Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

FICHA TÉCNICA 
 
Título: Curso Preparatório AVEO 7ª Edição. BIOLOGIA 
Autor: Edevaldo Ramiro 
 
Colaboradores 
 Valdemar Mateus 
 Rosalina Soares Silva 
 António Bento 
Revisão: Edevaldo Ramiro, Valdemar Mateus, Osvaldo Lourenço 
Design Gráfico: Osvaldo Lourenço 
Impressão e acabamentos: 
PoloPrinter, São Paulo, Brasil 
 
 
 
 
 
Curso Preparatório AVEO. 7ª Edição 
(2012 – 2013) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Edevaldo Ramiro 
Médico Pela Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho 
Nelo 
Colaboradores 
Valdemar Mateus 
António Bento 
 
 
 
 
Índice 
 
UNIDADE I. BIOLOGIA GERAL……………….. ........................................................................ 7 
1. A biologa como ciência .......................................................................................................... 7 
2. os seres vivos e suas características ...................................................................................... 8 
3. os níveis de organização da matéria viva ............................................................................ 16 
4. teorias sobre a origem da vida ............................................................................................ 19 
5. a origem das espécies - causa da diversidade das espécies ................................................ 24 
6. a classificação dos seres vivos ............................................................................................. 27 
 
UNIDADE II: A CITOLOGIA .............................................................................................. 31 
1. Desenvolvimento da citologia como ciência ....................................................................... 31 
2. Noção e objecto de estudo da citologia .............................................................................. 33 
3. Método de estudo da célula ................................................................................................ 33 
4. Bioquímica celular ............................................................................................................... 35 
5. Metabolismo celular ............................................................................................................ 49 
6. Estudo da célula eucariota .................................................................................................. 51 
 Membrana celular ........................................................................................................ 51 
 Citoplasma e organelas ................................................................................................ 59 
 Núcleo celular .............................................................................................................. 62 
7. O ciclo celular e a divisão celular ................................................................................... 66 
 Interfase ....................................................................................................................... 66 
 Mitose .......................................................................................................................... 67 
 Meiose ......................................................................................................................... 70 
 
UNIDADE III – OS VÍRUS ................................................................................................. 76 
1. Origem dos vírus .................................................................................................................. 76 
2. Vírus, matéria bruta ou matéria viva? ................................................................................. 77 
3. Ciclo viral ............................................................................................................................. 78 
 
UNIDADE IV – ESTUDO DAS BACTÉRIAS E PROTOZOÁRIOS ............................................ 80 
1. Estrutura das bactérias ........................................................................................................ 80 
2. Respiração das bactérias ..................................................................................................... 81 
3. Nutrição das bactérias ......................................................................................................... 81 
4. Reprodução das bactérias ................................................................................................... 82 
5. Doenças causadas por bactérias .......................................................................................... 82 
 
UNIDADE V – A GENÉTICA ............................................................................................. 84 
1. Genética molecular ............................................................................................................. 84 
2. Conceitos gerais em genética .............................................................................................. 87 
3. Genética mendeliana ........................................................................................................... 89 
4. Leis de mendel ..................................................................................................................... 89 
5. Herança dominante ............................................................................................................. 91 
6. Herança intermédia ou dominância incompleta ................................................................. 92 
7. Herança co-dominante ........................................................................................................ 93 
8. Alelos múltiplos ou polialelia: .............................................................................................. 93 
9. Factor rh e incompatibilidade materna-fetal ...................................................................... 95 
10. Epistasia ............................................................................................................................... 96 
11. Poligenia .............................................................................................................................. 96 
12. Pleiotropia ........................................................................................................................... 96 
13. Herança ligada ao sexo ........................................................................................................ 96 
14. Herança mitocondrial .......................................................................................................... 97 
15. Distúrbios genéticos: mutações .......................................................................................... 97 
 
UNIDADE VI – HISTOLOGIA ........................................................................................... 99 
1. Os tecidos animais .................................................................................................. 100 
 Tecido Epitelial ........................................................................................................... 101 
 Tecido Conjuntivo ...................................................................................................... 102 
 Tecido Muscular ......................................................................................................... 104 
 Tecido Nervoso. ......................................................................................................... 105 
2. Histologia Vegetal ............................................................................................................. 107 
 TECIDOS MERISTEMÁTICOS OU EMBRIONÁRIOS ...................................................... 107 
 TECIDOS DEFINITIVOS ................................................................................................ 108 
Tecidos de revestimento.......................................................................................108 
Tecidos de preenchimento ................................................................................... 109 
Tecidos de sustentação ......................................................................................... 109 
Tecidos condutores ............................................................................................... 110 
 
UNIDADE VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS (BOTÂNICA) .................................................. 111 
1. Estrutura macro e microscópica das raízes ....................................................................... 111 
2. Estrutura do caule ............................................................................................................. 114 
3. Estrutura da folha .............................................................................................................. 117 
4. Absorção de água e solutos............................................................................................... 118 
5. Transportes das seivas ...................................................................................................... 119 
6. Transpiração ...................................................................................................................... 119 
 
 
7. Ciclo de vida dos principais grupos de plantas .................................................................. 120 
 Plantas avasculares – briófitas ................................................................................... 120 
 Plantas vasculares sem sementes – pteridófitas ....................................................... 121 
 Plantas vasculares com sementes nuas - gimnospermicas ....................................... 123 
 Plantas vasculares com sementes protegidas angiospermicas. ................................ 124 
 
UNIDADE VIII – ESTUDOS DOS ANIMAIS (ZOOLOGIA) .................................................. 128 
1. CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DOS METAZOÁRIOS .......................................................... 128 
 Filo porifera ou spongiaria (poríferos ou espongiários) ............................................ 130 
 Filo celenterata ou cnidaria (celenterados ou cnidários) .......................................... 131 
 Filo platyhelminthes (platelmintes) ........................................................................... 132 
 Filo asquelminthes ou nemathelminthes .................................................................. 133 
 Filo mollusca (moluscos) ............................................................................................ 134 
 Filo annelida (anelídeos) ............................................................................................ 136 
 Filo arthropoda (artrópodes) ..................................................................................... 137 
 Filo echinodermata (equinodermes) ......................................................................... 139 
 Filo chordata (cordados) ............................................................................................ 140 
 
UNIDADE IX - ECOLOGIA .............................................................................................. 142 
1. Introdução ......................................................................................................................... 142 
2. Níveis de organização em ecologia .................................................................................... 142 
3. Conceitos básicos em ecologia .......................................................................................... 143 
4. Cadeia alimentar ................................................................................................................ 144 
5. Relações ecológicas ........................................................................................................... 146 
6. Acção do homem sobre o ambiente: poluição .................................................................. 148 
 
UNIDADE X – INTRODUÇÃO A ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS ........................... 150 
1. Aparelho locomotor........................................................................................................... 150 
2. Aparelho digestivo ............................................................................................................. 154 
3. Sistema cardiovascular ...................................................................................................... 155 
4. Sistema respiratório .......................................................................................................... 158 
5. Sistema urinário ................................................................................................................. 160 
6. Aparelhos reprodutores .................................................................................................... 163 
 Aparelho reprodutor feminino .................................................................................. 163 
 Aparelho reprodutor masculino ................................................................................ 164 
7. Sistema nervoso ................................................................................................................ 165 
8. Sistema endócrino ............................................................................................................. 167 
 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 | 
 
 
7 
Unidade I. Biologia Geral 
A biologia e os seres vivos 
A BIOLOGA COMO CIÊNCIA 
A palavra biologia deriva do grego (bios = vida, e logos = tratado). Foi introduzido pela 
primeira vez na Alemanha em 1800 e popularizado no mundo da ciência pelo naturalista 
francês Jean Baptiste Lamarck. 1,2 
Como ciência, estuda os seres vivos, sua relação com o meio e os princípios que regem seu 
desenvolvimento. Ela compreende muitos princípios e leis, mas se baseia essencialmente na 
observação e na descrição dos fenómenos intrínsecos à natureza dos chamados sistemas 
organizados.1,2,3 
Do ponto de vista prático, nas sociedades a Biologia aplica-se 
fundamentalmente nos ramos da saúde e meio ambiente, 
tendo-se despontado como uma das ciências que mais se 
destacou no cenário tecnológico com as técnicas de 
clonagem, transplantes, a criação dos transgénicos, a 
decifração do código genético humano, etc. 
A Biologia desponta como uma das ciências que mais 
se destacou no cenário tecnológico com as técnicas de 
clonagem, os transplantes de órgãos e tecidos, a 
criação dos transgénicos, a decifração do código 
genético humano, etc. 
Para cumprir com seus objectivos a biologia é dividida 
nos seguintes ramos: Citologia, histologia, anatomia, fisiologia, 
embriologia, genética, evolução, sistemática, botânica, zoologia, 
ecologia. 
A vida é estudada à escala atómica e molecular pela biologia 
molecular, pela bioquímica e pela genética molecular, no 
que se refere à célula pela biologia celular e à 
escala multicelular pela fisiologia, pela anatomia e pela histologia. 
Figura 1: Diversos ramos da biologia 
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81tomo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Molecula
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia_molecular
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia_molecular
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bioqu%C3%ADmica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gen%C3%A9tica_molecular
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia_celular
http://pt.wikipedia.org/wiki/Multicelular
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fisiologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anatomia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Histologia
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 
 | 
 
8 
Ciência Estuda o/a (os/as) 
Citologia Células 
Histologia Tecidos 
Anatomia Morfologia dos seres vivos 
Fisiologia Funcionamento dos seres vivos 
Embriologia Desenvolvimento desde a fecundação ate ao nascimento 
Genética Transmissão das características hereditárias 
Evolução 
Alteraçõesnas características dos seres vivos ao longo do 
tempo bem como o surgimento de novas espécies. 
Sistemática 
Classifica, nomeia e agrupa os seres vivos de acordo as suas 
relações filogenéticas. 
Botânica Plantas 
Zoologia Animais 
 
OS SERES VIVOS E SUAS CARACTERÍSTICAS 
No passado os seres vivos eram definidos como aqueles constituídos por células, nascem, 
movimentam-se, têm reações aos estímulos físicos e químicos, crescem, desenvolvem-se, 
reproduzem-se e morrem. Mais tarde viu-se que tais características não eram aplicáveis a 
todos os seres vivos e que despertavam grandes debates linguísticos e filosóficos. 
O conceito de ser vivo ainda é um motivo de discussão no mundo científico. Actualmente o 
conceito mais abrangente e que deverá ser fixado pelo estudante do AVEO é o que diz que 
“ser vivo é tudo que apresenta material genético, que seja capaz de reproduzir-se por algum 
mecanismo e que responde a pressão evolutiva”. 
Os seres vivos possuem características peculiares que não são encontradas na matéria bruta ou 
inanimada, tais como: composição química complexa, organização celular, metabolismo, 
reprodução, crescimento, homeostase, material genético, mutação e evolução e adaptação. 
a) Composição química da matéria viva. 
Os seres vivos são formados principalmente por átomos de Carbono, Hidrogénio, Oxigénio e 
Nitrogénio (CHON), agrupados em compostos inorgânicos (água e sais minerais) e orgânicos 
(aminoácidos e proteínas, nucleótidos e ácidos nucleicos, glícidos, lípidos e vitaminas). 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 | 
 
 
9 
A composição química aproximada da matéria viva é de 75 a 85% de água; 1% de sais 
minerais; 1% de carboidratos; 2 a 3% de lípidos; 10 a 15% de proteínas e 1% de ácidos 
nucléicos. [leia Bioquímica celular] 
 
Figura 2. (A) Algumas moléculas orgânicas da célula. (B) Distribuição de sais minerais glicose e aminoácidos 
 
b) Organização estrutural 
Com excepção dos vírus, todos os seres vivos são formados por células. Célula é a menor 
parte com forma definida que constitui um ser vivo. As células são as unidades estruturais e 
funcionais dos organismos vivos. As células, em geral, possuem tamanho tão pequeno que só 
podem ser vistas por meio de microscópio. Dentro delas ocorrem inúmeros processo que são 
fundamentais na manutenção da vida. [leia Citologia]. 
Segundo o padrão evolutivo, existem dois tipos de células: procariota e eucariota 
CÉLULA PROCARIOTA. É o tipo mais simples quanto à organização. O que caracteriza 
uma célula procariota é a ausência de um núcleo verdadeiro. Essas células possuem uma 
estrutura dispersa no citoplasma denominada nucleóide, que não é envolvido por uma 
membrana e constituído por único filamento da ADN. As únicas organelas presentes no 
citoplasma desse tipo celular são os ribossomas, responsáveis pela síntese protéica. 
A B 
http://xiribio.files.wordpress.com/2008/10/molecules_all_lab_spanish-copiar1.jpg
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 
 | 
 
10 
 
Figura 3: Estrutura de uma bactéria 
 
COMPONENTES FUNÇÃO 
Parede celular Protege á bactéria contra danos mecânicos. 
Flagelos Filamentos móveis que permitem a sua mobilidade 
Membrana Celular Controla a entrada e saída de substâncias da célula 
Citoplasma 
Contem enzimas para a sua respiração (aeróbia e 
anaeróbia). 
Ribossomas Sintetizam proteínas 
Nucleóide Região onde se localiza o cromossoma bacteriano 
 
O citoplasma das células procariotas não apresenta organelas delimitadas por membrana. Em 
algumas células procariotas, a membrana citoplasmática sofre uma invaginação que penetra 
no citoplasma, formando o mesossoma. Acredita-se que o mesossoma. 
A forma das células procariotas é mantida pela presença de uma parede externa em relação à 
membrana citoplasmática, denominada parede celular. As células procariotas caracterizam os 
representantes do Reino Monera. 
CÉLULA EUCARIOTA: Apresenta um padrão de organização mais complexo em relação à 
célula procariota. O que caracteriza uma célula eucariota é a presença de um núcleo 
verdadeiro, isto é, o material genético é delimitado por uma membrana denominada 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 | 
 
 
11 
membrana ou envoltório nuclear. Esse tipo celular apresenta grande quantidade de 
organelas delimitadas por membrana (organelas membranosas) e podem ser animal ou 
vegetal. 
 
Figura 4: Estrutura da célula eucariota animal 
 
Figura 5: Estrutura da célula eucariota vegetal 
O quadro abaixo estabelece a comparação estrutural das células eucariotas e procariotas 
 
 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 
 | 
 
12 
Estruturas Procariotas Eucariotas 
Envoltório nuclear Ausente Presente 
DNA Sem combinação proteica Combinado com proteínas 
Cromossomas Únicos Múltiplos 
Nucléolos Ausentes Presentes 
Divisão Fissão binária Mitose ou meiose 
Ribossomas 70S* (50+30) 80S* (60+40) 
Endomembranas Ausentes Presentes 
Mitocôndrias Ausentes Presentes 
Cloroplastos Ausentes Presentes nas células vegetais 
Parede celular Não celulósica Celulósica nas células vegetais 
Exocitose e endocitose Ausente Presente 
Citoesqueleto Ausente Presente 
* S corresponde à unidade Sverdberg de sedimentação, que depende da densidade e da forma da molécula 
Alguns seres são formados por uma única célula, são os do reino Monera (bactérias e 
cianobactérias), Protista (protozoários e algas) e alguns fungos; conhecidos como 
unicelulares. Os animais, as plantas e os fungos em geral são formados por muitas células, 
sendo chamados de pluricelulares. 
c) Reprodução. 
É a capacidade de gerar novos indivíduos da mesma espécie perpetuando a mesma. Há dois 
tipos fundamentais de reprodução: assexuada e sexuada. 
A reprodução assexuada ou agâmica, permite a formação de novos indivíduos a partir de um 
só progenitor, sem que haja a intervenção de células sexuais — os gâmetas. Deste modo, não 
há fecundação e, consequentemente, não ocorre formação do zigoto. Assim, a partir de um só 
indivíduo podem formar-se numerosos indivíduos geneticamente idênticos, designando-se este 
agregado por clone. 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 | 
 
 
13 
 
Figura 6: Reprodução assexuada da paramécia 
Na reprodução sexuada ou gâmica acontece a formação de células especiais 
denominadas gâmetas. É necessário que o gâmeta masculino se una ao gâmeta feminino 
para acontecer a formação de um novo organismo. É comum nos seres pluricelulares. [leia 
também Reprodução e Ciclo Celular]. 
 
Figura 7: Reprodução sexuada em felinos 
d) Metabolismo 
é o conjunto de reações químicas que ocorrem no interior dos seres vivos permitindo a 
transformação, utilização e troca de matéria e energia entre os seres vivos e o meio 
ambiente. Os seres vivos estão em constante atividade e isso os obriga a um consumo 
permanente de energia. Para que isso aconteça, os seres vivos realizam a nutrição e a 
respiração. [leia Citologia]. 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 
 | 
 
14 
 
Figura 8: Tipos de reacções metabólicas e ciclo do ATP 
Quanto à forma de nutrição os organismos podem ser autotróficos ou heterotróficos. Os 
autotróficos utilizam a matéria inorgânica para sintetizar matéria orgânica, como os vegetais. 
Os heterotróficos capturam a matéria orgânica existente no ambiente, como os animais. 
Quanto à forma de respiração podem ser anaeróbios ou aeróbios. Os anaeróbios produzem 
energia na ausência de oxigénio molecular (O2) e os aeróbios utilizam o oxigénio molecular 
para obter energia. 
e) Homeostase 
Do grego "permanecer sem alteração", entende-se como o conjunto de mecanismos que 
permitem a constância do meio interno. Entre as condições que devem ser reguladas 
compreendem as seguintes: a temperatura corporal, o pH, o volume de água, a concentração 
de sais, etc. Grande parte da energia de um ser vivo se destina a manter o meio interno dentro 
de limites homeostáticos.Figura 9: Homeostase é a manutenção do equilíbrio do meio interno 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 | 
 
 
15 
A figura a baixo representa a homeostase da glicose no sangue. 
 
Figura 10: Homeostase da glicemia 
 
f) Material Genético e Hereditariedade 
Podemos dizer que ser vivo é aquele que possui ácido nucléico (ADN ou ARN), de facto essa 
é a única característica encontrada em todos os seres vivos e exclusivamente neles. [leia Genética] 
g) Mutação e evolução 
Mutação é uma alteração permanente na estrutura do ADN. Se essa alteração ocorrer nas 
células que vão formar os gâmetas, ela será transmitida aos descendentes. As mutações 
explicam, em parte, o aparecimento, ao longo do tempo, de muitas espécies novas a partir de 
outras já existentes, no processo conhecido como evolução das espécies. [leia Origem das espécies] 
h) Adaptação 
É a capacidade que possuem os organismos vivos de se mostrarem sensíveis a variações 
ambientais e de se ajustarem às novas condições com vantagens para a sobrevivência e êxito 
reprodutivo. 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 
 | 
 
16 
i) Crescimento 
É a capacidade de aumentar de tamanho físico quer seja por aumento do volume celular – nos 
unicelulares – ou por aumento do volume celular e do número de células – nos pluricelulares. 
Nos seres vivos ocorre devido à incorporação e transformação dos alimentos, como 
consequência da nutrição, do metabolismo e da multiplicação celular. [leia: Reprodução e 
Ciclo Celular; Divisão Celular] 
j. Movimento 
Os seres vivos são capazes de se movimentar. De forma geral, os animais possuem 
movimentos rápidos e ativos. Nos vegetais, os movimentos são mais lentos, podem ser 
observados quando giramos um vaso de flor que fica próximo à janela. As folhas se movem 
lentamente em direção a luz. 
k. Irritabilidade 
É capacidade que os organismos têm de responderem aos estímulos (tanto internos como 
externos). Entre os estímulos geralmente se contam: luz, pressão, temperatura, composição 
química do solo ou do ar circundante, etc. 
 
Os Níveis de Organização da Matéria Viva 
Existem sete níveis de complexidade na organização da matéria viva, nomeadamente: 
atómico, molecular, celular, tecido, órgão, aparelhos/sistemas e por último o organismo. 
O primeiro nível na organização da matéria é constituído por átomos que compõem os 
diferentes elementos químicos. Os elementos químicos mais abundantes da célula são: 
carbono (C), o hidrogénio (H), o oxigénio (O), o nitrogénio (N). 
Os átomos combinam-se para formar moléculas (dois ou mais átomos unidos) que 
correspondem ao segundo nível na organização da matéria. As moléculas encontradas na 
matéria viva são classificadas em orgânicas e inorgânicas que serão estudadas em bioquímica 
celular. 
As moléculas, por sua vez, combinam-se para formar o próximo nível de organização, o nível 
celular, as células são as unidades estruturais e funcionais básicas de um organismo. Entre os 
muitos tipos de células existentes no nosso corpo, temos as células musculares, nervosas e 
sanguíneas. 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 | 
 
 
17 
 
Figura 11. Estrutura da estrutura atómica (esquerda) e da molécula de água (direita) 
 
O quarto nível de organização é o nível tecidual, os tecidos são grupos de células semelhantes 
que, juntas, realizam uma função particular (comum). Os quatro tipos básicos de tecido são os 
seguintes: o epitelial, o conjuntivo, o muscular e o nervoso. 
Quando diferentes tipos de tecidos estão unidos, eles formam o próximo nível de organização: 
o nível orgânico (órgãos), Os Órgãos são compostos de dois ou mais tecidos diferentes, têm 
funções específicas e geralmente apresentam uma forma reconhecível. Como exemplos de 
órgãos temos os seguintes: o coração, o fígado, os pulmões, o cérebro e o estômago. 
 
Figura 12: Níveis de organização 
O sexto nível de organização é o nível sistémico (aparelho ou sistemas). Um sistema 
representa um conjunto de órgãos interrelacionados, que desempenham uma função comum. 
Temos exemplo, o sistema digestivo, que tem a função de digerir e absorver os alimentos, este 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 
 | 
 
18 
referido sistema é composto pelos seguintes órgãos: boca, glândulas salivares, faringe, esófago, 
estômago, intestino delgado, intestino grosso, fígado, vesícula biliar e pâncreas. 
 
O mais alto nível de organização é o nível de organismo. Todos os sistemas do corpo 
funcionando como um todo, formando consequentemente o organismo – um indivíduo 
Se relacionarmos os seres vivos entre si e estes com o meio ambiente surgem mais quatro 
níveis nomeadamente: população, comunidade, ecossistemas e biosfera. Os 4 últimos níveis são 
estudados em Ecologia, mais adiante. 
 
Figura 13: Níveis ecológicos de organização da matéria 
 
 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 | 
 
 
19 
Teorias sobre a Origem da Vida 
Saber a origem da vida na terra bem como sua diversidade, foi motivo de discussões entre 
filósofos e cientistas há muito tempo. Vamos estudar nesse capítulo as teorias mais 
importantes sobre o surgimento das primeiras formas de vida na terra, e no capítulo seguinte, 
sobre a origem das espécies, ou seja, sobre a causa da diversidade das espécies. 
Criacionismo 
Essa é a mais antiga de todas as ideias sobre a origem da vida. Segundo esta hipótese, a vida 
surgiu na terra por acto divino. Essa corrente afirma que os seres vivos foram criados 
individualmente por uma divindade e que desde então permanecem com a mesma forma com 
que foram criados (imutabiliade das espécies). Elas não mudam ao longo do tempo, é o que se 
chama imutabilidade da espécie. 
Abiogênese 
O grande divulgador da abiogênese ou geração espontânea foi Aristóteles sábio e filósofo 
grego, há mais de 2.000 anos. Ela defendia que os seres vivos se formaram a partir de material 
orgânico em decomposição. Era como se a vida brotasse de materiais não vivos, daí o nome. 
Segundo essa teoria, “existiriam dois princípios, um passivo, que é a matéria, e outro ativo, que é a 
forma. No momento em que as condições fossem favoráveis, esses princípios se conjugariam, originando 
vida”. 
Essa teoria teve como base as observações feitas por cientistas da época que acreditavam ser 
essa a única explicação para o aparecimento de bichos dentro de frutas, por exemplo. Outro 
fato bastante citado é o do aparecimento de moscas num pedaço de carne exposto ao ar livre. 
Esta teoria perdurou até o século XIX. 
Biogênese 
Esta teoria diz que os seres vivos originam-se apenas de outro pré-existentes. Foram muitos os 
cientistas que apoiaram esta teoria com o intuito de derrubar a abiogénese; dentre os quais, 
citemos os seguintes: 
Experiências de Redi 
Durante muitos anos, vários experimentos foram feitos para tentar derrubar a ideia da geração 
espontânea. Em meados do século XVII, o biólogo e médico italiano Francesco Redi colocou 
pedaços de carne no interior de alguns frascos, deixando determinados frascos abertos e 
fechando outros com uma gaze. Nos frascos abertos, apareciam larvas de moscas, o que não 
acontecia nos frascos cobertos pela gaze. 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 
 | 
 
20 
 
Figura 14: Francesco Redi e modelo de seu experimento 
Redi afirmava, a partir do seu experimento, que as moscas não são geradas 
espontaneamente pela carne e sim por ovos depositados por outras moscas que só 
penetravam nos frascos abertos. Os resultados dos experimentos de Redi fortaleceram a 
biogênese, isto é, a teoria que admite a origem de um ser vivo somente a partir de outro 
ser vivo pré existente. 
Experiências de Jonh Needham e Lázzaro Spallanzani 
No século XVIII, o biólogo inglês John Needham colocou sucos nutritivos, como caldo de 
galinha e sucos vegetais, em tubos de ensaio que foram aquecidos e, a seguir, fechados 
para impedir a entrada do ar. Alguns dias depois,Needham constatou que os sucos 
nutritivos continham microrganismos, fazendo vir novamente à tona a ideia da 
abiogênese. 
Alguns anos mais tarde, o padre italiano Lázzaro Spallanzani refez as experiências de 
Needham. No entanto, Spallanzani ferveu os sucos nutritivos contidos em tubos de 
ensaio, que foram posteriormente fechados. Analisando o conteúdo dos tubos, 
Spallanzani constatou, mesmo depois de vários dias, que os sucos nutritivos não 
apresentavam nenhuma forma de vida, descartando, assim, a ideia da abiogênese. 
Segundo Spallanzani, Needham não aqueceu suficientemente os tubos, permitindo a 
sobrevivência de alguns microrganismos que se reproduziram assim que os sucos 
nutritivos esfriaram. 
No entanto, Needham criticou Spallanzani afirmando que a fervura teria destruído o 
princípio ativo, isto é, a força capaz de gerar vida. A teoria da abiogênese ainda não havia 
sido derrubada. 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 | 
 
 
21 
 
Figura 15: Lázzaro Spallanzani e o modelo de sua experiência 
Experiências de Pasteur 
Somente em meados do século XIX, o cientista francês Louis Pasteur elaborou de forma 
conclusiva experiências que inviabilizaram a geração espontânea. Pasteur realizou uma 
série de experimentos, entre os quais o experimento do frasco com “pescoço de cisne”. 
Através do trabalho, foi demonstrado que uma solução nutritiva, previamente esterilizada, 
mantém-se estéril indefinidamente mesmo na presença de ar, desde que a entrada de 
germes seja impedida. 
 
Figura 16: Loius Pasteur e modelo de sua experiência 
Com esta experiência Pasteur deixou por terra a teoria da geração espontânea segundo a 
qual os seres vivos originavam-se a partir de matéria bruta e prevaleceu a ideia da 
biogênese, segundo a qual os seres vivos provem de outro pré-existente. 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 
 | 
 
22 
Panspermia cósmica 
Svante Arrhenius químico sueco em 1908 propôs que os 
primeiros seres vivos chegaram a Terra, provenientes de outros 
planetas, em fragmentos de meteoritos. Esta hipótese teve 
sérias rejeições devido às seguintes indagações: 
Nenhum esporo conhecido resiste às radiações cósmicas; no espaço não existe 
atmosfera; as temperaturas que se produzem ao entrar na atmosfera terrestre 
são tão elevadas que impossível que qualquer forma de vida conhecida a 
resista. 
Teoria quimio-sintética, evolução química ou síntese abiótica 
Esta teoria é conhecida como de Oparin-Haldane, porque foi publicada em 1924, por um 
investigador russo Alexander I. Oparin, cujos resultados coincidiram com os do biólogo inglês 
John D. S. Haldane, que publicou suas experiências quatro anos depois (1928). Esta teoria foi 
e tem sido amplamente aceite pelos cientistas modernos não só de área biológica, sino 
também por químicos, astrônomos, geólogos, etc. Oparin propôs que a vida na terra teria 
surgido de forma lenta e ocasional nos oceanos primitivos através dos seguintes mecanismos: 
 Altas temperaturas, descargas elétricas constantes e radiação ultravioleta teriam agido sobre as 
substâncias existentes na atmosfera primitiva (CH4, NH3, H2O e H2), quebrando algumas 
ligações químicas e permitindo novas combinações atômicas... 
 Dessa forma, substâncias orgânicas, como aminoácidos, foram formadas na atmosfera 
primitiva. 
 Esses aminoácidos foram arrastados pelas chuvas para a crosta terrestre, formando proteínas 
que foram levadas para os oceanos primitivos. 
 Na água, ocorreu a formação de COACERVADOS, isto é, aglomerados de proteínas 
envolvidos por uma película limitante. 
 Nos oceanos primitivos, os coacervados reagiam com outras substâncias, formando substâncias 
ainda mais 
 
Experiências de Miller 
Em 1954, o cientista norte-americano Stanley Miller testou em laboratório a viabilidade da 
hipótese de Oparin. Miller construiu um aparelho onde reuniu metano, amônia, vapor de 
água e hidrogênio, fazendo circular tais substâncias. A mistura foi aquecida e submetida a 
descargas elétricas simulando as condições presentes na atmosfera primitiva. Ao final do 
Figura 17 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 | 
 
 
23 
experimento, a água analisada continha alguns aminoácidos e outras substâncias 
orgânicas. Assim, percebemos que o experimento de Miller reforçou as idéias de Oparin. 
 
Figura 18: Representação da experiência de Miller 
 
Experiências de Fox 
Em 1957, o cientista norte-americano Sidney Fox aqueceu uma mistura de aminoácidos e 
observou a formação de moléculas muito semelhantes a proteínas, reforçando as ideias 
propostas por Oparin. Os aminoácidos trazidos pelas chuvas ao entrarem em contacto com as 
rochas ainda quentes da superfície terrestre teriam formado moléculas de proteínas que foram 
arrastadas aos oceanos primitivos pelas chuvas. 
 
 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 
 | 
 
24 
A ORIGEM DAS ESPÉCIES - CAUSA DA DIVERSIDADE DAS 
ESPÉCIES 
Até o século XVIII, havia a consolidação da idéia que todos os seres vivos presentes no 
planeta Terra foram produto de criação divina e que as espécies não passavam por nenhum 
processo de transformação. Essa teoria que afirma que as espécies são fixas e imutáveis recebe 
o nome de Fixismo. 
A partir do século XVIII, uma nova ideia foi lançada, afirmando que as espécies se 
transformavam gradualmente ao longo do tempo e originavam novas espécies. Essa teoria que 
afirma que as espécies são mutáveis recebe o nome de transformismo e é a base da evolução. 
A teoria da evolução afirma que a linha evolutiva se desenvolve no sentido de tornar as 
espécies cada vez mais adaptadas ao ambiente em que vivem. 
As teorias evolutivas procuram explicar os mecanismos que determinam a grande variedade 
de seres vivos. Propõem também que os seres vivos são passíveis de modificações e que 
provavelmente sofrem alterações morfológicas e fisiológicas ao longo dos tempos. Propõem 
ainda que as espécies actuais tiveram origem em outras pré-existentes que sofreram 
modificações com a finalidade de se adaptar às constantes modificações ambientais ocorridas 
em nosso planeta. 
Noção de evolução 
Evolução é o processo através do qual ocorrem mudanças ou transformações nos seres vivos 
ao longo do tempo, dando origem a novas espécies. 
Provas ou evidências do processo evolutivo 
A evolução encontra argumentos muito fortes a seu favor no estudo comparativo dos 
organismos como a homologia e a analogia de certos órgãos, nos órgãos vestigiais, na 
embriologia e no estudo dos fósseis. 
Embriologia comparada: estudo da embriologia mostra a grande semelhança existente nos 
embriões de animais de classes diferentes quando nas etapas iniciais do seu desenvolvimento. 
Á medida que o embrião se desenvolve, surgem características individualizadas e as 
semelhanças diminuem. 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 | 
 
 
25 
 
Figura 13: Embriões de vertebrados diversos. Note a grande 
semelhança nos primeiros estágios do desenvolvimento. 
Órgãos vestigiais: São estruturas pouco desenvolvidas em alguns grupos, geralmente sem 
função, mas em outros aparecem desenvolvidas e funcionais, revelando a existência de um 
parentesco evolutivo entre eles. Exemplos na espécie humana: O cóccix que é um vestígio da 
cauda observada em outros animais como o macaco. O apêndice vermiforme que é bem 
desenvolvido em alguns animais (coelho) e atrofiado no homem. 
Fosseis: Os fósseis são restos de seres vivos de épocas passadas ou qualquer vestígio deixado 
por eles. Os fósseis permitem que sejam feitas comparações entre seres que existiram há 
milhares de anos atrás e os seres vivos, actuais. 
Anatomia comparada: existem estruturas denominadas 
homólogas que apresentam a mesma origem embriológica 
podendo ter ou não a mesma função, demonstrando 
parentesco entre algumas espécies (Figura 19). 
Porém, existem as estruturas denominadas análogas que 
apresentam a mesma função, mas têm origemembrilógica 
diferente, demonstrando espécies que resolveram de forma 
semelhante os problemas de adaptação ao mesmo tipo de 
ambiente (evolução convergente); por exemplo, as asas dos 
insectos e as das aves, o formato do corpo e outras 
adaptações à vida aquática de animais tão diversos como o golfinho, ictiossauro (réptil fóssil) 
e o tubarão. 
Figura 19. Estruturas homólogas em alguns 
animais 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 
 | 
 
26 
 
TEORIAS DA EVOLUÇÃO 
Lamarckismo 
Segundo Jean Baptiste Lamarck, as modificações ambientais desencadeariam em uma espécie 
a necessidade de se modificar de modo a promover a sua adaptação às novas condições 
ambientais. Para Lamarck, a evolução estaria baseada em duas leis fundamentais: lei do uso e 
desuso e a lei da transmissão das características adquiridas. 
 Lei do uso e desuso: órgãos muito usados iriam hipertrofiar, enquanto órgãos pouco 
usados iriam atrofiar 
 Lei da transmissão dos caracteres adquiridos: as características adquiridas pelo uso 
ou perdidas pelo desuso seriam transmitidas aos descendentes. 
A teoria de Lamarck não é mais aceita actualmente por dois motivos: somente os órgãos de 
natureza muscular podem sofrer hipertrofia ou atrofia como resposta ao uso e desuso 
frequentes e as características adquiridas pelo uso ou perdidas pelo desuso não podem ser 
transmitidas aos descendentes. Somente uma modificação nos genes presentes nos gâmetas 
poderá ser transmitida às gerações seguintes. 
Darwinismo 
A teoria de Charles Darwin foi baseada na selecção natural. De acordo com essa teoria o 
ambiente selecciona os indivíduos portadores de característica "favoráveis". Esses tem chances 
de sobreviver e deixar descendentes férteis enquanto os portadores de características 
"desfavoráveis" tendem a ser eliminados, pois terão menos chances. 
Fica fácil perceber que a acção do meio ambiente é diferente para Lamarck e Darwin. 
Segundo Lamarck, o meio é o causador das variações, já que características novas são 
adquiridas por imposição do meio. Segundo Darwin, o meio apenas seleciona as 
características adaptativas mais importantes. 
Darwin não conseguiu explicar a origem das variações, já que somente a genética, surgida no 
século XX, contém subsídios para esclarecer as causas da variabilidade. 
Neodarwinismo 
Também denominado Teoria sintética da evolução, foi proposto no século XX por vários 
pesquisadores utilizando como base o Darwinismo, que foi acrescido dos conceitos modernos 
sobre variabilidade (mutação e recombinação génica) e genética de populações. 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 | 
 
 
27 
O Neodarwinismo não corrige o Darwinismo e sim amplia suas idéias à medida que 
explica as causas das variações nos seres vivos que não foram explicadas por Darwin. As 
mutações e a recombinação génica são as principais causas da variabilidade genética presente 
nos seres vivos. A seleção natural apenas direciona o processo evolutivo, mantendo as 
variações favoráveis ou adaptativas a determinado meio. 
Enquanto as mutações e a recombinação génica aumentam a variabilidade genética, a seleção 
natural diminui, já que os indivíduos menos adaptados tendem a morrer e, com o tempo, 
permitir a extinção da espécie. 
 
A CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS 
Todos os seres vivos apresentam a mesma unidade química, mesma unidade funcional e de 
organização, o que faz pensar que procederam de uma origem comum que ao longo dos 
tempos terá sofrido diversas transformações para obterem a actual diversificação. A 
diversidade dos seres vivos nos leva a ordená-los e classificá-los através do estudo de suas 
características e relações filogenéticas. 
Noção de classificação e nomenclatura 
Classificação, em biologia, corresponde à identificação, denominação e agrupamento de 
organismos com base sua relação filogenética. Carlos Lineu, naturalista sueco, desenvolveu a 
nomenclatura binominal para classificar os animais e plantas, razão pela qual é considerado o 
Pai da Sistemática. 
Uma qualidade da Taxonomia de Lineu é que ela pode ser usada para desenvolver um sistema 
simples e prático para organizar dos diferentes tipos de organismos vivos. O aspecto mais 
importante é o uso geral da nomenclatura binominal, a combinação de um nome genérico e de 
um nome específico (Homo sapiens, por exemplo). Nenhuma outra espécie de planta pode ter este 
binome. Deste modo, a todas as espécies pode se dar um único e estável nome. 
Em função do grande número de espécies existentes na Biosfera, foi necessário agrupar os 
seres vivos de acordo com suas semelhanças e diferenças. 
Noção de Sistemática 
A sistemática ou taxonomia é o ramo das ciências naturais que nomeia, classifica e agrupa os 
seres vivos de acordo suas relações filogenéticas. O sistema natural de classificação respeita 
um padrão hierárquico de organização, as categorias taxonómicas ou táxons que obedecem à 
seguinte sequência: Reino ― Filo ― Classe ― Ordem ― Família ― Género ― Espécie 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Organismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Taxonomia_de_Lineu
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 
 | 
 
28 
Os seres vivos são agrupados em 2 grandes domínios: Eukaryota e Procaryota 
CLASSIFICAÇÃO TAXONÓMICA DE ALGUNS SERES VIVOS 
Categoria 
Taxonómica 
Homem Cão Mosca Milho 
Reino Metazoa Metazoa Metazoa Methaphyta 
Filo ou Divisão Chordata Chordata Arthropoda Trachaeophyta 
Classe Mammala Mammala Insecta Angiospermae 
Ordem Primata Carnívora Diptera Graminales 
Família Hominidae Canidae Muscidae Granidae 
Género Homo Canis Musca Zea 
Espécie 
Homo 
sapiens 
Canis Cais 
Musca 
domestica 
Zae mays 
 
Um pouco de história sobre a classificação dos seres vivos em Reinos 
No século IV a.C. Aristóteles e Teofrasto, seu discípulo, agruparam os seres vivos em dois 
grandes grupos: Animalia e Plantae. Esta classificação tinha por base a mobilidade e o tipo de 
nutrição: as plantas são imóveis e produzem o seu próprio alimento (autotrofia) e os animais 
apresentam capacidade de locomoção e capturam as suas presas dependendo por isso da 
matéria orgânica produzida por outros organismos (heterotrofia). Esta ideia é reforçada pela 
classificação de Carl Lineu no século XVIII. 
Os avanços tecnológicos, nomeadamente ao nível dos microscópios, permitiram observar 
organismos até então desconhecidos e excluídos dos sistemas de classificação. Organismos 
como as algas, fungos e as bactérias foram inicialmente incluídos no reino Plantae por 
apresentarem parede celular e organismos, como os protozoários, que eram móveis e ingeriam 
os alimentos foram colocados no reino Animalia. 
O surgimento e aceitação no século XIX das emergentes teorias evolucionistas para os seres 
vivos levantava questões sobre a classificação de alguns organismos que não sendo nem 
animais nem plantas pudessem ser seus ancestrais. A ideia de um terceiro reino é fortemente 
influenciada pela Teoria da Selecção Natural de Darwin que postulava a existência de uma 
ancestral comum a todos os seres vivos. 
Em 1866, Ernst Haeckel (1834-1919), naturalista alemão, propôs a criação do Reino Protista 
que incluía os organismos unicelulares e os multicelulares que não apresentassem 
diferenciação celular, incluindo assim as bactérias os protozoários e os fungos. 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 | 
 
 
29 
No século XX com o aparecimento do microscópio electrónico e com o avanço de 
algumas técnicas bioquímicas, foi possível compreender que as bactérias têm características 
muito distintas dos fungos e dos protozoários. E em 1956, Herbert Copeland (1902-1968), 
apresenta uma classificação que se aproxima mais da realidade natural. 
Separa num novo reino, Monera, os seres vivos procariontes – com células sem núcleo 
individualizado. Segundo Copeland, no reino Protista incluem-se todos os fungos e algas 
vermelhas e castanhas, no reino Plantae os organismos que possuíssemclorofila (pigmento 
fotossintético), que produzissem amido, celulose e sacarose e no reino Protista os organismos 
eucariontes que não eram animais nem plantas. 
Classificação em Cinco Reinos 
Foi proposto em 1969 por Whittaker (1924-1980) e propõe um sistema de classificação em 
cinco reinos, estabelecendo um reino independente para os fungos, o reino Fungi. O novo 
sistema apresentado tinha subjacente três critérios principais: 
 Nível de organização celular – diferencia as células procarióticas das eucarióticas e a 
unicelularidade da multicelularidade 
 Modo de nutrição – modo como o organismo obtém o alimento 
 
Figura 20: Principais características dos reinos 
Manual de Biologia. I – BIOLOGIA GERAL 
 
 
 | 
 
30 
 
 Interacções nos ecossistemas – respeitante às relações alimentares que o organismo 
estabelece com os restantes organismos no ecossistema. Os organismos podem ser 
classificados em produtores, e consumidores (macro e microconsumidores). 
Whittaker viria a reformular os eu próprio sistema em 1979. O reino Protista passou a incluir 
os fungos flagelados e as algas (uni e multicelulares). 
Na tabela seguinte resumem-se as principais características dos reinos, tendo em conta os 
critérios estabelecidos por Whittaker na sua versão modificada de 1979. 
 
a) Reino Metazoa ou Animalia : composto por organismos pluricelulares e heterotróficos 
(não são capazes de produzir sua própria energia). Fazem parte deste grupo: animais 
invertebrados, vertebrados, aves, mamíferos, inclusive o homem. 
b) Reino Metaphyta ou Plantae: seres pluricelulares que possuem células revestidas por 
uma membrana de celulose e que são autotróficos (capazes de produzir sua própria 
energia). Fazem parte deste grupo: vegetais inferiores (algas verdes, vermelhas ou 
marrons), vegetais intermediários (ex. samambaia) e vegetais superiores (plantas). 
c) Reino Monera: composto por organismos unicelulares (formados por uma única célula) 
e procariontes (células que não possuem um núcleo organizado). Fazem parte deste 
reino: as bactérias e algas azuis ou cianobactérias (antigamente eram consideradas como 
vegetais inferiores). 
d) Reino Fungi: composto por seres 
eucariontes (núcleo organizado e 
individualizado) que podem ser uni ou 
pluricelulares. Fazem parte deste reino: os 
fungos elementares e os fungos superiores 
(antigamente eles eram classificados como 
vegetais inferiores). 
 
e) Reino Protista: formado por seres 
unicelulares e eucariontes. Estão presentes 
neste reino: protozoários (giárdias, amebas, 
tripanossomas) e algas inferiores ou 
eucariontes. 
Figura 21. Representação do 5 reinos 
http://wikiciencias.casadasciencias.org/index.php/Classifica%C3%A7%C3%A3o_de_Whittaker
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
31 
 
 
Unidade II: A CITOLOGIA 
INTRODUÇÃO 
Para que a Citologia surgisse como Ciência, foi necessária a invenção de um tipo muito 
simples de microscópio. O crédito pela invenção do microscópio é dado ao holandês 
Zacharias Jansen, por volta do ano 1595. No início, o instrumento era considerado um 
brinquedo, que possibilitava a observação de pequenos objectos. 
Em 1665, Robert Hooke, cientista inglês, observou pela primeira vez células, utilizando um 
microscópio muito simples iluminado a vela. Hooke observava pedaços de cortiça ao 
microscópio e descreveu pequenas cavidades em seu interior que foram denominadas células 
(CELL = cela, em inglês). Na realidade, Robert Hooke observou a parede de celulose e o 
espaço vazio que era ocupado por cada célula quando viva facto esse justificado por ser a 
cortiça um tecido vegetal morto, denominado súber. 
Robert Hooke,.nascido a 18 de julho de 1635 em 
Freshwater, ilha de Wight, Inglaterra, faleceu em 3 
de Março de 1702 em Londres. Hooke estudou em 
Westminster onde aprendeu latim e grego, mas ao 
contrário de seus contemporâneos ele nunca 
escreveu em latim. Em 1653 foi para o Christ 
College, em Oxford onde encontrou com Boyle. Em 
1655 foi empregado por Boyle para construir sua 
bomba de ar. Em 1660 descobriu a lei da 
elasticidade que tomou seu nome. Hooke trabalhou 
no sistema ótico, no movimento harmônico simples 
e resistência de materiais. Pioneiro nas hipóteses de que as tensões tangenciais 
são proporcionais às velocidades de deformação angular e de que as 
componentes normais são funções lineares das velocidades de deformação, seu 
primeiro invento foi o relógio portátil de corda (1657) Descreveu a estrutura 
celular da cortiça (1665) e publicou Micrographia, sobre suas descobertas em 
ótica e iniciando suas análises dos efeitos do prisma, esferas e lâminas, com a 
utilização do microscópio. Com o microscópio também deu importante 
contribuição ao estudo da estrutura das células, devendo-se a ele a origem 
deste termo. 
 
Figura 22 Microscópio de 
Hooke 
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
32 
Em 1674, Antonie van Leeuwenhoek, pesquisador holandês, usando microscópios de sua 
própria construção, dotados de lente única (microscópio simples), observou e relatou as formas e o 
comportamento dos microrganismos, sendo por isso considerado pioneiro entre os citologistas. 
 
Figura 23: Leeuwenhoek e seu microscópio 
Em 1838, dois biólogos alemães, Schleiden e Schwann, observando a presença de células em 
tecidos animais e vegetais, enunciaram a Teoria Celular, segundo a qual todos os seres vivos são 
constituídos por uma ou mais células. Sabemos que os vírus não são constituídos por células, 
mas esses organismos vivos só foram descritos no século XX. 
 
 
Figura 24: Mathias Schleiden (a esquerda) e Theodor Schwann 
No início dos anos 30, o engenheiro electrónico alemão inventou o microscópio electrónico 
Ernest Ruska. Esses instrumentos utilizam feixes de electrões e lentes electromagnéticas, no 
lugar da luz e das lentes de vidro, permitindo ampliações de mais de 100 000 vezes. Com isso, 
a Citologia apresentou grandes avanços como ciência. 
 
 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
33 
NOÇÃO E OBJECTO DE ESTUDO DA CITOLOGIA 
A Citologia (grego: KYTOS = célula; LOGOS = estudo) é a parte da Biologia que estuda a 
célula em todos os seus aspectos: bioquímico, morfológico e funcional. 
O objecto de estudo da citologia é a célula. A célula é considerada a unidade morfofuncional 
dos seres vivos, com excepção dos vírus, que são organismos acelulares, ou seja, não são 
constituídos por células, mas dependem delas para sua sobrevivência. 
Nos organismos unicelulares, a única célula presente realiza todas as funções necessárias à 
manutenção da vida, enquanto as várias células dos organismos pluricelulares apresentam 
diferentes formas adaptadas ao desempenho das mais variadas funções. 
ORGANIZAÇÃO CELULAR 
Uma célula típica apresenta três partes fundamentais: membrana citoplasmática, citoplasma e 
núcleo. Em tipos diferentes de células, podemos encontrar algumas variações relacionadas a 
essas porções fundamentais. Quanto à organização ou padrão evolutivo, existem dois tipos 
celulares básicos: Célula Procariota e Célula Eucariota. 
MÉTODO DE ESTUDO DA CÉLULA 
As células são organismos pequeninos, que para sua visualização e estudo é necessário o 
auxilio de um instrumento capaz de ampliar sua imagem – O microscópio. 
Microscópio Óptico 
A microscopia óptica ou de luz, como o próprio nome indica, possibilita o aumento de 
imagens através da luz que, após incidir sobre determinada amostra, passa por um conjunto 
de lentes. O avanço deste tipo de microscopia, portanto, ocorreu atrelado ao desenvolvimento 
da óptica, ou seja, o ramo da Física que estuda a luz e sua interacção com distintos meios e 
materiais. 
Além de ampliar a imagem de um objecto, de 1000 a 1500 vezes, o microscópio serve para 
aumentar o poder de resolução do olho humano. Poder de resolução é a capacidade de 
distinguir dois pontos muito próximos um do outro. Os microscópios ópticos têm um limitede resolução da ordem de 0,2 μm, ou seja, as lentes destes microscópios conseguem mostrar 
dois pontos distintos se estes estiverem separados por distâncias de pelo menos 0,2 μm. 
É importante lembrar que para uma estrutura ser observada através de um microscópio óptico, 
é necessário que ela seja suficientemente fina para deixar que os raios luminosos a atravessem, 
além de ter índices de refração ou coloração diferentes do meio que a circundam. 
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
34 
Um microscópio óptico pode ser simples ou composto: o microscópio simples possui uma 
única lente e só fornece uma imagem moderadamente aumentada do objecto que se está 
estudando; o microscópio composto consiste de uma série de lentes e fornece um aumento 
muito maior. 
MICROSCÓPIO COMPOSTO 
Um microscópio composto consiste de partes mecânicas e ópticas. A parte mecânica tem uma 
base que estabiliza o microscópio, uma coluna ou canhão que se estende da base para cima, e 
uma platina na qual é colocado o objeto a ser examinado. As partes ópticas estão presas à 
coluna acima e abaixo da platina e são elas: condensador, objectivas e ocular. 
Condensador: de forma circular e situado 
entre a platina e a base, o condensador 
converge os raios luminosos provindos da 
lâmpada e projecta-os como um cone de luz 
sobre o material que está sendo examinado. 
Objectivas: são lentes que projectam uma 
imagem aumentada e invertida do objecto nas 
oculares e inserem-se ao revólver, através de 
rosca. Toda objectiva traz gravado o número 
do aumento que proporciona. A objectiva de 
100x é também chamada objectiva de imersão 
e é somente utilizada com óleo especial, o qual 
permite maior refracção da luz para dentro da 
objectiva, corrigindo a pouca luminosidade nas 
observações feitas em grandes aumentos. 
Ocular: aumenta a imagem do objecto após o 
aumento já proporcionado pela objectiva. É 
através desta lente que o observador vê a 
imagem do objecto (daí o nome ocular, uma 
vez que o olho do observador está colocado à 
frente dela) como se ela estivesse situada a 25 
cm da ocular. Toda ocular traz gravado o 
número de aumentos que proporciona. Par 
saber-se em que aumento se está observando um objecto ao microscópio, basta multiplicar o 
número do aumento dado pela objectiva pelo número do aumento dado pela ocular. Por 
exemplo, se a objetiva usada aumenta 5 vezes e a ocular aumenta 10 vezes, o objeto está 
sendo observado com um aumento total de 50 vezes. 
Figura 25: Estrutura de um microscópio óptico 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
35 
Microscópio Electrónico 
O microscópio electrónico é um microscópio com potencial de aumento muito superior ao do 
óptico. As características que diferem o M.E do M.O são: Usam-se feixes de electrões para 
ampliar as imagens; capacidade de ampliação de 100. 000 X e poder de resolução até 0,005 
nm. 
 
BIOQUÍMICA CELULAR 
Bioquímica celular estuda a composição química da célula. Os elementos químicos 
predominantes na matéria viva são Carbono, Hidrogénio, Oxigénio e Nitrogénio (CHON), 
que representam cerca de 95% dos elementos encontrados no interior da célula. Os outros 5% 
se distribuem entre elementos como sódio, potássio, cloro, cálcio, ferro, magnésio, enxofre, fósforo 
e outros. Os elementos citados formam as mais diversas substâncias, que reagem entre si 
através de um conjunto de processos químicos. 
Ao conjunto de reações químicas que ocorrem em um organismo vivo denominamos 
metabolismo. 
As substâncias químicas presentes nas células podem ser divididas em dois grandes grupos: 
substâncias inorgânicas e substâncias orgânicas. 
 
Figura 26: Microscópio eletrónico. Esquema (esquerda) e 
fotografia (a direita) 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Microsc%C3%B3pio
http://pt.wikipedia.org/wiki/El%C3%A9tron
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
36 
Substâncias Inorgânicas 
ÁGUA 
É a substância mais abundante encontrada no interior das células. A taxa de água nos 
organismos vivos varia em função de três factores: actividade metabólica, idade e espécie. As 
principais funções da água nos seres vivos são: 
É o principal solvente celular, dissolve grande parte de substâncias no interior do organismo. 
Por esse motivo, é considerada solvente universal; 
Participa das reacções de hidrólise, ou seja, reacções de quebra de substâncias através da 
água; Actua como regulador térmico; 
Actua como regulador ácido-básico, mantendo o pH mais ou menos constante; Actua como 
veículo de substâncias (oxigénio, gás carbónico, nutrientes, excretas, etc.) que atravessam as 
membranas celulares, mantendo um intercâmbio entre os meios intracelular e extracelular; 
Actua com lubrificante, exercendo importantíssimo papel na diminuição do atrito nas 
articulações e entre os órgãos. 
 
Quanto maior a actividade metabólica de um tecido, maior o teor de água. Nos 
neurónios do córtex cerebral, a percentagem de água é de cerca de 85%, nos adipócitos 
(células que armazenam gordura), cerca de 20% do conteúdo celular é formado por 
água. Normalmente, o teor de água decresce com o aumento da idade. Um feto 
humano com três meses de idade apresenta cerca de 94% de água, enquanto num 
indivíduo adulto o teor médio é de 65%. O teor de água nos organismos vivos varia de 
espécie para espécie. Na espécie humana, a água representa cerca de 65% do peso. 
 
 
SAIS MINERAIS 
Desempenham as mais variadas funções no interior das células, sendo muito importantes para 
o perfeito funcionamento celular. Os sais minerais são encontrados nos organismos vivos sob 
duas formas de ocorrência: insolúvel e solúvel. 
Forma Insolúvel: Nessa forma, os sais minerais se apresentam como componentes do 
esqueleto. Os sais insolúveis são também denominados cristalinos e apresentam como 
importante representante o fosfato de cálcio, presente nos ossos e dentes. 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
37 
Forma Solúvel: Nessa forma, os sais minerais se apresentam dissolvidos em água e, assim, 
dissociados em íons. Os sais solúveis são também denominados íons minerais, exercendo 
importantes papéis no metabolismo. O quadro representado a seguir indica os principais íons 
minerais presentes nos organismos vivos e o seu papel biológico. 
Sais Minerais Função Biológica 
 
Na+ e K+ 
Desempenham importante papel na manutenção do equilíbrio osmótico celular. 
Relacionam-se também à condução dos impulsos nervosos. A concentração de Na+ é 
maior no meio extracelular, enquanto a concentração de K+ é maior no meio 
intracelular. 
 
Ca+2 
Participa dos processos de contração muscular e coagulação do sangue. Atua 
também sobre a condução dos impulsos nervosos. 
Cl- É essencial à formação do ácido clorídrico, no estômago. 
I- 
Faz parte dos hormonais da tiroide, glândula relacionada ao controle metabólico 
geral. 
Fe+2 
Faz parte da molécula de hemoglobina, pigmento vermelho presente no interior dos 
glóbulos vermelhos do sangue com função de realizar o transporte de gases 
respiratórios. Faz parte também das moléculas de citocromos, que são 
transportadores de electrões e que participam dos processos de fotossíntese e 
respiração celular. 
Mg+2 
Faz parte da molécula de clorofila, pigmento verde capaz de absorver a energia 
luminosa para a realização da fotossíntese. 
Co+2 
Faz parte da molécula de vitamina B12 (Cianocobalamina), essencial ao 
crescimento, formação e amadurecimento dos glóbulos vermelhos do sangue. 
PO4
-3 Faz parte dos nucleotídeos, unidades formadoras dos ácidos nucléicos. Faz parte da 
molécula de ATP, que se relaciona à transferência de energia nas células. 
 
Substâncias Orgânicas 
CARBOIDRATOS 
Também conhecidos por açúcares, hidratos de carbono, glúcidos, glícidos, são poliálcoois 
com função aldeído ou acetona. São constituídos principalmente por carbono (C) hidrogénio 
(H) e oxigénio (O), podendo também aparecer o nitrogénio (N) ou o enxofre (S).Representam 
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
38 
as principais fontes de energia para o organismo. Os carboidratos são divididos em três 
grandes grupos: Monossacáridos, Dissacáridos e Polissacáridos. 
Monossacáridos: São os açúcares mais simples que não podem ser hidrolisados. Possuem 
fórmula geral CnH2nOn, sendo que n varia de 3 a 7. Sua classificação é feita de acordo com o 
número de átomos de carbono que apresentam. Assim, temos: 
 
As pentoses e as hexoses são os monossacáridos mais importantes para os organismos vivos. 
As principais pentoses são ribose e desoxirribose, que apresentam função estrutural por 
entrarem na constituição dos ácidos nucléicos, enquanto entre as hexoses se destacam glicose, 
frutose e galactose, que apresentam função energética, já que constituem importantes fontes 
de energia para as células. 
Dissacáridos: São açúcares hidrolisáveis formados pela união de duas moléculas de 
monossacáridos através de uma ligação denominada glicosídica, com liberação de molécula 
de água. Os principais dissacáridos são: 
 Maltose - Formada pela união de duas moléculas de glicose. Apresenta função 
energética, estando presente no pão e na batata. 
 Sacarose - Formada pela união de uma molécula de glicose e uma de frutose. 
Apresenta função energética, estando presente na cana-de-açúcar e na beterraba. 
 Lactose - Formada pela união de uma molécula de glicose e uma de galactose. 
Apresenta função energética, estando presente no leite. 
Polissacáridos: São açúcares hidrolisáveis formados pela união de várias moléculas de 
monossacáridos. Os principais polissacáridos são: 
 Amido - Formado pela união de várias moléculas de glicose, constitui a reserva 
energética dos vegetais. Encontra-se armazenado em grandes proporções em 
tubérculos como a mandioca e caules tubérculos como a batata inglesa. A hidrólise 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
39 
total do amido forma moléculas de glicose, enquanto a hidrólise parcial produz 
moléculas de maltose. 
 Glicogénio - Formado pela união de várias moléculas de glicose, constitui a 
reserva energética dos animais. Encontra-se armazenado sobretudo no fígado e 
nos músculos. A hidrólise total do glicogénio forma moléculas de glicose, enquanto 
a hidrólise parcial produz moléculas de maltose. 
 Celulose - Formada pela união de várias moléculas de glicose, constitui um 
importante polissacárido com função estrutural. É o principal componente da 
parede celular dos vegetais. A hidrólise total da celulose forma moléculas de 
glicose, enquanto a hidrólise parcial produz moléculas de celobiose. 
 
 
AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS 
Os Aminoácidos são biomoléculas simples constituídas por carbono (C), hidrogénio (H), 
oxigénio (O) e nitrogénio (N). 
Existe cerca de 20 aminoácidos diferentes, classificados em essenciais (não são produzidos e 
tem que ser ingeridos) e não essenciais (produzidos pelo organismo) que entram na 
composição das proteínas. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carbono
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrog%C3%AAnio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Oxig%C3%AAnio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Azoto
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
40 
Cada aminoácido possui na sua composição química um carbono central, o grupo amina 
(NH2), o grupo carboxilo (COOH), um hidrogénio (H) e um radical livre (R) como se vê 
abaixo. O radical é a porção variável de um aminoácido. 
Ligação Peptídica é o tipo de ligação que une os aminoácidos. Ocorre entre o grupo ácido de 
um aminoácido e o grupo amina de outro aminoácido com liberação de uma molécula de 
água. 
 
Figura 27: Ligação peptídica e formação de uma cadeia 
peptídica a partir de aminoácidos 
Cadeias formadas de aminoácidos são chamadas péptidos. Falamos em Dipéptido quando o 
composto apresenta dois aminoácidos unidos por uma ligação peptídica. Se o composto é 
formado pela união de três aminoácidos, temos um tripéptido. Um maior número de 
aminoácidos unidos por ligações peptídicas forma um polipéptido. 
O número de aminoácidos necessários à formação de uma proteína é muito divergente entre 
os autores. É certo que uma proteína é um polipéptido formado pela união de grande número 
de aminoácidos (alguns autores falam em mais de cinquenta, outros em mais de cem 
aminoácidos). Assim, toda proteína é um polipéptido, mas nem todo polipéptido é uma 
proteína. 
O número de ligações peptídicas é sempre igual ao número de aminoácidos menos um, 
enquanto o número de moléculas de água liberadas durante a síntese é sempre igual ao 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
41 
número de ligações peptídicas. Quando uma proteína é submetida a altas temperaturas e a 
variações de pH, ocorre a sua desnaturação. A desnaturação é a perda total ou parcial das 
propriedades de uma proteína devido a modificações em sua estrutura. 
As proteínas são as mais abundantes substâncias orgânicas dos seres vivos, sendo definidas 
como polímeros de aminoácidos. Assim, os aminoácidos são monómeros das proteínas. 
Estrutura das proteínas 
 Estrutura primária: é dada pela sequência de aminoácidos ao longo da cadeia 
polipeptídica. Constituindo o nível estrutural mais simples e mais importante, 
geralmente, determinado geneticamente. [ler: Dogma Central da Biologia Molecular 
na Unidade Genética] 
 
Figura 28: Várias estruturas de uma proteína 
 Estrutura secundária: é dada pelo arranjo espacial de aminoácidos próximos entre si na 
sequência primária da proteína. Ocorre graças à possibilidade de rotação das ligações 
entre os carbonos alfa dos aminoácidos e os seus grupos amina e carboxilo formando 
uma estrutura em hélice. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gen%C3%A9tica
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
42 
 Estrutura terciária: resulta do enrolamento da hélice, sendo estabilizada por pontes de 
hidrogénio e pontes dissulfeto. Esta estrutura confere a actividade biológica às 
proteínas. 
 Estrutura quaternária: algumas proteínas podem ter duas ou mais cadeias 
polipeptídicas. Essa transformação das proteínas em estruturas tridimensionais é a 
estrutura quaternária, que são guiadas e estabilizadas pelas mesmas interacções da 
terciária. A junção de cadeias polipeptídicas pode produzir diferentes funções para os 
compostos. Um dos principais exemplos de estrutura quaternária é a hemoglobina. Sua 
estrutura é formada por quatro cadeias polipeptídicas. 
Classificação das Proteínas 
As proteínas podem ser classificadas como proteínas simples constituídas apenas por 
aminoácidos (insulina, queratina, albumina, colagénio, fibrinogénio, etc.) e proteínas 
conjugadas constituídas por aminoácidos associados a uma outra substância de natureza não 
proteica denominada grupo prostético. Veja alguns exemplos: 
 
Funções biológicas das proteínas 
As principais funções atribuídas às proteínas estão representadas na tabela abaixo, e a seguir 
será detalhada a função enzimática das mesmas: 
Função Acção 
Estrutural 
Participam da estrutura dos tecidos. Como exemplos, podemos citar: Queratina presente 
na pele, cabelos e unhas e o colagénio presente nos tecidos conjuntivos. 
Nutritiva São utilizadas como fonte de aminoácidos. 
Imunológica 
Os anticorpos são proteínas (gamaglobulinas) produzidas pelo organismo para combater a 
ação do antígeno. A reação antígeno-anticorpo é altamente específica, sendo que um certo 
anticorpo neutraliza somente o antígeno responsável pela sua formação. 
Hormonal 
Muitas hormonais são proteínas. Como exemplos, podemos citar a insulina produzida 
pelo pâncreas. 
Contráctil Actina e miosina são proteínas que participam do processo de contração muscular 
Transportadora 
A hemoglobina é uma proteína presente no interior das hemácias do sangue, responsável 
pelo transporte de gases. 
Enzimática 
As enzimas são proteínas catalisadoras das reações químicas. Como exemplos, podemos 
citar a maltase, a amilase e a tripsina. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tridimensionalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Hemoglobina
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
43 
ENZIMAS 
a) Conceitos 
Enzimas são proteínas com função catalisadora. O papel básico de uma enzima é diminuir a 
energia de activação, aumentando, assim, a velocidade das reacções químicas. 
 Energia de activação é a energia necessária para produzir a colisão intermolecular 
necessária para desencadear uma reacção química. 
 Substrato a substância que sofre acção da enzima. 
 Centro activo ou sítio activo é a parte da enzima que se liga ao substrato. 
b) Estrutura 
Uma enzima é constituída por uma porção proteica denominada apoenzima e uma porção 
não proteica denominada cofactor (o cofactor pode ser uma coenzima, ião metálico ou um 
grupo prostético). A apoenzima + cofactor = holoenzima (enzima activa). 
 
Figura 29. Estrutura da enzima e forma de ligação ao substrato 
c) Interação Enzima-Substrato 
As enzimas são proteínas globulares, de grandes dimensões relativamente às moléculas do 
substrato. Este facto permite admitir que apenas uma pequena zona da enzima estará 
envolvida no processo catalítico. Dois modelos explicam a ligação da enzima com o seu 
substrato: 
- Modelo chave-fechadura: O centro activo da enzima deve ser complementar à estrutura do 
substrato semelhante ao que acontece a uma chave e sua respectiva fechadura. 
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
44 
 
Figura 30. Modelo Chave-Fechadura, proposto por Emil Fischer 
- Modelo encaixe induzido: prevê um sítio de ligação não totalmente pré-formado, mas 
sim moldável à molécula do substrato; a enzima se ajustaria à molécula do substrato na 
sua presença como se ve na figura abaixo. 
 
Figura 31: Modelo encaixe induzido 
d) Propriedades das Enzimas 
 As enzimas são específicas aos seus substratos. Assim, a sacarase é uma enzima que catalisa 
a quebra da sacarose em uma molécula de glicose e outra de frutose, enquanto a amilase é 
uma enzima que catalisa a quebra de amido em moléculas de maltose; 
 As enzimas não são consumidas durante as reacções químicas; 
 As enzimas podem actuar em ambos os sentidos na reacção química, até certo ponto 
(actuação reversível); 
 As enzimas não modificam o produto das reacções químicas; 
 As enzimas exigem um valor ideal de temperatura e pH para que a velocidade da reacção seja 
máxima; 
 As enzimas são termolábeis, isto é, sensíveis a valores muito elevados de temperatura. 
 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
45 
e) Factores que influenciam na acção enzimática 
Os factores que influenciam na velocidade de uma reacção são: 
 Concentração da enzima, 
 Concentração de substrato, 
 Temperatura, 
 pH e 
 Inibidores. 
 
NUCLEÓTIDOS E ÁCIDOS NUCLEICOS 
Nucleótidos ou nucleotídeos são as unidades formadoras dos 
ácidos nucleicos; ou seja, os nucleotídeos são monómeros dos 
ácidos nucleicos e estes últimos, polímeros de nucleotídeos. 
Cada nucleótido é formado por: uma molécula de ácido 
fosfórico, um açúcar do grupo das pentoses e uma molécula de 
base nitrogenada. Observa-se que o ácido fosfórico se liga à 
pentose que, por sua vez, se liga à base nitrogenada. 
Existem dois tipos de pentoses que entram na constituição dos 
nucleotídeos: ribose, encontrada nos nucleótidos do ARN e 
desoxirribose, encontrada nos nucleótidos do ADN. 
As bases nitrogenadas que entram na constituição dos nucleótidos podem ser de dois tipos: 
purinas (adenina e guanina) formadas por dois anéis de átomos de carbono e nitrogénio e 
pirimidinas (citosina, timina e uracilo), formadas por um anel de átomos de carbono e 
nitrogénio. 
Importância dos nucleotídeos: 
 São precursores dos ácidos nucleicos (ADN e ARN) que são indispensáveis para a 
transmissão das características hereditárias, control da actividade celular e síntese de 
proteínas; 
 São precursores de coenzimas nucleotídicas importantíssimas para o metabolismo 
(NAD, FAD e CoA); 
 Podem actuar como moléculas carregadoras de energia química, como por ex: 
adenosina trifosfato (ATP). 
Figura 32 - Pentoses dos nucleotídeos 
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
46 
Os ácidos nucleicos, são definidos como polímeros de nucleótidos. Por controlarem a 
actividade celular, são considerados as “moléculas mestras” dos seres vivos. Existem dois 
tipos de ácidos nucléicos: ácido desoxirribonucléico (ADN ou DNA) e ácido ribonucléico 
(ARN ou RNA); 
 
As principais diferenças entre eles estão descritas no quadro abaixo: 
 ADN ARN 
Tipo de açúcar Desoxirribose Ribose 
Base nitrogenadas 
pirimidínicas 
Citosina e Tiamina Citosina e Uracilo 
Cadeia Dupla hélice Cadeia única 
Localização 
Núcleo celular, cloroplastos, 
mitocôndrias e citoplasma de algumas 
células 
No citoplasma, como parte de 
ribossomas e no núcleo onde são 
formados 
Funções principais Transmissão de informação genética Síntese de proteínas 
Figura 33: Estrutura da molécula de 
ADN segundo Watson e Crick 
Estrutura do ADN segundo Francis e Crick 
Em 1962 James Watson e Francis Crick ganharam o 
Prémio Nobel de Medicina por terem proposto um 
modelo tridimensional sobre a estrutura do ADN. Para 
Watson e Crick, a molécula de ADN apresenta a 
seguinte estrutura: 
 A molécula de ADN é constituída por duas 
cadeias de polidesoxirribonucleótidos enroladas 
em torno do mesmo eixo. (dupla hélice) 
 As duas cadeias têm sentidos contrários (são 
anti-paralelas) 
 As bases nitrogenadas encontram-se 
emparelhadas de modos que adenina 
emparelha-se com a timina e a citosina com a 
guanina. Assim o número de purinas é igual ao 
de pirimidinas (principio da 
complementaridade das bases) 
 A estrutura é mantida a custa de ligações que se 
estabelecem entre as bases (pontes de 
hidrogénio). 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
47 
LÍPIDOS 
Os lípidos são uma grande família de biomoléculas constituídas por carbono (C), hidrogénio 
(H) e oxigénio (O), vulgarmente conhecidos como “gorduras” e fisicamente caracterizadas por 
serem insolúveis em água, e solúveis em solventes orgânicos como o álcool, benzina, éter, 
clorofórmio e acetona. 
a) Estrutura de alguns lípidos 
 
b) Classificação: os lípidos Classificam-se em: 
 Simples ou não saponificáveis, aqueles não possuem ácidos gordos esterificados 
(Terpenos, carotenos e esteróides) e 
 Complexos ou saponificáveis, aqueles que apresentam ácidos gordos esterificados 
(Triglicéridos, fosfolípidos, esfingolípidos e ceras). 
c) Funções 
 Estrutural: são componentes das membranas biológicas 
 Reserva energética: Quando degradados, os lípidos fornecem mais energia que os 
carboidratos. No entanto, os carboidratos representam as principais fontes de energia para 
o organismo, pelo fato de serem degradados antes dos lípidos. 
 Isolador térmico: Auxiliam na manutenção da temperatura do corpo, por meios de uma 
camada de tecido denominado hipoderme que protege o indivíduo contra as variações de 
temperatura. 
 Protecção mecânica: A gordura age como suporte mecânico para certos órgãos internos e 
sob a pele de aves e mamíferos, protegendo-os contra choques e traumatismos. 
Figura 34: Estrutura básica de um lípido 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biomol%C3%A9cula
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81lcool
http://pt.wikipedia.org/wiki/Benzina
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89ter
http://pt.wikipedia.org/wiki/Clorof%C3%B3rmio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Acetona
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
48 
VITAMINAS 
São compostos orgânicos que actuam em doses muito pequenas nos organismos como 
reguladores biológicos na maioria das reacções metabólicas. A maior parte das vitaminas 
actuam como coenzimas, activando enzimas importantes para o metabolismo. Algumas 
vitaminas são encontradas na natureza em uma forma precursora inactiva denominada 
provitamina. No interior do organismo, sob certas condições, a provitamina torna-se activa, 
formando a vitaminapropriamente dita. É o que ocorre com a vitamina A, encontrada na 
natureza como caroteno (provitamina A) e com a vitamina D, encontrada na natureza na 
forma de ergosterol (provitamina D). 
 
 
 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
49 
a) Classificação das vitaminas 
As vitaminas são classificadas em: 
 Hidrossolúveis (complexo B e vitamina C) 
 Lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K). 
Denominamos complexo B um conjunto de vitaminas hidrossolúveis obtidas quase que das 
mesmas fontes, desempenhando papéis biológicos muito semelhantes. São elas: B1 (tiamina), 
B2 (riboflavina), B3 (niacina) B5 (ácido pantotênico) B6 (piridoxina), B9 (ácido fólico) B12 
(cianocobalamina) e biotina. 
 
METABOLISMO CELULAR 
Entende-se por Metabolismo como o conjunto de reacções químicas que ocorrem nos 
organismos vivos. Estas reacções podem ser: 
 Anabólicas ou de síntese (ex.: síntese de proteínas a 
partir de aminoácidos) 
 Catabólicas ou de degradação (ex.: oxidação da 
glicose em piruvato). Neste capítulo estudaremos com 
mais detalhes as catabólicas por serem as 
predominantes no processo de obtenção de energia. 
O ATP (Adenosina Trifosfato) constitui a principal molécula 
armazenadora transportadora de energia química nos 
organismos vivos através das duas ligações fosfato de alta 
energia que possui – cada ligação fosfato produz 12 kcal/mol 
de energia que podem ser usadas na contração muscular, 
transporte activo, reacções anabólicas (síntese de substâncias, 
crescimento), etc. O ATP é obtido através da degradação de 
biomoléculas como carboidratos, lípidos e proteínas. 
Os carboidratos – particularmente a glicose – são 
considerados como fontes de energia primária porque são as 
primeiras moléculas em que a célula recorre para a obtenção 
de ATP seguindo-se os lípidos e proteínas na carência dos 
mesmos. 
Figura 35: Esquema da 
respiração celular 
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
50 
A glicose é degradada por um conjunto de enzimas citoplasmáticas que juntas formam a via 
glicolítica onde vão se formando sucessivamente vários compostos intermediários até que se 
obtenha finalmente duas moléculas de piruvato, sendo produzidas duas moléculas de ATP e 
de NADH+ (molécula transportadora de electrões que pode gerar 3 moléculas de ATP na 
cadeia respiratória) durante este processo. 
Sob condições anaeróbicas (ausência de oxigénio) o piruvato é convertido em lactato – 
fermentação láctica – ou em etanol e dióxido de carbono – fermentação alcoólica. 
Sob condições aeróbicas (presença de oxigénio) cada molécula de piruvato é convertida em 
Acetil-CoA que é oxidada na mitocôndria por um sistema enzimático denominado Ciclo de 
Krebs e posteriormente por outro denominado cadeia respiratória dando um rendimento total 
de 32 moléculas de ATP (incluindo as 2 moléculas de ATP e NADH+ formadas na via 
glicolítica). O processo todo no qual a célula obtém ATP sob condições aeróbicas denomina-
se respiração celular. 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
51 
ESTUDO DA CÉLULA EUCARIOTA 
Conforme anteriormente dito, uma célula eucariota apresenta três partes fundamentais: 
membrana celular, citoplasma e núcleo. As células animais não fogem esta regra. Nesta 
unidade de uma forma didática vamos procurar estudar os aspectos que constituem a 
morfologia e funcionamento da membrana citoplasmática, estudar de forma sucinta o 
citoplasma e o núcleo celular. 
Membrana Celular 
Também conhecida como membrana plasmática, membrana celular ou plasmalema, é a 
estrutura encontrada em todos os tipos de células. A espessura da membrana citoplasmática é 
muito pequena, oscilando entre 7-10 nm, razão pela qual não pode ser visualizada a vista 
desarmada e só com auxílio do ME. 
Composição química da membrana 
As moléculas que entram na composição da membrana compreendem As proteínas (52%), 
lípidos (40%) e carboidratos (8%). Em alguma literatura consideram a membrana como sendo 
de natureza lipoprotéica pelo facto de a membrana apresentar maior proporção de lípidos e 
proteínas e os carboidratos estarem associados aos lípidos e as proteínas. 
EXERCÍCIO 
Os principais lípidos presentes na membrana celular são os ____________________, o ____________ e 
os ______________. Os fosfolípidos são os lípidos __________________ abundantes da membrana e 
formam a bicamada lipídica. O colesterol actua no sentido de reduzir a ___________ da membrana e 
está presente apenas na membrana das células _________________. 
As proteínas são responsáveis pela maioria das funções da membrana celular. As proteínas da 
membrana dividem-se, em extrínsecas ou _________________ e intrínsecas ou ______________. As 
proteínas de membrana funcionam como ________________, ________________, 
___________________ etc. 
Os carboidratos ligam-se predominantemente à superfície externa das proteínas e dos lípidos, formando 
as __________________ e os __________________, respectivamente. A camada resultante de 
carboidratos na superfície externa da membrana constitui o _________________. O ________________ 
é importante na adesão e reconhecimento celular, na determinação de grupos sanguíneos, entre outras 
funções. 
Estrutura da Membrana 
A medida que avança o conhecimento sobre a composição, a estrutura e as funções da 
membrana unitária, formulam-se modelos interpretativos dos dados conhecidos. 
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
52 
Modelo de Davison e Danielli 
Na década de 50, Davson e Danielli propuseram um modelo que explicava como as 
moléculas de lípidos e proteínas estariam dispostas na estrutura da membrana. Segundo esse 
modelo, a membrana seria constituída de uma camada central bimolecular de lípidos 
recoberta por duas camadas externas monomoleculares de proteínas. A membrana 
apresentaria ainda poros permanentes. 
 
 
Figura 36: Estrutura da membrana segundo Davison e Danielli 
Esse arranjo trilaminar se estende a todas as outras estruturas membranosas celulares como 
núcleo, retículo endoplasmático, complexo de Golgi, mitocôndrias, cloroplastos, etc, sendo 
por isso denominado Unidade de Membrana. 
 
Modelo de Singer e Nicolson 
Na década de 70, surgiu um novo modelo proposto por Singer e Nicolson que difere em 
alguns aspectos do modelo de Davson e Danielli. 
Segundo Singer e Nicolson, a membrana citoplasmática seria constituída de uma dupla 
camada lipídica entre as quais estariam encaixadas as moléculas de proteínas. As proteínas não 
teriam posição fixa, e sim se deslocariam nessa dupla camada lipídica. 
Com a mobilidade das proteínas, muitas substâncias podem entrar e sair da célula com mais 
facilidade, pois essas proteínas podem funcionar como poros funcionais. Esses poros surgem 
como resultado da movimentação das proteínas na dupla camada lipídica. 
 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
53 
 
Figura 37: Estrutura da membrana segundo Singer e Nicolson 
 
Figura 38: Apresentação tridimensional do modelo de membrana mosaico fluído 
O modelo de Singer e Nicolson é o mais aceite actualmente e é denominado modelo do 
mosaico fluido, já que a dupla camada lipídica seria fluida com um mosaico de proteínas 
encaixadas. 
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
54 
Enquanto a estrutura da membrana é determinada pelos lípidos, a maioria das propriedades 
da membrana são determinadas pelas proteínas. Algumas proteínas actuam como 
transportadoras de substâncias para dentro ou para fora da célula. Outras proteínas actuam 
como enzimas e outras como receptoras de membrana, reconhecendo substâncias próprias da 
célula ou vindas do meio extracelular. 
 
Figura 39: Funções das proteínas na membrana 
Propriedades da membrana 
As membranas gozam de um conjunto de propriedades físicas que determinam a sua 
participação não só na estruturação física da célula, como no próprio funcionamento. 
Destacam-se as seguintes propriedades: 
a) Assimetria:As duas faces da membrana não possuem a mesma composição lipídica, 
glucídica e proteica. Em geral, os glúcidos encontram-se presentes na face externa. Também 
as cargas eléctricas se distribuem diferentemente, sendo a face citoplasmática, a que tem maior 
carga negativa, em geral. 
b) Fluidez: A membrana é uma estrutura fluida, o que significa que os seus componentes não 
ocupam posições definidas e são susceptíveis de deslocações bidimensionais, de rotação ou de 
translação. Esta propriedade deve-se ao facto de, em geral, não se estabelecerem ligações 
fortes (covalentes) entre as diversas moléculas, mas, predominantemente, ligações lábeis 
(ligações de Van der Walls e pontes de hidrogénio). Para além dos movimentos referidos, 
também os fosfolípidos podem trocar de camada (flip-flop). 
 
c) Permeabilidade diferenciada: A bicamada lipídica da membrana é impermeável aos iões, 
diferentemente permeável às moléculas consoante o respectivo peso molecular e 
lipossolubilidade, e francamente permeável à água e aos gases (azoto, oxigénio, dióxido de 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
55 
carbono). Aplica-se-lhe, ainda que de forma pouco rigorosa, o conceito de membrana semi-
permeável. 
d) Resistência à tracção: Apesar de os diversos componentes, nomeadamente os fosfolípidos 
constituintes da bicamada, estarem unidos por ligações fracas, o certo é que a integração 
dessas forças, em número extremamente elevado, confere à membrana uma determinada 
resistência à tracção, responsável pela manutenção da individualidade da célula. A indução da 
hemólise dos glóbulos vermelhos, através da sujeição destes a um meio hipotónico, põe em 
destaque o limiar da resistência da membrana. 
Funções da membrana 
A membrana plasmática contém e delimita o espaço da célula, mantém condições adequadas 
para que ocorram as reacções metabólicas necessárias. Ela selecciona o que entra e sai da 
célula e ajuda a manter o formato celular. 
Mecanismos de transporte através da membrana 
A membrana plasmática é uma estrutura dinâmica que separa o meio extracelular do meio 
intracelular. Uma das propriedades da membrana é ser selectivamente permeável, ou seja, 
permite e/ou facilita a passagem de certas substâncias, e dificulta ou impede a passagem de 
outras. 
O transporte de material através da membrana plasmática ocorre pelos seguintes mecanismos: 
transporte passivo (difusão simples, difusão facilitada e osmose) e o transporte activo 
(primário e secundário). 
Transporte Passivo 
Ocorre a _____________ de um ___________ de concentração e não exige consumo de 
__________ pela célula. São conhecidas duas modalidades de transporte passivo: O transporte 
passivo ______________ e o __________ mediado. 
A Osmose e difusão ______________ são exemplos claros de transporte passivo não mediado. 
 
Na difusão simples, substâncias pequenas, apolares e lipossolúveis atravessam a 
bicamada de fosfolípidos 
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
56 
 
Figura 40: Difusão simples. 
A osmose compreende o movimento da ______ (solvente), através de uma membrana 
semipermeável, do sítio ____________ (menos concentrado) para o sitio _____________ (mais 
concentrado). 
 
Figura 41: Comportamento das células em diferentes soluções (esquerda) e sentido da osmose.(direita) 
A pressão osmótica de uma solução define-se como a pressão que é necessária exercer para 
impedir a osmose de água pura para a solução quando estas estão separadas por uma 
membrana impermeável ao soluto 
O exemplo claro de transporte passivo mediado é a difusão _______________, pois há 
intervenção directa de proteínas da membrana. 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
57 
 
Figura 42: Difusão facilitada. 
Transporte Activo 
Por definição, é o mecanismo de transporte que ocorre _______________ um gradiente de 
concentração e com ________________ prévio de energia. Ocorre sempre com intervenção 
directa dos constituintes da membrana. 
Se a fonte de energia for o ATP denomina-se transporte activo primário (bomba 
sódio/potássio ATPase) e se for proveniente do gradiente electroquímico gerado pelo 
transporte de outras partículas, denomina-se transporte activo secundário. 
Transporte em massa 
As células também podem transportar macromoléculas através da sua membrana plasmática. 
Para tal, utilizam os processos de endocitose e exocitose. 
As células são capazes de englobar grandes quantidades de matéria "em bloco". Geralmente, 
esses mecanismos são empregados para obtenção de macromoléculas, como proteínas, 
polissacarídeos, ácidos nucléicos, etc. Essa entrada de matéria em grandes porções é chamada 
endocitose. Esses processos de transporte de massa sempre são acompanhados por alterações 
morfológicas da célula e de grande gasto de energia. 
A endocitose pode ocorrer por dois mecanismos fundamentais: 
Fagocitose é o processo pelo qual a célula engloba partículas sólidas, esse processo inicia com 
a emissão de pseudópodes (projecções da membrana celular). Nos protozoários, a fagocitose é 
uma etapa importante da alimentação, pois é a forma pela qual esses organismos unicelulares 
conseguem obter alimentos em grandes quantidades de uma só vez. Nos metazoários, a 
fagocitose desempenha papéis mais específicos, como a defesa contra microrganismos e a 
remodelagem de alguns tecidos, como os ossos. 
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
58 
 
 
 
 
Figura 44: Representação do transporte em massa 
Pinocitose é processo pelo qual a célula engloba gotículas de líquido ou partículas de diâmetro 
inferior a 1 micrómetro. Depois de englobadas por fagocitose ou por pinocitose, as substâncias 
permanecem no interior de vesículas, fagossomos ou pinossomos. Nelas, são acrescidas 
enzimas presentes nos lisossomas, formando o vacúolo digestivo 
Figura 43: Transporte activo primário (a esquerda) e secundário (a direita). 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
59 
A exocitose ocorre quando vesículas intracelulares se fundem com a membrana plasmática, é 
uma forma de adicionar componentes à membrana plasmática. 
 
CITOPLASMA E ORGANELAS 
Citoplasma é toda a região da célula compreendida entre a membrana citoplasmática e o 
núcleo. O citoplasma é dividido em duas porções: o citoesqueleto e hialoplasma. 
Citoesqueleto 
É um conjunto de microtúbulos e microfilamentos que mantém a forma das células e é 
responsável pela contracção celular, pelos movimentos da célula e pelo deslocamento dos 
organóides, vesículas e partículas no citoplasma. 
Hialoplasma 
Hialoplasma ou citosol compreende a parte líquida do citoplasma, nela encontram-se 
mergulhadas as organelas citoplasmáticas que didacticamente podem ser classificadas em 
organóides membranosos (retículo endoplasmático, o aparelho de Golgi, mitocôndrias, 
lisossomas, peroxissomas e vacúolos) e não membranosos (ribossomas, centríolos e 
citoesqueleto). 
Ribossomas 
São organóides não membranosos presentes em todos os tipos celulares. São responsáveis 
pela síntese de proteínas. São constituídos por duas subunidades de ARN ribossómico e 
proteínas. Os ribossomas podem ser encontrados livres no hialoplasma, associados às 
membranas do retículo endoplasmático e ligados a uma fita de ARN mensageiro denominado 
como polirribossomas. 
Centríolos 
São organelas citoplasmáticas não membranoso exclusivo de células eucariotas animais. Os 
centríolos são constituídos por nove trincas de microtúbulos proteicos dispostos em círculo. 
Normalmente uma célula apresenta um par de centríolos dispostos mais ou menos 
perpendicularmente. 
Os centríolos orientam a divisão celular, além de formar cílios e flagelos, estruturas contrácteis 
que possibilitam o movimento da célula. Cílios são apêndices das células eucariotas com 
movimento constante numa única direcção. Os cílios encontram-se na superfície apical de 
algumas células, como é o caso das células do epitélio que revestea traqueia e os brônquios. 
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ap%C3%AAndice_%28biologia%29&action=edit
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula
http://pt.wikipedia.org/wiki/Eukaryota
http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
60 
Flagelos servem para a locomoção de organismos unicelulares. No homem o espermatozóide 
é exemplo de célula flagelado. 
Retículo endoplasmático 
É um organóide membranoso que podem ser liso ou agranular e rugoso ou granular. A 
diferença morfológica básica entre os dois tipos de retículo endoplasmático reside no facto de 
o retículo rugoso apresentar inúmeros ribossomas associados às suas membranas. O retículo 
endoplasmático liso tem como função, sintetizar lípidos e actua na desintoxicação celular. 
O retículo endoplasmático rugoso, realiza a síntese de proteínas de exportação, como 
anticorpos e enzimas. É importante salientar que ribossomas que não se encontram associados 
às membranas do retículo sintetizam proteínas para consumo interno. 
Aparelho de Golgi 
O aparelho de Golgi foi descrito em 1898 pelo biólogo Italiano Camilo de Golgi, em estudos 
com o tecido nervoso. Ela é constituída por estruturas semelhantes a sacos membranosos e 
empilhado. Cada pilha de cisterna com suas vesículas associada constitui uma unidade do 
complexo de Golgi que recebe o nome de dictiossoma. 
O complexo de Golgi apresenta duas faces: a face cis ou de formação (onde se fundem as 
vesículas de transporte ou vesículas de transição carregando proteínas ou lípidos originadas do 
retículo endoplasmático) e a face trans ou de maturação (que liberta vesículas grandes 
contendo o material já processado). 
A maior parte das vesículas transportadoras que saem do retículo endoplasmático, e são 
transportadas até ao complexo de Golgi, onde são modificadas, ordenadas e enviadas em 
direcção aos seus destinos finais. Funciona como uma espécie de sistema central de 
distribuição da célula, actua como centro de armazenamento, transformação e 
empacotamento de substâncias na célula. É responsável também pela formação dos 
lisossomas, da lamela média dos vegetais e do acrossomo do espermatozóide. 
Lisossoma 
É um organóide membranoso repleto de enzimas hidrolíticas implicadas na digestão celular. 
O processo de digestão intracelular de uma substância, vinda do exterior da célula, é 
designado de hecterofagia, neste processo a substância estranha entra por fagocitose, é 
exemplo deste processo, a destruição de microrganismos (bactérias, protozoários) pelos 
macrófagos; ao processo de digestão de uma substância e da própria célula, é designado de 
autofagia e exemplo deste processo a destruição de organóides velhos. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ret%C3%ADculo_Endoplasm%C3%A1tico
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lisossomos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lamela_m%C3%A9dia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Acrossomo
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
61 
Nestes dois mecanismos, as substancias a serem digeridas são previamente envolvidas por 
membranas, formando uma estrutura designada de fagossomas. 
Peroxissoma 
Os peroxissomas são organóides esféricos, envolvidos por uma membrana, aprecem como 
vesículas presente no citoplasma, sobretudo nas células vegetais. São relativamente pouco 
conhecidos, mas sabe-se que exercem função de degradar o peróxido de hidrogénio, H2O2, (a 
água oxigenada, substância potencialmente tóxica ao organismo por ser fonte de radicais 
livres). Nela está presente uma típica enzima chamada catalase que quebra o peróxido de 
hidrogénio em [água, H2O] e [oxigénio, O2] molecular. 
Mitocôndrias 
Organóides membranosos responsáveis pela respiração celular e síntese de energia química 
sob a forma de ATP 
Parede celular 
A parede celular representa um envoltório rígido que se localiza externamente à membrana 
citoplasmática, conferindo protecção e sustentação à célula. É uma estrutura típica de células 
procariotas e eucariotas vegetais. A substância mais abundante da parede celular da célula 
vegetal é a celulose, que se deposita na parede, exercendo importante função estrutural. Em 
certos pontos desse revestimento não há depósito de celulose, determinando o aparecimento 
de pequenas interrupções (poros) denominadas plasmodesmos. Eles representam elos de 
ligações entre células vizinhas e possibilitam um maior intercâmbio de substâncias entre as 
células que se unem. 
As principais propriedades da parede celular são: Alta resistência, sendo rompida com 
dificuldade; Permeabilidade, possibilitando a entrada e a saída de substâncias na célula. 
Vacúolos 
São cavidades existentes no citoplasma revestidas por membrana lipoproteica. Os tipos mais 
comuns de vacúolos são: 
a) Vacúolos de Armazenamento: São organelas típico de células eucariotas vegetais, 
capazes de armazenar substâncias em seu interior. Em células jovens, os vacúolos são 
numerosos e pequenos. Com o amadurecimento da célula, os vacúolos se reúnem, 
formando uma cavidade ampla que ocupa quase toda a extensão da célula, deslocando 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Citoplasma
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula_vegetal
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua_oxigenada
http://pt.wikipedia.org/wiki/Radical_livre
http://pt.wikipedia.org/wiki/Radical_livre
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
62 
núcleo e citoplasma para a periferia. A membrana lipoproteica do vacúolo de 
armazenamento é denominada tonoplasto. 
b) Vacúolos Digestivos: Também denominados lisossomas secundários, são organelas 
citoplasmáticas típicas de células eucariotas animais que realizam a digestão 
intracelular. São formados a partir da fusão dos lisossomas primários com fagossomos 
ou pinossomos. 
c) Vacúolos Contrácteis: Também denominados vacúolos pulsáteis, são organelas 
citoplasmáticas típicas de protozoários de água doce. A célula dos protozoários de água 
doce é hipertónica em relação ao meio, ocorrendo, assim, entrada de água na célula, por 
osmose. Os vacúolos contrácteis contraem-se ritmicamente, eliminando o excesso de 
água da célula. Excretas da célula solúveis em água são eliminados a partir das 
contracções dessas organelas. 
Cloroplastos 
São organóides típicos das células vegetais, responsáveis pela fotossíntese. Será estudado 
detalhadamente no próximo capítulo. 
NÚCLEO CELULAR 
Uma das principais características da célula eucariota é a presença de um núcleo de forma 
variável, porém bem individualizado e separado do restante da célula. O núcleo contém o 
ADN (molécula implicada na transmissão das características hereditárias) e coordena todas as 
actividades da célula. 
Dentre os elementos que constituem o núcleo distinguem-se: membrana ou envoltório 
nuclear, nucleoplasma, nucléolo e cromatina. 
Membrana Nuclear 
É uma continuidade do retículo endoplasmático rugoso, pois apresenta ribossomas aderido a 
sua face externa. É invisível ao microscópio óptico comum. A membrana nuclear é dupla e 
não é contínua, apresentam várias interrupções denominadas poros nuclear, por onde ocorrem 
trocas diversas de substâncias entre o núcleo e o citoplasma. 
Nucleoplasma 
É um colóide que preenche o núcleo. É constituído principalmente de água e proteínas e nele 
estão mergulhadas as estruturas nucleares. 
 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
63 
Nucléolo 
É uma estrutura nuclear que se encontra mergulhada no nucleoplasma, sendo observado em 
número de um ou mais. É formado de ARN ribossômico e proteínas. É de realçar que os 
nucléolos são responsáveis pela produção de ribossomas. Em células que sintetizam grande 
quantidade de proteína, os nucléolos são mais numerosos e volumosos, já que eles formam os 
ribossomas. 
 
 
Figura 45: Núcleo celular 
 
Cromatina 
Dentro do núcleo encontramos a molécula de ADN associada a proteínas denominadas 
histonas, a essa estrutura chamamos de cromatina. A cromatina estápresente no núcleo de 
células que não estão em processo de divisão. Isso ocorre porque quando a célula entra no 
processo de divisão (mitose ou meiose) os filamentos que formam a cromatina passam por um 
processo de espiralização, formando os cromossomas. 
Estrutura dos Cromossomas 
Ao longo de sua estrutura, um cromossoma apresenta uma ou mais constrições. A constrição 
primária ou centrômero está presente em todos os cromossomas, representando um 
estrangulamento que permite a identificação de braços. Quanto à posição ocupada pelo 
centrômero, encontramos quatro tipos de cromossoma: 
 
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
64 
 
Figura 46: Classificação dos cromossomas de acordo a posição do centrómero e número de cromátides 
 
a) Cromossoma Telocêntrico: O centrómero é terminal e o cromossoma apresenta apenas 
um braço. É o único tipo que não ocorre na espécie humana. 
 
b) Cromossoma Acrocêntrico: O centrómero é subterminal e o cromossoma apresenta um 
braço bem maior que o outro. 
 
c) Cromossoma Submetacêntrico: O centrômero é quase mediano e o cromossoma 
apresenta dois braços desiguais de dimensões próximas. 
 
d) Cromossoma Metacêntrico: O centrômero é mediano e o cromossoma apresenta os dois 
braços do mesmo tamanho. 
Quanto ao número de braços, encontramos dois tipos de cromossomas: Cromossoma simples 
(apresenta dois braços) Cromossoma duplo (apresenta quatro braços). A fase do ciclo de vida 
de uma célula que precede a sua divisão é denominada interfase. Nessa fase, ocorre a 
duplicação do material genético, com os cromossomas passando de simples a duplos. 
 
Noção de Cariótipo 
O número de cromossomas é constante entre indivíduos de mesma espécie, mas varia de 
espécie para espécie. Quanto ao número de cromossomas, as células são classificadas em dois 
tipos principais: Somáticas e germinativas. 
 
Nas células somáticas, os cromossomas normalmente ocorrem formando pares. Os dois 
cromossomas que constituem cada par são denominados cromossomas homólogos, que são 
semelhantes na forma e no tamanho. As células que apresentam pares de cromossomas 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
65 
homólogos são células diplóides (2n). As células somáticas da espécie humana (células que 
formam o corpo) apresentam 46 cromossomas 
 
Nos gâmetas, os cromossomas não ocorrem aos pares. Em cada gâmeta encontramos apenas 
um cromossoma de cada par de homólogos. Assim, as células que não apresentam 
cromossomas homólogos, possuindo apenas um cromossoma de cada par, são células 
haplóides (n) e possuem metade do número de cromossomas das células diplóides desse 
indivíduo. Cada gâmeta humano apresenta 23 cromossomas, e o zigoto (célula ovo) formado. 
Ao conjunto de cromossomas típicos de uma espécie denomina-se cariótipo. O cariótipo 
representa o conjunto diplóide (2n) de cromossomas das células somáticas de um organismo. 
O cariótipo humano é constituído por 46 cromossomas dentre os quais 44 autossomas e 2 
cromossomas sexuais ou heterossomas denominados X e Y. 
O cariótipo humano pode ser assim representado: 
 Sexo masculino - 44 autossomos + XY 
 Sexo feminino - 44 autossomos + XX 
 
Figura 47: Cariótipo humano 
Noção de Genoma 
Corresponde ao número haplóide (n) de cromossomas da espécie. Assim sendo, uma 
célula haplóide (n) tem um genoma, um diplóide (2n) tem dois e uma triplóide (3n) tem 
três. 
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
66 
 
O CICLO CELULAR e a DIVISÃO CELULAR 
O CÍCLO CELULAR 
A sequência ordenada de eventos que levam à duplicação do ADN e divisão da célula 
denomina-se ciclo celular 
O ciclo celular pode ser dividido em dois momentos: interfase e divisão celular (que pode ser 
por mitose ou meiose). Como ocorrem muitos eventos tanto na interfase quanto na divisão 
celular, nós os dividimos em subfases, como mostra a figura abaixo 
 
Figura 48: Representação do ciclo celular (a esquerda) e microfotografia da divisão celular 
INTERFASE 
Conceito 
Período que vai desde o fim de uma divisão celular e o início da divisão seguinte. Como os 
cromossomas estão pouco condensados e dispersos pelo núcleo não são visíveis a microscópio 
óptico. Nesta fase, por microscopia, não visualizamos modificações tanto no citoplasma 
quanto no núcleo. As células porém estão em intensa actividade, sintetizando os componentes 
que irão constituir as células filhas. 
 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
67 
Períodos da interfase 
Período G1 
Primeiro período da interfase é o G1 (do inglês gap, intervalo). Ocorre uma intensa actividade 
de biossíntese (proteínas, enzimas, ARN, etc.) e formação de mais organelas celulares o que 
implica crescimento celular. No final desta fase a célula faz uma "avaliação interna" a fim de 
verificar se deve prosseguir o ciclo celular. Caso a avaliação seja negativa, as células não vão 
se dividir, passando ao estado G0 que dependendo da célula pode ter uma duração variada, 
(Ex: neurónios, fibras musculares, etc.) e se a avaliação for positiva passa-se à fase seguinte 
sendo o processo irreversível. 
Período S 
Ocorre a auto-replicação semi-conservativa do ADN, passando cada cromossoma a possuir 
duas cromátides ligados pelo centrómero. 
Período G2 
Neste período a célula certifica-se de que todo o ADN já foi duplicado e cresce um pouco 
mais, se for necessário. Ocorre também a duplicação dos centríolos (o que implica na 
formação de dois pares) se a célula for animal (uma vez que estes não existem em células 
vegetais). 
Importância da interfase. A interfase tem por finalidade promover a duplicação dos 
cromossomas (material genético) para que a célula possa entrar em divisão. 
 
MITOSE 
Conceito: É um processo de divisão celular em que uma célula mãe, diplóide (2n) com 
cromossomas duplos, origina duas células filhas com o mesmo número de cromossomas da 
célula mãe, porém simples. Estas células filhas são geneticamente idênticas entre si. A mitose 
é uma divisão equacional, já que o número de cromossomas da célula mãe é mantido em cada 
uma das células filhas. 
Fases da Mitose 
A mitose e subdividida em cinco fases: Prófase, Metáfase, Anáfase e Telófase. Em algumas 
bibliografias actuais dividem a mitose em 5 fase: Prófase, Pro-metáfase, Metáfase, Anáfase e 
Telófase. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Centr%C3%ADolo
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
68 
 
Figura 49: Eventos da mitose 
Prófase 
No início da mitose, numa célula diplóide, o centrómero e os cromossomas encontram-se 
duplicados. Na prófase os cromossomas condensam-se, tornando-se visíveis ao microscópio 
óptico. Cada cromossoma é constituído por duas cromátides unidos pelo centrómero, 
chamados cromossomas duplos. Depois, os centríolos deslocam-se para pólos opostos da 
célula, iniciando-se, entre eles, a formação do fuso acromático ou fuso mitótico. Entretanto, 
no final da prófase o invólucro nuclear desorganiza-se e os nucléolos desaparecem. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dipl%C3%B3ide
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cromossomo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Microsc%C3%B3pio_%C3%B3ptico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Microsc%C3%B3pio_%C3%B3ptico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fuso_acrom%C3%A1tico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Inv%C3%B3lucro_nuclear
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nucl%C3%A9olo
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
69 
Metáfase 
É a fase mitótica em que os centrómeros dos cromossomas estão ligados às fibras 
cinetocóricas que provêm dos centríolos, que se ligam aos microtúbulos do fuso mitótico. As 
cromátides tornam-se bem visíveis e logo em seguida partem-se para o início da anáfase. É 
nesta altura da mitose, que os cromossomas condensados alinham-se no centro da célula, 
formando a chamada placa metafásica ou placa equatorial. 
Essa é a etapa em que os estudos do cariótipo são realizados, pois os cromossomas estão 
totalmente condensados. 
 
Anáfase 
Quebram-se os centrómeros, separando-seos dois cromátides que passam a formar dois 
cromossomas independentes. As fibrilas ligadas a estes dois cromossomas encolhem, o que faz 
com que estes se afastem (migrem) para pólos opostos da célula – ascensão polar dos 
cromátides filhas. O que leva a que no final em ambos os pólos haja o mesmo número de 
cromossomas com o mesmo conteúdo genético e igual ao da célula mãe. 
 
Telófase 
Durante a telófase os cromossomas descondensam tornando-se menos visíveis. O invólucro 
nuclear reorganiza-se em torno de cada conjunto de cromossomas e reaparecem os nucléolos. 
O fuso acromático desaparece e dá-se por concluída a citocinese. Citocinese é a divisão do 
citoplasma que leva à individualização das células filhas. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Microt%C3%BAbulo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Placa_equatorial
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
70 
Na célula animal (sem parede celular) forma-se na zona equatorial um anel contráctil de 
filamentos proteicos que se contraem puxando a membrana para dentro levando de início ao 
aparecimento de um sulco de clivagem que vai estrangulando o citoplasma, até se separem as 
duas células-filhas. 
Nas células vegetais (com parede celular) como a parede celular não permite divisão por 
estrangulamento, um conjunto de vesículas derivadas do complexo de Golgi vão alinhar-se na 
região equatorial e fundem-se formando a membrana plasmática, o que leva à formação da 
lamela mediana entre as células-filhas. Posteriormente ocorre a formação das paredes 
celulares de cada nova célula que cresce da parte central para a periferia. (Como a parede das 
células não vai ser contínua, vai possuir poros — plasmodesmos, que permitem a ligação entre 
os citoplasmas das duas células). 
 
Importância da Mitose. Este tipo de divisão celular tem como finalidade a multiplicação 
celular como forma de reprodução assexuada nos seres unicelulares (cissiparidade ou 
bipartição) e, nos seres pluricelulares, a mitose possui três funções básicas e são elas: 
crescimento do organismo, regeneração de lesões, renovação dos tecidos. 
 
MEIOSE 
Introdução 
A meiose (do grego, meioum, diminuir) é um tipo especial de divisão celular, exclusiva dos 
organismos que se reproduzem de forma sexuada. Em muitos protozoários, algas e fungos, a 
reprodução é assexuada, ou seja, por divisão celular simples ou mitose. Neste caso, todos os 
descendentes têm uma herança que provem de um só antecessor. 
 
Figura 50: Forma de manutenção no número de cromossomas 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Complexo_de_Golgi
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
71 
Na maioria dos organismos multicelulares (animais e vegetais), no entanto, a reprodução 
é realizada por meio de gâmetas ou células sexuais geradas por meiose – espermatocitos e 
ovócitos nos animais – os quais se unem por denominado fecundação como se vê na figura 
abaixo. 
O cariótipo humano possui 46 cromossomas (44+XY no homem; 44+XX na mulher). Se a 
divisão fosse por mitose, cada gâmeta teria 46 cromossomas e o zigoto 92. Visto que isso se 
repetiria por gerações sucessivas, o número de cromossomas se duplicaria de geração em 
geração. A meiose é mecanismo usado pelos organismos para evitar que isso ocorra. 
Conceito 
É um processo de divisão celular em que uma célula mãe, sempre diplóide, com cromossomas 
duplos, origina quatro células filhas com metade do número de cromossomas da célula mãe, 
porém simples. 
A meiose consta de duas divisões. No entanto, só vai haver uma duplicação cromossômica, 
razão pela qual uma célula, que vai entrar em meiose, necessite apresentar cromossomas 
duplos. A primeira divisão da meiose é denominada divisão reducional, já que o número 
cromossômico é reduzido à metade. A segunda divisão da meiose é denominada divisão 
equacional, já que é mantido o número cromossómico. 
 
Fases da meiose 
A meiose compreende duas divisões celulares (meiose 1 e meiose 2). A meiose I se distingue 
da meiose II e da mitose) porque sua prófase é muito longa e em seu percurso os cromossomas 
homólogos se emparelham e se recombinam para intercambiar material genético1 
A meiose consta de duas divisões. No entanto, só vai haver uma duplicação cromossômica, 
razão pela qual uma célula, que vai entrar em meiose, necessite apresentar cromossomas 
duplos. 
A primeira divisão da meiose é denominada divisão reducional, já que o número 
cromossômico é reduzido à metade. A segunda divisão da meiose é denominada divisão 
equacional, já que é mantido o número cromossômico. 
 
Prófase I 
Por ser uma fase longa é subdividida nas seguintes fases: 
 Leptóteno (do grego leptós, delgado e nêma, filamento): nesta fase 
os cromossomos aparecem pouco condensados (filamentos 
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
72 
delgados). Cromômeros visíveis . 
 
 Zigóteno (do grego zigón, parelha): nesta fase ocorre a sinapse ou 
emparelhamento dos cromossomas homólogos. 
 
 Paquíteno (do grego pachýs, grosso): os cromossomas se encurtam e 
o emparelhamento dos cromossomas homólogos se completa. 
Porem o mais importante deste período é ocorre o intercâmbio de 
segmentos de ADN entre as cromátides homólogas, fenómeno 
designado recombinação genética (em inglês, crossing-over). 
 
 Diplóteno (do grego diplóos, duplo): começa-se a separação dos 
cromossomas homólogos; essa separação não chega a ser completa, 
porque existem certos pontos de união entre os cromossomas 
homólogos, designados de quiasmas. 
 Diacinese (do grego dia, através). Terminalização dos quiasmas. 
Desaparecimento do nucléolo e desintegração do envelope nuclear. 
 
 
 
 
Figura 51: Eventos da meiose I 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
73 
Metáfase I 
Nesta fase os cromossomas homólogos emparelhados encontram-se dispostos no plano 
equatorial da célula. 
Anáfase I 
Ocorre a disjunção cromossómica (separação dos cromossomos homólogos) que depois 
migram para polos opostos. 
Telófase I 
Cromossomos duplicados chegam aos pólos da célula. São formadas duas células 
haplóides com a metade dos cromossomas da célula mãe porém duplos. 
 
Figura 52: Eventos da meiose I e II 
Manual de Biologia. II CITOLOGIA 
 
 | 
 
74 
 
Intercinese 
O estadio entre as duas divisões meióticas é chamado intercinese e nesta fase não ocorre nova 
duplicação de ADN. 
Prófase II 
Desintegração do envoltório nuclear e formação de dois novos fusos, geralmente 
perpendiculares ao primeiro. 
Metáfase II 
Cromossomos dispostos no plano equatorial da célula e ainda duplicados. 
Anáfase II 
Ocorre a divisão dos centrómeros e separação das cromátides 
Telófase II 
Chegada dos cromossomos-filhos aos pólos da célula. Descondensação cromossómica. O 
envoltório nuclear organiza-se e o nucléolo reaparece. São formadas quatro células-filhas 
haplóides com metade do número de cromossomos da célula mãe. 
 
Figura 53. Eventos da meiose II 
Importância biológica da meiose. Mantém o número de cromossomos da espécie constante 
por ser um processo reducional, permite a recombinações génicas (crossing-over ou 
permutação) o que proporciona aumento na variabilidade das espécies. 
Manual de Biologia. II – CITOLOGIA 
 
 | 
 
 
75 
 
Gametogênese 
É um processo pelo qual os gametas são produzidos nos organismos dotados de 
reprodução sexuada. Nos animais, a gametogénese acontece nas gônadas. 
O evento fundamental da gametogénese é a meiose, que reduz à metade a 
quantidade de cromossomos das células, originando células haplóides. Na 
fecundação, a fusão de dois gametas haplóides reconstitui o número diplóide 
característico de cada espécie. 
Espermatogénese é o processo de formação das células sexuais masculinas, 
os espermatozóides. 
Oogénese ou ovogénese é o processo de formação das células sexuais 
femininas, os óvulos. No entanto nos seres humanos bem como na maioria dos 
mamíferos este processo só termina se após a ovulação ocorrer afecundação do 
ovócito II que se encontra em metáfase II. 
 
Manual de Biologia. III – OS VÍRUS 
 
 
 | 
 
76 
 
UNIDADE III – OS VIRUS 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS VÍRUS 
Em 1884, Chamberland, trabalhando no laboratório de Pasteur, descobriu que ao passar um 
líquido contendo bactéria através de um filtro de porcelana, as bactérias ficavam 
completamente retidas e a solução ficava estéril. Em 1892, Dimitri Ivanovski aplicou este teste 
a um filtrado de plantas que sofriam da doença do mosaico do tabaco e obteve resultados 
surpreendentes. O filtrado era capaz de produzir a doença original em novos hospedeiros. 
Quando repetido, as filtrações produziram os mesmos resultados e nada podia ser visto ao 
microscópio óptico, nem podia ser cultivado a partir dos filtrados. Ivanovski e colaboradores 
concluíram que haviam descoberto uma nova forma patogénica de vida, a que chamaram por 
“vírus”. 
Virologia é o ramo da microbiologia que trata do estudo dos vírus e suas relações com as 
bactérias, as plantas e os animais. Os vírus constituem a forma de vida mais simples 
encontrada no nosso planeta, e só podem ser observadas com o auxílio do microscópio 
electrónico. 
Origem dos vírus 
Várias são as hipóteses que procuram explicar a origem dos vírus e a mais aceite atualmente a 
hipótese da origem celular. 
 Hipótese da volução química: os vírus podem representar micróbios extremamente 
reduzidos, formas primordiais de vida que apareceram separadamente na sopa primordial 
que deu origem às primeiras células. Com base nisto as diferentes variedades de vírus 
teriam tido origens diversas e independentes. No entanto, esta hipótese tem pouca 
aceitação. 
 Hipótese da evolução retrógrada: os vírus teriam se originado a partir de 
microrganismos parasitas intracelulares que ao longo do tempo perderam partes do 
genoma responsáveis pela codificação de proteínas envolvidas em processos metabólicos 
essenciais, mantendo-se apenas os genes que garantiriam aos vírus sua identidade e 
capacidade de replicação. 
 Hipótese do ADN auto-replicante: os vírus originaram-se a partir de sequências de 
ADN auto-replicantes (plasmídeos e transposons) que assumiram uma função parasita para 
sobreviverem na natureza. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dimitri_Ivanovski
http://pt.wikipedia.org/wiki/Micr%C3%B3bio
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Sopa_primordial&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gene
http://pt.wikipedia.org/wiki/Auto-replica%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Plasm%C3%ADdeo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Transposon
Manual de Biologia. III – OS VÍRUS 
 
 | 
 
 
77 
 Hipótese da origem celular: os vírus podem ser derivados de componentes de 
células de seus próprios hospedeiros que se tornaram autónomos, comportando-se como 
genes que passaram a existir independentemente da célula. Algumas regiões do genoma de 
certos vírus se assemelham-se a sequências de genes celulares que codificam proteínas 
funcionais. Esta hipótese é apontada como a mais provável para explicar a origem dos 
vírus. 
Estrutura dos vírus 
São seres vivos acelulares pelo fato de não apresentarem organização celular, possuindo 
apenas uma cápsula protéica denominada capsídeo em cujo interior existe um filamento de 
ácido nucléico (ADN ou ARN). Os dois tipos de ácidos nucléicos nunca são encontrados em 
um mesmo vírus. Assim, observamos que os vírus herpes da hepatite B (HBV) contêm ADN, 
enquanto os vírus da hepatite C (HCV) e da imunodeficiência humana (HIV) contém ARN. 
 
Figura 54: Esquema da estrutura do vírus HIV (ou VIH) e do vírus da hepatite B 
 
Vírus, matéria bruta ou matéria viva? 
Alguns autores consideram os vírus seres de transição entre a matéria bruta e a matéria viva 
em função de algumas de suas características. O poder de cristalização, a estrutura acelular e a 
capacidade de difracção de raio-X são característicos da matéria bruta que estão presentes nos 
vírus. 
 
Por outro lado, a presença de ácido nucléico, a capacidade de reprodução no interior das 
células e o poder de mutação ilustram características da matéria viva presentes nesses 
organismos. Os vírus não possuem metabolismo próprio, sendo dependente de uma célula 
hospedeira, razão pela qual são considerados como parasitas intracelulares obrigatórios. 
Manual de Biologia. III – OS VÍRUS 
 
 
 | 
 
78 
Quando as condições do meio não são favoráveis aos vírus, pode ocorrer a cristalização dos 
mesmos. 
 
Ciclo viral 
 
O ciclo de vida dos vírus compreende as seguintes fases: 
 Adesão e fixação a receptores situados na membrana das células; 
 Penetração; 
 Multiplicação – nesta fase ocorre a replicação do ácido nucléico e as sínteses das proteínas 
do capsídeo. Os ácidos nucléicos e as proteínas sintetizadas se desenvolvem com rapidez, 
produzindo novas partículas de vírus; 
 Lise e liberação: as novas partículas de vírus saem para infectar novas células. 
 
Figura 55: Ciclo viral 
Algumas doenças causadas por vírus. Síndrome de imunodeficiência adquirida, Hepatites A, 
B e C, Poliomielite, Varicela, Gripe A, Rubéola, Dengue, Febre amarela, Raiva 
 
 
http://www.todabiologia.com/microbiologia/virus.htm
Manual de Biologia. III – OS VÍRUS 
 
 | 
 
 
79 
Estudo dos retrovírus 
 
Os retrovírus são vírus que apresentam como material genético o _________, que ao penetrar 
na célula humana, necessitam de transcrição para ácido desoxirribonucléico (ADN), através 
da enzima ___________ _______________________. Os retrovírus humanos são classificados 
em três subgrupos oncovírus que inclui HTLV-I e HTLV-II, lentivírus que inclui HIV-I e HIV-
2 e o spumavírus. 
A ___________ da imunodeficiência _________ ou SIDA é causada pelo vírus da 
___________ humana. A epidemia da SIDA foi primeiramente reconhecida em 1983 quando 
Luc Montagnier e seus colegas reivindicaram terem descoberto outro retrovírus, o HIV. 
A doença tem sido descrita como um processo contínuo de disfunção imune pela perda de 
células T CD4+, que começa desde a hora da contaminação e progride, conduzindo 
finalmente à síndrome, com infecções oportunistas ou malignidades que constituem a clínica 
definida da SIDA. 
A transmissão se dá por: contacto ________, transmissão ___________ de mãe para criança, 
partilha de objetos cortantes ou perfurantes ___________ com sangue. 
Embora o vírus tenha sido isolado de vários fluidos corporais como saliva, urina, lágrimas, 
somente o contato com sangue, __________, secreções __________ e leite materno têm sido 
implicados como fontes de infecção. 
Dados laboratoriais e epidemiológicos não provêm qualquer suporte à possibilidade de 
infecção por HIV por qualquer das seguintes vias teóricas de transmissão: contacto 
interpessoal não sexual e não percutâneo (contacto casual), vectores artrópodes (picadas de 
insectos), fontes ambientais (aerossóis, por exemplo), além de instalações sanitárias. 
As doenças venéreas são consideradas como co-factores, porque aumentariam a 
susceptibilidade do indivíduo a contrair a infecção do HIV, por apresentarem lesões genitais. 
Entre elas estão: as úlceras genitais, como aquelas causadas por cancro mole (Linfogranuloma 
venéreo), pelo cancro duro (Sífilis) e pela Herpes simples genital, consideradas condições 
facilitadoras da transmissão sexual do HIV. Outros co-factores adicionais são: a 
promiscuidade, a multiplicidade de parceiros (as), o trauma genital durante o coito e a 
exposição ao sangue (menstruação). 
 
Manual de Biologia. IV – ESTUDO DAS BACTÉRIAS E PROTOZOÁRIOS 
 
 
 | 
 
80 
 
UNIDADE IV –BACTÉRIAS E PROTOZOÁRIOS 
 
ESTUDO DAS BACTÉRIAS 
São organismos unicelulares e procariotas ou seja, não possuem envoltório nuclear, nem 
organelas membranosas. 
ESTRUTURA DAS BACTÉRIAS 
A célula bacteriana apresenta, externamente à membrana citoplasmática, um envoltório rígido 
denominada parede celular. Ao contrário da parede celular presente nacélula vegetal, a 
parede bacteriana não contém celulose, sendo formada por mucopolissacáridos. As bactérias 
aeróbias apresentam uma invaginação da membrana citoplasmática denominada mesossoma. 
Nessa estrutura, observamos enzimas que participam do processo de respiração celular 
aeróbia. Algumas bactérias apresentam externamente à parede celular uma estrutura 
denominada cápsula que protege a célula e aumenta a sua patogenicidade, já que evita a 
fagocitose pelas células de defesa do organismo parasitado. Outras bactérias apresentam 
flagelos relacionados à sua locomoção. O nucleóide de uma bactéria contém ADN e 
proteínas, estando o ARN presente no citoplasma associado às proteínas, formando os 
ribossomas. 
 
Figura 41: Estrutura das bactérias 
Forma das bactérias 
As bactérias são classificadas quanto à forma em quatro tipos morfológicos básicos: cocos, 
bacilos, espirilos e vibriões. Os cocos são bactérias arredondadas que podem ter vida isolada ou 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Envolt%C3%B3rio_nuclear
Manual de Biologia. IV – ESTUDO DAS BACTÉRIAS E PROTOZOÁRIOS 
 
 | 
 
 
81 
formar colónias. Dois cocos agrupados formam um diplococo, vários cocos enfileirados 
formam um estreptococo, enquanto vários cocos dispostos em cacho formam um estafilococo. 
Os bacilos são bactérias alongadas em forma de bastonete. Os espirilos ou espiroquetas são 
bactérias de forma espiralada. Os vibriões são bactérias cuja forma lembra uma vírgula. A 
figura abaixo mostra as diferentes formas de bactérias 
 
Fig 42: Diferentes formas das bactérias. 
Respiração das Bactérias 
 
A respiração celular consiste em um processo de degradação de compostos orgânicos para 
produção de energia. Esse processo pode ocorrer sem consumo de oxigénio ou com utilização 
desse gás. No primeiro caso, temos a respiração anaeróbia ou fermentação e no segundo, a 
respiração aeróbia. 
A maior parte das bactérias obtém energia através da fermentação, que pode formar álcool 
etílico (fermentação alcoólica) ou ácido láctico (fermentação láctica). A oxidação do álcool 
etílico forma ácido acético, processo esse erroneamente denominado fermentação acética. As 
bactérias anaeróbias podem ser estritas, quando não suportam a presença do oxigénio, ou 
facultativas quando suportam a presença desse gás 
Nutrição das Bactérias 
A maior parte das bactérias são heterotróficas, isto é, absorvem o alimento do ambiente onde 
vivem. As bactérias heterotróficas mais numerosas obtêm seu alimento a partir da 
decomposição da matéria orgânica, sendo imprescindíveis na reciclagem da matéria, já que 
formam matéria inorgânica que é devolvida ao ambiente. Bactérias com essa capacidade são 
denominadas saprófltas. 
Manual de Biologia. IV – ESTUDO DAS BACTÉRIAS E PROTOZOÁRIOS 
 
 
 | 
 
82 
Algumas bactérias são autotróficas, isto é, produzem seu próprio alimento. A maioria das bactérias 
autotróficas são quimiossintetizadores, isto é, produzem o próprio alimento através da 
quimiossíntese, que utiliza a energia liberada em reacções de oxidação de substâncias inorgânicas. 
Entre as bactérias autotróficas quimiossintetizadores destacamos as sulfobactérias, ferrobactérias e 
nitrobactérias que oxidam compostos que contêm enxofre, ferro e nitrogénio, respectivamente. 
Entre as bactérias autotróficas, existem aquelas que são fotossintetizadoras, isto é, produz o 
próprio alimento através da fotossíntese, que utiliza a energia luminosa. A fotossíntese bacteriana 
é também denominada foto-redução e utiliza, ao invés de água, o sulfato de hidrogénio (H2S) não 
liberando oxigénio. O pigmento que absorve a energia luminosa é denominado bacterioclorofila e 
está presente no hialoplasma uma vez que as bactérias não apresentam cloroplastos. Observe a 
equação geral da fotossíntese bacteriana. 
Reprodução das Bactérias 
A reprodução das bactérias pode ser assexuada, quando não ocorre mistura de material genético, 
ou sexuada, quando ocorre mistura de material genético. 
Reprodução assexuada: é o principal tipo de reprodução das bactérias e ocorre por cissiparidade 
ou bipartição ou divisão binária. Através desse processo, uma bactéria mãe duplica o seu material 
genético (nucleóide) e se divide originando duas bactérias filhas geneticamente idênticas à bactéria 
mãe, não ocorrendo assim variabilidade genética. Ao conjunto de organismos geneticamente 
idênticos originados por processo assexuado de reprodução denominamos CLONE. 
Reprodução sexuada: através da reprodução sexuada ocorre a recombinação de material genético 
de bactérias diferentes, permitindo o surgimento de grande variedade de tipos dentro da espécie. 
Essa variabilidade genética é importante na evolução, acelerando os processos evolutivos. A 
reprodução sexuada das bactérias pode ocorrer através de três processos: conjugação, 
transformação e transdução. 
Doenças causadas por bactérias 
DOENÇA AGENTE 
Febre tifóide Salmonela tiphy 
Tétano Clostridium tetani 
Gonorreia Neisseria gonorrheae 
Sífilis Treponema pallidum 
Cólera Vibrio cholerae 
Lepra Mycobacterium leprae 
Tuberculose Mycobacterium tuberculosis 
Manual de Biologia. IV – ESTUDO DAS BACTÉRIAS E PROTOZOÁRIOS 
 
 | 
 
 
83 
e a descoberta 
da penicilina 
Alexander Fleming (1881-1955) foi um médico inglês, 
que descobriu a penicilina, antibiótico descoberto 
através da substancia que se movia em torno de um 
fungo da espécie Penicillium notatum. Identificou e 
isolou a lisozima, uma enzima bacteriostática, que 
impede o crescimento de bactérias, presentes em certos 
tecidos e secreções animais. 
Em 1928 era professor do colégio de cirurgiões e 
estudava o comportamento da bactéria Staphylococcus 
aureus, quando observou uma substancia que se movia 
em torno de um fungo da espécie Penicillium notatum, 
demonstrando grande capacidade de absorção dos estafilococos. Fleming batizou essa substancia com o 
nome de penicilina e, um ano mais tarde, publicou os resultados do estudo no British Journal of 
Experimental Pathology. 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS PROTOZOÁRIOS 
Características gerais 
Os protozoários são organismos aclorofilados, heterotróficos e unicelulares, podendo apresentar 
vida isolada ou colonial. Os protozoários, ao contrário dos demais protistas, não apresentam 
parede celular. Estão presentes nos mais variados ambientes, com espécies em água salgada, água 
doce e no ambiente terrestre húmido. A maioria das espécies são de vida livre. Alguns 
protozoários são parasitas, existindo ainda espécies comensais e espécies que estabelecem uma 
relação de mutualismo com outros organismos. O glicogénio é a principal substância de reserva 
alimentar, sendo formado através da polimerização de várias moléculas de glicose. 
Doenças causadas por protozoários 
 
DOENÇA 
 
AGENTE 
Paludismo Plasmodium 
Tricomoníase Trichomona vaginalis 
Giardíase Giárdia lamblia 
Amebíase Entamoeba histolytica 
Toxoplasmose Toxoplasma gondii 
Balantidíse Balantidium coli 
Manual de Biologia. V – GENÉTICA 
 
 
 | 
 
84 
 
UNIDADE V – A GENÉTICA 
INTRODUÇÃO 
O termo genética foi aplicado pela primeira vez em 1905 pelo biologista inglês William 
Bateson (1861 - 1926), a partir de uma palavra grega “Genetikós” que significa gerar, para 
definir o ramo das ciências biológicas que estuda e procura explicar os fenómenos 
relacionados com a hereditariedade. 
A hereditariedade trata do estudo da transmissão de características biológicas de célula para 
célula, de pai para filho e, assim, de geração para geração. Estas características a serem 
transmitidas podem ser morfológicas (ex.: altura, cor dos olhos), bioquímicas (ex.: enzimas, 
metabolismo), fisiológicas (ex.: comportamento) e patológicas (ex.: albinismo, anemia 
falciforme). 
Uma das principais perguntas que todos faziam nos séculos passados, e até nos dias de hoje, é 
como os caracteres físicos e funcionais são transmitidos de pais a filhos. Uma das hipóteses 
mais antigasregistadas na história da Biologia foi a da pré-formação ou progênese. Ela 
admitia que, no interior dos gâmetas, já existia uma microscópica miniatura de um novo 
indivíduo. Essa minúscula criatura, que recebeu o nome de homúnculo, deveria crescer, após 
a fecundação, até originar um organismo com as dimensões próprias da espécie. 
Gregor Mendel é considerado "o pai da genética" por ter estabelecido, os princípios básicos 
da hereditariedade, através de experimentos cujas conclusões são conhecidas como 1ª e 2ª lei 
da hereditariedade que serão estudadas mais adiante depois de conhecermos as bases 
moleculares da hereditariedade. 
GENÉTICA MOLECULAR 
A molécula responsável pelo armazenamento da informação a ser transmitida dos 
progenitores aos descendentes é o ADN (já estudado no capítulo sobre Bioquímica Celular); 
ele possui as unidades da hereditariedade – os genes – que são definidos como um conjunto 
sequencial e específico de bases nitrogenadas do ADN que codifica a sequência de 
aminoácidos para a síntese de uma determinada cadeia polipeptídica de uma proteína. 
Desenvolvimento da genética como ciência 
Os princípios estabelecidos por Gregor Mendel no séc. XIX permitiram explicar os 
mecanismos da hereditariedade; porém, as bases moleculares que sustentam tais mecanismos 
só foram descobertas mais tarde devido aos extraordinários estudos dos seguintes cientistas: 
Manual de Biologia. V – GENÉTICA 
 
 | 
 
 
85 
 Friedrich Miescher: descobriu que o material responsável pela hereditariedade 
encontrava-se no núcleo, e o chamou de “nucleína”. 
 Thomas Morgan: criou a chamada “Teoria Cromossómica da Hereditariedade” 
afirmando que o material responsável pela hereditariedade encontrava-se nos 
cromossomas. 
 Oswald Avery e colaboradores: descobriram a natureza química deste material a que 
os outros se referiam, afirmando ser um ácido. 
 James Watson e Francis Crick: descobriram a estrutura do tal material (o ADN), 
estrutura esta reconhecida e usada até aos nossos dias. 
O Dogma Central da Biologia Molecular (DCBM) 
Teoria que explica os mecanismos de perpetuação e expressão da informação genética, 
estabelecendo uma relação entre o ADN, ARN e proteínas. Segundo o DCBM, a informação 
genética pode perpetuar-se através da replicação do ADN ou pode expressar-se através da 
transcrição do ADN para ARN e consequente tradução para proteínas. Deste modo, o DCBM 
está constituído de 3 processos fundamentais: 
Replicação: processo através do qual através de enzimas específicas o ADN faz uma cópia de 
si mesmo, garantindo a perpetuação ou continuidade da informação genética através da 
transferência desta cópia à células-filhas tal como ocorre na divisão celular. 
Transcrição: processo no qual um determinado gene no ADN “gera” uma molécula de ARN. 
Neste processo as bases nitrogenadas do gene a ser transcrito vão emparelhando-se com as 
bases da futura molécula de ARN invertendo a ordem de emparelhamento: de A-T, C-G para 
A-U, CG (fig. 55). Saiba que neste processo os constituintes bioquímicos (bases nitrogenadas, 
ribose, grupo fosfato) da cadeia de ARN a ser construída já se encontram previamente na 
célula, sendo obtidos pela dieta e/ou sintetizados por outros processos. Ao fim da sua síntese 
a cadeia de ARN solta-se das de ADN e migra para o citoplasma para ser “traduzida” em 
proteínas pelos ribossomas. 
 
 
Cada sequência de 3 bases na cadeia de ARN forma um códon ou codão (fig. 2) e cada codão 
corresponde a um aminoácido específico (ex.: AUG=Metionina) que será adicionado à cadeia 
Figura 56. Transcrição: 
As cadeias de ADN estão 
representadas em azul, a 
de ARN em amarelo e o 
gene em vermelho. 
Manual de Biologia. V – GENÉTICA 
 
 
 | 
 
86 
polipeptídica durante o processo de tradução. Os codões UAA, UAG e UAA constituem os 
anti-codões: são codões que não codificam nenhum aminoácido e que aquando da tradução 
significam “fim da tradução”, ou seja, indicam ao ribossoma o fim da cadeia polipeptídica da 
proteína a ser sintetizada. 
 
 
Figura 57. Tabela dos codões 
 
Existem 3 tipos de ARN: 
 ARN mensageiro (ARNm): contém o código genético para a síntese de uma determinada 
proteína (representado na fig. 1). 
 ARN ribossómico (ARNr): faz parte da constituição dos ribossomas e tem a função de “ler” o 
ARNm e montar as cadeias polipeptídicas. 
 ARN transportador (ARNt): transporta os aminoácidos dispersos no hialoplasma para os 
ribossomas para constituírem as cadeias polipeptídicas. 
 
Tradução: neste processo são finalmente montadas as cadeias polipeptídicas da proteína nos 
ribossomas através do código genético contido no ARNm segundo a tabela dos codões. Para o 
ARNm da fig. 55 teríamos uma cadeia polipeptídica com a seguinte sequência de 
aminoácidos: Metionina-Leucina-Glutamina. 
Manual de Biologia. V – GENÉTICA 
 
 | 
 
 
87 
 
É através destes processos que o DCBM explica não só a função do núcleo no controlo das 
atividades gerais da célula (quando por exemplo ordena que se sintetize uma determinada 
proteína necessária ao organismo naquele momento) como também a expressão de um 
determinado gene sobre uma determinada característica hereditária (ex.: a cor da pele, 
depende da quantidade de melanina produzida pelos melanócitos através da ação da enzima 
tireosinase que, como todas as outras proteínas é codificada por um gene específico no ADN 
que nos albinos apresenta uma mutação). 
 
CONCEITOS GERAIS EM GENÉTICA 
Para se perceber os mecanismos da hereditariedade é necessário antes dominar os seguintes 
conceitos: 
Gene ou unidade da hereditariedade 
Porção de uma molécula de _____________ que codifica a sequência de ____________ para 
___________ de uma determinada cadeia polipeptídica de uma ______________. 
 
Lócus (no plural: loci) 
Local definido do cromossoma ocupado por um gene. 
Exemplo: O gene que codifica a proteína protrombina encontra-se no lócus 
11p11, ou seja, na banda 11 do braço curto do cromossoma 11: o 1º número 
indica o cromossoma, a letra indica o braço do cromossoma (p=curto, q=longo) 
e o 2º número indica a banda do braço do cromossoma. Desta forma 
podemos dizer que o lócus indica o “endereço” do gene no 
cromossoma que é invariável em cada espécie, ou seja, em todos os 
seres humanos os codões encontrados no lócus 11p11 codificam a 
sequência de aminoácidos para a síntese de protrombina. 
Como sabemos, nas células diplóides (2n) os cromossomas 
ocorrem aos pares. Os dois cromossomas do mesmo par são 
iguais e denominam-se homólogos. 
 
Alelo 
Genes alternativos, que ocupam mesmo loci em cromossomas homólogos e que são 
responsáveis pela transmissão de um mesmo carácter. Cada alelo determina uma das 
Figura 58: Cromossomas homólogos 
Manual de Biologia. V – GENÉTICA 
 
 
 | 
 
88 
variedades do mesmo carácter (por exemplo, para o caráter altura existirá hipoteticamente um 
alelo para “alto” e outro alelo para “baixo”). 
Os alelos de cada carácter são representados simbolicamente pela mesma letra do alfabeto, um 
com letra maiúscula (denominado dominante) e outro com letra minúscula (denominado 
recessivo). Quando um indivíduo para um determinado carácter herda dois alelos diferentes, 
isto é, um dominante e outro recessivo (por exemplo Aa), dir-se-á heterozigoto ou híbrido 
para aquele carácter; ao passo que se herdar dois alelos iguais, isto é, dois dominantes ou dois 
recessivos, chamar-se-á homozigoto dominante (ex.: AA) ou homozigoto recessivo (ex.: aa) 
respectivamente. 
Genótipo 
É a constituição genética de um indivíduo, ou seja, a soma dos factores hereditários (genes) 
que o indivíduo recebe dos pais, e que transmitirá aos seus próprios filhos. Não é visível, mas 
pode ser deduzido pela análise dos ascendentes e descendentes desse indivíduo. É 
representado por 2 letras para cada carácter. 
NOTA: O genótipo será representado por um ou mais pares de genes. Nos problemas, por duas ou maisletras. Um gâmeta (espermatozóide ou óvulo) será representado por apenas um gene de cada par. Nos 
problemas, apenas por uma letra; tal como veremos nos exercícios de aplicação das leis de Mendel. 
 
Fenótipo 
É a expressão da actividade do genótipo, mostrando-se como a manifestação visível ou 
detectável do carácter considerado. É a soma total de suas características de forma, tamanho, 
cor, tipo sanguíneo, etc. 
Exemplo 1: o João tem os olhos castanhos (fenótipo), pois herdou os genes/ alelos (genótipo) que 
codificam o aparecimento de tal cor dos olhos. 
Exemplo 2: a protrombina (fenótipo) é uma proteína codificada por um gene (genótipo) que se encontra 
no lócus 11p11. 
O fenótipo pode também resultar da interacção do genótipo com o meio ambiente (ex.: 
indivíduos que herdam os alelos para pele clara e tornam-se escuros por intensa exposição ao 
sol). Essa influência externa, levando à manifestação de um fenótipo que não ocorre 
exactamente ao que se poderia esperar em função do genótipo, recebe o nome de perístase. 
Dois indivíduos podem apresentar o mesmo fenótipo embora possuam genótipos diferentes. 
Por exemplo, a cor do olho pode ser escura para os dois, sendo um homozigoto (puro) e o 
outro heterozigoto (híbrido). Externamente, porém, não podemos distingui-los, apresentando, 
Manual de Biologia. V – GENÉTICA 
 
 | 
 
 
89 
portanto, o mesmo fenótipo. As características fenotípicas não são transmitidas dos pais para 
os filhos mas sim, transmitem-se os genes que são os factores potencialmente capazes de 
determinar o fenótipo. 
 
GENÉTICA MENDELIANA 
No séc. XIX Mendel estudou ervilheiras do género Pisum sativum para explicar os fenómenos 
da hereditariedade cujos resultados foram aprimorados e são utilizados até hoje em diversos 
sectores da biologia molecular. Há quem diga que nem ele mesmo compreendeu bem o que 
descobrira. O sucesso de Mendel deveu-se muito à algumas características especiais das 
ervilheiras nomeadamente: 
a) São plantas de fácil cultivo: não necessitam de condições especiais para cultivar; 
b) Têm ciclo de vida curto: o que permite obter várias gerações de descendentes em 
muito pouco tempo; 
c) Gera muitos descendentes: permitindo melhores cálculos estatísticos sobre os 
resultados dos cruzamentos; 
d) Apresentam fenótipos extremos: os descendentes eram altos ou baixos, as sementes 
eram verdes ou amarelas, lisas ou rugosas, etc.… sem meio-termo possível. 
e) Os fenótipos estudados são visíveis a olho nu: para observar características como a 
altura das plantas, a cor, a forma, a casca das sementes, etc. Mendel não precisou de 
métodos especiais como microscópios. 
f) São plantas com flor fechada e com tendência a autofecundação: o que permitiu 
conhecer com certeza os progenitores dos descendentes. 
Leis de Mendel 
PRIMEIRA LEI DE MENDEL OU LEI DA SEGREGAÇÃO DOS CARACTERES OU 
LEI DA PUREZA DOS GÂMETAS 
“Cada carácter é determinado por dois factores, que se separam na formação dos gâmetas, 
passando apenas um factor por gâmeta”. 
Nesta lei o que Mendel chamou de “factor” é o que atualmente chamamos “alelos” e quis ele 
dizer que, para uma dada característica existem nas células somáticas dois alelos: um no 
cromossoma homólogo herdado do pai e outro no herdado da mãe e na Anáfase I, estes 
Manual de Biologia. V – GENÉTICA 
 
 
 | 
 
90 
cromossomas separam-se levando consigo cada um dos respectivos alelos aos respectivos 
gâmetas a serem formados. 
SEGUNDA LEI DE MENDEL OU LEI DA SEGREGAÇÃO INDEPENDENTE 
DOS CARACTERES 
“Em um cruzamento em que estejam envolvidos dois ou mais caracteres, os factores que determinam 
cada um se separam (se segregam) de forma independente durante a formação dos gâmetas, se 
recombinam ao acaso e formam todas as combinações possíveis”. 
Nesta lei, Mendel faz referência ao estudo da transmissão de duas ou mais características. Esta 
lei diz que os alelos respectivos à cada uma das características em estudo e que se encontram 
no mesmo cromossomo homólogo não vão necessariamente ao mesmo gâmeta durante a 
separação dos cromossomas homólogos mas sim, pode existir troca para o cromossoma 
homólogo entre os alelos da mesma característica através do fenómeno de crossing-over. 
Assim por exemplo, no estudo de 3 características representadas pelas seguintes letras A, b, C 
num dos cromossomas homólogos e a, B, c no outros cromossoma, se não existisse crossing-
over, os gâmetas formados teriam obrigatoriamente os alelos A, b, C e a, B, C 
respectivamente, ao passo que com o crossing-over poderá haver maior número de 
recombinações obtendo-se por exemplo a, b, C e A, B, c garantindo maior distinção entre os 
indivíduos da mesma espécie. 
 
MECANISMOS DE HERANÇA. APLICAÇÃO PRÁTICA DAS LEIS DE MENDEL 
Neste contexto, o termo “herança” refere-se aos possíveis fenótipos que os indivíduos 
poderiam apresentar em função do tipo de alelos (dominantes ou recessivos) que herdam dos 
seus progenitores, tendo em conta por exemplo, que dois indivíduos podem ter o mesmo 
fenótipo mas genótipos diferentes. Desta forma, existem basicamente 5 mecanismos de 
herança: 
a) Herança dominante ou dominância completa, 
b) Herança intermédia ou dominância incompleta, 
c) Herança co-dominante, 
d) Herança ligada ao sexo 
e) Herança mitocondrial. 
Manual de Biologia. V – GENÉTICA 
 
 | 
 
 
91 
Herança Dominante 
Na herança dominante, entre os possíveis alelos de uma dada característica existe um (o 
dominante) que domina ou encobre a manifestação do outro (o recessivo) quando o indivíduo 
for heterozigoto, ou seja, ele pode expressar-se mesmo em dose única ou hetererozigose. 
Exemplo: No estudo da característica “cor da semente”, ao considerarmos a cor verde como dominante 
(letra “A”) e a amarela como recessivo (letra “a), se o indivíduo herdasse o genótipo AA a semente 
verde, o genótipo aa seria amarela, e o Aa seria verde (neste caso o A expressou-se em dose única 
encobrindo a manifestação do a por ser o alelo dominante) 
Cruzando-se dois homozigotos (puros), um dominante e outro recessivo (geração parental P), 
temos na primeira geração de descendentes (F1) todos (100 %) híbridos ou heterozigotos 
(genótipo) com o carácter dominante (fenótipo). 
 
Figura 59. Caso de dominância. 
 
GENÉTICA NÃO MENDELIANA – EXCEPÇÕES ÀS LEIS DE MENDEL 
Existe uma grande controvérsia entre os autores sobre o significado de “Genética Não-
Mendeliana”. De uma forma didática neste capítulo abordaremos o assunto como “excepções 
às Leis de Mendel”, ou seja, aqueles fenómenos da hereditariedade em que não é possível 
explicá-los apenas com as Leis de Mendel. 
Manual de Biologia. V – GENÉTICA 
 
 
 | 
 
92 
 
Herança Intermédia ou Dominância Incompleta 
Ocorre quando o indivíduo heterozigoto apresenta fenótipo intermediário ao dos 
homozigotos. Exemplo: Na planta boca-de-leão, a cor da corola das flores é determinada por 
um par de alelos (V e B) e pode ser vermelha, branca e rosa. Os indivíduos com genótipo VV 
possuem flor vermelha, os indivíduos com genótipo BB possuem flor branca, ao passo que os 
heterozigotos VB possuem flor rosa. Notamos, portanto, que não há dominância entre os 
alelos V e B, uma vez que nos heterozigotos surge uma característica intermediária entre 
aquelas, determinadas por cada um dos alelos. 
Se cruzarmos dois indivíduos puros (homozigotos) de flor vermelha (VV) com flor branca 
(BB) obteremos, na F1, 100% de híbridos (heterozigotos) de flor rosa (VB). Cruzando dois 
descendentes da F1, vamos obter na F2 o resultado conforme o quadro a seguir: 
 
 
Figura 60: Caso de dominância incompleta 
 
 
Manual de Biologia. V – GENÉTICA 
 
 | 
 
 
93 
Herança Co-dominante 
A co-dominância ocorre quando os indivíduos 
heterozigotos para certos genes expressam os 
dois fenótipos simultaneamente. Veja: Em 
galináceos da raça minorca, a cor da 
plumagem é determinada por um par de alelos: 
B e P. O genótipo BBdetermina plumagem 
branca. O genótipo PP, plumagem preta. O 
heterozigoto PB determina o carácter 
plumagem ou andaluzo, que é uma mistura 
dos dois outros. O exemplo plausível de co-
dominância na espécie humana é o grupo AB 
do sistema ABO. 
Alelos Múltiplos ou Polialelia: 
Existem características que podem ser 
determinadas por um gene com três ou mais 
alelos, situados no mesmo lócus genético de um par de cromossomas homólogos. Como em 
cada lócus só pode existir um dos alelos, nas células somáticas que são diplóides (2n) e só 
podem existir dois alelos da série por vez. Os gametas, que são haplóides, possuem somente 
um dos alelos. Esquematizando: 
 
Figura 62: Ocorrência de alelos múltiplos 
 
Figura 61: Expressão fenotípica dos grupos 
sanguíneos. Exemplo de co-dominância e polialelia 
Manual de Biologia. V – GENÉTICA 
 
 
 | 
 
94 
Os principais exemplos de alelos múltiplos são: o grupo sanguíneo ABO na espécie humana, a 
cor da pelagem em coelhos, a cor da pelagem em cobaias e a cor dos olhos em drosófilas. 
O sistema ABO é tipicamente um caso de alelos múltiplos; o mesmo não ocorre com o 
sistema Rh. No sistema ABO, distinguem-se quatro grupos sanguíneos: grupo A, grupo B, 
grupo AB e grupo O. A ocorrência dos quatro grupos está na dependência do fato de 
existirem, na natureza, três tipos distintos de alelos: alelos IA, alelos IB e alelos i, sendo a 
relação de dominância entre eles: IA = IB, IA > i e IB > i. 
Mas o que faz uma pessoa ter sangue A ou sangue B? 
As pessoas que têm genótipo AA ou AO revelam na membrana plasmática das suas hemácias 
uma proteína especial, que recebeu o nome de aglutinogénio 
As pessoas que têm sangue B, em função do genótipo BB, ou então, BO, não possuem o 
aglutinogénio A, na superfície das hemácias, mas sim outra proteína diferente, o 
aglutinogénio B. 
As pessoas que revelam sangue do grupo AB têm o genótipo IA IB e, em função da presença 
de ambos os genes A e B possuem os dois aglutinogénios na membrana plasmática dos seus 
glóbulos vermelhos. 
Finalmente, os indivíduos que tem sangue do grupo O possuem o genótipo OO, que não 
determina a produção de nenhum aglutinogénio nas hemácias. 
Portanto, o que determina o tipo de sangue do sistema ABO é a presença ou ausência dos 
aglutinogénios (antígenos) nas hemácias e das aglutininas (anticorpos), anti-A e anti-B 
existentes no plasma sanguíneo. 
Nas transfusões, ocorrerá o problema de aglutinação quando as hemácias do doador 
possuírem aglutinogénios que são incompatíveis com as aglutininas existentes no plasma do 
receptor. 
O grupo O é o doador universal, porque suas hemácias não possuem aglutinogénios, portanto 
nunca serão aglutinadas no plasma do receptor. 
O grupo AB é o receptor universal, porque o seu plasma não possui aglutininas, portanto 
nunca provocarão a aglutinação das hemácias do doador. 
Entre os indivíduos com o mesmo tipo de sangue não deverá ocorrer o problema da 
aglutinação durante as transfusões sanguíneas. 
Baseando-se no que acabamos de estudar, podemos fazer o seguinte esquema entre doadores e 
receptores, no qual a direção das setas indica as transfusões possíveis. 
Manual de Biologia. V – GENÉTICA 
 
 | 
 
 
95 
 
Figura 63: Transfusão sanguínea 
FACTOR Rh e incompatibilidade materna-fetal 
Além do grupo sanguíneo, é necessário observar o factor Rh em uma transfusão sanguínea. Esse é outro 
sistema de grupos sanguíneos, independente do sistema ABO. O nome se deve ao facto de ter sido 
descoberto inicialmente no sangue dos macacos do género Rhesus. Não é um caso de polialelia. O 
factor Rh é uma proteína (aglutinogénio ou antígeno Rh) que pode ser encontrada nas hemácias de 
algumas pessoas (ditas Rh+). 
 O gene R condiciona a produção do factor Rh; O gene r condiciona a não-produção do factor Rh. 
FENÓTIPOS GENÓTIPOS 
Rh+ RR - Rr 
Rh- rr 
 
Um problema muito importante em relação ao sistema Rh é a incompatibilidade feto-materna. 
 Quando a mulher tem sangue Rh- e casa com um homem Rh+, existe a possibilidade de que nasçam 
filhos Rh+. Durante o parto, quando do descolamento da placenta, ocorre uma passagem de hemácias 
fetais para a circulação materna. A partir dessa ocasião, passa a haver uma produção e acúmulo de 
aglutininas (anticorpos) anti-Rh no sangue materno. Em gestações posteriores, de filhos Rh+, os 
anticorpos maternos atravessam a placenta, alcançando a circulação do feto. A reacção entre os 
aglutinogénios fetais e as aglutininas maternas provoca a aglutinação e a destruição das hemácias 
(hemólise) do sangue fetal. A hemoglobina se acumula na pele, provocando a icterícia. A medula óssea 
lança no sangue células imaturas (eritroblastos). 
O quadro apresentado pela criança ao nascer é chamado de eritroblastose fetal (EF) ou doença 
hemolítica do recém-nascido (DHRN). Nos casos menos graves, a criança pode sobreviver se for 
submetida a uma substituição de grande parte do seu sangue Rh+, por outro Rh-, que lentamente será 
Manual de Biologia. V – GENÉTICA 
 
 
 | 
 
96 
substituído pelo seu próprio sangue Rh+, pelo seu próprio organismo. Actualmente, o problema é 
controlado com a aplicação, na mulher Rh-, de uma dose única de aglutinina anti-Rh, obtida do 
sangue de mulheres já sensibilizadas. Essa aplicação deve ocorrer nas primeiras 72 horas após cada 
parto de feto Rh+. Como as aglutininas injectadas são heterólogas (não produzidas pela própria 
mulher) logo serão eliminadas do seu organismo. 
Epistasia 
Condição em que dois loci são ocupados por genes que actuam sobre o mesmo carácter. Este 
processo caracteriza-se por supressão do efeito de um gene por outro gene não-alélico. 
Poligenia 
Condição em que um carácter é controlado por genes situados em mais do que dois loci. 
Vários pares de genes actuam aditivamente na expressão de uma característica que apresenta 
variação contínua na população. Pode ser multifactorial quando sofre influência de factores 
ambientais Ex. Peso estatura, cor da pele e a maior parte das características. 
A herança de traços poligénicos, portanto, depende da acção cumulativa ou aditiva de vários 
ou muitos genes, cada um dos quais produz uma pequena proporção do efeito total. 
Pleiotropia 
É o facto de um par de alelos situados no mesmo par de cromossomas homólogos 
condicionarem o aparecimento de várias características no mesmo organismo. 
Herança ligada ao sexo 
As características codificadas por genes existentes em cromossomas sexuais apresentam um 
mecanismo de herança genética distinto das dos cromossomas somáticos. Podemos assim 
explicar: 
a) As características codificadas por genes no cromossoma Y só podem ser transmitidos 
entre indivíduos de sexo masculino devido a sua ausência no sexo feminino. 
b) As codificadas por genes no cromossoma X têm sempre caracter dominante no sexo 
masculino uma vez que não existe outro alelo da mesma característica no cromossoma 
Y para contrapor-se à expressão do alelo no cromossoma X 
c) Os indivíduos do sexo masculino só podem transmitir características do cromossoma 
X em descendentes do sexo feminino. 
 
Manual de Biologia. V – GENÉTICA 
 
 | 
 
 
97 
Herança mitocondrial 
Foi estudado na citologia que as mitocôndrias são organelas autónomos e que de igual 
modo apresenta ADN que apenas controla a síntese de proteínas e o funcionamento da 
própria mitocôndria. Se por exemplo, o ADN mitocondrial sofrer uma mutação, esta só 
poderá ser transmitido pelo progenitor do sexo feminino uma vez que as mitocôndrias do 
espermatozoide apenas servem para fornecer energia para locomoção do mesmo e não 
fazem parte da constituição do zigoto aquando da fecundação. 
 
DISTÚRBIOS GENÉTICOS: MUTAÇÕES 
As mutações são definidas como sendo todos os distúrbios decorrentes de alterações no nosso 
material genético. Elas podem trazer consequências positivas ou negativas; ora veja: para os 
evolucionistas, elas são consideradas como a chave para a evolução,surgimento e 
sobrevivência das espécies ao longo dos tempos. Por outro lado, são o motivo de doenças 
como a drepanocitose, albinismo, Síndrome de Down, etc. Saiba ainda que as mutações só 
são transmitidas aos descendentes se afectarem as células germinativas. 
De uma forma resumida, as mutações classificam-se em: 
 Estruturais: quando existem alterações nos genes em cromossomas individuais. Estas 
podem ser: pontuais, por deleção, duplicação, inversão, inserção, translocação. 
 
 
Manual de Biologia. V – GENÉTICA 
 
 
 | 
 
98 
As principais causas de mutações estruturais são: radiação UV , hidrocarbonetos 
policíclicos aromáticos, vírus (PVH, EBV, HBV, HTLV), bactérias (helicobacter pylori), 
irritação crónica, agentes químicos carcinogénicos 
 
 Numéricas (Aneuploidias): quando existem alterações no número de 
cromossomas. Estas podem ser: 
 Nulissomias: ausência de pares de cromossomas homólogos. 
 Monossomias: ausência de um dos cromossomas do par de homólogos. Exemplos: 
síndrome de Turner – ausência de um dos cromossomas sexuais (genoma: G45, X) 
 Trissomias: aparecimento de um cromossoma extra em pares de cromossomas 
homólogos. 
Síndrome de Patau – cromossoma extra no par nº 13 (genoma: 47,XX+13 ou 47,XY+13) 
Síndrome de Edward - cromossoma extra no par nº 18 (genoma: 47,XX+18 ou 47,XY+18) 
Síndrome de Down - cromossoma extra no par nº 21 (genoma: 47,XX+21 ou 47,XY+21) 
Síndrome de Klinefelter – extra cromossoma sexual X no sexo masculino (genoma: 
47,XXY) 
Trissomia do cromossoma X ou síndrome da Superfemea - extra cromossoma sexual X no 
sexo feminino (genoma: 47,XXX). 
 Tetrassomias: repetição de pares de cromossomas homólogos 
As causas das Aneuploidias são a não disjunção de cromossomas homólogos na meiose. 
 
Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA 
 
 | 
 
 
99 
 
Unidade VI - Histologia 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS TECIDOS 
A célula é a unidade morfo-funcional dos seres vivos. Poucos seres, porém, são formados por 
uma única célula. A maioria dos seres como as plantas e os animais são multicelulares, o que 
significa que o seu corpo é formado por um aglomerado de células. 
Na maioria dos seres multicelulares, existem grupos de células com formas e funções 
diferentes. Isso ocorre porque nesses seres cada grupo de células é responsável por um 
determinado tipo de função. As células com a mesma função têm geralmente formas 
semelhantes, uma vez que a forma de uma célula está adaptada à função que ela exerce. Estes 
grupos de células reunidas para executar um determinado trabalho são chamados de tecidos. 
Nos animais, um tecido não é formado apenas por células, mas também pelo material 
fabricado por elas. Este material é chamado de substância intercelular ou matriz extracelular, às 
vezes funciona somente como ligação entre as células e às vezes desempenha um papel 
importante na função do tecido. Existe também um líquido que sai dos vasos sanguíneos 
levando ao tecido alimento, oxigénio e harmónios e removendo dele o gás carbónico e os 
resíduos do metabolismo, é o líquido intersticial ou intercelular. 
NOÇÃO DE TECIDO E HISTOLOGIA 
Tecido é um conjunto de células que apresentam a mesma função geral e a mesma origem 
embriológica. 
Histologia deriva da junção de duas palavras gregas histos = tecido e logos = estudo. É definida 
como sendo a ciência ou ramo da biologia, que estuda os tecidos. Tecido é um conjunto de 
células que apresentam a mesma função geral e a mesma origem embriológica. Assim existe 
tecidos animal e vegetal. 
ORIGEM DOS TECIDOS 
Nos seres de reprodução sexuada todas as células surgem a partir de uma única célula, a 
célula-ovo. Esta célula sofre divisões e produz um grupo de células inicialmente muito 
semelhantes. Após um certo tempo, elas começam a se especializar para a execução das 
diversas funções e vão se tornando cada vez mais diferentes. Este processo é chamado 
diferenciação celular. A diferenciação celular torna possível a histogênese ou formação dos 
tecidos. 
Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA 
 
 
 | 
 
100 
O mecanismo de diferenciação celular ainda não foi completamente desvendado. Supõe-se 
que, apesar de todas as células de um indivíduo possuírem os mesmos genes, alguns estão em 
funcionamento em determinada célula enquanto outros se encontram inactivos. Depois de 
diferenciadas, as células quando se reproduzem, só originam outras do mesmo tipo. 
No início da formação do embrião existem grupos de células com potencialidades diferentes. 
Há uma fase em que o embrião animal é formado por apenas duas camadas de células: a 
externa e a interna. 
A camada externa é chamada ectoderme e dá origem aos tecidos que revestem o corpo do 
embrião. Já a camada interna ou endoderme, dá origem ao revestimento do tubo digestivo e 
do aparelho respiratório. Posteriormente surge uma terceira camada, a mesoderme, que é 
responsável pela produção dos vários tecidos encontrados no interior do corpo do animal. 
Nos animais, um tecido não é formado apenas por células, mas também pelo material 
fabricado por elas. Este material é chamado de substância intercelular e às vezes funciona 
somente como ligação entre as células e às vezes desempenha um papel importante na função 
do tecido. Existe também um líquido que sai dos vasos sanguíneos levando ao tecido 
alimento, oxigénio e harmónios e removendo dele o gás carbónico e os resíduos do 
metabolismo, é o líquido intersticial ou intercelular. 
Os tecidos animais diferem bastante dos tecidos vegetais. Essa diferença, como muitas outras, 
deve-se ao facto de os vegetais serem autotróficos, em oposição aos animais, que são 
heterotróficos. 
Estudaremos primeiro os tecidos animais, dando ênfase aos vertebrados e, especialmente, aos 
seres humanos. Depois estudaremos os vegetais, especialmente as plantas com flores. 
Tecido é um conjunto de células estruturalmente idênticas e 
especializadas em determinada função. 
 
OS TECIDOS ANIMAIS 
CLASSIFICAÇÃO DOS TECIDOS ANIMAIS 
Os tecidos animais, estão classificados em quatro tipos básicos: 
Epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso 
 
Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA 
 
 | 
 
 
101 
TECIDO FUNÇÃO 
Epitelial Revestimento e secreção 
Conjuntivo 
Preenchimento, sustentação, transporte e 
defesa 
Muscular Movimento 
Nervoso Recepção e condução de estímulos. 
 
Tecido Epitelial 
São formados por células justapostas e geralmente poliédricas. Essa justaposição celular 
acarreta a escassez de matriz extracelular nos tecidos epiteliais. Por serem também 
desprovidos de vasos sangüíneos (avasculares), os epitélios são nutridos pelo tecido 
conjuntivo subjacente (lâmina própria). É de origem endodérmica. 
F unções: 
 Revestimento de superfícies (internas e externa) 
 Absorção 
 Secreção 
 Percepção de estímulos 
 Contracção 
 
 
Figura 64: diferentes tipos de epitélios 
Existem dois tipos básicos de tecido epitelial: epitélio de revestimento e epitélio glandular. 
Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA 
 
 
 | 
 
102 
O tecido epitelial de revestimento é formado por células bem encaixadas entre si, com o 
intuito de evitar a penetração de microorganismos e possuem muitas camadas de células para 
evitar a perda de água. O tecido epitelial glandular forma as glândulas, produz e elimina 
substâncias necessárias nas superfícies do tecido. 
Tecido Conjuntivo 
Ao contrário do tecido epitelial, o tecido conjuntivo é pobre em células e apresenta abundante 
matriz extracelular. 
 
Figura 65: Microfotografia de um tecido. O tecido conjuntivo está 
limitado por um tecido epitelial 
O tecido conjuntivo é classificado em: tecido conjuntivo propriamente dito, tecido conjuntivo 
de suporte e tecido conjuntivo especializado. 
 
 
Figura 66: tipos de tecido conjuntivo 
Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA 
 
 | 
 
 
103 
Tecido Conjuntivo Propriamente Dito 
O tecido conjuntivo propriamente dito pode ser frouxo e denso.Apresenta os seguintes tipos 
de células: fibroblastos, mastócitos, macrófagos, plasmócitos e células mesenquimatosas. 
O tecido conjuntivo frouxo preenche os espaços entre os tecidos, nutre as células epiteliais e 
envolve nervos e vasos. 
No tecido conjuntivo denso prevalecem as fibras colágenas. Estão presentes na derme (porção 
profunda da pele), no periósteo que envolve os ossos, no pericôndrio que envolve as 
cartilagens, bem como nos tendões e ligamentos 
Tecido Conjuntivo de Suporte 
Compreende o tecido ósseo e cartilaginoso. 
Tecido Ósseo: É o tecido de sustentação que apresenta maior rigidez, forma os ossos. É 
constituído pelas células ósseas e por uma matriz compacta e resistente, formada por sais de 
cálcio, colágeno, glicoproteínas e esta composição é o que determina a rigidez óssea. 
Existem três tipos de célula óssea: Osteoblastos, osteócitos (pode-se considerar que são os 
osteoblastos maduros, sendo responsáveis pelo metabolismo ósseo) e osteoclastos (são células 
que destroem as áreas envelhecidas do osso, sendo assim as responsáveis pela renovação do 
osso e da reconstrução do osso quando lesado, ou seja, em caso de fraturas e desgastes). 
Tecido Cartilaginoso: O tecido cartilaginoso tem consistência menos rígida que os tecidos 
ósseos, sendo flexível. Ele forma as cartilagens do esqueleto, as orelhas, a extremidade do 
nariz, a laringe, a traquéia, os brônquios e as extremidades ósseas. As células deste tecido são 
os condroblastos e os condrócitos. 
Tecido conjuntivo Especializado 
Compreende o tecido hematopoiético e o tecido adiposo. 
Tecido Hematopoiético: Sangue é um tipo especial de tecido que se movimenta por todo o 
corpo, servindo como meio de transporte de materiais entre as células. É formado por uma 
parte líquida, o plasma, e por diversos tipos de célula. O plasma contém inúmeras substâncias 
dissolvidas: aproximadamente 90% de água e 10% sais (Na, Cl, Ca, etc.), glicose, 
aminoácidos, colesterol, uréia, hormônios, anticorpos etc. As células do sangue 
compreendem: Hemácias, Leucócitos e Plaquetas. 
Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA 
 
 
 | 
 
104 
 As hemácias ou glóbulos vermelhos são células anucleadas e não possuem organóides 
e apresentam, dissolvido no seu citoplasma a hemoglobina, importante para o 
transporte do oxigénio. 
 Os leucócitos ou glóbulos brancos, são células incolores nucleadas e com os demais 
organóides celulares implicadas na defesa do organismo. Distribuem-se em dois 
grupos: granulócitos e agranulócitos, conforme tenham ou não, granulações 
específicas no citoplasma. Os granulócitos são: Neutrófilos, basófilos e eosinófilos; Os 
agranulócitos são: Linfócitos e monócitos. 
 As plaquetas (ou trombócitos): são pequenos corpúsculos que resultam da 
fragmentação de células especiais produzidas pela medula óssea. Elas detêm as 
hemorragias. 
Tecido Adiposo: É constituído principalmente por células adiposas ou adipócitos e pouca 
fibra colágena. Funciona como reservatório de gordura, amortecedor de choques e contribui 
para o equilíbrio térmico dos organismos. 
 
Tecido Muscular 
É constituído por células alongadas, altamente especializadas e dotadas de capacidade 
contráctil, denominadas miócitos. 
Diferenciam-se três tipos de tecido muscular: esquelético, cardíaco e liso 
 Tecido muscular estriado esquelético: está ligado ao esqueleto através dos tendões. 
Tem contracção rápida e voluntária, ou seja, esses músculos são contraídos somente 
quando nós queremos. Ex: bicípite, tricípite, quadricípite femoral. 
 Tecido muscular estriado cardíaco: é encontrado no coração e, diferentemente do 
tecido muscular estriado esquelético, não possui movimentos voluntários, e sim 
involuntários, contraindo-se de forma rápida e ritmada. Suas fibras estão formadas por 
um ou dois núcleos centrais 
 Tecido muscular liso: suas fibras têm contracção involuntária e pode ser encontrado 
nas paredes dos órgãos internos como intestino, útero, estômago, esófago, vasos 
sanguíneos etc. 
 
Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA 
 
 | 
 
 
105 
 
Figura 67: Tipos de músculos 
Tecido Nervoso. 
É um tecido de origem ectodérmica, formado por células excitáveis especializadas em 
transmitir estímulos ou impulsos nervosos. 
O tecido nervoso é formado por células especiais chamadas de: neurónios e células da glia ou 
neuroglias. 
As células da glia são responsáveis pelo suporte dos neurónios, ou seja, são as células da glia 
que mantém a vida dos neurónios. Os neurónios constituem a unidade funcional do sistema 
nervoso. 
 
Figura 68: Estrutura de um neurónio 
Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA 
 
 
 | 
 
106 
PELE E ANEXOS 
A pele recobre a superfície do corpo, é considerado como o maior órgão do corpo, atingindo 
16% do peso corporal. 
A pele é constituída por uma porção epitelial (a epiderme), uma porção conjuntiva (a derme) 
abaixo e em continuidade com a derme está a hipoderme, embora tenha a mesma origem da 
derme, não faz parte da pele, apenas serve de suporte e união entre os órgãos subjacentes. 
Na pele encontramos anexos epiteliais especializados, como pelos, unhas, folículos pilosos, as 
glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas. 
Os pêlos são estruturas queratinizada, que crescem pela proliferação de células da raiz. A sua 
cor, tamanho e disposição variam de acordo com a raça e regiões do corpo, estão presentes em 
todas partes do corpo com excepção de algumas regiões bem delimitadas. 
As unhas são placas de queratinas que se dispõem na superfície das falanges. 
As glândulas sudoríparas são encontradas em toda a superfície da pele, exceptuando-se em 
certas regiões, como a glande. Elas secretam suor sobre a superfície da pele, a evaporação 
deste liquido aquoso causa refrescamento da pele e perda de calor. 
 
Figura 69: Estrutura da pele 
 
Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA 
 
 | 
 
 
107 
A pele desempenha quatro funções principais: 
 Protecção: a pele fornece protecção contra a luz ultra violeta e os insultos mecânicas, 
químicos e térmicos; sua superfície relativamente impermeável impede a desidratação 
e actua como uma barreira física à invasão por microrganismo. 
 Sensibilidade: a pele é o maior órgão sensorial do corpo e contém uma variedade de 
receptores para o tacto, pressão, dor e temperatura. 
 Termo-Regulação: na espécie humana, a pele é o órgão principal da termo – 
regulação. A perda de calor é facilitada pela evaporação do suor da superfície da pele e 
pelo fluxo de sangue que circula na rica rede vascular da derme. 
 Funções metabólicas: o tecido adiposo subcutâneo constitui uma reserva importante 
de energia. A vitamina D é sintetizada na epiderme e suplementa a que é derivada das 
fontes da dieta. 
 
HISTOLOGIA VEGETAL 
O crescimento contínuo das plantas torna-se possível devido a existência de tecidos. 
Os principais tecidos vegetais são: 
 Tecidos meristemáticos ou embrionários 
 Tecidos Definitivos 
 
Tecidos Meristemáticos ou Embrionários 
 São aqueles que não perdem a capacidade de dividirem-se. 
Características 
 As células têm forma poliédrica. 
 Parede celular fina e flexível (parede primaria). 
 Núcleo volumoso. 
 Citoplasma denso com pequenos vacúolos. 
 Sempre estimulam crescimento, pois estão sempre em mitose. 
 Suas células são indiferenciadas, podendo formar os tecidos adultos ou permanentes. 
 
Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA 
 
 
 | 
 
108 
Os meristemas dividem-se em: 
 Meristema primário- provocam o crescimento da planta em altura. 
 Meristema secundário- provocam o crescimento da planta em espessura. Ex: câmbio 
e felogênio. 
A multiplicação das células meristemáticas promove o rápido crescimento embrionário. À 
medida que amadurecem, as células vão se especializando para realizar diversas funções, 
processo conhecido como diferenciação celular. Nas extremidades de caules e raízes, as 
células mantêm as características embrionárias,constituindo os meristemas apicais. 
Os primeiros tecidos que se diferenciam a partir dos meristemas apicais são: protoderma, 
meristema fundamental e procâmbio. Estes, por manterem a capacidade de multiplicação 
celular, são também considerados meristemáticos (primários). 
Nota: tecidos originados directamente pela diferenciação de meristemas primários são 
denominados tecidos primários; meristemas secundários e os tecidos que eles originam 
recebem a denominação de tecidos secundários. 
 
Tecidos Definitivos 
Estão organizados em: 
1. Tecidos de revestimento 
2. Tecidos de preenchimento 
3. Tecidos de sustentação 
4. Tecidos condutores 
 
Tecidos de revestimento 
Revestem as raízes, caules e folhas. Sua função principal é proteger os órgãos internos. São 
dois: epiderme e súber. 
Epiderme 
É um tecido formado por apenas uma camada de células vivas. Reveste certos órgãos como: 
folhas, caules e raízes jovens, peças florais, frutos e sementes. Não possui clorofila. Possui 
anexos tais como: 
 Cutícula- protege os tecidos internos da perda da água por evaporação. 
Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA 
 
 | 
 
 
109 
 Estomas- permite as trocas gasosas da planta com o ambiente. É constituído de células 
em forma de grão de feijão ricas em cloroplasto, denominadas células-guarda. Estas 
são circundadas por um número variável de células acessórias ou subsidiárias 
desprovidas de cloroplastos. Entre as células – guarda há um orifício que permite as 
trocas gasosas entre o ar e o interior da planta: o ostíolo (do latim ostiolu, pequena 
porta). 
 Hidátodos- localizam-se em certas folhas, e têm a função de eliminar o excesso de 
água na planta. A epiderme de muitas folhas é dotada de pêlos, apresentando formas e 
funções diversas, para protecção da planta contra o ataque de animais herbívoros, para 
reduzir a transpiração, etc. 
Periderme 
Substitui a epiderme dos animais. A sua zona mais externa é constituída por células mortas 
impregnadas por uma substância impermeável, a suberina. Por esse facto esse tecido é 
denominado súber. Reveste principalmente as partes mais velhas do caule e da raiz. Protege 
as plantas contra predadores, excesso de calor e até mesmo contra o fogo. 
Há locais em que as células estão fortemente unidas, constituindo as lenticelas- permitem as 
trocas gasosas entre o ar e os tecidos internos de caules e raízes. 
Tecidos de preenchimento 
Os parênquimas ou tecidos de preenchimento são formados por células vivas com paredes 
celulósicas finas. Entre as células parênquimáticas há espaços cheios de ar, para que o 
oxigénio chegue até as células mais internas da planta. Existem diferentes tipos de 
parênquimas: 
 Parênquima amilífero: suas células acumulam amido e outras substâncias de reserva. 
É mais abundante nas raízes. 
 Parênquima clorofilino: são ricas em cloroplastos. É mais abundante nas folhas e nos 
caules verdes. 
 Parênquima aerífero- há grandes espaços cheios de ar entre a s células, permitindo a 
flutuação de plantas aquáticas. 
 Parênquima aquífero- armazena água. É mais desenvolvido nas plantas xerófitas. 
Tecidos de sustentação 
São: esclerênquima e colênquima. 
Manual de Biologia. VI – HISTOLOGIA 
 
 
 | 
 
110 
Esclerênquima (do grego skleros, duro) é um tecido de sustentação constituído por células 
mortas de paredes espessadas. Essas paredes são impregnadas de lignina, substância 
altamente impermeável e formam elementos de grande resistência. Ocorre 
predominantemente nas partes mais velhas das plantas. Pode ser comparado ao tecido ósseo 
dos animais. Suas principais células são as fibras eslerenquimáticas e o escleritos ou 
esclerídeos. 
 Fibras esclerenquimáticas são alongadas e formam feixes longitudinais no interior das 
partes mais velhas de algumas raízes e caules, conferindo-lhes sustentação esquelética. 
 Escleritos têm forma variada, em geral ramificada e podem ocorrer isoladas ou em 
grupo, entre as células parênquimáticas de diversas partes da planta como caules, 
folhas, frutos e sementes. 
Nota: as fibras do sisal e do linho, são exemplos de fibras esclerenquimáticas. As pedrinhas 
que percebemos ao comer uma pêra são escleritos. O revestimento duro de sementes e frutos 
de nozes, avelãs e cocos é constituído por fibras esclerenquimáticas. 
Colênquima (do grego cola, cola e do latim, enchyma, enchimento) é um tecido constituído 
por células vivas. Estas células acumulam celulose como material de reforço das paredes. São 
mais frequentes nas partes jovens da planta, oferecendo à ela sustentação e flexibilidade. Pode 
ser comparado ao tecido cartilaginoso dos animais. 
Tecidos condutores 
São: xilema e floema. 
Xilema ou lenho, é o tecido responsável pela condução de seiva bruta (água e sais minerais) 
desde as raízes até as folhas das plantas. Desempenha também um importante papel na 
sustentação da planta. As suas células são células mortas. Possui dois tipos básicos de células: 
traquéidos e os elementos de vaso. 
Floema ou líber, é o tecido responsável pela condução de seiva elaborada-solução de 
nutrientes orgânicos- das folhas a todas as partes da planta. Possui células vivas. 
As principais células deste tecido são: os elementos de tubo crivado e a célula companheira. 
 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 | 
 
 
111 
 
Unidade VII – Biologia das Plantas (Botânica) 
ESTRUTURA DAS PLANTAS 
O corpo de uma planta angiospérmica, assim como o das demais plantas vasculares 
(gimnospérmicas e pteridófitas), apresenta três partes básicas: raiz, caule e folha. A estrutura 
dessas partes varia entre as espécies, reflectindo sua adaptação a modos de vida particulares. 
Estrutura macro e microscópica das RAÍZES 
Raiz: é um órgão da planta geralmente subterrâneo, que se ramifica e tem a função de fixar a 
planta no solo e realizar a absorção de nutrientes. Tem diferentes zonas, que são: 
 Coifa: é formada por um conjunto de células que protege a raiz de eventuais danos 
durante sua penetração no solo. As células mais externas da coifa produzem e 
secretam polissacáridos (pectinas). Essa secreção confere uma protecção adicional e 
actua como lubrificante, facilitando a penetração da raiz no solo. 
 Zona de multiplicação celular: é constituída por células meristemáticas capazes de se 
multiplicar activamente por mitose, permitindo o crescimento. 
 Zona de alongamento celular ou zona de distensão: as células se alongam, fazendo a 
raiz crescer em comprimento. 
 Zona de maturação celular ou zona de diferenciação celular: tem início a 
diferenciação das células para formar os diversos tecidos da raiz. 
 Zona pilosa ou pilífera: formada por pêlos absorventes que permitem o aumento da 
capacidade de absorção de água e sais minerais. 
 Zona de ramificação: ocorre a formação de raízes laterais ou secundárias. 
Tipos de raízes 
O conjunto de raízes, constitui o sistema radicular, que apresenta-se sob dois tipos básicos: 
pivotante e fasciculado. O sistema radicular pivotante é constituído por um raiz principal, da 
qual partem ramificações- raízes laterais ou raízes secundárias, cada uma das quais se afina 
progressivamente até à extremidade. É característico das eudicotiledóneas, algumas 
dicotiledóneas basais e de gimnospérmicas. 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 
 | 
 
112 
 O sistema radicular fasciculado é formado por raízes 
finas com diâmetro constante ao longo do seu 
comprimento e que se originam directamente do caule; 
é característico das monocotiledóneas. Essas raízes são 
chamadas de adventícias (do latim adventicius, que 
vem de outra localidade), pois formam-se no caule 
logo após a degeneração da raiz principal, que ocorre 
após a germinação da semente. 
 As raízes de muitas eudicotiledóneas apresentam 
especializações que permitem classificá-las em diversos 
tipos, tais como: raízes-escoras ou raízes de suporte, 
raízes respiratórias ou pneumatóforos,raízes aéreas, raiz 
estranguladora e raízes tuberosas. 
Estrutura primária da raíz 
É o padrão de organização de uma raiz que não apresentou crescimento em diâmetro 
(crescimento secundário). É típico das raízes de monocotiledóneas e raízes jovens de 
eudicotiledóneas. Neste tipo de raízes, distinguem-se de fora para dentro três conjuntos de 
células dispostas em camadas concêntricas: epiderme, córtex e cilindro central. 
Epiderme: é a camada de células mais externa que reveste a raíz. 
 Córtex: é constituído por várias camadas celulares de parênquimas. A sua camada celular 
mais interna limítrofe com o cilindro central, é o endoderma. 
 O endoderma (do grego endon, dentro, e derme, pele) compõe-se de células bem encaixadas 
entre si, com reforços especiais nas paredes constituídos por suberina, denominados estrias 
casparianas. As estrias casparianas vedam completamente os espaços entre as células do 
endoderma, de modo que, para penetrar no cilindro vascular, uma substância tem 
necessariamente de atravessar a membrana e o citoplasma das células endodérmicas, pois não 
há espaços permeáveis entre elas. 
Cilindro central ou vascular: ocupa toda a região central da raiz. É delimitado por um tecido, 
denominado periciclo (do grego peri, ao redor, e kykos, círculo), constituído por uma ou mais 
células. As células do periciclo podem readquirir a capacidade de divisão e assim originar 
meristemas secundários. 
 O cilindro vascular contém elementos condutores (xilema e floema), células meristemáticas e 
células parenquimáticas com uma disposição típica. 
 
Figura 70: Estrutura de uma raíz 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 | 
 
 
113 
 
Figura 71: Estrutura primária da raiz 
Estrutura secundária da raíz 
Resulta da atividade conjunta de dois meristemas: o câmbio vascular e o câmbio da casca. O 
câmbio vascular (do latim vasculum, pequeno vaso, túbulo) origina-se a partir de células do 
procâmbio situadas entre o xilema primário e o floema primário e também de células do 
periciclo. 
O câmbio da casca ou felogénio, desenvolve-se a partir do periciclo. 
Na raiz a periderme tem origem profunda, também a partir das células do periciclo, que não 
foram envolvidas na formação do câmbio vascular começam a se dividir, para dar início à 
formação da periderme. O felogénio (meristema secundário), tem origem das células externas 
do periciclo e por divisões periclinais de suas células, produz súber (felema ou cortiça) em 
direção à periferia e feloderme (ou parênquima), em direção ao centro. A formação da 
primeira periderme provoca a separação da região cortical (inclusive a endoderme) e da 
epiderme do restante da raiz. 
Nas raízes de reserva, ao contrário do descrito acima, a periderme, geralmente se forma 
superficialmente, como nos caules, não havendo, portanto, a perda da região cortical (que 
apresenta substâncias de reserva) com o crescimento secundário. 
Embora a maioria das raízes apresentem crescimento secundário da maneira descrita aqui, 
inúmeras variações deste crescimento podem ser encontradas em várias espécies. 
 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 
 | 
 
114 
 
Figura 72: Desenvolvimento da estrutura secundária de uma planta 
Estrutura do CAULE 
O caule realiza a integração entre raízes folhas, também desempenha as funções de promover 
o intercâmbio de água, sais minerais e de substâncias orgânicas entre esses órgãos. 
À medida que o caule vai crescendo, formam-se de espaço em espaço, primórdios de folhas a 
partir do meristema apical. O local de inserção do primórdio foliar no eixo caulinar é 
denominado nó. O espaço entre dois nós vizinhos, é denominado entrenó. 
Estrutura primária do caule 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 | 
 
 
115 
Um caule com estrutura primária, apresenta-se revestido pela epiderme, abaixo da qual 
localiza-se o córtex (este é formado por células parênquimáticas e por colênquima) e os 
tecidos condutores. 
Os tecidos condutores organizam-se em feixes mistos, com floema na região voltada para o 
exterior da planta e o xilema voltado para o interior. Esses feixes são denominados feixes 
líbero-lenhosos. 
 
Figura 73: Estrutura primária do caule 
 
Estrutura secundária do caule 
Resulta da actividade de dois meristemas: o câmbio vascular e o câmbio da casca (felogénio). 
O câmbio vascular origina-se de células do procâmbio (que se mantêm indiferenciadas entre o 
xilema primário e o floema primário) e a partir de células localizadas entre os feixes. Produz 
xilema para o interior e floema para o exterior. 
O câmbio da casca, surge a partir de uma camada de células corticais localizadas abaixo da 
epiderme. Sua actividade produz novas células que se diferenciam em feloderme para o 
interior e em súber para o exterior. 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 
 | 
 
116 
 
Figura 74: Estrutura secundária de um caule 
Nota: em muitas árvores, a actividade do câmbio suberogéneo cessa depois de algum tempo e 
um novo câmbio surge mais internamente, passando a produzir nova periderme. A periderme 
antiga e morta passa a ser denominada ritidoma e com o aumento do diâmetro do caule, 
racha-se e solta-se do tronco. 
 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 | 
 
 
117 
FOLHA 
Apresenta quatro partes básicas: limbo, pecíolo, bainha e estípulas. 
 Limbo: é a porção laminar expandida da folha. 
 Pecíolo: é o pedúnculo no qual o limbo se prende ao caule. 
 Bainha: é a expansão na base junto ao caule. 
 Espículas: são projecções filamentosas ou laminares, 
localizadas na base do pecíolo. 
Estrutura interna da folha 
Identificam-se os seguintes elementos: 
Epiderme: reveste totalmente a folha, tendo uma cutícula responsável pela relativa 
impermeabilização da superfície foliar. Apresenta estomas localizados principalmente na face 
inferior da folha. 
 
Figura 76: ilustração da estrutura interna da folha 
Mesófilo: é o interior da folha, preenchido por um tecido parenquimático cujas células são 
ricas em cloroplastos, constituindo o parênquima clorofilino. 
O parênquima clorofilino, pode ser: parênquima em paliçada- localizado na página superior, 
suas células são alongadas e encostadas umas às outras. Parênquima lacunoso- localizado 
na página inferior, é formado por células arredondas e com espaços entre elas(lacunas). 
Figura 75: Elementos de uma 
folha 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 
 | 
 
118 
Além disso, o mesófilo possui também tecidos condutores organizados em feixes 
liberolenhosos e tecidos de sustentação. 
Os feixes condutores, formam as nervuras foliares; apresentam o xilema voltado para a face 
superior da folha e o floema voltado para a face inferior. 
Folhas, cujas nervuras foliares têm aproximadamente a mesma espessura ao longo de todo seu 
comprimento e se dispõem paralelamente entre si, são denominadas folhas paralelinérvias. As 
que as suas nervuras formam um padrão ramificado, com feixes sucessivamente mais finos 
são denominadas peninérvias. 
Nutrição das Plantas 
As plantas requerem para sua nutrição, nutrientes orgânicos e inorgânicos. 
Os nutrientes inorgânicos são: dióxido de carbono, água e sais minerais. Estes fornecem às 
plantas todos os elementos químicos indispensáveis à vida. Alguns desses elementos, tais 
como: hidrogénio (H), carbono (C), oxigénio (O), nitrogénio (N), fósforo (P), cálcio (Ca), 
magnésio (Mg), potássio (K), enxofre (S) e silício (Si) são considerados como macronutrientes 
ou macroelementos, pois são requeridos em quantidades relativamente grandes por serem os 
principais componentes das moléculas orgânicas. Outros são necessários em quantidades 
relativamente pequenas, sendo por isso chamados de micronutrientes ou microelementos. 
Os nutrientes orgânicos, são os produtos primários da fotossíntese: moléculas de glúcidos, 
principalmente sacarose e amido. 
Absorção de água esolutos 
A água e os sais minerais, penetram na planta pelas extremidades das raízes, principalmente 
na zona pilosa. Depois de atravessar a epiderme, a solução aquosa desloca-se em direcção a 
região central da raíz, sendo barrada pelas células endodérmicas. Pois essas células, estão 
fortemente unidas umas às outras por cinturões de suberina, as estrias casparianas, que 
impedem a água e os sais dissolvidos de continuar a deslocar-se. 
Para penetrar no cilindro vascular, água e sais têm necessariamente de atravessar a membrana 
plasmática e passar pelo citoplasma das células endodérmicas. As estrias casparianas também 
dificultam o retorno, ao córtex, de sais minerais que já entraram no cilindro vascular. 
Uma vez no interior do cilindro, os sais minerais são bombeados para dentro dos traqueidos e 
dos elementos de vaso xilemático por um tipo especial de célula, a célula de transferência. 
 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 | 
 
 
119 
Transportes das seivas 
Seiva bruta 
A água e os sais minerais absorvidos pelas raízes são transportados até às folhas. Segundo a 
teoria da coesão-tensão, isto deve-se fundamentalmente à transpiração das folhas. 
Ao perderem água por transpiração, as folhas sugam seiva do xilema e toda coluna líquida 
eleva-se dentro dos vasos desde a raíz. A coluna de seiva mantém-se tensionada de um lado, 
pela sucção das folhas e de outro pela força de gravidade, mas não se rompe devido à coesão 
entre as moléculas de água. 
Seiva elaborada 
A hipótese mais aceita para o deslocamento da seiva elaborada pelo floema propõe como 
mecanismo básico, um desequilíbrio osmótico entre a fonte e o destino das substâncias 
orgânicas. Esta hipótese é conhecida como hipótese do fluxo por pressão, ou hipótese do 
desequilíbrio osmótico ou ainda hipótese do fluxo em massa. 
As células próximas ao floema, absorvem água de suas vizinhas e estas do xilema. A entrada 
de água nos elementos floemáticos cria um fluxo de difusão que arrasta as moléculas 
orgânicas em direcção aos locais de consumo como caules e raízes, onde elas são activamente 
absorvidas e utilizadas pelas células. 
 A absorção de substâncias pelas células consumidoras, por sua vez, faz com que a pressão 
osmótica diminua no interior dos elementos floemáticos próximos. Com isso eles perdem 
água, o que contribui para a manutenção da corrente líquida desde às células produtoras e 
armazenadoras até as regiões de consumo. 
Transpiração 
A cutícula apesar de ser bastante impermeável, permite uma pequena perda de água, 
conhecida como transpiração cuticular. A maior taxa de transpiração ocorre nos estomas, 
quando se abrem para que a planta possa absorver o gás carbónico necessário a fotossíntese. 
Os estomas abrem-se quando as células-guarda absorvem água, tornando-se túrgidas e 
fecham-se quando essas células perdem água, tornando-se flácidas. A abertura e o fechamento 
dos estomas, deve-se à disposição estratégica das fibras de celulose na parede das células-
guarda dos estomas. 
 
 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 
 | 
 
120 
Ciclo de vida dos principais grupos de plantas 
O reino vegetal reúne as plantas, organismos eucariotas, multicelulares e autotróficos, capazes 
de produzir por meio da fotossíntese, as substancias orgânicas que lhes servem de alimento. 
Uma característica das plantas, compartilhada com diversas espécies de alga, é apresentar 
alternância de gerações haplóides e diplóides no ciclo de vida. Nesse tipo de ciclo há 
indivíduos haplóides formadores de gâmetas- os gametófitos e indivíduos diplóides formadores 
de esporos- os esporófitos. 
As plantas classificam-se em: 
 Plantas avasculares – são aquelas que não apresentam vasos condutores, e 
 Plantas vasculares- são aquelas que apresentam vasos condutores. Estas são 
distinguidas pela presença ou não de semente. 
 
PLANTAS AVASCULARES – BRIÓFITAS 
Representantes: musgos 
Características gerais 
 São plantas pequenas e avasculares (i. é, não possuem vasos condutores). 
 Vivem em lugares húmidos e sombrios. 
 Não possuem verdadeiras estruturas. 
 São epífitas de rochas e de plantas ou árvores. 
 Estão distribuídas em três filos: Bryophyta (musgos), Hepatophyta (hepáticas) e 
Anthocerophyta (antóceros). 
 A maioria das espécies são dióicas i.e. com estruturas reprodutoras masculinas 
(anterídios) e estruturas reprodutoras femininas (arquegónios), no interior do qual 
desenvolve-se o embrião. O arquegónio desenvolve-se e recebe o nome de Caliptra. 
Reproduzem-se assexuadamente por fragmentação. 
 As briófitas dependem da água para se reproduzir pois os anterozóides dependem dela 
para alcançar a oosfera. 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 | 
 
 
121 
 O seu ciclo de vida é formado por duas fases alternadas, sendo a fase dominante o 
gametófito por possuir as estruturas vegetativas e o esporófito a fase dominada. O 
esporófito é constituído por três partes: pé, seta e cápsula. No interior da cápsula, 
localizam-se os esporófitos que originam os esporos. Na maioria dos musgos e nas 
hepáticas, o esporo origina uma estrutura filamentosa e ramificada – o protonema, a 
partir do qual formam-se os gâmetas. 
As estruturas vegetativas são: 
 Rizóides fixam a planta no solo. Não são responsáveis pela absorção de água e sais 
minerais, esta ocorre por todo corpo da planta. 
 Caulóide – é o eixo principal dos musgos que ajuda no transporte de água e 
nutrientes. 
 Filídeos – são estruturas laminares, formada por uma só camada de células excepto na 
linha média que existe m várias camadas que formam um aspecto de nervura central. 
 
Figura 77: Ciclo de vida de um musgo 
PLANTAS VASCULARES SEM SEMENTES – PTERIDÓFITAS 
Representantes: samambaias 
Características gerais: 
 Possuem vasos condutores. 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 
 | 
 
122 
 Vivem nas margens dos rios, de lagos ou lagoas e em lugares húmidos e sombrios. 
 Apresentam verdadeiras estruturas. 
 Reproduzem-se assexuadamente por brotamento. 
 O seu ciclo de vida é formado por duas fases: esporófito (fase dominante) e o 
gametófito (fase dominada). O esporófito destas plantas, apresente três estruturas- raiz, 
caule e folha. 
Ciclo de vida 
 
Figura 78: Ciclo de vida das Pteridófitas 
Raizes – são subterrâneas e têm por função fixar a planta no solo e absorver água e sais 
minerais. Algumas apresentam raízes aéreas, 
Caule – conduz até as folhas a seiva bruta absorvida nas raízes, e até as raízes a seiva 
elaborada nas folhas. Muitas samambaias têm caule do tipo rizoma. 
Folhas – são laminares com células ricas em cloroplastos e têm por função realizar a 
fotossíntese. 
Os esporófitos das Pteridófitas formam esporângios, onde são produzidos os esporos. Os 
esporângios formam-se na superfície de folhas férteis, denominadas esporófilos. 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 | 
 
 
123 
A germinação do esporo origina um pequeno gametófito- prótalo, formando os gâmetas. Os 
anterídios quando maduros liberam anterozóides flagelados, que nadam até aos arquegónios; 
um anterozóides fecunda a oosfera, originando o zigoto. 
 
PLANTAS VASCULARES COM SEMENTES NUAS - GIMNOSPERMICAS 
Representantes: coníferas e cicas 
Características gerais 
 Possuem sementes nuas, pois não estão protegidas pelo fruto. 
 São plantas de grande tamanho. 
 Apresentam estruturas vegetativas bem desenvolvidas. 
 Produzem de resina, que as protege do ataque de insectos e fungos. 
 São distribuídas em quatro filos: coniferophyta (coníferas), Cycadophyta (cicas), 
Gnetophyta (gnetofitas) e Ginkgophyta (gincófitas). 
 As Gimnospermicas possuem raízes, caule e folhas. Possuem também ramos 
reprodutivos com folhas modificadas chamadas estróbilos. 
 São independentes da água para a fecundação. 
Em muitas Gimnospermicas, como os pinheiros e as sequóias, os estróbilos são bem 
desenvolvidose conhecidos como cones - o que lhes confere a classificação no grupo das 
coníferas. 
 
Figura 79: Cones ou estróbilos (esquerda) Cicas (direita) 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 
 | 
 
124 
 
Ciclo de vida 
O estróbilo masculino produz pequenos esporos chamados grãos de pólen. O estróbilo 
feminino produz estruturas denominadas óvulos. No interior de um óvulo maduro surge um 
grande esporo. 
Esses grãos se espalham no ambiente e podem ser levados pelo vento até o estróbilo feminino - 
polinização. Nas Gimnospérmicas a polinização é feita pelo vento, sendo denominada 
anemofilia (do grego ânemos, vento, e phylos, amigo). 
Então, um grão de pólen pode formar uma espécie de tubo, o tubo polínico, onde se origina o 
núcleo espermático, que é o gâmeta masculino. O tubo polínico cresce até alcançar o óvulo, 
no qual introduz o núcleo espermático. 
No interior do óvulo, o grande esporo que ele abriga se desenvolve e forma uma estrutura que 
guarda a oosfera, o gâmeta feminino. Uma vez no interior do óvulo, o núcleo espermático 
fecunda a oosfera, formando o zigoto. Este, por sua vez, se desenvolve, originando um 
embrião. À medida que o embrião se forma, o óvulo se transforma em semente, estrutura que 
contém e protege o embrião. 
Nos pinheiros, as sementes são chamadas pinhões. Uma vez formados os pinhões, o cone 
feminino passa a ser chamado pinha. Se espalhadas na natureza por algum agente 
disseminador, as sementes podem germinar. Ao germinar, cada semente origina uma nova 
planta. 
A semente pode ser entendida como uma espécie de "fortaleza biológica", que abriga e protege 
o embrião contra desidratação, calor, frio e acção de certos parasitas. Além disso, as sementes 
armazenam reservas nutritivas, que alimentam o embrião e garantem o seu desenvolvimento 
até que as primeiras folhas sejam formadas. A partir daí, a nova planta fabrica seu próprio 
alimento pela fotossíntese. 
 
PLANTAS VASCULARES COM SEMENTES PROTEGIDAS 
ANGIOSPERMICAS. 
Características gerais: 
 Apresentam flores e frutos. 
 Suas sementes estão protegidas pelo fruto. 
 Seus órgãos reprodutores são as flores. 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 | 
 
 
125 
 Permite a reprodução de plantas que não produzem sementes como: bananeiras 
 As flores apresentam quatro verticilos florais: sendo dois verticilos férteis: o androceu 
(o conjunto de estames) e o gineceu (o conjunto de carpelo); os dois verticilos estéreis- 
que formam o perianto - composto pelo cálice (de cor verde e formado por sépalas) e 
pela corola (de cores vivas e formada por pétalas). As flores podem ser hermafroditas, 
mas também existem flores unissexuais. 
 
 
Figura 80: A Estrutura da Flor das Angiospérmicas 
Ciclo de vida das Angiospérmicas 
Na parte masculina da flor (o androceu), encontramos os estames onde estão os sacos 
polínicos. Nestes sacos polínicos encontramos as células -mães dos esporos, que por meiose se 
dividem em esporos haplóides. Esses esporos, dentro dos sacos polínicos, sofrem mitose e se 
transformarão no gametófito masculino (os grãos de pólen). 
Na parte feminina (o gineceu), dentro dos ovários, existem um ou mais microsporângios 
(óvulos) presos ao ovário por um pedúnculo. Cada óvulo possui um tecido (nucela), que 
protege dois tegumentos – primina (mais externo) e secundina (mais interno). Na nucela, a 
célula -mãe do esporo sofre meiose e origina 4 megásporos (Haplóides), dos quais só um 
sobrevive. Este sofre 3 divisões por mitose e forma uma massa de citoplasma com 8 núcleos 
haplóides, dois destes núcleos (núcleos polares) migram para o centro do pólo e se unem, 
formando um saco embrionário com: a oosfera, três núcleos (antípodas – que se degeneram) 
e mais dois núcleos (sinérgicos), além dos dois núcleos polares. 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 
 | 
 
126 
 
Figura 81: Ciclo de vida de uma angiosperma 
A Polinização 
Os grãos de pólen podem chegar ao gineceu pela acção do vento ou da água ou pelos animais. 
Ao chegar ao gineceu, o grão de pólen forma um tubo polínico, que cresce em direcção ao 
ovário. Dentro deste tubo, o núcleo da célula geradora se divide e forma duas células 
espermáticas haplóides que funcionam como gâmetas masculinos. 
Chegando ao ovário, essas células fecundam o óvulo, fazendo o que chamamos de fecundação 
dupla - uma característica das angiospermas. Uma célula espermática se funde a oosfera gerando 
um zigoto (diplóide) e a outra se funde aos dois núcleos polares, formando por sucessivas 
mitoses o endosperma da semente ou albúmen (que serve de reservatório de nutrientes para o 
embrião). O zigoto faz vários mitoses e se transforma em embrião. 
Após a fecundação, o ovário se transforma em fruto, que servirá para ajudar a disseminar as 
sementes. 
O pólen ou esporo masculino é produzido nos estames. A passagem dos grãos de pólen dos 
estames aos pistilos (esporângio feminino) da mesma flor ou de outra chama-se polinização. 
Dependendo da maneira pela qual esse transporte se dá, a polinização pode ser: entomófila, 
realizada por insectos que carregam o pólen nas patas, ou anemófila, quando o vento carrega 
o pólen de uma flor para outra. As flores de polinização entomófilas possuem cheiros e cores 
Manual de Biologia. VII – BIOLOGIA DAS PLANTAS 
 
 | 
 
 
127 
intensos e produzem substâncias açucaradas (néctar) para atrair os insectos e facilitar o 
transporte do pólen. 
 
Figura 82: Processo de polinização 
Após a fecundação, o primórdio seminal transforma-se em semente. O ovário da flor 
transforma-se em fruto, que guarda e protege a semente até que as condições externas estejam 
adequadas para a germinação. O fruto possui uma cobertura (pericarpo), constituída por três 
camadas. Se o pericarpo for seco e fino, o fruto é seco (trigo, noz, avelã, semente de girassol); 
quando é suculento, o fruto é carnoso. Existe grande variedade de frutos carnosos, como as 
bagas (tomate, uva), as drupas (pêssego, ameixa, azeitona) e os pomos (pêra, maçã, marmelo). 
As Angiospérmicas podem ser divididas em Monocotiledóneas e Dicotiledóneas. 
Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS 
 
 
 | 
 
128 
 
Unidade VIII – Estudos dos Animais (Zoologia) 
Introdução ao Reino Animal 
O Reino Animalia ou Metazoa compreende organismos pluricelulares, eucariotas com 
nutrição heterotrófica e que passam pelo estágio de blástula durante o desenvolvimento 
embrionário. A maioria de seus representantes apresenta tecidos diferenciados que se 
especializam no desempenho de funções. 
O reino Metazoa é dividido nos seguintes filos: Poríferos, Celenterados, Platelmintos, 
Nematelmintos, Moluscos, Anelídeos, Artrópodes, Equinodermes e Cordados. Os diversos 
filos existentes no reino 
CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DOS METAZOÁRIOS 
 Simetria: é a divisão imaginária do corpo de um animal em metades opostas que 
devem ser simétricas uma à outra. 
o Simetria Radial: quando divididos por qualquer plano que passe pela boca 
apresentarão metades simétricas. Ex: os celenterados e os equinoderrmes 
adultos. 
o Simetria Bilateral: só podem ser divididos em duas metades iguais e opostas por 
um único plano longitudinal e mediano. Possuem um único plano de simetria. 
Como exemplos, temos os Platelmintos, Moluscos, Anelídeos, Artrópodes, 
larvas de Equinodermes e Cordados. 
o Assimetria: não possuem plano de simetria. Os poríferos são exemplos de 
animais assimétricos. 
 Segmentação ou Metamerização: consiste na repetição de partes do corpo ao longo de 
sua extensão. Os segmentos que se repetem são denominados metâmeros e podem ou 
não ser iguais. 
o Segmentação Homônoma: é aquela em que os metâmeros são iguais, excepto o 
primeiro e o último. Ocorre nos anelídeos. 
o Segmentação Heterônoma: é aquela em que os metâmeros são diferentes e se 
agrupam formando diversas regiões. Aparece nitidamente nos Artrópodos e 
nos Cordados. 
Manualde Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS 
 
 | 
 
 
129 
 Esqueleto: é uma estrutura de sustentação e protecção presente em um grande número 
de animais. Pode ser externo ou interno. 
o Esqueleto Externo: chamado exoesqueleto, aparece em moluscos e artrópodes. 
o Esqueleto Interno: chamado endoesqueleto, aparece em Equinodermes e 
Cordados. 
 Número de Folhetos Embrionários: Na fase embrionária chamada gástrula ocorre a 
formação dos folhetos embrionários. A gástrula pode apresentar dois ou três folhetos 
embrionários. Se a gástrula possui dois folhetos embrionários, o animal é diblástico 
ou diploblástico e os folhetos serão ectoderma e endoderma. São diblásticos os 
poríferos e os celenterados. Se a gástrula possui três folhetos embrionários, o animal é 
triblástico ou triploblástico e os folhetos serão ectoderma, mesoderma e endoderma. 
São triblásticos Platelmintes, Moluscos, Anelídeos, Artrópodes, Equinodermes e 
Cordados. 
 Presença de Celoma: o celoma verdadeiro é uma cavidade totalmente revestida por 
mesoderma. Trata-se da futura cavidade geral do corpo onde estarão contidos os 
órgãos internos. Os animais triblásticos podem ou não apresentar celoma. Quanto à 
presença do celoma, os animais podem ser classificados em: 
o Acelomados: não apresentam celoma. A cavidade corpórea é preenchida por 
tecido de origem mesodérmica. Os platelmintes são animais acelomados. 
o Pseudocelomados: apresentam um “falso celoma”. Este é delimitado 
parcialmente por mesoderma e endoderma. Os Asquelmintes são animais 
pseudocelomados. 
o Celomados ou Eucelomados: apresentam um celoma verdadeiro. Os Moluscos, 
Anelídeos, Artrópodes, Equinodermas e Cordados são celomados. 
A classificação quanto ao celoma deve ser utilizada apenas para animais triblásticos. No 
entanto, alguns autores consideram Poríferos e Celenterados, apesar de serem diblásticos, 
como sendo animais acelomados. 
 Destino do Blastóporo: o blastóporo é uma abertura formada na fase de gástrula que 
comunica o arquêntero com o exterior. O blastóporo pode originar boca ou ânus. 
Conforme sua evolução, os animais podem ser: 
o Protostómicos: são aqueles em que o blastóporo origina a boca. São 
Protostómicos os Celenterados, Platelmintes, Moluscos, Anelídeos e 
Artrópodos. 
Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS 
 
 
 | 
 
130 
o Deuterostómios: são aqueles em que o blastóporo origina o ânus. São Deuterostómios 
os Equinodermas, e Cordados. 
 
FILO PORIFERA OU SPONGIARIA (Poríferos ou Espongiários) 
Latim (porus = poro/ferre = possuir) 
O filo Porífera reúne as esponjas, animais aquáticos com 
organização corporal muito simples. Apresentam o corpo 
perfurado por poros que permitem a entrada de água no corpo. 
São os únicos Metazoários que não possuem tecidos 
diferenciados, apresentando grande simplicidade na 
organização corporal. A maioria das espécies é marinha 
vivendo fixos a um substrato (animais sésseis). Alimentam-se de 
minúsculas partículas que se encontram em suspensão na água, 
por isso são chamados de animais filtradores 
 
Características 
A parede do corpo de uma esponja apresenta quatro 
tipos celulares básicos: 
a) Pinacócitos: são células achatadas que formam a 
epiderme, responsáveis pelo revestimento 
e protecção do corpo. 
b) Porócitos: são células derivadas dos Pinacócitos 
que ficam ao redor dos poros. 
c) Coanócitos: são células que forram a cavidade atrial 
das esponjas mais simples. São 
dotadas de um flagelo que promove a circulação de 
água pelo corpo, além de capturar alimentos e promover a digestão intracelular. 
d) Amebócitos: são células que se movimentam através de pseudópodes localizadas na 
camada gelatinosa (mesogleia) que fica entre as camadas externa e interna. São células 
indiferenciadas, podendo originar qualquer outro tipo celular. Realizam digestão intracelular 
complementar, transportam os produtos da digestão para outras células, formam gâmetas, 
gémulas (formas de resistência) e espículas (estruturas de sustentação). 
Figura 84: Esponjas 
Figura 83: Esponjas 
Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS 
 
 | 
 
 
131 
 
Habitat Ambiente aquático; a maioria das espécies é marinha. 
Sistema digestivo Ausente; alimento fagocitado por coanócitos 
Sistema circulatório 
Ausente; distribuição de alimento pelos amebócitos e difusão 
de substâncias no meso- hilo 
Sistema respiratório 
Ausente; trocas gasosas directamente entre as células e o 
ambiente. 
Sistema excretor 
Ausente; excreções lançadas directamente pelas células no 
ambiente 
Sistema nervoso Ausente. 
Reprodução 
Assexuada, por fragmentação e brotamento; reprodução 
sexuada com desenvolvimento indirecto 
 
FILO CELENTERATA OU CNIDARIA (Celenterados ou Cnidários) 
Grego (koilos = cavidade/enteron = intestino/knidos = urtiga) 
São os primeiros animais na escala evolutiva a apresentar uma cavidade digestiva (cavidade 
gastrovascular), daí serem classificados como enterozoários. 
O filo Cnidária reúne os Cnidários, animais aquáticos cujos representantes são as águas-
vivas, os corais, as caravelas e as anémonas-do-mar. O termo Cnidários se deve à presença 
de células urticantes epidérmicas denominadas cnidoblastos, usados na defesa e captura de 
alimento. No interior do cnidoblastos encontramos uma estrutura denominada nematocisto 
que contém um filamento mergulhado em um líquido 
tóxico. 
 
A maioria do dos Cnidários passa por dois estágios 
em seu ciclo de vida: Pólipo e Medusa. 
Os pólipos são cilíndricos, de movimentos muito 
lentos e apresentam uma coroa de tentáculos 
circundando a boca na extremidade livre do corpo. 
Podem ser isolados, como a anémona-do-mar ou 
formar colónias, como na maioria dos corais. As 
Figura 85: Medusa 
Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS 
 
 
 | 
 
132 
medusas são discoidais e livre-natantes com tentáculos pendentes nos bordos. São sempre 
isoladas, não formando colónias. 
Características 
 
Habitat Ambientes aquáticos; maioria das espécies é marinha. 
Sistema digestivo Incompleto; digestão extra e intracelular. 
Sistema circulatório 
Ausente; o alimento é distribuído directamente pela cavidade 
gastrovascular e difunde-se entre as células. 
Sistema respiratório 
Ausente; trocas gasosas directamente entre as células e a água 
circundante. 
Sistema excretor 
Ausente; excreções lançadas directamente pelas células na água 
circundante. 
Sistema nervoso Presente; rede nervosa difusa no corpo 
Reprodução 
Alguns Pólipos têm reprodução assexuada por brotamento e 
estrobilização; várias espécies têm ciclos de vida com alternância de 
gerações sexuada (medusa) e assexuada (pólipos) 
 
FILO PLATYHELMINTHES (Platelmintes) 
Grego (platy = achatado/helminthes = verme) 
O filo Platelminthes reúne animais com corpo achatado dorso-ventralmente, que vivem erm 
água doce ou salgada, em ambientes de terra firme húmidos ou no interior de outros animais, 
como parasitas. Os Platelminthes são agrupados em três classes: Turbellaria, Trematoda e 
Cestoda. A classe Turbellaria é constituída por espécies de vida livre (i.e.) não parasitas, 
conhecidas como Planária. 
A classe Trematoda apresenta espécies ectoparasitas e endoparasitas. Uma espécie 
endoparasita conhecida é o esquistossomo que causa a esquistossomose. 
A classe Cestoda reúne as Ténias que são endoparasitas do intestino de animais vertebrados. 
As ténias não possuem cavidade digestiva e alimentam-se exclusivamente dos nutrientes 
absorvidos da cavidade intestinal do hospedeiro. 
 
Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS 
 
 | 
 
 
133 
Características 
Hábitat Terrestres ou aquáticos (água doce ou salgada); várias espécies 
parasitas. 
Sistema digestivo Incompleto; cavidade gastrovascular muito ramificada; digestão 
extra e intra-celular. 
Sistema circulatório Ausente; alimento distribuído pela cavidade gastrovasculara todas 
as células do corpo. 
Sistema respiratório Ausente; trocas gasosas directamente entre as células e o ambiente. 
Sistema excretor Presente; rede de Protonefrídeos com células- flamas 
(multiflageladas) ou com solenócitos (uniflagelados); poros excretores 
localizados na superfície dorsal do corpo. 
Sistema nervoso Presente; um par de gânglios cerebrais ligados a dois cordões 
nervosos longitudinais, de onde partem nervos 
Sistema sensorial Presente; órgãos especializados na captaçãode estímulos luminosos, 
mecânicos e químicos. 
Reprodução 
Reproduzem-se assexuadamente por fragmentação; reprodução 
sexuada com espécies monóicas e desenvolvimento directo, sem 
estágio larval; há espécies dióicas e diversos Platelmintas parasitam 
que têm estágios larvais 
 
 
FILO ASQUELMINTHES OU NEMATHELMINTHES 
 (Asquelmintes ou Nematelmintes) 
Grego (askon = saco / helminthes = verme) 
São vermes que apresentam o corpo cilíndrico e alongado. Os representantes deste grupo 
vivem em todos os tipos de ambiente: em água doce ou salgada, na terra húmida ou no 
interior do corpo de animais e plantas parasitando-os. Os Nematodes parasitas mais 
conhecidos são as Lombrigas, os Ancilóstomos causadores do amarelão e as Filárias, 
causadoras da elefantíase (ou filariose). 
Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS 
 
 
 | 
 
134 
 
 
Características 
 
Hábitat 
Maioria das espécies de vida livre, terrestres ou aquáticas (água 
doce ou salgada), várias espécies parasitas de animais e plantas. 
Sistema digestivo Completo; digestão extra e intra-celular 
Sistema circulatório 
Ausente; alimento distribuído pelo fluído da cavidade de 
pseudocelómica. 
Sistema respiratório 
Ausente; trocas gasosas directamente entre as células e o ambiente 
(respiração cutânea) 
Sistema excretor 
Presente; a cargo do renete, célula gigante em forma de letra H que 
forma dois tubos laterais unidos na região anterior; poro excretor 
abrindo-se perto da boca 
Sistema nervoso 
Presente; anel nervoso em torno da faringe com dois cordões 
nervosos longitudinais. 
Reprodução 
Sexuada; monóico ou dióico; ciclos dos parasitas são complexos 
com diversos estágios larvais. 
 
FILO MOLLUSCA (Moluscos) 
Latim (mollis = mole) 
Figura 86: Organismos nematelmintes (esquerda) e membro inferior de um homem com filariose 
Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS 
 
 | 
 
 
135 
São Metazoários que apresentam o corpo mole comummente envolvido por uma concha 
calcária e constituído de três partes: cabeça, massa visceral e pé. Os representantes deste 
grupo são os caramujos, mexilhões, polvos, o caracol, as lulas, etc. Polvos e lesmas são 
desprovidos de concha e as lulas apresentam uma concha interna denominada pena ou siba. 
Existem três classes de moluscos: 
Bivalve- reúne moluscos marinhos ou de água doce dotados de concha com duas valvas. 
Exemplos: ostras e mexilhões. 
Gastropode- representa maior número de espécies com representante nos rês tipos de 
ambientes: marinho, água doce e terra firme. Ex: caramujos, caracóis. 
Cephalopoda- reúne moluscos que vivem exclusivamente no mar. Ex: polvo, lulas. 
 
Figura 87: exemplos de moluscos cefalópodes 
Características 
Hábitat 
Animais de vida livre, terrestres ou aquáticos, de água doce ou 
salgada; raras espécies parasitas, com larvas e brânquias de 
peixes. 
Sistema digestivo 
Completo (tubo digestivo com regiões diferenciadas e glândulas 
digestivas associadas); digestão extra e intracelular em bivalves 
e gastrópodes; digestão exclusivamente extracelular em 
cefalópodes. 
Sistema respiratório 
Presente; trocas gasosas ocorrem em órgãos especializados, 
brânquias e pulmões; este sistema está acoplado ao sistema 
circulatório (gases respiratórios são transportados pelo liquido 
sanguíneo) 
Sistema excretor 
Presente; excreção por meio de metanefrídeos, estruturas 
especializadas na remoção de resíduos nitrogenados do 
metabolismo 
Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS 
 
 
 | 
 
136 
Sistema circulatório 
 Presente do tipo aberto ou lacunar em bivalves e gastrópodes, e 
fechado em cefalópodes. 
Sistema nervoso 
Presente; composto por três ou quatro pares de gânglios 
nervosos, ligado a nervos que atingem para todo o corpo. 
Reprodução 
Sexuada, com espécies monóicas (caracóis) e dióicas 
(mexilhões); em alguns casos o desenvolvimento é directo e em 
outros há estágios larvais. 
. 
FILO ANNELIDA (Anelídeos) 
Latim (annelus = anel) 
São vermes que apresentam o corpo segmentado em anéis, de forma transversal. Os anelídeos 
são distribuídos em três classes: Poliquetos, Oligoquetos e Hirudineos. 
Os Poliquetos (são anelídeos marinhos, caracterizados por apresentar numerosas cerdas 
corporais. Os oligoquetos, são anelídeos com poucas cerdas corporais. Seus representantes 
típicos são as minhocas. As minhocas auxiliam no processo de decomposição da matéria 
orgânica e a fertilização do solo, com produção de húmus. A classe Hirudinea é popularmente 
conhecida como sanguessugas, são anelídeos desprovidos de cerdas. O termo sanguessuga, 
refere-se ao hábito alimentar da maioria dos Hirudineos: sugar sangue e fluidos corporais de 
vertebrados. 
 
Figura 88: A minhoca e sanguessuga 
Características 
Hábitat Animais de vida livre, terrestres ou aquáticos, de água doce ou salgada 
Sistema digestivo 
Completo; intestino com regiões diferenciadas em faringe, papo, moela, etc; 
digestão extracelular 
Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS 
 
 | 
 
 
137 
Sistema respiratório 
Branquial, em certos poliquetos; respiração cutânea, em oligoquetos e 
hirudíneos; trocas gasosas ocorrem pela superfície corporal, irrigada de 
sangue. 
Sistema excretor 
Presente; excreção por meio de metanefrídeos; amónia é o principal produto 
nitrogenado excretado 
Sistema circulatório 
Fechado; presença de vasos pulsáteis, os corações laterais; liquido sanguíneo 
com pigmentos respiratórios (hemoglobina em oligoquetos) 
Sistema nervoso 
Presente; constituído por uma cadeia nervosa ventral, com um par de 
gânglios por segmento; gânglios cerebrais bem desenvolvidos 
Reprodução 
Sexuada, com espécies monóicas (minhoca) e dióicas (certos poliquetos 
marinhos); oligoquetos e hirudíneos têm desenvolvimento directo; a maioria 
dos poliquetos tem desenvolvimento indirecto (larva trocófora) 
 
 
FILO ARTHROPODA (Artrópodes) 
Grego (arthros = articulação / podos = pés, patas 
O filo Artrópode inclui animais que se caracterizam por 
apresentar patas articuladas. O corpo dos artrópodes é 
revestido por um exoesqueleto quitinoso secretado pela 
própria epiderme. A quitina é um polissacarídeo nitrogenado 
que apresenta importante função estrutural, constituindo 
também a parede celular dos fungos. A presença desse 
exosqueleto limita o crescimento dos artrópodes, fazendo com 
que esses animais sofram mudas periódicas ou ecdises. Seus 
representantes são divididos em três subfilos: crustáceos, 
quelicerados e unirrâmios. 
Subfilo Características Hábitat Representantes 
Crustáceos 
Animais dotados de 
cefalotórax e abdómen, dois 
pares de antenas e cinco 
pares de pernas locomotoras 
no cefalotórax, geralmente 
com apêndices abdominais 
A maioria vive em 
ambiente aquático de 
água doce ou salgada; 
poucas formas terrestres 
em ambientes de muita 
humidade 
Camarão, lagosta, 
caranguejo 
Figura 89: Representantes dos artrópodes 
Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS 
 
 
 | 
 
138 
Quelicerados 
Animais dotados de corpo 
dividido em cefalotórax e 
abdómen, sem antenas, com 
quatro pares de pernas 
locomotoras no cefalotórax e 
sem apêndices abdominais 
 A maioria terrestres, 
com poucos 
representantes aquáticos 
Aranhas, escorpiões, 
ácaros. Carrapatos 
Unirrâmios 
Animais dotados de corpo 
dividido em cabeça, tórax e 
abdómen; um par de 
antenas, três pares de pernas 
locomotoras e sem apêndices 
abdominais 
Vivem em todos os 
ambientes,estando 
ausentes apenas no mar; 
sãos os únicos 
invertebrados capazes de 
voar 
Pulga, mosca, mosquito. 
 
 
Características 
 
Sistema digestivo 
Completo; tubo digestivo com regiões diferenciadas e glândulas 
acessórias; digestão extracelular; peças bucais para manipular e triturar 
o alimento (mandíbulas, maxilar, maxílipedes, etc.) 
Sistema respiratório 
Branquial (crustáceos), traqueal (insectos e aracnídeos) e pulmonar ou 
filotraqueal (quelicerados) 
Sistema excretor 
Presente; glândula antenal ou glândula verde (crustáceos), tubos de 
Malphigi (insectos e aracnídeos) e glândulas coxais (aracnídeos) 
Sistema circulatório 
Aberto; líquido sanguíneo (hemolinfa) pode ou não apresentar 
pigmentos respiratórios (hemoglobina ou hemocianina) 
Sistema nervoso 
Presente; composto por gânglios cerebrais desenvolvidos (resultado da 
fusão de vários gânglios nervosos) e por uma cadeia nervosa ventral, 
com pares de gânglios dispostos em sequência 
Sistema sensorial 
Presente; olhos (simples ou compostos) órgãos de equilíbrio, sensores 
tácteis e químicos 
Reprodução 
Sexuada; espécies dióicas, fecundação externa ou interna; 
desenvolvimento directo ou indirecto; insectos podem ser ametábolos 
(desenvolvimento directo) ou metábolos (desenvolvimento indirecto), 
estes últimos com metamorfose gradual (hemimetábos) ou completa 
(holometábolos) 
 
 
Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS 
 
 | 
 
 
139 
FILO ECHINODERMATA (Equinodermes) 
Grego (echinos = espinho / derma = pele) 
Os equinodermes constituem um grupo de animais exclusivamente marinhos que apresentam 
a pele revestida por espinhos. Apresentam um endoesqueleto formado de placas calcárias 
derivado do mesoderma. Seus representantes são estrela-do-mar, ouriço-do-mar, bolachas-do-
mar e os pepinos-do-mar. 
 
 
Figura 90: A estrela e o ouriço do mar 
Características 
 
Hábitat Animais de vida livre, exclusivamente marinhos 
Sistema digestivo Completo; digestão extracelular 
Sistema respiratório 
Reduzido (branquial) ou ausente; trocas gasosas são facilitadas pelo sistema 
hidrovascular (ou sistema ambulacral- consiste em tubos e bolsas cheios de 
água do mar, que se comunicam com formações presentes ns superfície do 
corpo, os pés ambulacrais 
Sistema excretor 
Ausente; excreções lançadas directamente na água que circula no sistema 
hidrovascular 
Sistema circulatório Ausente ou reduzido; distribuição de substâncias pelo fluido celómico 
Sistema nervoso 
Presente: composto por um anel nervoso em torno da boca, de onde partem 
nervos radiais. 
Sistema hidrovascular 
Exclusivo do filo, desempenha funções de locomoção, fixação e captura de 
alimento, além de contribuir na respiração e na excreção 
Reprodução 
Sexuada, espécies dióicas, fecundação externa e desenvolvimento indirecto 
com um ou mais tipos de larvas (plúteo, bipinária e braquiolária) 
Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS 
 
 
 | 
 
140 
FILO CHORDATA (Cordados) 
Grego (khorde = corda) 
Cordados são animais triblásticos, celomados, metamerizados e deuterostómicos. Reúne 
espécies distribuídas em três subfilos: Urochordata, Cephalochordota e Craniata ou 
Vertebrata. 
Urocordados e Cefalochordados não têm crânio nem coluna vertebral, sendo por isso chamados 
protocordados. 
O Subfilo Craniata, que reúne cerca de 98% das espécies de cordados, caracteriza por 
apresentar crânio e coluna vertebral. 
Encontramos no Filo Chordata três características que são consideradas como as mais 
importantes e que estão presentes em todos os seus representantes, pelo menos em alguma 
fase de sua vida. São elas: 
 Notocorda: Bastão gelatinoso localizado dorsalmente ao tubo digestivo. Funciona 
como primeira estrutura de sustentação do corpo de um Cordado. 
 Tubo nervoso dorsal: Formado a partir do ectoderma, este tubo originará o sistema 
nervoso do cordado. 
 Fendas branquiais faringeanas: Abertura formada na faringe do embrião que podem 
servir para filtração de alimento (Anfioxo) ou para a respiração (Peixes). Nos 
vertebrados terrestres, essas fendas esboçam-se no embrião, porém nunca no animal 
adulto. 
Craniata ou Vertebrata 
Agnathos 
Lampreia- vertebrados marinhos (podem viver também em água doce) sem mandíbula, 
com esqueleto cartilaginoso e corpo alongado. As formas larvais vivem semienterradas e 
são filtradores; os adultos são ectoparasitas de peixes. 
Peixes 
 Chondricthyes- vertebrados aquáticos, em sua maioria marinhos, 
dotados de mandíbula, com esqueleto cartilaginoso e nadadeiras 
pares. Apresentam corpo revestido por escamas placoides de 
origem dermo-epidermica. Ex.: tubarão, raias e quimeras. 
Manual de Biologia. VIII – BIOLOGIA DOS ANIMAIS 
 
 | 
 
 
141 
 Actinopterygii- vertebrados aquáticos, marinhos e de água doce, dotados de mandíbula 
e esqueleto ósseo; caracterizam-se por apresentar nadadeiras sustentadas por raios 
ósseos. A pele é revestida por escamas de origem dérmica, cobertas por epiderme. Ex.: 
sardinha, carapau, bagre. 
Tetrápodes 
AMPHIBIA – vertebrados ectotérmicos, dotados de pele lisa, sem 
escamas e rica em glândulas mucosas. Na maioria das espécies os 
adultos vivem em terra firme e respiram por pulmões, enquanto as 
larvas, denominadas girinos, são aquáticas e respiram por meio de 
brânquias. Ex: sapos, salamandras. 
REPTILIA – vertebrados terrestres, ectotérmicos e 
pulmonados, dotados de pele seca e cornificada. Seu desenvolvimento 
embrionário ocorre no interior de um ovo revestido por membrana coriácea ou 
calcária (ovo terrestre). Ex.: serpentes, lagartos, jacarés. 
 
AVES – vertebrados terrestres, endotérmicos com corpo 
recoberto por penas, membros anteriores modificados em asas e 
dotados de bico córneo desprovido de dentes. Seu desenvolvimento 
embrionário ocorre no interior de um ovo de casca calcária, 
semelhante ao dos répteis. Exemplos: avestruz, galinha. 
MAMMALIA – vertebrados endotérmicos que se caracterizam por apresentar: 
glândulas mamárias, corpo total ou parcialmente coberto por pêlos, dentes 
diferenciados e diafragma, uma membrana muscular que separa o tórax do abdómen 
e participa da ventilação dos pulmões. Ex: canguru, ornitorrinco, cão, baleia, ser 
humano 
Manual de Biologia. IX ECOLOGIA 
 
 
 | 
 
142 
 
UNIDADE XI - ECOLOGIA 
INTRODUÇÃO 
Um ser vivo, qualquer que seja a sua espécie seu reino ou seu grau de complexidade, não 
conseguiria viver de forma autónoma sem interagir com outros ou mesmo com ambiente 
físico no qual se encontra. Ao estudo dessas inter-relações entre os seres vivos e o meio 
ambiente, dá-se o nome de Ecologia (esse termo foi utilizado pela primeira vez em 1870 pelo 
naturalista alemão Ernst Haeckel). 
Desta complexa relação que pode ser amistosa ou não, os seres vivos constituem o 
componente biótico ao passo que as condições físicas e químicas necessárias para a vida dos 
mesmos (que no seu conjunto chama-se biótopo) constitui o componente abiótico. Fazem 
parte do biótopo a temperatura, pluviosidade, luminosidade, humidade, água, sais minerais, 
oxigénio, etc. 
Tendo em conta que nos últimos anos a acção do homem sobre o meio ambiente tem causado 
sérios desequilíbrios ecológicos, o estudo da ecologia do ponto de vista prático, reveste-se de 
extrema importância na medida em que ajuda-nos a compreender a necessidade da 
preservação do meio ambiente para a manutenção da vida no planeta. 
NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO EM ECOLOGIA 
Os níveis de organização estudados em ecologia ou simplesmente Unidades Ecológicas são: 
população, comunidade, ecossistema e biosfera. 
População - grupo de indivíduos de mesma espécie que vivem em uma determinada área na 
mesma unidade de tempo. 
Comunidade, comunidade biótica ou biocenose - representa um conjunto de populações 
(neste caso, de espécies diferentes) que vivem em uma determinada área na mesma unidade de 
tempo. 
Ecossistema ou sistema ecológico - representa um sistema de integração entreseres vivo e 
meio ambiente. Ou seja, comunidade + biótopo = ecossistema. 
Biosfera - conjunto de todos os ecossistemas do planeta Terra, ou seja, toda a região do 
planeta ocupada pelos seres vivos. 
 
Manual de Biologia. IX – ECOLOGIA 
 
 | 
 
 
143 
CONCEITOS BÁSICOS EM ECOLOGIA 
Habitat - É o local natural onde vive uma determinada espécie. Como exemplos temos as 
savanas. Estas são o habitat natural dos búfalos ao passo que os oceanos são o habitat natural 
dos tubarões 
 
Figura 91: Búfalos e tubarão em seus habitats 
Nicho Ecológico - é o conjunto de parâmetros que definem o comportamento ou papel de 
uma determinada espécie no ambiente. Destes parâmetros distinguem-se: 
a) O tipo de alimentação, 
b) As relações com outras espécies e 
c) As modificações que causa no ambiente. 
Em um mesmo ecossistema, duas espécies diferentes podem apresentar o mesmo habitat e o 
mesmo nicho ecológico. No entanto, nunca terão por muito tempo o mesmo nicho ecológico, 
já que a competição leva ao desaparecimento de uma delas (princípio da exclusão competitiva de 
Gause). 
 
Figura 92: Representação de um ecótone 
Manual de Biologia. IX ECOLOGIA 
 
 
 | 
 
144 
Ecótone – região de transição entre dois ecossistemas vizinhos. O ecótone abriga 
representantes das duas comunidades vizinhas, constituindo uma área onde a diversidade de 
espécies e a taxa de competição entre elas são relativamente grandes (figura 92). 
Sucessão Ecológica: é um processo no qual as comunidades se substituem lentamente numa 
sequência ordenada até o estabelecimento de uma comunidade final e estável, em perfeito 
equilíbrio com o meio, denominada Comunidade Clímax. Desta forma, as comunidades 
pioneiras (que são as primeiras a colonizar o biótopo) criam condições para o surgimento das 
comunidades intermédias e do clímax. (figura 92) 
CADEIA ALIMENTAR 
É o fluxo de matéria e energia através dos vários componentes de um ecossistema. Pode ser 
também entendida como sendo a sequência linear de seres vivos em que um serve de alimento 
para o outro. O Conjunto de cadeias alimentares de um ecossistema constitui uma teia 
alimentar. 
Quanto à cadeia alimentar, os seres vivos classificam-se em três grandes grupos: 
 Produtores ou autotróficos - seres capazes de produzir o seu próprio alimento (substâncias 
orgânicas) a partir de substâncias inorgânicas. Conforme a fonte de energia utilizada na 
produção do próprio alimento, os produtores são classificados em: 
 Fotossintetizadores- Utilizam a energia luminosa. Nos ecossistemas aquáticos, os 
principais fotossintetizantes são as algas que integram o fitoplâncton (organismos 
clorofilados flutuantes). Nos ecossistemas terrestres, os fotossintetizantes são os 
vegetais classificados no reino Metaphyta. 
 Quimiossintetizadores - Utilizam a energia liberada em reações de oxidação de 
substâncias inorgânicas. Os organismos quimiossintetizantes são representados por 
algumas bactérias. 
 Consumidores ou Heterotróficos - seres incapazes de produzir o seu próprio alimento. Os 
consumidores primários são herbívoros já que se utilizam dos produtores como fonte 
alimentar. Os consumidores secundários, terciários, quaternários. etc. são carnívoros. Os 
consumidores secundários alimentam-se dos consumidores primários, os terciários 
alimentam-se dos secundários e assim por diante (Fig. 93). 
 Decompositores, saprófitas, saprófagos ou sapróvoros - representam um tipo especial 
de consumidores que realizam a decomposição da matéria orgânica, transformando-a 
em compostos inorgânicos que serão utilizados por eles próprios como alimento, ou 
utilizados novamente pelos produtores (figura 93). Assim, percebemos que a ação dos 
decompositores é imprescindível para a reciclagem da matéria. 
Manual de Biologia. IX – ECOLOGIA 
 
 | 
 
 
145 
Os agentes decompositores são representados por bactérias e fungos. 
 
Figura 93 
Os produtores constituem a base das cadeias alimentares. A energia contida no alimento 
elaborado pelos produtores é transferida aos consumidores primários e destes aos 
consumidores secundários, terciários, etc. 
Após a morte, produtores e consumidores de todos os níveis sofrem a ação dos 
decompositores, permitindo a reciclagem da matéria à medida que devolvem ao ambiente 
substâncias inorgânicas que são absorvidas pelos vegetais. Para que uma cadeia alimentar seja 
considerada completa devem estar presentes produtores, consumidores e decompositores. 
É comum os decompositores não serem representados em certas cadeias alimentares por se 
achar implícita a sua atuação. Observe dois exemplos de cadeias alimentares na figura 94. 
 
Figura 94 
No exemplo 1, o capim é um produtor; o gafanhoto, um consumidor primário; o sapo, um 
consumidor secundário; a cobra, um consumidor terciário e o gavião, um consumidor 
quaternário. Ainda neste exemplo, saiba que todos os seres que tal como o sapo, por exemplo, 
que se alimenta de gafanhotos e é comido pela cobra formam com o sapo um nível trófico. 
Manual de Biologia. IX ECOLOGIA 
 
 
 | 
 
146 
No processo de reciclagem da matéria a energia luminosa fixada pelos seres autotróficos é 
transmitida sob a forma de energia química aos demais seres vivos. A energia incorporada 
pelos seres vivos que compõem uma cadeia alimentar vai diminuindo à medida que passa 
pelos consumidores. Isso ocorre porque cada integrante da cadeia consome com suas próprias 
atividades a maior parte da energia adquirida. Assim, transfere-se para o nível trófico seguinte 
apenas uma pequena parcela da energia recebida. Deste modo, quanto mais curta for uma 
cadeia alimentar, maior será a quantidade de energia disponível para os níveis tróficos mais 
elevados. Com isso, concluímos que o fluxo de energia é decrescente e unidirecional. Todo 
esse processo pode ser expresso mediante uma pirâmide ecológica (figura 95). 
 
Figura 95 
RELAÇÕES ECOLÓGICAS 
De uma maneira geral as relações entre os seres vivos na natureza servem para regular a 
densidade populacional, contribuindo para a manutenção do equilíbrio no ecossistema. 
Quando ocorrem entre seres da mesma espécie, elas dizem-se intra-específicas e quando 
ocorrem entre seres de espécie diferentes dizem-se inter-específicas. Elas podem ainda 
classificar-se em : 
 Harmônicas – quando nenhum dos seres envolvidos sai prejudicado. 
 Desarmônicas – quando pelo menos um dos seres envolvidos sai prejudicado. 
 
RELAÇÕES HARMÔNICAS: 
a) Colônia: relação intra-especifica na qual os indivíduos envolvidos apresentam-se 
unidos fisicamente, podendo tais indivíduos desempenhar ou não exatamente as 
mesmas atividades (figura 93). 
Manual de Biologia. IX – ECOLOGIA 
 
 | 
 
 
147 
 
Figura 96: Uma colónia de bactérias 
Escherichia coli no intestino humano 
observada ao microscópio eletrônico 
b) Sociedade: relação intra-específica na qual os indivíduos envolvidos não se encontram 
unidos fisicamente e apresentam sempre uma notável divisão de trabalho. Exemplos: 
as sociedades das abelhas (Fig. 7), vespas, marimbondos… e até mesmo as sociedades 
humanas. 
c) Mutualismo: relação inter-específica na qual duas espécies se associam 
obrigatoriamente beneficiando-se mutuamente. O exemplo típico de mutualismo são 
os líquenes – que resultam da associação entre algas e fungos: as algas realizam a 
fotossíntese oferecendo parte do alimento produzido para os fungos e em 
compensação, os fungos protegem as algas e retiram água e sais minerais do ambiente 
para que as algas realizem a fotossíntese. 
São também outros exemplos de mutualismo as bacteriorrizas (relação entre bactérias 
e raízes de plantas leguminosas), as micorrizas (relação entre fungos e raízes de certas 
plantas), a relação entre herbívoros ruminantes e microrganismos, salalé e 
protozoários, etc. 
d) Protocooperação: ao contrário do mutualismo, na protocooperação as espécies se 
associam não de forma obrigatória trocando benefíciosentre si. EX.: O pássaro anu e 
o gado, na qual, o anu retira da pele do gado carraças para se alimentar; assim, o anu 
beneficia-se pelo alimento e o gado por se ver livre das carraças. Note que essa 
associação não é obrigatória, pois, o anu poderia ir procurar alimento noutro sítio e 
também porque dificilmente o gado morreria com a presença das carraças e por outro 
lado, elas poderiam ser retiradas pelo seu dono (pastor). 
e) Comensalismo: relação inter-específica na qual apenas uma das espécies sai beneficiada 
mas sem prejudicar a outra espécie. No comensalismo, o benefício pode ser de várias 
formas: alimento, transporte, abrigo, proteção, etc. Exemplos: a entamoeba coli é uma 
bactéria que habita o intestino humano alimentando-se de restos de alimentos ai 
presentes mas em condições normais a mesma não causa danos à saúde do homem. 
Manual de Biologia. IX ECOLOGIA 
 
 
 | 
 
148 
RELAÇÕES DESARMÔNICAS: 
a) CANIBALISMO: Relação na qual um indivíduo alimenta-se de outro da mesma 
espécie causando a sua morte. Este tipo de relação verifica-se frequentemente em 
aranhas, grilos, piranhas, etc. 
b) PARASITISMO: Relação inter-específica na qual um indivíduo sai beneficiado 
(parasita) com prejuízo do outro (hospedeiro). EX.: relação entre a lombriga e o 
homem (Fig. 7). 
c) PREDATISMO: Relação na qual um indivíduo (predador) serve-se de outro indivíduo 
doutra espécie (presa) como fonte de alimento causando a sua morte. EX.: relação 
entre o tigre e o veado. 
d) COMPETIÇÃO: Relação intra-específica ou inter-específica na qual os indivíduos 
lutam pelos mesmos factores quando não são suficientes para todos. Os principais 
factores pelos quais os indivíduos lutam são: alimento, abrigo e parceiros para 
reprodução. 
Note que a competição leva à diminuição da amplitude do nicho ecológico ou à 
extinção dos indivíduos menos adaptados e à permanência dos melhores adaptados, 
constituindo assim juntamente com o parasitismo, predatismo e canibalismo um 
mecanismo de resistência ambiental e um factor regulador do crescimento das 
populações. 
e) AMENSALISMO ou ANTIBIOSE: relação inter-específica na qual indivíduos de uma 
população liberam substâncias químicas que impedem o crescimento ou a reprodução 
de outras populações, podendo provocar a morte de muitos organismos. 
Acção do homem sobre o ambiente: poluição 
Dá-se o nome de poluição ao desequilíbrio do ambiente causado pela introdução de resíduos 
sólidos, líquidos ou gasosos resultantes das actividades humanas, levando a consequências na 
saúde do próprio homem, dos outros seres vivos e dos ecossistemas em geral. Tendo em conta 
o lugar poluído, os três principais tipos de poluição são: 
POLUIÇÃO DO AR 
Tipo de poluição em que está em causa a disponibilidade de O2 para respirar devido à 
adição constante de outros gases que interferem negativamente na respiração. Os 
principais poluentes gasosos são: 
Manual de Biologia. IX – ECOLOGIA 
 
 | 
 
 
149 
a) CO2 – Liberado em reacções de combustão; este gás pode elevar a temperatura da superfície 
terrestre, gerando o efeito estufa. 
b) CO - Liberado a partir da combustão incompleta do petróleo e do carvão; este gás ocupa os 
sítios de ligação da hemoglobina com o O2 podendo causar morte por asfixia. 
c) NO2 - Liberado a partir de motores a combustão, aviões, fornos e incineradores; na espécie 
humana compromete a respiração e nos vegetais inibe a fotossíntese. 
d) Óxidos de Enxofre - Liberados a partir da combustão dos derivados do petróleo; no homem 
causa lesões pulmonares e nas plantas destrói as folhas. 
 
POLUIÇÃO DA ÁGUA 
Corresponde ao lançamento de excessivas quantidades de esgotos, detergentes e despejos 
de fábricas na água. Ao se adicionar excesso de matéria orgânica à água, os raios luminosos 
não penetram adequadamente e os microrganismos decompositores se desenvolvem 
exageradamente, consumindo o oxigénio dissolvido na água. A diminuição da quantidade de 
oxigénio dissolvido na água é um dos principais indicadores de poluição. 
 
POLUIÇÃO DO SOLO 
Corresponde ao lançamento no solo de substâncias decorrentes da decomposição do lixo, 
além de insecticidas e herbicidas em excesso. O insecticida DDT é responsável pela 
destruição de várias espécies de organismos e, com o seu uso, ocorre a selecção de 
espécies resistentes prejudiciais à vida humana. Tais substâncias apresentam efeito 
duradouro e são transmitidas ao longo das cadeias alimentares, provocando lesões e 
mortes em vários indivíduos, o que altera o equilíbrio ecológico. 
 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 
 | 
 
150 
 
UNIDADE IX – INTRODUÇÃO A ANATOMIA E 
FISIOLOGIA HUMANAS 
 
Anatomia é uma palavra grega que significa cortar em partes, cortar separado sem destruir os 
elementos componentes. O equivalente em português é dissecção. 
Por definição anatomia é a parte da biologia que estuda a morfologia ou estrutura dos seres 
vivos. 
De forma didática, neste módulo procuramos abordar a anatomia e fisiologia humana de 
forma integrada, isto é, à medida que se estuda uma estrutura, órgão, aparelho ou sistemas, o 
faremos caracterizando também sua função. 
Nesta primeira parte faremos uma abordagem do aparelho locomotor. 
 
APARELHO LOCOMOTOR 
Aparelho locomotor é o conjunto de ossos, 
articulações e músculos que ligados entre si 
constituem parte activa e passiva do corpo humano. 
OSSOS 
Os ossos são órgãos esbranquiçados, muito duros, 
que unindo-se uns aos outros, por intermédio das 
articulações constituem o esqueleto. É uma forma 
especializada de tecido conjuntivo. 
FUNÇÕES DOS OSSOS 
Os ossos apresentam as seguintes funções: 
 Sustentação: 
 Proteção: 
 Suporte ou fixação: 
 Mecânica articular: 
 Metabólicas: 
 Hematopoiese: 
Figura 97: Cabeça óssea vista de frente 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 | 
 
 
151 
Quantidade de ossos no corpo humano 
É clássico admitir que o corpo humano possui 206 ossos. Mas esse número varia de indivíduo 
para individuo, e na mesma pessoa varia conforme a idade. 
Quando você era criança possuía mais ossos que agora. Isso ocorre porque nas crianças alguns 
ossos ainda não se uniram e no adulto alguns ossos "acessórios" podem aparecer (ossos 
sesamóides). 
Ossos da cabeça: compreende 23 ossos. 
Segmento Número Ossos 
Viscerocránio 15 Impares: mandíbula, vômer, hióide 
Pares: Nasal, lacrimal, zigomático, 
maxilares, palatino, cornetos inferires, 
Neurocránio 08 Impares: Frontal, occipital, esfenóide e 
etmóide. 
Pares: Parietal, temporal 
 
 
Figura 98: Cabeça óssea num plano de perfil 
Ossos da coluna vertebral: compreende 26 ossos distribuídos em quatro segmentos 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 
 | 
 
152 
Segmento Número 
Cervical 07 
Torácico 12 
Lombar 05 
Sacro-coccígeo 02 
 
 
 
Ossos dos membros superiores 
Podem ser organizados em quatro segmentos: 
 
 
 
Ossos do membro inferior: são organizados em 4 segmentos: 
Segmento Ossos 
Cintura escapular Escápula 
Clavícula 
Braço Úmero 
Antebraço Ulna ou Cúbito e radio 
Mão Carpo 
Metacarpo 
Falanges 
Figura 100: Segmentos da 
coluna vertebral 
Figura 100: Ossos do tórax: 
compreendem 12 pares de costelas e o 
esterno. 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 | 
 
 
153 
Segmento Ossos 
Cintura pélvica Ilíaco 
Coxa Fêmur 
Perna Tíbia e Fíbula ou perônio 
Pé Tarso Metatarso Falanges 
 
Ossos do ouvido: martelo, bigorna e o estribo 
 
ARTROLOGIA 
Articulação: conjunto de partes moles e duras através das quais se unem duas ou mais peças 
ósseas e/ou cartilagíneas. Classificam-se em: 
• Articulações Fibrosa (fixas e contínuas) têm como meio de união o tecido fibroso. 
EX.: Sutura sagital (unindo os dois ossos parietais) 
• Articulações Cartilagíneas (semimóveis e contínua) têm como meio de união o 
tecido cartilagíneo. EX.: Sínfisepúbica (unindo os dois ossos ilíacos) 
• Articulação Sinoviais ou Diartroses (descontínuas e moveis). EX.: Articulação do 
joelho (unindo o fémur e a tíbia) 
MIOLOGIA 
Músculos: São órgãos carnudos, moles e de coloração avermelhada que devidas as suas 
propriedades contrácteis provocam movimentos tanto nos órgãos que os possuem como 
no corpo humano, responsáveis activos do trabalho mecânico. 
 Constituem pois o componente activo do movimento e do aparelho locomotor. 
Existem vários critérios de classificação dos músculos; de uma forma resumida eles 
podem ser classificados: 
 
 
 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 
 | 
 
154 
APARELHO DIGESTIVO 
O aparelho digestivo é constituído por um complexo grupo de órgãos cuja função consiste 
na transformação ________________ e ______________ dos alimentos, na absorção das 
substancias elaboradas e na _____________ dos resíduos não digeridos. 
O aparelho digestivo encontra-se dividido em _________________ e 
______________________ 
Os órgãos que constituem o ______ digestivo compreendem: ________, _________, 
________, __________, intestino __________ e __________, ___________. 
O intestino delgado apresenta três porções nomeadamente: _____________, ___________ 
e __________ 
Ao passo que o intestino grosso compreende o cego com o apêndice vermiforme, cólon 
ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmoide, recto e canal anal. 
 
Figura 101: Aparelho digestivo 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Digestive_system_diagram_pt.svg
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 | 
 
 
155 
 
DIGESTÃO 
A digestão é o conjunto das transformações, __________ e __________, que ocorre no tubo 
digestivo através do qual os alimentos são degradados em componentes mais simples, 
__________ e ____________. 
Os eventos mecânicos da digestão consistem na mastigação (trituração dos alimentos), 
deglutição e peristaltismo. Ao passo que os eventos químicos consistem na ação de enzimas 
sobre os alimentos em determinadas porções do tubo digestivo com a subsequente formação 
do bolo alimentar, formação do quilo, e do quimo. 
Onde, como e quando começa a digestão? 
A digestão começa na ______, onde por ação mecânica dos dentes (mastigação) e ação 
química por ação química das enzimas contida na saliva (hidrolases) os alimentos são 
transformados em ___________________ 
O __________________ passa da faringe para o estômago, através dos movimentos 
peristálticos (tecido muscular liso) no esôfago, continuando a sofrer a ação da saliva. Ao 
chegar ao estômago, o bolo alimentar sofre a ação mecânica dos movimentos peristálticos, e a 
ação química do suco gástrico (contem pepsina), transformando-se em _________. 
O ________ segue então para a região pilórica, atravessa o duodeno onde recebe os sucos 
intestinais e o suco pancreático que, com a ajuda de enzimas, decomporão ainda mais a massa 
alimentar, transformando-a em quilo, que entra no ___________. 
Aqui, pelo efeito dos movimentos peristálticos do intestino, o quilo vai sendo empurrado em 
direção ao intestino grosso, enquanto vai ocorrendo __________ dos nutrientes, com a ajuda 
das vilosidades intestinais. A parte que não é aproveitada do quilo é, finalmente, evacuada 
pelo ânus sob a forma de _________. 
SISTEMA CARDIOVASCULAR 
O sistema cardiovascular é constituído por um conjunto de vasos associados a uma bomba 
propulsora de sangue. 
Através do sistema circulatório, ocorre a distribuição de substâncias úteis, como nutrientes, 
oxigénio, hormônios e anticorpos e a recolha dos produtos do metabolismo celular. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alimento
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dente
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mastiga%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecido_muscular_liso
http://pt.wikipedia.org/wiki/Es%C3%B4fago
http://pt.wikipedia.org/wiki/Piloro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Duodeno
http://pt.wikipedia.org/wiki/Suco_intestinal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Suco_intestinal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Suco_pancre%C3%A1tico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Enzima
http://pt.wikipedia.org/wiki/Quilo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Intestino_grosso
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nutriente
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vilosidade_intestinal
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%82nus
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 
 | 
 
156 
O coração humano possui quatro cavidades: dois átrios de paredes finas e dois ventrículos de 
paredes mais espessas. Separando o átrio direito do ventrículo direito encontra-se a 
_________________ e separando o átrio esquerdo do ventrículo esquerdo encontra-se a 
_________________ 
Os vasos sanguíneos são classificados em três tipos, 
nomeadamente ____________, _________ e 
____________ 
As _________ são vasos que conduzem o sangue 
____________ do coração para as diversas partes do 
organismo. 
 
As ___________ são vasos que conduzem o sangue 
rico em ____ para o coração. 
Os ___________ são vasos de calibre microscópico, 
onde ocorrem as trocas de substâncias entre o 
plasma sanguíneo e as células dos tecidos. 
 
Fisiologia da circulação 
Para melhor compreensão da fisiologia da 
circulação, deve-se lembrar que o sangue arterial 
sistémico é rico em oxigénio, enquanto o sangue 
venoso sistémico é rico em gás carbónico. 
Circulação Pulmonar - leva sangue do ventrículo 
direito do coração para os pulmões e de volta ao 
átrio esquerdo do coração. Ela transporta o sangue 
pobre em oxigénio para os pulmões, onde ele libera 
o dióxido de carbono (CO2) e recebe oxigénio (O2) 
por processo designado por ____________. 
O sangue oxigenado, então, retorna ao lado esquerdo do coração para ser bombeado para 
circulação sistémica. 
Em linhas curtas a circulação pulmonar (pequena circulação), começa no 
_________________ e termina na ____________. 
 
Figura 102: Estruturas do Sistema Cardiovascular 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 | 
 
 
157 
 
Circulação Sistémica – também chamada grande circulação; ela fornece o suprimento 
sanguíneo para todo o organismo. A circulação sistémica carrega oxigénio e outros 
nutrientes vitais para as células, e capta dióxido de carbono e outros resíduos das células. 
Começa no ___________ e termina no __________ 
As câmaras cardíacas contraem-se e dilatam-se alternadamente 70 vezes por minuto, em 
média. O processo de contração de cada câmara do miocárdio (músculo cardíaco) 
denomina-se sístole. O relaxamento, que acontece entre uma sístole e a seguinte, é a 
diástole. 
 
Figura 103: As fases do ciclo cardíaco 
 
 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 
 | 
 
158 
 
SISTEMA RESPIRATÓRIO 
É o conjunto de órgãos responsáveis pela 
entrada, filtração, aquecimento, umidificação 
e saída de ar do nosso organismo. Faz as 
trocas gasosas do organismo com o meio 
ambiente, oxigenando o sangue e 
possibilitando que ele possa suprir a demanda 
de oxigénio do indivíduo para que seja 
realizada a respiração celular. 
Os órgãos do sistema respiratório, além de 
dois pulmões, são: nariz, fossas nasais, boca, 
faringe (nasofaringe), laringe, traqueia, 
brônquios (e suas subdivisões), bronquíolos (e 
suas subdivisões), e os alvéolos pulmonares 
reunidos em sacos alveolares. 
A função do sistema respiratório é basicamente garantir as trocas gasosas com o meio 
(hematose), mas também ajuda a regular a temperatura corpórea, o pH do sangue e liberar 
água. 
Transporte de Gases 
Nos animais em que a difusão dos gases é indirecta, estes deslocam-se até ás células num 
fluido circulante, sangue ou hemolinfa. Geralmente existem pigmentos respiratórios no sangue, 
tornando-o eficiente nesse transporte. 
Os pigmentos respiratórios são moléculas complexas, formadas por proteínas e iões metálicos, 
o que lhes confere uma cor característica. Estas moléculas são boas transportadoras de gases 
pois ligam-se quando a pressãodo gás for elevada e libertam-se dele rapidamente, se a pressão 
do gás for baixa. 
De entre os diversos pigmentos conhecidos, a hemoglobina é a mais comum e a melhor 
estudada. Este é um pigmento típico dos vertebrados, embora possa existir em anelídeos, 
nemátodos, moluscos e artrópodes. No caso dos invertebrados encontra-se dispersa no 
plasma, enquanto nos vertebrados se localiza nos glóbulos vermelhos. 
A hemoglobina humana apresenta quatro cadeias peptídicas, duas a e duas b, ligadas a grupos 
heme a que se pode ligar o oxigénio ou o dióxido de carbono. Assim, cada molécula pode 
transportar quatro moléculas de oxigénio. 
Figura 104: Estrutura do sistema respiratório 
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93rg%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Meio_ambiente
http://pt.wikipedia.org/wiki/Meio_ambiente
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sangue
http://pt.wikipedia.org/wiki/Oxig%C3%AAnio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Respira%C3%A7%C3%A3o_celular
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93rg%C3%A3os
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pulm%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fossas_nasais
http://pt.wikipedia.org/wiki/Boca
http://pt.wikipedia.org/wiki/Faringe
http://pt.wikipedia.org/wiki/Laringe
http://pt.wikipedia.org/wiki/Traqu%C3%A9ia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Br%C3%B4nquio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bronqu%C3%ADolo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alv%C3%A9olo_pulmonar
http://pt.wikipedia.org/wiki/Saco_alveolar
http://pt.wikipedia.org/wiki/Temperatura
http://pt.wikipedia.org/wiki/PH
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sangue
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 | 
 
 
159 
 
A hemoglobina humana tem, ainda, grande afinidade para o monóxido de carbono (cerca de 
200 vezes superior à afinidade para o oxigénio), o que torna este gás muito perigoso, mesmo 
em baixas concentrações. A hemoglobina saturada de monóxido de carbono designa-se 
carboxi-hemoglobina. 
O oxigénio é transportado pelo sangue sob duas formas: 
 Dissolvido no plasma – o O2 é pouco solúvel na água pelo que apenas cerca de 2% são 
transportados por esta via; 
 Combinado com a hemoglobina – nos glóbulos vermelhos existem 280 milhões de moléculas de 
hemoglobina, cada uma podendo transportar quatro O2, ou seja cerca de 98% deste gás vai por 
este meio até às células. 
Quando o O2 está ligado à hemoglobina esta designa-se oxiemoglobina (HbO2) e quando este 
está ausente designa-se desoxiemoglobina ou hemoglobina reduzida. 
O dióxido de carbono pode ser transportado no sangue de três modos principais: 
 Dissolvido no plasma – devido à baixa solubilidade na água deste gás, apenas 8% são 
transportados por esta via; 
 Combinado com a hemoglobina – uma percentagem ainda relativamente baixa, cerca de 11%, 
deste gás reage com a hemoglobina, formando a carbamino-hemoglobina (HbCO2); 
 Como hidrogenocarbonato (HCO3
-) – a maioria das moléculas deslocam-se como este ião, cerca 
de 81%. Naturalmente este processo de reação com a água é lento, mas pode ser acelerado pela 
enzima dos glóbulos vermelhos anidrase carbónica. 
Movimentos Respiratórios 
Os movimentos respiratórios são de dois tipos: inspiração e expiração. Em ambos é 
fundamental a participação do músculo diafragma (separa o tórax do abdómen) e dos 
músculos intercostais (situados entre as costelas). 
 Movimento de Inspiração. Consiste na entrada de ar nos pulmões. A caixa torácica se 
expande verticalmente mediante a contração do diafragma e horizontalmente mediante a 
contração dos músculos intercostais externos. 
 Movimento de Expiração. Consiste na saída de ar dos pulmões. A caixa torácica sofre uma 
diminuição de volume mediante o relaxamento do diafragma e dos músculos intercostais 
externos. 
 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 
 | 
 
160 
SISTEMA URINÁRIO 
O sistema urinário é constituído pelos órgãos uropoéticos, isto é, incumbidos de elaborar a 
urina e armazená-la temporariamente até a oportunidade de ser eliminada para o exterior. Na 
urina encontramos ácido úrico, ureia, sódio, potássio, bicarbonato, etc. 
A função excretora 
Como resultado dos processos biológicos que ocorrem no interior dos organismos vivos, 
formam-se vários compostos prejudiciais para os mesmos e que, por isso, devem ser 
eliminados (excretados) para o meio externo. 
A manutenção da composição dos fluidos internos dentro de limites adequados á vida das 
células designa-se homeostasia e é uma condição fundamental à vida. De entre os numerosos 
mecanismos envolvidos nessa manutenção da homeostasia destacam-se: 
Osmorregulação: mecanismos pelos quais são controladas as concentrações de sais e água, ou 
seja, os valores de pressão osmótica dos fluidos corporais; 
Excreção: mecanismo pelo qual os organismos eliminam resíduos do metabolismo, na sua 
maioria tóxicos. 
O sistema excretor ou urinário é responsável pela eliminação de restos do metabolismo celular 
e a regulação do teor de água e sais minerais presentes no organismo. 
Todos os sistemas excretores realizam três processos fundamentais: 
 Filtração: filtração seletiva dos fluidos corporais através de membranas, condicionada 
ao tamanho das moléculas, pelo que moléculas úteis podem ser igualmente filtradas; 
 Reabsorção: regresso ao meio interno, nas quantidades adequadas, de substâncias 
anteriormente filtradas, mas úteis ao organismo; 
 Secreção: secreção ativa de substâncias dos fluidos corporais para zonas do sistema já 
consideradas meio externo. 
Este aparelho pode ser dividido em órgãos secretores - que produzem a urina - e órgãos 
excretores - que são encarregados de processar a drenagem da urina para fora do corpo. 
É constituído por dois rins, dois ureteres, uma bexiga e uma uretra. Os rins se comunicam 
com a bexiga através dos ureteres, enquanto a bexiga se comunica com o meio externo através 
da uretra. 
 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 | 
 
 
161 
Os rins 
O rim é o principal órgão que compõe o sistema excretor nos vertebrados, pois é o responsável 
pela filtragem sanguínea (chamada de diálise do sangue). Eles são dois, possuem um formato 
de feijão, com aproximadamente 12cm. Se localizam nos lados da coluna vertebral, na região 
do abdómen. 
 
Cada rim apresenta aproximadamente um milhão de nefrónios. Os nefrónios são as unidades 
funcionais dos rins responsáveis pela filtração do sangue e formação da urina. 
Estrutura do Nefrónio 
Cada nefrónio é constituído de: Glomérulos de Malpighi, cápsula de Bowman, túbulo contorcido 
proximal, alça de Henle e túbulo contorcido distal. 
 
Figura 106: Estrutura do nefrónio 
Figura 105: Estrutura do sistema urinário 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 
 | 
 
162 
 
 Glomérulo de Malpighi: É um conjunto de capilares sanguíneos envolvidos por 
uma cápsula. O sangue chega ao glomérulo através da arteríola aferente e sai 
pela arteríola eferente. 
 Cápsula de Bowman: Envolve o glomérulo de Malpighi, estando ligada ao 
túbulo contorcido proximal. 
 Túbulo contorcido proximal: Desemboca na alça de Henle. 
 Alça de Henle: estrutura em forma de U que se continua com o túbulo 
contorcido distal. 
 Túbulo contorcido distal. Estrutura final do nefrónio. 
 
Fisiologia renal e a formação da urina 
Este processo pode ser dividido em três fases: filtração, reabsorção e secreção. 
Filtração Glomerular. Consiste no extravasamento de parte do plasma sanguíneo dos 
capilares glomerulares para a cápsula de Bowman. O líquido recolhido pela cápsula de 
Bowman denomina-se filtrado glomerular. O filtrado apresenta em sua constituição água, 
sais minerais, carboidratos, aminoácidos, vitaminas, ácido úrico, ureia e outras substâncias. 
Reabsorção Tubular. Consiste no retorno das substâncias aproveitáveis ao sangue. No túbulo 
contorcido proximal ocorre por transporte ativo a reabsorção de sódio. Na porção descendente da 
alça de Henle ocorre areabsorção passiva da água, enquanto na sua porção ascendente ocorre 
reabsorção ativa de sódio. Além da reabsorção ativa de sódio há, ao longo dos túbulos renais, a 
reabsorção ativa de aminoácidos e glicose. 
No túbulo contorcido distal ocorre a secreção ativa ou excreção ativa do plasma para o 
interior do túbulo. Através desse processo é eliminado o ião H+ que torna a urina ácida, 
auxiliando também na manutenção do pH do sangue. 
 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 | 
 
 
163 
 
APARELHO REPRODUTOR 
 
Encontramos na espécie humana diferenças anatómicas sexuais entre homem e mulher que 
são muito relevantes para a procriação da espécie. 
A célula reprodutora masculina recebe o nome de espermatozóide e a célula feminina é 
conhecida como óvulo. 
Tanto o espermatozóide como o óvulo caracterizam-se por apresentar somente a metade do 
número de cromossomos encontrados normalmente nas células que constituem o corpo 
humano. 
Os cromossomos são partículas incumbidas da transmissão dos caracteres hereditários e que 
entram na constituição dos núcleos celulares. Admitindo-se que as células humanas 
apresentam 46 cromossomos, tanto os espermatozóides como os óvulos apresentam somente 
23 cromossomos cada, o que nos leva a deduzir que as células reprodutoras são na realidade 
hemi-células, sendo necessário à conjugação de duas delas para que se constitua uma célula 
básica, o ovo. O ovo resulta da fusão do espermatozóide com o óvulo. 
Aparelho Reprodutor Feminino 
Os órgãos genitais femininos são incumbidos da produção dos óvulos, e depois da fecundação 
destes pelos espermatozóides, oferecem condições para o desenvolvimento até o nascimento 
do novo ser. 
 
Figura 107: Aparelho reprodutor feminino, vista frontal. 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 
 | 
 
164 
 
Figura 108: Aparelho reprodutor feminino e em perfil (baixo) 
 
Os órgãos genitais femininos consistem de um grupo de órgãos internos e outro de órgãos 
externos. Os órgãos internos estão no interior da pelve e consistem dos ovários, tubas uterinas 
ou ovidutos, útero e vagina. Os órgãos externos são superficiais ao diafragma urogenital e 
acham-se abaixo do arco púbico. Compreendem o monte do púbis, os lábios maiores e 
menores do pudendo, o clitóris, o bulbo do vestíbulo e as glândulas vestibulares maiores. Estas 
estruturas formam a vulva ou pudendo feminino. As glândulas mamárias também são 
consideradas parte do sistema genital feminino. 
Aparelho Reprodutor Masculino 
O sistema reprodutor é constituído pelos seguintes 
componentes funcionais, goradas masculinas; sistema 
de ductos; glândulas anexas e o órgão da cópula. 
a) Gonadas masculinas 
 Os testículos representam as goradas masculinas; que são 
órgão pares localizados na bolsa escrotal, são 
responsáveis pela produção do gâmeta masculino, o 
espermatozóide e pela síntese da hormona sexual 
masculina, a testosterona. 
b) Sistemas de ductos 
Correspondem a um par de sistemas de ductos, cada um 
deles constituído pelos canais eferentes; o epidídimo; 
canal deferente e o canal ejaculador. Este sistema de 
Figura 109: Sistema reprodutor masculino. 
Faça a legenda 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 | 
 
 
165 
ductos tem a função colectar, armazenar e conduzir os espermatozóides a partir dos testículos; os canais 
ejaculadores convergem para a uretra, a partir da qual os espermatozóides são 
c) Glândulas anexas 
É formada pelas seguintes glândulas: vesículas seminais; próstata e glândulas bolbo uretrais. As 
vesículas seminais e próstata, são responsáveis pela secreção de um líquido nutritivo e lubrificante 
chamado líquido seminífero. O sémen é um líquido expelido durante a ejaculação e constituído por 
líquido seminal e espermatozóides; as glândulas bulbo-uretrais, secretam líquido que lubrificas a uretra 
para a passagem do sémen durante a ejaculação. 
d) Órgão da cópula. O pénis é o órgão da cópula masculino. 
 
SISTEMA NERVOSO 
O sistema nervoso é responsável pela maioria das funções de controlo em um organismo, 
coordenando e regulando as atividades corporais. No sistema nervoso diferenciam-se dois 
tipos de células: os neurónios e as células da glia (ou neuróglia). 
O neurónio é a unidade funcional do sistema nervoso. São as células responsáveis pela recepção e 
transmissão dos estímulos do meio (interno e externo), possibilitando ao organismo a 
execução de respostas adequadas para a manutenção da homeostasia (equilíbrio do meio 
interno). 
Um neurónio é uma célula composta de um corpo celular (onde está o núcleo o citoplasma), e 
de finos prolongamentos denominados neuritos, que podem ser subdivididos em dendritos e 
axónios. 
 
Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que actuam como 
receptores de estímulos. Os axónios são prolongamentos longos que actuam como condutores 
dos impulsos nervosos. No neurónio existem vários dendritos mas geralmente só existe um 
http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso2.asp#neuroglia
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 
 | 
 
166 
axónio. O percurso do impulso nervoso no neurónio é sempre no sentido dendrito corpo 
celular axónio. 
 
Anatomia e fisiologia do Sistema Nervoso 
Anatomicamente, o sistema nervoso é dividido em: 
 Sistema Nervoso Central 
 Sistema Nervoso Periférico 
Do ponto de vista da fisiologia (função) ele é dividido em: 
 Sistema Nervoso Somático 
 Sistema Nervoso Autónomo. Este pode ser Simpático ou Parassimpático 
 
Sistema Nervoso Central 
é constituído pelo encéfalo e a medula espinal. O encéfalo está localizado no interior da caixa 
craniana, enquanto a medula percorre o interior da coluna vertebral. 
O encéfalo e a medula encontram-se envolvidos por três membranas denominadas meninges. 
Sistema Nervoso Periférico: 
É formado por nervos encarregados de fazer as ligações entre o sistema nervoso central e o 
corpo. 
Nervo é o conjunto de várias fibras nervosas que estabelecem a conexão do sistema nervoso central com a 
periferia, e podem ser formadas de axónios ou de dendritos. 
É constituído por 12 pares de nervos cranianos (partem do encéfalo) e 31 pares de nervos 
raquidianos (partem da medula espinhal). De acordo com o sentido da transmissão do impulso 
nervoso, os nervos são classificados em sensitivos, motores e mistos. 
Sistema Nervoso Somático (SNS) ou Voluntário 
Esta parte controla as funções voluntárias, resultantes da contração dos músculos esqueléticos 
(a fala, os movimentos da língua, olhos, mãos, pernas, etc). O sistema nervoso somático tem 
por função reagir a estímulos provenientes do ambiente externo. 
 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 | 
 
 
167 
Sistema Nervoso Autónomo (SNA) ou Involuntário 
O sistema nervoso autónomo controla as funções viscerais ou involuntárias (que dependam de 
sua vontade) do organismo. 
O sistema nervoso autónomo divide-se em sistema nervoso simpático e sistema nervoso 
parassimpático. 
De modo geral, esses dois sistemas têm funções contrárias (antagónicas). Um corrige os excessos do 
outro. Por exemplo, se o sistema simpático acelera demasiadamente as batidas do coração, o 
sistema parassimpático entra em ação, diminuindo o ritmo cardíaco. Se o sistema simpático 
acelera o trabalho do estômago e dos intestinos, o parassimpático entra em ação para diminuir 
as contrações desses órgãos. 
 
SISTEMA ENDÓCRINO 
Divisão Anatômica Do Sistema Endócrino 
O sistema endócrino é constituído por uma série de estruturas denominadas glândulas 
endócrinas. Estas estruturas produzem hormônios que são compostos orgânicos lançados no 
sangue, capazes de estimular ou inibir a atividade de determinados órgãos denominados 
órgãos-alvo. Cada órgão-alvo apresenta receptores químicos específicos para determinado 
hormônio. Juntamente com o sistema nervoso, o sistema endócrino é um sistemade 
integração, contribuindo para a manutenção da homeostase. 
 As principais glândulas endócrinas humanas são: hipófise, tireóide, paratireóides, supra-
renais, testículos e ovários. O pâncreas apresenta uma parte endócrina e uma parte exócrina, 
razão pela qual é considerado uma glândula anfícrina ou mista. 
Regulação Hormonal 
A regulação da produção e liberação de hormônios ocorre através de um mecanismo 
conhecido como feedback ou retroalimentação. Através desse mecanismo, o aumento ou 
diminuição de determinada função provoca uma alteração no organismo, desencadeando uma 
correção funcional e contribuindo, assim, para a manutenção da homeostase. 
Na regulação hormonal ocorre feedback negativo, ou seja, a alteração funcional ocorre em 
um sentido e a reação para a correção ocorre em sentido contrário. Observe um exemplo de 
feedback negativo: a hipófise produz o hormônio tireotrófico que estimula a produção do 
hormônio tiroxina pela tireóide. À medida que o nível de tiroxina aumenta no sangue, a 
hipófise vai sendo inibida e a produção do hormônio tireotrófico se reduz, fato que provoca a 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 
 | 
 
168 
inibição da atividade da tireóide. À medida em que o nível de tiroxina diminui no sangue, a 
hipófise vai sendo estimulada e a produção do hormônio tireotrófico aumenta, provocando 
um estímulo à função tireoidiana. 
Qualquer variação de dosagem hormonal no sangue pode levar a alterações funcionais 
diversas denominadas disfunções. 
Estudo das Glândulas Endócrinas 
 
Figura 110: Glândulas humanas 
HIPÓFISE 
Também denominada pituitária, localiza-se na base do cérebro em uma cavidade do osso 
esfenóide denominada sela túrcica. A hipófise controla o funcionamento de outras glândulas 
e apresenta-se dividida em três partes: adeno-hipófise, parte intermediária e neuro-hipófise. 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 | 
 
 
169 
Adeno-hipófise 
É o lobo anterior da hipófise capaz de produzir uma série de hormônios. A atividade secretora 
da adeno-hipófise é controlada por substâncias produzidas pelo hipotálamo denominadas 
hormônios liberadores. Os hormônios produzidos pela adeno-hipófise são: 
• Hormônio Somatotrófico (STH). Também denominado hormônio do crescimento, estimula o 
desenvolvimento do indivíduo. 
• Hormônio Tireotrófico (TSH). Controla o funcionamento da tireóide. 
• Hormônio Adrenocorticotrófico (ACTH). Controla o funcionamento do córtex (parte mais 
externa) das adrenais (supra-renais). 
• Hormônios Gonadotróficos. Controlam o funcionamento das gónadas (testículos e ovários). 
Os hormônios gonadotróficos são: hormônio folículo estimulante, hormônio luteinizante e 
hormônio luteotrófico. 
• Hormônio Folículo Estimulante (FSH). No homem, estimula a espermatogénese nos túbulos 
seminíferos, enquanto na mulher estimula o amadurecimento dos folículos ovarianos. 
• Hormônio Luteinizante (LH) - No homem, esse hormônio é também chamado hormônio 
estimulante das células intersticiais (ICSH), já que estimula estas células a produzir 
testosterona, o hormônio sexual masculino. Na mulher, o hormônio luteinizante é responsável 
pela ovulação e pela formação do corpo lúteo, estrutura que secreta altas taxas de progesterona 
e pequena quantidade de estrógeno. Progesterona e estrógeno são os hormônios sexuais 
femininos. 
• Hormônio Luteotrófico (LTH) - Também denominado prolactina ou hormônio lactogênico, 
estimula a manutenção do corpo lúteo durante as primeiras semanas de gravidez, além de 
estimular a produção de leite pelas glândulas mamárias. 
Neuro-hipófise 
É o lobo posterior da hipófise, que não produz hormônios. A neuro-hipófise armazena dois 
hormônios produzidos no hipotálamo, estrutura vizinha da hipófise. Os hormônios 
hipotalámicos armazenados na neuro-hipófise são: 
• Hormônio antidiurético (ADH): Também denominado vasopressina, atua nos túbulos renais 
estimulando a reabsorção de água para diminuição da perda da mesma pela urina (diurese) 
com objectivo de aumentar a quantidade de líquido no organismo e consequentemente a 
pressão arterial. 
• Ocitocina: Estimula as contrações da musculatura lisa do útero (miométrio) durante o parto, 
além de estimular a ejeção do leite durante a amamentação. Hipotálamo Adeno-hipófise 
 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 
 | 
 
170 
TIREÓIDE 
Localiza-se na porção anterior do pescoço. Produz os seguintes hormônios: 
• Triiodotironina (T3) e Tetraiodotironina (T4 ou Tiroxina). São hormônios que estimulam o 
metabolismo geral do organismo. 
• Calcitonina. Estimula a retirada de íons cálcio (Ca++) do sangue e a sua deposição nos ossos e 
dentes. 
PARATIREÓIDES 
São dois pares de pequenas glândulas que se encontram aderidas à tireóide. As paratireóides 
não sofrem estimulação hipofisária e secretam o paratormônio, que tem ação oposta à da 
calcitonina aumentando a taxa de cálcio no sangue (calcemia), 
SUPRA-RENAIS 
Também denominadas adrenais, são duas glândulas localizadas sobre os rins. Cada supra-
renal tem duas partes distintas: córtex e medula. 
O córtex é a porção mais externa da glândula capaz de produzir os hormônios corticóides. Os 
corticóides são de três tipos: glicocorticóides, mineralocorticóides e sexocorticóides. 
• Glicocorticóides - Apresentam ação anti-inflamatória e anti-histamínica (anti-alérgica), além 
de levar à síntese de glicose a partir de aminoácidos. Os principais glicocorticóides são a 
cortisona e a hidrocortisona (cortisol). 
• Mineralocorticóides - Estimulam a reabsorção ativa de sódio e a eliminação ativa de potássio 
pelos túbulos renais. O principal mineralocorticóide é a aldosterona, que atua no túbulo 
contorcido proximal e na porção ascendente da alça de Henle. 
• Sexocorticóides - Suplementam a ação dos hormônios sexuais produzidos pelos testículos e 
ovários. O principal sexocorticóide é a corticosterona, que apresenta efeito masculinizante no 
homem e na mulher. 
A medula é a porção mais interna da glândula capaz de produzir dois hormônios: adrenalina 
e noradrenalina que têm como uma das principais funções o aumento da função cardíaca 
preparando o organismo em casos de stress. 
PÂNCREAS (ENDÓCRINO) 
Dispersas na parte exócrina do pâncreas, observam-se pequenas ilhas de células que 
constituem a parte endócrina denominada “Ilhotas de Langerhans” 
Manual de Biologia. X – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 | 
 
 
171 
As ilhotas de Langerhans produzem dois hormônios: insulina e glucagon. Esses hormônios 
controlam a taxa de glicose no sangue 
• Insulina: estimula a captação de glicose pelas células hepáticas e musculares e a 
polimerização de moléculas de glicose, formando glicogénio. Em outras palavras, a 
insulina diminui a taxa de glicose no sangue. 
• Glucagon: estimula a hidrólise do glicogénio hepático formando moléculas de glicose 
que são lançadas no sangue. Em outras palavras, o glucagon aumenta a taxa de glicose 
no sangue. 
TESTÍCULOS 
Localizados no interior da bolsa escrotal, apresentam as células de Leydig ou células 
intersticiais responsáveis pela produção de testosterona, o hormônio sexual masculino. O 
estímulo para a produção desse hormônio é dado pelo ICSH produzido pela adeno-hipófise. 
A testosterona é responsável pelo desenvolvimento das características sexuais secundárias do 
homem, como distribuição de pêlos no corpo, tipo de voz, desenvolvimento dos órgãos 
genitais, dentre outros. Além disso, a testosterona é responsável pelo aparecimento da libido e 
amadurecimento dos espermatozóides 
OVÁRIOS 
Localizados na parte inferior da cavidade abdominal, produzem estrógeno e progesterona, os 
hormônios sexuais femininos. O estrógeno ou estradiol é produzido pelo folículo ovariano e 
pelo corpo lúteo. Estimula a reconstituição do endométrio após a menstruação, estimula o 
alargamento dos quadris e o desenvolvimento da genitália externa feminina.Além disso, o 
estrógeno é responsável pelo aparecimento da libido. A progesterona é produzida pelo corpo 
lúteo e, em caso de gravidez, pela placenta. Prepara o organismo para a gravidez, aumentando 
a atividade secretora das glândulas mamárias e das células que revestem a parede uterina. 
Além disso, a progesterona apresenta ação anti-abortiva, já que inibe as contrações do 
miomério.

Mais conteúdos dessa disciplina