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EMANUELA HANNOFF PILON 1 Tutorial 4 – mod XVII Tireoide e doenças malignas Nódulos tireoidianos EPIDEMIOLOGIA - São comuns e detectados pela palpação em 6% das mulheres e 2% nos homens. - US identifica nódulos na tireoide em até 50% de todos os adultos. Embora a maioria represente pequenos nódulos adenomatosos benignos ou cistos, 5-10% são nódulos malignos. - É menos comum os nódulos serem problemas clínicos e virtude de serem hiperfuncionantes, por provocarem sintomas compressivos locais, ou insatisfação cosmética. - NT são mais comuns em pessoas idosas, mulheres, indivíduos com deficiência de iodo e naquelas com hist. de exposição à irradiação. - Predisposição para CA de tireoide é sugerida com história pessoal de irradiação do pescoço na infância. História familiar pode ser informativa se os genitores tiverem CA medular ou papilar de tireoide, familiar em 50% e 10% dos casos, respectivamente. - É importante manusear os NT, mesmo benigno, para descartar possibilidade de CA, 5-10% dos casos em adultos e 26% em crianças. - As causas mais comuns de NT são cistos coloides e tireoidites (80% dos casos), além de neoplasias foliculares benignas (10-15%) e carcinoma (5-10%). - Mecanismo de formação de NT é pouco entendido. Fatores causais como TSH, fatores de crescimento e mutações com BRAF e Ras. TSH e TRAb tem efeito mitogênicos a antiapoptóticos sobre as células foliculares tireoidianas. - Principais causas de nódulos tireoidianos: bócio coloide ou adenomatoso, cistos simples ou secundários a outras lesões de tireoide; tireoidites; doenças granulomatosas; neoplasias: adenomas, carcinomas, linfomas, tumores raros; doença tireoidiana policística. DIAGNÓSTICO - Observados pelo pcte ou médico na ausência de outras queixas. É menos comum que os nódulos sejam detectados em procedimentos que imagem, US, TC, RM da coluna. Exame físico - Buscar definir tamanho do nódulo, consistência, textura da superfície, mobilidade e sensibilidade. Fixação e adenopatia regional ipsilateral ou paresia das cordas vocais sugere malignidade. - História completa, EF, teste de função tireoidiana, exames de imagem e se precisar, PAAF. História clínica - Nódulos 8x mais comum em mulheres, risco de malignidade 2-3x no sexo masculino. Mais comum em crianças (10-26% maligno) e pessoas idosas, mas a maioria das lesões nodulares nessa faixa etária é benigna. Nódulo <20 e >70, mais risco de malignizar. - Os sintomas de compressão e invasão de tecidos adjacentes sugerem que um nódulo possa ser maligno. Estes incluem dor na porção inferior do pescoço anterior, tosse ou dispneia por compressão traqueal, hemoptise por invasão na traqueia, disfonia ao comprimir nervo. - Locais comuns de metástase CA tireoide: dor torácica, dispneia, dor óssea e achados neurológicos. Nódulos tireoidianos raramente decorrem de metástase de outras neoplasias malignas primárias. - Linfonodos cervicais são encontrados em cerca de 25- 33% dos pctes com carcinoma papilífero, mas já foram relatados em igual percentual em pctes com doença benigna. ACHADOS LABORATORIAIS - TSH e T4L. Maioria dos pctes com CA tem eutireoidismo. Achado de hipert em pcte com bócio é indicativo contra dx de neoplasia maligna. Anti-TPO pode confirmar Hashimoto, porém não descartar neoplasia. - Hipercalcitonemia associada com metástase do CA medular de tireoide pode provocar prurido, rubores e diarreia. Se dosa calcitonina em pcte com hist ou suspeita de CMT, se resultado do PAAF sugestivo ou pcte com bócio a fazer Tireoidectomia. - Calcitonina pode estar elevada em outros tumores. Consumo de álcool, tabagismo, sepse. Sexo, idade, peso, aumento de cálcio podem afetar a [ ]. AVALIAÇÃO POR IMAGEM Cintilografia - Radioiodo ou tecnécio tem pouco valor para diferenciar lesões malignas de benignas. A maioria dos nódulos se mostram hipocaptantes (“frios”) ou normocaptante à cintilografia (>90%), porém não mais do que 15% dos nódulos “frios” são malignos. Já nos nódulos “quentes” ou hipercaptantes a maioria são malignos. - Baixa especificidade, deve ser reservada para situações especificas. A principal indicação seria a patologia nodular associada ao hipertireoidismo, para um preciso diagnostico do adenoma toxico ou do bócio multinodular toxico. Em caso de nódulo normo ou hipocaptante, deve ser seguido o protocolo de investigação com PAAF, mesmo quando detectado em pcts com doença de Graves. - Nos casos com diagnostico citológico de neoplasia folicular ou suspeito de neoplasia folicular, a cintilografia com radioiodo ou tecnécio pode ser realizada na tentativa EMANUELA HANNOFF PILON 2 de se identificar um adenoma hipercaptante autônomo, o que afastaria a malignidade. - Também se deve considerar a cintilografia em suspeita de tecido tireoidiano ectópico ou bócio retroesternal. Também tem que ficar atento a ocorrência de hemiagenesia tireoidiana congênita, que pode simular a presença de bócio nodular (por causa do aumento compensatório do lobo único) e que, a cintilografia, pode se manifestar com um nódulo autônomo. Ultrassonografia → é o melhor exame de imagem para a detecção de nódulos, com sensibilidade de 95%, superior a outros métodos mais sofisticados, como a TC e a RM. Torna possível a visualização de nódulos não palpáveis, avalia com precisão as características desses nódulos e diferencia cistos simples, que tem baixo risco de malignidade, de nódulos sólidos ou mistos. Além disso, pode servir como guia para procedimentos diagnósticos (PAAF) e terapêutico (aspiração de cistos, injeção de etanol e terapia com laser), assim como para o monitoramento de crescimento do nódulo. - Na tireoidite de Hashimoto, apesar da presença de contornos irregulares com padrão ecotextural difusamente grosseiro e noduliforme (pseudonódulos) seja o achado mais característico, formações nodulares verdadeiras, solidas hipo e/ou hiperecoicas também podem ser encontrados. - A grande maioria (82-91%) dos CA de tireoide são sólidos ou com pouco conteúdo cístico. A presença do artefato “cauda de cometa” indica benignidade para o nódulo, principalmente quando associado a área cística, quando o foco hiperecogênico representa o coloide espessado. Em nódulo solido, a presença de “cauda de cometa curta” associada a focos ecogênicos puntiformes pode representam microcalcificações. - De acordo com a ecogenicidade, os nódulos sólidos podem ser classificados como hipoecoicos, isoecoicos ou hiperecoicos, quando apresentam amplitude de ecos, respectivamente, menor, igual ou maior que o parênquima tireoidiano normal. A hipoecogenicidade tem elevada sensibilidade (55-95%), mas menor especificidade, já que a maioria dos nódulos hipoecoicos são benignos. Nódulos classificados como marcadamente hipoecoicos (ecogenicicade menor ou igual à musculatura adjacente) apresentam risco bastante aumentado de malignidade. - As especificidades relatadas para prever malignidade foram de 41-92% para marcante hipoecogenicidade; 44- 95% para microcalcificações; 48-91% para margens infiltrativas, irregulares ou microlobuladas e cerca de 80% para arranjo caótico ou imagens vasculares intranodulares. - Outros achados associados a maior risco de malignidade são aumento do diâmetro AP em relação ao transverso e, particularmente, adenomegalia regional suspeita. - Classicamente, nódulos císticos são considerados benignos, mas a presença de vegetação solida, vascularizada, de localização intracística pode indicar malignidade em 50% dos casos. Além disso, 25% dos carcinomas papiliferos contem elementos císticos em seu interior. - Na exploração dos linfonodos cervicais, a configuração de sua forma e o seu padrão ecotextural podem ajudar na identificação de lesões suspeitas de malignidade. Linfonodos com diâmetro >5mm que apresentamcalcificações finas e/ou degeneração cística em seu interior tem quase sempre uma etiologia maligna. Na ausência dessas características, o achado de forma arredondada, ausência de hilo e contornos irregulares ou espiculados são também fortes indicativos de malignidade. Já linfonodos de forma alongada com mediastino ecogênico indica benignidade. - Na presença de linfonodos “suspeitos” à US, a combinação de citologia por PAAF e dosagem de tireoglobulina no aspirado da agulha possibilitam uma definição etiológica com elevada sensibilidade e especificidade de até 100%. TC e RM → não possibilitam diferenciar lesões benignas de malignas, e sua utilidade na avaliação de nódulos tireoidianos fica restrita quando há suspeita de bócios mergulhantes e compressão traqueal. PAAF (punção aspirativa por agulha fina) → é o melhor método para diferenciação entre lesões benignas e malignas da tireoide. - Padronizar a interpretação dos resultados, o sistema Bethesda, estima o risco de malignidade. Amostra classificada em 6 categorias: 1. Amostra não diagnostica (Rm de 1-4%) 2. Benigno (0-3%) 3. Atipia ou lesão folicular de significado indeterminado (10-30%) 4. Neoplasia folicular ou suspeito de neoplasia folicular (25-40%) 5. Suspeita para malignidade (50-75%) 6. Maligno (97-99%) - Os erros mais comuns são em lesões >4cm ou <1cm, assim como nos nódulos císticos. A incidência de falso- positivo varia de menos de 1-7%. - Na indicação para PAAF, se deve levar em conta o tamanho do nódulo e seu aspecto US. O colégio americano de radiologia recomendou a avaliação dos nódulos tireoidianos por sistema de pontos, semelhantes ao que já havia para outros órgãos. Nesse sistema chamado de TI-RADS, são atribuídas pontuações a cinco características ultrassonográficas: composição, ecogenicidade, forma, margens e presença de focos ecogênicos, devendo ser escolhida apenas uma opção em cada característica. A pontuação de cada característica deve ser somada e ao final se estima o risco de malignidade e são atribuídos pontos de corte como recomendações para PAAF. • Composição o Ciístico ou pred. Cístico – 0 ponto o Espongiforme – 0 ponto o Misto (cístico e sólido) – 1p o Sólido ou pred sólido – 2p EMANUELA HANNOFF PILON 3 • Ecogenicidade o Anecoico – 0p o Hiperecogênico ou isoecogêico – 1p o Hipoecogênico – 2p o Marcadamente hipoecogênico – 3p • Forma o Largura > altura – 0p o Altura > largura – 3p • Margens o Regulares – 0p o Mal definidas – 0p o Lobulares ou irregulares – 2p o Extensão extratireoidiana – 3p • Focos ecogênicos o Ausente ou “cauda de cometa” alongada – 0p o Microcalcificação – 1p o Calcificações periféricas em rim – 2p o Focos ecogênicos puntiformes – 3p - Se 1p, benigno, PAAF não sugerida. 2p, não suspeito, PAAF não sugerida; 3p, levemente suspeito, PAAF se ≥ 2,5cm e acompanha US se ≥ 1,5cm; 4-6p, moderadamente suspeito, PAAF se ≥1,5 e acompanha com US se ≥1; ≥7p, altamente suspeito, acompanha US se ≥0,5cm. - Acompanhamento clínico: US 6-24m após PAAF inicial, repetindo-o apenas se nódulo aumentar mais de 20% em 2 dimensões, aumento de volume >50%. - Indicação de PAAF se nódulo <1cm: >40a, ou metástase a distância, nódulo com extensão extratir, traqueia ou nervo; nódulo suspeito em US; linfonodo suspeito de metástase; hipercalcitoninemia; microcarcinoma papilífero confirmada por PAAF trataria com levotiroxina; desejo do pcte. - Juntas, as mutações BRAF, RAS, TERT e PAX8/PPARγ, e as translocações RET/PTC, representam cerca de 70% de todas as alterações genéticas conhecidas no carcinoma diferenciado de tireoide (CDT). - Enquanto a presença de mutações no genes BRAF e TERT indicam malignidade em 100% dos casos, sugerindo ainda maior agressividade, mutações no RAS ocorrem também em adenomas foliculares, associadas a variantes de menor agressividade. MANEJO DOS NÓDULOS TIREOIDIANOS - PAAF guiada por US, solicitam TSH, T4L e US. Na ausência de hipert, todo nódulo sólido ou predominantemente sólido hipoecoico >1cm deve ser puncionado. No caso de nódulos menores, só faz PAAF se tiver aspectos sugestivos de malignidade. Categoria I (não dx ou insatisfatório) → se submete o pct à nova PAAF que possibilitara a definição dx em cerca de 60-80% dos casos, sobretudo quando o componente cístico for <50%. Persistindo a indefinição, se indica cirurgia para os pcts considerados de alto risco pela avaliação clínica e ultrassonográfica (ex: presença de sintomas compressivos, nódulos > 4cm ou nódulos menores que apresentem aspectos de suspeita maior para malignidade à US). Os demais pcts poderão ser acompanhados clinicamente, com acompanhamento periódico por US. Categoria II (benigno) → o seguimento do pct poderá ser feito com US, inicialmente a cada ano e depois em intervalos maiores. As diretrizes da ATA recomendam repetir a PAAF apenas em caso de detecção de crescimento nodular > 20% em pelo menos 2 dimensões, aumento no volume total > 50% ou aparecimento de características ultrassonográficas sugestivas de malignidade. Se a segunda amostra citológica for benigna, as chances de falso-negativo para malignidade são praticamente nulas e não há necessidade de avaliação ultrassonográficas posteriores. Categoria III (AUS/FLUS) → o risco estimado de malignidade varia de 10-30%. Se deve repetir a PAAF e, diante da manutenção do resultado, se costuma indicar cirurgia, na dependência de fatores de risco, aspectos ultrassonográficos e preferência do pcte. Os testes moleculares podem também ser uteis na decisão da cirurgia. Categoria IV (FN/SFN) → o risco estimado de malignidade é de 25- 40%. Lobectomia é a conduta mais habitualmente recomendada. Mas, ela pode não ser considerada de imediato em pcts de baixo risco, sem nódulos de aspecto de alto risco à US e teste molecular negativo para malignidade. Por outro lado, nódulos citologicamente classificados como AUS/FLUS ou FN/SFN, e que sejam positivos para mutações de BRAF, RET/PTC ou PAX8/PPARγ, tem um risco estimado de malignidade >95% e devem ser considerados como categoria similar a carcinoma da tireoide citologicamente confirmado. Para esses casos, a tireoidectomia total seria preveriel à lobectomia. Categoria V (suspeito de malignidade) → Nessa situação, a conduta é sempre cirúrgica, por causa do risco estimado de 50-75% para malignidade. Categoria VI (maligno) → nessa situação, se indica tireoidectomia total, seguida, na maioria das vezes, de ablação do tecido tireoidiano remanescente com iodo radioativo, 8 a 12 semanas depois da cirurgia. OUTRAS FORMAS DE TRATAMENTO Terapia supressiva → no passado, se costumava empregar a terapia supressiva com levotiroxina em pcts cujo nódulos se mostrassem benignos à PAAF, com intuito de inibir o crescimento desses nódulos pela supressão do TSH. Mas, além de ser pouco eficaz, essa conduta não é isenta de risco, podendo predispor a osteoporose e distúrbios cardíacos importantes, como EMANUELA HANNOFF PILON 4 taquicardia, fibrilação atrial e aumento da massa ventricular esquerda. Injeção percutânea com etanol ou “escleroterapia → foi inicialmente usada no tratamento de nódulos autônomos. Mais recentemente, também passou a usar esse tipo de terapia em nódulos císticos e sólidos considerados benignos pela PAAF, com indicação terapêutica, seja por queixas compressivas, seja por motivos estéticos. Dor, febre e extravasamento de etanol para tecidos adjacentes estão entre os principais efeitos adversos. A necessidade frequente de múltiplas sessões é um importante inconveniente para o procedimento. Radioiodoterapia → outra possibilidade terapêutica (ainda pouco utilizada) para o bócio multinodular é o iodo radioativo. Foi observado redução significativa maior do tamanho do bócio do que com a terapia supressiva,depois de 2 anos. Ablação percutânea com laser guiada por US → se trata de uma modalidade ainda pouco utilizada no Brasil, reservada para nódulos benignos atóxicos, propiciando redução do volume nodular e dos sintomas compressivos. Pode ser uma alternativa potencial para a cirurgia em pcts de alto risco cirúrgico com sintomas de compressão, ou aqueles que se recusem a se submeter a cirurgia. Câncer de Tireoide - Cecil - Raro, cerca de 1% de todas as neoplasias, mas entre as endócrinas, é o mais frequente. - Neoplasias malignas podem ser originar de 3 tipos celulares: foliculares, parafoliculares e outras céls existentes na tireoide. Células foliculares são responsáveis por 90% ou mais dos carcinomas tireoidianos. - Os carcinomas bem diferenciados, que são a maioria absoluta dos derivados das células foliculares, são subdivididos em 3 grupos: os papilíferos, os foliculares e os de células de Hurthle. - Os indiferenciados ou anaplásicos são menos de 5% dos carcinomas tireoidianos. Os carcinomas pouco indiferenciados, são o grupo intermediário. Já os carcinomas medulares são derivados das células parafoliculares, produtoras de calcitonina, representam 3- 4% dos carcinomas tireoidianos e podem ser esporádicos (75-80% dos casos) ou, menos comum, hereditários ou familiares (isoladamente ou associados a neoplasia endócrina múltipla tipo 2). Ex: linfomas. CARCINOMAS DIFERENCIADOS DA TIREOIDE - Carcinomas papilíferos (80% ou mais), folicular e céls de Huthle. São encontrados na tireoide, com um ou mais nódulos num individuo eutireoideo. Pode ser apresentar como nódulo tireoidiano autônomo e hipertireoidismo. CARCINOMA PAPILÍFERO - Derivam do epitélio folicular e conservam a responsividade ao TSH, produzem tireoglobulina e concentram iodo. Se distinguem pelo seu aspecto histológico e padrões característicos de progressão. EDIDEMIOLOGIA -. O CA é 3x mais comum em mulheres, onde a ascensão é mais rápida do que qualquer outra malignidade. - Carcinoma papilar é a forma mais comum de CA de tireoide, representando 80% dos casos. - A idade média no momento do dx é de 45a (entre 3ª e 5ª década), o carcinoma papilar de tireoide não ocorre em crianças e têm sua incidência aumentada com a idade. - Seu crescimento é lento e apresenta baixo grau de progressão, de modo que sua detecção leva um longo período. O prognostico é bom, e pelo menos 80% dos pcts permanecem vivos cerca de 10 anos depois do diagnóstico. Costuma ter excelente evolução nos adultos jovens e raramente leva a óbito pcts com menos de 40-45 anos de idade. FISIOPATOLOGIA - Pelo que se sabe, há mutações dos genes RET/PTC e B-Raf quinase que ativam via de MAP cinase na patogênese do CA papilar. Microadenomas papilares são achados comuns em 5% da glândula excisadas por outros motivos. - Alguns carcinomas papilares são mais agressivos, com extensão para tecidos adjacente, envolvimento nodal e disseminação metastática à distância, como pulmões. Comum em pctes idosos. - A disseminação se dá por meio dos linfáticos intraglandulares, evoluindo do foco inicial para as outras partes da tireoide e para linfonodos cervicais. Dessa forma, lesões multicêntricas na tireoide são comuns e 25% dos pctes tem metástases cervicais, 20% têm invasão extratireoidiana e 5% apresentam metástases a distância, principalmente para os pulmões. As metástases pulmonares podem ter distribuição limiar (com boa resposta ao radioiodo) ou podem se apresentar na forma de imagens numulares. - Os 5-10% dos casos de carcinoma papilífero que evoluindo para morte são essencialmente constituídos pelo grupo de pctes com idade superior a 45 anos que apresentam lesões aderentes às estruturas adjacentes, com metástases invasivas cervicais ou a distância e que apresentam variantes histológicas mais agressivas, como a variante de células altas ou colunares ou com invasão vascular. EMANUELA HANNOFF PILON 5 CARCINOMA FOLICULAR - Corresponde a até 10% de todos os carcinomas tireoidianos e apresenta maior prevalência em regiões onde a ingestão de iodo é deficiente. - Ocorre em um grupo etário mais avançado do que o papilífero, com pico de incidência na 5ª década de vida. - É diagnosticado pelo achado de nódulo único na tireoide, descoberto casualmente. Mas, outras vezes, se apresentam como crescimento recente de um nódulo em bócio de longa duração ou por metástase a distância (15- 20% dos casos), com envolvimento pulmonar ou comprometimento ósseo, associado ou não a fraturas patológicas. - Quando eles têm invasão limitada à cápsula tumoral são minimamente invasivos e se comportam como papilares. Porém, quando invasão vascular, estão associados com metástase à distância, mais comum no pulmão e esqueleto. - Metástases a distância podem ser a manifestação inicial do carcinoma folicular, mesmo quando o tumor é pequeno. Menos comum são as metástases cerebrais. Diferente do carcinoma papilífero, o folicular raramente cursa com metástases para linfonodos cervicais. Além disso, são também raras metástases cutâneas, hepáticas, adrenais, renais, cardíacas ou para região selar. - Existem alguns casos de hipertireoidismo causados por metástases funcionantes localizadas em pulmões, esqueleto e, mais raramente, fígado ou glândulas adrenais. MANIFESTAÇÕES CLÍNICO-LABORATORIAIS - A apresentação dos carcinomas diferenciados da tireoide é de um nódulo, associado a valores normais de TSH e T4L. Na maioria das vezes, o carcinoma diferenciado é descoberto incidentalmente, seja por ultrassonografia cervical, seja pelo pcte ou pelo médico, pela inspeção ou palpação do pescoço. - Cada vez menos, é detectado como massa que causa sintomas compressivos, levando a rouquidão, disfagia, disfonia e/ou dificuldade para respirar. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO TRATAMENTO - O tratamento inicial envolve a definição e a indicação do tratamento cirúrgico, da radioiodoterapia, da terapia supressiva com levotiroxina e/ou vigilância ativa. TTO cirúrgico: Tireoidectomia tota é o procedimento clássico e habitual para o tto do carcinoma diferenciado de tireoide. - Vantagens: evitar reintervenção cirurgia, assegurar remoção de todos os focos tumorais, papilífero é multicentro, bbilateral, além de permitir negativação da tireoglobulina, facilita o acompanhamento. - Tireoidectomia subtotal ou lobectomia tem vantagens do menor risco de complicações cirúrgicas e a menor incidência de hipotireoidismo pos-operatorio. - De acordo com a ATA, tireoidectomia total deve sempre ser realizada na presença de um ou mais dos seguintes fatores: tumores >4cm, extensão extratireoidiana grosseira (T4), metástases linfonodais clinicamente aparentes ou presença de metástases a distância. - Lobectomia pode ser considerada suficiente em tumores de baixo risco, com 1-4cm, sem extensão extratireoidiana, sem acometimento linfonodal (N0) e sem metástases a distância (M0). Pode ser indicada para tumores menores de 1cm, unifocais, sem extensão extratireoidiana e sem acometimento lindonodal. Terapia com radioiodoterapia (RAI) - Realizada depois de tireoidectomia total e tem como objetivos: ablação dos remanescentes tireoidianos, terapia adjuvante ou tratamento de doença persistente. Não deve ser realizada em pctes com lobectomia. - Se preconiza que a indicação de RAI após tireoidectomia seja individualizada, considerando as estratificações iniciais de risco e a avaliação pós-operatória. - Baixo risco – não está indicada de rotina. Pode ser considerada com objetivo de ablação de remanescentes tireoidianos, para facilitar acompanhamento em pcts específicos, de acordo com características individuais, tumorais, níveis séricos de tireoglubulina e rotina de acompanhamento local. - Risco intermediário – uso selecionado de RAI deve ser considerado depoisde tireoidectomia total em carcinoma diferenciado de risco intermediário, de acordo com características individuais. Pode ser usada para reduzir o risco de recorrência em casos selecionados, principalmente nos tumores de risco intermediário-alto ou com níveis de tireoglobulina detectáveis. - Alto risco – RAI está indicada de rotina nesses pacientes. RAI adjuvante ou terapêutico está associado ao aumento de sobrevida e sobrevida livre de doença. Terapia supressiva com levotiroxina - Repor tiroxina, reduzir TSH, evitando potencial estímulo do TSH no crescimento tumoral. - Nos pcts com tumores de alto risco, avançados e/ou metastáticos, a terapia supressiva com levotiroxina atua EMANUELA HANNOFF PILON 6 como terapia-alvo, reduzindo a progressão tumoral e melhorando o prognostico. Já em pcts de baixo risco, não foram mostrados benefícios no prognostico. Ou seja, a indicação deve ser individualizada. Usa estratificação de risco: • Alto risco: recomendada supressão completa, mantendo níveis de TSH < 0,1 • Risco intermediário: recomenda supressão leve, mantendo níveis de TSH entre 0,1 e 0,5 • Baixo risco: não recomenda terapia supressiva, mantendo níveis de TSH entre 0,5 e 2. ACOMPANHAMENTO - Avaliação clínica periódica com dosagem de tireoglobulina, imagens com radioiodo na fase pós- operatória inicial e o eventual uso da ultrassonografia. - QT convencional tem eficácia limitada no tto do CA diferenciado de tireoide, mas novos agentes biológicos que objetivam a patogênese molecular desses tumores são promissores, como motesanibe. PROGNÓSTICO - Idade é o fator prognóstico mais importante. Pctes com menos de 45 anos tem melhor prognóstico do que indivíduos mais velhos. Taxa de sobrevida 10a são de 98% e 92% para CA papilar e folicular. A recidiva é comum (31% e mortalidade 6% para papilífero e 24% e 15% para folicular), por isso o monitoramento. CARCINOMA MEDULAR DE TIREOIDE - Se origina das células C ou parafoliculares e pode se apresentar de duas formas: esporádica ou familiar. Cerca de 75-80% desses tumores são de origem esporádica, enquanto 20-25% podem fazer parte da síndrome genética conhecida como neoplasia endócrina múltipla do tipo 2 (MEN-2), ela é transmitida de modo autossômico dominante (ou seja, 50% dos filhos de um indivíduo afetado tem o risco de apresentar a doença), com alta penetrância e expressão variável. - Pode vir isoladamente ou como parte da MEN-2A clássica e da MEN-2B, com mentrancia > 90%. A concomitância do carcinoma medular e carcinoma papilifero ou folicular já foi relatada, mas é bastante rara. - Entre as formas familiares ou hereditárias do carcinoma medular, a MEN-2A é a doença mais comum (55-80% dos casos), seguida pelo carcinoma medular familiar (15-35%) e a MEN-2B (5%). EPIDEMIOLOGIA - Tem leve predominância pelo sexo feminino e se apresentam em qualquer faixa etária. A forma esporádica tem pico de incidência durante a 5ª e a 6ª década de vida, enquanto as formas familiares se manifestam mais precocemente. QUADRO CLÍNICO - Seja na forma esporádica ou familiar, se apresentam com um nódulo palpável, duro, localizado nos dois terços superiores da tireoide, onde se concentram as células parafoliculares. Às vezes, o tumor pode ser detectado incidentalmente em exames de imagem da região cervical. - É um tumor indolente e solitário, enquanto o hereditário é multicêntrico. Sintomas como disfagia, rouquidão e pressão local são pouco frequentes e dependem do tamanho e da invasibilidade do tumor. - Metástases linfonodais ocorrem em 50% dos pcts ao diagnóstico e podem ser o primeiro achado ao exame físico. Metástases para fígado, pulmão e ossos são observadas em 20% dos pcts ao diagnostico. Podem ter também manifestações sistêmicas como diarreia aquosa ou rubor facial e torácico. Síndrome de Cushing também pode ocorrer por causa da produção de ACTH. DIAGNÓSTICO Dosagens hormonais → se caracteriza por função tireoidiana normal e níveis séricos elevados de calcitonina. Valores de calcitonina > 100 pg/ml basais são altamente sugestivos de carcinoma medular, na ausência de insuficiência renal. Níveis < 10 pg/ml praticamente excluem o diagnostico, há valores entre 25 e 100 pg/ml implicam um risco de 25%. - PAAF → a sensibilidade da citologia obtida pela PAAF para diagnosticar carcinoma medular em um nódulo tireoidiano varia entre 45-89%. - O diagnostico diferencial entre o carcinoma medular e outras neoplasias malignas da tireoide (lesões foliculares) pode ser difícil por causa das semelhanças dos achados citológicos. A dosagem de calcitonina no lavado da agulha tem sido recomendada para melhorar a acurácia diagnostica da PAAF em casos de carcinoma medular. RASTREAMENTO - Uma vez confirmado o carcinoma medular, se deve submeter os pcts a análise direta do DNA para mutações do RET. Se a pesquisa for positiva, o rastreamento familiar deve ser realizado o quanto antes, já que a mutação torna possível o diagnóstico e o tratamento precoce do carcinoma medular, ou mesmo sua profilaxia. TRATAMENTO Avaliação pré-operatória e planejamento cirúrgico → inicialmente, é importante determinar se existe a mutação no RET. Nos portadores da mutação, ou quando a pesquisa genética não estiver disponível, se recomenda a investigação de feocromocitoma, já que tem risco cirúrgico associado e a necessidade de tratamento previamente à tireoidectomia. - Cabe lembrar que nem sempre é possível uma avaliação pré-operatória adequada, pois muitas vezes o carcinoma medular é diagnosticado incidentalmente em pcts com outras doenças tireoidianas. - Relevância dos níveis de calcitonina → na ocasião do diagnostico, ate 75% dos pcts com lesão palpável tem metástases locorregionais, enquanto 7-17% apresentam metástases a distancia. A dosagem de calcitonina serica é fundamental na avaliação pre-operatoria. O risco de EMANUELA HANNOFF PILON 7 metástases linfonodais é quase nulo quando a calcitonina pré-operatoria esta abaixo de 20 pg/ml. Mas quando excede 20,50, 200 e 500 pg/ml, pode estar associada a metástases em linfonodos ipsilaterais centrais e laterais, contralaterais centrais, contralaterais laterais e mediastino superior. Exames de imagens → a US cervical é mandatória para todos os pcts na avaliação pré-operatória e influencia na extensão da cirurgia. Além disso, se houver doença cervical extensa ou sintomas e sinais de doença metastática, exames de imagem adicionais devem ser solicitados. Extensão da cirurgia → tireoidectomia total associada a dissecção de linfonodos do compartimento central é o procedimento cirúrgico de escolha, já que a cirurgia é única opção terapêutica curativa para carcinoma medular. A extensão da abordagem cirúrgica para os compartimentos cervicais laterais depende dos níveis de calcitonina e dos achados da US cervical pré-operatória, o que reforça a importância desses exames papa o planejamento terapêutico. PROGNOSTICO - É um tumor bem mais agressivo que os carcinomas bem diferenciados da tireoide, implicando redução de sobrevida, a qual está muito relacionada com a idade, sexo e estádio da doença. A sobrevida em 10 anos é cerca de 90% em doença confinada à tireoide, 70% no comprometimento de linfonodos cervicais e 20% quando há metástases a distância. CARCINOMA ANAPLÁSICO DE TIREOIDE - Uma neoplasia maligna, histologicamente rara, indiferenciada e agressiva. Surge tipicamente em mais velhos (pico 65-70a), ¼ dos quais tem evidência de CA diferenciado de tireoide prévio. - Pctes afetados tem uma massa de crescimento rápido no pescoço anterior ou lateral associado à dor, sensibilidade e sintomas compressivos, incluindo disfagia, disfonia e dispneia estridorosa. - Biópsia por PAAF obtém grandes células pleiomórficas indiferenciadas, mas a biópsia cirúrgica abertaé exigida algumas vezes para confirmar dx. - Maioria dos casos é irressecável no momento da apresentação por ter invasão de estruturas cervicais. Há muitas metástases à distância (pulmão). Cirurgia não é curativa. - Terapia convencional consiste entre RT e QT com doxirrubicina com ou sem cisplatina, com resposta inicial em 25% dos pctes. - Os com doença limitada ao pescoço tem sobrevida estendida, mas quase todos tem recidiva em poucos memes e sucumbem à sua doença, com sobrevida de 3- 7 meses. - Fatores que favorecem um melhor prognostico são idade mais jovem, tumor < 5 a 6cm e ausência de metástase a distância ao diagnóstico e cirurgia radical associada a radioterapia ou a combinação de cirurgia + radioterapia + quimioterapia. LINFOMA DE TIREOIDE - Raramente surge na glândula tireoide, se apresentando nas pessoas mais velhas como um bócio difuso e doloroso de crescimento rápido. Os pctes muitas vezes têm um histórico de tireoidite autoimune (Hashimoto). A idade media de ocorrência é de 62 anos. Ele é 2 a 3 vezes mais comum no sexo feminino. - Em 50% dos casos, linfoma primário à glândula tireoide é um de grau intermediário de tipo Não Hodgkin. Vários pcts se queixam de dor, rouquidão, disfagia, dispneia ou estridor. Muitas vezes, ocorre rouquidão quando não há paralisia das cordas vocais. - Suspeita-se ainda mais desse dx quando PAAF rende muitos linfócitos sem outras características celulares de tireoidite autoimune. Coloração imuno-histoquímica e citometria do material coletado podem caracterizar linfócitos monoclonais. Biópsia cirúrgica às vezes é necessária para estabelecer dx. - Ressecção cirúrgica da tireoide não está indicada, mas a traqueostomia eletiva deve ser considerada como profilaxia quando a compressão traqueal é iminente. A maioria dos pctes responde ao tto com uma combinação de RT e QT. Taxa de sobrevida aria com o estágio no dx e com resposta à terapia combinada. FONTES - Villar - Cecil
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