes se uniam em corporações, embora a agricultura continuasse a ser considerada profissão honrosa do cidadão romano. A evolução impôs, por final, o conceito Commercium est emendi vendedique invicem jus (o comércio é o direito de comprar e vender mutuamente). O desenvolvimento do comércio deveu-se inequivocamente ao surgimento da moeda, porque, com seu uso, as riquezas começaram a circular muito mais rapidamente e o transporte de moedas é muito mais simples e prático do que transportar mercadorias para troca. Nasceu, assim, a economia de mercado, e com ela a figura do comerciante, que se coloca entre o produtor e o consumidor, ou seja, torna-se aquele que compra e vende mercadorias e de cujas diferenças de valores atinge seu objetivo:o lucro. A palavra comércio tem sua origem no latim, composta de cum (preposição) e de merx (substantivo), de onde, comércio, comerciar, comercial e comerciante. A economia de mercado referida, cada vez mais ágil e dinâmica, passa a exigir proteção àqueles que dela participavam. Surgem, então, as regras, obrigações, direitos e penalidades e, como seria natural, o Direito Comercial. Com todo este lastro histórico, chegamos à Idade Média, quando, então, o Direito Comercial floresce, notadamente na Itália. A maioria dos autores acorda que nesta época se encontram os primórdios, as origens reais, dos títulos de crédito, quando, em face dos riscos decorrentes dos roubos durante o transporte de dinheiro e de outros valores, surge a necessidade da transferência desse encargo a terceiros. LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL 12 Significa isso a troca (câmbio) de dinheiro presente (pecúnia proesenti), no ato, com dinheiro ausente, futuro (pecúnia absenti) e, nessa troca de valor presente com o valor futuro, era essencial a existência de uma distância entre os locais da entrega e do recebimento (distancia loci). Sem esta distância, que necessariamente implicava risco, o câmbio era considerado um empréstimo usurário e, como tal, condenado pelas leis eclesiásticas. Em 1808 começa a vigorar o Código de Napoleão e, posterior a ele, firma-se o Liberalismo Econômico, segundo o qual até pessoas não comerciantes podiam responder judicialmente por atos de comércio. Finalmente, vamos nos referir ao que já é uma aceitação unânime, ou seja, não mais falar-se em Direito Comercial e sim em Direito Empresarial, denominação muito mais abrangente, uma verdadeira imposição de nosso tempo. Exige-se, hoje, a inclusão, entre as atribuições decorrentes do exercício do comércio e da indústria, de obrigações pertinentes às leis do trabalho, da previdência social, da saúde do transporte, do seguro, etc. Fala-se, então, no Direito Empresarial, o qual abrange as disciplinas de Direito Comercial, de Direito Tributário, de Direito Previdenciário, estendendo- se até parte do Direito Civil, notadamente no capítulo dos contratos e da insolvência civil. No sistema em que se vive, sistema capitalista, a parte central da atividade econômica é ocupada pela empresa, e nela fulgura o empresário, cujo objetivo principal é o lucro. Com este lucro, o empresário faz reaplicações e reinvestimentos geradores de mais empregos, mais arrecadação de impostos, maior e melhor consumo através da livre concorrência, resultando isto tudo, como consequência, na melhoria de vida da população. Em resumo, o verdadeiro empresário é um decisivo fator de progresso e bem-estar social, cabendo-lhe, ainda, o inteiro risco por todas as iniciativas tomadas. Aliás, saliente-se, o risco lhe é inerente, pois que, nas atividades comerciais e industriais, é o empresário o único cidadão contemplado com a falência. Dentro desta concepção, mercê, portanto, ao verdadeiro empresário, todo respeito pelo patriótico trabalho que desempenha. FONTE: MAZZAFERA, Luiz Braz. Notas introdutórias do Capítulo I. In: Curso Básico de Direito Empresarial. Bauru: EDIPRO, 2003. 13 Neste tópico você viu que: • O Direito Empresarial de hoje, na forma adotada pelo Direito brasileiro, é originado de uma evolução histórica, marcada por três fases: • A primeira fase atingiu o seu auge na Idade Média, com o surgimento do D ireito Comercial, juntamente com o renascimento das cidades e principalmente do comércio marítimo, quando surgiram as chamadas Corporações de Ofício. • A segunda fase, tendo como marco inicial os anos de 1804 e 1808, quando, respectivamente, foram editados na França o Código Civil e o Código Comercial, um sistema jurídico estatal destinado a disciplinar as relações jurídicocomerciais. • A terceira fase, que iniciou em 1942, na Itália, com a edição de um novo Código Civil, trazendo a teoria da empresa, unindo formalmente o direito privado, disciplinando, em uma única lei, as relações civis e comerciais. RESUMO DO TÓPICO 1 14 Considerando a Leitura Complementar ao final deste tópico, respondam em grupo às seguintes questões: 1 Explique os aspectos social e econômico das primeiras trocas de objetos. 2 Como nasceu a economia de mercado? 3 Por que se diz que o desenvolvimento do comércio deveu-se inequivocamente ao surgimento da moeda? 4 O que poderá ser apontado atualmente como o foco da atividade econômica? 5 Aponte o principal objetivo da atividade do empresário. 6 Explique a afirmação do autor de que “o verdadeiro empresário é um decisivo fator de progresso e bem-estar social”. AUTOATIVIDADE 15 TÓPICO 2 CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Com a publicação do Código Civil Brasileiro em 2002, não mais se utiliza a denominação “Direito Comercial”, mas sim “Direito Empresarial”. Neste tópico estudaremos o conceito deste importante ramo do Direito Civil e também as condições necessárias para ser empresário. Também serão analisadas neste tópico as quatro condições para caracterizar o empresário, as quais são: • O exercício de atividade econômica. • Atividade organizada. • Profissionalismo • A finalidade do lucro. Vamos em frente? 2 CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL O Direito Empresarial é um ramo do Direito Privado que “disciplina sobre a vida do empresário e das empresas, com nova estrutura aos diversos tipos de sociedades empresariais contidas no novo Código Civil”. (OLIVEIRA, 2003, p. 111). Assim, o Direito Empresarial é um ramo do Direito Privado que consiste de um conjunto de normas referentes à pessoa do empresário, seja ele individual ou coletivo, disciplinando sua atividade, economicamente organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, de forma a atender ao mercado consumidor. UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL 16 3 O EMPRESÁRIO Como o Direito Empresarial é relativo à pessoa do empresário, abordaremos a seguir os principais aspectos a ela relacionados e relevantes para melhor estudo do Direito Empresarial. 3.1 CONCEITO DE EMPRESÁRIO Na nova modalidade legislativa adotada pelo Direito brasileiro, sempre que alguém explora atividade econômica privada para habitual exercício da produção ou circulação de bens ou de serviços, é considerado um empresário. Este exerce sua atividade através do estabelecimento comercial ou industrial, do qual é o titular e no qual se encontram os bens para o seu comércio ou para sua indústria.Contudo, para o empresário exercer sua atividade é preciso um mínimo de organização dos fatores da produção de bens ou de serviços para o mercado em geral. Vejamos o conceito dado pelo Artigo 966 do Código Civil Brasileiro: “Considerase empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços”. IMPORTANT E Em decorrência do conceito dado pelo código civilista, são identificadas quatro condições para caracterizar o empresário: 1. Exercício de atividade econômica: consiste na geração de riqueza através da produção e circulação de bens ou serviços. A sua função essencial é a de produzir bens ou serviços para atender ao mercado de consumo. 2. Atividade organizada: o empresário é aquele que organiza a empresa, articulando os três fatores da produção: capital, trabalho e tecnologia. Neste entendimento, considera-se que alguém dirige e ordena o trabalho próprio ou de terceiras pessoas e organiza bens de capital, que também podem ser próprios ou de terceiros, para exercer determinada atividade econômica. 3. Profissionalismo: é o exercício da atividade econômica de forma habitual, de forma pessoal ou por sua conta, com o objetivo de lucro. Pessoas que agem em nome do empresário são apenas seus prepostos ou auxiliares. TÓPICO 2 | CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO 17 4. Finalidade do lucro: a finalidade do lucro é o quarto elemento do conceito de empresário. O Código Civil menciona apenas atividade econômica, sem referir-se expressamente ao objeto lucrativo. No entanto, interpretandose sistematicamente o Código Civil, verifica-se que a atividade econômica significa, na realidade, atividade com fim lucrativo. FONTE: Adaptado de: <www.cursomarcato.com.br/admin/mod.../oempresrionocdigocivil do...>. Acesso em: 19 fev. 2013. Portanto, o empresário é aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada, através do estabelecimento empresarial, para o efetivo exercício da produção ou circulação de bens ou de serviços. Ou seja, é o titular da empresa, que possui a iniciativa da sua criação e que a dirige, correndo o risco inerente à atividade empresarial. FIGURA 2 - CONDIÇÕES PARA CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO Condições para caracterização do empresário Exercício de atividade econômica Atividade organizada Finalidade do lucro Profissionalismo FONTE: O autor (2012), com base na legislação. Do conceito de empresário são excluídos aqueles que exercem profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o auxílio de colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa, conforme determina o parágrafo único do art. 966, a saber: Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Desta forma, o legislador estabelece que os que exercem atividade econômica de natureza intelectual não são considerados empresários, como, por exemplo, os profissionais liberais. UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL 18 3.2 REQUISITOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO Além do exercício da atividade econômica organizada, do profissionalismo e do fato de visar ao lucro, há o requisito da inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais, o qual o próprio Código Civil determina a observância desta regra. Vejamos o art. 967 do Código Civil: É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. IMPORTANT E Essa inscrição concede o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado ou do próprio Distrito Federal, conforme determina o art. 1.166 do CC: A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado. Assim, antes de iniciar a atividade empresarial, é obrigatória a inscrição, que é feita na sede do órgão responsável pela inscrição, notadamente no Estado onde está a sede da empresa, mediante requerimento que contenha: 1. o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; 2. a firma, com a respectiva assinatura; 3. o capital; 4. o objeto e a sede da empresa. O artigo 971 do Código Civil garante tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário (art. 971 do CC). Por sua vez, o empresário individual que deseja abrir uma filial, sucursal ou agência em outro Estado da Federação ou no Distrito Federal, deverá também, primeiramente, providenciar a averbação no respectivo Registro Público de Empresas Mercantis daquela jurisdição. TÓPICO 2 | CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO 19 É o que determina o artigo 969 do Código Civil e seu parágrafo único: O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária. Parágrafo único: Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. (BRASIL, 2013). UNI Agora que você já entendeu as condições para que alguém seja considerado empresário, vamos conhecer as espécies de empresário que existem em nosso ordenamento: empresário individual e empresários reunidos na forma de sociedade de pessoas, a qual denominamos de sociedade empresária. 3.3 TIPOS DE EMPRESÁRIO No Direito Empresarial Brasileiro há dois tipos de empresários: 1 Empresário Individual. 2 Empresário na forma de sociedade de pessoas (sociedade empresária). Como mencionamos acima, no Direito Empresarial Brasileiro há dois tipos de empresários: O empresário individual: que é representado pela pessoa física, através de seu nome civil, completo ou abreviado. Quando for uma pessoa física, o empresário deverá ter plena capacidade civil e estar legalmente livre para praticar atividades empresariais. O segundo tipo de empresário é o organizado na forma de sociedade de pessoas (sociedade empresária). Quando se tratar de uma sociedade de pessoas, os atos empresariais serão praticados em nome da pessoa jurídica. Vejamos cada um destes tipos, em separado. UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL 20 3.4 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Como visto, o empresário é a pessoa que organiza uma atividade econômica a fim de produzir ou fazer circular bens ou serviços. Contudo, tal exercício realizado na pessoa física, de forma única e exclusiva, recebe o nome de “individual”. Portanto, o empresário individual é a própria pessoa física, que utiliza o seu próprio nome no exercício de sua atividade empresarial. É o que determina o art. 1.156 do Código Civil: O empresário opera sob firma constituída por seu nome completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade. (BRASIL, 2013). IMPORTANT E Por outro lado, “firma” é o nome que este empresário adota para ser conhecido na sua atividade empresarial. Em consequência, a firma individual utilizada pela pessoa física em seu estabelecimento empresarial não pode ser diferente da forma de seu nome civil. Portanto, denomina-se o empresário individual a pessoa física capaz, que atua em seu próprio nome civil, abreviado ou completo e que explora com habitualidade (profissionalmente) atividade econômica organizada para a produção de bens ou de serviços, tendo como objetivo o lucro. Contudo, a lei não considera empresário individual quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o auxílio de colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. FONTE: Adaptado de: <http://www.univercidade.br/cursos/graduacao/direito/pdf/sumulasdeaulas/ TEORIA_GERAL_DO_DIREITO_CIVIL.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2013. Ou seja, se esses profissionais constituírem uma sociedade, uma empresa para explorar sua atividade, como no caso de sociedade de advogados, de médicos, de engenheiros, de contadores, passam a ser considerados também empresários. TÓPICO 2 | CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO 21 3.4.1 Composição de firma individual O já mencionado artigo 1.156 do Código Civil permite ao empresário individual o uso de seu nome civil, completo ou abreviado, e, se desejar, a adição de determinado qualificativo que melhor o identifique, ou que realce sua atividade. Assim, a firma, o nome pelo qual o empresário passa a ser conhecido, será sempre o próprio nome civil do titular da empresa, podendo adotar o nome abreviado, mas mantendo o sobrenome. Portanto, um empresário que se chama José dos Anzóis poderá ter como firma José dos Anzóis ou J. Anzóis. Esse nome poderá, ainda, ser acrescido de uma palavra capaz de identificar a si próprio ou a sua atividade, especialmente nos casos em que já existir cadastrado na Junta Comercial um nome empresarial idêntico. Se, por exemplo, o empresário for um indivíduo magro, poderá adotar a firma J. Anzóis, o magrela. Mas se for atividade de açougue, poderá utilizar na firma o nome J. Anzóis, o açougueiro. O próprio parágrafo único do art. 1.163 do Código Civil determina que o nome de empresário individual deve ser distinto de qualquer outro já inscrito no mesmo registro: “Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação que o distinga”. (BRASIL, 2013). IMPORTANT E 3.4.2 Da capacidade para a atividade de empresário individual Para iniciar a exploração de atividade empresarial, a capacidade da pessoa é condição essencial para que o negócio jurídico seja válido. Se praticado por pessoa incapaz civilmente, não será juridicamente válido. Assim dispõe o Art. 972 do C.C.: “Podem exercer atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”. (BRASIL, 2013).a IMPORTANT E UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL 22 3.4.3 Requisitos para o exercício da atividade de empresário individual De acordo com o artigo anteriormente citado, são dois os requisitos para o exercício da atividade empresarial: 1. Capacidade para o exercício da profissão. 2. Não estar legalmente impedido de exercer sua atividade. Neste sentido, podem ser empresários aquelas pessoas que estiverem no pleno gozo da capacidade civil, que são os maiores de 18 anos. Em resumo: atualmente, os maiores de 18 anos de idade, que não forem legalmente impedidos, podem ser empresários individuais. Como a atividade empresarial implica a prática de negócios jurídicos, é fundamental que quem os realize esteja em pleno gozo da capacidade civil. As pessoas têm capacidade plena com 18 anos completos e os emancipados. Não têm capacidade civil os absolutamente e os relativamente incapazes, nos termos da legislação civil. 3.4.3.1 Absolutamente incapazes O art. 3º do C.C. enumera os absolutamente incapazes: São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I – Os menores de dezesseis anos. II – Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos. III – Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir suavontade. (BRASIL, 2013). Por conseguinte, a lei civil não admite que o absolutamente incapaz exerça atividade empresarial. Contudo, há exceções à regra dada pelo artigo 974 do Código Civil: Poderá, o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. (BRASIL, 2013). Continua o artigo em seu parágrafo 1º: TÓPICO 2 | CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO 23 Nos casos deste artigo, procederá autorização judicial após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. (BRASIL, 2013). Assim, o exercício empresarial pelo incapaz, mesmo sua continuidade da atividade antes exercida por ele mesmo, quando era capaz, poderá ser realizado quando autorizado por ordem judicial, com a assistência de seus pais, pelo autor da herança ou por representante legal. Contudo, ficam protegidos dos riscos da atividade empresarial os bens que o incapaz já possuía ao tempo da sucessão ou da interdição, nos termos do artigo 974, parágrafo 2º do Código Civil. 3.4.3.2 Relativamente incapazes O art. 4.º do Código Civil enumera os relativamente incapazes: São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de exercê-los: I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV – os pródigos. (BRASIL, 2013). As considerações descritas em relação ao absolutamente incapaz valem também para o relativamente incapaz. 3.4.3.3 Emancipação Antes de completar 18 anos de idade, pode o menor tornar-se plenamente capaz. É o que se verifica por meio da emancipação, conforme determina o artigo 5º do Código Civil, em seu parágrafo único: Cessará, para os menores, a incapacidade: I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II – pelo casamento; III – pelo exercício de emprego público efetivo; IV – pela colação de grau em curso de ensino superior; V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. (BRASIL, 2013). UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL 24 O emancipado continua menor, mas se torna capaz para o exercício da atividade empresarial. Evidentemente, se o menor se estabelecer sem economia própria, necessitará da autorização paterna ou materna para obter a emancipação. 3.4.3.4 Dos impedimentos ao exercício da atividade empresarial O Direito Brasileiro enumera as pessoas impedidas de exercer atividades de empresário individual, embora sejam elas capazes. Eis algumas: 1. Os funcionários públicos, estaduais e municipais. 2. O Presidente da República. 3. O governador do Estado. 4. O prefeito. 5. Os magistrados vitalícios e membros do Ministério Público. 6. Os falidos (enquanto não forem legalmente reabilitados, tendo sido declaradas extintas todas as suas obrigações). 7. Os médicos, na exploração de farmácia. O Código Civil, no seu art. 973, trata do assunto abordado: A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas. (BRASIL, 2013). IMPORTANT E Os magistrados, quais sejam, os juízes, desembargadores e ministros dos tribunais superiores, não podem exercer a atividade de empresário ou participar de sociedade empresária, inclusive de economia mista, exceto como acionista ou cotista. Não podem, no entanto, exercer cargo de direção, tais como gerentes, diretores, nem serem membros de Conselho Fiscal. TÓPICO 2 | CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO 25 Já os médicos são proibidos de exercer a profissão com interação ou dependência de farmácia, indústria farmacêutica, óptica ou qualquer organização destinada à fabricação, manipulação, promoção ou comercialização de produtos de prescrição médica, qualquer que seja sua natureza. Também não podem os médicos exercer simultaneamente a Medicina e a Farmácia, tal como determina a Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1.931/2009. FONTE: Disponível em: <www.portalmedico.org.br/notasdespachos/CFM/2012/1_2012.pdf>.
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