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SILVIA MARA HALUCH Autoria MICROBIOLOGIA APLICADA À BIOMEDICINA MICROBIOLOGIA APLICADA À BIOMEDICINA © Universidade Positivo 2019 Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido Curitiba-PR – CEP 81280-330 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente da Divisão de Ensino Reitor Pró-Reitor Coordenação Geral de EAD Coordenação de Metodologia e Tecnologia Autoria Pareceristas Supervisão Editorial Projeto Gráfico e Capa Prof. Paulo Arns da Cunha Prof. José Pio Martins Prof. Carlos Longo Prof. Everton Renaud Profa. Roberta Galon Silva Profa. Silvia Mara Haluch Profa. Leandro Márcio Felipe Guedes Antunes DP Content Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Positivo – Curitiba – PR DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. 2 Caro aluno, A metodologia da Universidade Positivo tem por objetivo a aprendizagem e a comu- nicação bidirecional entre os atores educacionais. Para que os objetivos propostos se- jam alcançados, você conta com um percurso de aprendizagem que busca direcionar a construção de seu conhecimento por meio da leitura, da contextualização prática e das atividades individuais e colaborativas. A proposta pedagógica da Universidade Positivo é baseada em uma metodologia dia- lógica de trabalho que objetiva: valorizar suas experiências; incentivar a construção e a reconstrução do conhecimento; estimular a pesquisa; oportunizar a refl exão teórica e aplicação consciente dos temas abordados. Compreenda seu livro Metodologia 3 Compreenda seu livro Metodologia Com base nessa metodologia, o livro apresenta a seguinte estrutura: PERGUNTA NORTEADORA Ao fi nal do Contextualizando o cená- rio, consta uma pergunta que esti- mulará sua refl exão sobre o cenário apresentado, com foco no desenvol- vimento da sua capacidade de análi- se crítica. TÓPICOS QUE SERÃO ESTUDADOS Descrição dos conteúdos que serão estudados no capítulo. BOXES São caixas em destaque que podem apresentar uma citação, indicações de leitura, de fi lme, apresentação de um contexto, dicas, curiosidades etc. RECAPITULANDO É o fechamento do capítulo. Visa sintetizar o que foi abordado, reto- mando os objetivos do capítulo, a pergunta norteadora e fornecendo um direcionamento sobre os ques- tionamentos feitos no decorrer do conteúdo. PAUSA PARA REFLETIR São perguntas que o instigam a refl etir sobre algum ponto estudado no capítulo. CONTEXTUALIZANDO O CENÁRIO Contextualização do tema que será estudado no capítulo, como um cenário que o oriente a respeito do assunto, relacionando teoria e prática. OBJETIVOS DO CAPÍTULO Indicam o que se espera que você aprenda ao fi nal do estudo do ca- pítulo, baseados nas necessidades de aprendizagem do seu curso. PROPOSTA DE ATIVIDADE Sugestão de atividade para que você desenvolva sua autonomia e siste- matize o que aprendeu no capítulo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS São todas as fontes utilizadas no capítulo, incluindo as fontes mencio- nadas nos boxes, adequadas ao Projeto Pedagógico do curso. 4 Boxes AFIRMAÇÃO Citações e afi rmativas pronunciadas por teóricos de relevância na área de estudo. ASSISTA Indicação de fi lmes, vídeos ou similares que trazem informações complementa- res ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. BIOGRAFIA Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específi co da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. ESCLARECIMENTO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específi ca da área de conhecimento trabalhada. EXEMPLO Informação que retrata de forma objetivadeterminado assunto. 5 Sumário Capítulo 1 - Propriedades dos microrganismos procariontes e eucariontes Objetivos do capítulo ....................................................................................................18 Contextualizando o cenário ..........................................................................................19 1.1 Introdução à Microbiologia ...................................................................................... 20 1.1.1 Principais conceitos em Microbiologia ....................................................................................................21 1.1.2 Evolução dos microrganismos ...................................................................................................................24 1.2 Estruturas celulares microbianas procariontes e eucariontes .................................. 25 1.2.1 Tamanho, forma e arranjo das células bacterianas ...............................................................................26 1.2.2 Estruturas externas da parede celular: glicocálice, fl agelos, fímbrias e pili e cílios .......................28 1.2.3 Parede celular ..............................................................................................................................................31 1.2.4 Estruturas internas da parede celular: membrana plasmática, citoplasma, nucleoide, ribossomos, inclusões e endósporos ........................................................................................................................................32 Proposta de Atividade .................................................................................................. 38 Recapitulando ............................................................................................................. 38 Referências bibliográfi cas ...........................................................................................40 7 Sumário Capítulo 2 - Propriedades dos microrganismos procariontes e eucariontes Objetivos do capítulo ....................................................................................................41 Contextualizando o cenário ......................................................................................... 42 2.1 Principais conceitos em metabolismo microbiano ................................................... 43 2.1.1 Produção de energia e biossíntese ...........................................................................................................44 2.1.2 Catabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas ...............................................................................46 2.1.3 Testes bioquímicos para identifi cação de bactérias .............................................................................51 2.2 Diversidade metabólica ......................................................................................... 52 2.2.1 Fotoautotrófi cos ..........................................................................................................................................54 2.2.2 Foto-heterotrófi cos .....................................................................................................................................55 2.2.3 Quimioautotrófi cos .....................................................................................................................................55 2.2.4 Quimio-heterotrófi cos ................................................................................................................................552.3 Crescimento microbiano ........................................................................................ 56 2.3.1 Fatores necessários para o crescimento microbiano ............................................................................56 2.3.2 Formação de biofi lmes ...............................................................................................................................61 Proposta de Atividade .................................................................................................. 62 Recapitulando ............................................................................................................. 62 Referências bibliográfi cas ........................................................................................... 64 8 Sumário Capítulo 3 - Coloração bacteriana e meios de cultura Objetivo do capítulo..................................................................................................... 65 Contextualizando o cenário ......................................................................................... 66 3.1 Técnicas de coloração bacteriana ............................................................................67 3.1.1 Colorações simples .....................................................................................................................................69 3.1.2 Colorações diferenciais ..............................................................................................................................69 3.2 Meios de cultura ..................................................................................................... 71 3.2.1 Meio de cultivo quimicamente defi nido ...................................................................................................74 3.2.2 Meios de cultivo: complexo e de enriquecimento ..................................................................................74 3.2.3 Meio de cultivo redutor ..............................................................................................................................74 3.2.4 Meios de cultivo: seletivo e diferencial ...................................................................................................76 3.3 Culturas bacterianas .............................................................................................. 77 3.3.1 Obtenção de culturas puras....................................................................................................................... 77 3.3.2 Preservação de culturas bacterianas .......................................................................................................78 3.3.3 Crescimento de culturas bacterianas ......................................................................................................79 3.3.4 Técnicas de semeadura ..............................................................................................................................81 Proposta de Atividade .................................................................................................. 82 Recapitulando ............................................................................................................. 83 Referências bibliográfi cas ........................................................................................... 84 9 Sumário Capítulo 4 - Controle do crescimento microbiano Objetivos do capítulo ................................................................................................... 85 Contextualizando o cenário ......................................................................................... 86 4.1 Principais termos em controle microbiano ...............................................................87 4.1.1 Esterilização e esterilizantes .....................................................................................................................89 4.1.2 Desinfecção e antissepsia ..........................................................................................................................91 4.1.3 Degerminação e sanitização ......................................................................................................................92 4.1.4 Assepsia ........................................................................................................................................................93 4.2 Taxa de morte microbiana e ação dos agentes de controle microbiano .................... 94 4.2.1 Alteração na permeabilidade da membrana ...........................................................................................96 4.2.2 Danos a proteínas e ácidos nucleicos ......................................................................................................97 4.3 Métodos físicos de controle microbiano ................................................................. 97 4.3.1 Calor ..............................................................................................................................................................97 4.3.2 Filtração ........................................................................................................................................................99 4.3.3 Baixas temperaturas ................................................................................................................................ 100 4.3.4 Alta pressão, pressão osmótica e radiação .......................................................................................... 100 4.4 Métodos químicos de controle microbiano ............................................................ 101 4.4.1 Princípios e avaliação da desinfecção efetiva ..................................................................................... 101 4.4.2 Principais tipos de desinfetantes .......................................................................................................... 102 Proposta de Atividade .................................................................................................104 Recapitulando ............................................................................................................104 Referências bibliográfi cas ..........................................................................................106 10 Sumário Capítulo 5 - Genética microbiana Objetivos do capítulo .................................................................................................. 107 Contextualizando o cenário ........................................................................................108 5.1 Estrutura e função do material genético .................................................................109 5.1.1 Principais conceitos em genética microbiana ..................................................................................... 110 5.1.2 DNA e cromossomos ................................................................................................................................ 112 5.2 Informação genética .............................................................................................114 5.2.1 Replicação do DNA ................................................................................................................................... 114 5.2.2 RNA e síntese de proteínas ..................................................................................................................... 116 5.3 Transferência genética e recombinação ................................................................. 117 5.3.1 Transferência gênica horizontal e vertical ........................................................................................... 119 5.3.2 Transformação .......................................................................................................................................... 119 5.3.3 Conjugação ................................................................................................................................................120 5.3.4 Transdução ................................................................................................................................................ 120 5.4 Plasmídeos e transposons ......................................................................................121 5.4.1 Conceitos - plasmídeos ........................................................................................................................... 122 5.4.2 Conceitos - transposons ......................................................................................................................... 123 Proposta de Atividade .................................................................................................124 Recapitulando ............................................................................................................124 Referências bibliográfi cas ..........................................................................................125 11 Sumário Capítulo 6 - Vírus e fungos Objetivos do capítulo .................................................................................................. 127 Contextualizando o cenário ........................................................................................128 6.1 Fungos ...................................................................................................................129 6.1.1 Características dos fungos ..................................................................................................................... 130 6.1.2 Ciclo de vida .............................................................................................................................................. 134 6.1.3 Fungos de importância médica: zigomiceto, ascomiceto, basidiomiceto ....................................... 138 6.2 Vírus ......................................................................................................................94 6.2.1 Características ......................................................................................................................................... 139 6.2.2 Espectro de hospedeiros ......................................................................................................................... 142 6.2.3 Estrutura viral ........................................................................................................................................... 143 6.2.4 Multiplicação viral ................................................................................................................................... 144 Proposta de Atividade .................................................................................................145 Recapitulando ............................................................................................................145 Referências bibliográfi cas .......................................................................................... 147 12 Sumário Capítulo 7 - Microbiota Objetivos do capítulo ..................................................................................................148 Contextualizando o cenário ........................................................................................149 7.1 Microbiota normal ..................................................................................................150 7.1.1 Conceitos ................................................................................................................................................... 151 7.1.2 Relações: microbiota normal x hospedeiro .......................................................................................... 151 7.1.3 Representantes da microbiota normal e anormal ............................................................................... 152 7.1.4 Microrganismos oportunistas e cooperação entre microrganismos ................................................ 156 7.2 Etiologia de doenças causadas por microrganismos ............................................... 157 7.2.1 Postulados de Koch .................................................................................................................................. 158 7.2.2 Exceções aos postulados de Koch .......................................................................................................... 159 7.2.3 Classifi cação das doenças infecciosas.................................................................................................. 160 7.2.4 Padrões de doença e disseminação da infecção ................................................................................. 163 Proposta de Atividade .................................................................................................164 Recapitulando ............................................................................................................164 Referências bibliográfi cas ..........................................................................................166 13 Sumário Capítulo 8 - Mecanismos microbianos de patogenicidade e antimicrobianos Objetivos do capítulo .................................................................................................. 167 Contextualizando o cenário ........................................................................................168 8.1 Portas de entrada dos microrganismos ..................................................................169 8.1.1 Membranas mucosas, pele e via parenteral ......................................................................................... 169 8.1.2 Portas de entrada preferenciais .............................................................................................................172 8.1.3 Número de microrganismos invasores ...................................................................................................173 8.1.4 Aderência ....................................................................................................................................................173 8.2 Mecanismos de ultrapassagem de defesa do hospedeiro ....................................... 175 8.2.1 Cápsulas e componentes da parede celular..........................................................................................175 8.2.2 Enzimas .......................................................................................................................................................176 8.2.3 Variação antigênica ..................................................................................................................................177 8.2.4 Penetração no hospedeiro .......................................................................................................................177 8.3 Mecanismos de danos às células do hospedeiro .....................................................177 8.3.1 Sideróforos .................................................................................................................................................178 8.3.2 Dano direto .................................................................................................................................................178 8.3.3 Produção de toxinas .................................................................................................................................178 8.4 Antimicrobianos ...................................................................................................180 8.4.1 Espectro e ação de drogas antimicrobianas ........................................................................................ 180 8.4.2 Drogas antimicrobianas mais utilizadas .............................................................................................. 181 8.4.3 Resistência a drogas antimicrobianas .................................................................................................. 183 8.4.4 Antibiograma ............................................................................................................................................183 Proposta de Atividade ................................................................................................. 187 Recapitulando ............................................................................................................ 187 Referências bibliográfi cas ..........................................................................................188 14 15 APRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃO A disciplina de Microbiologia é um dos ramos fundamentais das ciências básicas da Saúde. O conhecimento e o estudo microbiano permitem melhoria da qualidade de vida, crescimento biotecnológico, crescimento industrial e agrícola. O estudo da Microbiologia consolida ao aluno uma nova oportunidade de adquirir novas habilidades e conhecimentos. Nesse contexto, também compreenderemos as relações harmônicas e desarmônicas que os microrganismos exercem dentro das teias alimentares e suas adaptações ao lon- go dos ciclos geológicos que, hoje, constituem atenções da comunidade científi ca acerca da resistência a medicamentos, bioterrorismo e mutações genéticas. 16 “Dedico a todos aqueles que fi zeram parte do crescimento e desenvolvimento da Microbiologia como uma Ciência focada na melhoria da qualidade de vida.” É mestre em Ciências e Tecnologia Am- biental pela Universidade Tecnológica Fe- deral do Paraná, graduada em Química e Biomedicina e tecnóloga em Bioprocessos e Biotecnologia pela Universidade Tuiuti do Paraná. Com vasta experiência em práticas labo- ratoriais de diversas áreas científi cas, é auditora líder de Sistemas de Gestão da Qualidade e Ambiental, com profundo conhecimento de normas da qualidade voltadas a pesquisas na área da saúde e ambiental. É professora das disciplinas de Química, Instrumentação Laboratorial e Microbiologia. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6031972999746257 A autora 17 Objetivos do capítulo Conhecer a evolução da Microbiologia; Identifi car os microrganismos de acordo com sua morfologia; Compreender as estruturas internas e externas da parede celular, assim como a própria parede. INTRODUÇÃO À MICROBIOLOGIA • Principais conceitos em Microbiologia • Evolução dos microrganismos ESTRUTURAS CELULARES MICROBIANAS PROCARIONTES E EUCARIONTES • Tamanho, forma e arranjo das células bacterianas • Estruturas externas da parede celular: glicocálice, fl agelos, fímbrias e pili e cílios • Parede celular • Estruturas internas da parede celular: membrana plasmática, citoplasma, nucleoide, ribossomos, inclusões e endósporos TÓPICOS DE ESTUDO 18 O estudo da Microbiologia nos torna capazes de reconhecer organismos como bactérias, fungos, algas microscópicas, vírus e outros grupos, que fazem parte da biota. A maioria dos microrganismos desempenham um papel importantíssimo no equilíbrio das cadeias e teias alimentares, incluindo a reciclagem realizada pelos decompositores, através da qual esses elementos retornam e são vitais para a manutenção do planeta, como o ciclo do carbono, o oxigênio, o nitrogênio e outros. Alguns desses organismos causam pato- genias nas espécies animais e vegetais e, por isso, a comunidade científi ca detém muitos esforços para buscar conhecimento em todos os níveis necessários para o entendimento deles na natureza. Ao longo dos séculos, epidemias causadas por microrganismos (in- cluindo todos os agentes infecciosos, como bactérias, vírus, fungos e protozoários) mata- ram milhares de pessoas. Sendo assim, devemos considerar que os microrganismos es- tão presentes em todo o ecossistema. Ao longo do tempo, eles evoluíram biologicamente, mas, afi nal, pode-se dizer que sua evolução para a vida na Terra foi positiva? Contextualizando o cenário 19 Introdução à Microbiologia1.1 A Microbiologia é uma ciência oriunda da Biologia que, aos poucos, se desenvolveu em busca do mundo invisível. O objetivo principal da área é estudar todos os aspec- tos do mundo microbiano, que é constituído por bactérias, fungos, leveduras, protozoá- rios, vírus e algas microscópicas, buscando conhecer estruturas, formas, reprodução, aspectos bioquímico-fi siológicos e seus re- lacionamentos entre si e com o hospedeiro. Estes relacionamentos podem ser tanto pre- judiciais quanto benéfi cos. Ao longo da compreensão, fi cou claro o papel desempenhado por esses organismos no equilíbrio das relações ecológicas. Sabe-se que o reciclo de nutrientes se dá através dos mi- crorganismos recicladores e, assim, macro e micronutrientes retornam à cadeia, de forma a manter os elementos essenciais para a vida. ESCLARECIMENTO: Os macronutrientes são os elementos que os seres vivos necessitam em grandes quantidades, como o carbono. Já os micronutrientes são os elementos que os orga- nismos necessitam em pequenas quantidades, como os minerais e vitaminas. Os macronutrientes são os elementos que os seres vivos necessitam em grandes Os macronutrientes são os elementos que os seres vivos necessitam em grandes Os macronutrientes são os elementos que os seres vivos necessitam em grandes quantidades, como o carbono. Já os micronutrientes são os elementos que os orga-quantidades, como o carbono. Já os micronutrientes são os elementos que os orga- nismos necessitam em pequenas quantidades, como os minerais e vitaminas. Os macronutrientes são os elementos que os seres vivos necessitam em grandes Os macronutrientes são os elementos que os seres vivos necessitam em grandes Os macronutrientes são os elementos que os seres vivos necessitam em grandes quantidades, como o carbono. Já os micronutrientes são os elementos que os orga- Os macronutrientes são os elementos que os seres vivos necessitam em grandes quantidades, como o carbono. Já os micronutrientes são os elementos que os orga-quantidades, como o carbono. Já os micronutrientes são os elementos que os orga-quantidades, como o carbono. Já os micronutrientes são os elementos que os orga-quantidades, como o carbono. Já os micronutrientes são os elementos que os orga- A história da Microbiologia se apoia nos estudos do cientista holandês Anton Van Leeuwe- nhoek, que descreveu, em 1686, que existem organismos microscópicos em diferentes ma- teriais, como água, solo, dentes, saliva e alimentos, visualizados em lentes de aumento. Isto confrontou a Teoria da Geração Espontânea (ou Abiogênese) do início do século XIX, estabele- cendo, assim, o campo da Microbiologia e acabando com os debates, enquanto avançavam-se os experimentos a fi m de conhecer o mundo microbiano. Assim, surgiram ensinamentos como o do francês Louis Pasteur, químico, que iniciou diver- sos estudos a partir de 1839, sendo um deles sobre o conceito de que a vida deveria surgir de vida pré-existente, conhecido como Biogênese. Entre outras técnicas de esterilização (Tyndall– tindalização, esterilização fracionada) e pasteurização (Pasteur, 63º C/30 minutos), surgiram 20 teorias de doenças causadas por germes, desenvolvimentos de microrganismos atenuados, produção de vacinas sintéticas, isolamento de microrganismos em cultivos e padronização de procedimentos científi cos. Após estas descobertas, outro cientista, o médico alemão Ro- bert Koch, através de seus experimentos, demonstrou o signifi cado etiológico dos organismos observados, relacionando-os com a patologia. Já Joseph Lister, inglês e médico, concluiu que infecções pós-cirúrgicas, bem comuns naquela época, eram de origem microbiana. Aos poucos, a Microbiologia tomou espaço e se estabeleceu como uma ciência de cunho importantíssimo, vislumbrando outras áreas afi ns. A área participa de avanços tecnológicos, qualidade de vida e preservação ambiental. Principais conceitos em Microbiologia1.1.1 De acordo com Tortora (2017), “a Microbiologia é o estudo de organismos microscópicos e tal denominação deriva de três palavras gregas: mikros (pequeno), bios (vida) e logos (ciência)”. O conceito microrganismo, na prática, é empregado para designar organismos nãovisíveis ao olho nu. Isso engloba ocorrências na natureza de células isoladas ou agregadas, incluindo tanto organismos procariotos, arqueobactériais e eubactérias, como eucariotos, algas micros- cópicas, fungos e leveduras, protozoários e a vasta diversidade de vírus. As arqueobactérias se diferenciam das eubactérias por não possuírem em sua parede ce- lular o peptidoglicano. Apresentam, porém, lipídeos próprios e a capacidade de se manter em condições ambientais hostis. As arqueobactérias são subdividas em três grupos: metanogêni- cas (produtoras de metano), halófi las extremas (alta salinidade) e termoacidófi las (locais quen- tes e ácidos). Já as eubactérias possuem peptidoglicano e praticamente nenhum outro lipídeo. Desta forma, para enquadrar esses organismos microscópicos, criou-se uma forma de pa- dronização, um sistema formal de organização, uma classifi cação e nomenclatura dos seres vivos, chamada de taxonomia, que está baseada em sete níveis: reinos, divisão ou fi lo, classe, ordem, família, gênero e espécie. CURIOSIDADE: Recentemente, a taxonomia sofreu enormes avanços, com base nas informações de novas metodologias analíticas, como quimiotaxonomia, dados de DNA, hidri- dização DNA-DNA, ripotipagem e fi logenética em geral, que possibilitam a carac- terização e diferenciação de organismos antes alocados em determinados grupos que hoje não correspondem com suas características atuais. de novas metodologias analíticas, como quimiotaxonomia, dados de DNA, hidri-de novas metodologias analíticas, como quimiotaxonomia, dados de DNA, hidri- Recentemente, a taxonomia sofreu enormes avanços, com base nas informações de novas metodologias analíticas, como quimiotaxonomia, dados de DNA, hidri- dização DNA-DNA, ripotipagem e filogenética em geral, que possibilitam a carac- terização e diferenciação de organismos antes alocados em determinados grupos Recentemente, a taxonomia sofreu enormes avanços, com base nas informações de novas metodologias analíticas, como quimiotaxonomia, dados de DNA, hidri- dização DNA-DNA, ripotipagem e filogenética em geral, que possibilitam a carac- Recentemente, a taxonomia sofreu enormes avanços, com base nas informações de novas metodologias analíticas, como quimiotaxonomia, dados de DNA, hidri- dização DNA-DNA, ripotipagem e filogenética em geral, que possibilitam a carac- terização e diferenciação de organismos antes alocados em determinados grupos de novas metodologias analíticas, como quimiotaxonomia, dados de DNA, hidri-de novas metodologias analíticas, como quimiotaxonomia, dados de DNA, hidri- 21 Neste sistema de nomenclatura descrito por Linnaeus em 1735, cada organismo vivo é iden- tificado por dois nomes. Estes consistem de gênero e espécie (epíteto específico), sendo ambos sublinhados ou escritos em letras itálicas. A primeira palavra se dá como nome, em caixa alta, e o segundo, em caixa baixa. Exemplos: Escherichia coli. Pode-se, inclusive, abreviar o primeiro nome, como em E. coli, salvo algumas exceções, que não devem ser abreviadas, como o Trypanosoma cruzi. O mesmo ocorre com as inúmeras espécies do mesmo gênero, na qual descrevemos: Escherichia sp. A nomenclatura trinomial tem o objetivo de se referir a subdivisões menores de uma determinada espécie. Quando se referir a al- gas, recomenda-se a escrita subsp., e quando se referir aos demais, usa-se ssp. No contexto acima, relacionamos o termo espécie como uma coleção de cepas, a qual é constituída de uma descendência oriunda de uma colônia e uma cultura pura, na qual possuem similaridades nutricionais e caracte- rísticas comuns, principalmente na heredita- riedade, formas e morfologias e capacidade de gerar descendentes férteis. O termo subespécie é uma subdivisão oriunda da espécie, e ocorre quando há uma separa- ção de populações em comum que acaba indo viver em outro ambiente, no qual não ocorrem trocas genéticas entre as mesmas. Portanto, esses grupos que foram isolados sofrem muta- ções e melhoramentos genéricos, surgindo novas espécies. Apesar da grande importância ecológica dos microrganismos, o número de táxons conhe- cidos e descritos pela literatura representa uma pequena parcela da diversidade encontrada na natureza. Ensaios laboratoriais com métodos moleculares têm revelado um cenário rico em diversidade de organismos ainda não cultivados ou estudados. A taxonomia visa, primeiramente, fornecer classificações para diversas finalidades científi- cas e diversas finalidades práticas, como a identificação e organização internacional, gerando dados e informações de extrema relevância sobre cada organismo estudado. Esses sistemas, na prática, são objetivos e preditivos, visando padronização. Incialmente, os de classificação de procariotos foram baseados em características fenotípicas, usadas para agrupar linhagens, sem atribuição evolutiva e, por essa razão, foram intituladas como uma classificação artificial. 22 Os sistemas são baseados em propriedades comportamentais e morfológicas que condu- ziram a sérios erros na classifi cação de diversos microrganismos. Os métodos microbiológicos tradicionais eram baseados em informações fenotípicas, bioquímicas e morfológicas que perduraram por várias décadas, fornecendo informações de forma descritiva à estruturação da taxonomia microbiana. ESCLARECIMENTO: Informações fenotípicas são dados visuais, observatórios e comportamentais, da- dos externos de um grupo a ser estudado. São as expressões externas de uma informação genotípica somada com as condições e variáveis ambientais. As infor- mações genotípicas são dados hereditários contidos no genoma. dos externos de um grupo a ser estudado. São as expressões externas de uma Informações fenotípicas são dados visuais, observatórios e comportamentais, da- dos externos de um grupo a ser estudado. São as expressões externas de uma dos externos de um grupo a ser estudado. São as expressões externas de uma informação genotípica somada com as condições e variáveis ambientais. As infor- Informações fenotípicas são dados visuais, observatórios e comportamentais, da-Informações fenotípicas são dados visuais, observatórios e comportamentais, da-Informações fenotípicas são dados visuais, observatórios e comportamentais, da-Informações fenotípicas são dados visuais, observatórios e comportamentais, da- dos externos de um grupo a ser estudado. São as expressões externas de uma informação genotípica somada com as condições e variáveis ambientais. As infor- dos externos de um grupo a ser estudado. São as expressões externas de uma dos externos de um grupo a ser estudado. São as expressões externas de uma dos externos de um grupo a ser estudado. São as expressões externas de uma dos externos de um grupo a ser estudado. São as expressões externas de uma informação genotípica somada com as condições e variáveis ambientais. As infor-informação genotípica somada com as condições e variáveis ambientais. As infor-informação genotípica somada com as condições e variáveis ambientais. As infor-informação genotípica somada com as condições e variáveis ambientais. As infor- Mas, com a descoberta da evolução cien- tífi ca e o surgimento da tecnologia e compu- tação, passamos a ter taxonomia numérica, na qual dados fenotípicos são analisados com coefi cientes numéricos e essas análises come- çam a expressar similaridade entre linhagens que estavam em grupos distintos, contando com o auxílio de programas de computador que agruparam de forma mais correta. Por isso, sem dúvida, a taxonomia numéri- ca proporcionou objetividade na sequência de classifi cação microbiana, auxiliando com testes bioquímicos, aliado a amostragens e baseado em coleta de dados diversifi cada e abundante, trazendo resultados expressos e com dados em percentagens. Com o desenvolvimento das demais ciências nos últimos anos, como a Biologia Molecu- lar, Tecnologia da Informação, Química e Bioquímica, a taxonomia sofreumuitas modifi cações para que a classifi cação refl ita as relações de evolução entre os organismos, de forma a buscar a biodiversidade ecológica e a realidade. Com isso, surge uma abordagem mais polifásica, que, hoje, é a taxonomia atual, buscando descrições também polifásicas, a fi m de classifi car as es- pécies pela fi logenia. A fi logenia estuda todo o percurso histórico das linhagens dos seres vivos e suas mudanças com o passar do tempo. Assim, traça-se uma árvore fi logenética, como mostra a Fig. 1, que representa conexões dessa evolução de genes, ramifi cando todos os seres a um descendente comum. 23 Figura 1. Representação da árvore fi logenética com dados a partir do rRNA, denotando a segregação entre famílias das arqueas, bactérias e eucariotos. Os grupos das principais bactérias patogênicas conhecidas são indicados na área em cinza. O único grupo de bactérias pato- gênicas que não está agrupado nessa área sombreada é o grupo Bacteroides. Fonte: BROOKS, 2014. (Adaptado). Evolução dos microrganismos1.1.2 Os microrganismos foram os primeiros seres a colonizar a Terra e estima-se que sur- giram há mais de 3,5 milhões de anos. Eles passaram por períodos geológicos e químicos ao longo de sua evolução, ainda mais quando a atmosfera primitiva era isenta de oxigênio, sendo denominados, portanto, como micror- ganismos anaeróbios. Longos processos me- tabólicos microbianos ocorridos há milha- res de anos resultaram em nossa atmosfera atual, contendo grandes quantidades de oxi- gênio e, assim, permitindo o surgimento e a evolução de novas espécies denominadas ae- róbias, além de organismos complexos multi- celulares, vegetais e animais superiores. Bactéria Archaea Eucarya Methanosarcina Fungos Tricomônades Miximicetos Ciliados Diplomônades Entamoebae Plantas Microsporídeos Animais FlageladosPlanctomyces Proteobácterias Termotoga Espiroquetas Bacteroides Cytophaga Gram- positivas Bácterias verdes fi lamentosas Cianobactérias Aquifex Halófi tos T. celer Methanobacterium Thermoproteus Methanococcus Pyrodicticum 24 A invenção do microscópio possibilitou à comunidade científi ca a descoberta das células e as estruturas que elas produzem. Desta forma, foi estipulada a teoria celular, admitindo que mes- mo existindo diferenças em relação à forma e à função, os seres vivos, em sua totalidade, têm em comum o fato de serem constituídos por células, sendo as mesmas as unidades morfológicas dos seres vivos (HOFLING, 2011). É de conhecimento geral que todas as pri- meiras células que surgiram na Terra são as mais simples, ou seja, as procariontes. Isso ocorreu há cerca de 3 bilhões de anos. Registros fósseis das primeiras células eu- carióticas estão datados de 1,7 bilhões de anos, sendo que a origem das eucariontes vem das procariontes, as quais passaram a so- frer invaginações e evaginações de membra- na plasmática. Essa modifi cação e os dobra- mentos deram origem a diversas estruturas citoplasmáticas e nucleares, principalmente o envelope nuclear, conhecido como carioteca, separando o núcleo do citoplasma, que hoje é a principal diferença entre esses dois grupos. Dessa forma, as células são classifi cadas, portanto, em procariontes e eucariontes (do grego pro, primeiro; eu, verdadeiro, e karyon, noz, núcleo). Como já citado, os seres procariontes são organizados de forma bem simples em relação aos eucariontes. As bactérias são o grupo que mais representam essas células procariontes de grande importância clínica. As células eucariontes são mais organizadas, formando um núcleo Estruturas celulares microbianas procariontes e eucariontes 1.2 A evolução dos microrganismos se deu por serem pequenos e, por isso, não consumirem muitos recursos. Alguns possuem curtos ciclos de vida, alta taxa de replicação em condições ótimas de crescimento, além de sobreviverem isolados na natureza. Além disso, podem se reproduzir por divisão mitótica, permitindo disseminação de clones idênticos, que trazem na memória toda linhagem evolutiva. Uma das condições evolutivas é a tolerância à temperatura e congelamento, conhecidas como extremófi las e mecanismos de resistência à condições ambientais adversas, como, por exemplo, os endósporos. 25 verdadeiro por possuir um envoltório nuclear bem defi nido e, assim, proteger o DNA. O cito- plasma dos eucariotos é subdividido em outros compartimentos, de forma a ampliar a efi ciên- cia metabólica, sendo que esse aumento de efi ciência permite que essas organelas atinjam um tamanho maior, sem prejuízo para todas as demais funções celulares. Células eucariontes são encontrados em animais, plantas, protozoários, fungos e leveduras. Portanto, a divisão entre essas células se dá nos procariotos, já que seu material genético está livre no interior das células. Os eucariotos possuem uma membrana chamada de carioteca, que protege seu material genético de todo o citoplasma. A divergência entre os procariontes e eucariontes ocorreu após estabelecidos mecanismos de replicação e transcrição do DNA, mecanismos energéticos e sintéticos. Portanto, o principal critério de distinção é a organização celular. A célula procarionte, relativamente mais simples, se caracteriza por não apresentar membrana nuclear (carioteca), mas apresentar uma mem- brana plasmática circundada externamente pela parede celular. A classe procarionte é repre- sentada, principalmente, pelas bactérias e cianobactérias. Células eucarióticas são estruturalmente mais complexas e possuem uma infi nidade de membranas e compartimentos para que ocorram as funções metabólicas de forma organiza- da e separada. Os compartimentos celulares das células eucarióticas são a membrana plasmá- tica, os ribossomos e lisossomos, o complexo de Golgi, as mitocôndrias, inclusões diversas, os peroxissomos, o citoesqueleto, os centríolos, os centrossomos, a parede celular, as reservas energéticas e os cloroplastos em organismos fotossintetizantes. Tamanho, forma e arranjo das células bacterianas1.2.1 De acordo com diversos autores que con- vergem nas mesmas informações, as bacté- rias são classifi cadas e caracterizadas por sua morfologia, tamanho, forma e como as mes- mas formam arranjos celulares, podendo ser evidenciados na Fig. 2. O tamanho das bactérias normalmente va- ria de 0,3 a 25 µm. Mas, a de interesse clínico se encontra até 5 µm. As suas formas e arranjos podem ser clas- sifi cadas, segundo Brooks (2014), conforme indica o Quadro 1. 26 Quadro 1. Formas e arranjos de células bacterianas Fonte: BROOKS, 2014. (Adaptado). Cocos É o grupo mais homogêneo em relação a tamanho, sendo composto de células menores (0,8-1,0 µm) de forma esférica. Os cocos tomam denominações diferentes de acordo com seu arranjo, como diplo- cocos (cocos agrupados aos pares. Exemplo: Neisseria meningitidis), tétrades (agrupamentos de quatro cocos. Exemplo: Pediococcus sp), sarcina (agrupamentos de oito cocos em forma cúbica. Exemplo: Sar- cina sp), estreptococos (cocos agrupados em cadeias. Exemplo: Streptococcus salivarius, Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e Streptococcus mutans), estafilococos (cocos em grupos irregulares, lem- brando cachos de uva. Exemplo: Staphylococcus aureus) e, por fim, micrococos (cocos que se separam completamente após a divisão celular). Bastonetes São células cilíndricas, apresentam forma de bastonetes com grande variação na forma e tamanho en- tre gêneros e espécies. Dentro da mesma espécie, os bastonetes podem variar em tamanho e espessu- ra (longos e delgados, pequenos e grossos, extremidade retos, convexos ou arredondados). Quanto ao arranjo, podem variar em: bacilos (bastonetes livres. Exemplo: Escherichia coli), diplobacilos (bastone- tes agrupados aos pares), estreptobacilos (bastonetes agrupados em cadeias), paliçadas (bastonetes alinhados lado a lado como palitos de fósforo. Exemplo: bacilo da difteria) e tricomas (similares a cade- ias de bastonetes,mas com uma área de contato muito maior entre as células adjacentes. Exemplo: espécies Beggiatoa sp e Saprospira sp). Formas helicoidais ou espiraladas Constituem o grupo morfológico, sendo caracterizadas por células de forma espiral que se dividem em: espirilos (possuem corpo rígido e se movem às custas de flagelos externos, dando uma ou mais voltas espirais em torno do próprio eixo. Exemplo: Aquaspirillium sp), espiroquetas (são flexíveis e loco- movem-se provavelmente às custas de contrações do citoplasma, podendo dar várias voltas completas em torno do próprio eixo. Exemplo: Treponema pallidum causadora da sífilis, Leptospira sp). Outras formas de transição são identificadas além dos três tipos morfológicos descritos no Quadro 1. Os bacilos, por serem muito curtos, podem apresentar semelhanças com relação aos cocos. Nestes casos, são denominados cocobacilos (exemplo: Brucella sp, Prevotella sp). Já as formas espiraladas muito curtas (com forma parecida com a de uma vírgula) recebem o nome de vibriões (exemplo: Vibrio cholerae). Figura 2. Principais formas e arranjos de células bacterianas. Estafilococos Estreptococos Diplococos SarcinaEspirilo Bacilos Esporo bacterianoCocos Vibriões 27 O tamanho, a forma e o arranjo das bactérias constituem sua morfologia grosseira e sua aparência externa. A observação das estruturas celulares mais detalhadas constituem algo um pouco mais aprofundado. Assim, podemos relacionar, inclusive, fatores de virulência de bactérias através de algumas estruturas, como as fímbrias ou pili. Estruturas externas da parede celular: glicocálice, fl agelos, fímbrias e pili e cílios 1.2.2 ESCLARECIMENTO: A virulência é a capacidade de um organismo de estimular ou produzir algum efeito deletério agudo, crônico, grave ou fatal. Relaciona-se à capacidade de multiplicação, aderência ou fi xação, de forma a conferir resistência no processo de eliminação a partir do organismo infectado e conferir também produção de substâncias quími- cas (como toxinas) a fi m de produzir. deletério agudo, crônico, grave ou fatal. Relaciona-se à capacidade de multiplicação, deletério agudo, crônico, grave ou fatal. Relaciona-se à capacidade de multiplicação, A virulência é a capacidade de um organismo de estimular ou produzir algum efeito deletério agudo, crônico, grave ou fatal. Relaciona-se à capacidade de multiplicação, aderência ou fixação, de forma a conferir resistência no processo de eliminação a partir do organismo infectado e conferir também produção de substâncias quími- A virulência é a capacidade de um organismo de estimular ou produzir algum efeito A virulência é a capacidade de um organismo de estimular ou produzir algum efeito A virulência é a capacidade de um organismo de estimular ou produzir algum efeito A virulência é a capacidade de um organismo de estimular ou produzir algum efeito A virulência é a capacidade de um organismo de estimular ou produzir algum efeito deletério agudo, crônico, grave ou fatal. Relaciona-se à capacidade de multiplicação, aderência ou fixação, de forma a conferir resistência no processo de eliminação a deletério agudo, crônico, grave ou fatal. Relaciona-se à capacidade de multiplicação, deletério agudo, crônico, grave ou fatal. Relaciona-se à capacidade de multiplicação, aderência ou fixação, de forma a conferir resistência no processo de eliminação a aderência ou fixação, de forma a conferir resistência no processo de eliminação a aderência ou fixação, de forma a conferir resistência no processo de eliminação a partir do organismo infectado e conferir também produção de substâncias quími- aderência ou fixação, de forma a conferir resistência no processo de eliminação a partir do organismo infectado e conferir também produção de substâncias quími-partir do organismo infectado e conferir também produção de substâncias quími-partir do organismo infectado e conferir também produção de substâncias quími- A glicocálice ou glicocálix é um envoltório externo da membrana plasmática que consiste em uma cobertura por glicolipídios (carboidratos associados com lipídios) e glicoproteínas (car- boidratos associados com proteínas), com uma espessura de, em média, 10 nm, conferindo um fator de proteção às células. A principal função da glicocálix é a proteção mecânica e a proteção contra agressões quí- micas e físicas do ambiente externo, reconhecendo o que é do organismo e o que não é (ação antigênica). Possui ação enzimática e ainda promove a inibição por contato (o contato físico entre duas células de um mesmo tecido dispara sinais químicos que inibem a mitose). Por exemplo: bactérias intestinais possuem a glicocálice, que protege contra as enzimas digestivas presentes no trato intestinal. Outra função da glicocálix é fornecer um microambiente específi co devido ao fato de a constituição ser uma espécie de malha envolvente, que retém substâncias de interesse da cé- lula quando se trata de um ambiente desfavorável de acidez e salinidade. Os fl agelos, como mostra a Fig. 3, são apêndices móveis, um tipo de organela especial de locomoção constituídos por uma estrutura proteica chamada de fl agelina. Portanto, fl agelos são fi lamentos longos que fazem parte do corpo celular. Um fl agelo possui três partes: o corpo basal, que é uma estrutura composta por vários anéis que ancoram o fl agelo à membrana citoplasmática; uma estrutura curta em forma de gancho; e a última, um longo fi lamento helicoidal. O fl agelo propulsiona a bactéria através do líquido, 28 a fim de locomoção. As especificidades dessa movimentação ainda são desconhecidas, mas cogita-se a contração das cadeias proteicas como um movimento ondulatório; o movimento rotatório a partir da extremidade fixa-gancho. Figura 3. Flagelo e cílios em protozoários. Flagelo Cílios PAUSA PARA REFLETIR Organismos sem flagelos conseguiriam se locomover facilmente na natureza? Acredita-se também que a energia vem da degradação de ligações energéticas de fosfato. Segundo Tortora (2017), As bactérias recebem denominações especiais de acordo com a distribuição dos flagelos: atríquias (sem flagelo); monotríquias (um flagelo em uma das ex- tremidades); anfitríquias (um flagelo em cada extremidade); lofotríquias (tufo de flagelos em uma ou ambas as extremidades); e peritríquias (cercadas de flagelos) (TORTORA, 2017). As fímbrias, indicadas na Fig. 4, são filamentos pequenos ou grandes, conhecidos também como pílus ou pili. São organelas delicadas em relação aos flagelos, porém, estão em grandes quantidades nas células. Elas são formadas por proteínas conhecidas como pilina, que são encontradas nas bactérias e possuem pili. Estes são originados dos corpúsculos basais, diferentemente dos flagelos, que saem da membrana. 29 A função das fímbrias está relacionada à aderência, a trocas de informações extracelulares e à morfologia da célula. E mesmo se forem removidas, a célula não é prejudicada e as fímbrias rapidamente podem ser regeneradas. De acordo com sua função, as fímbrias foram divididas em: • Comuns: são bem curtas, fi nas e rígidas (para a função de aderência); • Sexuais: mais conhecidas como pili sexual, são bem maiores e fazem a função de canais para a transferências de informação e de DNA ou RNA entre células, num processo conhecido como conjugação. As fímbrias ligadas ao processo de aderência, seja em superfície ou em tecidos do hospedei- ro, difi cultam sua remoção, inclusive em processos imunológicos, o que constitui em fatores de virulência. A aderência está relacionada a fatores de colonização através de adesinas, estas são antígenos estruturais das células procariontes, as quais capacitam a célula a colonizar-se no hospedeiro e, enfi m, multiplicar-se no órgão-alvo. Essa aderência ocorre de forma parecida como a enzima somada ao substrato, ou seja, sítios de ligação reagem em suas extremidades com os receptores específi cos de superfície no tecido ou célulahospedeira. Os receptores, em geral, são carboidratos, glicoproteínas ou glicolipídeos. Figura 4. Pili sexual (troca entre bactérias) e fímbrias simples. Fonte: Libretexts. Acesso em: 05/12/2018. (Adaptada). 1 μm Os cílios, indicados na Fig. 3, são estruturas citoplasmáticas anexas à membrana plasmáti- ca com origem no prolongamento dos centríolos. São constituídos de proteínas motoras, as di- neínas, formando um conjunto extenso de microtúbulos. Os cílios são curtos, porém, estão em grande quantidade na célula. A função desempenhada por ele é, basicamente, a de locomoção. 30 Parede celular1.2.3 A parede celular, representada na Fig. 5, presente em todos os vegetais, além de em al- gumas bactérias, fungos e protozoários, pos- sui a característica de ser rígida, de forma a recobrir toda a membrana plasmática. A parede celular é formada por DPA (áci- do diaminopimérico) e outros ácidos, como murâmico, lipotecóico e tecóico, que são usa- do, inclusive, em processos de diferenciação celular através de colorações específi cas em laboratórios. Ela também é formada de ami- noácidos, proteínas, lipídeos e carboidratos, sendo que todos estes compostos formam uma rede polimérica complexa e unida com uma macromolécula chamada peptideoglica- na (mucopeptídeo ou mureína), que estrutura e forma a parede celular de forma rígida. A principal função da parede celular é a proteção da célula, mas ela também mantém a pressão osmótica, de forma a impedir o rompimento celular em ambientes com gradientes diferentes, bloqueando a entrada ou saída de água. A pressão osmótica, para fi ns de exemplo, é a passagem de água sobre membranas. A parede celular também possui uma resistência a bactericidas e é um suporte de antígenos somáticos. Mesmo com ela, alguns antimicrobianos conseguem se desestruturar nas ligações terminais de peptídeoglicanas, como a penicilina. Com os antimicrobianos, a parede celular fi ca lisa e enfraquece e, consequentemente, se rompe e perde sua membrana plasmática, com extravasamento do citoplasma levando a cé- lula à morte. A parede celular das algas e vegetais, segundo Levinson (2016), é relacionada à parede celu- lósica ou membrana esquelética celulósica. É uma estrutura de celulose resistente e fl exível que delimita as organelas ce- lulares numa célula. As principais funções da parede celularsão proporcionar resistência e proteção contra patógenos externos. Sendo assim, ela colabora com a absorção, transporte e secreção de substâncias (LEVINSON, 2016). 31 Figura 5. Ilustração da parede celular bacteriana. Proteína Parede celular Ácido lipoteicoico Peptideoglicana Membrana plasmática Ácido teicoico de parede Além disso, segundo Tortora (2017), a parede celular age como um fi ltro das células vegetais e permite a troca de substâncias entre outras células vizinhas. Ela também protege contra a entrada excessiva de água, e, assim, evita a lise osmótica (ruptura da célula). Alguns protistas secretam substâncias e tais substâncias, associadas a minerais silicatos (sílica), constituem pa- redes celulares rudimentares ou elaboradas, também chamadas de exoesqueleto. PAUSA PARA REFLETIR Se a função primordial da parede celular é resistir ao gradiente osmótico de forma a impedir a lise, como seriam esses organismos em ambientes desfavoráveis e sem essa estrutura? Em todas as células vivas existe uma estrutura que delimita o espaço celular, isolando o organis- mo do meio interno e externo, conhecida como membrana plasmática. Ela é constituída de duas camadas, formadas por fosfolipídios e molécula de proteínas incrustadas. É reconhecida desde 1972 e aceita até hoje, segundo diversos autores, que se referem a ela como mosaico fl uido. Estruturas internas da parede celular: membrana plasmática, citoplasma, nucleoide, ribossomos, inclusões e endósporos 1.2.4 32 Esse modelo está demostrado na Fig. 6. Os componentes principais, como colesterol, fos- folipídios, moléculas de colesterol, carboidratos e proteínas, garantem uma excelente fl uidez e movimento. Uma das partes mais importantes desse modelo consiste no fosfolipídio composto por gli- cerol, contendo caudas de ácido graxo. Estas caudas apontam em direções distintas e é por este fato que se denominam como dupla camada de fosfolipídio. Possuem regiões hidrofílicas (que têm afi nidade com água) e outras hidrofóbicas (que não têm afi nidade com a molécula da água). Segundo Tortora (2017), “a parte hidrofílica, ou com afi nidade por água, de um fosfolipídeo é a sua cabeça, a qual possui um grupo fosfato carregado negativamente, além de um pequeno grupo adicional, que também pode ser carregado ou polar”. Figura 6. Membrana plasmática. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 07/12/2018. (Adaptada). Glicoproteína Carboidrato Glicolipídeo Colesterol Proteína integral Proteína periféricaProteína de canal Proteína alfa-hélice Proteína globular Em uma membrana bicamada, a cabeça hidrofílica dos fosfolipídios volta-se para a parte externa e fi ca em contato com o fl uido aquoso externa e internamente à célula. Pelo fato de a água ser uma molécula polar, ela forma uma interação eletrostática com as cabeças dos fosfo- lipídios. Já a parte hidrofóbica de um fosfolipídio consiste em suas cadeias longas e apolares de ácidos graxos. Cadeias de ácidos graxos têm capacidade de interagir facilmente com outras moléculas apo- lares, embora não interajam bem com a água. Por essa razão, no caso dos fosfolipídeos, em ter- mos de energia, é mais favorável que eles insiram suas cadeias de ácido graxo na parte interna da membrana, pois nesta região estão protegidas da água ao seu redor (TORTORA, 2017.) Segundo Brooks (2014), 33 A dupla camada de fosfolipídios formada por essas interações produz uma boa barreira entre o interior e o exterior da célula, porque a água e outras substân- cias carregadas ou polares não podem cruzar facilmente o núcleo hidrofóbico da membrana. O colesterol, outro lipídio composto por quatro anéis de carbono interligados, é encontrado ao lado dos fosfolipídios no núcleo da membrana. Em temperaturas baixas, o colesterol aumenta sua fluidez evitando que os fosfoli- pídios fiquem firmemente juntos, enquanto em altas temperaturas, ele reduz a fluidez. Desta forma, o colesterol aumenta a amplitude das temperaturas em que uma membrana mantém uma fluidez funcional e saudável (BROOKS, 2014). Depois dos fosfolipídios, as proteínas são o segundo grupo mais abundante da membrana plasmática, sendo divididas em integrais e periféricas. As proteínas integrais da membrana são integradas a ela e possuem uma região hidrofó- bica, que dá suporte à bicamada de fosfolipídios. Estas proteínas integrais, quando recobram boa parte da membrana, são chamadas de proteínas transmembrana. As funções destas proteínas estão diretamente ligadas aos mecanismos de transporte de uma maneira extremamente organizada, de forma a permitir passagens de substâncias intra- celulares e extracelulares. Também funcionam como receptoras, a fim de receber sinais e transmiti-los para a célula, além de auxiliar na adesão entre células teciduais e serem uma âncora favorecedora do citoesqueleto. A membrana também possui grupos de carboidratos, que constituem o terceiro maior grupo, e se localizam na superfície externa. Estes carboidratos se juntam às proteínas e lipídios para formar as glicoproteínas e glicolipídios, respectivamente. Estes carboidratos estão na for- ma de dois ou mais monossacarídeos na estrutura simples ou ramificados. Da mesma forma que a proteína, o carboidrato constitui um marcador celular, garantindo uma identidade molecular, de modo que as células se reconhecem entre si. Esta característica é impor- tantíssima nas respostas imunes, diferenciando células de materiais estranhos a serem eliminados. A membrana plasmática possui as seguintes funções: • Garantia de individualidade a cada célula; • Formação de ambientesúnicos e especializados; • Troca de informações com o meio; • Movimento; • Reconhecimento celular; • Aderência celular; • Permeabilidade seletiva; • Constituição lipoprotéica. 34 Os principais lipídios encontrados são os fosfolipídios, com função de barreira de entrada na célula. O colesterol tem a função de trazer fl uidez à membrana; e as proteínas têm a função de formação de poros para a passagem de moléculas de água e o reconhecimento e transpor- te de substância para dentro ou fora da célula. Os primeiros estudiosos acreditavam que, no interior da célula, existia um preenchimento por um fl uido homogêneo e viscoso, no qual estava inserido o núcleo. Este fl uido recebeu o nome de citoplasma, que se origina do grego kytos (célula) e plasma (aquilo que dá forma, ou seja, modela). Atualmente conhecido como citoplasma, citosol ou hialoplasma, sabe-se que o espaço si- tuado entre a membrana plasmática e o núcleo é bem diferente do que imaginaram. Além da parte fl uida, o citoplasma possui bolsas, canais membranosos e organelas (ou orgânulos citoplasmáticos), que desempenham funções específi cas no metabolismo da célula eucarionte. O fl uido citoplasmático constitui-se, majoritariamente, por água, sais minerais, proteí- nas e açúcares. Grande parte das reações químicas essenciais à célula acontecem no cito- sol, como é o caso da fabricação das moléculas que fazem parte das estruturas celulares. Muitas substâncias de reserva, como gorduras e glicogênio, são armazenadas no citosol. A porção mais central da célula abriga o endoplasma, que apresenta consistência mais fl uida. Já a região periférica do citoplasma, denominada ectoplasma, tem aspecto mais viscoso e consistência gelatinosa. O nucleoide, apresentado na Fig. 7, é semelhante ao núcleo e ao local em que o material genético tem maior concentração e probabilidade. Isso ocorre nas células procariontes e tra- duz a principal diferença, pelo fato de não haver uma membrana defi nida. A Fig. 7 mostra as diferenças do núcleo dos eucariontes e dos procariontes. Figura 7. Célula procariota, à esquerda, com nucleoide sublinhado em vermelho. À direita, célula eucariota com núcleo evidente. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/12/2018. (Adaptada). Ribossomos Ribossomo Parede celular Cápsula Núcleo Centríolo Mitocôndria Citoplasma Retículo endoplasmático rugoso Retículo endoplasmático liso Nucleoide (DNA) Membrana celular Membrana celular Flagelos 35 Em contraste com o núcleo de uma célula eucariótica, o núcleo de uma célula procariótica não é rodeado por uma membrana nuclear. O genoma de organismos procarióticos encontra- -se geralmente em forma circular, à parte de cadeia dupla do DNA, um dos quais pode existir múltiplas cópias em qualquer momento. O comprimento de um genoma varia amplamente, mas geralmente é de, pelo menos, alguns milhões de pares de bases. Os ribossomos, como o indicado na Fig. 8, não são uma estrutura específi ca de um tipo de organismo, pois estão inseridas em todas as células vivas. Tratam-se de pequenas partículas, sem membrana, compostas de RNA ribossômico e proteína. Cada ribossomo é composto por duas subunidades de tamanhos desiguais, que são chamadas de uma maior e outra menor. Estas subunidades juntas possuem mais de oitenta proteínas em sua composição. Os ribossomos possuem, em média, de vinte a trinta nm de diâmetro. Apresentam uma pe- quena diferença nas células eucariontes por serem um pouco mais complexos, principalmente em mamíferos. A formação do RNA ribossômico nas células eucariontes se dá principalmente no nucléolo. Em se tratando das proteínas, as mesmas são produzidas no citoplasma, para depois migra- rem para o núcleo, onde entram pelos inúmeros poros existentes na membrana nuclear. Assim, no nucléolo, são formadas as subunidades que saem do núcleo para o citoplasma a fi m de se se unirem, criando, enfi m, um ribossomo para executar suas funções celulares. Figura 8. Célula procariota, ribossomo sublinhado em vermelho. Ribossomos Parede celular Cápsula Material genético (DNA) Membrana celularFlagelos Ribossomos Material genético Membrana celular Dentro do citoplasma das células procariontes existem diversos tipos de depósitos de re- serva, chamados de inclusões. As células podem acumular alguns tipos de nutrientes, quando os mesmos são abundantes, para usá-los posteriormente, caso fi quem escassos. Evidências indicam que macromoléculas concentradas nas inclusões restringem o aumento da pressão osmótica em relação ao caso de as mesmas estarem livres pelo citoplasma. 36 Algumas inclusões são comuns a uma variedade de bactérias, mas outras inclusões são limi- tadas a casos específicos, fazendo uma base de identificação. Magnetossomos são uma inclusão envolvida por membrana, enquanto os carboxissomos são envolvidos por complexos proteicos. Quando os nutrientes essenciais para o metabolismo celular se esgotam, algumas bacté- rias, como Clostridium sp e Bacillus sp, formam o que chamamos de células dormentes ou en- dósporos verdadeiros. Alguns membros do gênero Clostridium causam doenças gravíssimas, como gangrena, tétano, botulismo e intoxicação alimentar. Já os membros do gênero Bacillus causam o antraz e intoxicações alimentares. O endósporo demonstrado na Fig. 9 é uma especialização exclusiva das bactérias. Trata-se de uma célula que desidrata e é durável no meio ambiente, devido à proteção de paredes es- pessas e formações de camadas membranosas adicionais. É gerado internamente e logo após a membrana celular bacteriana. Figura 9. Endósporo. Fonte: TORTORA, 2017. Liberados no ambiente, os endósporos podem sobreviver a temperaturas extremas, au- sência de água e exposição a diversas substâncias químicas tóxicas, incluindo a radiação. Um exemplo é o endósporo de Thermoatinomyces vulgaris, encontrado no lodo congelado do lago Elk em Minnesota, EUA. Ao ser aquecido, ele germinou. Já ocorreram casos de endósporos de milhões de anos de idade encontrados no intestino de uma abelha mantida fossilizada em re- sina de âmbar, na República Dominicana, que também germinaram em meio nutritivo. A espécie Coxiella burnetii, agente causador da Febre Q (zoonose mundial), semelhante a uma gripe comum, produziu uma estrutura próxima ao endósporo, que resiste ao calor e a diversas substâncias químicas, porém, não trata-se de um endósporo verdadeiro. 37 O processo de formação de um endósporo se inicia no interior de uma célula e leva várias horas, e é conhecido como esporulação ou esporogênese. Células vegetativas iniciam este pro- cesso quando os micronutrientes, tais como carbono ou nitrogênio, tornam-se escassos ou indisponíveis. No primeiro estágio da esporulação, um cromossomo bacteriano e uma porção do citoplasma são isolados por uma invaginação da membrana plasmática, denominada de septo do esporo. Este se torna uma membrana dupla que circunda o cromossomo e o citoplas- ma, formando uma estrutura fixa e fechada dentro da célula original, denominada de pré-es- poro. Camadas espessas de peptidoglicano são dispostas entre as membranas, formando uma capa proteica. Esse revestimento é responsável, portanto, pela resistência dos endósporos. A célula original é degradada e o endósporo liberado. O endósporo pode retornar ao seu estado vegetativo pelo processo de germinação. Este é desencadeado, principalmente, pelo calor e germinantes à alanina e inosina (nucleotídeos). As enzimas dos endósporos rompem as camadas que o circundam, a água entra e o metabolismo microbiano recomeça. Os endósporos são fundamentais do ponto de vista clínico e alimentício, pois são resisten- tes a processos de desinfecção. Proposta de Atividade Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore um re- sumo destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir seu resumo, considere as leituras básicas e complementares realizadas.Recapitulando Neste capítulo, foi possível conhecer a evolução da Microbiologia e verificar suas especializa- ções ao longo de anos de adaptações. A parede celular, por exemplo, protege os organismos em ambientes com gradientes diferenciados em concentração salina, nos quais os fatores osmóti- cos poderiam causar a lise celular. Os flagelos são especiações celulares importantíssimas para a locomoção individual. Sem eles, os organismos seriam conduzidos por movimentos aquáticos ou outras formas oriundas da natureza. Os microrganismos são muito importantes na natureza devido aos processos em que estão envolvidos, desde a reciclagem de nutrientes realizada pelos decompositores até as relações entre as espécies. Por isso, suas adaptações contribuem tanto positiva quanto negativamente para a vida na Terra. Quanto à forma positiva, podemos citar a maneira de reciclar os elementos 38 essenciais. Já no que diz respeito à contribuição negativa, ressalta-se a capacidade de resistên- cia a desinfecção em laboratórios microbiológicos e em ambiente hospitalares, contribuindo para a geração de espécies super-resistentes, inclusive a antibióticos. Vimos ainda que a compreensão das estruturas internas e externas dos microrganismos e o conhecimento de sua morfologia e dos arranjos formados por eles é de fundamental im- portância para a comunidade científica, prezando sempre pelo desenvolvimento da tecnologia analítica e a busca por melhoria da qualidade de vida. 39 Referências bibliográficas ALBERTS, B. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Brazilian Journal of Microbiology. São Paulo: Sociedade Brasileira de Microbiologia, 2000- 2005. Trimestral. BROOKS, G. F. et al. Microbiologia médica de Jawetz, Melnick e Adelberg. Porto Alegre: AMGH, 2014. ENGELKIRK, Paul G. Burton, microbiologia para as ciências da saúde. Rio de Janeiro: Guana- bara Koogan, 2012. HOFLING, José Francisco. Microscopia de luz em microbiologia: morfologia bacteriana e fún- gica. Porto Alegre: Artmed, 2011. LEVINSON, Warren. Microbiologia médica e imunologia. Porto Alegre: AMGH, 2016. LIBRETEXTS. Scanning electron micrograph of E.coli bacteria exchanging genes. Disponível em: <https://bio.libretexts.org/TextMaps/Microbiology/Book%3A_Microbiology_(Kaiser)/Uni- t_1%3A_Introduction_to_Microbiology_and_Prokaryotic_Cell_Anatomy/2%3A_The_Prokaryo- tic_Cell%3A_Bacteria/2.5%3A_Structures_Outside_the_Cell_Wall/2.5C%3A_Fimbriae_and_ Pili>. Acesso em: 07 dez. 2018. MADIGAN, Michael T. et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. SALVATIERRA, Clabijo Mérida. Microbiologia: aspectos morfológicos, bioquímicos e metodoló- gicos. São Paulo: Erica, 2014. TORTORA, Gerard J. Microbiologia 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 40 Objetivos do capítulo Compreender o processo de produção de energia e biossíntese; Defi nir os fatores necessários para o crescimento microbiano. PRINCIPAIS CONCEITOS EM METABOLISMO MICROBIANO • Produção de energia e biossíntese • Catabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas • Testes bioquímicos para identifi cação de bactérias DIVERSIDADE METABÓLICA • Fotoautotrófi cos • Foto-heterotrófi cos • Quimioautotrófi cos • Quimio-heterotrófi cos CRESCIMENTO MICROBIANO • Fatores necessários para o crescimento microbiano • Formação de biofi lmes TÓPICOS DE ESTUDO 41 Os processos que sustentam a vida envolvem uma grande quantidade de reações bioquí- micas complexas, sendo que a maior parte dos processos bioquímicos dos procariotos também ocorre nos eucariotos. Alguns processos são únicos e fascinantes, como é o caso da degradação do petróleo através de bactérias decompositoras. Esse tipo de metabolismo é essencial para a vida, pois compostos degradados são reciclados e elementos liberados, de modo que, pos- teriormente, outros organismos os captem e retornem aos ciclos biogeoquímicos. Além disso, outras bactérias sobrevivem através de elementos inorgânicos, como gases, sais e metais, a exemplo da amônia, os gases sulfídricos, o gás carbônico etc. Dessa forma, o conhecimento sobre tais processos bioquímicos pode contribuir para os avanços da tec- nologia na medicina e nas indústrias. Visando esses processos, quais as condições ideais para o crescimento microbiano? Contextualizando o cenário 42 Principais conceitos em metabolismo microbiano2.1 Todas as reações químicas ocorridas na célula são chamadas de metabolismo, incluído as reações que produzem energia, como aquelas que utilizam a energia para a biossíntese ou outras funções como catabolismo e anabolismo. A célula tem o poder de transformar a energia existente em compostos químicos, luz e energia útil ao seu funcionamento, sendo que essa energia química está presente em certos compostos (ATP, GTP, acetil-CoA etc). Entre as bactérias, existe uma infi nidade de exigências nutritivas. Alguns microrganismos se de- senvolvem em ambientes bem simples, contendo, às vezes, apenas glicose, amônia e sais minerais. Apenas com a presença de poucos compostos, essas bactérias sintetizam todos os com- ponentes de seu protoplasma, constituído de ácidos nucleicos, diversas proteínas, enzimas e polissacarídeos. Todavia, outras bactérias não são capazes de sintetizar certos compostos orgânicos essenciais para o seu metabolismo, como por exemplo: biossíntese de aminoácidos. Para que estes microrganismos possam se desenvolver, tais compostos devem ser obtidos do meio natural (meio ambiente) ou artifi cial (condições laboratoriais) em que vivem. Esses microrganismos são criaturas com uma histórica de evolução rica devido às adaptações que aconteceram a milhares de anos pelas mudanças geológicas, físicas e químicas da Terra. Os microrganismos, através de suas reações, utilizam compostos inorgânicos como uma das formas de energia. Muitos compostos podem ser aceptores fi nais de elétrons em diver- sas bactérias, como o oxigênio. Em algumas bactérias, são usados gás carbônico (CO2), sul- fatos (SO4) e nitratos (NO3) com os produtos da reação, como água (H2O), nitrito (NO2), óxido nitroso (N2O), nitrogênio (N2), enxofre (S) e metano (CH4). Existem muitos exemplos de organismos que, mesmo tendo a mesma morfologia, es- tão separados em ecossistemas distintos, o que fez com que cada um se desenvolvesse com especialidades diferentes devido à pro- cura de alimento. Uma classifi cação visando os diferentes grupos são os quimiotrófi cos (reações de óxi- do-redução) e os fototrófi cos (luz), que utilizam fonte de carbono dos compostos orgânicos (quimio-heterotrófi cos) ou gás carbônico - CO2 (quimioautotrófi cos). 43 Produção de energia e biossíntese 2.1.1 A glucose é o combustível mais utilizando para a síntese de energia. Essa energia liberada executa as atividades metabólicas e serve de combustível para a manutenção das funções vitais, como, por exemplo, a atividade elétrica e a enzimática. Segundo Tortora (2017), Metabolismo é o conjunto de reações químicas que se processam em um or- ganismo. Esse conjunto de reações que permitem a formação de moléculas de maior complexidade é denominado reações de síntese ou anabolismo. Quan- do as reações se processam na decomposição das estruturas mais complexas em novas mais simples, essas são conhecidas como reações de degradação ou catabolismo. Essas reações são chamadas de reações catabólicas ou degrada- tivas, nas células vivas, as reações químicas reguladas por enzimas que liberam energia são as que estão envolvidas no catabolismo, que é a quebra de com- postos orgânicos complexos em compostos mais simples. (TORTORA, 2017). As reações catabólicas são reações hidrolíticas, ou seja, reações cujos componentes usam água para quebra de ligações químicas. Já as reações exergônicas são as que consomem pouca energia em comparação à sua produção. O principal exemplo de catabolismo é a quebra de açúcares pelas células, realizando a produçãode água e gás carbônico. Reações que são reguladas por enzimas e necessitam de energia são chamadas de reações anabólicas. Também conhecidas como biosintética, essas reações são complexas, como é o caso da produção de moléculas orgânicas, produzidas por moléculas simples. Os processos anabólicos envolvem, regularmente, reações de síntese por desidratação, ou seja, reações que liberam água e são endergônicas (consomem mais energia do que produzem). Um exemplo de um processo anabólico é a produção de proteínas e a decomposição de polissacarídeos complexos em açúcares simples. Para que o organismo realize o metabolismo é essencial que possua enzimas e ATP - trifos- fato de adenosina. Biossíntese de polissacarídeos Após terem sintetizado glicose ou açúcares simples, as bactérias podem agregar-se em po- lissacarídeos mais complexos, como o glicogênio. Esses microrganismos, portanto, também sintetizam polissacarídeos, que são carboidratos formados pela polimerização de diversos açúcares menores, conhecidos como monossacarídeos. Os carbonos utilizados na síntese da glicose, de lipídeos e de aminoácidos são produzidos nos processos de glicólise e do ciclo de Krebs. 44 Um dos processos envolvidos em bactérias é a transformação da glicose em glicogênio, no qual a glucose é fosforilada em glicose-6-fosfato. Esse processo envolve gasto de energia na forma de ATP. Para as bactérias sintetizarem glicogênio, uma molécula de ATP é adicionada à glicose-6-fosfato, de modo a formar a adenosi- na-difosfoglicose (ADPG). Uma vez que a ADPG é sintetizada, ela é ligada a unidades similares, a fim de formar o glicogênio. Os animais sintetizam glicogênio e outros tipos de carboidratos a partir de uridina-fosfoglicose, por meio da utilização de um nucleotídeo denominado uridina- -trifosfato (UTP) como fonte de energia e glicose-6-fosfato. Biossíntese de lipídeos Os lipídeos são moléculas orgânicas, insolúveis em água, e resultam da associação de áci- do graxo e álcool. Encontram-se distribuídos em todos os tecidos celulares e concentram-se principalmente nas células gordurosas e seu principal papel é fornecer componentes para a estrutura das membranas. O colesterol está inserido sob a membrana servindo de estrutura apenas nas células euca- riontes. Alguns lipídeos, como as ceras, são encontrados na parede celular de microrganismos ácidorresistentes. Lipídeos se diferem um dos outros pela composição química, devido a sua rota de produ- ção, mas todos são ésteres de ácidos graxos, por sua estrutura. Na glicólise, o glicerol é formado da di-hidroxiacetona-fosfato, a partir da glicose. Já os áci- dos graxos são produzidos quando ocorre a união de vários acetil-CoA. Biossíntese de aminoácidos e proteínas A maioria dos microrganismos pode utilizar aminoácidos e proteínas a partir de seu meta- bolismo e usá-los como combustível. A fração metabólica de energia obtida a partir de aminoácidos (caso eles sejam deriva- dos de proteína dietética de proteína tecidual) varia muito com o tipo de organismo e com as condições metabólicas (DEVLIN, 1999). Alguns microorganismos, como E. coli, con- têm as enzimas necessárias para usar mate- rial inicial, como glicose e sais inorgânicos, para a síntese de todos os aminoácidos que precisam. Organismos com as enzimas neces- sárias podem sintetizar todos os aminoácidos direta ou indiretamente a partir de interme- 45 diários do metabolismo de carboidratos. Já outros microorganismos requerem que o ambiente forneça alguns aminoácidos pré-formados (TORTORA, 2017). O ciclo de Krebs é um importante fornecedor de precursores para a síntese de aminoácidos. A conversão de um ácido para um aminoácido se faz pela adição de um grupo amina ao ácido pirúvico ou a um ácido orgânico apropriado do ciclo de Krebs, sendo que esse processo recebe o nome de aminação. Em contrapartida, quando o grupo amina descende de um aminoácido preexistente, denomina-se o processo como transaminação (MADIGAN, 2016). Grande parte dos aminoácidos no interior das células serve como “bloco de construção” na síntese proteica. As proteínas possuem papéis importantes na célula, como enzimas, compo- nentes estruturais, toxinas, entre outras funções. A ligação de aminoácidos com o intuito de formar proteínas envolve a síntese por desidratação e demanda energia na forma de ATP. Biossíntese de purinas e pirimidinas A biossíntese é um mecanismo essencial para a manutenção e produção de compostos que são essenciais para diversos funções, principalmente o código genético celular. As moléculas do DNA e do RNA consistem em unidades repetidas, chamadas de nucleotídeos. Cada nucleo- tídeo consiste em uma purina ou pirimidina, uma pentose (açúcar de cinco carbonos) e um grupo fosfato (TORTORA, 2017). Alguns aminoácidos como a glutamina, feitos a partir de intermediários produzidos durante a glicólise e no ciclo de Krebs participam da biossíntese de purinas e pirimidinas. Os aminoácidos fornecem o carbono e o nitrogênio para a formação das purinas e das piri- midinas. O DNA é a molécula que contém todas as informações que a célula precisa e são requeridos para síntese de proteínas igual ao RNA. A biossíntese desses aminoácidos é controlada pela inibição alostérica que age no centro ativo, proibindo ou reduzindo a capacidade de ligação de qualquer substância. A biossíntese das purinas sofrem o processo de degradação para formar hipoxantina, que é instável, transformando-se em xantina. Pela ação da xantina oxidase, obtém-se ácido úrico e, posteriormente, urato de sódio. Catabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas2.1.2 Catabolismo de carboidratos Os carboidratos possuem carbono, hidrogênio e oxigênio e fazem parte da química orgâ- nica. São também chamados de glicídios, hidratos de carbono e principalmente açúcares. É a fonte mais utilizada de energia de todos os seres vivos. 46 Figura 1. Respiração e fermentação. Fonte: TORTORA, 2017. (Adaptado). A maior parte dos microorganismos tem como fonte majoritária de energia celular a oxida- ção de carboidratos. Vale destacar que a quebra de moléculas de carboidrato para a produção de energia é denominada catabolismo de carboidratos e é essencial para o metabolismo celu- lar. Pode-se apontar a glicose como o carboidrato mais comum para o fornecimento da energia utilizada pelas células. Os microrganismos também podem catabolizar lipídeos e proteínas para produção de ener- gia. Em caso de produção de energia com base na glicose, os microrganismos utilizam a respi- ração celular e a fermentação. Estes dois processos iniciam-se normalmente com a mesma primeira etapa: a glicólise, po- rém seguem, posteriormente, outras vias, conforme apresentado na Fig. 1, na qual é possível observas as três etapas: a glicólise, o ciclo de Krebs e a cadeia de transporte de elétrons. A glicólise produz ATP e reduz NAD+ a NADH, enquanto oxida a glicose a ácido pirúvico. Na respiração, o ácido pirúvico é convertido no primeiro reagente do ciclo de Krebs, o acetil-CoA. O ciclo de Krebs produz algum ATP pela fosforilação a nível de substrato, reduz os carreadores de elétrons NAD+ e FAD e libera CO2. Os carreadores da glicólise e do ciclo de Krebs doam elétrons para a cadeia de transporte de elétrons. Na cadeia de transporte de elétrons, a energia dos elétrons é utilizada para produzir uma grande quantidade de ATP por fosforilação oxidativa. Na respiração, o aceptor final de elétrons é uma molécula produzida fora da célula. Na fermentação, o aceptor final é uma molécula produzida na célula. Na fermentação, o ácido pirúvico e os elétrons carreados pelo NADH da glicólise são incorporados nos produtos finais da fermentação. CONCEITOS-CHAVE • Para produzir energia a partir da glicose, os microrganismos utilizam dois processos gerais: respiração e fermentação. Ambos normalmente se iniciam com a glicólise, porém seguem vias seguintes distintas, dependendoda disponibilidade de oxigênio. • Uma versão menor desta figura geral será incluída em outras figuras ao longo do capítulo, para indicar as relações das diferentes reações com os processos globais de respiração e fermentação. Glicólise Ácido pirúvico Acetil-CoA Cículo de Krebs Acetil-CoA Formação de produtos finais NADH CO2 O2 H2O FADH2 ATP ATP ATP NADH Cadeia de transporte de elétrons e quimiosmoe FADH2 NADH Elétrons NADH + RESPIRAÇÃO FERMENTAÇÃO 1 2 3 A primeira etapa é a glicólise, comum na respiração e fermentação. A oxidação da glicose gera ácido pirúvico como produto final de reação. Diversos seres vivos utilizam essa via. As en- zimas da glicólise catalisa a quebra da glicose em um açúcar de seis carbonos e dois açúcares 47 de três carbonos. Esses açúcares são oxidados, liberando energia. Além disso, seus átomos sofrem um rearranjo para formar duas moléculas de ácido pirúvico. Durante a glicólise, a NAD é reduzida a NADH e ocorre uma produção líquida de duas moléculas de ATP por fosforilação a nível de substrato. Pelas vias, observa-se que a glicólise ocorre sem a presença de oxigênio, portanto, ela pode ocorrer com ou sem ausência de oxigênio. Essa é caracterizada por uma série de dez reações químicas, cada uma catalisada por uma enzima diferente que ocorre no citosol. Além da via glicolítica, existem outras vias alternativas para a oxidação da glicose de muitas bactérias, sendo a mais comum a via das pentoses-fosfato e a via alternativa, a Entner-Doudoroff . ESCLARECIMENTO: A via das pentoses-fosfato é um sistema alternativo de produção de energia e tam- bém da oxidação da glicose, porém, neste caso, o produto fi nal não é o ácido pirú- vico e sim a NADPH e ribose-5-fosfato. Essa via é necessária em alguns sistemas como medula óssea e epitélio intestinal. bém da oxidação da glicose, porém, neste caso, o produto final não é o ácido pirú- A via das pentoses-fosfato é um sistema alternativo de produção de energia e tam- bém da oxidação da glicose, porém, neste caso, o produto final não é o ácido pirú-bém da oxidação da glicose, porém, neste caso, o produto final não é o ácido pirú- vico e sim a NADPH e ribose-5-fosfato. Essa via é necessária em alguns sistemas A via das pentoses-fosfato é um sistema alternativo de produção de energia e tam-A via das pentoses-fosfato é um sistema alternativo de produção de energia e tam-A via das pentoses-fosfato é um sistema alternativo de produção de energia e tam-A via das pentoses-fosfato é um sistema alternativo de produção de energia e tam- bém da oxidação da glicose, porém, neste caso, o produto final não é o ácido pirú- vico e sim a NADPH e ribose-5-fosfato. Essa via é necessária em alguns sistemas bém da oxidação da glicose, porém, neste caso, o produto final não é o ácido pirú-bém da oxidação da glicose, porém, neste caso, o produto final não é o ácido pirú-bém da oxidação da glicose, porém, neste caso, o produto final não é o ácido pirú-bém da oxidação da glicose, porém, neste caso, o produto final não é o ácido pirú- vico e sim a NADPH e ribose-5-fosfato. Essa via é necessária em alguns sistemas vico e sim a NADPH e ribose-5-fosfato. Essa via é necessária em alguns sistemas vico e sim a NADPH e ribose-5-fosfato. Essa via é necessária em alguns sistemas vico e sim a NADPH e ribose-5-fosfato. Essa via é necessária em alguns sistemas Catabolismo de lipídeos Os microrganismos possuem outras formas de garantir a energia necessária para a manu- tenção celular, como a oxidação de lipídeos e proteínas. Os lipídeos são gorduras que consistem em ácidos graxos e glicerol. Os microrganismos produzem enzimas extracelulares, chamadas de lipases, que quebram as gorduras nos seus componentes ácidos graxos e glicerol. Cada componente é metabolizado separadamente. O ci- clo de Krebs atua na oxidação do glicerol e dos ácidos graxos. Muitas bactérias que hidrolisam os ácidos graxos podem utilizar as mesmas enzimas para degradar produtos como o petróleo. Embora a beta-oxidação (oxidação dos ácidos graxos) do petróleo não seja conveniente nas situações em que essas bactérias crescem em tanques de armazenamento de combustível, ela é benéfi ca nos casos em que os microrganismos crescem em derrames de óleo. Isso porque elas agem na biorremediação de áreas contaminadas e na recuperação ambiental. Já o glicerol é convertido em dihidroxiacetona-fosfato (DHAP) e catabolizado via glicólise e ciclo de Krebs. Os ácidos graxos, por sua vez, sofrem ß-oxidação, na qual, segundo Tortora (2017), “frag- mentos de carbono são liberados de dois em dois para formar acetil-CoA, que é catabolizada no ciclo de Krebs”. A Fig. 2 ilustra o catabolismo dos lipídeos, cujo destino fi nal é o ciclo de Krebs. 48 Figura 2. Catabolismo dos lipídeos. Fonte: TORTORA, 2017. (Adaptado). Lipídeos (gorduras) Acetil-CoA Ciclo de Krebs Ácidos graxosGlicerol ß-oxidação Lipase D-Hidroxiacetona 3-fosfato Glicólise Ácido pirúvico Catabolismo de proteínas As proteínas são as mais importantes entre as macromoléculas e compõem praticamente todo o peso seco de uma célula. Segundo Madigan (2016), “a proteína é um polímero de aminoácidos que atua como enzima, catalisando reações químicas”. Proteínas podem transportar pequenas moléculas ou íons e auxiliar no movimento em cé- lulas e tecidos. Além disso, participam ativando ou inibindo a regulação gênica, e agem no sistema imunológico, entre outras funções. Todas as funções celulares, em grande parte, necessitam de proteínas como suporte, me- diação e controle. Por essa razão, são de extrema importância para os seres procariontes e eucariontes. Apesar de sua importância, as proteínas são muito grandes para atravessarem as membra- nas plasmáticas de organismos microscópicos sem ajuda. Desta forma, os micróbios produ- zem proteases e peptidases extracelulares, enzimas que decompõem as proteínas para seus componentes aminoácidos, capazes de atravessar as membranas. Contudo, antes dos aminoácidos poderem ser catabolizados pela célula, eles devem ser con- vertidos por enzimas em outras substâncias capazes de entrar no ciclo de Krebs. Em uma dessas conversões, chamada de desaminação, o grupo amina de um aminoácido é removido e convertido em íon amônio (NH4+), detentor de certa toxicidade celular e que deve ser excretado da célula. 49 Figura 3. Catabolismo de várias moléculas orgânicas: proteínas, carboidratos e lipídeos. Fonte: TORTORA, 2017. (Adaptado). Alguns subprodutos retornam ao ciclo de Krebs. Em outras reações de conversão, como a descarboxilação, ocorre a remoção do grupo carboxila (COOH) e a dessulfurização na remoção de tiol (SH). PAUSA PARA REFLETIR Nas vias metabólicas estudadas, os organismos obtêm sua energia para todas as necessi- dades celulares através da oxidação de compostos orgânicos. Contudo, onde os organismos obtêm esses compostos? Um resumo das relações do catabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas é evidenciado na Fig. 3. Proteínas Lipídeos Acetil-CoA Elétrons Aminoácidos Glicerol Ciclo de Krebs Cadeia de transporte de elétrons e quimiosmose Açúcares Ácidos graxos Carboidratos CO2 O2 Glicose Glicólise Gliceraldeido- -3-fosfato Ácido pirúvico H2O 50 Testes bioquímicos para identifi cação de bactérias2.1.3 Testes bioquímicos são utilizados frequentemente para identifi car bactérias e leveduras, sendo que seu uso principal é identifi car microrganismos causadores de infecções, de forma a realizar diagnósticos mais conclusos e exatos. Esses testes são ferramenta analítica essencial em microbiológica clínica, ramo que estuda as enfermidades principalmente em âmbito hospitalar. Muitos desses testes, portanto, são produzidos para identifi car de forma rápida uma espé- cie, pela presença de substâncias químicas ou enzimas. Um teste disponível a ser realizado é a pesquisa de enzimas que realizam o catabolismo, por exemplo, de aminoácidos, visandoa descarboxilação e a desidrogenação. Outro teste bioquímico é o teste de fermentação, que visa a captura de gás liberado na fermen- tação. Dessa forma, formação de gases em tubos são fortes indicativos de uma ou outra espécie. Outro teste bioquímico de identifi cação buscam a mudança de pH e coloração de meios para que o microbiologista visualize facilmente diferenciações. Através de valores tabelados ou controles positivos para base de comparação encontrar o microrganismos mensurado. As bactérias Salmonella sp são facilmente identifi cadas pelo fato de produzirem sulfeto de hidrogênio (H2S), o qual altera os meios para a coloração preta, nos quais estão inseridos para o teste bioquímico conforme a Fig. 4. Figura 4. Ilustração da alteração de cor do teste bioquímico contendo cepa de Salmonela spp. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/12/2018. (Adaptado). 51 Figura 5. Ilustração da reação de kovacs. Tubo A indol positivo e tubo B indol negativo. Acesso em: 13/12/2018. (Adaptado). Mudanças de cores em meios específi cos constituem a forma mais difundida e utilizada em laboratórios microbiológicos internacionalmente, por serem simples e relativamente baratas, em comparação com maquinários já existentes comercialmente. Outro teste bioquímico internacionalmente utilizado é a reação de kovacs que determina a capacidade de um microrganismo em produzir indol a partir do triptofano que é um aminoáci- do. O indol é um composto orgânico aromático heterocíclico produzido pelas enterobactérias. O resultado é uma formação rósea imediata ao ser colocado o reagente de kovacs contendo um aldeído sobre um tubo de ensaio com o microrganismo a ser analisado. Indol positivo, formação do anel rósea no tubo, indol negativo, o reativo se mantém amarelado conforme visualizado na Fig. 5. A BA B Diversidade metabólica 2.2 As mais importantes vias metabólicas utilizadas por todos os seres vivos geram energia para as células. Grupos de seres vivos conseguem se manter através de substancias inorgânicas e outros através de vias utilizando a degradação de substâncias de outros seres vivos (plantas e animais). 52 Todos os seres vivos buscam a energia para a continuidade da espécie de diversas formas, e assim, são classificados de acordo com os padrões nutricionais, principalmente pela sua fonte de energia e sua fonte de carbono. Considerando em primeiro lugar a fonte de energia, em geral, podemos classificar os orga- nismos como fototróficos ou quimiotróficos. Os fototróficos utilizam a luz como a sua principal fonte de energia, ao passo que os quimio- tróficos dependem das reações de oxidação-redução de compostos orgânicos ou inorgânicos para a obtenção de energia. Como a sua principal fonte de carbono, os autotróficos (alimen- tação própria) utilizam o dióxido de carbono, e os heterotróficos (alimentação dependente de outros) requerem uma fonte de carbono orgânica. Os autotróficos também são chamados de litotróficos (consumidores de rochas), e os hete- rotróficos também são chamados de organotróficos (TORTORA, 2017). Dessa forma, observando fontes de energia e carbono, a classificação obtida é: fotoautotró- ficos, foto-heterotróficos, quimioautotróficos e quimio-heterotróficos, conforme esquematiza- do no Diagrama 1. Diagrama 1. Classificação nutricional de organismos TODOS OS ORGANISMOS FONTE DE ENERGIAQuímica Luz Fototróficos Fonte de carbono Compostos orgânicos CO2 Foto-heterotróficos Bactérias verdes não sulforosas, bactérias púrpuras não sulforosas Fotoautotróficos Utilizam H2O para reduzir CO2? Sim Não Fotossíntese oxigênica (plantas, algas, cianobactérias) Bactérias fotossintéticas anoxigênicas (bactérias verdes e púrpuras) Quimiotróficos Fonte de carbono Compostos orgânicos CO2 Quimioautotróficos Bactérias oxidantes de hidrogênio, enxofre, ferro, nitrogênio e dióxido de carbono Quimio-heterotróficos Aceptor final de elétrons Com O2 Sem O2 Todos os organismos, a maioria dos fungos, protozoários, bactérias Composto orgânico Fermentativo: Streptoccocus, por exemplo Cadeia de elétrons: Clostridium, por exemplo Composto inorgânico Fonte: TORTORA, 2017. (Adaptado). 53 Utilizando a energia da luz e as enzimas apropriadas, essas bactérias oxidam o sulfeto (S-2) ou o enxofre (S) em íons sulfato (SO4 -2), ou oxidam o gás hidrogênio em água. As bactérias púrpuras, como Chromatium sp, também usam o enxofre, compostos sulfurosos ou gás hidrogênio para redu- zir o dióxido de carbono. Elas se diferenciam das bactérias verdes por seu tipo de clorofi la, local de armazenamento de enxofre e RNA ribossomal. As clorofi las utilizadas por essas bactérias fotossin- téticas são chamadas de bacterioclorofi las, e elas absorvem a luz em comprimentos de onda supe- riores àqueles absorvidos pela clorofi la a. As bacterioclorofi las das bactérias verdes sulfurosas são encontradas em vesículas, chamadas de cloros- somos (ou vesículas de Chlorobium), subjacentes e ligadas à membrana plasmática. Nas bactérias púrpuras sulfurosas, as bacterioclorofi las estão localizadas em invaginações da membrana plas- mática (cromatóforos) (TORTORA, 2017). Fotoautotrófi cos 2.2.1 Os seres fotoautotrófi cos são aqueles que utilizam energia luminosa e a substância quími- ca gasosa, o gás carbônico, como fonte de carbono. Os organismos que possuem essas reações fotossintéticas são bactérias fotossintéticas, cianobactérias (algas azuis ou cianofíceas), algas verdes e plantas, nas quais os átomos de hi- drogênio da água produzem uma reação de oxirredução, em que o gás carbônico é reduzido. A reação é de extrema importância, pois libera o oxigênio gasoso utilizado para a respiração de organismos maiores, como o ser humano. Por produzir oxigênio (O2), esse processo é chamado de oxigênico. Além das algas verdes portadores de clorofi la, outras famílias de procariotos conhecidos como fotossintéticos tam- bém realizam essa reação redox. Algumas bactérias, porém, não utilizam água nesse processo ou são anaeróbicas. Nestes casos, utiliza-se a denominação de processos anoxigênicos. O grupo mais conhecido de fotoautotrófi cos anoxigênicos são as bactérias púrpuras e as bactérias verdes (exemplo: Chlorobium sp), que utilizam enxofre (S), compostos sulfurosos e sulfídricos ou até o gás hidrogênio para promoção da reação redox. ESCLARECIMENTO: O termo anoxigênico signifi ca que neste processo não se produz oxigênio. 54 Foto-heterotrófi cos 2.2.2 Os foto-heterotrófi cos são organismos anoxigênicos e utilizam a luz como uma fonte de energia, mas não podem converter dióxido de carbono em açúcar; em vez disso, eles utili- zam compostos orgânicos como álcoois, ácidos graxos, outros ácidos orgânicos e carboidratos, como fontes de carbono (BROOKS, 2014). As bactérias verdes não sulfurosas, como Chlorofl exus sp, e as bactérias purpuras não sulfu- rosas, como Rhodopseudomonas sp, são classifi cadas como fotoheterotrófi cas. Quimioautotrófi cos 2.2.3 Os quimioautotrófi cos utilizam elétrons advindos dos compostos inorgânicos reduzidos como fonte de energia e usam, como principal fonte de carbono, o gás carbônico. As fontes inorgânicas são: • Sulfeto de hidrogênio (H2S) para Beggiatoa sp; • Enxofre elementar (S) para Acidithiobacillus thiooxidans; • Amônia (NH3) para Nitrosomonas sp; • Íons nitrito (NO2) para Nitrobacter sp; • Gás hidrogênio (H2) para Cupriavidus sp; • Ferro (Fe+2) para Acidithiobacillus ferrooxidans; • Monóxido de carbono (CO) para Pseudomonas carboxydohydrogena. Todos esses compostos inorgânicos resultam em ATP, que é produzido por fosforilação oxidativa. Quimio-heterotrófi cos2.2.4 Os quimio-heterotrófi cos utilizam especifi camente os elétrons dos átomos de hidrogênio de compostos orgânicos como sua fonte de energia. Os heterotrófi cos são mais bem classifi ca- dos de acordo com sua fonte de moléculas orgânicas (BROOKS, 2014). Os saprófi tos vivem na matéria orgânicamorta, pois se alimentam de matéria orgânica em decomposição, e os parasitos obtêm nutrientes de um hospedeiro vivo. As bactérias e os fun- gos usam uma grande variedade de compostos orgânicos como fontes de carbono e energia. Por isso, eles conseguem viver em diversos ambientes. O conhecimento da diversidade micro- biana é cientifi camente interessante e economicamente importante. Em algumas situações, o crescimento microbiano é indesejável, contudo, essas mesmas bactérias podem ser benéfi cas se elas forem capazes de decompor resíduos (BROOKS, 2014). 55 ESCLARECIMENTO: Os quimio-heterotrófi cos são, em grande maioria, algumas bactérias, protozoários e todos os fungos e animais. Vale destacar que são os quimioheterotrófi cos que trazem maior importância clínica, pois são eles que catabolizam substratos no hos- pedeiro, causando doenças. e todos os fungos e animais. Vale destacar que são os quimioheterotróficos que Os quimio-heterotróficos são, em grande maioria, algumas bactérias, protozoários e todos os fungos e animais. Vale destacar que são os quimioheterotróficos que e todos os fungos e animais. Vale destacar que são os quimioheterotróficos que trazem maior importância clínica, pois são eles que catabolizam substratos no hos- Os quimio-heterotróficos são, em grande maioria, algumas bactérias, protozoários Os quimio-heterotróficos são, em grande maioria, algumas bactérias, protozoários Os quimio-heterotróficos são, em grande maioria, algumas bactérias, protozoários Os quimio-heterotróficos são, em grande maioria, algumas bactérias, protozoários e todos os fungos e animais. Vale destacar que são os quimioheterotrófi cos que trazem maior importância clínica, pois são eles que catabolizam substratos no hos- e todos os fungos e animais. Vale destacar que são os quimioheterotrófi cos que e todos os fungos e animais. Vale destacar que são os quimioheterotróficos que e todos os fungos e animais. Vale destacar que são os quimioheterotróficos que e todos os fungos e animais. Vale destacar que são os quimioheterotrófi cos que trazem maior importância clínica, pois são eles que catabolizam substratos no hos-trazem maior importância clínica, pois são eles que catabolizam substratos no hos-trazem maior importância clínica, pois são eles que catabolizam substratos no hos- Crescimento microbiano2.3 O tópico do crescimento microbiano é muito estudado na Microbiologia, em razão das diversas aplicações tanto no ramo industrial quanto no alimentício e ainda no ramo da saúde. Segundo Tortora (2017), Quando falamos em crescimento microbiano, estamos nos referindo ao nú- mero de células, não ao tamanho delas. Os microrganismos que “crescem” es- tão aumentando em número e se acumulando em colônias (grupos de células grandes o sufi ciente para serem visualizadas sem a utilização de um microscó- pio) de centenas ou milhares de células ou populações de bilhões de células. (TORTORA, 2017). De acordo com Brooks (2014), O crescimento microbiano pode ser alterado por fatores ambientais que incluem a disponibilidade de nutrientes, umidade, temperatura, pH. As bactérias recebem energia através da quebra de ligações químicas, tais como oxigênio (O2), carbono (C), nitrogênio (N), ente outros. A umidade é um fator fundamental para a proli- feração de bactérias, já que a água é essencial a todos os seres vivos para realizar as funções metabólicas e dar continuidade ao processo de vida. (BROOKS, 2014). Fatores necessários para o crescimento microbiano2.3.1 O Todas as células existentes necessitam de matéria-prima, sendo que algumas manifestam essa necessidade para se desenvolver e crescer. Os fatores necessários para o crescimento microbiano podem ser divididos em duas cate- gorias principais: físicos e químicos. O crescimento microbiano pode ser alterado por fatores ambientais, que incluem a disponibilidade de nutrientes, umidade, temperatura, pH, tempora- lidade e espaço físico. 56 As bactérias recebem energia através por meio da quebra de ligações químicas, tais como oxigênio (O2), carbono (C), nitrogênio (N), entre outros. A umidade é um fator fundamental para a proliferação de bactérias, uma vez que a água é essencial a todos os seres vivos para realizar as funções metabólicas e dar continuidade ao processo de vida. A sobrevivência ou multiplicação de microrganismos em alimentos depende de uma série de fatores, que podem estar ligados às características próprias dos alimentos (fatores intrínse- cos) ou ao ambiente em que o alimento se encontra (fatores extrínsecos). São considerados como fatores intrínsecos a atividade de água (Aa/Aw), a acidez (pH), po- tencial de oxirredução (Eh), composição química, presença de fatores antimicrobianos naturais e interações entre os microrganismos presentes no meio. Como fatores extrínsecos, têm-se a umidade e a temperatura ambiental, além da atmosfera em que o alimento está inserido. Fatores químicos • Atividade da água A grande maioria dos organismos vivos necessita de água para sua manutenção, regulação e metabolismo. A disponibilidade de água em qualquer ambiente em que organismos podem utilizar para seu metabolismo é denominada atividade da água. A atividade da água é a reação entre a pressão parcial do vapor de água (P) e a pressão parcial do vapor de água pura (P0), a uma temperatura específica: Aa = P/P0. O acréscimo de itens como sal ou açúcar diminui o valor de Aa pelo fato de reduzir o valor de P, sendo que a maioria das bactérias deteriorantes não se multiplica em Aa inferior a 0,91. A atividade de água em conjunto com a concentração de sal dissolvido nesse ambiente constitui um requisito de proliferação celular. Bactérias, por exemplo, são mais exigentes em relação a outros organismos vivos, seguidas de fungos e leveduras. Em locais com baixa ativi- dade de água, esses organismos ficam restritos em proliferação celular. A água disponível para seu crescimento e desenvolvimento é, para a grande maioria das células, um fator determinante na divisão celular e na fase exponencial para a forma- ção de novas células. Assim, com restrições e particularidades, podemos dividir os micror- ganismos em grupos: osmofílicos, que se desenvolvem em baixíssimas aw e alta con- centração de açúcar; osmodúricos, que se 57 desenvolvem em baixíssimas aw e baixa concentração de açúcar; halófilos, que se desenvol- vem em condições altamente salinas; halotelerantes, que se desenvolvem em baixa salinida- de; e, por fim, osxerofílicos, que vivem em ambientes secos. Alguns organismos, devido à seleção natural e à resistência em consequência dos fatores geológicos naturais, adquiriram formas de sobrevivência sem água ou com a presença de mui- ta água. • Acidez (pH) O pH, potencial hidrogeniônico, é a quantidade de hidrônios (H+) em concentração em um meio, que torna esse meio ácido, básico ou neutro. De acordo com Levinson (2016), A maioria dos microrganismos possui pH ótimo de crescimento, variando num valor máximo e mínimo. Para a maior parte dos organismos, o pH ideal gira em torno da neutralidade (6,5-7,5). (LEVINSON, 2016). Bactérias lácticas e certos fungos preferem ambientes ácidos quando comparados com a maior parte das espécies que se adaptaram à neutralidade. Outros fungos preferem ambien- tes extremamente básicos. Assim como a temperatura, o pH é uma característica definida para cada organismo. Quan- do se trata de microrganismos exigentes, o pH acaba sendo um seletor. Dessa forma, a capaci- dade de crescimento em ambientes hostis é relacionada aos mecanismos de proteção celular e adaptação de cada célula. • Composição química Os nutrientes e vitaminas também constituem fatores essenciais para o desenvolvimento de uma célula. A ausência de um determinado componente químico pode constituir o declínio celular e o não crescimento microbiano. Para que a multiplicação microbiana ocorra, é necessária a disponibilidade de: água, fonte deenergia, fonte de nitrogênio, vitaminas e sais minerais. Carboidatos complexos, como o ami- do, podem ser usados como fonte de energia. Lipídeos também podem ser utilizados, mas poucos são os capazes de metabolizá-los. Os aminoácidos são as fontes de nitrogênio mais importantes. Já com relação às vitaminas, es- tas são importantes fatores de crescimento de microrganismos, visto que fazem parte de diversas coenzimas. Entre as vitaminas, as mais importantes são as do complexo B. 58 Quanto aos sais minerais, embora necessários em pequenas quantidades, estão envolvidos em inúmeras reações enzimáticas, com destaque para o sódio, cálcio, potássio e magnésio, além de cobre, ferro, zinco, manganês, enxofre, cobalto e fósforo. • Fatores antimicrobianos naturais Antimicrobianos podem ser naturais ou artificiais, de modo a inibir, bloquear ou minimizar o crescimento de diversos organismos. De acordo com Levinson (2016), “fatores antimicrobianos são mecanismos de defesa de cer- tos produtos naturais, que visam eliminar ou minimizar a proliferação microbiana”. Muitos antimicrobianos naturais destroem paredes celulares e membranas de várias célu- las. São denominados naturais pois são produzidos por organismos vivos, como os taninos e os antibióticos produzidos por fungos, como a penicilina. Muitos compostos orgânicos possuem essas características e, por isso, são sintetizados em laboratórios e vendidos comercialmente em busca da melhora da qualidade de vida. O conhe- cimento de óleos essenciais, barreiras biológicas e celulares é muito importante para os avan- ços tecnológicos e industriais. • Interações entre microrganismos Devido às especificações celulares oriundas de resistência de longos anos de adaptações, microrganismos podem interagir de forma positiva e negativa, trocando informações genéti- cas, toxicidade e antimicrobianas. De acordo com Levinson (2016): Determinados microrganismos, ao se multiplicar e exercer suas funções vitais, produzem metabólitos, que podem afetar a chance de sobrevivência de outros microrganismos. Há casos também de bactérias se aproveitarem de produtos metabólicos de outras espécies e alterações de pH numa fermentação ou alte- ração do meio. (LEVINSON, 2016). Fatores físicos • Temperatura ambiental Depois da garantia de energia necessária para a sobrevivência, a temperatura ambiental é o fator mais determinante no crescimento e na multiplicação celular. Ao longo dos anos, os microrganismos foram divididos e classificados nos grupos indicados no Gráfico 1. 1. microrganismos psicrófilos: temperatura ideal de -10°C a 20°C. 2. microrganismos psicrotróficos: temperatura ideal de 0°C e 30°C. 3. microrganismos mesófilos: temperatura ideal de 10°C e 50°C. 4. microrganismos termófilos: temperatura ideal de 40°C e 70°C. 5. microrganismos hipertermófilos ou termófilos extremos: temperatura ideal de 65°C e 110°C. 59 Fonte: TORTORA, 2017. (Adaptado). Diagrama 1. Classificação nutricional de organismos TEMPERATURA (ºC) -10 0 10 20 30 30 50 60 70 80 90 100 110V EL O CI D A D E D E CR ES CI M EN TO Psicrófilos Psicrotróficos Termófilos Mesófilos Hipertermófilos • Umidade relativa do ambiente Tem relação direta com a atividade da água. O aumento da umidade acarreta acréscimo no meio ambiente, facilitando o crescimento microbiano. • Composição gasosa do ambiente Devido aos anos de evolução da nossa atmosfera terrestre, os organismos se especializaram de forma diferenciada quanto aos gases que compõem a atualidade e a atmosfera primitiva. Os gases que compõem o ambiente determinam qual microrganismo predomina. Enquan- to a presença de oxigênio favorece a multiplicação de microrganismos aeróbios, a ausência do oxigênio aumenta a chance de desenvolvimento dos seres anaeróbios. Os aeróbios dependem do oxigênio para obter energia porque realizam respiração aeróbia. Já os anaeróbios estritos ou obrigatórios não dependem do oxigênio, uma vez que realizam respiração anaeróbia. Os faculta- tivos são classificados como anaeróbios aerotolerantes e aeróbios facultativo, pois, na presença de oxigênio, realizam respiração aeróbia e, na ausência desse gás, realizam os processos anaeró- bios (LEVINSON, 2016). Alguns organismos se adaptaram a condições mais restritas de oxigênio, como os microaeró- filos, que necessitam de uma pequena quantidade de oxigênio. Já os estritos crescem nas condi- ções normais de oxigênio atmosférico (21%). A Fig. 6 demonstra esses organismos e suas adaptações. 60 Figura 6. Classifi cação de organismos pela atmosfera gasosa. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/12/2018. (Adaptada). Micro aerófi lo Anaeróbio aerotolerante Anaeróbio estrito Aeróbio estritos Aeróbio facultativo PAUSA PARA REFLETIR Agora que você sabe que os microrganismos crescem em atmosferas diferentes, na hora de fazer o exame microbiológico em laboratório, qual seria a sua preocupação na garantia da qualidade do seu ensaio técnico? Formação de biofi lmes2.3.2 Biofi lmes são formações ou arranjos que ocorrem na natureza em busca de proteção e facilitação de nutrientes. Segundo Hofl ing (2011), Biofi lmes são comunidades de bactérias envoltas por substâncias, principalmen- te açúcares, produzidas pelas próprias bactérias, que conferem à comunidade proteção contra diversos tipos de agressões que ela pode vir a sofrer como, por exemplo, a falta de nutrientes, o uso de um antibiótico ou algum agente químico utilizado para combater bactérias. Porém, o biofi lme pode se aderir a superfícies abióticas, como cateteres utilizados em tratamentos médicos em tecidos e célu- las, conferindo infecções e outras doenças. (HOFLING, 2011). 61 Dessa forma, além de formas particulares de resistência e especializações, muitos organis- mos ainda buscam formas de união, a fi m de garantir um ambiente mais seguro e adequado na conquista de nutrientes necessários para a continuidade de sua espécie. ASSISTA: Assista ao vídeo Biofi lmes - O que são? Como se formam?, disponível no Youtube, no canal MicroAmbientalTV, que traz uma explicação dinâmica sobre biofi lmes. , disponível no Youtube, no , disponível no Youtube, no , disponível no Youtube, no canal MicroAmbientalTV, que traz uma explicação dinâmica sobre biofilmes. , disponível no Youtube, no , disponível no Youtube, no Proposta de Atividade Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore um re- sumo destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir seu resumo, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Recapitulando Neste capítulo, tivemos a dimensão sobre a produção de energia realizada pelos seres vivos e quão fantásticos são seus processos e a diversidade metabólica conquistada por anos de evolução das espécies. Os seres vivos buscam energia de várias formas desde a sua produção, como no uso de substâncias produzidas por outros seres. Bactérias catabolizam compostos diversos, desde restos de plantas e animais mortos, ou simplesmente conseguem nutrientes sendo parasitas de algum hospedeiro, de forma harmônica e desarmônica. Alguns organismos, inclusive, conse- guem sintetizar compostos orgânicos bastante complexos. Todos os microrganismos apresentam temperatura, pH, tensão de oxigênio, pressão osmóti- ca e nutrição de acordo com seu metabolismo. Se tratarmos de temperatura, cada um tem um padrão de temperatura mínima, máxima e ideal e, assim, os dividimos em grupos chamados de psicrófi los, psicotrófi cos, mesófi los, termófi los e extremos. Em se tratando de pH, existem aqueles que apenas em condições neutras, como pH 7, conseguem se manter, já outros se man- têm em pHs ácidos (pH < 5) e básicos (pH < 9). Alguns precisam ou não de oxigênio e ainda há aqueles que indeferem da pressão osmótica, devido à habilidade de se manter em ambientes salinos ou não, como os halófi los e halotolerantes, respectivamente. É importante salientarque, mesmo com tantas especializações, os fatores físicos e químicos são condicionantes para o crescimento de organismos. Esse conhecimento é essencial em di- 62 versas situações para o profissional da área, como, por exemplo, em exames laboratoriais, nos quais é necessário garantir as atmosferas gasosas e nutritivas, evitando falsos negativos ou falsos positivos, de forma a liberar resultados confiáveis e com garantia da qualidade. O conhe- cimento dos fatores que levam um organismo a se multiplicar e a se desenvolver em um meio foram uma das grandes conquistas na área da saúde, visando a produção de medicamentos, alimentos, biotecnologias na agricultura e pecuária. essenciais. Já no que diz respeito à contribuição negativa, ressalta-se a capacidade de resis- tência a desinfecção em laboratórios microbiológicos e em ambiente hospitalares, contribuindo para a geração de espécies super-resistentes, inclusive a antibióticos. Vimos ainda que a compreensão das estruturas internas e externas dos microrganismos e o conhecimento de sua morfologia e dos arranjos formados por eles é de fundamental im- portância para a comunidade científica, prezando sempre pelo desenvolvimento da tecnologia analítica e a busca por melhoria da qualidade de vida. 63 Referências bibliográficas BIOFILMES – O que são? Como se formam? Postado por: MicroAmbientalTV. (4min 40 s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ojitENvLCsc>. Acesso em: 12 dez. 2018. BRAZILIAN JOURNAL OF MICROBIOLOGY. São Paulo: Sociedade Brasileira de Microbiologia, 2000-2005. BROOKS, G. F. et al. Microbiologia médica de Jawetz, Melnick e Adelberg. 26. ed. Porto Ale- gre: AMGH, 2014. DEVLIN, T. M. Manual de Bioquímica com correlações clínicas. 2. ed. São Paulo: Blucher, 1999. ENGELKIRK, P. G. Burton: Microbiologia para as Ciências da Saúde. 9. ed. Rio de Janeiro: Gua- nabara Koogan, 2012. HOFLING, J. F. 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